Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NOTAS DE AULA SUMÁRIO DIREITO PENAL II Prof. Dr. Renato Patrício Teixeira Curso de DIREITOCurso de DIREITOCurso de DIREITOCurso de DIREITO Noite Noite Noite Noite –––– 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período –––– 1º Semestre/20121º Semestre/20121º Semestre/20121º Semestre/2012 24/04/2012 Eliana DiasEliana DiasEliana DiasEliana Dias Denylson LopesDenylson LopesDenylson LopesDenylson Lopes DeLiuPUC@hotmail.com direitopucbar@groups.live.com https://groups.live.com/DIREITOPUCBAR/ 07/02/2012 .................... 1 DIREITO PENAL II............................................................. 1 ARTIGOS 29 A 120 ....................................................................................... 1 DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS....................................................................... 1 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 1 CONCURSO DE PESSOAS ................................................. 1 1 Concurso Necessário ................................................................... 1 2 Concurso Eventual ....................................................................... 1 3 Conduta Delituosa ........................................................................ 1 3.1 Teoria Pluralística (NA-CPB) ...................................................................1 3.2 Teoria Dualística (NA-CPB) .....................................................................1 3.3 Teoria Monística ou Unitária ....................................................................2 3.3.1 Causalidades ........................................................................................... 2 � Causalidade Física ............................................................................................ 2 � Causalidade Psíquica ........................................................................................ 2 4 Requisitos para o Concurso de Pessoas..................................... 2 10/02/2012 .................... 2 5 Autoria ........................................................................................... 2 5.1 Conceito Restritivo ...................................................................................2 5.2 Conceito Extensivo ..................................................................................2 5.3 Teoria do domínio Funcional do Fato ......................................................3 5.4 Autoria Direta ou Imediata .......................................................................3 5.5 Autoria Indireta ou Mediata .....................................................................3 5.6 Coautoria .................................................................................................3 14/02/2012 .................... 3 5.7 Autoria Intelectual ....................................................................................3 5.8 Autor de Determinação ............................................................................3 5.9 Coautoria Sucessiva ................................................................................4 5.10 Autoria de Escritório ..............................................................................4 5.11 Autoria Colateral ....................................................................................4 5.12 Multidão Delinquente – Crimes Multitudinários .....................................4 6 Participação em Sentido Estrito ................................................... 4 6.1 Espécies de participação .........................................................................4 6.1.1 Participações/Auxílios Morais .................................................................. 4 � Indução .............................................................................................................. 4 � Instigação .......................................................................................................... 4 6.1.2 Participação Material ............................................................................... 4 � Auxílio Material .................................................................................................. 4 17/02/2012 .................... 5 6.3 Fundamentos da Punibilidade do Partícipe .............................................5 6.3.1 Teoria da Participação na Culpabilidade ................................................. 5 6.3.2 Favorecimento ou Causação ................................................................... 5 6.4 Acessoriedade da Participação (CP).......................................................5 6.4.1 Acessoriedade Extrema ........................................................................... 5 6.4.2 Acessoriedade Mínima ............................................................................ 5 6.4.3 Acessoriedade Limitada (CP) .................................................................. 5 6.4.4 Hiperacessoriedade ................................................................................. 5 17/02/2012 .................... 5 6.5 Participação e Art. 15 C.P. ......................................................................5 6.6 Participação de Participação – “Em Cadeia”...........................................5 6.7 Participação Sucessiva ............................................................................5 6.8 Participação Impunível ............................................................................ 5 7. Punibilidade em Concurso de Pessoas ...................................... 5 7.1 Artigo 29, § 1º ......................................................................................... 5 7.2 Artigo 29, § 2º ......................................................................................... 5 21/02/2012 ................... 5 Carnaval ........................................................................................... 5 24/02/2012 ................... 6 7.2 Artigo 30 - Comunicabilidade .................................................................. 6 8. Concurso de pessoas em crimes omissivos ............................. 6 9. Crimes Omissivos ....................................................................... 7 9.1 Coautoria ................................................................................................. 7 9.2 Participação ............................................................................................ 7 10 Concurso de Pessoas em Crimes Culposos ............................. 7 10.1 Coautoria ............................................................................................... 7 10.2 Participação Culposa ............................................................................ 7 Exercícios ........................................................................................ 8 Curso de DIREITO PENAL - Fernando Capez - Saraivajur.com.br ............. 8 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................... 10 28/02/2012 ................. 14 PENA ............................................................................... 14 CONCEITO # FUNÇÃO .............................................................................. 14 TEORIAS DA PENA ................................................................................... 14 1 Absoluta ou Retributiva ............................................................. 14 2 Preventiva ou Relativa................................................................ 14 2.1 Espécies ................................................................................................ 14 2.1.1 Teoria Preventiva Geral ......................................................................... 14 2.1.2 Teoria Preventiva Especial.................................................................... 14 3 Teoria Mista ou Unificadora ....................................................... 15 4 Prevenção Geral Positiva Fundamentadora .............................. 15 5 Prevenção Geral Positiva Limitadora ........................................ 15 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS .................................................................. 15 1 Pensilvânico ou Celular ............................................................. 15 2 Auburniano ................................................................................. 15 3 Progressivo................................................................................. 15 4 Montesinos ................................................................................. 15 5 Individualização da Pena – Hoje ................................................ 15 02/03/2012 ................. 16 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE .......................................................... 16 1 Espécies...................................................................................... 16 1.1 Reclusão ............................................................................................... 16 1.2 Detenção ............................................................................................... 16 2 Regimes Penais .......................................................................... 16 2.1 Regime Penal Fechado ........................................................................ 16 2.2 Regime Penal Semiaberto .................................................................... 17 2.3 Regime Penal Aberto ............................................................................ 17 06/03/2012 ................. 17 3 Regime Inicial ............................................................................. 17 3.1 Fixação Provisória................................................................................. 17 SUMÁRIO – Direito Penal II 2 3.2 Fatores .................................................................................................. 17 09/03/2012 ..................19 4 Prisão Domiciliar......................................................................... 19 5 Progressão de Regime ............................................................... 19 5.1 Critério Material Objetivo ...................................................................... 19 5.2 Critério Material Subjetivo..................................................................... 19 5.3 Progressão para o Regime Aberto ....................................................... 19 5.4 Progressão nos Crimes Hediondos ...................................................... 19 5.4.1 Critério Objetivo ..................................................................................... 19 5.5 Requisitos Formais para a Progressão ................................................ 20 5.5.1 Exame Criminológico ............................................................................. 20 5.5.2 Exame de Personalidade ....................................................................... 20 6 Regressão ................................................................................... 20 7 Detração Penal ............................................................................ 21 8 Remição ...................................................................................... 21 13/03/2012 ..................22 9 Regime Especial ......................................................................... 22 10 Direito do Preso ........................................................................ 22 11 Superveniência de Doença Mental ........................................... 22 12 Trabalho Prisional ..................................................................... 23 12.1 Características: ................................................................................... 23 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................... 24 16/03/2012 ..................27 PROVA INDIVIDUAL – 30 PONTOS ..........................................................27 PENA RESTRITIVA DE DIREITO ...............................................................28 1 Requisitos Objetivos (RO) .......................................................... 28 1.1 Quantidade de Pena Aplicada (RO) ..................................................... 28 1.1.1 Pena Superior a 1 até 4 anos ................................................................ 28 1.1.2 Pena igual ou inferior a 1 ano ................................................................ 28 1.2 Modalidade de Execução: Crime Cometido sem Violência ou Grave Ameaça (RO) .............................................................................................. 29 20/03/2012 ..................29 2 Requisitos Subjetivos (RS)......................................................... 29 2.1 Réu Não Incidente em Crime Doloso (RS) .......................................... 29 2.2 Prognose de Suficiência da Substituição (RS) .................................... 29 � Substituição até 1 ano ........................................................................... 29 � Substituição até 6 meses (pena privativa)............................................. 29 3 Espécies de Penas Restritivas de Direito .................................. 30 3.1 Prestação Pecuniária ............................................................................ 30 23/03/2012 ..................30 3.2 Perda de Bens e Valores ...................................................................... 30 3.3 Limitação de Fim de Semana ............................................................... 31 3.4 Prestação de Serviços à Comunidade ou Entidade Pública ................ 31 3.5 Interdição Temporária de Direitos ........................................................ 32 3.5.1 Proibição exercício de cargo, função ou atividade pública .................... 32 3.5.2 Proibição do Exercício de Profissão Regulamentada ............................ 32 3.5.3 Suspensão de Autorização ou de Habilitação ....................................... 32 3.5.4 Proibição de Frequentar Determinados Lugares ................................... 32 27/03/2012 ..................33 4 Incidentes de Execução.............................................................. 33 4.2 Conversão para Restritiva de Direitos Durante a Execução ................ 33 4.2.1 Requisitos para Conversão.................................................................... 33 4.3 Poder Coercitivo da Conversão para Privativa de Liberdade .............. 33 4.3.1 Causas Gerais de Conversão (§§ 4º e 5º do art. 44, CP) ..................... 34 4.3.2 Causas especiais ................................................................................... 34 4.4 Penas Pecuniárias (multa, prestação pecuniária, perda de bens e valores) ....................................................................................................... 34 4.4.1 Dissenso ................................................................................................ 34 30/03/2012 ..................35 4.5 Pena Pecuniária (Multa Cominada)...................................................... 35 4.5.1 Tipos de Multa ....................................................................................... 35 4.5.2 Dia-Multa ................................................................................................ 35 4.5.3 Dosimetria – Cálculo da Pena ............................................................... 36 4.5.4 Pagamento da Multa .............................................................................. 36 4.5.5 Formas de Pagamento ..........................................................................37 4.5.6 Competência para Execução ................................................................. 37 4.5.7 Prescrição .............................................................................................. 37 03-06/04/2012 ............ 37 Recesso Semana Santa ................................................................ 37 10/04/2012 ................. 38 APLICAÇÃO DA PENA ............................................................................. 38 1 Indeterminação Relativa ............................................................. 38 2 Individualização da Pena ........................................................... 38 3 Elementares ................................................................................ 38 4 Circunstâncias ............................................................................ 38 4.1 Circunstâncias Comuns (CC) ............................................................... 38 4.2 Circunstâncias Especiais (CE) ............................................................. 38 4.2.1 Qualificadoras (CE) ................................................................................ 38 4.2.2 Privilégios (CE) ...................................................................................... 38 13/04/2012 ................. 39 4.3 Circunstâncias Judiciais - Art. 59, CP (CC) .......................................... 39 4.4 Circunstâncias Legais - Agravantes e Atenuantes (CC) ...................... 40 4.4.2 Circunstâncias Agravantes .................................................................... 40 17/04/2012 ................. 41 4.4.3 Circunstâncias Atenuantes .................................................................... 41 4.5 Causas de Aumento (CA) e de Diminuição (CD) ................................. 41 4.6 Dosimetria da Pena .............................................................................. 42 4.6.1 Critério Trifásico ..................................................................................... 42 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................... 43 27/04/2012 ................. 50 PROVA INDIVIDUAL – 30 PONTOS ......................................................... 50 20/04/2012 ................. 51 CONCURSO DE CRIMES .......................................................................... 51 1 Sistemas de Fixação da Pena .................................................... 51 1.1 Cúmulo Material (ACP) ......................................................................... 51 1.2 Cúmulo Jurídico .................................................................................... 51 1.3 Absorção ............................................................................................... 51 1.4. Exasperação (ACP) ............................................................................. 51 2 Espécies de Concursos de Crime .............................................. 51 2.1 Concurso Material ................................................................................. 51 2.1.1 Concurso Material Homogêneo ............................................................. 51 2.1.2 Concurso Material Heterogêneo ............................................................ 51 2.2 Concurso Formal................................................................................... 51 2.2.1 Concurso Formal Próprio (Perfeito) ....................................................... 51 2.2.2 Concurso Formal Impróprio (Imperfeito) ................................................ 52 2.2.3 Concurso Material Benéfico ou Favorável ............................................. 52 2.3 Crime Continuado ................................................................................. 52 2.3.1 Natureza Jurídica ................................................................................... 52 2.3.2 Teorias ................................................................................................... 53 2.3.3 Crime Continuado Específico ................................................................ 53 24/04/2012 ................. 53 3 Crimes Aberrantes...................................................................... 53 3.1 Erro na Execução (aberratio ictus) ....................................................... 53 3.1.1 “aberratio ictus” com unidade simples ................................................... 53 3.2 Resultado Diverso do Pretendido (aberratio delicti/ criminis) .............. 54 3.3 Erro Sucessivo (aberratio causae) ....................................................... 54 4 Limite de Cumprimento da Pena de Prisão ............................... 54 4.1 Unificação de Pena ............................................................................... 54 4.2 Nova Unificação Pena .......................................................................... 54 4.3 Multa ...................................................................................................... 54 NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 1 07/02/2012 DIREITO PENAL II ARTIGOS 29 A 120 DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS 16/03 � 1ª Prova (30 pts) 27/04 � 2ª Prova (30 pts) 04/05 � Trab. Prescrição Penal (10 pts) ??/05 � Avalição Global (30 pts) BIBLIOGRAFIA César Roberto Bittencourt – Tratado de Direito Penal – Vol. 1 – Ed. Saraiva Luiz Régis Prado – Curso de Direito Penal Brasileiro – Ed. RT. Vol. 1 Rogério Greco – Curso de Direito Penal – Ed. Impetrus . Vol. 1 CONCURSO DE PESSOAS Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Casos de impunibilidade Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Quando mais de uma pessoa contribui para a ocorrência de um delito Mesmo quando uma pessoa adere ao propósito criminoso de outro mesmo sem conhecê-lo Ex.: briga de torcida Reunião de pessoas para o cometimento de infração penal Possível até a consumação do delito – sempre que existir alguém executando conduta considerada infração penal. Quem concebe a infração penal, tem a ideia e realmente ingressa na fase executória, mesmo que a pessoa não participe da execução, seja apenas o mentor, será penalizado. 1 Concurso Necessário Crimes plurissubjetivos (praticado por mais de uma pessoa). Ex.: Rixa (Desavença ou disputa entre duas pessoas ou grupos) e Bigamia. Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Todos que participarem de forma consciente responderão como autores do crime. 2 Concurso Eventual Nos casos de crimes unissubjetivos (pode ser praticado por uma só pessoa). Quando a lei não exige a presença de mais de um agente, mas eventualmente pode ter mais de um participante. Ex.: O furto pode ser praticado por uma só pessoa. CAPUT DO ART. 29, CP – PARA CRIMES UNISSUBJETIVOS Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores: O art. 137 não precisa do art.29 porque ele se autodefine, por precisar de mais de uma pessoa. Art. 137 CP 29 é incorreto. Ex.: Todos que eventualmente contribuírem para o furto responderão na medida da sua culpabilidade, do grau de atuação de cada um. 3 Conduta Delituosa Conduta delituosa praticada em concurso dá ensejo a quantos delitos? 3.1 Teoria Pluralística (NA-CPB) Há quantos crimes quantos forem os participantes; é subjetiva; a cada participante corresponde uma conduta, havendo assim, elemento subjetivo próprio. Cada agente responderá por um crime. 3.2 Teoria Dualística (NA-CPB) Há dois crimes; um para aqueles que realizam a ação principal; outro para os que têm papel secundário. O autor de um crime principal será sempre quem realiza a conduta nuclear – ação principal. O outro crime será para quem realiza o papel secundário. Teoria não adotada pelo CPB (NA-CPC) Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II 2 3.3 Teoria Monística ou Unitária Um só crime, pelo qual todos respondem pela sua totalidade. É a do CP. Todos respondem pelo mesmo crime na medida de sua atuação, culpabilidade diferenciada. 3.3.1 Causalidades Como aferir a participação no crime � Causalidade Física Contribuição material Se materialmente existiu um ato que contribuiu � Causalidade Psíquica Contribuição subjetiva de participar da obra comum; exige adesão consciente e voluntária. A existência das 2 causalidades são necessárias, Exemplo: Quem empresta um punhal para outro realizar um homicídio e o outro acaba matando com um revólver, não contribuiu com a causalidade física, apenas com a psíquica, por isso não existirá o concurso de pessoas. 4 Requisitos para o Concurso de Pessoas É necessária a existência concomitante de todos os requisitos: • Pluralidade de condutas e de participantes • Relevância causal de cada conduta física e psíquica • Vínculo subjetivo entre os participantes Implica na adesão voluntária e conscientemente. Não é mero conhecimento. • Identidade de infração penal Atuando em prol da mesma infração penal 10/02/2012 5 Autoria (define autor da infração penal) O art. 29 não se preocupa em identificar autor e partícipe. Essa distinção é doutrinária. 5.1 Conceito Restritivo Análise objetivo - o autor é quem realiza a conduta descrita na lei; o que realiza a conduta nuclear. Parte de uma análise objetiva para identificar o autor. Basta que se verifique quem realizou a conduta descrita no verbo. • Teoria Objetiva Formal: Autor ���� O agente responsável pelo comportamento/conduta correspondente a verbo (nuclear) – podem ser verbos diferentes e que estejam no mesmo tipo penal – no mesmo artigo. Partícipe � responsável pelo papel secundário, colaboração - responsável pelo comportamento/conduta NÃO correspondente ao verbo (não nuclear). • Teoria Objetiva Material: (aprimoração conceitual do conceito restritivo) Autor � maior perigosidade (capacidade de ofender mais fortemente o bem jurídico). Partícipe � menor perigosidade. Perigosidade Nível do potencial de ofensividade a bens jurídicos – histórico de proximidade da delinquência � Nível de perigo ≠ Periculosidade Termo utilizado na análise de medida de segurança, detentiva ou restritiva � Ação contra o inimputável Ex.: Coronel “A” traz um pistoleiro “B” da Bahia para matar “C” no Vale do Jequitinhonha. A ���� Partícipe B � Autor Mesmo não explícito no código penal brasileiro, o legislador brasileiro mostra uma predileção/simpatia ao conceito restritivo. 5.2 Conceito Extensivo Diferença entre autor e partícipe por critério subjetivo. Preocupa-se a quem interessava/queria a realização do evento delituoso. Autor � realiza contribuição causal com “vontade de ser autor”; “quer o fato como próprio”. A quem interessa o crime. Partícipe � quer o fato como alheio, menor interesse. Ex.: Coronel “A” traz um Pistoleiro “B” da Bahia para matar “C” no Vale do Jequitinhonha A (mandante) � Autor B (executor) ���� Partícipe NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 3 5.3 Teoria do domínio Funcional do Fato (objetivo – subjetivo) Analisa os papéis realizados por cada envolvido. Analisa se era fundamental ou não para o evento delituoso. AUTOR ���� quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato - tem domínio sobre a função que lhe foi confiada. Ex.: Quadrilha que assalta o banco: Autor � O integrante do bando que rende o gerente ou quem empresta as armas. Partícipe� os que, como o dono da casa utilizada pela quadrilha pernoitar antes do roubo - não interfere no resultado. Consequências da adoção da teoria do domínio: • Realização pessoal e responsável de todos os elementos do tipo fundamenta a autoria. Todos os envolvidos têm consciência e responsabilidade do que está acontecendo. • É autor quem realiza o ato valendo-se de outro como instrumento. (dono do cão). • Quando utiliza-se de outra pessoa para realizar evento delituoso sem que a mesma tenha conhecimento. Ex.: médico que manda a enfermeira ministrar remédio para paciente e o paciente morre (art. 20, CP) Autor: médico • É autor o coautor. Coautor: concorrência de autoria. Se três participam de um crime, são todos coautores desse crime. Autoria compartilhada/concorrente. • Há divisão de tarefas; • Limita-se a delitos dolosos. Nos culposos não há domínio Nos crimes dolosos, o agente age de forma voluntária e conscientemente. 5.4 Autoria Direta ou Imediata Pessoal e dolosa. O agente atua diretamente, pessoalmente. 5.5 Autoria Indireta ou Mediata Quem pratica o fato punível, procede usando outra pessoa como se fosse instrumento. Não tem atuação direta, o agente atua induzindo uma pessoa a cometer um equívoco. Ex.: médico e enfermeira. • Hipóteses: Erro sobre elementos do tipo Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. ... Erro determinado por terceiro § 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Condição ou qualidade pessoal do agente � Tenho um amigo que é louco e uso ele para atacar outra pessoa! • Não há autoria mediata nos crimes de mão própria (testemunha); são personalíssimos. • É possível nos crimes próprios crime próprio exige uma particularidade do agente. Ex.: crime contra a administração pública só pode ser praticado pelo funcionário público. • Não há coautoria nos crimes de mão própria Não há como compartilhar um crime que só determinada pessoa pode cometer. 5.6 Coautoria Independe de acordo prévio, bastando a consciência de cooperar em ação comum. Autoria compartilhada. 14/02/2012 5.7 Autoria Intelectual Homem inteligente, detém domínio funcional do fato. Não é utilizada no conceito restritivo, porque esse autor planeja e idealiza a infração penal, mas não atua diretamente na execução. Só é utilizada na teoria funcional do fato. 5.8 Autor de Determinação Quando não se pode falar em autoria ou participação. Faltam todas as qualidades para ser chamada de autor ou partícipe (para ser partícipe, tem que ter consciência do fato). Ex.: Até algum tempo atrás, o crime de estupro só poderia ser praticado por o homem contra a mulher. Hoje, o estupro é todo ato que utiliza de violência ou grave ameaça para obtençãode atos sexuais. Imagine então, um homem (B) sob hipnose por uma mulher (A) que seja levado a estuprar outra mulher. (C). Embora não possa falar que A é autor porque faltam atributos para isso, mas ela contribuiu para o crime. Dessa forma, tem-se uma construção jurídica para evitar impunidade (autoria de determinação). Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II 4 5.9 Coautoria Sucessiva Acordo de vontade após o início da execução. Possível até o exaurimento. Ocorre quando os fatos anteriores são conhecidos e desde que não sejam fatos que por si só Importem em infrações mais graves. Nesse caso, um autor atua quando já está em execução o fato criminoso por outro autor. Para que seja responsabilizado penalmente, é necessário que ele tenha conhecimento do histórico anterior do fato e que nenhum fato praticado anteriormente tenha se esgotado. Ex.: A produziu em B, lesão corporal grave, perigo de vida. Não poderá C ser coautor sucessivo. 5.10 Autoria de Escritório Autoria Mediata Especial; todos têm conhecimento integral do que se objetiva. Quem é utilizado no evento delituoso, sabe que está cometendo infração penal, sabe do seu papel na engrenagem da prática criminosa. Ex.: Esquema do tráfico de drogas – O chefe do tráfico que têm vários comandados, com a aquiescência dos mesmos. 5.11 Autoria Colateral Duas ou mais pessoas ignorando uma a conduta da outra. Realizam condutas convergentes, objetivando a execução da mesma infração. Há ausência de vínculo subjetivo entre os agentes por isso não tem concurso de pessoas Ex.: Quando A e B, sem combinarem nada, atiram e matam C. *Não se verificando o responsável pela ofensa letal, fala-se em autoria incerta. Responderiam os executores pela forma tentada. Se houver o vínculo subjetivo, responderá pela autoria do crime. 5.12 Multidão Delinquente – Crimes Multitudinários Ex.: Caminhão de cerveja tombado na estrada e a multidão rouba a carga. Independe de quantas latas foram roubadas e sim o prejuízo da vítima. Não afasta responsabilidade penal, concurso de pessoas. Prática coletiva não afasta vínculo psicológico: Circunstâncias atenuantes Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Os que promovem, lideram, contam como agravante: Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 6 Participação em Sentido Estrito Não aparece no CP, mas é uma construção doutrinária. O partícipe não pratica conduta descrita pelo preceito primário (Verbo/Nuclear), necessariamente tem que existir o autor. Ele induz, instiga ou auxilia materialmente o autor. 6.1 Espécies de participação Indução, Instigação (moral), Auxílio Material � Cumplicidade. 6.1.1 Participações/Auxílios Morais � Indução Instala uma ideia que não existia � “Por que você não mata ele?!” � Instigação Estimula uma ideia já existente � “Boa ideia, mata ele?!” 6.1.2 Participação Material � Auxílio Material Fornece/possibilita os meios materiais à execução. “- Eu não tenho arma – Não tinha, tá aqui o revolver!” Quando atua na execução, torna-se coautor. *Exige: eficácia causal, consciência de participar. NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 5 17/02/2012 6.3 Fundamentos da Punibilidade do Partícipe 6.3.1 Teoria da Participação na Culpabilidade Há corrupção do autor. O partícipe corrompe o autor. 6.3.2 Favorecimento ou Causação Há contribuição para a prática do crime 6.4 Acessoriedade da Participação (CP) Exige adesão a fato principal. Alcance da acessoriedade. 6.4.1 Acessoriedade Extrema A conduta principal tem que ser: - Fato Típico - Ilícito - Culpável 6.4.2 Acessoriedade Mínima Basta o comportamento ser Fato Típico (quem incentiva Legítima defesa). 6.4.3 Acessoriedade Limitada (CP) Conduta principal típica e ilítica (incentivar a adolescente ao Tráfico de entorpecentes). 6.4.4 Hiperacessoriedade Vai além da extrema, além de exigir: fato típico, ilício e culpável, exige Punibilidade. (A punibilidade do autor é indispensável para que o participe possa ser punido) 17/02/2012 6.5 Participação e Art. 15 C.P. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. É o partícipe beneficiado pela regra do art. 15? • SIM! As hipóteses levam à atipicidade da conduta inicial, dada a acessoriedade, alcança a participação. • NÃO! O benefício é pessoal e intransferível, o partícipe age com dolo em relação à conduta inicial; Regra do Art. 29, § 2º Duas pessoas combinam um roubo, e um deles no ato mata uma pessoa, sem a anuência do comparsa. Existiram dois crimes (homicídio e furto). Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. ... § 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 6.6 Participação de Participação – “Em Cadeia” É possível. Induzir A (participe) � a induzir B (participe) � a induzir C (Autor) 6.7 Participação Sucessiva Deve ser relevante. 6.8 Participação Impunível Quando não gera eficácia causal – não inicia a execução Casos de impunibilidade Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 7. Punibilidade em Concurso de Pessoas 7.1 Artigo 29, § 1º Participação de menor importância – intensidade volitiva do agente. Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. ... 7.2 Artigo 29, § 2º Cooperação dolosamente distinta – Desvio subjetivo de condutas. Corretivo (lesão corporal) � Assassinato (homicídio) § 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 21/02/2012 Carnaval Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II6 24/02/2012 7.2 Artigo 30 - Comunicabilidade Circunstâncias incomunicáveis Art. 30. Não se comunicam (alcançam/estendem) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. • Condições de caráter pessoal Relações do agente com outras pessoas; particularidades. (particularidade que alguém tem que o vincula a outra pessoa). Ex.: Ser pai (vinculo entre pai e filho) TÍTULO II - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. • Circunstâncias Não é essencial, depende de outros dados que são os essenciais; sua supressão não acarreta a reclassificação ou atipicidade. Ex.: matar alguém por motivo fútil. (Se retirar o motivo fútil, não modifica o tipo penal) • Elementares Dado essencial que aparece descrito no tipo penal e que se retirado modifica ou extingue o tipo. Ex.: matar alguém A comunicabilidade depende da circunstância ter ingressado na esfera de conhecimento do agente. Ex.: furto realizado pelo funcionário público (Peculato-Art. 312) com a ajuda de outra pessoa consciente e voluntária, os dois responderão pelo mesmo crime. O furto (art. 155) realizado por cônjuge com a ajuda do “Ricardão”. Com base no art. 181, a esposa não responde pelo furto, mas o ”Ricardão”, sim, porque “cônjuge” não é elementar do art. 155. 8. Concurso de pessoas em crimes omissivos Omissivos Próprios Omissivos Impróprios Comissivo Por Omissão Inação, o verbo revela um não- fazer. Ex.: deixar de prestar socorro Não exigem resultado naturalístico. Hipóteses do art. 13, § 2º, CP Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Preveem conduta negativa do agente. Somente garantidores podem praticá-lo. Norma mandamental. O tipo narra conduta positiva, porém no caso, praticada negativamente. O agente deve estar apto a agir diante de situação típica (não precisa de vínculo, é um dever genérico) Há vínculo especial do agente em relação a vítima ou à fonte produtora do perigo. NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 7 9. Crimes Omissivos 9.1 Coautoria • Possível � se houver vínculo psicológico Ex.: duas pessoas que acordam entre si para não socorrerem alguém. Se comprovada esse vínculo, tem coautoria. • Não possível � há dever pessoal e indecomponível (não pode ser fracionado) de agir. 9.2 Participação Possível, quer nos crimes próprios (surfista), quer nos impróprios (bombeiro). Ex.: surfista (autor) que vê alguém se afogando, pode atuar, mas prefere não atuar e sai, induzido por um amigo paraplégico (partícipe ���� induziu o surfista a não atuar) que também viu o afogamento. Se fosse um bombeiro � garantidor da não ocorrência do resultado, responderia por homicídio culposo e o amigo paraplégico seria partícipe (omissivo impróprio são crimes materiais). 10 Concurso de Pessoas em Crimes Culposos 10.1 Coautoria • Possível � ação e resultado resultam da união de esforços; há mais de uma inobservância do dever de cuidado. Ex.: duas pessoas jogam as carteiras pela janela sem a intenção de ferir alguém. 10.2 Participação Culposa • Não é possível (regra) Se em crime doloso � art.20, § 2º (Responde pelo crime o terceiro que determina o erro) � não há identidade de infrações. Se em crime culposo � Concausa � cooperação na causa leva à coautoria. Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Ex.: médico que pede a enfermeira para ministrar remédio em dose elevada em paciente � Médico responde pelo doloso, a enfermeira se comprovado que foi negligente responde de forma culposa, por isso não tem identidade nos dois crimes. Possível – não há conjugação simultânea de condutas. Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II 8 Exercícios Curso de DIREITO PENAL - Fernando Capez - Saraivajur.com.br Cortesia de Odirlei Jorge Moreira, vulgo Kevin Bacon, frito. 1) Quais as espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas? Monossubjetivos: podem ser cometidos por um ou mais agentes; Plurissubjetivos: só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes. 2) Quais as espécies de condutas de crimes plurissubjetivos? Condutas paralelas: as condutas auxiliam-se mutuamente, visando à produção de um resultado comum; Condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse encontro surge o resultado; condutas contrapostas: as condutas são praticadas umas contra as outras. 3) Quais as espécies de concurso de pessoas? Concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, que exigem o concurso de pelo menos duas pessoas; Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um só agente. 4) Em que consiste o autor do fato típico? É aquele que realiza a conduta expressa no verbo da figura típica, ou seja, a conduta descrita no tipo. E, portanto, quem mata, subtrai, obtém vantagem ilícita etc. 5) O mandante de um crime pode ser considerado autor? O mandante de um crime não pode ser considerado autor, uma vez que não lhe competiram os atos de execução do núcleo do tipo (quem manda matar, não mata; logo, não realiza o verbo do tipo). 6) Qual é a definição de autor e de participe para Wessels, segundo a teoria do domínio do fato? Autor é quem, como ‘figura central’ (= figura-chave) do acontecimento, possui o domínio do fato (dirigido planificadamente ou de forma co- configurada) e pode, assim, deter ou deixar decorrer, segundo a sua vontade, a realização do tipo. Partícipe é quem, sem um domínio próprio do fato, ocasiona ou de qualquer forma promove, como ‘figura literal’, do acontecimento real, o seu cometimento”. 7) Quais são e em que consistem as teorias da autoria? Restritiva: autor é só quem realiza a conduta típica; Extensiva: autor é também todo aquele que concorre de qualquer modo para o crime; Domínio do fato: autor é todo aquele que detém o controle final da produção do resultado, possuindo, assim, o domínio completo de todas as ações até a eclosão do evento pretendido. 8) Qual a teoria adotada pelo Código Penal? Teoria restritiva, em que o autor só realiza a condutaprincipal contida no núcleo do tipo. Todo aquele que, sem realizar conduta típica, concorrer para a sua realização não será considerado autor, mas mero participe. 9) Quais são e em que consistem as formas de concurso de pessoas? Co-autoria: todos os agentes, em colaboração recíproca e visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal. Ocorre a co-autoria, portanto, quando dois ou mais agentes, conjuntamente, realizem o verbo do tipo; Participação: os participes apenas concorrem para que o autor ou os co- autores realizem a conduta principal. 10) Qual a diferença entre autor e participe? Autor é quem realiza a conduta principal descrita no tipo incriminador; participe é aquele que, sem realizar a conduta descrita no tipo, concorre para a sua realização. 11) E conforme o Código Penal? Autor é quem realiza a ação nuclear do tipo (o verbo), enquanto partícipe é aquele que, sem realizar o núcleo (verbo) do tipo, concorre de alguma maneira para a produção do resultado ou para a consumação do crime. 12) Qual a natureza jurídica do concurso de agentes? Teoria Unitária: todos os que contribuem para a prática do delito cometem o mesmo crime; Teoria Dualista: há um só delito para os autores e outro para os participes; Teoria Pluralística: cada um dos participantes responde por delito próprio. 13) Qual é a teoria adotada pelo Código Penal? O Código Penal adotou, como regra, a teoria unitária, também conhecida como monista, conforme seu art. 29, caput: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Assim, todos aqueles que, na qualidade de co-autores ou participes, deram a sua contribuição para o resultado típico devem por ele responder; portanto, todos são responsabilizados, em regra, pelo mesmo crime. 14) Qual é a exceção pluralística desse dispositivo? A exceção está prevista no § 2º desse dispositivo: “se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste...”. Embora todos os coautores e partícipes devam responder pelo mesmo crime, excepcionalmente, o legislador determina a imputação por outro delito quando o agente quis participar de infração menos grave. 15) Qual a natureza jurídica da conduta de participação conforme a teoria da acessoriedade? De acordo com a teoria da acessoriedade, a participação é uma conduta acessória à do autor, tida por principal. Considerando que o tipo penal somente contém o núcleo (verbo) e os elementos da conduta principal, os atos do participe acabam não encontrando qualquer enquadramento, pois não existe descrição típica específica para quem ajuda a matar ou induz a furtar, mas tão-somente para quem pratica diretamente o próprio verbo do tipo. NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 9 16) Quais as classes dessa teoria? Acessoriedade Mínima: basta o participe concorrer para um fato típico; Acessoriedade Limitada: deve concorrer para um fato típico e ilícito; Acessoriedade Extrema: o fato deve ser típico, ilícito e culpável; Hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito e culpável, e o participe responderá ainda pelas agravantes e atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal. 17) Qual a teoria adotada? A teoria adotada pelo Código Penal é a da acessoriedade limitada. 18) A participação é uma conduta principal ou acessória? A participação é uma conduta secundária, devendo o partícipe responder toda vez que o fato principal for típico e ilícito, ou seja, sempre que houver crime, sendo irrelevante se o autor é ou não inimputável. Constituindo um comportamento acessório e não havendo correspondência entre a conduta do partícipe e as elementares do tipo, faz-se necessária uma norma de extensão que leve a participação até o tipo incriminador. 19) O agente que contribui para um resultado sem praticar o verbo é enquadrado no tipo descritivo da conduta principal? De acordo com a norma do art. 29 do Código Penal, qualquer um que concorrer para um crime por ele responderá, sendo dessa forma enquadrado no tipo descritivo da conduta principal. 20) Em que consiste o autor mediato? Autor mediato é aquele que se serve de pessoa sem condições de discernimento para realizar por ele a conduta típica. Ela é usada como um mero instrumento de atuação, como se fosse uma arma ou um animal irracional. O executor atua sem vontade ou consciência, considerando-se, por essa razão, que a conduta principal foi realizada pelo autor mediato. 21) Qual a diferença entre autoria mediata e autoria intelectual? A autoria mediata distingue-se da intelectual, porque nesta o autor intelectual atua como mero participe, concorrendo para o crime sem realizar a ação nuclear do tipo. O executor (o que recebeu a ordem ou promessa de recompensa) sabe perfeitamente o que está fazendo, não se podendo dizer que foi utilizado como instrumento de atuação. 22) Por que o executor é o autor principal? O executor é o autor principal porque ele realizou o verbo do tipo, enquanto o mandante atua como participe, pela instigação, induzimento ou auxílio. 23) Do que a autoria mediata pode resultar? De ausência de capacidade penal da pessoa da qual o autor mediato se serve; De coação moral irresistível. Se a coação for física, haverá autoria imediata, desaparecendo a conduta do coato; De provocação de erro de tipo escusável. O autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas se aproveita do desconhecimento de seu subordinado. 24) É possível a autoria mediata nos crimes de mão própria e nos delitos culposos? Não é possível autoria mediata nos crimes de mão própria, nem nos delitos culposos. 25) É possível concurso de agentes entre o autor mediato e o executor? É impossível, pois inexiste concurso de agentes entre o autor mediato e o executor usado. 26) Quais são os requisitos do concurso de pessoas? Pluralidade de condutas: sem estas, nunca haverá uma principal e outra acessória, mínimo exigido para o concurso; Relevância causal de todas elas: se a conduta não tem relevância causal, o agente não concorreu para nada, desaparecendo o concurso; Liame subjetivo: é imprescindível a unidade de desígnios, pois o crime é produto de uma cooperação desejada e recíproca. E necessária a homogeneidade de elemento subjetivo (não se admite participação dolosa em crime culposo e vice-versa); Identidade de infração para todos: em regra, todos devem responder pelo mesmo crime, salvo as exceções pluralísticas. 27) Quais são e em que consistem as formas de participação? Moral: instigação e induzimento; Material: auxílio. 28) Em que consiste instigar e induzir? Instigar é reforçar uma ideia já existente. O agente já a tem em mente, sendo apenas reforçada pelo participe. Induzir é fazer brotar a idéia no agente. O agente não tinha idéia de cometer o crime, mas ela é colocada em sua mente. 29) O cúmplice é considerado participe? O cúmplice é o participe que concorre para o crime por meio de auxilio. 30) Quando ocorre a autoria colateral? A autoria colateral ocorre quando mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame subjetivo entre eles. 31) Quando ocorre a autoria incerta? A autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem foi o causador do resultado. Dessa forma, sabe-se quem realizou a conduta, mas não quem deu causa ao resultado. 32) Quando ocorre a autoria ignorada? A autoria ignorada ocorre quando não se consegue apurar qual o realizador da conduta. Dessa forma, não se sabe nem quem foi seu autor. 33) Em que consiste a participação de participação? Uma conduta é acessória de outra conduta acessória. É o auxílio do auxílio,o induzimento ao instigador etc. 34) Em que consiste a participação sucessiva? Ocorre quando, após uma participação, realiza-se outra. Exemplo: o participe induz o autor a praticar um crime e depois o auxilia. 35) Qual a diferença entre conivência e participação negativa? Apesar de ambas serem formas de participação por omissão, somente na negativa existe o dever jurídico de agir. 36) Quando ocorre a participação impunível? Quando o fato principal não chega a ingressar em sua fase executória. Como antes disso o fato não pode ser punido, a participação também restará impune. Sendo assim, o auxílio, a instigação e o induzimento são atípicos na fase preparatória (CP, art. 31). Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II 10 LEITURA COMPLEMENTAR Cortesia: Cristiano Alves CONCURSO DE PESSOAS Conceito O concurso de pessoas (ou de agentes) ocorre quando há mais de uma pessoa contribuindo para a realização do delito. O agente se encontra ciente e adere voluntariamente à prática da infração penal, ou seja, pode-se pressupor que há uma convergência de vontades para que se chegue a um fim comum. Importante: o concurso pode acontecer desde a fase de ideação (iter criminis – caminho do crime: ideação, preparação, execução e consumação.), isto é, desde a elaboração intelectual do crime até a sua consumação, pode haver o concurso. Mas atenção: não é obrigatório verifica-lo em todo o iter criminis, digo, pode acontecer de o concurso ser verificado a partir da execução, por exemplo. Interessante: o concurso não pode ocorrer na fase de exaurimento do crime, pois o tipo já foi plenamente realizado. “Assim, quem simplesmente oculta cadáver não responde por crime de homicídio. Tais fatos ou são punidos autonomamente (ocultação de cadáver, art. 211), ou não constituem crime algum.” Paulo Queiroz, p. 243. Espécies Há duas espécies de concurso de pessoa: Concurso eventual - refere-se aos crimes unissubjetivos, ou seja, naqueles crimes onde um só agente pode dar causa ao fato ou pode haver a participação de outrem. Os crimes de furto (155); homicídio (121); lesão corporal (129); roubo (157); dano (163) pode ser praticado por um só agente ou por mais de um, neste caso, os tipos acima citados seriam analisados em consonância com caput do artigo 29, do CP. Ex: 155 c/c 29; 121 c/c 29. O artigo 29 seria, portanto, uma norma de extensão. Pois não seria possível a analise do concurso de pessoas sem ela. Concurso necessário – refere-se aos crimes plurissubjetivos, isto é, àqueles que necessariamente contam com mais de um agente para a prática de um dado delito. É importante ressaltar que nesse caso a própria legislação assim estabelece, é o caso do crime de bando ou quadrilha (288); rixa (137)????? (capez). Para que o crime ocorra é obrigatório o concurso de pessoas. Importante: o caput do artigo 29 só se justifica em crimes unissubjetivos, pois eles, no caso do concurso de pessoas, precisam de uma norma de extensão, a saber, o referido artigo. Sem essa norma o fato não se emolduraria ao tipo penal. Os plurissubjetivos por sua vez já trazem na sua redação o concurso de pessoas, não há a necessidade de uma norma de extensão para complementar a interpretação do tipo. Teorias sobre o concurso de pessoas Teoria pluralística – de acordo com essa teoria haveria tantas infrações penais quantos fossem o numero de autores. Seria como se cada partícipe cometesse sua própria infração penal independente dos demais autores. Teoria dualística – nessa teoria temos papéis diferenciados, pois são distintos o papel primário e o papel secundário daqueles que deram causa ao crime. Imaginemos a seguinte situação: João e Carlos concorrem para prática de um homicídio. O primeiro empresta uma arma de fogo para que o segundo leve a cabo o intento criminoso. Para a teoria dualística Carlos responderia pelo crime de homicídio, já que ele desempenhou o papel primário e João responderia pelo crime de homicídio na forma de partícipe, pois este desempenhou um papel secundário. É importante ressaltar que os crimes seriam diferentes. Teoria monística ou unitária – de acordo com essa teoria todos os que contribuem para a ocorrência de um delito estarão incidindo nas penas a este cominadas, isto é, todos os participantes responderão pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade. O crime permanece único e indivisível. “Não faz ela nenhuma distinção entre autor, co-autor e partícipe: todos os que concorrem para o crime são autores dele. A participação não é entendida como acessória. O partícipe é sempre um co-autor e responde inteiramente pelo evento. A sua origem está no código penal italiano.” Regis Prado, p. 394. “Essa concepção parte da teoria da equivalência das condições necessárias à produção do resultado. No entanto, o fundamento maior dessa teoria é político-criminal, que prefere punir igualmente a todos os participantes de uma mesma infração penal.” Bitencourt, p. 380. Importante: o código penal brasileiro adotou como regra a teoria monistica, porem pode-se dizer que ela é temperada, pois ela determina graus de participação distinguindo a atuação de autores e particípes, permitindo, portanto, graus de punição na medida da culpabilidade de cada um. Os §§ 1° e 2° do artigo 29 (principalmente o § 2°), dão uma suavizada na punição. Pois pune de forma diferente a participação em determinadas situações. Alguns autores como Bitencourt dizem se tratar de uma concepção dualista, pois há distinção entre autor e participe. Mas essa visão não é acolhida por muitos. Causalidade física e psíquica A causalidade deve ser analisada sob o aspecto físico (objetivo – contribuição causal física que foi causa de um determinado resultado danoso) e psicológico (subjetiva – contribuição subjetiva; vontade de atuar daquela forma na busca de tal resultado). Portanto se inexistir o nexo causal ou o liame subjetivo, não há concurso de pessoas. Ex 1: João empresta uma arma para Carlos, este tinha o intuito de matar seu desafeto. Por uma razão qualquer Carlos utiliza uma faca de cozinha para alcançar seu intento. Faltará nesse caso o elemento objetivo/físico em relação a João já que a arma não foi utilizada na execução do crime. Ex 2: um criado, por imprudência deixa o portão da garagem aberta e por isso se torna viável a um ladrão que já estava à espreita adentrar naquela residência e cometer o crime de furto. Apesar de o furto ter sido alcançado com êxito não se pode falar que houve concurso de pessoas, pois o vinculo psicológico/subjetivo não existe. Porque ao deixar o portão aberto o criado não queria aquele resultado. Importante: é indispensável que a adesão seja voluntária e consciente, quanto à ação praticada e também quanto ao resultado. Requisitos para o concurso de pessoas Pluralidade de participantes e condutas - este é o requisito básico do concurso de pessoas, pois é necessário que mais de uma pessoa esteja concorrendo para a execução de um delito. Interessante: embora todos participem do crime nem todos atuam da mesma forma, porque alguns praticam o fato material típico, representado pelo verbo núcleo do tipo. Enquanto outros realizam outras funções como induzir, auxiliar moral ou materialmente o executor praticando atos que, em si mesmos, seriam atípicos. A participação de cada um e de todos contribui para o desdobramento causal do evento e respondem todos pelo fato típico em razão da norma de extensão do concurso. (trecho retirado do livro de Bitencourt, p. 382, no qual ele menciona a opinião de Esther Ferraz e Damásio.). Relevância causal de cada conduta – o comportamento do agente deve ter vínculo com o resultado, pois nem todo comportamento constitui “participação”, pois precisa ter eficácia causal, provocandofacilitando ou ao menos estimulando a realização da conduta principal. A conduta de cada participante deve ter sido causa, isto é, deve ter determinado/contribuído de forma eficaz para a produção do resultado. Vinculo subjetivo entre os participantes – deve haver um vínculo psicológico entre os vários participantes, ou seja, consciência de que participam de uma obra em comum. Se não há o vinculo subjetivo não há que se falar em concurso eventual de pessoas, podem-se ter condutas isoladas e autônomas. Observação: não se menciona o concurso necessário porque se não houver o vinculo psicológico entre os participantes não há crime. Importante: o mero conhecimento não leva à responsabilização se não constituir alguma forma de contribuição causal, ou não constituir, por si mesma, uma infração típica, salvo, nos casos em que a pessoa tinha o dever jurídico de proteção, por exemplo, nos crimes omissivos impróprios (dever de garantidor). NotAulas – Direito Penal II Concurso de Pessoas 11 Identidade da infração penal – os agentes unidos pelo vinculo subjetivo tem o intuito de praticar a mesma infração penal. A vontade dos agentes converge para o ponto em comum. Respondem então por um mesmo crime. Autoria A despeito do conceito de autoria temos três conceitos principais: Conceito restritivo (mais se aproxima do art. 31) – para os adeptos dessa teoria o autor é aquele que realiza o núcleo do tipo penal, isto é, realiza a conduta descrita pelo verbo. Ex: matar, seqüestrar, extorquir, etc. Nesse caso nem todo aquele que dá causa a um resultado delituoso realiza o tipo penal, pois nem toda causa é sinônimo de realização de um crime. “As espécies de participação, instigação e cumplicidade serão, nessa acepção causas de extensão de punibilidade.” (Bitencourt, p.485). Para que a punição alcance os participantes surge a necessidade de complementação do conceito para participação, já que esta se distingue da autoria, por isso, de acordo com Jescheck, esse conceito restritivo de autor necessita ser complementado por uma teoria objetiva de participação, que pode assumir dois aspectos distintos: • Teoria objetivo-formal – o autor é aquele que realiza a conduta descrita pela forma verbal contida no tipo, enquanto que o participe tem um outro papel (papel secundário, ele produz qualquer outra contribuição causal ao fato). • Teoria objetivo-material – o autor, por realizar o tipo penal, detém maior periculosidade, pois a sua conduta é mais agressiva em relação ao participe, a sua ação é mais relevante para que o resultado ocorra. Já o participe realiza um papel menos relevante. • Critica ao critério objetivo – analisa apenas se a conduta se emoldura ao tipo, se o agente praticou a conduta ele será o autor. Isto traz problemas como na definição do autor na autoria mediata, aquela em que o agente se utiliza de outrem para atingir seu intento criminoso. • Ex: A é o mandante do crime; B é o executor (isto é, leva, a cabo, a pratica do núcleo do tipo), nesse caso B será o autor e A será o participe. Atenção: a distinção dessa forma entre mandante e participe não quer dizer necessariamente que o participe sofrerá uma penalidade menor que o autor. Conceito extensivo – não parte de uma analise objetiva, e sim se aproxima do conceito subjetivo. Essa teoria não faz distinção entre autoria e participação, pois partindo da idéia da teoria da equivalência das condições (objetivo), é autor todo aquele que contribui de alguma forma para o resultado. Porem essa teoria dá um tratamento diferenciado a autor e participe. Objetivamente não há distinção entre eles, mas para que haja uma diferenciação partir-se-á de um critério subjetivo (teoria subjetiva da participação). De acordo com ela é autor aquele que tem a vontade de sê- lo, quer o fato como próprio, age com o animus auctoris; o participe quer o fato como alheio, age com animus socii. • Critica ao conceito extensivo – poderia ser condenado como participes sujeitos que realizam pessoalmente todos os elementos do tipo e, como autores, quem não tem intervenção material no fato. Teoria do domínio do fato – a doutrina e a jurisprudência têm trabalhado com essa teoria, por isso ela é de cunho doutrinário. Ela alarga o sentido de autor e ainda distingue com clareza autor e executor. • Surgiu em 1939 com o finalismo de Welzel e sua tese de que nos crimes dolosos é autor quem tem o controle final do fato. • É uma teoria objetivo-subjetiva. • Autor é quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato. É não só o que executa a ação típica, como também aquele que se utiliza de outrem, como instrumento, para a execução da infração penal (autoria mediata). O autor tem o poder de decidir se continuará na empreitada criminosa ou não e se ele optar pela não-participação pode comprometer a empreitada criminosa, dada à importância da sua conduta. É importante ressaltar que nessa teoria há divisão de tarefas e cada tarefa é de extrema importância para o sucesso na prática da infração penal, ex: o motorista que aguarda os companheiros em um assalto ao banco, na verdade ele, pessoalmente, não pratica o núcleo do tipo, porem se ele desistir pode comprometer o assalto. Atenção: mesmo ele desistindo responderá pelo crime em que os demais forem incididos. • Autor é quem possui o manejo dos fatos, e os leva a realização. Participe é quem simplesmente colabora, sem poderes decisórios a respeito da consumação do fato. Ex: a moça que emprestou a casa para que os assaltantes se reunissem, a fim de combinarem a prática da infração penal. • Conseqüências – a autoria é compartilhada, já que é autor o coautor; a realização é considerada pessoal e responsável de todos; é autor quem realiza o fato valendo-se de outro instrumento (autoria mediata); limita- se a crimes dolosos. Co-autoria Na co-autoria mais de uma pessoa contribui para que a infração penal seja cometida, mas a principio o co-autor não atua na execução do tipo penal. Co- autoria é em ultima analise a própria autoria (Hans Welzel; Bitencourt, p. 489). Os agentes que participam do delito aderem a ele dolosamente, bastando para tanto a consciência de cooperar na ação comum, isto é, independe de aviso prévio. É a atuação consciente de estar contribuindo na realização comum de uma infração penal. Essa consciência é o liame psicológico que une a ação de todos, dando o caráter de crime único. A co-autoria fundamenta-se no principio da divisão de trabalho (teoria do domínio do fato), onde a ação de cada participante é peça essencial na realização do crime. “Na co-autoria não há relação de acessoriedade, mas a imediata imputação recíproca, visto que cada um desempenha uma função fundamental na consecução do objetivo comum.” Bitencourt, p. 490. Ex: crime de estupro, no qual enquanto um dos agentes segura a vitima, o outro a possui sexualmente. Autoria direta ou imediata – o agente atua pessoalmente na prática da infração penal. Autoria indireta ou mediata – o agente (autor mediato) manipula outrem para que o crime seja cometido. Esse alguém é usado como mero instrumento. Exige o domínio do fato, ou seja, quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato é o agente e não quem está sendo manipulado, ainda que este realize o núcleo do tipo penal. Importante: o terceiro não sabe que está sendo usado para a pratica de um delito. Hipóteses de autoria mediata: • Erro determinado por terceiro (art. 20, § 2º) – ex: enfermeira que, a pedido do medico, aplica veneno letal em um paciente. Atenção: há que se notar se ela poderia ter agido com mais cuidado, pois nesse caso ela poderá responder a titulo de culpa. Mas se é um erro, no qual, qualquer pessoa com mediana inteligência incorreria, afasta o dolo e a culpa. • Coação moral irresistível(art. 22, primeira parte) - há uma causa de exclusão da ação (coação física), pois o agente não teve vontade, não houve voluntariedade, ele foi um mero instrumento para que o autor mediato alcançasse seu objetivo. • Obediência hierárquica (art. 22, segunda parte) – uma pessoa exercendo uma determinada função de natureza publica dá um comando a uma outra pessoa, subordinada, contendo a determinação de realizar essa ou aquela conduta, positiva ou negativa. • Caso de instrumento impunível em virtude de condição ou qualidade pessoal (art. 62, III, segunda parte do CP) – aquele em que o agente instiga a cometer um crime alguém que é inimputável, ex: um menor de idade. Autoria mediata e crime de mão própria – não é cabível, já que nos crimes de mão própria o próprio agente precisa atuar, portanto possuem caráter personalíssimo, a execução nesses crimes não pode ser transferida a ninguém. Ex: testemunha. Autoria mediata e crime próprio – é possível, pois quem deve possuir as condições especiais exigidas pelo tipo penal é o autor mediato (autor que usa de outrem para praticar o delito) e não o imediato (aquele que pratica pessoalmente). Co-autoria em delito de mão própria – não é possível, pois somente a pessoa pode atuar. Concurso de Pessoas NotAulas – Direito Penal II 12 Autoria de escritório ou mediata especial – diferentemente da autoria indireta ou mediata (simples), nesta o agente sabe que está sendo usado como instrumento para a prática da conduta delituosa. Na autoria de escritório o agente organiza, gerencia a função dos demais, por isso podemos dizer que ele é autor imediato?????? Autor intelectual – esse conceito só se aplica se estivermos trabalhando com a teoria do domínio do fato, nos demais conceitos ela não se aplica (conceito restritivo). Nesse caso um agente elabora o evento criminoso e os demais executam. É tido como um homem inteligente que detém domínio do fato (tem poder decisório sobre a situação). Existe inclusive uma agravante para tais autores: art. 62, I. Autoria colateral – ocorre quando duas ou mais pessoas, ignorando umas as outras, convergem suas condutas para a execução da mesma infração; é o caso das concausas. Nesse caso não há reciprocidade consensual entre os agentes (não há vinculo subjetivo); o dolo dos participantes é considerado individualmente. Caso soubessem um do outro seriam co- autores. Ex: A atira em B, C também atira em B, (a bala alvejada por C é irrelevante para o resultado morte), sem que um saiba do outro. É o caso de uma concausa concomitante absolutamente independente. A responderia por homicídio e C responderia por tentativa de homicídio. Não há que se falar em concurso de pessoas, pois não há liame subjetivo nem identidade de condutas. Autoria incerta – embora se saiba possivelmente quais foram os autores da infração delituosa, não se consegue determinar quais das condutas foram determinantes para o resultado. Ex: A e B alvejam C, mas não se consegue provar qual das condutas foi determinante para o evento morte. Nesse caso ambos respondem por tentativa de homicídio, já que seria inadmissível penalizar um deles por crime que não cometeu. Porém se eles agissem unidos pelo liame subjetivo não importaria de qual arma partiu o projétil, ambos responderiam por homicídio (haveria o concurso de pessoas). Autoria ignorada – não se faz a mínima idéia de quem é o autor do crime. Co-autoria sucessiva – nesse caso o liame subjetivo ocorre quando alguém ou o grupo já iniciou a empreitada criminosa, os agentes estão alem da fase de execução, isto é, estão na fase de consumação do delito. Há responsabilidade integral do autor sucessivo se: os fatos anteriores tenham ingressado na sua esfera de conhecimento e desde que não importem em infrações mais graves, já consumadas. Em tese o que entrou em momento posterior responderia de forma integral, porém se a agressão anterior já tiver provocado um fato mais grave ele responderia pelo fato menos grave. Ex: A agride B, C (os fatos ingressaram na sua esfera de conhecimento) vendo a agressão adentra no feito delituoso dando um soco no rosto de B, porém a esta altura B já se encontra com o braço quebrado, esta é uma lesão mais gravosa do que a que C provocou em B, por isso C responderia pela lesão menos grave provocada por ele. Importante: esse conceito só se aplica se estivermos trabalhando com a teoria do domínio do fato, pois nas demais teorias não é possível sua aplicação. Participação em sentido estrito O participe desempenha um papel secundário na realização de um delito. O participe não atua na execução e só ganha relevância jurídica se esta é iniciada. (o código penal brasileiro só pune um crime se é iniciada a execução deste.). Espécies: • Instigação: esta é uma participação no sentido moral, um auxilio moral, pois o participe estimula uma idéia preexistente criminosa que já existe na mente do autor. • Indução: também uma espécie de auxilio moral, consiste no estimulo de uma idéia inexistente por parte do autor. “Induzir é fazer brotar a idéia criminosa na cabeça do agente.”. • Auxilio material: o agente auxilia materialmente o autor na pratica do delito. Através, de meios físicos. Ex: o participe que empresta a arma de fogo para a consumação de um homicídio. Importante: para que a participação seja consumada é necessário verificar se a conduta do participe teve eficácia causal na produção do resultado e se ele tinha consciência de estar participando de um crime. Fundamentos para punibilidade (qual é o fundamento para punibilidade do participe?) 1 – Teoria da participação na culpabilidade: o agente, nesse caso, ajuda a corromper o autor e, por isso, é punível. 2 – Favorecimento ou causação (corrente predominante): o participe contribui para a pratica da infração. Ele favorece ou ajuda a dar causa ao fato delituoso. O injusto do participe depende do injusto do autor. Participação e artigo 15, do CP. É o participe beneficiado pelo referido artigo???? Desistência voluntária e arrependimento eficaz do autor. Existem 2 correntes: 1 – alguns dizem que SIM sob o seguinte argumento: se a conduta do autor é considerada atípica, por causa da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, logo essa atipicidade será estendida ao participe tendo em vista, que a sua conduta é acessória em relação à conduta principal. 2 – NÃO. Pois parte-se da premissa de que o beneficio do artigo 15 é pessoal e intransferível. O participe agiu com dolo próprio em relação à conduta inicial do autor; aplicar-se-á, portanto, a regra do artigo 29, § 2º. Participação de participação – “em cadeia”. Ocorre quando um participe induz outro participe a induzir o autor para que ele cometa um crime. Ex: “A” induz “B” a induzir “C” a matar “D”. Participação sucessiva Ocorre quando os participes induzem o autor a praticar um delito. Ate aqui é muito parecido com a participação de participação. Porém na participação sucessiva os participes atuaram em tempos distintos e não existe vinculo subjetivo entre eles (????). Ex: ontem “A” induz “B” a matar “C”, hoje “D” induz “B” a matar “C”. Há que se notar que a participação sucessiva é diferente da coautoria sucessiva, esta é uma autoria compartilhada, os agentes responderão como autores. Acessoriedade de participação Limitam (ou tentam faze-lo) o alcance da acessoriedade da participação. As teorias da participação tratam de estabelecer quando uma pessoa pode se punida como participe. • Teoria da acessoriedade extrema ou máxima: a participação será punida quando o autor praticar um fato principal típico, ilícito e culpável. Todos esses elementos devem ser verificados na conduta do autor. • Teoria da acessoriedade mínima: para que a participação
Compartilhar