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ESCOLHAS SOCIAIS E BEM-ESTAR SOCIAL Varian, cap. 34 Objetivo • Será que existe alguma maneira de agregarmos as preferências de diversas pessoas de forma a obtermos uma função de utilidade social que ainda respeite as preferências individuais? • Será que existe algum sistema de votação que reflete o que as pessoas consideram a melhor alternativa? • Infelizmente a resposta é NÃO para ambas as perguntas! • Demonstrado pelo economista Kenneth Arrow Exemplo 1: votação em dois turnos • Três pessoas: A, B e C • Três alternativas: x, y e z. • A tabela abaixo mostra como A, B e C ranqueiam x, y e z. • Suponha um sistema de votação por eliminação • Primeiro se vota em duas alternativas • Depois, o vencedor disputa com a terceira alternativa Transitividade • O exemplo anterior mostra que o sistema de votação adotado gera resultados diferentes dependendo da ordem com que as alternativas são votadas • Isso ocorre porque, embora as preferências (ordenações) de todos os indivíduos sejam transitivas, o sistema de votação não o é Exemplo 2: votação por pontos (ou ordenação das escolhas) • Duas pessoas, A e B, devem escolher entre x e y. A alternativa z não está em votação • Cada uma das pessoas, irá ordenar as opções das mais preferidas às menos preferidas • Ganha quem teve menos ponto, x ou y • No exemplo, haverá empate Terceira alternativa • Mas vejamos o que acontece se incluirmos uma terceira alternativa, z • x teria 4 pontos (1 de A e 3 de B) • y teria 3 pontos (2 de A e 1 de B) • y venceria • A introdução de uma terceira alternativa irrelevante alterou o resultado Problemas • Os exemplos mostram que os dois sistemas têm problemas. • Em particular, ambos podem ser manipulados • No caso dos dois turnos, escolhendo-se a ordem das votações • No caso da votação por ordenação, incluindo-se novas alternativas na votação Três critérios para uma função de escolha social 1. Todos os indivíduos têm preferências bem comportadas; em particular, as preferências de todos apresentam transitividade entre as alternativas 2. Se todos preferem x a y, então a escolha social deve preferir x a y 3. A preferência social entre x e y deve depender apenas de como as pessoas preferem x e y e não de como elas preferem outras alternativas Teorema da impossibilidade de Arrow • Se um critério de decisão social obedece aos critérios 1, 2 e 3, então esse critério reflete as escolhas de apenas uma pessoa (ditadura) • Assim, se não quisermos um sistema ditatorial, mas quisermos uma democracia, precisamos abrir mão de pelo menos 1 dos três critérios. • Em uma democracia, não existe nenhum sistema de escolha social que obedeça aos critérios 1, 2 e 3 simultaneamente. • Em uma democracia, não existe nenhuma forma “perfeita” de agregarmos as preferências individuais em uma preferência agregada. Abrir mão de qual critério? • Se quisermos um sistema democrático (cujo mecanismo de escolha social não seja o reflexo de apenas um indivíduo), precisamos então abrir mão de um dos três critérios • Parece intuitivo que o critério 3 é o que deve ser descartado • A partir de agora, vamos construir preferências sociais agregando preferências individuais que obedecem os critérios 1 e 2, mas não o 3 • Há várias formas de se fazer isso. Função de bem-estar social utilitarista ou benthamiana • Soma das utilidades de todos os indivíduos da sociedade: a utilidade de cada um entra com o mesmo peso • Às vezes, se faz uma soma ponderada das utilidades • Mas sabemos que os valores numéricos das utilidades não significam nada, então essa agregação é bem arbitrária Utilidade social rawlsiana • A utilidade social é dada pela utilidade da pessoa em pior situação na sociedade A escolha social • Uma vez escolhida qual a função de utilidade social, o problema passa a ser escolher a alocação dos bens que maximiza a escolha social. Utilidade social individualista • No exemplo anteriores, as utilidades de cada indivíduo dependiam de sua própria cesta de consumo e das cestas de consumo de todas as outras pessoas • Mas em geral se supõe que as utilidades de cada um dependem apenas de suas próprias cestas de consumo • Vamos supor que as pessoas não ficam nem melhores nem piores se os outros consomem mais ou menos Eficiência e equilíbrio de mercado • Quando a utilidade social é individualista, podemos provar: 1. todo equilíbrio de mercado é uma alocação eficiente de Pareto 2. sob certas condições, toda alocação Pareto-eficiente pode ser atingida por um equilíbrio de mercado.
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