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A criatividade convertida em resolução de dilemas existenciais Renata Mateus Introdução Problemas surgem todos os dias, sejam eles em nossa fase de aprendizagem na escola ou até nos ambientes organizacionais. Assim, a criatividade pode nos ajudar a buscar soluções e uma nova forma de encará-los. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender sobre os contextos que integram o universo bidimensional da criatividade desde os parâmetros mentais, físicos, lúdico, energético, racional e emocional; • reconhecer o ser criativo pela sintonia do indivíduo com sua essência. 1 Análise dos esquemas mentais básicos e a criatividade Bzuneck (1991) diz que os esquemas mentais são todos os conjuntos organizados de conhe- cimentos adquiridos, sejam conceitos, regras, princípios, generalizações, habilidades e outros con- teúdos, localizados em nossa memória de longa duração, que formam nossos esquemas mentais, nos quais cada nó representará um esquema. Esse esquema é dinâmico, pois há uma contínua transformação das informações absorvidas, através de complementações, melhoramentos, ou até na formação de novos nós ou novas associa- ções entre os existentes. Além disso, podem acontecer modificações ou substituições de determi- nados esquemas em consequência de choques de ideias ou interesses com novas informações. Figura 1 – Esquemas mentais Fonte: Moon Light PhotoStudio/Shutterstock.com Conforme aprendemos novos conteúdos, criamos esquemas mentais correspondentes. Assim, quando temos um novo problema, buscamos a ideia de procedimentos conhecidos para criar um novo modelo ideal para solucioná-lo. FIQUE ATENTO! É necessário que criemos esquemas mentais básicos para depois utilizá-los na re- solução de problemas mais difíceis. Os esquemas mentais, ou mapas mentais, ajudam-nos a aprender, organizar e armazenar a quantidade de informações que desejamos, e a classificá-las na forma que seja fácil acessá-las. Toda nova informação que adquirirmos será cruzada automaticamente com as informações já armazena- das. Com um grande número de conexões, será mais fácil encontrar informações que necessitamos. EXEMPLO Quando você se depara com um problema, busca informações que já tem, para assim ter um ponto de partida no raciocínio, e a partir desses dados, com novas informações, cria um novo mapa mental. A criatividade depende da riqueza de numerosas associações e operações mentais, afinal ela é o uso das habilidades mentais para criar novas ideias e conceitos, entendida a partir dos recur- sos mentais característicos ao indivíduo. SAIBA MAIS! Mapas mentais são técnicas gráficas, que utilizam uma palavra como ponto de partida para adicionar novas ideias, facilitando a compreensão de um problema e como você o interpreta. No livro “Mapas Mentais e sua elaboração: um sistema definitivo de pensamento que transformará a sua vida, de Tony Buzan, você encontra modelos de mapas mentais para desenvolver. 2 Muitos dilemas se resolvem ao passar do plano físico ao lúdico Segundo o dicionário Houaiss, a palavra “lúdico” significa jogo, recreação, qualquer atividade que vise mais divertimento. Assim, o lúdico é importante para o desenvolvimento mental e social dos indivíduos, pois é dessa forma que seremos livres para criar nosso mundo simbólico, estimu- lados à fantasia e a imaginação, elementos fundamentais à criatividade. Com a ludicidade, temos prazer, alegria e entretenimento na hora de aprender. Por meio de jogos e brincadeiras desenvolvemos habilidades cognitivas e motoras, estimulando a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. FIQUE ATENTO! As brincadeiras são importantes para o desenvolvimento do indivíduo, ajudando na estruturação de conhecimentos, fazendo com que os indivíduos sejam desafiados a produzir e oferecer situações problema, a fim de motivar a percepção e constru- ção de esquemas de raciocínio e ser uma forma de aprendizagem diferenciada. Algumas empresas perceberam que a ludicidade é uma necessidade de todos, portanto, esti- mular a criatividade incentivando brincadeiras e jogos é um grande diferencial. Não é apenas diver- são, pois é um facilitador da aprendizagem, desenvolvimento pessoal, social e cultural. Figura 2 – Vivência lúdica Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com Assim, é necessária a prática lúdica, permitindo adquirir experiências cognitivas. Para Silva e Gonçalves (2010), nas organizações, o foco é desenvolver melhorias para a empresa e buscar solução de problemas, desenvolvendo o autoconhecimento, a motivação, liderança, socialização, integração, criatividade, entre outras habilidades. EXEMPLO O lúdico possibilita ajudar no desenvolvimento de um novo produto. Imagine que uma organização precisa lançar um novo produto. Se ficar presa nos fatos e dados que possui, dificilmente conseguirá enxergar novas formas de produzir algo. Brotto (2001) mostra que as atividades lúdicas possibilitam que conheçamos a nós mesmos, aceitando e mediando nossa personalidade, fazendo com que nos desprendamos do real, pois o lúdico proporciona uma trama entre a ficção e a realidade. A ludicidade não aliena, mas permite que o real fique interrompido, fazendo com que possamos avaliar e analisar cenários e as possí- veis consequências decorrentes das decisões adotadas. 3 A criatividade é fonte de energia e transformação Todos possuímos um potencial criativo, que pode ser incentivado e desenvolvido com determi- nadas atitudes e técnicas, seja qual for o ambiente em que se está inserido (família, trabalho, escola). FIQUE ATENTO! A criatividade é uma fonte de energia, necessária para uma vida criativa, já que todos podemos nos tornar mais criativos. A criatividade, hoje, é importante, pois o indivíduo criador é aquele que amplia seus conheci- mentos, e ela é a matéria-prima para construção de uma transformação da sociedade e de novos modelos de negócios. A criatividade é uma poderosa ferramenta para a aprendizagem, pois é capaz de transformar as informações recebidas pelos indivíduos. É um processo de transforma- ção do conhecimento e de ideias prévias em ideia novas e inovadoras, que passam a ser um novo conhecimento (ULBRICHT; VANZIN; SILVA; BATISTA, 2013). Educadores e educandos devem estar atentos ao processo de despertar, desenvolver, usar e manter a criatividade, para que isso reflita e promova uma transformação da sociedade e levem à reflexão e a construção de novos conhecimentos. Figura 3 – Fonte de energia e transformação Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com Um ambiente que estimula a criatividade possibilita ganhos preciosos às empresas, à socie- dade, ao ambiente escolar, mas principalmente aos indivíduos, que se transformam em observa- dores natos, cheios de curiosidades, energia, entusiasmo e perseverança (DI NIZO, 2009). Quando as empresas se adaptam às mudanças da sociedade, apenas fazem o mínimo para sobreviver, pois é preciso antecipar-se às transformações, agindo com criatividade. Para Mottin (2004), em tempos de mudanças, as lideranças devem agir como fatores de integração, motivação e energia de realização. É preciso, então, que as empresas aproveitem a energia criativa de seus cola- boradores, proporcionando-lhes meios para criar, sem deixar que o passado escravize suas ideias. 4 Razão e emoção na criatividade - condicionamento mental Costumamos perceber a realidade por meio de crenças e valores aprendidos. Isso se deve aos processos de condicionamento da sociedade e da metodologia educacional, que levam grande parte dos indivíduos a não dar devido valor e subutilizar seus recursos criativos. Somos condiciona- das pelo ambiente a pensarmos e agirmos da mesma forma, com uma certa falta de atividade inte- lectual e criativa. Nãoquer dizer que não tenhamos criatividade, mas mostra o quanto precisamos ser despertados para as oportunidades, não se deixando acomodar pela rotina (MARTINS, 2011). A educação não consiste apenas em ensinar por condicionamento ou por repetição, mas, sobretudo, favorecer o desenvolvimento da pessoa através do exercício das suas estru- turas criativas ou de descoberta pessoal. Assim, o que importa é promover na criança a responsabilidade por si própria e pela sua ação, favorecer o desenvolvimento das capaci- dades de imaginação e de criatividade, desenvolvendo o seu próprio autoconceito e, por conseguinte, melhorando ou otimizando a sua atitude para com a vida. (PORTUGAL, 1991 apud MARTINS, 2011, p.308). Para Vieira (1999), o processo criativo não envolve apenas a emoção, mas também o esforço em conseguir informações e a habilidade de combinar esses dados, que provém de diversas fon- tes de informação, com as informações acumuladas ao longo dos anos por nós, como leituras, filmes, observações, vivências e toda e qualquer experiência vivenciada. Portanto, está em nós, sentirmos, percebermos e transformarmos esse potencial de emoção, que está a volta, em expressão de nossa sensibilidade. Figura 4 – Razão e emoção como fonte de criatividade Fonte: Jesus Sanz/Shutterstock.com SAIBA MAIS! A revista eletrônica Temática (UFBP) publicou uma série de artigos sobre criatividade e as questões da razão e emoção. Acesse em: <http://www.insite.pro.br/2005/55- Neuroci%C3%AAncias%20e%20cogni%C3%A7%C3%A3o.pdf>. O processo criativo faz com que os dados trazidos para a solução de um problema, junto com as informações de nossa bagagem, se encontrem, formando um circuito criativo. Assim, é impor- tante que inputs racionais e emocionais associem-se na criação de uma nova ideia, provocando algum tipo de emoção e atraindo a atenção das pessoas para a ideia transmitida. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender que criamos esquemas mentais ao receber novas informações; • entender que todos nós possuímos potencial criativo, que pode ser desenvolvido com técnica; • saber que o processo criativo necessita das emoções, além de novas informações, da habilidade para combinar dados e de um ambiente propício. Referências BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos, SP: Projeto Cooperação, 2001. BUZAN, Tony. Mapas Mentais e sua elaboração: um sistema definitivo de pensamento que trans- formará a sua vida. Tradução Euclides Luiz Calloni, Cleusa Margô Wosgrau. São Paulo: Cultrix, 2005. BZUNECK, José Aloyseo. Conceitos e funções dos esquemas cognitivos para a aprendizagem – implicações para o ensino. Semina, Londrina, v. 12, n.3, p. 142-145, 1991. DI NIZO, Renata. Foco e criatividade: fazer mais com menos. São Paulo: Summus, 2009. MARTINS, Vítor Manuel Tavares. A Qualidade da Criatividade como Mais Valia para a Educação, 2011. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/37.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017. MOTTIN, Ernani José. Criatividade: Passo a passo. Porto Alegre: Age, 2004. NICOLAU, Marcos. Razão e Criatividade: artigos sobre Neurociências e Cognição. Revista eletrô- nica Temática, Insite.com.br, 2014. Disponível em: <http://www.insite.pro.br/2005/55-Neuroci%- C3%AAncias%20e%20cogni%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em 29 mar. 2017. SILVA, T. A. C.; GONÇALVES, K.G.F. Manual de Lazer e Recreação: o mundo lúdico ao alcance de todos. São Paulo: Phorte, 2010. ULBRICHT, Vania Ribas; VANZIN Tarcísio; SILVA, Andreza Regina Lopes da; BATISTA Cláudia Regina. Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Pimenta Cultural, 2013. VIEIRA, Stalimir. Raciocínio criativo na publicidade: uma proposta. São Paulo: Loyola, 1999. VIRGOLIM, Angela Magda Rodrigues; FLEITH, Denise de Souza; PEREIRA, Mônica Souza Neves. Toc, Toc... Plim, Plim! Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criativi- dade. 9. ed. Campinas: Papirus, 2008. ULBRICHT, Vania Ribas; VANZIN Tarcísio; SILVA, Andreza Regina Lopes da; BATISTA Cláudia Regina. Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Pimenta Cultural, 2013.
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