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RESENHA (Cipolla e Braudel).docx

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Caíque Cober Souza
RA:214197
CE-105-Fundamentos da teoria econômica
Prof. José Dari Klein
Resumo
Carlo Cippola – As duas Revoluções
Fernand Braudel – Revolução Inglesa Setor por Setor
Carlo Cippola e Fernand Braudel apresentam em seus textos pontos de vista, construções teóricas, argumentações de forma diferenciada. isso não quer dizer que sejam textos contraditórios entre si, ou que um faça uma crítica o outro, estes são apenas textos que abordam a Revolução Inglesa de maneiras distintas.
Cippola começa seu texto falando sobre a própria existência da humanidade e da vida na Terra de modo geral, a abordagem demonstra um ponto de vista filosófico de modo que nos leva a refletir sobre a nossa real importância e impacto no planeta – além do “tamanho” da nossa história. Cipolla dita que “o homem viveu como um verdadeiro caçador primitivo e coletador aproximadamente 99% de sua existência conhecida”. Então ele diz que os dois principais processos econômicos revolucionários da nossa história até então fora A Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.
A primeira Revolução se deu na verdade na pré-história, em começaram a surgir as primeiras tribos sedentárias, no Sudoeste asiático. tal fato é resultante de duas técnicas revolucionárias: a domesticação de animais até então selvagens e a criação de técnicas de cultivo de plantas. O que hoje é tido como uma tecnologia arcaica e improdutiva representou naquele momento o divisor entre as comunidades que prosperaram e as que desapareceram para sempre, ou ainda mais fatidicamente: entre quem vivia e quem morria. Todas essas mudanças transformaram a caça e a coleta em operações marginais e tribais “atrasadas”, operações que seriam extintas completamente pela próxima grande revolução que estava por vir. 
Quando ele nos apresenta a Revolução Industrial com suas diferenças em relação à agrícola – como o fato de que a industrialização não tende a concentrar cada vez mais o fator trabalho, como aconteceu na Revolução anterior, mas sim gera um setor terciário cada vez mais forte, e temos também a automatização da produção que leva a uma demanda decrescente do número absoluto de mão-de-obra. Ele também realça os diferentes momentos que os países aderiram à Revolução Industrial. Ele mostra aspectos gerais da revolução e suas implicações no mundo como um todo, já Fernand Braudel segue por um caminho diferente, ao invés de mostrar a Revolução “por cima” ele se aprofunda no tema, e para isso deve fazer um recorte mais preciso que Cippola, assim ele foca sua argumentação em como a Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, na maior parte em suas causas, deixando um pouco de lado as suas consequências e implicações.
Braudel inicia discursando sobre o papel primordial da agricultura inglesa na Revolução: ele afirma que o sistema agrícola foi evoluindo e culminou com a Revolução Industrial, e que a ordem inversa não ocorreu com expressão, ou seja, inovações técnicas e mecânicas não tiveram papel importante na evolução agrícola – pelo menos no princípio – mas sim que a produção do campo alavancou a Revolução industrial e sustentou a crescente produção fabril das cidades. O campo – mesmo sem máquinas – teve um aumento de sua produção no século XVIII, o que fez o preço dos cereais caírem, levando a um aumento na criação de gado consagrando o sucesso das plantas forrageiras. Com essa inversão da produção, os rendimentos com os cereais sobem, a produção aumenta, e para completar o “círculo virtuoso” a exportação segura os preços até pelo menos 1760. O início desse ciclo chama-se “crise do século XVIII”, e levou a uma maturação desigual da terra, em que prevaleceu a produção de alto rendimento e sustentou o aumento demográfico do país, além de transformar a estrutura fundiária inglesa, que foi se concentrando cada vez mais.
Como segundo ponto destacado, está no texto o crescimento demográfico, ocorrido no século XVIII. A população absoluta cresce tanto na cidade como no campo, mas o aumento em áreas urbanas é muito maior, sendo assim uma prova de que a industrialização e o aumento demográfico estão intimamente ligados. Além disso, o aumento demográfico causou o surgimento de regiões pobres abarrotadas de um proletariado “maleável e treinado” – ou como Cippola coloca, “escravos mecânicos movidos por uma energia inanimada”.
Seguindo nos pontos ressaltados por Braudel, temos a técnica. Muitas vezes historiadores acabam por engrandecer exageradamente uma inovação tecnológica e a colocam como protagonista na Revolução Industrial e em outras transformações ao longo do tempo, o que para o autor não é de fato verdade, segundo ele a demanda da indústria que acarreta na colocação de uma nova técnica, e não a simples oferta de uma nova técnica que altera a demanda e o cenário econômico. Ele traz um exemplo em que a técnica da queima do coque já havia sido inventada antes em 1750, mas só virou a técnica “padrão” porque a anterior de carvão de madeira havia se tornado escassa e cara, fazendo com que a do coque se tornasse a padrão. Assim em 1760 houve a mudança da técnica por uma mudança na demanda e não por uma nova oferta.
O autor clama para que não se “minore” a Revolução do algodão. Ele fala sobre a necessidade da indústria algodoeira inglesa de superar em qualidade e preço a indústria indiana, e isso só foi possível com a mecanização da produção, outro exemplo de que a mudança técnica acontece, pois há uma demanda e não porque havia uma oferta da mecanização. processos desse caráter são os responsáveis pelo primeiro impulso para a Revolução industrial.
Fernand Braudel acredita que o comércio longínquo exerceu grande importância para a Revolução Industrial. Ele explica que mesmo não tendo “força comercial” na Europa continental, a Inglaterra dominou o comércio de longas distâncias como com as Américas e a Rússia, se concretizando como uma das nações soberanas das rotas ultramarinas. Assim o comércio de longa distância ganha importância, pois mesmo que o interno também tenha crescido, o comércio exterior cresceu muito mais proporcionalmente, e tal fato possibilitou um acúmulo de capital na ilha, que posteriormente seria um dos principais motores para a sua industrialização.
O comércio interno era de fato entre duas ou três vezes maior que o externo no século XVIII. E para que esse comércio pudesse ocorrer era necessário que a circulação e transporte interno fossem de velocidade razoável. As vias marítimas e fluviais eram as mais populares, no entanto havia áreas ricas em recursos naturais que precisavam ser exploradas, assim foi-se evoluindo um sistema de trilhos que a priori era de madeira e utilizado em curtas distâncias e se transformou em ferro e para longas distâncias com a necessidade de alcançar novos territórios. E a velocidade veio com a locomotiva a vapor que é uma demonstração da evolução técnica da revolução industrial,que revolucionou o transporte inglês e posteriormente o mundial.
Na Conclusão do texto de Braudel podemos ligá-lo de forma antagônicacom o fechamento de Cippola. Já que Braudel diz que a Revolução é na verdade uma sucessão de pequenas reestruturações que levam tempo para se concretizar, Cippola enfatiza que essas pequenas transformações não configuram uma Revolução de fato, pois uma verdadeira Revolução, como a Industrial da Inglaterra, é uma mudança tão profunda na sociedade que cria novas estruturas de trabalho, poder e reformula a sociedade como um todo sociedade, assim Cipolla conclui que, toda Revolução é uma transformação, mas nem toda transformação é uma Revolução.

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