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Apostila Bacteriologia Veterinária

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Taxonomia bacteriana 
Taxonomia é a classificação e a identificação de bactérias pré-existentes ou novas, usando-se como critério, provas fenotípicas e genotípicas.
- Provas fenotípicas: são mais baratas, mais rápidas, possuem certa confiabilidade, mas não são 100% precisas. As classificações fenotípicas incluem a morfologia da bactéria, as propriedades tintoriais, culturais e bioquímicas, presença de certas enzimas extracelulares e a identificação sorológica.
	- Morfologia bacteriana: as bactérias possuem certas formas características, podendo ser cocos (redondas), bacilos ou bastonetes (alongados), espiroquetas ou espirilos (espiralados) entre outras.
	- Propriedades tintoriais: as bactérias apresentam certas propriedades em sua parede celular que as fazem reagir diferentemente a vários corantes usados em bacteriologia. O método mais usado para a coloração de bactérias atualmente é o método de gram. Diz que são gram positivas as que se coram de roxo, e que são gram negativas as que adquirem uma coloração rósea. 
	- Propriedades culturais: é a exigência de uma bactéria em relação ao meio de cultura necessário para o seu crescimento in vitro.
	- Propriedades bioquímicas: analisa-se a utilização de certas substâncias bioquímicas pela bactéria (açucares, aminoácidos, etc.)
	 - Enzimas extracelulares: é a pesquisa pela liberação de exotoxinas pelas bactérias. Normalmente essas enzimas são um mecanismo de agressão bacteriano.
	- Identificação sorológica: uma prova usada em estágios mais avançados da identificação de uma bactéria, visa distinguir biótipos e sorotipos. Biótipos são sub-populações de bactérias, mas que por algum motivo possuem uma característica bioquímica diferente; já sorotipos são sub-populações bacterianas que estimulam de modo diferente o sistema imune do hospedeiro (por possuírem antígenos de superfície modificados).
-Provas genotípicas: são os métodos de biologia molecular aplicados a bacteriologia. Pode-se analisar uma bactéria quanto ao peso molecular de seu DNA e o seu ponto de congelamento, o índice C-D e a homologia do DNA da bactéria analisada.
	- Peso molecular: avaliação do peso molecular do DNA, medido em kilodaltons ou números de pares de base
	- Ponto de congelamento: avaliação do ponto de quebra da dupla fita (ponto em que ela abre). Dependendo da composição química desse DNA, ele possuirá uma diferente resistência ao frio.
	- Índice C-G: quebra-se o DNA, e se extrai suas bases citosina-guanina. Por exemplo, um DNA apresentando 63% de C-G (ou seja, esse DNA possui 37% de A-T). Essa porcentagem pode ser igual em diferentes espécies, mas isso não significa que o DNA seja igual, visto que a ordem desses pares de base pode ser diferente.
	- Homologia do DNA: se testa o quanto o DNA da bactéria estudada é homologa de outra bactéria. Pode ser feito usando-se o DNA total, ou somente um trecho do DNA
Separa-se a dupla fita de ambas as bactérias e após suas fitas parearem, observa-se o nível de homologenidade das bases das fitas. 
Já com somente um trecho do DNA, o esquema é o mesmo, sendo que ao invés de se usar o DNA inteiro da bactéria estudada, se usa uma sonda (um trecho de seu DNA marcado). Se essa sonda parear com uma fita de outra bactéria, então esse DNA é da espécie testada. Se não parear, ou não é a bactéria testada ou pode se tratar de uma nova bactéria.
Exemplos de grupos bacterianos:
- Cocos gram positivos: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae
- Bacilos gram negativos: Escherichia coli, Proteus mirabillis, Pseudomonas aeruginosa
- Espiroquetas: Leptospira interrogans, Treponema pallidum (agente da sífilis, não acomete animais)
- Micobactérias: Mycobacterium bovis (agente da tuberculose)
- Bactérias que não se coram pelo método de gram: Micoplasma agalactiae. Essas bactérias não se coram pelo método de gram, pois não possuem parece celular. As espiroquetas também não se coram por este método apesar de possuírem parede celular.
Citologia bacteriana
	A célula bacteriana possui várias diferenças em relação à célula animal. Não possui núcleo, ou seja, seu material genético encontra-se solto no citoplasma, junto aos ribossomos, suas únicas organelas. Seu genoma é composto apenas por um cromossomo (com exceção de algumas bactérias que possuem dois), e é este cromossomo que possui todas as informações necessárias a vida da bactéria.
Esta célula, de tamanho reduzido, variando entre 0,2 e 10 micrometros, apresenta capacidade reprodutiva, através de mitose.
Estruturas da célula bacteriana:
- Ribossomos: apresenta duas subunidades de RNA, a subunidade 30S e a 50S. É muito presente no citoplasma bacteriano devido à intensa síntese protéica desses seres.
- Inclusões: são reservas de substâncias produzidas em excesso pela bactéria. Essas substâncias em excesso são formadas de forma insolúvel e assim ficam armazenadas no citoplasma.
- Membrana plasmática: é uma membrana normal, assim como nos eucariotos (ou seja, o modelo do mosaico fluido). É composta por uma dupla camada de fosfolipídios, onde cada camada possui uma cabeça de glicerolfosfato (polar) e uma cauda de ácidos graxos (apolar). Nessa membrana, estão presentes inúmeras proteínas, em que estas podem ser integrais ou periféricas a membrana. 
Como nos eucariotos, essa membrana apresenta uma permeabilidade seletiva, e isso dita as formas como as substâncias iram entrar ou sair da célula. O transporte pode se dar de forma passiva (com ou sem o auxilio de proteínas, sem gasto de energia) ou de forma ativa (pelo auxilio de proteínas e com gasto de energia). 
	- Passivo: pode ser por difusão simples onde as moléculas passam de um lado para o outro da membrana apenas seguindo o gradiente de concentração, por osmose (somente água) ou por difusão facilitada onde certos eletrólitos (como cálcio, sódio, potássio, cloro) entram na célula através de um canal (uma proteína formadora de canal).
	- Ativo: com o auxilio de uma proteína carreadora, a substância entra na célula. Essa entrada pode ser uniporte, simporte ou anti-porte. Na primeira, apenas uma substância entra na célula; na segunda uma substancia entra e entrada de outra. E na ultima forma, a entrada de uma substância favorece a saída de outra.
	- Outras formas de transporte pela membrana plasmática incluem a translocação de grupo e o transporte ligado a proteínas. Na translocação de grupo, um grupamento é adicionado a uma substância, o que favorece sua entrada na célula. Esse grupamento é adicionado por ação enzimática. No transporte ligado a proteínas, uma substância necessita da ação de várias proteínas (não necessariamente ao mesmo tempo) para entrar na célula.
- Parede celular: é a estrutura externa a membrana plasmática, responsável pela proteção da bactéria contra a pressão osmótica. A célula bacteriana é um meio muito concentrado, principalmente por proteínas; assim, ela teria a tendência de absorver muita água, o que poderia causar a sua lise.
Mesmo com essa função isoladora, a parede celular ainda é permeável a pequenas moléculas e a água.
É também ela que dá forma a bactéria, visto que é rígida (a membrana plasmática por si só tem a tendência de ser circular).
A composição da parede celular difere nas bactérias gram positivas e nas gram negativas.
	- Bactérias gram positivas: Sua parede celular é composta por uma espessa camada de peptídeoglicano (esta formada por três aminoácidos e dois açucares), junto ao ácido teitóico, além de um periplasma (bem delgado) 
	- Bactérias gram negativas: Sua parede possui uma delgada camada de peptídeoglicano junto ao periplasma, recoberta por uma membrana externa
	- Periplasma: uma camada entre o peptídeoglicano e a membrana plasmática da bactéria
	- Peptídeoglicano: um dissacarídeo, formado por N-acetilmurâmico e ácido N-acetilglicosamina e por aminoácidos (alanina, isobutamina e lisina). É nessa estrutura que agem os antibióticos beta-lactâmicos, que impedem a sua síntese.
Alguns autoresacreditam que essa camada é um fator de virulência de algumas bactérias.
- Membrana externa: Exclusiva de bactérias gram negativas, é formada por fosfolipídios e
lipopolissacarideos. 
A presença de proteínas nessa camada permite a realização do transporte ligado a proteínas. 
	- Lipopolissacarídeo da membrana externa: possui três regiões distintas. A região mais interna é conhecida como lipídio A, é composta por ácidos graxos e dissacarídeos, sendo essa região um fator de virulência das bactérias gram negativas (é uma endotoxina). A região central é um núcleo de polissacarídeo (ou coração de açúcar), onde se encontram açucares exclusivos das bactérias. E a região mais externa é uma rede sacaridica, que é um antígeno, usado pelo sistema imune para o reconhecimento das bactérias.
- Cápsula: encontrada ao redor da célula bacteriana, é relativamente espessa. Formada por açucares, é uma evasina, ou seja, é um mecanismo de escape da bactéria ao sistema imune ao impedir que esta seja reconhecida como um antígeno. Normalmente as bactérias mais patogênicas possuem cápsulas.
- Glicocálice ou “slime layer”: é uma camada de açucares, externa a cápsula, mais delgada que esta, que é sintetizada por enzimas de membrana e que funciona como uma adesina (serve para a bactéria se aderir a receptores das células de seu hospedeiro).
Essa camada ajuda na formação dos biofilmes; comunidades bacterianas onde estas se encontram aderidas em uma superfície, protegidas e ligadas por uma camada de exopolissacarídeos.
- Camada “S” (surface layer): é uma camada de proteínas e/ou glicoproteínas que englobam a célula. Esta, por se tratar da primeira barreira da bactéria com o meio externo, funciona provendo defesa a bactéria.
- Apêndices bacterianos: são os flagelos e as fimbrias (pilos), que possuem sua estrutura na membrana plasmática, mas são expostos no meio externo.
	- Flagelos: é formado por um maquinário protéico, a flagelina principalmente. Tem a capacidade de rotacionar e de propulsão, dando assim movimentação a bactéria. Também funcionam como sensores, onde por quimiotaxia a bactéria percebe o ambiente ao seu redor, como a presença de nutrientes ou de substâncias tóxicas.
As bactérias podem ser classificadas quanto a presença e a localização dos flagelos. Monotríquios possuem apenas um flagelo, peritríquios possuem vários flagelos ao redor da célula bacteriana, enquanto lofotríquios possuem vários flagelos, mas somente em um determinado ponto da bactéria. Um quarto caso ocorre com a Leptospira sp. que possui flagelos saindo de seu centro, mas ele termina no seu periplasma. Isso confere sua mobilidade helicoidal típica. 
Os flagelos também são reconhecidos com antígenos pelo organismo (antígeno H).
	- Fimbrias: São finas estruturas protéicas expostas para fora da célula, quem estão relacionadas a adesão celular (ou seja, mais um fator de virulência). São também usados para a transferência de material genético entre duas bactérias (pilo F). Só não se sabe se o material genético passa pela fimbria ou se ela serve apenas para aproximar as duas bactérias.
- Esporos: são estruturas formadas por bactérias do gênero Clostridium sp. e Bacillus sp. em ambientes hostis, conferindo a elas uma alta resistência a essas condições. Na forma de esporo, a bactéria mantém um metabolismo basal, podendo resistir em ambientes hostis por longos períodos de tempo.
O espero possui 5 diferentes camadas: o coração, a parede do coração, o córtex, uma capa de proteínas e uma camada de exósporo.
	- Coração do esporo: É o centro do esporo, onde fica o genoma bacteriano e os seus ribossomos. Isso permite à bactéria a capacidade de se reproduzir quando ela sair desse estado de latência. 
	- Parede do coração: composta de várias camadas, mas apenas uma é verdadeira, e esta se trata da membrana da célula mãe.
	- Córtex: uma camada de peptídeoglicano disposta ao redor da parede do coração.
	- Camada de proteína: formada por proteínas altamente resistentes, de composição parecida com a queratina
	- Camada de exósporo: comporta por açucares e lipoproteínas, sendo esta a camada mais externa.
Microbiota normal
	São os microorganismos encontrados internamente e externamente de indivíduos sadios. Esse individuo não nasce com essa microbiota, visto que o útero é um lugar estéril (por ser um lugar muito rico em nutrientes, qualquer bactéria, mesmo que não patogênica, irá causar uma infecção).
A colonização de um individuo se inicia quando no nascimento, ao passar pelo canal vaginal de sua mãe, também pela sua progenitora ao ser estimulado por ela (para iniciar sua respiração), além de seus primeiros movimentos rumo ao teto da mãe para mamar.
- Tipos de microbiota: 
	- Microbiota residente: são os microorganismos encontrados em certos lugares do corpo e que dificilmente se alteram. Ex.: Escherichia coli, residente do intestino dos animais.
	- Microbiota transitória: microorganismos encontrados eventualmente em determinado lugar do organismo do animal, não sendo patogênicos e facilmente removíveis. 
	- Microbiota oportunista: são os microorganismos que se aproveitam de uma situação para causar infecções. Ex.: microbiota residente que se prolifera pelo uso prolongado de corticóides. 
A microbiota de um animal possui enorme importância em seu desenvolvimento, como no desenvolvimento do seu sistema imune, na colonização de nichos e na produção de determinadas substâncias.
	- Desenvolvimento do sistema imune: estimulam a produção de anti-corpos contra proteínas de membrana ou da parede bacteriana, garantindo assim que em infecções por bactérias da mesma espécie, o organismo daquele animal já possua uma certa defesa.
	- Colonização de nichos: são pequenas porções do corpo, como o ouvido externo ou o prepúcio, que certas bactérias colonizam. Funcionam como uma defesa para o organismo do animal, visto que competem com bactérias patogênicas por nutrientes e até mesmo por espaço físico.
	- Produção de substâncias: algumas bactérias sintetizam e secretam substâncias que o organismo animal não produz, como a vitamina K e vitaminas do complexo B. Também atuam na digestão da celulose no estômago dos ruminantes, gerando ácidos graxos voláteis. 
	
- Microbiota no organismo
	- Pele e anexos: Presentes bactérias como Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus intermedius e Corynebacterium spp. 
Em animais com muitas dobras na pele, podem aparecer algumas bactérias anaeróbias.
	- Cavidade oral: é o lugar com a maior variedade e quantidade de bactérias. Pesquisas mostraram que em um 1ml de saliva, haviam em torno de 108 UFC. As bactérias da cavidade oral, em sua maioria, são anaeróbias, como Lactobaccilus spp. e Streptococcus spp.
	- Orofaringe: São quase todos anaeróbios, destaque para os Streptococcus spp. (Streptococcus mutans, o responsável pela dor de garganta) 
	- Estômago e intestino delgado: O estômago, pela sua acidez, possui uma microbiota reduzida. No intestino delgado, é a sua alcalinidade que reduz a microbiota local
	- Intestino grosso: Assim como na boca, é muito colonizado. Estudos mostram que em 1g de fezes existe em torno de 1011 UFC. Foi estipulado que 25% do peso de uma bosta seja formada apenas por bactérias.
Predominam nessa região os coliformes fecais (enterobactérias), lactobacilos e outras bactérias anaeróbias. Dentre as anaeróbias, destaque para o Bacteroides fragilis. 
	- Trato genito-urinário: O rim, os ureteres e a bexiga são estéreis, e se houver bactéria nesses locais, é infecção certa. Já o inicio da uretra pode apresentar alguma microbiota.
De resto, até a saída do pênis, existe uma microbiota residente, composta principalmente por Staphylococcus spp. nos machos, e por Streptococcus spp. e Lactobaccilus spp. (este principalmente) em fêmeas.
Nas fêmeas, o cio interfere na microbiota desse trato. Durante este período, ocorre um depósito de glicogênio na mucosa do ducto vaginal até a cervix. Os lactobacilos degradam maisfacilmente o glicogênio, e como resultado, geram ácidos, que baixa o pH do meio.
Essa mudança é fisiológica, visto que ajuda o espermatozóide a chegar vivo no útero da fêmea, em animais com a ejaculação intra-vaginal. O espermatozóide sai dos túbulos seminíferos alcalinos, e conforme passa pelo trato genital, vai acidificando, e chega ao útero com um pH neutro (que é o pH do útero).
	- Sangue: Totalmente estéril
Alguns fatores podem alterar essa microbiota normal, como a idade (principalmente em neonatos e idosos), a nutrição (dietas ricas em determinadas substâncias favorecem certos tipos de bactérias), alterações hormonais (como a microbiota normal da vagina durante o cio), antibióticos e corticoterapia prolongadas (diminuem a imunidade, ajudando a aumentar a microbiota normal).
- Superinfecção: é o povoamento por determinadas espécies bacterianas em um nicho por estas se adaptarem melhor as condições impostas. Ex.: a microbiota do intestino grosso que é composta por bactérias adaptadas a dieta de cada animal.
		
Fisiologia bacteriana
	Alguns conceitos de fisiologia bacteriana, relacionados ao seu crescimento, as suas necessidades metabólicas e a sua resistência as condições do meio.
	- Crescimento bacteriano: se dá por fissão binária (assexuada). A célula primeiramente se alonga, o DNA é duplicado, e a célula começa a se dividir em duas. Um septo é formado entre as duas e por fim elas são separadas.
	- Período de geração: é o tempo que leva para ocorrer um ciclo de fissão binária. Esse tempo vária conforme a espécie, onde as mais patogênicas normalmente possuem um tempo maior, e também conforme as condições do meio.
	- Reprodução: Se diz que o crescimento bacteriano se dá pelo aumento do número de indivíduos de uma população, sendo que esse crescimento ocorre em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...).
	- Ciclo de vida: consiste no tempo de divisão de uma célula mãe em duas células filhas, até que essas filhas sejam capazes de se dividirem.
	- Curva de crescimento: Dividida em 4 etapas.
	1 – Fase de adaptação ou fase lag: ao chegar em um novo ambiente, a bactéria precisa se adaptar as condições oferecidas por esse meio. Nesse estágio, não há crescimento bacteriano, ou se cresce muito pouco.
	2- Fase exponencial ou fase log: Agora a bactéria se encontra adaptada ao seu novo meio, ela começa a se reproduzir e o numero de indivíduos na população aumenta
	3- Fase estacionária: A oferta de nutrientes do meio começa a diminuir, e algumas bactérias começam a morrer. Nessa fase, o numero de bactérias que morrem é próximo ao numero de novas bactérias.
	4- Fase de declínio ou fase de morte: Oferta de nutrientes é escassa no meio, e as bactérias começam a morrer.
- Metabolismo bacteriano: As bactérias precisam captar do meio determinados nutrientes necessários ao seu metabolismo. As principais substâncias incluem:
	- Água: é o principal constituinte da célula, carreadora de nutrientes e o meio onde ocorrem as reações enzimáticas.
	- Carbono: é o átomo presente na composição de todas as moléculas orgânicas
	- Oxigênio: essencial as bactérias aeróbias, funcionam como aceptores de elétrons ao final da cadeia respiratória.
	- Nitrogênio: Constituinte de aminoácidos, ácidos nucléicos e também usado como coenzima de certas reações.
	- Outros elementos: outros elementos indispensáveis as bactérias, mas em menor quantidade. A maioria destes são usados como coenzimas de reações. Esses elementos incluem o manganês, o cobre, a prata, o zinco, o selênio e o molibdênio.
As necessidades de cada elemento vária conforme a espécie bacteriana.
- Fontes de crescimento: São moléculas orgânicas indispensáveis ao crescimento bacteriano, visto que ela é incapaz de sintetizá-las. Nessas moléculas, estão os aminoácidos, as purinas e pirimidinas e as vitaminas. Essa ultima por sinal é o grupo que as bactérias precisam em menor quantidade, sendo que certas espécies bacteriana são capazes de sintetizar certas vitaminas (como algumas do complexo B pela Escherichia coli).
Para as bactérias que não produzem vitaminas, é necessário que esse seja ofertado no meio de cultura, ou seja, um meio de cultura enriquecido.
- Meios de cultura: classificação do meio de cultura utilizado para o cultivo de bactérias em laboratório. Inclui-se aqui a necessidade de nutrientes e fatores de crescimento necessários ao crescimento bacteriano.
Também é necessário observar as condições físico-químicas do meio, como o pH, a temperatura e a osmolaridade.
Os meios podem ser classificados quanto a sua consistência, ou seja, podem ser líquidos, semi-sólidos ou totalmente sólidos. Estes meios são inseridos em um tubo de ensaio ou em uma placa de Agar.
Outras classificações para os meios de cultura:
	- Definido: se sabe quais nutrientes estão presentes e a sua concentração
	- Complexo: não se conhece exatamente a composição do meio, tanto quais os nutrientes ofertados tanto sua concentração. Ex.: extrato de carne, extrato de levedura, etc.
	- Mínimo ou pobre: contém o mínimo de nutrientes necessários ao crescimento de uma determinada espécie bacteriana.
	- Rico: um meio com muitos nutrientes e enriquecimentos especiais para certas espécies bacterianas.
	- Seletivo: meio com componentes que inibem o crescimento de uma certa espécie de bactéria, e favorece o crescimento de outra. Ex.: Meio de Chapman, seletivo para Staphylococcus sp.
	- Diferencial: Diferencia microorganismos de acordo com a sua atividade metabólica. Desse modo, acaba sendo uma forma de cultura seletiva.
- Tolerância ou requerimento de oxigênio: O O2, apesar de importante para certas bactérias, pode vir a gerar produtos tóxicos para outras. Esses produtos agem desnaturando proteínas, danificando o DNA, etc.
Esses produtos são: o superóxido (O2-), peróxido (O2-2) e a hidroxila (OH-). Para se proteger desses radicais, certas bactérias são capazes de produzirem enzimas que degradam estes componentes.
	- Superóxido desmutase: Junta o superóxido com dois prótons, originando peróxido de hidrogênio e um O2. Reação: 2 O2 + 2 H+ -> H2O2 + O2
	- Catalase: Degrada o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. Reação: H2O2 -> 2 H2O + O2
	- Peroxidase: Degrada o peróxido de hidrogênio, e junto a um próton e a um NAD, gera água e um NADH+. Reação: H2O2 + NADH + H+ -> 2 H2O + NADH+.
- Necessidade de oxigênio: Quanto a necessidade de oxigênio para o seu metabolismo, as bactérias podem ser classificadas como aeróbias, microaerófilas, anaeróbias estritas e anaeróbias facultativas. 
	- Aeróbias ou aeróbias obrigatórias: O2 é requerido para o seu crescimento. Dessa forma, fazem respiração aeróbia, sendo mais eficientes em gerar energia. 
	- Aeróbias facultativas: não precisam de O2, mas seu crescimento é melhor quando na presença deste.
	- Microaerófilas: São bactérias que requerem baixas concentrações de O2 para crescer (concentrações abaixo do nível atmosférico). Ex.: Helicobacter pyllori, Leptospira interrogans.
	- Anaeróbias facultativas ou aerotolerantes: não precisam de O2 para o seu crescimento, não sofrendo interferência na presença deste. Ex.: Staphylococcus aureous, Escherichia coli.
	- Anaeróbias estritas ou obrigatórias: São bactérias fermentadoras, NÃO crescem na presença de ar. Ex.: Clostridium tetani, Clostridium botulinum, Bacteroides fragillis, Fusobacterium necroforum
Essas bactérias não possuem nenhuma das três enzimas que degradam os produtos tóxicos do oxigênio (superóxido desmutase, catalase e peroxidase).
	
- Efeitos do pH: no meio, esse pH possui uma ampla variação, vai de 0,5 a 10,5. Dentro dessas variações, encontram-se três tipos de bactérias.	
	- Acidófilos: se mantém em um pH ácido, ou seja, abaixo de 7
	- Neutrófilos: se mantém em um pH neutro, em torno de 7
	- Alcalófilos: se mantém em pHs alcalinos, acima de 7
Para cada microorganismo, teremos um pH mínimo, um máximo e um ótimo ao seu crescimento. Em um pHdesfavorável, ocorre a lise celular. Nos meios de cultura, usa-se de tampões para manter o pH do meio sobre controle, favorecendo assim o crescimento bacteriano.
- Efeitos da temperatura: considera-se aqui as temperaturas ótimas de crescimento e a faixa em que as bactérias conseguem se manter.
	- Psicotróficas: conseguem crescer em 0º C, apesar de sua temperatura ótima de crescimento ser 17º C.
	- Psicrófilas: crescem em temperaturas menores que 20º C.
	- Mesófilas: crescem em temperaturas em torno de 20º C e 40ºC.
	- Termófilas moderadas: crescem em temperaturas entre 40º C e 70º C
	- Termófilas extremas: crescem em temperaturas acima de 70º C
 
- Distribuição de água: classifica as bactérias quanto a disponibilidade de água no meio.
É a água de atividade onde se encontram a grande maioria das bactérias
Bactérias osmotolerântes
Bactérias osmofílicas
- Esporulação: é um estado de latência em que bactérias do gênero Clostridium e Bacillus podem entrar caso as condições do meio estejam muito hostis a sua sobrevivência. Esses esporos são extremamente resistentes, podendo se manter no ambiente por anos, além de manter a capacidade reprodutiva para quando sair dessa forma.
Ambientes hostis estimulam a expressão de genes relacionados com a esporulação. Se inicia então o condensamento do material genético, que se concentra em um dos pólos da célula. Um septo do esporo surge, e divide essa região do resto da célula. A membrana dessa região é então englobada pela célula mãe, e se inicia o acúmulo de nutrientes no centro junto a formação das estruturas do esporo. 
A célula mãe morre, mas deixa seu material genético em um esporo altamente resistente as condições ambientais, capaz de voltar a se reproduzir quando as condições ambientais voltarem a ser favoráveis.
Esse esporo possui o metabolismo totalmente basal, mas quando voltar a forma original, este metabolismo também volta ao normal.
Genética bacteriana
	O genoma bacteriano é composto por apenas um cromossomo. Esse cromossomo é apenas uma molécula de DNA de dupla fita e circular. Se encontra enovelado no centro da célula, chamado assim de nucléoide. Algumas bactérias podem apresentar dois cromossomos, mas são poucas; esse único cromossomo contém todos os genes necessários a sobrevivência da bactéria.
- Gene: trecho de DNA que codifica uma determinada proteína com uma função específica.
- Genótipo: é a seqüência de bases de um gene.
- Fenótipo: é uma proteína que exerce determinada função fisiológica.
- DNA: se esticado, teria em torno de 1mm de comprimento, para caber na célula bacteriana, ele se enovela. É uma estrutura em dupla hélice, formado por pares de bases nitrogenadas (adenosina, timina, citosina e guanina). Esses pares de base são unidos por pontes de hidrogênio (duas entre A-T e três entre C-G). Essas pontes são as responsáveis por dar resistência ao DNA.
O DNA bacteriano apresenta em torno de 4500 genes e por volta de 4 milhões de bases nitrogenadas.
- Replicação do DNA: é semi-conservativa e bidirecional. Por ação da DNA polimerase, uma das fitas é usada como molde, que ocorre em ambas as direções, sempre no sentido 5´3´. A replicação se inicia na origem de replicação, e termina no ponto de termino. Antes de iniciar a replicação, a topoisomerase desfaz a tensão na fita, que em seguida é aberta pela helicase. Por fim, a primase adiciona um primer para que a DNA polimerase possa iniciar a replicação. Essa replicação ocorre de forma continua no sentido 5´3´ e descontinua no sentido 3´5´ (isso gera os fragmentos de okasaki, blocos de nucleotídeos que depois são unidos pela ligase.
- Tradução: feita nos ribossomos, como nos eucariotos.
- Plasmídeos: são pequenas moléculas circulares de DNA extra-cromossômicos que podem ser compartilhados entre as bactérias, e são responsáveis por funções não essenciais a célula, como por exemplo a resistência a anti-bióticos e a produção de toxinas (a E.coli que produz a colicina, que mata outras E.coli mas de outras cepas, ajudando assim na sua instalação).
São pequenos, contendo entre mil e 30 mil pares de bases. Podem ser presentes ou não, em uma ou em várias espécies bacterianas.
- Variabilidade genética bacteriana: pode acontecer por meio de mutações, por recombinação ou por transferência de DNA.
- Mutações: é qualquer alteração no código genético, que pode até levar a uma mudança de fenótipo. Sempre muda o genótipo. As mutações acontecem raramente, e de forma espontânea, onde por erro da DNA polimerase, uma base é posta aonde não devia. Pode-se aumentar essa freqüência de mutabilidade usando-se agentes mutagênicos (como raios ultra-violeta, raios-x e raios-gama)
	- Tipos de mutações: podem ocorrer por substituição de uma base nitrogenada, por inserção de uma nova base ou por deleção de uma já existente.
Elas podem ser misense ou nonsense: na primeira, se altera o aminoácido inserido mas não altera o fenótipo e na segunda, a alteração no aminoácido causa uma mudança de fenótipo.
- Recombinação: é a troca de fragmentos de DNA entre genomas. Essas recombinações podem ser homólogas ou não-homólogas.
	- Recombinações homólogas: a troca ocorre entre regiões com seqüências semelhantes.
	- Recombinações não-homólogas: a troca ocorre entre regiões com seqüências diferentes, com pouca homologia. Ex.: um vírus (um bacteriófago) com uma bactéria.
- Transferência de DNA: pode ser por transformação, conjugação ou transdução.
	- Transformação: a bactéria capta DNA livre direto do ambiente, mas somente bactérias com a membrana permeável ao DNA o fazem (bactérias competentes). Ex.: Streptococcus pneumoniae
	- Conjugação: Através de suas fimbrias, duas bactérias trocam material genético. O que não se sabe é se esse material genético passa por dentro da fimbria, ou se este serve apenas para aproximar as bactérias e a passagem se dá realmente por contato de membranas. Esse material genético é o plasmídeo.
	- Transdução: é a codificação de toxinas bacterianas por genoma viral. Os bacteriófagos podem ser de dois tipos. Os fagos líticos, que fazem seu ciclo normalmente, que termina com a lise da célula, e os fagos lisogênicos, onde seu material genético ao entrar na célula fica em um estado quiescente se o meio não estiver favorável a sua reprodução. Ao voltar a ativa, por erro na hora da separação do material genético, esses vírus carreiam com eles pedaços de material genético bacteriano. Dessa forma, eles disseminam material genético de uma bactéria a outra.
Mecanismos de agressão
Infecção é o processo pelo qual a bactéria entra em contato com o hospedeiro. A penetração pode ocorrer através de diversas formas: Pele e mucosas descontinuadas, trato respiratório, trato gastrointestinal, trato genito-urinário, inoculação por artrópodes. Após a penetração, há a implantação e multiplicação bacteriana, seguida por sua disseminação pelo organismo; esta disseminação pode acontecer pela rede linfática, pela corrente sanguínea ou devido à contigüidade entre estruturas anatômicas. 
As bactérias patogênicas podem ser intracelulares ou extracelulares; as primeiras causam infecções crônicas e são capazes de se multiplicar e se desenvolver dentro dos fagócitos. Já as extracelulares provocam infecções agudas e são destruídas quando fagocitadas. 
As bactérias essencialmente patogênicas são capazes de causarem doenças mesmo quando estão em pequeno número, mas as bactérias potencialmente patogênicas dependem de variações na imunidade do hospedeiro para causarem doenças. De forma geral, as bactérias patogênicas se caracterizam por sua capacidade de transmissão, aderência às células do hospedeiro, invasão destas células e tecidos, toxigênicidade e capacidade de escape ao sistema imune. 
- Fatores de colonização:
	- Adesinas: são moléculas de superfície do patógeno que se unem a moléculas presentes na célula hospedeira. Essa adesão só ocorre se a célula for susceptível, ou seja, apresentar o receptor.Receptor esse que se trata de uma molécula que existe naturalmente na membrana celular, mas que a bactéria a usa.
Essas adesinas podem ser fimbriais ou não-fimbriais.
As fimbriais são apenas as fimbrias das bactérias que são usadas para a adesão celular. As não-fimbriais são proteínas na superfície das bactérias que interagem com as células do hospedeiro.
Essa adesão pode ser inibida pela microbiota normal; as bactérias da microbiota ocupam os receptores do hospedeiro, e a bactéria patógena não tem onde se aderir.
	- Invasinas: moléculas usadas pelas bactérias durante a invasão ao hospedeiro, que estimulam as células a internalizarem a bactéria. Ex.: Salmonella sp. 
	- Evasinas: moléculas produzidas pelo patógeno que o auxiliam a fugir do sistema imune.
		- Dig.A: Degrada a sig.A, que impede que a IgA. de superfícies seja degradada por enzimas naturais do organismo. 
		- Antígeno K: são as cápsulas de algumas bactérias. Estas captam moléculas naturais do hospedeiro, e “se disfarçam”, diminuindo a fagocitose da bactéria em questão, além de evitar a adesão do sistema complemento.
		- Lipopolissacarideos: na membrana externa da parede celular de bactérias gram negativas, impede a deposição de moléculas do complemento. É o antígeno O.
		- Peptidase C5a: degrada a C5a do complemento, impedindo a vinda de fagócitos ao local da invasão.
		- Leucocidinas: destroem leucócitos
		- Variação antigênica: alteração nos epítopos (determinantes antigênicos), o que dificulta a adesão de anti-corpos. 
- Fatores nutricionais: Fatores essenciais ao crescimento bacteriano
	- Ferro: é pouco circulante na forma livre, está sempre conjugado com uma proteína, como a lactoferrina, a transferrina e a ferritina. Assim, o ferro não fica disponível para as bactérias. Para contornar esse problema, elas produzem os sideróforos, moléculas com alta afinidade pelo ferro, e assim, seqüestram o ferro do hospedeiro. 
	- Fatores de lesão: são responsáveis pela agressão aos tecidos do hospedeiro, ou seja, respondem pela virulência do patógeno. Podem ser classificadas em endotoxinas ou em exotoxinas.
As exotoxinas são produzidas pelas bactérias e secretadas ao meio, enquanto a endotoxina se trata de um componente da parede celular de bactérias gram negativas (o lipídio A).
Temos nas exotoxinas, três grupos de atividade: as exotoxinas citotóxicas, que agridem um certo grupo de células, as neurotóxicas, que agem no SNC, e as enterotóxicas, que agridem células intestinais.
- Enzimas hidrolíticas:
	- Hialuronidase: age no ácido hialurônico, que é importante na organização tecidual, ajudando assim na disseminação bacteriana
	- Coagulase: coagula o plasma, e esse coagulo em volta da bactéria dificulta a chegada de células do sistema imune.
	- Colagenase: degrada o colágeno, que assim como o ácido hialurônico, faz parte da organização tecidual.
	- Leucocidina: toxinas com atividade enzimática que atuam sobre os leucócitos
	- Hemolisina: degrada hemácias, sendo uma forma de obtenção de ferro.
	- Lecitinase ou lipase: hidrolisa os lipídeos de membranas celulares
	Exotoxinas
	Endotoxinas
	Difundem-se espontaneamente pelos tecidos do hospedeiro
	Estão firmemente aderidas a parede celular de bactérias gram negativas, só saem quando estas morrem
	São compostos lipídicos ou protéicos
	É um lipídio (o lipídio A da camada de LPS das gram negativas)
	São produzidas por bactérias gram positivas e gram negativas
	Presentes apenas em gram negativas
	Produz somente um efeito farmacológico
	Produz vários efeitos farmacológicos, depende de quais mediadores químicos serão liberados pelo hospedeiro
	São letais em pequenas quantidades
	São letais apenas em altas quantidades
	Difere quanto a sua estrutura e a sua reatividade de acordo com a espécie bacteriana
	Estrutura e reatividade parecidas, independente da espécie bacteriana
	Sensíveis a agentes químicos e ao calor.
	Muito estáveis
	São antigênicos, ou seja, estimulam uma resposta imune, podendo serem neutralizados por anticorpos ou por neutrófilos
	Não são antigênicos, nem sempre é neutralizada pelo hospedeiro
	Podem serem convertidas em toxóides, uma toxina detoxificada mas que ainda mantém um radical capaz de estimular resposta imune
	Não podem ser convertidas a toxóides. 
Quadro 1.0: Principais diferenças entre exotoxinas e endotoxinas.
- Superantígenos: certos antígenos que durante o processo de ativação de linfócitos T, causam uma união indiscriminada de APC´s e linfócitos, e por conseqüência, uma reação inflamatória desenfreada. Esses superantígenos normalmente são produzidos por bactérias do gênero Staphylococcus e Streptococcus.
Bactérias anaeróbias
- Caracteristicas gerais: consiste em um grupo de bactérias que não precisam do oxigênio para o seu crescimento ou mesmo não crescem na presença de O2. As bactérias de uma forma geral podem ser agrupadas conforme sua necessidade de oxigênio, como mostra o quadro abaixo.
	Grupo
	Descrição
	Obtenção de energia
	Exemplo 
	Aeróbias ou Aeróbias obrigatórias
	Precisam de O2 para o seu crescimento.
	Respiração celular ou aeróbica
	
	Aeróbias facultativas
	Não precisam de O2 para o seu crescimento, mas este é melhor na presença do oxigênio.
	
Respiração celular, anaeróbica e fermentação 
	
	Microaerófilas
	Precisa de O2 para crescer, mas este deve estar presente em baixos níveis (abaixo do nivel atmosférico).
	
Respiração celular ou aeróbica
	
Leptospira interrogans, Helicobacter pyllori
	Anaeróbias facultativas (ou aerotolerantes)
	Não precisam de O2 para seu crescimento, apesar da presença deste não interferir.
	
Fermentação
	Staphylococcus aureus, Escherichia coli
	Anaeróbias obrigatórias ou estritas
	Não crescem na presença de oxigênio.
	Fermentação ou respiração anaeróbia
	Clostridium tetani, Clostridium botulinum
	Capnofílicas
	Bactérias aeróbias, mas que precisam de uma determinada presença de CO2 para seu crescimento ótimo.
	
	
Quadro 2.0: Classificação das bactérias quanto as suas necessidades de oxigênio.
- Toxicidade do O2 e inativação: o oxigênio, não só para as bactérias mas também para as células dos tecidos animais, ao ser consumido pela célula, gera alguns metabólitos bastante tóxicos. Para se defender dessas moléculas tóxicas, as células e as bactérias possuem enzimas capazes de tornar esses tóxicos em substâncias inofensivas, como a água.
Existem três principais radicais livres tóxicos derivados do oxigênio: ânion superóxido (O2-), peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH-).
Na tentativa de inativar esses radicais, as células possuem enzimas que agem sobre estes. As enzimas são:
	Enzima
	Ação
	Reação química
	Presença
	Superóxido desmutase
	Junta um radical superóxido a dois prótons, gerando peróxido de hidrogênio e oxigênio
	
2 O2 + 2 H+ -> H2O2 + O2
	Presente em todas as bactérias aeróbias, e ausente em quase todas as anaeróbias
	Catalase
	Degrada o peróxido de hidrogênio gerando uma molécula de oxigênio e duas moléculas de água
	
H2O2 -> 2 H2O + O2
	
	Peroxidase
	Usa um próton e um NAD para degradar o peróxido de hidrogênio, gerando uma molécula de água e um NADH+.
	Reação: H2O2 + NADH + H+ -> 2 H2O + NADH+
	
Quadro 2.1: Principais enzimas presentes nas células para a proteção contra os radicais tóxicos de oxigênio.
- Infecções por anaeróbias: muitas bactérias anaeróbias estão presentes nos animais como parte de sua microbiota normal. A apresentação clínica dessas infecções podem variar, indo desde abscessos à necrose tecidual. No entanto, algumas características são comuns em infecções por anaeróbias: um odor fétido (pela produção de gases, como o H2S), a necrose tecidual e infecções secundárias (muito comum em feridas por mordidas de cães).
Assim como em outros tipos de infecções, a infecção por anaeróbias depende de alguns fatores, como seus próprios fatores de virulência (adesinas,invasinas, evasinas, toxinas, etc) que irão permitir a bactéria escapar do sistema imune e colonizar uma região. A instalação dessas bactérias em um local também depende de alguns fatores, sendo o mais comum um trauma inicial como uma ferida ou a entrada de um corpo estranho. A resposta imune do hospedeiro (inata e adaptativa) também vão ter influência na instalação ou não de uma infecção.
- Bactérias anaeróbias de importância médica e veterinária:
	- Cocos gram-positivos: Peptococcus sp., Peptostreptococcus sp.
	- Cocos gram-negativos: Veilonella sp.
	- Bacilos gram-positivos: Clostridium sp., Actinomyces sp., Bifidobacterium sp., Eubacterium sp., Propionibacterium sp.
	- Bacilos gram-negativos: Bacteroides sp., Fusobacterium sp., Prevotella sp., Porphyromonas sp.
	
	Dessas bactérias, destaque para Clostridium sp. e Fusobacterium sp.. No primeiro gêneros temos importantes patógenos de animais, como o Clostridium botulinum, Clostridium tetani e um clostridio envolvido em intoxicações alimentares, Clostridium perfringens. 
No gênero Fusobacterium, atenção para Fusobacterium necrophorum, principal causadora da pododermatite necrótica séptica, popularmente conhecida como podridão dos cascos, muito comum em animais ungulados.
Gênero Staphylococcus
- Características gerais: são microbiota normal da pele e das mucosas dos animais e extremamente comuns no ambiente. São cocos gram positivos, e seu nome vem do grego, staphyle = cacho de uva. Essa sua forma ao microscópio é explicada pela sua genética, que permite que estes se dividam em todas as direções.
São anaeróbios facultativos, mesófilos (crescimento ótimo entre 35º e 40º), não produzem esporos e não possuem flagelos (são imóveis). As espécies mais patogênicas são encapsuladas (antígeno K), e a maioria são catalase positiva, com algumas espécies podendo serem coagulase positivas. Ocorrem como comensais da pele e da mucosa do trato respiratório superior e urogenital inferior. São bactérias muito promiscuas, fazendo intensas trocas de plasmídeo, o que as conferem grande resistência a antibióticos. 
Atualmente, existem 41 espécies e 24 sub-espécies de Staphylococcus registradas, sendo que o Staphylococcus aureus é o principal patógeno desse gênero.
- Principais espécies: podemos dividir as bactérias do gênero Staphylococcus de acordo com sua habilidade de produzir coagulase. Dessa forma, temos dois grupos distintos, os coagulase positivos e os coagulase negativos. Em medicina veterinária, temos quatro espécies principais de interesse, responsáveis por grande parte das estafilococóses nos animais domésticos.
	Espécie
	Observações
	Staphylococcus epidermidis
	Muito comum na superfície da pele de cães e gatos, é responsável por algumas infecções oportunistas.
	Staphylococcus aureus
	Principal patógeno do grupo, a mais virulenta das espécies de Staphylococcus, podendo estar presente em qualquer infecção purulenta nos animais domésticos.
	Staphylococcus intermedius
	É o principal causador de dermatites em cães.
	Staphylococcus hyicus
	Responsável por dermatite em leitões (dermatite exsudativa dos leitões), sendo microbiota normal desses animais.
Quadro 3.0: Principais espécies de Staphylococcus de importância veterinária.
- Características culturais: são bactérias muito pouco exigentes quanto ao seu meio de cultura. Sua característica marcante é sua resistência a altas concentrações de sal no meio (até 7.5% de NaCl). 
O meio de cultura usado para o cultivo desse gênero é o agar manitol salgado ou meio de Chapman. Esse meio é seletivo para Staphylococcus, visto que sua alta salinidade inibe o crescimento de outros cocos como Streptococcus, além de ser um indicador de Staphylococcus manitol positivo. A fermentação desse açúcar gera ácido lático, que acidifica o meio, e a cor da placa de agar muda de vermelho para amarelo. 
O agar sangue também pode usado para o cultivo, visto que algumas bactérias desse gênero produzem hemolisinas (principalmente S.aureus). Quando a colônia bacteriana cresce e essa toxina começa a ser liberada, em volta da colônia se forma um halo translúcido, que ocorre pela hemólise causada pela toxina.
	Teste ou característica
	S.epidermidis
	S.intermedius
	S.aureus
	S.hyicus
	Pigmentação da colônia
	Branca
	Branca
	Amarelo-dourada (áurea)
	Branca
	Coagulase
	Negativo
	Positivo
	Positivo
	Positivo / Negativo (coagulase variável)
	Manitol
	Negativo
	Positivo (tardio)
	Positivo
	Positivo
	Hemolisina
	Negativo
	Positivo
	Positivo ++
	Positivo
Quadro 3.1: características bioquímicas das principais espécies de Staphylococcus.
- Patogênia: são causadores de doenças tópicas, como dermatites, otites e conjuntivites, além de um dos principais gêneros envolvidos nas mastites bovinas (S.aureus). Para essas bactérias causarem doença, é necessário sempre haver um fator pré-disponente (ou seja, abrir uma porta de entrada para eles, ao arrancar os pelos da orelha de um cachorro por exemplo).
	- Doenças penetrantes: a bactéria entra, e o sistema imune é ativado. Morrem tanto bactérias como células de defesa do hospedeiro, tendo como conseqüência a formação de pús e uma intensa reação inflamatória local. O local fica dolorido, avermelhado, edemaciado e o animal pode encontrar-se febril, podendo haver a formação de um abscesso (material purulento envolvido por uma cápsula fibrosa). 
Quando isso acontecer, o organismo pode se livrar da bactéria, ocorrendo a cura clínica e/ou microbiológica do animal, ou pode acontecer a proliferação bacteriana, com a chegada desta ao sangue (septicemia). Do sangue, pode ir parar em qualquer órgão, mas principalmente no coração, nas articulações, nos rins, no fígado e nas meninges (essa ultima normalmente em filhotes).
Essa fase de septicemia normalmente é letal ao animal.
	- Doenças toxêmicas: são doenças causadas por toxinas de Staphylococcus. Podem ser intoxicações alimentares, infecções alimentares ou toxinfecções alimentares. Na primeira, se ingere as toxinas bacterianas presentes no alimento; na segunda, se ingere as bactérias, que iram causar uma infecção e na ultima, se ingere a bactéria que inicia a produção e a liberação de enzimas.
- Mecanismos de agressão: são os meios que a bactéria possui pra agredir o hospedeiro. 
	- Adesinas: são proteínas presentes na parede celular dessas bactérias, que permitem a fixação destas aos tecidos, permitindo assim sua colonização. São conhecidos cinco fatores atualmente:
	Fator de Adesão
	Efeito
	Colágeno
	Adesão ao colágeno, componente da matriz extracelular dos tecidos.
	Fibrinogênio / Fibrina 
	Adesão ao fibrinogênio e sua forma ativada, a fibrina.
	Fibronectina
	Permite a adesão a fibronectina, componente da matriz extracelular dos tecidos.
	Lâminina
	Adesão a lâminina, componente da matriz extracelular dos tecidos.
	Vitronectina
	Adesão a vitronectina, componente da matriz extracelular e do plasma sanguíneo.
Quadro 3.2: principais adesinas presentes no gênero Staphylococcus.
	- Multiplicação bacteriana: ao se aderir ao hospedeiro, a bactéria começa a produzir enzimas líticas, quebrando proteínas e carboidratos afim de obterem nutrientes para o seu crescimento.
	- Exotoxinas: são toxinas liberadas pelas espécies de Staphylococcus, que auxiliam na invasão bacteriana aos tecidos do organismo do hospedeiro além de serem as responsáveis pelas síndromes clínicas. Algumas também funcionam como uma forma de escape ao sistema imune.
	Toxina
	Efeito
	
Citotoxinas hemolíticas ((,(,(,()
	Toxinas que agem principalmente sobre hemácias, mas também sobre plaquetas, macrófagos e mastócitos. Das quatro conhecidas, apenas a alfa e a beta toxina são bem estudadas. 
	
	Alfa toxina – Causa destruição celular através da formação de poros na superfície da célula, ocasionando a rápida perda de íons e a morte. Sabe-se que esta também possui ação dermonecrótica.
	
	Beta-toxina – Setrata de uma esfingomielinase, que age sobre o fosfolipídeo de membrana esfingomielina. A eficiência dessa toxina vária conforme a presença de esfingomielina na membrana celular dos animais. As hemácias dos bovinos são as mais sensíveis.
	Citotoxina leucolítica (leucocidina)
	Causa a morte dos polimorfonucleados (PMN).
	
Enterotoxinas
	Envolvidas em intoxicações alimentares em humanos, normalmente devido a alimentos contaminados que sofreram tratamento térmico inadequado (ou não sofreram tratamento térmico). São conhecidas pelo menos 5 tipos de enterotoxinas estafilocócicas, diferenciadas antigenicamente: A,B,C,D e E, sendo que a C possui as variedades C1, C2 e Ccanine, esta ultima sendo produzida por S.intermedius. Causam náuseas, cólicas abdominais, vômitos e diarréia (mecanismo desconhecido).
As enterotoxinas, assim como a TSST, são superantígenos, ou seja, induzem a produção exacerbada de citocinas pelas células do sistema imune. A atuação dessas citocinas na patogenia das enterotoxinas ainda é pouco conhecida.
Com exceção de gatos e macacos, os animais em geral não sofrem os efeitos das enterotoxinas estafilocócicas. O homem é o principal afetado por essas toxinas, que são termoestáveis, e estão presentes ou serem produzidas em alimentos mal-manipulados, mal-higienizados e que não passaram por processos de tratamento térmico adequados.
	
Toxina da síndrome do choque tóxico (TSST)
	Se liga ao MHC tipo II das células do hospedeiro, induzindo uma produção exacerbada de linfocinas , entre elas o TNF e outras citocinas, o que pode causar lesões teciduais, choque cardiovascular e microtrombos, além de induzir a morte celular por sinalização aos Linfócitos T citotóxicos.
	
Toxinas esfoliativas, toxinas epidermolíticas ou esfoliatinas
	Agem rompendo os desmossomos entre as células das camadas da epiderme, levando a formação de eritemas, exsudação, crostas e lesões vesiculares, principalmente em animais imunossuprimidos. Seus efeitos são muito pouco estudados nos animais.
	
	- S.aureus: Produz dois tipos de esfoliatinas, ETA e ETB, com a primeira sendo de origem cromossomal e a segunda plasmideal. Agem sobre os desmossomos do extrato granuloso da epiderme.
	
	- S.hyicus: Produtor de três tipos, ExhA, ExhB e ExhC ou SHETA, SHETB e SHETC, com a primeira de origem plasmideal e a segunda cromossomal (terceira desconhecida).
	
	- S.intermedius: Produz uma esfoliatina, conhecida como SIET (Staphylococcus intermedius exfoliatin toxin).
Quadro 3.3: Principais exotoxinas dos Staphylococcus.
	- Exoenzimas: enzimas secretadas por Staphylococcus que auxiliam no escape do sistema imune, ou ajudam na invasão tecidual do hospedeiro.
	Enzimas hidrolíticas
	Efeito
	(-lactamase
	Degradam os anéis (-lactâmicos dessa classe de antibióticos, inativando-os. É uma enzima extracelular de origem plasmideal, cuja disseminação é estimulada pelo péssimo uso de antibióticos.
	Catalase
	Degrada o peróxido de hidrogênio em água e O2, protegendo a bactéria dos ataques de radicais de oxigênio produzidos pelos neutrófilos e macrófagos.
	
Coagulase
	Coagulam o plasma, ao converter a protrombina em trombina (gerando um complexo chamado de estafilocnase), que por sua vez age sobre o fibrinogênio que forma a fibrina, gerando assim um coagulo ao redor da bactéria, dificultando a chegada dos fagócitos e das proteínas do complemento. 
	
	Staphylococcus aureus possui duas formas de coagulase. A primeira é a exoenzima propriamente dita. A segunda forma é na verdade uma proteína de adesão ao fibrinogênio. Essa coagulase, também conhecida como clumping factor ou fator de aglutinação, ao se ligar ao fibrinogênio, converte este em fibrina insolúvel, ocasionando a formação de grumos.
	DNAses ou nucleases
	Agem sobre o material genético oriundo de outras bactérias e de células mortas do hospedeiro, ajudando a fluidificar as secreções e ajudando na disseminação bacteriana.
	Estafilocnase
	Converte o plasminogênio sérico em plasmina, proteína de ação fibrinolítica que vai atuar na rede de fibrina formada no inicio do processo inflamatório.
	Hialuronidase
	Atua sobre o ácido hialurônico, um dos componentes da matriz extracelular, ajudando assim na penetração tecidual.
	Lípases
	Degradam lipídeos, permitindo assim a obtenção de ácidos graxos para o crescimento bacteriano, além de ser um fator de agressão, permitindo a invasão no tecido sub-cutâneo.
	Proteases
	Degradam proteínas, permitindo a obtenção de aminoácidos necessários as bactérias.
Quadro 3.4: Principais evasinas dos Staphylococcus.
- Componentes de parede celular: proteínas ou sacarídeos presentes na parede celular das bactérias que agem auxiliando no escape ao sistema imune, sendo dessa forma, fatores de virulência.
	EVASINAS
	Efeito
	Ácido teicóico
	Pode ser associado a parede ou extracelular. Ambos possuem a mesma função, a de impedir a ativação do complemento
	Cápsula (Antígeno K)
	Cápsula polissacarídica, impede a aderência do complemento e de anti-corpos, sendo dessa forma um mecanismo anti-fagocitário. As espécies mais patogênicas (especialmente S.aureus) são encapsuladas.
	Glicocálice
	Produzido por algumas espécies, possuem efeito anti-fagocitário, ao impedirem a ação do complemento.
	Proteína A
	Age na porção Fc das IgG (IgG1, IgG2 e IgG4), impedindo assim sua ação.
Quadro 3.5: Principais componentes de parede celular dos Staphylococcus.
- Tratamento: O tratamento para infecções de Staphylococcus requer sempre por parte do clínico o pedido de cultura e anti-biograma, visto que esse gênero bacteriano possui um perfil de resistência a anti-microbianos muito particular.
Esse gênero é muito promiscuo, conjugando plasmídeo com muita freqüência, o que lhes dá enorme resistência aos anti-microbianos usados na rotina clínica. Nesses plasmídeos, o principal gene de resistência é o mecA. A partir de sua disseminação, tem-se hoje um problemão conhecido como MRSA (Meticilin Resistant Staphylococcus aureus), que resiste a quase todos os anti-microbianos usados rotineiramente. São responsáveis por infecções hospitalares sérias, é o terror dos hospitais. O gene mecA é o responsavel pela síntese de uma proteína de ligação a penicilina (PBP-2) de baixíssima afinidade pelos antibióticos beta-lactâmicos, favorecendo dessa forma a ação lítica de suas beta-lactamases.
Atualmente, tem-se também os VRSA (Vancomicin Resistant Staphylococcus aureus), onde a vancomicina que surgiu como solução aos MRSA não possui ou possui pouco efeito. 
Gênero Streptococcus
- Características gerais: Cocos gram positivos, microbiota normal de vários animais domésticos, principalmente na pele e nas mucosas, como na orofaringe, trato digestório (onde é chamado de enterococo), respiratório e genital. Se disseminam de um animal ao outro de diversas formas, como por contato direto, inalação, ingestão, vertical e mesmo fômites.
	Apesar de serem gram-positivos, as colônias mais velhas podem perder a gram-positividade, pois conforme a colônia vai envelhecendo, a oferta de nutrientes diminui, e a formação do complexo com o cristal violeta não ocorre.
Ao microscópio, o que se vê são cadeias lineares de cocos (o que é determinado pela sua genética), podendo serem ligeiramente alongados (bastonetes curtos ou cocobacilos); os Streptococcus só se dividem em um plano. São anaeróbios facultativos, imóveis e catalase negativos, o que é de grande importância na diferenciação entre esse gênero e os Staphylococcus.
	Atualmente, existem 90 espécies e 17 sub-espécies catalogadas no gênero Streptococcus. Podem ser classificados de diferentes maneiras, como o padrão hemolítico em agar sangue, grupos de Lancefield ou tipo sorológico. Os grupos de Lancefield, classificação em desuso atualmente, classifica os Streptococcus de acordo com o tipo de carboidrato C presente na parede celular bacteriana. Já o tipo sorológico classifica essas bactérias de acordo com a presença dasproteínas M, T e R na parede celular.
- Principais espécies:
	Espécie
	Animais acometidos
	Principais doenças
	Streptococcus pyogenes
	Em humanos, roedores e bovinos leiteiros
	Causadores de infecções piogênicas como dermatites e mastites
	Streptococcus agalactiae
	Em bovinos leiteiros, mas também em caprinos
	Mastites, infecções neonatais (via transmamária)
	Streptococcus dysgalactiae
	Em bovinos leiteiros
	Importante agente da mastite
	Streptococcus uberis
	Em bovinos leiteiros
	Causa principalmente mastite
	Streptococcus equiximilis
	Eqüinos e suínos
	-------------------------------------
	Streptococcus zooepidemicus
	Em eqüinos principalmente, apesar de já ter sido isolado de aves, ruminantes e até humanos
	Responsáveis por pneumonias secundárias.
	Enterococcus (principal espécie: Enterococcus faecalis)
	Presente em praticamente todas as espécies
	Responsável por infecções oportunistas
	Streptococcus canis
	Carnívoros em geral
	Linfadenite felina e algumas outras infecções piogênicas
	Streptococcus equii
	Eqüinos 
	Causa o garrotilho, uma das principais desordens respiratórias de cavalos
	Streptococcus sus
	Suínos 
	Processos pneumônicos e meningites
	Streptococcus pneumoniae
	Primatas e humanos
	É um dos principais causadores de pneumonia 
- Caracteristicas culturais: São bastante exigentes quanto ao meio de cultura, que costuma ser um agar sangue. As colônias formadas são pequenas e brancas, e as colônias de espécies encapsuladas são maiores e mucóides.
Os enterococcus possuem uma ampla faixa de temperatura de crescimento, que vária de 10ºC a 45º C.
	Os Streptococcus podem ser classificados em três grupos de acordo com o seu padrão hemolítico, o que pode ser demonstrado em uma cultura em agar sangue:
	- α- hemolíticos: formam uma zona de hemólise parcial no meio.
	- β- hemolíticos: formam uma zona de hemólise completa no meio.
	- γ- hemolíticos: não fazem hemólise.
- Mecanismos de agressão:
- Adesinas: bactérias desse gênero apresentam a proteína F, que adere a bactéria na matriz extracelular. O Streptococcus pyogenes e o Streptococcus equii apresentam em sua parede celular a proteína M, que além de uma adesina funciona como uma evasina, impedindo a deposição do complemento sobre a bactéria.
Essa proteína M é altamente antigênica, estimula uma produção acentuada de anticorpos, o que garante a animais já infectados uma certa resistência em futuras infecções.
- Cápsula: As espécies mais patogênicas são encapsuladas (antígeno K). Oferecem proteção a bactéria por impedir a adesão do complemento e o reconhecimento desta pelo sistema imune como antígeno.
	- Streptocnase: Enzima fibrinolítica, lisa a rede de fibrina formada no início do processo inflamatório, permitindo a entrada da bactéria no organismo.
	- Streptodornase: despolimeriza o DNA celular, fluidificando as secreções e facilitando a disseminação da bactéria.
	- Hialuronidase: degrada o ácido hialurônico, que faz parte da organização tecidual, facilitando a penetração bacteriana.
	- Streptolisina: é a hemolisina dos Streptococcus, causa grave anemia. Existem dois tipos de streptolisina, uma sensível ao O2, muito antigênica, que se liga a carbohemoglobina, e uma estável ao O2, que se liga a oxihemoglobina. Esta segunda, por não ser antigênica, é a real causadora da anemia, visto que não é neutralizada/eliminada. 
Também é um hiperestimulante do centro pirético, causando febre alta. Em meios de cultura, essa enzima lisa as hemácias, formando um halo translúcido ao redor. A hemólise pode ser do tipo alfa, beta ou gama. Os beta-hemolíticos normalmente são mais patogênicos.
	- Fenômeno CAMP: não é bem um mecanismo de agressão, mas é útil em culturas de Streptococcus. Certas proteínas de bactérias desse gênero fazem sinergismo positivo com a toxina beta-hemolítica dos Staphylococcus.
- Patogênia: infecções estreptocócicas causam reação inflamatória local com formação de abscessos.
As principais doenças causadas por essas bactérias incluem infecções do trato respiratório superior com linfadenite, septicemias, infecções respiratórias em neonatos, pneumonias e infecções secundárias, além de infecções piogênicas não relacionadas ao trato respiratório superior.
	- Infecção do trato respiratório superior com linfadenite: a linfadenite acomete principalmente os linfonodos retro-faríngeos e os sub-mandibulares.
	- Vaginite, cervicite e endometrite: pelo Streptococcus zooepidemicus em éguas e pelo Streptococcus canis em cadelas.
	- Pneumonias e infecções secundárias: principalmente pelo Streptococcus pneumoniae, causando pneumonia, meningite e septicemia em primatas
	- Infecções piogênicas não ligadas ao trato respiratório: Mastites, pelo trio Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis em bovinos leiteiros, e infecções do trato urinário de cães por enterococcus. 
- Diagnóstico: as amostras para o diagnostico devem vir da orofaringe (aspirados), swabs de secreções mais externas (como nas narinas), leite colhido sob condições estéreis (em mastites) ou até mesmo o sangue (na fase febril, onde pode estar acontecendo bacteremia).
Após a coleta, o próximo passo é o exame direto da amostra (coloração de gram + identificação da forma das bactérias em microscopia óptica). Depois, cultura das bactérias.
Em caso de dúvida entre Streptococcus e Staphylococcus, o teste da catalase se faz necessário (streptos são catalase negativos). Em estágios mais avançados, pode ser aproveitado o fenômeno de CAMP.
Em pesquisas, a imunofluorescencia é usada.
- Tratamento: Não são tão promíscuos quanto os Staphylococcus, são sensíveis a antibióticos beta-lactâmicos, sulfonamidas e a streptomicina, mas são resistentes as tetraciclinas e as fluorquinolonas.
Sempre que possível é recomendado o pedido de um antibiograma para avaliação do melhor antibiótico a ser usado. São bactérias bastante resistentes no ambiente, e bastante termoestáveis, podendo resistir a tratamento térmico entre 55º C e 60ºC por até trinta minutos (após isso, são destruídos).
Enterobactérias
- Caracteristicas gerais: é a família dos famosos coliformes fecais, bactérias que vivem em comensalismo como microbiota normal do intestino de todos os tipos de animais (mamíferos, répteis, aves, peixes). São as bactérias mais estudadas do mundo, devido ao seu baixo tempo de geração. Esse tempo curto dá uma alta importância a esse grupo de bactérias, importância médica e de engenharia genética (como a síntese de vacinas recombinantes e hormônios como a insulina). Por exemplo, a Escherichia coli possui o tempo de geração de 17 minutos, enquanto a Mycobacterium bovis tem 17h de tempo de geração.
Se trata de um grupo de bastonetes gram negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos (o que lhes dá capacidade para se reproduzirem em praticamente qualquer ambiente) e móveis.
Algumas espécies são flageladas, outras fermentadoras de lactose, o que vem a ser um importante meio de diferenciação de espécies. Ex.: Escherichia coli e Klebsiella sp. são fermentadoras de lactose, enquanto Salmonella sp. e Shigella sp. não.
- Meio de cultura: o meio de cultura usado para enterobactérias é o EMB (eosine metilene blue) ou meio de Teague. Se trata de um meio indicador e seletivo. Indicador pois mostra quais bactérias são fermentadoras de lactose, como no caso de E.coli onde sua colônia fica com um aspecto verde brilhante. E é seletivo pois impede o crescimento de cocos gram positivos.
- Antigenicidade: as enterobactérias possuem três antígenos principais. O antígeno O, que é a rede sacaridica do LPS da membrana externa, o antígeno H, que nada mais é que o flagelo das bactérias que a possuem, e o antígeno K, a cápsula, que é obtida por algumas espécies mediante conjugação de plasmídeo (alta promiscuidade bacteriana). Esse ultimo possui mais importância laboratorial do que para o sistema imune. Esses três antígenossão um tipo de identidade da bactéria, existindo em cada espécie, região, etc um sorotipo de importância. 
- Mecanismos de agressão: as enterobactérias possuem um vasto arsenal de fatores de virulência, o que lhes permitem se adaptar e agredir praticamente qualquer tecido de qualquer hospedeiro. O principal mecanismo dessas bactérias é pela endotoxina, o lipídio A da camada de LPS. Além disso, as cepas mais agressivas são capazes de produzirem exotoxinas, que quase sempre possuem ação entérica, causando diarréia. As enterobactérias possuem poderosas adesinas, que permitem que estas fiquem firmemente aderidas as células epiteliais e facilitando a invasão.
Outra molécula de importância para esse grupo são os sideróforos, moléculas seqüestradoras de ferro de alta afinidade por esse metal (mais afinidade do que as moléculas do organismo, como a lactoferrina, a transferrina e a hemoglobina). Essa molécula é abundante entre as enterobactérias (aerobactina e enterobactina por exemplo).
	As enterobactérias também são capazes de produzir hemolisinas e leucocidinas, importantes no processo de patogênese. 
- Epidemiologia: são amplamente disseminadas no ambiente por serem microbiota normal dos animais (todos defecam). Ou seja, estão presentes em qualquer ambiente com fezes, o que facilita o contato destas com os animais torna mais propício a ocorrência de infecções oportunistas. 
- Controle: o controle desse grupo exige medidas extremas de anti-sepsia, assepsia e medidas higiênicas rigorosas.
- Tratamento: sempre solicitar cultura e antibiograma. Por se tratar de um grupo de bactérias promíscuas, fazem muita troca de plasmídeos, e certos destes conferem resistência aos antibióticos (como as ESBL de algumas cepas de E.coli atuais). Essa medida então se torna necessária para garantir que seja usado o antibiótico certo na dose certa.
- Escherichia coli
- Caracteristicas gerais: está presente em inúmeras infecções em pequenos e grandes animais, sendo a mais importante e a mais estudada das enterobactérias. Causa doenças supurativas, como dermatites, otites e piodermites, sendo freqüente sua associação com Staphylococcus. Outras infecções de importância é no trato urinário das fêmeas, dado sua proximidade com a região perineal, e também a presença de potentes adesinas nestas bactérias.
Causam as colibaciloses, e secretam exotoxinas, sideróforos, verotoxina (a mais potente das enterotoxinas) e hemolisinas, sendo as principais causadoras de diarréias em leitões, bezerros e potros. A sua transmissão é sempre fecal-oral, sendo que as colibaciloses estão sempre ligadas a fatores de risco, como a privação do colostro ao filhote ou a superlotação, comum em suínos.
Essa bactéria pode ser classificada em patotipos conforme seus fatores de virulência e a sua patogenia infecciosa. Os principais patotipos são:
	- EAEC, EIEC, EHEC, EPEC e ETEC: Escherichia coli entero agregativa, Escherichia coli entero invasiva, Escherichia coli entero hemorrágica, Escherichia coli entero patogênica e Escherichia coli entero tóxica
	- EAEC e EPEC: não produzem enterotoxinas, são os patotipos menos patogênicos. Causam doenças brandas, normalmente em animais debilitados (imunossuprimidos, estressados, mau nutridos), podendo acometer microvilosidades intestinais. 
	- EIEC: causadora da colibacilose séptica. O reservatório desse patotipo é o homem, e acomete animais recém-nascidos que venha a ter ingerido pouco colostro, ou este era de má qualidade. As principais fontes de transmissão são os alimentos e a água.
Podem invadir o organismo pela conjuntiva, pelo umbigo ou mesmo serem ingeridos. Colonizam o intestino e invadem os enterócitos, liberando exotoxinas. Conforme o nível de destruição do epitélio, a eiec pode chegar ao sangue (a colibacilose séptica propriamente dita). Esse patotipo é encapsulado, não é fagocitado. Se forem, destrói o fagócito.
No sangue, suas hemolisinas é a responsável por hipertermia, hipotensão, coagulopatias e até a morte do animal. Nas aves, esse patotipo causa a colibacilose dos pintos, onde mata o embrião em até três meses se a contaminação for do ovo. Se for por via respiratória, vai causar uma pneumopatia, com septicemia e até a morte. Se o animal sobreviver, ficará debilitado, e como um animal assim não interessa em uma granja, acaba sendo abatido.
	- ETEC: acomete principalmente bezerros mas também potros, leitões e cães. Colonizam o intestino nas primeiras semanas de vida dos animais. Nesse estágio, os animais expressam certas proteínas de membrana nos seus enterócitos, proteínas essas que serviram de receptores para adesinas desse patotipo. Após algumas semanas de vida, essas proteínas deixam de ser expressadas e a infecção não ocorre. 
A enterotoxina desse patotipo vai agir na bomba de Na+/K+ das células locais, e ao invés de absorver água, o animal irá a secretar. Junto dessa água, eletrólitos vão embora (potássio, cloro...). O resultado é diarréia (em graus variados), acidose, falência circulatória e morte
	- EHEC: esse é o BOPE das Escherichia coli, a coisa é feia. Seu sorotipo mais comum é a O157H7, que causa a colite hemorrágica, levando o animal a uma diarréia não febril. Os reservatórios são animais domésticos em geral. Esse patotipo produz a verotoxina, que vai destruir os enterócitos.
Esse patotipo é um MRSA da vida, é resistente a grande maioria dos antimicrobianos usados rotineiramente.
Nos suínos, causa a doença edematosa dos suínos, onde uma enterotoxina cruel desse patotipo vai acometer leitões recém-nascidos. A EHEC cai no sangue e lá destrói células endoteliais, causando edema generalizado. 
	- UPEC: são um patotipo diferente de E.coli, não causam diarréia e sim infecções urinárias. São extremamente comuns em infecções do trato urinário baixo de cães, onde cerca de 15% dos animais dessa espécie são acometidos (felinos bem menos, apenas 1%, podendo aumentar um pouco sob certas patologias primárias). Nos cães, 80% dos casos são em fêmeas devido a certas diferenças anatômicas e fisiológicas (uretra mais larga e curta e mais próxima do ânus, ausência de liquido prostático). 
	Das infecções que acometem a espécie canina, 95% são por Staphylococcus e enterobactérias, com o primeiro respondendo por apenas 15% das infecções. Desses 80% de infecções enterobacterianas 70% são por Escherichia coli. As outras espécies envolvidas são Proteus vulgaris e Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae.
	Esse patotipo não é microbiota normal dos animas, apenas 10% dos indivíduos possuem esse tipo normalmente em sua microbiota. Seu fatores de virulência são os já citados acima, com destaque para a espessa cápsula (antígeno K), suas adesinas e invasinas, sua potente hemolisina (que lisa não apenas hemácias, mas também leucócitos e células epiteliais) e suas fimbrias (de adesão), fimbria 1 e fimbria P.
	A bactéria, ao ganhar acesso a uretra, se adere a esta, a coloniza e ascende até a bexiga. Lá, suas adesinas fimbrias se ligam ao epitélio deste (adesinas bastante especificas), e a E.coli inicia o processo de multiplicação e invasão celular. Através de mecanismos ainda não compreendidos, a UPEC estimula sua internalização pelas células epiteliais. Os sinais enviados pela bactéria causam um desarranjo do citoesqueleto das células epiteliais, estimulando nesta a formação de pseudopodos que englobam a bactéria. Outra forma de invasão é a formação de um poro na membrana da célula, que não a mata mas permite a invasão bacteriana.
	Dentro das células, a E.coli se multiplica, sendo este um ambiente favorável para tal visto que dificulta a ação de anticorpos, células do sistema imune e mesmo de antibióticos. A célula quando se encontra cheia, é destruída pelas hemolisinas bacterianas. E assim se inicia o processo de lesão na mucosa da bexiga e o começo de um processo inflamatório. Essa infecção, se não controlada, pode evoluir com a ascensão dessas bactérias para os rins, gerando uma pielonefrite.
	Os sinais clínicos incluem um aumento nafreqüência da micção (poliúria) além de disúria (dificuldade de urinar devido a dor). Dependendo do nível de lesão dessa mucosa, pode haver hematúria (presença de sangue na urina). Em casos mais avançados não controlados, também pode haver pioúria (pús na urina) ou mesmo a total parada da micção (anúria). Junto a isso, temos os sinais comuns de um processo inflamatório: o animal se encontra mais apático, não se alimenta direito e etc. A febre pode ou não estar presente (se houver pielonefrite, ela é presente).
	O diagnóstico confirmatório de infecções urinárias é pela cultura e antibiograma. Se inicia o tratamento com um antibiótico, como fluorquinolonas (norfloxacina, enrofloxacina, ciprofloxacina), sulfas ou amoxicilina com clavulanato de potássio. Um aspecto importante na cultura de urina é a forma de coleta desta. De acordo com o método, tem-se um limite máximo aceitável. Por exemplo, se a coleta foi por micção espontânea, até 105 UFC/ml é aceitável, enquanto se a coleta foi por cistocentese (punção), a presença de bactérias é inaceitável.
- Infecções oportunistas: E.coli é uma das principais causadoras de infecções oportunistas nos animais domésticos. A mais grave destas, a infecção do trato urinário, já foi bem descrita no patotipo uropatogênico. Entre as outras infecções oportunistas, pode-se destacar:
	- Otite externa: muito comum em pequenos animais, sempre ocorre associada a um fator predisponente, como um ouvido externo muito úmido, feridas na pele (como arrancar os pêlos do ouvido do cão), presença de ectoparasitas (sarna otodécica) e mesmo questões anatômicas como as orelhas caídas de algumas raças de cães como o Cocker Spaniel, que torna o ouvido externo um ambiente mais quente (tipo uma estufa) que favorece o crescimento bacteriano.
	A patogenia aqui é semelhante no trato urinário, apenas com a diferença que as bactérias não se internalizam nas células epiteliais. Possuem cápsulas espessas e complexas, além de fazerem intensa troca de plasmídeos. O tratamento deve ser sempre feito a partir dos antibióticos indicados pelo antibiograma. 
	- Piodermites: é uma das principais afecções de pele, principalmente em pequenos animais, visto que nesses animais, o péssimo manejo reprodutivo tem levado esses animais a um alto indice de endogamia, o que, ainda não se sabe porque, leva a uma maior fragilidade da pele, favorecendo essas infecções. O principal gênero envolvido nas piodermites são os Staphylococcus, enterobactérias são menos envolvidas.
	- Mastites: a E.coli é uma bactéria bastante presente nas infecções da glândula mamária, um grande problema principalmente em rebanhos leiteiros, principalmente por se tratar de uma bactéria bastante agressiva, causando sérios problemas ao animal e econômicos. Na época da lactação, onde o úbere se encontra maior e mais pesado, é mais fácil o contato deste com as fezes, visto que a vaca defeca, as fezes batem no chão e espirram no úbere, favorecendo a infecção bacteriana.
- Infecções sistêmicas
	- Meningite neonatal: ao nascer e passar pela vagina, o animal pode ser infectado, com a bactéria alcançando o intestino. Se ela invadir o tecido intestinal e chegar ao sangue, pode ir parar no SNC, principalmente nas meninges. Relativamente comum em cães, gatos e suínos.
- Salmonella sp.
- Caracteristicas gerais: depois da E.coli, é a enterobactéria mais importante. Causam as salmonelloses ou as enterocolites. Essas bactérias são microbiota normal de animais de sangue quente e frio, exceto os humanos e os animais domésticos.
A fonte de contaminação é o solo contaminado, a água, vegetação, ovos (meio mais importante), camas e penas de aves. Aves, cobras e répteis são comumente infectadas, mas não apresentam sintomas.
- Patogênia: no intestino, vão invadir as células M, causando sua destruição, o que causa uma reação inflamatória local com diarréia intensa. Isso pode evoluir para septicemia em animais jovens e imunodeprimidos.
Existem relatos de pneumonia em bezerros por Salmonella Dublin, abortamento em bovinos e diarréia aguda em cavalos por Salmonella Thyphinurium. A pneumoenterite dos bezerros é uma doença causada por várias sub-espécies de salmonella, e é responsável por grandes perdas de bezerros, e esta associada principalmente a privação do colostro e cochos sem higiene.
Os suínos são particularmente sensíveis as enterocolites, principalmente em animais estressados pelo confinamento. Causa septicemia aguda fulminante ou gastroenterite crônica. 
Nas aves, a Salmonella Pullorum é responsável pela pullorose, que infecta ovos de galinha e perus, contaminando o ambiente durante a ovopostura. O embrião morre, e se sobreviver, se torna portador. Vale ressaltar que a S.Pullorum não é microbiota normal desses animais.
Em diversas espécies, a contaminação intestinal de aves adultas é responsável pelo tifo aviário, normalmente em galinhas estressadas.
- Shigella sp.
- Características gerais: causa a shigellose ou disenteria bacilar. O reservatório aqui são os primatas, e a transmissão se dá via fecal-oral. Bactérias desse gênero produzem poderosas toxinas, que invadem e destroem os enterocitos, causando uma enterite ulcerativa com formação de uma pseudomembrana. Essa é apenas uma rede de fibrina sobre o enterócito. Isso leva a uma diarréia muco-sanguinolenta. Essa doença é muito comum em macacos de cativeiro, onde a superlotação é comum, levando ao estresse do animal e conseqüentemente uma imunossupressão (ação do cortisol).
Corynebacterium sp.
- Caracteristicas gerais: são bactérias pleomórficas gram positivas, podendo se apresentarem de diversas formas, sendo a mais comum a forma de clava. Na microscopia, a visualização desse gênero lembra letras chinesas.
São muito exigentes quanto ao seu meio de cultura que normalmente é o agar sangue. São imóveis, catalase positivas e anaeróbias facultativas. São microbiota normal de pele e mucosas dos animais domésticos.
- Principais espécies:
	Espécie
	Doença causada
	Corynebacterium bovis
	Mastite
	Corynebacterium pseudotuberculosis
	Linfadenite caseosa dos ovinos
	Corynebacterium pyogenes, atualmente reclassificada como Arcanobacterium pyogenes.
	Abscessos internos e externos em bovinos e eqüinos principalmente
- Corynebacterium pyogenes:
	- Patogênia: assim como toda bactéria microbiota normal, é causadora de infecções oportunistas. Para isso, precisa de uma porta de entrada aberta, como um arranhão, uma mordida de inseto, uma ferida. Ela entra no organismo e inicia sua multiplicação, o que chama a atenção do sistema imune. São fagocitadas, mas não são digeridas, pois a A. pyogenes produz uma exotoxina com capacidade hemolítica, além de produzir proteases, que degrada qualquer proteína ao seu redor.
No lugar dessa infecção, se forma um abscesso, o que é característico dessa infecção. Esse abscesso contém muito pus, sem cheiro (apesar que acaba tendo cheiro, devido a presença de outras bactérias).
A formação desse abscesso pode ser o fim do problema, ou apenas o começo dele. A bactéria pode chegar ao sangue causando septicemia, e pode ir para qualquer órgão. O mais normal é ela causar pneumonia, osteomielite, sinusite (em cavalos), abscessos intracranianos em bovinos (achado de abatedouro) e raramente abortos.
	- Tratamento: em geral, o abscesso é rompido por drenagem cirúrgica. Abscessos internos acabam sendo apenas achados de abatedouros, e se por acaso diagnosticado, o destino do animal é o abate. Em animais de alto valor zootécnico, pode-se tentar um tratamento com penicilina, apesar deste pouco responsivo, devido ao difícil acesso ao abscesso, o que leva a apenas baixas concentrações do antibiótico chegar ao local.
Não existe vacina.
	- Diagnóstico: é importante, visto que não é a única bactéria que causa abscessos (S. aureus por exemplo). O que se pode fazer é uma coleta da amostra e posterior solicitação de cultura e anti-biograma.
No laboratório, será feito um exame direto para

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