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Direito da Infancia e da Juventude - Unidade 01 - atualizado.pdf

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Núcleo de Educação a Distância - NEAD
Universidade de Fortaleza - Unifor 
Direito da Infância e da Juventude
Unidade 01
2
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
 Créditos
Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor conteudista, que é o 
responsável pela produção de conteúdo didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe 
composta por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-
aprendizagem.
Roteiro de Áudio e Vídeo
José Glauber Peixoto Rocha
Produção de Áudio e Vídeo
José Moreira de Sousa
Identidade Visual / Arte
Francisco Cristiano Lopes de Sousa
Viviane Cláudia Paiva Ramos
Programação / Implementação
Jorge Augusto Fortes Moura
Coordenação do Núcleo de Educação 
a Distância
Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida
Supervisão Administrativa
Denise de Castro Gomes
Produção de Conteúdo Didático
Anarda Pinheiro Araújo
Ana Paula Araújo de Holanda
Cláudio Alcântara Meireles Júnior
Diane Espindola Freire Maia
Design Instrucional
Andrea Chagas Alves de Almeida
Projeto Instrucional
Bárbara Mota Barros
Editoração
Camila Duarte do Nascimento Moreira
Revisão Gramatical
Luís Carlos de Oliveira Sousa
O trabalho Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01: O Direito da Infância e da Juventude de Anarda Pinheiro Araújo, Ana Paula 
Araújo de Holanda, Cláudio Alcântara Meireles Júnior, Diane Espindola Freire Maia, Núcleo de Educação a Distância da UNIFOR está 
licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
3
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
 Sumário
1. Conceito 3
2. Evolução Histórica 4 
3. Autonomia Didática, Legislativa e Jurídica 8
4. Princípios Fundamentais: 9 
4.1 Princípio da Prioridade Absoluta 9
4.2 Princípio do Melhor Interesse 10
4.3 Princípio da Municipalização 11 
Referências 13 
 
4
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
 Unidade 01 - O Direito da Infância e da Juventude
Olá, seja bem-vindo à Nota de Aula da 1ª unidade da disciplina de Direito da Infância e da Juventude. 
Para alcançar uma melhor compreensão do assunto, é importante que você acompanhe a web-aula, pois lá você tem acesso a 
vídeos e quizes sobre a temática da unidade, além de dicas e complementos sugeridos no decorrer da disciplina. Boa leitura!
Objetivo
Discutir os direitos da infância e da juventude, explicando suas 
autonomias, princípios e relações com outras ciências.
1. Conceito
O Direito da Infância e da Juventude tem como objeto de estudo o tratamento jurídico dado às 
crianças e adolescentes no Brasil, delimitando a autonomia desse ramo do Direito em relação aos demais, 
analisando seus princípios, a evolução no tratamento da problemática infantojuvenil, bem como os diplomas 
legais pertinentes.
Como será visto adiante, atualmente, o ramo do direito pátrio em estudo tem como enfoque 
jurídico basilar a doutrina da proteção integral, respeitando a condição peculiar da criança e do 
adolescente como pessoas em desenvolvimento, além de haver contemplado a concepção dos infantes 
como sujeitos de direito.
Importante
A hodierna política brasileira no trato à infância e juventude trazida 
pela Constituição Federal de 1988 e consolidada pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente de 1990, fundamentou-se em um preceito 
que mudou todo o pensamento e estrutura legal que vigorava até 
então: a Doutrina da Proteção Integral, a qual se baseia na ideia 
de que a criança e o adolescente são considerados sujeitos de 
direitos, devendo ser integralmente protegidos ao ser-lhes oferecida 
prioridade absoluta e imediata. 
5
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
Para que possamos melhor compreender a autonomia desse segmento, bem como seus princípios 
norteadores e toda a lógica do sistema jurídico voltado à questão infantojuvenil, faz-se necessário, antes 
de adentrarmos no estudo dogmático da legislação e dos institutos atuais, realizarmos um breve resgate 
histórico do tratamento dado a esse segmento da sociedade na conjuntura pátria.
2. Evolução Histórica
Primeiramente, no que diz respeito aos escritos que descrevem o desenvolver da humanidade pela 
perspectiva da história tradicional, inexistia espaço para a criança e o adolescente, sendo a sua presença 
meramente secundária, geralmente como uma espécie de propriedade de sua família.
No que concerne ao lapso temporal compreendido entre o Brasil Colonial até o início da época 
pós-independência, a autoridade paternal era absoluta, inclusive sendo permitido ao pai aplicar 
castigos severos ao seu filho, conforme lhe melhor aprouvesse. Ainda nesse período histórico, existia certa 
preocupação com os órfãos, inclusive com a utilização da chamada “Roda dos Expostos”, uma espécie 
de mecanismo no qual a criança era deixada em instituições de caridade.
Já na fase do Brasil Império, a repressão aos infratores era a tônica do tratamento dedicado aos 
infantes, inclusive com previsão de pena de morte por enforcamento, época em que a imputabilidade penal 
ocorria aos sete anos de idade e a crueldade das penas era a principal característica da seara punitiva.
Ainda nesse período imediatamente após a independência, mais precisamente em 1823, foi assegurada 
à mãe negra e escrava a possibilidade de permanecer com seu filho recém-nascido sob seus cuidados. 
Entretanto, como fruto da sociedade escravagista dessa época, percebe-se que o escopo dessa medida não 
seria assegurar à criança o convívio familiar, pois o que se pretendia era a manutenção das crianças sob o 
poder do senhor de escravos, como propriedade, para tornar-se mais uma mão de obra no futuro.
Em 1871 ocorre a decretação da Lei do Ventre Livre, que concedeu liberdade aos escravos 
nascidos no Brasil após sua data de promulgação. Porém, novamente, isso não representava grande ruptura 
tampouco benesse. Até a idade de 8 (oito) anos, os filhos de mulheres escravas, chamados de ingênuos, 
seriam sustentados pelos senhores, permanecendo em seu poder em troca de trabalho. Quando atingida 
essa idade, poderia o proprietário entregá-lo ao Estado mediante indenização ou mantê-lo consigo até que 
completasse 21 (vinte e um) anos, período no qual o ingênuo prestaria serviços gratuitos em contrapartida 
ao sustento, ou seja, permanecia em regime servil (COSTA, 1986). 
Posteriormente, já no período republicano, observa-se novamente o tratamento legal direcionado 
às crianças e aos adolescentes com ênfase na lógica punitiva, isso por meio do Decreto nº 17.973-A de 12 
de outubro de 1927, o chamado Código de Menores de 1927 ou Código Mello Mattos, nome dado em 
razão de seu mentor, o jurista José Cândido de Albuquerque Mello Mattos.
6
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
Importante
No plano constitucional, a Carta Magna de 1934 foi pionei-
ra ao tratar do tema quando proibiu o trabalho para menores 
de 14 anos. Mas Otenio, Otenio e Mariano (2008) lecionam 
que somente com o advento da Constituição de 1937 é que 
se ampliou a proteção às crianças e adolescentes, sendo atri-
buída ao Estado a responsabilidade sobre aqueles em situa-
ção de carência. 
Nessa linha, em 1942 – período especialmente autoritário do Estado Novo – foi criado o Serviço 
de Assistência ao Menor (SAM), ligado ao Ministério da Justiça. O SAM tinha orientação correcional 
e previa atendimento diferenciado para adolescentes autores de ato infracional (crime e contravenção) e 
para menores carentes ou abandonados.
Para os adolescentes autores de atos infracionais, eram reservados os Internatos, Reformatórios e 
Casas de Correção, já para os menores carentesou abandonados, os Patronatos Agrícolas e Escolas de 
Aprendizagem de Ofícios Urbanos. Pela forma como os infantes eram tratados nesses estabelecimentos e 
nesse contexto social, o SAM adquire a imagem de repressor e desumano.
Em 1946 é promulgada a quarta Constituição Federal Brasileira, após o período ditatorial do 
Estado Novo, retornando a democracia e propiciando que projetos com influência dos movimentos pós-
Segunda Guerra Mundial em favor dos direitos humanos influenciassem o tratamento dado à criança e ao 
adolescente no Brasil, inclusive com a instalação em João Pessoa-PB do primeiro escritório do UNICEF 
no Brasil, mais precisamente em 1950, voltado à proteção de crianças e gestantes do nordeste. 
Entretanto, o Golpe Militar de 1964 viria a mudar radicalmente esse panorama ao interromper 
o avanço da democracia no Brasil, o que na seara jurídica correspondeu à entrada em vigor dos Atos 
Institucionais (AIs).
Na área da infância e da juventude, para substituir o SAM, a Lei nº 4.513, de 1964, criou a Fundação 
Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), que, apesar da nomenclatura aparentemente 
progressista, nada mais era do que “um instrumento de controle do regime político autoritário exercido 
pelos militares”, uma vez que “Em nome da segurança nacional buscava-se reduzir ou anular ameaças 
ou pressões antagônicas de qualquer origem, mesmo se tratando de menores”, razão pela qual enquanto 
perdurou a Ditadura Militar “a cultura da internação, para carentes ou delinquentes foi a tônica”, ou seja, 
“A segregação era vista, na maioria dos casos, como única solução.” (AMIN, 2010, p. 7).
Nesse sentido, em 1979, foi publicada a Lei nº 6.697, o “Novo” Código de Menores, que indicava 
a visão que então imperava, introduzindo o conceito de “menor em situação irregular”. Assim, infância 
7
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
e juventude desamparadas eram vistas como detentoras de uma patologia social única, não fazendo 
diferenciação entre as situações concretas distintas, ocasionando com que o menor se encontrasse nesta 
chamada “situação irregular”.
Contudo, mesmo com a política autoritária presente na sociedade setentista, além de toda a repressão 
de ideologias dissidentes, no final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, diversos movimentos sociais 
resultantes das inquietações da sociedade descontente com a política imperante, assim como a consciência 
humanista, começam a difundir-se, das quais decorre repúdio ético e político sobre a precária assistência 
oferecida à infância e juventude fruto da PNBEM e do Código de Menores de 1979.
Esse momento histórico, o qual pode ser considerado de transição, nasce a perspectiva de que um 
trabalho educativo e social destinado às crianças e adolescentes, aplicando alternativas e propostas vindas 
da comunidade, poderia figurar como o início de uma mudança no panorama político nacional.
Entre 1982 e 1983, com o apoio do UNICEF, é implantado o Projeto Alternativas de Atendimento 
a Meninos de Rua, por meio da sociedade civil organizada, que traz à discussão experiências bem-
sucedidas de trato com crianças e adolescentes que viviam nas ruas, despertando, assim, o interesse de cada 
vez mais pessoas para esse assunto. Tais encontros serviam também como programas de capacitação no 
atendimento e entendimento desses jovens que, pelas mais variadas circunstâncias, tinham como residência 
as ruas das cidades. 
O Projeto expandiu-se de tal forma que, em novembro de 1984, Brasília sediou o I Seminário Latino-
Americano de Alternativas Comunitárias de Atendimento a Meninos e Meninas de Rua que acabou tendo 
como consequência, já em 1985, a criação da Coordenação Nacional do Movimento de Meninos e 
Meninas de Rua.
Já em maio de 1986, aconteceu o I Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua em que foram 
debatidos assuntos como família, saúde, trabalho, escola, sexualidade e, principalmente, as denúncias de 
violências praticadas por e contra os jovens.
Já no período de redemocratização, foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte que, ao 
desenvolver uma nova carta maior para este país, terminaria por inserir em seu conteúdo os direitos da 
criança e do adolescente no Brasil tendo como fundamento a Doutrina da Proteção Integral, que será 
melhor estudada na Unidade II.
A respeito da Constituição Federal de 1988, sabe-se que é caracterizada por possuir conteúdo 
extremamente amplo, exatamente por haver aglutinado durante o processo constituinte diversos atores 
sociais. A Carta Magna definiu fins e objetivos para o Estado e a Sociedade, e, nessa linha, o Art. 227 
trazido em seu bojo, no que diz respeito à proteção especial dedicada à infância, assim dispôs:
8
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão.
Tal dispositivo constitucional foi fruto da pressão dos movimentos sociais e da sociedade civil 
organizada, em especial o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR). Na 
verdade, com a abertura da Assembleia Constituinte, houve a previsão de mecanismos de participação 
popular direta na formulação do texto constitucional. Era possível, por exemplo, a apresentação de 
emendas populares ao anteprojeto de Constituição.
Importante
Dessa forma, o MNMMR, em conjunto com a Pastoral do 
Menor, mobilizaram a sociedade brasileira conseguindo regis-
trar cerca de 1,5 milhão de assinaturas para a emenda popular 
denominada “Criança, prioridade nacional”. Tal emenda foi o 
embrião para o supratranscrito e tão importante Art. 227. 
Portanto, quando resgatamos a evolução histórica da normatização pertinente ao Direito da Criança 
e do Adolescente no Brasil, os próprios sujeitos de direito, ou seja, essas crianças e adolescentes, por um 
movimento popular organizado, tencionaram o Estado pela garantia desses novos direitos contemplados 
na Constituição de 1988. Observou-se um verdadeiro protagonismo desses “menores”, estigmatizados, 
ainda hoje, apesar da já positivada Doutrina da Proteção Integral.
Em consonância com a Doutrina da Proteção Integral surge a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 
1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ao substituir o Código de Menores de 1979, 
o ECA introduz uma série de transformações na política de atendimento à infância e à adolescência 
brasileira, dando ênfase ao processo de descentralização e municipalização da política de atendimento 
direto e destaca a participação da sociedade civil através de seus Conselhos e Fóruns, como será melhor 
explicitado adiante (VERONESE, 1997).
Por fim, sintetizando de maneira muito apropriada, Válter Kenji Ishida (2014) distingue 3 (três) 
diferentes períodos em relação ao direito brasileiro direcionado aos infantos, passando de um tratamento 
apenas no campo criminal, ao momento da marginalização pela dita situação irregular, culminando com o 
atual momento de maior vanguarda:
(I) o direito penal do menor; (II) o período do menor em situação irregular e, finalmente, (III) 
o período da doutrina da proteção integral. O primeiro período tem como base a delinquência 
menorista e abrange os Código Penais de 1830 e 1890. Passa pelo Código Mello de Mattos de 1927. 
O segundo período inicia-se com o Código de Menores de 1979 (Lei nº 6.697/79), orientando o 
chamado Direito do Menor. O art. 2º do Código de Menores definia as seis situações irregulares. 
9
Direito da Infância e da Juventude- Unidade 01
Finalmente, surge, como fase mais recente, a doutrina da proteção integral, com destaque para os 
direitos fundamentais da criança e do adolescente. Dentre essas diretrizes, surge o próprio ECA, 
passando a abranger uma gama variada de disciplinas voltadas à proteção dos direitos da criança e 
do adolescente. (ISHIDA, 2014, p.7)
O ECA trouxe de forma mais profunda em seu conteúdo o disposto no Art. 227 da Carta Magna, 
consolidando a Doutrina da Proteção Integral e o reconhecimento das crianças e dos adolescentes como 
sujeitos de direitos e garantias fundamentais próprias, merecedores de uma legislação específica.
3. Autonomia Didática, Legislativa e Jurídica
Como visto no tópico anterior, no campo da positivação dos direitos concernentes às crianças e 
adolescentes, passaram-se diversos períodos na história legislativa pátria, sempre refletindo as concepções 
da sociedade em relação aos infantes. Nesse campo de estudo da dogmática jurídica, tanto os dispositivos 
constitucionais dispostos na CF/88 como o ECA resultaram em quebra no paradigma de que o Direito 
da Criança e do Adolescente era uma espécie de apêndice do Direito de Família ou mesmo do Direito Penal.
Arnaldo Vasconcelos leciona que (2006, p. 142): “a especialidade, e não a generalidade, é a condição 
que se impõe à norma jurídica em face da realidade atual”, isso em razão do caráter do Estado Social de 
cumprir as demandas específicas que surgem da realidade social.
Nesse azo, microssistemas jurídicos surgem para comportar as regulamentações especializadas, 
dando cabo a distintos ramos do Direito, que constituem disciplinas autônomas, com sua própria rede de 
institutos e base principiológica. Conforme Ishida (2014, p. 6), “a autonomia depende de uma legislação 
específica e autônoma disciplinando a matéria, quando o ramo do Direito é constitucionalizado e finalmente 
quando se torna disciplina regular nas Faculdades de Direito.”
No que diz respeito aos estudos realizados no âmbito da criança e do adolescente, é de extrema 
relevância o avanço do pensamento social e jurídico da década de 1980, quando se visualizou a necessidade 
de um ramo jurídico específico que se dedicasse atenção especial à infância e juventude no direito pátrio. 
Fruto desse processo, como já dito anteriormente, foi o Art. 227 da Constituição Federal. Sobre o tema, 
afirma Roberto Alves (2005, p. 10):
A CF inaugurou um verdadeiro sistema de proteção de direitos fundamentais que é próprio de 
crianças e de adolescentes. Assim, estabeleceu princípios que viriam a se converter em diretrizes do 
ECA: o reconhecimento de que crianças e adolescentes são sujeitos de direito.
Destaque-se ainda que no cerne da Constituição Federal e do ECA estão os princípios e garantias 
assegurados pela Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente, aprovada pelas 
10
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
Nações Unidas em 20 de novembro de 1959, tendo o Brasil como seu signatário. Assim, passaram a figurar 
como responsáveis pela infância e juventude de sua nação, o Estado e a Sociedade, os quais têm como 
obrigação realizar os deveres e compromissos postos a seu cargo um direito inalienável.
Importante
Importante perceber que antes da Constituição de 1988 o ramo 
do Direito ora estudado, e atualmente dotado de plena autono-
mia, estava incorporado ao Direito de Família de tal maneira que 
somente poderia ser exercido por meio da atuação do pai ou da 
mãe, ou seja, era como se a criança sem família não fosse titular 
de direito qualquer (CHAVES, 1997).
Não por acaso, nos atuais diplomas legislativos, como nos dispositivos de nossa hodierna Constituição, 
as crianças e adolescentes passaram a ser considerados não como meros objetos de tutela, controle 
ou repressão, mas como sujeitos de direitos, pessoas em condição de desenvolvimento, promovendo a 
infância brasileira de “menor em situação irregular” para cidadãos de direitos e garantias.
Portanto, não restam dúvidas a respeito da autonomia dessa seara jurídica dedicada ao direito dos 
infantes, dotada de legislação específica e institutos próprios. No entanto, cabe ressaltar que está intima e 
intrinsecamente correlacionada com outros campos do conhecimento, tais quais: psicologia, sociologia, 
assistência social, pedagogia, dentre outros.
4. Princípios Fundamentais: Princípio da Prioridade Absoluta. Princípio 
do Melhor Interesse. Princípio da Municipalização.
Inicialmente, destaque-se que ao utilizarmos a terminologia princípio o critério utilizado é o da 
generalidade dessa categoria de norma, e não da maneira de aplicação ou de sua estrutura. Por conseguinte, 
princípios são aqui considerados como aquela categoria de normas dotadas de intenso conteúdo axiológico, 
que constituem os fundamentos do sistema jurídico de proteção à criança e ao adolescente, detentoras de 
maior grau de generalidade comparativamente às regras.
4.1 Princípio da prioridade absoluta
Passando à análise do princípio da absoluta prioridade dos direitos das crianças e dos adolescentes, 
diga-se que foi instituído pela primeira vez no direito positivo brasileiro por meio da CF/88, mais 
precisamente em seu Art. 227, cujo teor foi em parte reproduzido no Art. 4º do ECA. Sobre o referido 
princípio, leciona Andréa Amin (2010, p. 20):
11
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
Estabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em todas as esferas de interesses. Seja 
no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o interesse infanto-juvenil deve 
preponderar. Não comporta indagações ou ponderações sobre o interesse a tutelar em primeiro 
lugar, já que a escolha foi realizada pela nação através do legislador constituinte.
Importante
Essa prioridade absoluta deve ser assegurada pela família, 
sociedade e Estado, ou seja, não compete somente ao 
poder público o dever de assegurar a efetivação dos direitos 
fundamentais da criança e do adolescente, tal responsabilidade, 
que tem status de absoluta prioridade, é também da família, da 
comunidade, enfim, da sociedade em geral. 
Pode-se tabular o Estado Brasileiro no segmento de Estado 
do bem-estar social, uma vez que assume o papel de agente 
da promoção social, ou seja, esperam-se prestações positivas 
que garantam os diversos direitos sociais constitucionalmente 
garantidos. Entretanto, a responsabilidade de protetividade e 
prioridade aos infantes não é somente do agente público ou das 
autoridades respectivas, mas da sociedade como um todo, como 
atores sociais que somos.
Nesse azo, repita-se que não só o Estado, mas a sociedade como um todo, incluso seu núcleo basilar, 
a família, devem atuar de maneira a concretizar a proteção integral da infância e da juventude, contribuindo 
para a consecução da efetividade dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, movidos por essa 
lógica da corresponsabilidade social, ganhando a sociedade civil organizada especial protagonismo.
No que tange à atuação do poder público, interessante observar que a própria lei, por meio do 
parágrafo único do Art. 4º do ECA, elencou o que compreenderia a garantia de prioridade. Impede 
destacar que se trata de um rol mínimo, ou seja, não é exaustivo, não determina as únicas situações possíveis 
ou todos os casos específicos, em verdade, pode ser considerada como norma aberta, que possibilita ao 
aplicador do direito realizar interpretação de amplitude alargada.
4.2 Princípio do melhor interesse
Quanto ao princípio do melhor interesse das crianças e dos adolescentes, trata-se de fundamento 
basilar que deverá influir na interpretação de qualquer caso que envolva os infantes, como explica Andréa 
Amin (2010, p. 28):
Trata-se de princípio orientador tanto para o legislador como para o aplicador, determinandoa primazia das necessidades da criança e do adolescente como critérios de interpretação da lei, 
deslinde de conflitos, ou mesmo para elaboração de futuras regras.
12
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
O referido princípio está delineado no Art. 3º, Item 1, da Convenção Sobre os Direitos da Criança, 
promulgada no Brasil pelo Decreto nº 99.710/90, in verbis: “Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito 
por instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem 
considerar, primordialmente, o interesse maior da criança.”
Destaque-se que, como o dever de assegurar os direitos fundamentais da criança e do adolescente é 
partilhado pela família, sociedade e Estado, conforme prescrição constitucional, o referido princípio não 
se restringe à atuação das autoridades governamentais, mas estende-se a todas as condutas referentes aos 
diversos atores sociais, as quais deverão ser tomadas levando em consideração o que é melhor para o infante. 
Importante ainda observar que o que é de melhor interesse da criança ou adolescente não necessariamente 
coincidirá com o desejo do mesmo.
Tal princípio tem sido bastante utilizado como base de fundamentação de diversos julgados, em 
especial em decisões que tratam de colocação em família substituta, tema que será abordado futuramente. 
Dessa maneira, na análise do caso concreto, o julgador por vezes, no momento de decidir uma querela 
quanto à guarda ou adoção do infante, leva em consideração o que considera do melhor interesse para o 
desenvolvimento adequado do infante, mesmo que contrário ao próprio desejo deste.
4.3 Princípio da municipalização
O princípio da municipalização é prescrição contida no Art.. 204 da CF/88, ao tratar das ações 
governamentais na área da assistência social, e é pertinente à seara jurídica da infância e juventude em 
razão do § 7º do já exaustivamente referido Art. 227 da CF/88. Remeta-se novamente à lição de Andréa 
Amin (2010, p. 29-30):
A municipalização seja na formulação de políticas locais, através do CMDCA [Conselho Municipal 
de Direitos da Criança e do Adolescente], seja solucionando seus conflitos mais simples e resguardando 
diretamente os direitos fundamentais infanto-juvenis, por sua própria gente, escolhida para integrar 
o Conselho Tutelar, seja, por fim, pela rede de atendimento formada pelo poder público, agências 
sociais e ONGS, busca alcançar eficiência e eficácia na prática da doutrina da proteção integral.
Trata-se de descentralização administrativa, contemplando os Municípios como corresponsáveis 
pela gestão da política assistencial muito em razão da proximidade da população e conhecimento de suas 
necessidades e aspirações.
Dessa forma, cabe aos Municípios a realização, em âmbito de base, dos programas de atenção 
direta, que também poderão ser desenvolvidos pelas entidades não-governamentais que atuam em 
âmbito municipal.
Por fim, diz-se que tal municipalização constitui um dos maiores avanços para a democratização 
da sociedade brasileira, uma vez que importa na participação efetiva da população. Tanto é assim que 
13
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
o Art. 227, § 6º da CF/88 regulamenta esta participação da população por meio de suas organizações 
representativas, tanto na formulação como no controle das ações em todos os níveis.
Conversando
Encerra-se aqui a 1ª unidade da disciplina do Direito da 
Infância e da Juventude. Lembre-se de acessar sua web-aula, 
e não esqueça que você ainda conta com o apoio do ambiente 
virtual para esclarecer dúvidas e participar de discussões sobre a 
temática aqui abordada. Boa aprendizagem!
14
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 01
 Referências
ALVES, Roberto Barbosa. Direito da Infância e da Juventude. São Paulo: Saraiva, 2005.
AMIN, Andréa Rodrigues. In MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord). Cur-
so de Direito da Criança e do Adolescente. 4.ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2010.
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1981.
CHAVES, Antônio. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 2 ed. São Paulo: Ltr, 1997.
COSTA, Emília Viotti da. A Abolição. 1. ed. São Paulo: Global, 1986.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e jurisprudência. 
15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2012.
OTENIO, Cristiane Corsini Medeiros; OTENIO, Marcelo Henrique; MARIANO, Érika 
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