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Processo eleitoral brasileiro

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Com a declaração da independência do Brasil em 1822 foi criada a primeira Constituição brasileira que foi outorgada somente em 1824. Essa Constituição instituía o voto aberto, indireto e censitário, assim como definia que a nomeação dos Presidentes, Vice Presidentes, e Secretários das Câmaras se daria na forma de seus Regimentos e que o mandato de senadores seria vitalício. O voto ainda era um privilégio de poucos e, inclusive, a escravidão havia sido mantida, dessa forma os negros continuavam sem direito ao voto, assim como as mulheres. (CF de 1824).
Como aponta Salgado (s.d.), a pequena parcela de votantes escolhia os eleitores de província que, por sua vez, elegiam os representantes. Dentre os critérios para ser eleitor de província, também estava a condição necessária de votante e um limite mínimo de renda; ademais, estavam excluídos desse processo os libertinos e os criminosos pronunciados em querela ou devassa. Além disso, somente maiores de vinte e cinco anos com probidade e decente subsistência poderiam compor os Conselhos Gerais das Províncias, a parte isto, o Presidente da Província, o Secretário e o Comandante de Armas não podiam ser eleitos para esses conselhos.
Para o cargo de deputado também era preciso possuir uma renda líquida de no mínimo quatrocentos mil réis, e estavam excluídos os estrangeiros naturalizados e os adeptos de outra religião que não a Católica Apostólica Romana, sendo esta a oficial do Estado até então. Eram elegíveis para o senado, aqueles cidadãos brasileiros que estivessem em dia com suas obrigações e gozando plenamente de seus direitos políticos, que tivessem mais de 40 anos, competência, capacidade e notável saber, além de uma renda anual mínima de oitocentos mil réis; os príncipes da casa imperial tinham esse cargo garantido pelo nascimento, podendo assumi-lo a partir dos 25 anos. A Constituição de 24 não apresentava os critérios de elegibilidade de vereadores, isso só foi estabelecido com a Lei de 1 de outubro de 1828 que também trouxe outra mudanças em relação as eleições (Salgado, s.d.).
Segundo Bastos (s.d.), o Império passou por diversas crises eleitorais, o que favoreceu a mudança do voto censitário para o universal posteriormente. Em 1875, a Lei do terço dividiu os cargos eletivos no Congresso Nacional que passaram a ser preenchidos em 2/3 para a maioria e 1/3 para a minoria e, além disso, criou o título eleitoral, um documento oficial de identificação dos eleitores. Bastos lembra que em uma dessas crises eleitorais foi instituída a Lei Saraiva que reformou toda a legislação eleitoral anterior, proibindo os analfabetos de votar e incentivando a instituição do voto direito.
Já no período republicano, não ocorreram muitas mudanças no que tange as questões eleitorais, os analfabetos e as mulheres continuaram sem direito ao voto e o voto distrital foi mantido no âmbito politico dos estados federados. Os esquemas de poder mão sofreram alterações, o controle eleitoral que antes era detido pelo baronato passou a ser feito palas oligarquias republicanas; é verificado que durante a República a estrutura distrital foi mantida, porém, com algumas adaptações; o Decreto nº 1.425 de 27 de novembro de 1905 dividiu o território da União em distritos eleitorais, sendo que a eleição para deputado passou a ser distrital e direito. A maior transformação trazida pela primeira constituição republicana, promulgada em 1891, foi a extinção da monarquia e a instituição do sistema presidencialista de governo, estabelecendo o voto direito para presidente e vice-presidente da República, sendo escrutínio direito, sufrágio direito e por maioria absoluta dos votos (BASTOS, s.d.).
Tanto o período imperial quanto o republicano foram marcados por fraudes nas eleições, assim como pelo domínio eleitoral fosse pelos baronatos ou fosse pelos oligarcas. Ocorreram algumas revoltas pelo fim da escravidão e pelo estabelecimento do voto direito e universal que não obtiveram êxito, no entanto, em 1930 houve uma grande revolução que pôs fim à República Velha e possibilitou a criação do primeiro Código Eleitoral brasileiro em 1932 por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932 (SILVA, s.d.).
Segundo Bastos (s.d.), o Código Eleitoral de 1932 criou a Justiça Eleitoral, estabeleceu o sufrágio universal, secreto e por representação proporcional, proibiu os impedimentos eleitorais por motivos de crença religiosa, filosófica ou política, extinguiu as eleições distritais e possibilitou a convocação da constituinte de 1933 que promulgou a Constituição de 1934 que tinha bastantes elementos de estabelecimento e defesa de direitos sociais.
O golpe de 1937 extinguiu a Justiça Eleitoral que foi recriada em 1945, contudo, somente a Constituição de 1946 consolidou a Justiça Eleitoral como parte do Poder Judiciário e estabeleceu a estrutura que permanece até a atualidade, O Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais nas capitais e no Distrito Federal; os juízes eleitorais e as juntas eleitorais. As constituições posteriores mantiveram a Justiça Eleitoral e continuaram a estabelece-la como integrante do Poder Judiciário (SILVA, s.d.).
Em 1964, o golpe de Estado que da inicio ao regime militar provoca diversas mudanças no cenário politico e social brasileiro, dentre elas o fim do voto direito para presidente da Republica, governadores e prefeitos de capitais e de zonas de segurança nacional e a eliminação do pluripartidarismo, implantando-se o bipartidarismo a partir de 1966. No entanto, as duas grandes crises petrolíferas levam ao enfraquecimento do regime militar, o que favorece o processo de reabertura politica; em 1984 têm inicios os movimentos pelas eleições diretas que culminou na criação da emenda das “Diretas Já” que foi votada em 1984 e, no entanto, não foi aprovada, permanecendo a eleição para presidente por meio de Colégio Eleitoral (NETO, 2009).
Com o inicio da Republica Nova, a democracia volta a ser restaurada e outras mudanças são concretizadas, como o reestabelecimento do voto direito para presidente de República por maioria absoluta, permissão de coligações e proibição de sublegendas, representação do Distrito Federal no senado com três senadores e 8 deputados federais, fim da fidelidade partidária e direito ao voto para os analfabetos (NETO, 2009).
Conforma aponta Silva (s.d), a Constituição de 1988 definiu os partidos políticos como pessoas jurídicas de direito privado e sua criação passou a ler livre junto ao registro civil, também regulou os direitos políticos e as eleições para presidente e vice, determinando os procedimentos a serem feitos em caso de impedimento e vacância. Além disso, essa Constituição, também chamada de Constituição Cidadã, garante fortemente a defesa da democracia e atribui essa função também ao Ministério Público.
Atualmente, o voto continua direito, universal, secreto e obrigatório aos maiores de 18 anos, de acordo com a Constituição de 1988. Os analfabetos continuaram com seu direito de votar, porém, sendo facultativo, assim como para os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos e maiores de setenta anos. Em caso de não cumprimento da obrigatoriedade do voto, cabem sanções como multas e perda de uma serie de direitos. Já para ser passível de eleição é preciso ser de nacionalidade brasileira, estar gozando plenamente de seus direitos políticos, ter feito a alistamento eleitoral, ser filiado a algum partido, ter domicilio na circunscrição e idade mínima de e cinco anos para presidente, trinta para governador e vice governador de estado e dezoito anos para vereador (C.F, 1988).
	O alistamento eleitoral é um ato jurídico através do qual a Justiça Eleitoral confere a um cidadão a qualificação de eleitor e o introduz no corpo de eleitores. Somente a partir desse alistamento é que o individuo pode exercer plenamente seus direitos políticos, incluindo o direito publico subjetivo de votar, sem ser colocado no corpo de eleitores não há direitos políticos e, consequentemente, não há cidadania, algo que o autor aponta como o direitode sufrágio em que o centro dos direitos políticos resume-se em poder votar e ser votado (ANDRADE, 2009). Segundo a Constituição Federal (1988), o alisamento eleitoral também é obrigatório para brasileiros natos ou naturalizados, alfabetizados e maiores de dezoito anos e facultativo para analfabetos, menores de dezoito e maiores de dezesseis e maiores de setenta anos. 
O alistamento é realizado no domicilio eleitoral do individuo, para isso é preciso, somente, preencher um formulário fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral que pode ser adquirido em qualquer cartório eleitoral, no questionário deve ser comprovada a idade e o domicilio eleitoral. É necessário requerer a inscrição eleitoral em no máximo cem dias antes das eleições, após esse prazo não serão mais aceitos pedidos de transferência de inscrição para um novo domicilio ou de emissão de segunda via de titulo eleitoral. O Ministério Publico irá, posteriormente, emitir um parecer deferindo ou indeferindo o pedido e um juiz eleitoral, por sua vez, irá decidir quanto ao requerimento (ANDRADE, 2009).
A candidatura a qualquer cargo politico no Brasil pressupõe a filiação a algum partido, não sendo permitida a candidatura independente. O mandato eletivo deve ser conferido a pessoas que sejam ligadas a agremiações politicas formadas por cidadão que gozam plenamente de seus direitos e possuem ideais em comum (ANDRADE, 2009). Segundo a Lei dos Partidos Políticos (1995), os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado que visam garantir a autenticidade do sistema representativo, de acordo com os interesses democráticos, e assegurar os direitos fundamentais descritos na Constituição; sua criação, fusão, incorporação e extinção são livres, assim como a definição de suas agendas, estrutura interna, organização e funcionamento.
As eleições brasileiras podem ocorrer em até dois turnos, o primeiro turno acontece no primeiro domingo de outubro e o segundo turno no ultimo mês de outubro, sendo que este só ocorre nas eleições para presidente, governador e prefeito de municípios com mais e duzentos mil habitantes. Para partir para o segundo turno é preciso que no primeira tenham concorrido pelo menos dois candidatos e que nenhum tenha conseguido a maioria absoluta de votos; os votos válidos são os nominais aos candidatos e os nas legendas no caso das eleições proporcionais, já os votos nulos e brancos não são contabilizados (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2010)
A informatização do voto teve inicio em 1995, em 1996 o projeto foi findado e um terço do eleitorado votou por meio de urnas eletrônicas nas eleições municipais daquele ano, sendo que nos ano de 2000 todos os eleitores brasileiros fizeram votação eletrônica. Esse tipo de votação é feita no numero do candidato ou na legenda do partido, sendo que o número, foto do candidato, do partido ou a legenda partidária aparecem na tela devendo o eleitor confirmar ou não o voto; essas urnas possibilitam tanto o registro do voto como a identificação da urna em que a votação foi realizada. A informatização do voto foi uma importante evolução no processo eleitoral, garantindo mais segurança e anonimato (SILVA, s.d.).
A eleição para vereador é adepta do sistema proporcional, dessa forma, a distribuição das vagas é feita de acordo com a quantidade de votos recebidos pelos partidos ou coligações e serão preenchidas pelo candidatos que obtiveram mais votos na lista da legenda ou da coligação; a distribuição dos fotos é feita por meio dos quocientes eleitoral e partidário e, posteriormente, distribui-se os votos que sobrarem. Em eleições proporcionais os votos são dados aos partidos e coligações, e não aos candidatos, mesmo que o candidato tenha recebido muitos votos, é preciso que o partido ou coligação ganhe a vaga para que ele seja eleito; tendo o partido/coligação consguido a vaga, os candidatos assumirão as cadeiras conforma sua classificação no que se chama de lista aberta (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2016)
Os quocientes eleitorais e partidários são critério de elegibilidade sendo que o eleitoral determina a quantidade mínima de votos necessária para a eleição de um candidato, enquanto que o partidário fornece a quantidade de candidatos que cada partido conseguirá eleger. Para calcular o quociente eleitoral deve-se calcular primeiro numero de votos válidos, para isso subtraem-se os votos nulos e brancos da quantidade total de votantes; obtendo-se os votos válidos, deve-se dividi-los para a quantidade de vagas a serem preenchidas, o resultado dessa operação é o quociente eleitoral. O quociente partidário, por sua vez, é obtido dividindo-se os votos dados aos partidos ou coligações para o quociente eleitoral. Já as vagas que sobraram são distribuidas por meio da divisão dos votos válidos recebidas pelo partido ou coligação para as vagas obtidas pelo quociente partidário mais as vagas obtidas por médias mais 1, a primeira vaga que sobrar será dividida para o partido/ coligação com maior média. A Lei n° 13.165/2015 trouxe uma mudança por meio da cláusula da barreira, segundo essa cláusula, para serem eleitos é necessário que o candidato tenha obtido um numero de votos de no mínimo dez por cento do quociente eleitoral (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2016).
As eleições para presidente e vice, governador, senador e prefeito, por sua vez, adotam o sistema majoritário, no qual o candidato eleito é o que receber a maioria dos votos. Essa maioria pode ser simples, nesse caso é eleito quem obtiver a maioria dos votos contabilizados, ou pode ser absoluta, sendo eleito aquele que obtiver mais da metade dos votos contabilizados sem contar os nulos e brancos. A maioria absoluta é uma exigência das eleições para presidente da republica, governador e prefeitos de municípios com mais de 200 mil eleitores, sendo que no caso de nenhum dos candidatos alcançar essa maioria, será feito um segundo turno de votação (TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SANTA CATARINA, s.d.).
 
SC, Tribunal Superior Eleitoral. ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS E PROPORCIONAIS. 0000. Disponível em: <http://www.tre-sc.jus.br/site/eleicoes/eleicoes-majoritarias-e-proporcionais/index.html>. Acesso em: 03 nov. 2017.
ELEITORAL, Tribunal Superior. Saiba como calcular os quocientes eleitoral e partidário nas Eleições 2016. 2016. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2016/Setembro/saiba-como-calcular-os-quocientes-eleitoral-e-partidario-nas-eleicoes-2016>. Acesso em: 03 nov. 2017.
SILVA, Luiz Henrique Borges de Azevedo. PROCESSO ELEITORAL NO BRASIL: DOS SEUS PRIMÓRIOS AOS DIAS ATUAIS. 0000. Disponível em: <http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-se-processo-eleitoral-no-brasil-luizhenrique-pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.
SALGADO, Eneida Desireé. O processo eleitoral no Brasil Império. 0000. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/18628-18629-1-PB.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.
ANDRADE, Angelo Bôsco Machado de. O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO: CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE. 2009. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/sistema_eleitoral_andrade (2).pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.
BARREIROS NETO, Jaime. Histórico do processo eleitoral brasileiro e retrospectiva das eleições. 2009. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/12872/historico-do-processo-eleitoral-brasileiro-e-retrospectiva-das-eleicoes/2>. Acesso em: 03 nov. 2017.
BRASIL. LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995. 1995. Disponível em: <ELEITORAL, Tribunal Superior. Saiba como calcular os quocientes eleitoral e partidário nas Eleições 2016. 2016. Disponível em: . Acesso em: 03 nov. 2017.>. Acesso em: 03 nov. 2017.
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 BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 03 nov. 2017.
BASTOS, Aurélio Wander. SISTEMA ELEITORAL. 0000. Disponívelem: <http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/SISTEMA ELEITORAL.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.

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