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DIREITO EMPRESARIAL Professora Silvia Gomes Artigo 966 a 1122 do Código Civil Brasileiro O Direito Empresarial = Ramo do direito que estuda as relações privatistas que envolvem a empresa e o empresário. Objeto = Estudo da empresa, o direito societário, as relações de título de crédito, as relações de direito concorrencial, as relações de direito intelectual e industrial e os contratos mercantis. Empresa = INSTITUIÇÃO JURÍDICA DESPERSONALIZADA, que pratica atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo de bens". CONCEITO Fábio Ulhôa Coelho, em sua obra “Curso de Direito Comercial” conceito atualizado: “Direito Empresarial é a designação tradicional do ramo jurídico que tem por objeto os meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesse entre os exercentes de atividades econômicas de produção ou circulação de bens ou serviços de que necessitamos todos para viver.” Três correntes: Empresa como sujeito de direito: Critica = A empresa não possui personalidade jurídica, e nem pode possuí-la, e, consequentemente, não pode ser entendida como sujeito de direito. O titular da empresa é o que denominamos de empresário; Empresa como objeto de direito: corrente defendida por Rubens Requião, Marcelo Bertoldi – CRÍTICA = Não se pode conceber uma atividade como objeto de direito Empresa como fato jurídico em sentido amplo: Assegura que trata-se de um de fato jurídico em sentido amplo. Natureza jurídica Começa a se desenvolver um Direito Comercial baseado em costumes; Corporações de mercadores (Gênova, Florença, Veneza) - União para ter força política, econômica e militar- sec.XII ; Jurisdição especial diferente da jurisdição comum - direito comercial ⇨aplicava aos comerciantes. Comerciantes passaram a praticar atos acessórios, que surgiram ligados a atividade comercial, mas logo se tornaram autônomos (títulos cambiários), sendo utilizados inclusive por quem não era comerciante -1942. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL Influência do Código Comercial Napoleônico na elaboração Código Comercial de 1850 - complementado pelo Regulamento 737 de 1850- Fim das corporações Direito comercial surge como o direito das empresas⇨ Atos de comércio Novo Código Civil ⇨Atualiza Direito Comercial brasileiro = unifica a disciplina das matérias mercantis e civis, similar ocorreu na Itália no Código-2002 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL Dos Direitos e Garantias Fundamentais Art .5º XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORDEM ECONÔMICA Art. 170 a 181 da CRFB/1988 = Princípios Gerais da Ordem Econômica. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORDEM ECONÔMICA II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI –defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação VII - redução das desigualdades regionais e sociais; Art. 170 CF/88 VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 170 CF/88 Art. 173 - Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Art. 173 CF/88 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORDEM ECONÔMICA Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORDEM ECONÔMICA Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem: Incisos I ao XIV Exemplo: III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem; IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos; LEI 9.279/1996 -LPI Lei 7347/85 – art.1º, V – Abuso poder econômico Lei 8137/90- crimes contra ordem tributária – art.4º Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Outras garantias A noção inicial de empresa advém da economia. A empresa é a unidade produtora cuja tarefa é combinar fatores de produção com o fim de oferecer ao mercado bens ou serviços, não importa qual o estágio da produção. Prevalece a ideia de que o conceito jurídico de empresa se assenta nesse conceito econômico, pois o fenômeno é o mesmo econômico, sociológico, religioso ou político EMPRESA X ECONOMIA – – Fontes primárias – leis empresariais. Direito positivo. (leis, regulamentos e tratados comerciais). As fontes primárias ou diretas são preferenciais em relação às secundárias ou indiretas. – Fontes secundárias – fontes indiretas ou subsidiárias: Usos e costumes – raízes histórias do direito consuetudinário. Analogia e princípios gerais do Direito (Art. 4. da LINDB). Jurisprudência. Fontes do Direito Empresarial Conceito de Empresa e a organização da atividade econômica: Empresa = instrumento de produção de riquezas; Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa Teoria da Empresa: Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: § 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo. Lei de locação Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. CDC Teoria jurídica da empresa O art. 996 adota a teoria da empresa. MiguelReale ⇨ Prevalece a tese de que não é o ato de comércio como tal que constitui o objeto do direito comercial, mas sim a atividade econômica habitualmente destinada à circulação das riquezas mediante bens ou serviços. A teoria da empresa é um sistema novo de disciplina privada da atividade econômica organizada ⇨exploração econômica, com fins lucrativos e de forma mercantil na organização de pessoas, mediante o empresário individual ou sociedade empresária. EMPRESA é uma instituição jurídica despersonalizada, caracterizada pela atividade econômica organizada, ou unitariamente estruturada, destinada à produção ou circulação de bens ou de serviços para o mercado ou à intermediação deles no circuito econômico, pondo em funcionamento o estabelecimento a que se vincula, por meio do empresário individual ou societário, ente personalizado, que a representa no mundo negocial. A) PROFISSIONALIDADE ou habitualidade no exercício de negócios que visem a produção, a circulação de bens ou a prestação de serviços; B)ECONOMICIDADE, ou seja, escopo de lucro ou de um resultado econômico-financeiro ou social; C) ORGANIZAÇÃO, ou estrutura estável desta atividade TRÊS FATORES FORMADORES DA EMPRESA Antes do Código Civil de 2002 ⇨ sistema francês (Teoria dos Atos de Comércio), pelo qual se adotava o conceito de sociedade comercial para identificar a pessoa jurídica exercente de atividade econômica Após 2002 ⇨ Adoção do sistema italiano (Teoria da Empresa), a sociedade empresária se caracteriza pela atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Nova concepção –Direito empresarial regula a atividade de qualquer individuo que pratique determinados atos, havidos como de comércio, independentemente de quem os pratique. # entre a Teoria dos Atos de Comércio e Teoria da Empresa: Direito execução judicial concursal do patrimônio do empresário = falência Recuperação judicial da empresa Homologação da recuperação extrajudicial Deveres do empresário = escrituração, realização balanços Ser reconhecido como empresa: O que é atividade econômica organizada? Possui quatro elementos : capital - $$, mão-de obra, insumos ( materiais ) e tecnologia ( conhecimento) Pode-se, então, ter: A) atividade primária - extração direta da natureza de produtos, como agricultura, pecuária, pesca e mineração. B) Atividade secundária – indústria ou manipulação de produtos, transformando-os em novo produtos, por exemplo: colheita de algodão, é atividade primária e sua transformação em tecido é secundária. C) Atividade terciária – prestação de serviços e comércio strictu sensu, por exemplo: compra de produto para revenda. É atividade econômica porque vista criar riqueza ou gerar lucro. É atividade empresarial criadora, a título oneroso, de riquezas A atividade econômica organizada tem que ser exercida com profissionalismo ou de forma habitual. Profissionalidade requer: A) habitualidade ou prática continuada de uma série de atos empresariais; B) pessoalidade, ou melhor, contratação de empregados para a produção ou circulação de bens e serviços em nome do empregador C) monopólio de informações pelo empresário sobre condições de uso, qualidade do material ou serviço, defeitos de fabricação, riscos, etc. Empresário: O artigo 966 traz o conceito de empresário: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Empresa: Cinco elementos principais: a) atividade econômica; b) atividade organizada; c) exercida de forma profissional; d) para produção e/ou circulação; e) bens e/ou prestação de serviços. Expressão DIREITO COMERCIAL se consagrou no mundo jurídico-acadêmico e profissional, porque o comércio foi a atividade precursora do Direito. Atualmente o direito comercial não cuida apenas do comércio, ampliou seus horizontes cuida de relações empresariais. O direito empresarial é um ramo jurídico especial de direito privado destinado à regulação das atividades econômicas e dos seus agentes produtivos. Se aplica aos agentes econômicos chamados de comerciantes e, doravante denominados de empresários individuais e as sociedades empresárias. nomenclatura: direito comercial ou direito empresarial? A autonomia do direito comercial em razão do direito civil não significa que sejam ramos incomunicáveis e contrapostos – Ex:bem de família Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850. Revogação parcial Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. Bem de família Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Bem de família Podem ser classificados segundo três critérios: hierarquia, abrangência ou positivação. Hierarquia – podem ser constitucionais ou legais (enunciados na lei ordinária). Abrangência – podem ser gerais (liberdade de concorrência) ou especiais (livre associação) Positivação – explícitos (diretos ou positivados) ou implícitos ( indiretos ou não positivados) Princípios Direito Empresarial – art. 170 CF/88 Freia intervenção Estado na economia Ex: posturas municipais definindo zonas para instalação de certas atividades Proíbe determinadas praticas empresarias- Empresa imprescindível atender necessidades sociais e deve ser protegida, lucro = fator motivação, importância geração postos trabalho e tributo 1.Princípio da livre iniciativa Garante o funcionamento de produtos e serviços com qualidade crescente e preços compatíveis Infração ordem econômica Concorrência desleal CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica Agências reguladoras – ANATEL, ANP, ANVISA 2.Liberdade de concorrência Cade rejeita aquisição da Liquigás pela Ultragaz Maioria do Conselho considerou que a operação poderia ser negativa para os consumidores CADE – 28/02/2018 Art. 5º XXII - é garantido o direito de propriedade; Art.170 II - propriedade privada; 3.Função Social Empresa Inspirador da Lei 11.101/2005 ( a Lei de Falências atual) e tem fundamentado diversas decisões judiciais recentes. Proteção da atividade econômica Ex: Dissolução parcial da sociedade, desconsideração da personalidade jurídica Princípio da preservação da empresa Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. "CRAM DOWN". PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. Decisão que tem por finalidade assegurar a possibilidade de superação da situação de crise econômico-financeira da agravada, permitindo a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Manutenção da decisão recorrida. RECURSO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70075187997, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em 18/12/2017) 3.Função Social Empresa Subsidiariedade e limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais Majoritário nas deliberações sociais-Protege quem mais investiu. Proteção ao sócio minoritário – Direito de fiscalização Outros princípios
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