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POTÊNCIA EM CIRCUITOS REATIVOS E CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA UFPB – CT- DM- DISCIPLINA ELETROTÉCNICA PROF. ANTONIO SERGIO 1) FUNDAMENTOS Devido a natureza reativa de algumas cargas presentes no circuito que reagem contra a variação da corrente ou da voltagem provocando atraso de fase em uma outra destas grandezas, a potência média consumida por estas cargas, ou por um conjunto delas, ligadass à mesma fase do circuito de alimentação é dada por: P = V.I.cos() (1) Aonde P é potência média consumida, V é o valor eficaz da tensão do alimentador – que no caso do Nordeste Brasileiro é de 220V, I é a corrente eficaz que circula pelas cargas e é o defasamento entre a esta corrente e aquela voltagem. O produto N = V. I ou S = V.I é a potência aparente e cos() é conhecido como sendo o fator de potência, isto é, o fator que multiplicado pela potência aparente dá o quanto da potência entregue é transformada (dissipada) em outra forma de energia (mecânica, luminosa, térmica, etc). Exemplo 1: Uma certa geladeira traz as seguintes informações acerca de seu consumo: - Alimentação: 220V; consumo : 160W; corrente : 1,2A. Logo, a potência aparente entregue a esta geladeira é: N = V.I = 220X 1,2 = 264 VA (2) O fator de potência é facilmente calculado como sendo: (3) Assim, como a geladeira tem um motor indutivo, a corrente fasorial dela é: = 0,727 – j0,955 (4) Se quisermos a impedância equivalente complexa associada ao motor da geladeira fazemos: (5) Observando a equação (1), podemos perceber que N é hipotenusa de um triangulo retângulo e P, seu cateto adjacente, só faltando, portanto, o cateto oposto deste triangulo e este cateto oposto é a potência reativa Q do motor como poderia ser de uma instalação monofásica qualquer. Assim, o triangulo abaixo representa graficamente a situação acima. P Q N Fig. 1 – Triangulo de potência para uma carga reativa. Assim, temos as seguintes relações para as potências envolvidas numa carga reativa (e mesmo não reativa) P = N.cos() (6.1) Q = N.sen() (6.2) N2 = P2 + Q2 (6.3) Sabe-se também que a potência ativa P é matematicamente justificada pela parte REAL da impe-dância complexa. Também, dedui-se que a potência reativa Q é justificada pela parte IMAGI-NÁRIA da mesma impedância. Assim, considerando que , tem-se: P = R.I2 (7.1) Q = X.I2 (7.2) Ainda em relação ao caso da geladeira acima, e considerando (2), (6.1) e (6.2), temos: P = 264.cos(52,700) = 160W (8.1) Q= 264.sen (52,700) = 210 VAR (8.2) Por outro lado, considerando (5), (7.1) e (7.2), tem-se: P = 111,10.(1,2)2 = 160W (9.1) Q = 145,83(1,2)2 = 210VAR (9.2) Assim sendo, o triangulo de potência para a geladeira acima é: 160W 210VA 264VA Obs: o ângulo da impedância é o mesmo ângulo do triangulo de potência. 2) FORMA COMPLEXA DA POTÊNCIA APARENTE. Considerando que V e I aonde e são ângulos arbitrários de dos fasores de V e de I. Podemos escrever que N = N, onde = - = o angulo de defasamento entre estes fasores. Assim sendo: N = = V.I* (12) Aonde representa o complexo conjugado de . Logo, podemos escrever que: N aonde P e Q são dados pelas equações (8.1) e (8.2) Para o caso da geladeira acima citada, temos, considerando (4): N (13) O que dá os mesmos resultados mostrados em (8.1)-(8.2) e (9.1)-(9.2) Exemplo 6 Uma tensão de V = 100300 é aplicada a um circuito quem tem um Z = 3 + j4. Determinar o triângulo de potência para este circuito. Solução: Z Z = (14.1) Considerando (11), temos: N (14.2) Observe que o ângulo de N é igual ao ângulo de Z que, por sua vez, é o ângulo entre a v oltagem e a corrente. Por outro lado, de (13.1) e (13.2), tem-se: P = R. I2 = 3x202 = 1200W Q= X. I2= 4.202 = 1600VAR (14.3) Também podemos calcular a tensão em cada um dos elementos da impedância complexa mostrada em (5) e determinar a potência ativa e reativa do circuito. Cuidado: não se deve usar NUNCA a tensão de entrada total para calcular P e Q num circuito séria, pois resulta em um GRAVE erro. As tensões usadas para isso devem ser as parcias. 3) CONVENSÃO DOS TRIANGULOS O triângulo de potência é desenhado conforme as cargas sejam capacitivas ou indutivas. Se a carga é resistiva, não há triangulo de potência para ela, já que não potência reativa sendo desen-volvida nela. Lembramos que, se a carga é indutiva, a corrente está atrasada em relação a volta-gem aplicada; porém, se a carga é capacitiva, a corrente está adiantada em relação a voltagem. Assim sendo, por convenção, o triângulo de potência é desenhado seguindo a posição relativa da corrente em relação a voltagem, como mostra a figura abaixo. V P N Q I N Q I V P CARGA INDUTIVA CARGA CAPACITIVA Fig. 2 – Convenção para o desenho dos triângulos de potência. Podemos notar que as cargas capacitivas apresenta um energia reativa contrária a indutiva. Assim sendo, as cargas capacitivas tendem a anular a energia reativa desenvolvida pelas cargas indutivas. De maneira geral podemos escrever o vetor N para cada uma das situações encontradas: a) Carga RL : (15.1) b) Carga RC: (15.2) c) Carga R :(15.3) d) Carga L: (15.4) e) Carga C: (15.5) 4) ASSOCIAÇÃO DE CARGAS EM PARALELO Numa instalação qualquer, as cargas estão ligadas em paralelo e, assim sendo, elas recebem diferentes correntes se forem diferentes e as mesmas voltagens. A figura abaixo mostra esta situa-ção. V Z1 Z2 Fig. 6 – Cargas em paralelo como numa instalação monofásica. onde Z1 representa uma carga e Z2, outra.. Cada carga tem um vetor N associado a ela. Assim, N1 (16.1) N2 (16.2) Como energias se somam, dedui-se que o vetor N total das duas cargas são: NT = N1 + N2 (18) Em termos gráficos, usando o triângulo de potência, e supondo-se que as duas cargas são indutivas, o que em geral acontece em cargas de instalações, temos: P1 N1 Q1 P2 A potência aparente total não é necessariamente a soma das potências aparentes das cargas da instalação a me- NT N2 nos que as cargas sejam iguais. Assim, por Pitágoras: Q (19) Fig. 7– Obtenção gráfica do triangulo de potência total de associação de cargas. De maneira geral, se temos N cargas presentes no circuito o vetor N associado ao conjunto é: NT (20) Na figura abaixo temos um caso em que uma carga indutiva em paralelo com uma carga capacitiva. Fig. 8 – Associação de uma carga indutiva e outra capacitiva e a obtenção gráfica do triângulo de potência total. Exemplo 7. Liga-se em paralelo dois motores indutivos, um que absorve uma corrente de 0.5A e consome 70W e outro que absorve uma corrente de 1,2A e consome 160W. A alimentação é 220V. Determinar o triângulo de potência do conjunto. Solução: A potência aparente e fator de potência do primeiro motor são: N = V.I = 220x0,5 = 110VA ϕ = 50,50o E para o segundo tem-se: N = V.I = 220x1,2 =264VA ϕ = 52,70o Logo, os fasores I são, respectivamente, dados por: I1 (21) I2 = 0,727 – j0,955 A potência aparente, N, para o primeiro motor é: N = V. (22.1) A potência aparente, N, para o segundo motor é: N = V. (22.2) N total do conjunto é determinado somando-se membro a membro (22.1) e (22.2): N Assim sendo, obtemos o triângulo de potência total do conjunto mostrado abaixo: 160W 210VAR 70W 84,88VAR A impedância total do conjunto é obtida somando a partir da corrente total somando-se os dois fasores em (19.1): IT = IG + IV Observe que o angulo da impedância é o mesmo angulo do N total do circuito em módulo e sinal. Também observe que, pelo fato dos triângulos de potência da geladeira e do ventilador serem aproximamente equivalentes, isto é, tem ângulos com valores bem próximos entre si, observamos que o módulo do N total é aproximadamente soma dos módulos dos N de cada carga. O mes- mo ocorre os módulos das correntes totais, conforme pode-se observar. Exemplo 4 Um motor indutivo de 3HP e fator de potência 0,7 está ligado em paralelo a um motor capacitivo de 2HP e fator de potência 0,8 em 220V/60Hz. Determinar os triângulos de potências parciais e totais. P1 = 3x746 = 2238 W N1 = = 3197,14 VA Q1 = = 2283,22 VAR I1 = = 14,53 A I1 = 14,53-45,57o = 10,17 – j.10,38 P2 = 2x746 = 1492 W N1 = = 1865 VA Q2 = = 1119 VAR I2 = = 8,48 A I2 = 8,4836,87o = 6,78 +j.5,09 NT = P1 + P2 + j(Q1 – Q2) = 3730 + j.1164,22 NT = 3907,47 17,33o IT = I1 + I2 = 16,95 -j.5,29 = 17,76 -17,33o Por outro lado, IT = -17,33o = 17,76 -17,33o Exemplo 5 As cargas Z1 = 2 – j.5 e Z2 = 1 + j.1 estão em paralelo. Uma potência de 20W é dissipada no resistor de 2Ω. Determinar o triângulo de potência total do conjunto. Solução: P = R.I2 I = = = 3,16 A tensão no capacitor está em quadratura. VR = IxR = 2 x 3,16 = 6,32 V VC = IxXC = 15,8V Vent = 6,32 – j.15,8 = 5-36,90 I1 = = = 3,1600 I2 = = = 12,06--113,20 N1 = Vent x = 5-36,90 x 3,1600 = 53,75-68,20 = 19,96 – j.49,9 N2 = Vent x = 17,01-68,20 x 12,06--113,20 = 205,14450 = 160,14 – j.160,14 NT = 180 + j.110,24 Exemplo 6 Um circuito série de dois elementos a potência é 0,707 adiantado. Sendo v(t) = 99.sen(9000.t + 30o) a tensão aplicada, determinar os componentes físicos do circuito. Solução: P = 940W N = = 1329,56 VA N = 1329,56-450 I* = = = 19-750 I = 19750 Z = = = 3,68-450 = 2,6 – j.2,6 R = 2,6Ω e C = = 42,73µF 5
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