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LIVRO TEXTO UNIDADE III HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

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5 Educação, SociEdadE E cultura na idadE Média E no rEnaSciMEnto
5.1 a idade Média e o Feudalismo
A Idade Média foi um período da história europeia que durou aproximadamente mil anos. Este 
espaço de tempo vigorou aproximadamente entre os séculos V e XV e compreende, em termos 
históricos, a queda do Império Romano do Ocidente e a tomada de Constantinopla pelos turcos 
otomanos em 1453. O final da Idade Média está associado a vários eventos e acontecimentos, como 
os grandes descobrimentos marítimos e a ascensão do Renascimento, podendo ser assinalado como 
um período de declínio das relações feudais de produção, que começam a ser substituídas pelo modo 
de produção capitalista.
A Idade Média europeia divide-se em duas etapas bem distintas: a alta Idade Média (que vai da 
formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos 
IX e XII); e a baixa Idade Média (que vai até o século XV, caracterizada pelo crescimento das cidades, a 
expansão territorial e o florescimento do comércio). A sociedade medieval era dividida em estamentos. 
Os três principais grupos eram:
• Clero.
• Nobreza.
• Servos.
A definição de estamentos contida nos dicionários nos informa que esta é uma maneira de divisão 
social formada por camadas bem mais fechadas do que as classes sociais e um pouco mais flexíveis 
do que as castas, presentes, por exemplo, na Índia. Usa-se o termo principalmente para se referir às 
sociedades nas quais a posição social do indivíduo é determinada pela origem familiar, pelo nascimento. 
Estamental, portanto, é uma forma de se referir à sociedade feudal.
Havia outros grupos sociais, como os poucos comerciantes existentes na alta Idade Média, mas foi 
somente na baixa Idade Média que começou a surgiu a burguesia, rompendo com a característica da 
sociedade apresentada acima.
Na sociedade medieval não havia ascensão social e quase inexistia mobilidade entre as camadas da 
sociedade. Todos os poderes (jurídico, econômico e político) concentravam-se nas mãos dos senhores 
feudais, donos de lotes de terras (feudos). Como o clero e a nobreza comandavam, era comum que se 
criassem justificativas religiosas para que os servos não contestassem a sociedade.
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Assim, podemos afirmar que as principais características do feudalismo eram:
• Poder descentralizado (nas mãos de vários senhores feudais).
• Economia baseada na agricultura; utilização do trabalho dos servos.
• Quase nenhuma mobilidade social.
• Forte mentalidade religiosa.
• Intensa influência e poder de decisão do clero (Igreja) em todos os setores da vida humana.
Como podemos perceber, a sociedade feudal era estática e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores, 
cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. 
O clero tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade e também 
pela produção do conhecimento. Além disso, era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira 
camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos, que deviam pagar 
várias taxas e tributos aos senhores feudais.
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam algumas moedas na Idade 
Média, porém, elas eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns. O feudo 
era a base econômica deste período, pois quem possuía a terra, desfrutava de mais poder. A produção 
era baixa, uma vez que as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado 
puxado por bois era muito utilizado na agricultura. O artesanato também era praticado na Idade Média, 
inicialmente nas oficinas dos feudos, mais tarde nas chamadas Corporações de Ofício, depois nas 
manufaturas e finalmente nas fábricas.
As Corporações de Ofício eram associações (existentes no final da Idade Média) que reuniam 
trabalhadores (artesãos) de uma mesma profissão. Existiram corporações de ofícios de diversos tipos 
como, por exemplo, dos carpinteiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, padeiros, entre outros. Estas 
associações serviam para defender os interesses trabalhistas e econômicos dos trabalhadores. Cada 
profissional contribuía com uma taxa para manter a associação em funcionamento.
Durante a alta Idade Média, (entre o século V e o século XI), a economia feudal caracterizou-se 
pela autossuficiência. Isto significa dizer que o feudo buscava produzir tudo que era necessário para a 
manutenção da comunidade. A quase inexistência de comércio impedia que houvesse um abastecimento 
externo ao feudo.
A sociedade medieval era fortemente marcada pela mentalidade religiosa. A predominância cultural 
e ideológica da Igreja católica valorizava a vida extraterrena, condenava a usura e mantinha sua posição 
em relação ao “justo preço” das mercadorias. A arte e a cultura medieval também eram fortemente 
marcadas pela religiosidade da época. As pinturas e os vitrais das igrejas retratavam passagens da Bíblia 
e ensinamentos religiosos, sendo formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião. Na 
arquitetura, destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
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Até o século X, a Europa medieval foi constantemente ameaçada por invasões “bárbaras”, 
notadamente pelos povos normandos e eslavos. Porém, já no século X, estes povos se estabeleceram 
e não ofereciam mais perigo. De forma geral, a Europa vivia um clima de paz. Houve um aumento 
populacional provocado por essa fase de estabilidade que levou à necessidade de ampliação das 
terras, nas quais os trabalhadores desenvolveram técnicas agrícolas que lhes facilitaram o trabalho. 
Em torno dos castelos, indivíduos começaram a se estabelecer e comerciar produtos excedentes locais 
e originários de outras regiões da Europa. A moeda voltou a ser necessária, e surgiram várias cidades 
importantes junto às rotas comerciais marítimas e terrestres. O aumento do comércio promoveu 
o desenvolvimento das cidades medievais que, em grande parte dos casos, possuía um núcleo 
fortificado com muralhas, chamado burgo. Com o crescimento da população, o burgo foi alargando 
seus limites para além das muralhas. Os comerciantes e artesãos que viviam em torno desses núcleos 
eram chamados de burgueses. Aos poucos, o progresso do comércio e das cidades foi tornando a 
burguesia mais rica e poderosa, passando a disputar interesses com a nobreza feudal. Além disso, a 
expansão do comércio também influenciou na mentalidade da população camponesa, contribuindo 
para desorganizar o feudalismo.
O aumento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os nobres cresceram 
em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo: isso determinava 
a necessidade de ampliarem suas rendas e, para consegui-lo, elevou-se de modo significativo o grau de 
exploração da massa camponesa. Esta superexploração gerou protestos dos servos, consubstanciados 
em numerosas revoltas e fugas para as cidades.
Portanto, notamos que, durante a baixa Idade Média, iniciou-se uma ruptura com as características 
de subsistência que o feudalismo apresentava. Com o surgimento de novas técnicas agrícolas, foi 
possível a comercialização do excedente de produção. Cansados da exploração feudal, muitos servos 
ouviam entusiasmados as notícias da agitação comercial das cidades. Grande número deles migrava em 
busca de melhores condições de vida.
As cidades tornaram-selocais seguros para aqueles que desejavam romper com a rigidez da 
sociedade feudal. Por isso, um antigo provérbio alemão dizia: “o ar da cidade torna o homem 
livre”. É ainda durante este período que muitos pensadores vão começar a introduzir ideias 
novas sobre a forma com a qual se deve analisar os fenômenos do mundo natural, biológico e 
social.
5.2 o conhecimento científico na idade Média
Desde o século IV d.C. (ano 400) até o século XV (1400), a história do conhecimento ficou dividida.
De um lado, o conhecimento dos mosteiros era dedicado a cultivar a teologia, a filosofia, a 
literatura e o estudo de fenômenos naturais, sempre do ponto de vista religioso, legitimando o 
poder da nobreza e da Igreja. Sendo que, em pleno século XVIII, tivemos a seguinte afirmação 
proferida pelo grande teórico do absolutismo monárquico Jacques Bossuet, (1627-1704) doutor 
em teologia, bispo e cônego: “Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros 
de Deus e são seus representantes na Terra. Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e 
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que atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar contas de seus atos 
a ninguém”.
Mas, por outro lado, temos o conhecimento dos estudiosos livres-pensadores da natureza, alquimistas, 
magos, “bruxos”, “experimentadores”, que, sozinhos ou em grupos, quase sempre em segredo, procuravam 
desvendar o que estava oculto por trás das aparências.
Neste período, o poder e a influência da Igreja católica permearam tanto a vida política e econômica, 
quanto a vida intelectual. A produção do conhecimento tinha seu centro e elite no seio das hierarquias 
estabelecidas pela Igreja. Sendo assim, era mantido um severo controle sobre os produtores do saber, 
havendo, para eles, a obrigação de darem um determinado sentido a seus trabalhos: o conhecimento 
humano deveria estar voltado para fundamentar, legitimar e difundir as verdades contidas nas Sagradas 
Escrituras e, portanto, para glorificar o reino de Deus. O conhecimento que não tivesse exatamente essa 
finalidade era considerado herege.
Os dogmas religiosos não poderiam ser contestados pelos estudos científicos. Alguns destes dogmas 
eram:
• Geocentrismo - a Terra é o centro do universo.
• Teocentrismo - Deus é o centro de todas as explicações.
• Teocracia - todo poder do rei emana de Deus.
Com isso, o exercício do conhecimento durante a Idade Média aconteceu sob muita repressão. Foi 
apenas no final do período que algumas correntes de pensamento tentaram uma leitura menos ortodoxa 
e dogmática acerca da relação entre razão e fé.
Alguns pensadores começaram a perceber que razão e conhecimento não deveriam, necessariamente, 
depender da fé. A ideia de fazer “experiências” para atingir o saber sobre as coisas do mundo natural foi 
a virada ocorrida em direção ao empirismo.
 lembrete
Empirismo: doutrina que reconhece apenas a experiência como guia 
para atingir o conhecimento.
Os pensadores dos séculos XIII (1200) e XIV (1300), ainda durante a Idade Média, introduziram o 
pensamento de que o mundo de Deus e o mundo cósmico (dos homens) eram diferentes, e, portanto, os 
meios de conhecimento de cada um deles teriam que ser também distintos. Daí a necessidade de separar 
a fé (caminho para conhecer o mundo de Deus) e a razão (meio de conhecer o mundo cósmico). Ou 
seja, a fé poderia continuar sendo a base para explicar o mundo de Deus, mas o nosso mundo terreno e 
material deveria ser explicado pela racionalidade.
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5.3 a Educação na idade Média
Com o fim do Império Romano e o estabelecimento do feudalismo, a Europa aos poucos foi se 
convertendo ao cristianismo, o que favoreceu a influência da Igreja na educação do mundo europeu. A 
cultura greco-romana perdeu seu vigor e importância e praticamente desapareceu, ficando guardada 
nos mosteiros pelos monges. O clero foi o grande guardião da cultura e do conhecimento e se dedicava 
ao estudo de temas religiosos, à defesa da fé cristã e ao trabalho de conversão dos não cristãos.
Durante a Idade Média, os clérigos e monges eram, praticamente, os únicos que sabiam ler e escrever. 
Portanto, a Igreja foi responsável pelo ensino, que acontecia nas escolas episcopais (escolas erguidas 
junto às catedrais), abaciais (escolas erguidas junto às abadias) ou palatinas (escolas que funcionavam 
nos palácios). A organização da Educação na Idade Média deve muito ao monge beneditino de York, 
Alcuíno, que foi chamado à França por Carlos Magno para estruturar e reformular o ensino. Algumas 
biografias nos informam que Carlos Magno era analfabeto, mas conseguiu realizar uma monumental 
reforma educacional em todo império carolíngio.
De maneira geral, podemos afirmar que, no mundo medieval, a educação era para poucos, pois só os 
filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas 
e táticas de guerra. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
De forma didática, é possível dizer que, durante a Idade Média, a educação apresentou duas 
tendências básicas: a Educação Patrística e a Escolástica.
A Educação Patrística
Estava ancorada na filosofia Patrística, que foi uma linha de pensamento cristã formulada pelos 
padres da Igreja. Esta filosofia consistiu basicamente na elaboração das verdades do cristianismo como 
uma forma de defesa contra os ataques dos pagãos e dos hereges. Em busca de argumentos para contê-
los, os clérigos que organizavam estes princípios procuravam fundamentos nos textos filosóficos gregos, 
especialmente nos de Platão.
De inspiração platônica, a Patrística expôs a necessidade de uma rigorosa ética moral e de controle 
racional das paixões. Caracterizada por sua intenção apologética (defesa da fé e conversão dos 
pagãos), a Patrística procedeu a uma forma racional de exposição da doutrina cristã, preocupando-se, 
principalmente, em tentar equilibrar as relações entre fé e ciência, entre fé e razão, para poder entender 
a natureza de Deus e da alma.
Entre os representantes da Patrística, podemos citar: Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano. 
Mas, sem dúvida alguma, o seu membro mais influente foi Santo Agostinho (354-430).
Embora Santo Agostinho tenha sofrido influência de Platão ao unir filosofia e religião, acabou 
formando sua própria filosofia baseada em conhecimento, sabedoria e amizade. Em relação à Educação, 
Santo Agostinho teve ação decisiva e inovadora ao reconhecer que, ao lado da conquista e do domínio 
dos conteúdos, o aluno precisava saber relacionar esse conhecimento à realidade.
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Podemos reconhecer duas fases na forma de concepção de educação de Agostinho. A primeira, na 
qual se faz relevante a formação humanista e, na segunda, o destaque para o valor e a importância da 
formação ascética.
 observação
No vocabulário religioso, ascese significa renúncia e penitência para 
alcançar a perfeição. Portanto, a expressão “formação ascética”, utilizada 
no texto, significa uma formação rigorosa, capaz de conduzir aos caminhos 
do bem e à perfeição.
Mas, em ambas as fases, Agostinho considera ser decisiva a formação da consciência moral, única 
forma de iluminar a inteligência para o reconhecimento da lei divina. No entanto, ele julga importante, 
principalmente na primeira etapa da educação, a realização dos exercícios físicos, o ensino da retórica, 
a prática da disciplina e da obediência. Para os adultos, especialmente paraos futuros dirigentes da 
Igreja, deve-se oferecer uma ampla cultura humanística, incorporando aqui as tradições greco-romanas 
à formação religiosa teológica. No entanto, Santo Agostinho nos adverte que a erudição e o saber sem 
objetivos devem ser totalmente evitados. O objetivo de toda sabedoria é o desenvolvimento do reino 
moral e ético, o desenvolvimento dos profundos valores cristãos.
Algumas obras de Santo Agostinho relevantes para a Educação:
• Confissões (397-398): autobiografia da juventude.
• A cidade de Deus (413-426): filosofia da História.
• O mestre: na qual expõe ao filho suas concepções sobre educação.
• Da ordem: tratado no qual explica sua concepção de educação integral humanística.
A Educação Escolástica
A escolástica foi uma corrente filosófica e um método de ensino que predominou na sociedade 
medieval entre os séculos XI e XV, contribuindo para o surgimento das universidades.
• A Escolástica e as primeiras universidades medievais
A escolástica se sobressaiu e se desenvolveu na Europa medieval do século IX até o Renascimento. As 
universidades medievais surgiram a partir do século XI, portanto, durante o predomínio da Escolástica.
Inicialmente, a partir do século IX, deu-se a fundação de escolas junto às catedrais, para logo em 
seguida surgirem as universidades. Podemos destacar as de Paris, Bologna, Oxford e Cambrigde, sendo 
que algumas delas existem e são conhecidas até hoje. Segundo Luzuriaga (2001), a primeira universidade 
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medieval foi a Escola de Medicina de Salerno na Itália e, seguindo-se a ela, também na Itália, em 
Bolonha, outra dedicada ao Direito. Contudo, a mais importante para a cultura ocidental foi a de Paris, 
que se originou da Escola Catedral de Notre Dame e influenciou o modelo de todas as universidades 
europeias.
O ensino era fortemente inspirado pela Igreja em todas as universidades medievais. As aulas eram 
realizadas em latim, e as matérias eram compostas pelo trivium e quadrivium.
O trivium (palavra derivada do latim, na qual tri significa três e vium significa via ou caminho, 
portanto, trivium significa cruzamento e articulação de três ramos ou três caminhos) é o termo como 
era conhecido na Idade Média o conjunto de três matérias lecionadas nas universidades, nos anos 
iniciais: gramática, lógica e retórica.
O quadrivium (palavra derivada do latim, em que quadri significa quatro e vium significa via ou 
caminho, portanto quadrivium significa cruzamento e articulação de quatro ramos ou quatro caminhos) 
compõe o conjunto das quatro matérias restantes: aritmética (teoria do número), música (aplicação da 
teoria do número), geometria (teoria do espaço) e astronomia (aplicação da teoria do espaço).
Assim, podemos afirmar que a Escolástica, buscando entender a relação entre filosofia e teologia e 
tentando explicar a fé de forma racional, estimulou a dialética, uma das disciplinas que compunham o 
trivium. Isso significou suscitar a discussão, o diálogo e a exposição de diferentes pontos de vista. Desta 
forma a dialética, durante a Escolástica, fomentou o debate de tal forma que possibilitou a exposição 
de diferentes argumentos e, portanto, a ampliação e o aperfeiçoamento de diferentes opiniões. A 
Dialética, que já estava presente em Sócrates e Platão, é um método que contribuiu para a reflexão, a 
compreensão e a transmissão do conhecimento. Durante a Escolástica, a Dialética assumiu contornos 
muito importantes no que tange à organização do conhecimento nas escolas e nas universidades.
Essas instituições passaram a ser frequentadas por grupos diferenciados da sociedade e não apenas 
por clérigos e religiosos. As cidades que possuíam universidades começavam a receber estudantes de 
toda Europa, que chegavam com diferentes formas de ver a vida e com distintos objetivos. Este início 
de contato com a diversidade que se estabelecia no continente acabou fomentando e enriquecendo 
as controvérsias acerca do saber, de tal forma que as divergências e discussões estabelecidas acabaram 
fortalecendo o conhecimento. Em cidades como Paris, Londres, Salamanca, Salermo e Florença, 
o contato com a diversidade social difundiu debates e questionamentos diante das mudanças 
experimentadas.
Segundo Luzuriaga:
A forma de nascimento das universidades é muito variada. Umas vêm 
espontaneamente, da autoridade e atração de um mestre, como as de Paris, Salerno 
e Oxford; outras, por fundação do Papa, como as de Roma, Pisa e Montpellier; 
outras por edito do príncipe, como as de Salamanca e Nápoles, e outras (o que é 
mais frequente) são criadas por ambos os poderes, como as de Praga, Viena etc. 
Variavam, também, na organização. Algumas como as de Paris, eram sociedades 
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ou agrupamentos de mestres; outras, como a de Bolonha, corporações de 
estudantes; e outras, como a de Salamanca, de mestres e estudantes. Em geral, 
umas e outras, passado algum tempo, recebiam privilégios dos papas e dos reis. 
Entre estes privilégios figuravam os de imunidades e isenção de impostos; direito 
de greve e mudança dos estudos quando a universidade estava descontente (e 
assim, de Paris nasceu Oxford e de Oxford, Cambridge) (...) e o mais importante, o 
direito de conceder graus ou licença para ensinar (LUZURIAGA, 2001, p. 85).
A Escolástica, bem como as universidades, representou o melhor do conhecimento e da sabedoria 
desde o período medieval até a época do Renascimento, mas começou a declinar, principalmente por 
manter ferreamente as tradições e demorar em admitir as novas ciências que o mundo transformado 
começava a pedir. Mas sem dúvida alguma, foi por meio das universidades medievais e do método 
produzido pela Escolástica (baseado na leitura e nas discussões de textos da antiguidade greco-romana 
e nos textos da Patrística, ou seja, em textos sagrados e profanos) que a sociedade medieval desenvolveu 
uma filosofia capaz de produzir o pensamento filosófico do Renascimento.
Enfim, podemos dizer que a Educação na Idade Média foi orientada por critérios que se apoiavam 
na concepção da existência humana (física, material, econômica, política) como decorrente da vontade 
divina e que, portanto, era preciso que se obedecesse a privilégios, graus e hierarquias, pois, os mesmos 
eram concebidos como sendo provenientes de uma ordem naturalmente estabelecida por Deus. Neste 
tipo de sociedade, o homem deveria viver de forma a cuidar de sua salvação para a vida eterna. As 
relações entre fé e razão eram contraditórias, devendo-se respeitar o princípio da autoridade, que exigia 
humildade para consultar os grandes sábios e intérpretes (autorizados pela Igreja) sobre a leitura dos 
clássicos e dos textos sagrados. Evitava-se, assim, a pluralidade de interpretações e se mantinha a coesão 
da Igreja. Predominava a visão teocêntrica, ou seja, Deus como fundamento de toda a ação pedagógica 
e finalidade da formação do cristão. Quanto às técnicas de ensinar, a maneira de pensar rigorosa e 
formal cada vez mais determinava os passos do trabalho escolar.
O membro mais proeminente do movimento escolástico, que tinha como preocupação central a 
explicação da fé cristã por meio da razão, foi São Tomás de Aquino, que nasceu em 1226, próximo de 
Nápoles no sul da Itália. Tomás de Aquino elaborou um sistema filosófico que ficou conhecido por tomismo, 
cujos preceitos eram fortemente influenciados pela filosofia de Aristóteles, trabalhos que leu e consultou 
diretamente do grego e não por meio de traduções. Escreveu a Suma Teológica, cujo conteúdo aborda de 
forma racional as questões de fé e mostra que a filosofia pode ser instrumento de auxílio ao trabalho da 
teologia.Com Tomás de Aquino, a filosofia de Aristóteles foi cristianizada, surgindo a filosofia aristotélico-
tomista. Tal como Santo Agostinho, Tomás comparou a função do professor com a do agricultor, ou seja, 
enquanto um cultivava plantas, o outro cultivava a sabedoria. A Escolástica foi muito eficiente na tentativa 
de atrair os pagãos, utilizando argumentos racionais ao invés da força e da violência.
O movimento renascentista e a Educação
No final do século XII, a sociedade medieval começou a se modificar, principalmente com a formação 
e o fortalecimento dos centros urbanos, o que seria muito importante para as mudanças educacionais 
que estariam em curso com o movimento Renascentista.
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Mas o que é o movimento Renascentista? Entre os séculos XIV (1300) e XV (1400), o mundo ocidental 
produziu um dos mais inovadores movimentos sociais, econômicos e culturais da história da humanidade, 
o Renascimento, que lenta e vagarosamente já vinha se insinuando no mundo ocidental culto há mais 
tempo (desde o século XII), mas que se consolidou durante o século XVI (1500) e início do século XVII 
(1600) com o Iluminismo.
Mas o que realmente vem a ser o Renascimento? Renascimento, Renascença ou Renascentismo 
são termos equivalentes usados para definir, ou melhor, para indicar um determinado período da 
História europeia. O Renascimento se caracterizou por um grande interesse sobre o saber, a cultura 
e, particularmente, a retomada de muitas ideias dos antigos gregos e romanos. Foi também uma 
época de grandes descobertas e explorações: Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros navegadores 
estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis avanços se processavam na Ciência e Astronomia. Os 
compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana (não religiosa), inclusive 
escrevendo peças para instrumentos, já não usados somente para acompanhar vozes.
O fenômeno do Renascimento foi o “ponto de partida” rumo ao desenvolvimento do capitalismo 
moderno. Este movimento impulsionou várias mudanças extremamente significativas na Europa. Mas 
que mudanças tão importantes e decisivas foram estas? Devemos primeiro considerar que antes do 
Renascimento, a Europa era medieval e feudal, portanto, baseada em uma sociedade relativamente 
estável e fechada, que aos poucos ia se desestruturando, principalmente, devido ao processo de abertura 
e expansão marítima e comercial. A mentalidade foi se tornando laica, ou seja, desligada das questões 
sagradas, religiosas e metafísicas.
Neste mundo cada vez mais secular e independente da tutela da religião, um novo pensamento 
social começou a se delinear. Ainda não se podia afirmar que este pensamento era científico, mas 
evidentemente havia uma tentativa rigorosa e objetiva neste sentido, de forma que as instituições 
políticas e sociais, as nações, os estados, as legislações e o exército conduziam os estudiosos a 
pensá-los como consequência da consciência, da vontade, do discernimento e da intervenção 
humana nos rumos dos acontecimentos, não mais como resultado da vontade divina. Abandonou-
se a ideia de uma realidade estática, imutável e de origem divina, e aos poucos os homens foram 
percebendo que a vida social poderia ser dinâmica e estar em constante construção. Apesar disto, 
não surgiam ainda interpretações sociais que pudessem ser consideradas científicas. As obras dos 
principais estudiosos deste período acerca do mundo social revelavam mais uma visão especulativa, 
ideal e utópica de como deveria ser a sociedade, ou seja, ainda não se conseguia descrevê-la como 
realmente ela era. Mas, sem dúvida, é exatamente nestas obras, ainda especulativas, que vamos 
encontrar o germe do pensamento social moderno, ou seja, o início do pensamento científico sobre 
a sociedade.
Entre as principais obras que podem ser consideradas precursoras do pensamento científico acerca 
do mundo social, temos:
• A utopia, de Thomas Morus (1516).
• A cidade do Sol, de Tommaso Campanella (1602).
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• A nova Atlântida, de Francis Bacon (1627).
• O Príncipe, de Nicolau Maquiavel (escrito em 1513, mas publicado apenas em 1523).
As mudanças ocorridas com o Renascimento foram realmente muito significativas. Vejamos algumas 
delas:
• A expansão marítima e comercial: homens começam a ter outros valores.
• Nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento. O mundo torna-se 
cada vez mais laico e o homem se sente livre para pensar e criticar.
• O homem percebe que a realidade e a natureza que vê e vivencia não são imposições divinas, mas 
resultado de suas ações, escolhas e opções. O pensamento laico científico permitiu compreender 
a sociedade como obra humana e não divina.
• Deslocamento de valores: do teocentrismo (Deus como centro do mundo) passa-se para o 
antropocentrismo (Homem como centro do mundo).
• As ideias criadas são adequadas ao espírito do capitalismo emergente.
• O lucro, antes proibido pela Igreja, passa a ser incentivado e apreciado como algo bom, expressando 
a noção da acumulação, da ostentação e da diferenciação individual.
• Inicia-se uma nova sociedade baseada na posse de riqueza e não mais na origem, nome e 
propriedade da terra, estabelecendo-se uma nova classe social: a burguesia comercial.
• Enfim, o Renascimento desenvolveu o antropocentrismo, a laicidade, o individualismo, o 
humanismo e o racionalismo.
 Saiba mais
Para saber mais acerca da educação na Idade Média, consultar: LAUAND, 
J. Enigmas, alegoria e religião na educação medieval. Disponível em: <http://
www.hottopos.com/notand18/enigmas.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
A ciência no Renascimento
Das discussões estabelecidas entre 1200 (séc. XI) e 1300 (séc. XII), e que se estenderam durante todo 
Renascimento e Iluminismo, brotaram os germens da ciência moderna. Estas discussões, especialmente 
travadas nas universidades da Escolástica, provocaram, aos poucos, a derrocada da concepção medieval 
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de mundo. De uma ordem cósmica dominada pelo sagrado, passou-se a uma ordem cósmica secular, 
(desvinculado de qualquer caráter divino ou sagrado). De um universo geocêntrico, no qual a Terra 
estaria no centro, passou-se para um universo heliocêntrico, onde o Sol ocuparia o lugar central e a 
Terra um lugar discreto e desvinculado de toda divindade. De um universo teocrático, no qual todo poder 
emana de Deus, e teocêntrico onde Deus é o centro de todas as explicações, passou-se a um universo 
antropocêntrico, no qual o homem e a razão são centrais para as explicações. Copérnico (polonês, 1473-
1543), e seu heliocentrismo são seguidos por Kepler (alemão, 1571-1630) e suas leis sobre as órbitas dos 
planetas. Galileu Galilei (italiano, 1564-1642) melhorou significativamente o telescópio e foi o primeiro 
a utilizá-lo para fazer observações astronômicas, descobrindo, assim, as manchas solares, as montanhas 
da lua, as fases de Vênus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as estrelas da Via Láctea. 
Estas descobertas contribuíram para o fortalecimento da teoria heliocêntrica e a refutação da filosofia 
aristotélica.
A sociedade renascentista e a Educação
Como podemos perceber pelas colocações acima, durante o Renascimento houve um desenvolvimento 
na formação e no fortalecimento das cidades, fator muito importante para a mudança dos métodos e 
da forma educacional na Idade Média. Foi um momento de estabelecimento de novas relações sociais, 
não mais rígidas e estamentais como as anteriores,pois a sociedade começava a permitir certa ascensão 
social e precisava dar espaço para os diferentes segmentos que estavam se firmando. Este foi um período 
no qual o capitalismo começou a se insinuar na sociedade, em que se estabeleceram as Corporações 
de Ofício e a divisão do trabalho e no qual se preconizou a união entre teoria e prática. O mundo culto 
deveria se voltar para as necessidades sociais e humanas, não mais habitando as esferas abstratas.
Em um ambiente como este, em que o trabalho começava a deixar de ser pensado como castigo 
divino para ser entendido como algo que poderia dignificar o homem, a educação e a cultura deviam 
contribuir com esta nova visão.
É neste sentido que Oliveira (2005) faz a seguinte colocação:
(...) o ensino não pode mais ser somente o do trivium e do quadrivium. 
Em primeiro lugar, a escrita precisa dar conta dos contratos comerciais que 
são redigidos. Não pode ter mais, pois, a forma dos escritos solenes. (...) Ao 
contrário, precisa ser clara, rápida e exprimir energia, equilíbrio e gosto. (...) A 
língua não pode ser mais o latim, mas a língua vulgar. Os comerciantes, por 
exemplo, passam a utilizar as línguas das regiões onde o comércio está mais 
florescente. (...) Ao lado das mudanças na língua e na escrita, esta sociedade 
precisa aprender o cálculo. Seu ensino passa a ser feito de forma simples, 
com o uso de objetos práticos. Utiliza-se, por exemplo, o ábaco e o tabuleiro 
de xadrez. (...) Não menos importante passa a ser a aprendizagem de uma 
geografia prática. É preciso saber onde se localizam determinadas regiões, 
determinados portos, mapas que facilitem a localização de rotas marítimas 
(OLIVEIRA, 2005, p. 25).
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Neste período, expandiram-se as atividades comerciais e artesanais ocorrendo uma ascensão da 
burguesia. Iniciou-se a formação dos estados nacionais com apoio dos burgueses ricos. As invenções da 
imprensa e do papel contribuíram para a disseminação da educação e da cultura.
 Saiba mais
Para saber mais, consultar: STATERI, J.; OLIVEIRA, N. de; BARBOSA, T. 
C. Transição das concepções medievais – o Renascimento de Leonardo da 
Vinci. Disponível em: <http://www.panaceadesign.com.br/blog/downloads/
transicoesmedievais.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
A Reforma e a Contrarreforma
Durante o século XVI, a Europa foi abalada por uma série de movimentos religiosos que contestavam 
abertamente os dogmas da Igreja católica e a autoridade do papa. Estes movimentos, conhecidos 
genericamente como Reforma, foram de intenso cunho religioso, mas não apenas.
Tais transformações estavam ocorrendo concomitantemente às mudanças na economia 
europeia, assim como a ascensão da burguesia. Por isso, algumas correntes do movimento 
reformista se adequavam às necessidades religiosas da burguesia, ao valorizarem o homem 
“empreendedor” e ao justificarem a busca pelo lucro, sempre condenado pela Igreja católica. 
Moralmente, a Igreja estava em decadência e preocupava-se mais com as questões políticas e 
econômicas do que com as questões religiosas. Para aumentar ainda mais suas riquezas, recorria 
a qualquer subterfúgio, como, por exemplo, a venda de cargos eclesiásticos, de relíquias e, 
principalmente, das famosas indulgências, que foram a causa imediata das críticas feitas por 
Lutero. O papado garantia que cada cristão pecador poderia comprar seu perdão da Igreja. Além 
disto, a formação das monarquias nacionais, a partir de 1400, trouxe consigo um sentimento de 
nacionalidade às pessoas que habitavam uma mesma região, sentimento este desconhecido na 
Europa feudal, Esse fato motivou o declínio da autoridade papal, pois o rei e a nação passaram 
a ser mais importantes.
A ascensão da burguesia, além do papel decisivo que representou na formação das monarquias 
nacionais e no pensamento humanista, foi fundamental na Reforma religiosa. Na ideologia católica, 
a única forma de riqueza era a terra; o dinheiro, o comércio e as atividades bancárias eram práticas 
pecaminosas; trabalhar pela obtenção do lucro (que é a essência do capital) era pecado. A burguesia 
precisava, portanto, de uma nova religião, que justificasse seu amor pelo dinheiro e incentivasse as 
atividades ligadas ao comércio.
A doutrina protestante, criada pela Reforma, satisfazia plenamente os anseios desta nova classe, 
pois pregava o acúmulo de capital como forma de obtenção do paraíso celestial. Assim, grande parte da 
burguesia, ligada às atividades lucrativas, aderiu ao movimento reformista.
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Com a expansão da doutrina protestante, a Igreja católica protagonizou uma forte reação conhecida 
como Contrarreforma com o objetivo de recuperar o poder que vinha perdendo. Como reação à Reforma, 
o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento (1545-1563) para assegurar a unidade da fé católica e a 
disciplina dos sacerdotes. Foi reafirmada a infalibilidade papal e estabelecidas normas para a criação de 
seminários para a formação de eclesiásticos. Este concílio também ficou conhecido como Concílio da 
Contrarreforma.
A Educação
Pelo que já foi exposto, podemos perceber que a sociedade renascentista tinha um apreço muito 
grande pela Educação. Houve enorme crescimento e difusão de colégios e obras dedicadas aos alunos e 
professores. A educação passou a ser uma questão fundamental.
Os preceptores que ensinavam nos palácios dos nobres continuavam existindo, mas 
a burguesia que cresceu e ascendeu socialmente pretendia agora preparar os filhos para os 
negócios e a política. Com dinheiro sobrando, acabavam financiando universidades falidas em 
troca da educação dos filhos. Em relação à educação dos mais necessitados (o povo em geral), 
não havia nenhuma preocupação definida. A eles cabia a educação profissionalizante, ou seja, a 
aprendizagem de um ofício.
O ideal de educação laica não era muito fácil de ser cumprido naquele período, uma vez que a religião e 
as ordens religiosas eram as grandes detentoras do ensino. Mas, algumas iniciativas particulares, por parte 
de leigos, começaram a estabelecer escolas mais adequadas ao espírito dos ideais deste momento.
O termo “laico” refere-se a uma corrente de pensamento chamada laicismo que preconiza a 
separação entre as questões referentes ao Estado e as influências religiosas, ou seja, as responsabilidades 
concernentes ao Estado não devem sofrer pressões religiosas, mantendo-se neutras em relação à religião. 
Além disso, é importante destacar que o Estado laico não pode ser confundido com o Estado ateu.
Aranha (2006, p. 126) nos faz um relato interessante de uma escola leiga na Itália:
Muitas delas (escolas laicas) proliferaram na Itália, com destaque para o 
trabalho de Vittorino da Feltre (1373-1446) considerado o primeiro grande 
mestre de feitio humanista. Convidado para ser o preceptor dos filhos de um 
marquês, em Mântua, Itália, aí fundou uma escola, a Casa Giocosa, cuja divisa 
era: “Vinde, meninos, aqui se ensina, não se atormenta” o nome da escola 
reflete o novo espírito: giocosa, palavra italiana que significa “alegre” e vem 
do latim jocus, ou seja, divertimento, gracejo, e, daí, “jogo”. Feltre cuidava não 
só de recreação e exercícios físicos, mas do desenvolvimento da sociabilidade e 
do autodomínio. A sua escola oferecia cursos de equitação, natação, esgrima, 
música, canto, pintura e jogos em geral. A formação intelectual voltava-se 
para o ideal renascentista da mais ampla cultura humanística, com atenção 
especial ao ensino do grego e do latim. Embora objeto de cuidado, a disciplina 
pretendia ser menos rude e intolerante (ARANHA, 2009, p. 126).
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Além das iniciativas particulares por parte de leigos, a hegemonia católica no ensino também se 
via ameaçada pela Reforma Protestante que fazia pesadas críticas em relação à forma como a Igreja 
conduzia o ensino. Ao propor que todos pudessem ler e interpretar a Bíblia sem a interferência de 
padres, a educação tornava-se instrumento de divulgação da Reforma Protestante.
Lutero, com ideias diferentes daquelas predominantes, considerava que a escola, primária pelo menos, 
deveria ser para todos. Embora diferenciando a educação para os trabalhadores (básica, elementar: como ler, 
escrever e contar) da educação de nobres e burgueses (equivalente ao ensino médio e superior), os pensamentos 
de Lutero a respeito da educação eram bastante avançados para a época. Ele defendia a educação universal, 
pública e gratuita, criticando os castigos corporais, bem como os métodos da Escolástica.
Logicamente que, em relação às ameaças de perda do domínio e do monopólio do ensino, a Igreja 
apresentou uma rápida reação para combater a expansão de escolas protestantes e leigas. Desta forma, 
a Igreja incentivava a criação de ordens religiosas e colégios jesuítas, sendo essa uma postura decisiva 
nos rumos da educação católica.
A Companhia de Jesus, donde se origina o nome jesuíta, foi fundada por Inácio de Loyola, um soldado 
espanhol que, no decurso de sua recuperação de um ferimento em combate, foi acometido por uma devoção 
religiosa tal que se transformou em “soldado de Cristo”. O objetivo principal da ordem era o de propagar a fé 
católica, lutando contra os pagãos e hereges. Com este ideal espalharam-se pelo mundo: Europa, Ásia, África 
e América, mas logo perceberam que seria mais fácil difundir a fé conquistando os jovens e as crianças, pois 
os adultos mostravam-se intolerantes. E nada mais adequado para este fim do que a criação de escolas. A 
ação pedagógica dos jesuítas formou gerações e gerações de jovens por mais de duzentos anos. Em 1579, 
os jesuítas possuíam 144 colégios ao redor do mundo e no ano 1749 eles já eram 669.
A educação do Renascimento se deu em meio a severas críticas à tradição medieval. Era uma 
educação que buscava tornar-se cada vez mais laica para divulgar os ideais humanistas e burgueses. 
Embora a produção intelectual renascentista fosse bastante profícua, não temos nenhuma obra de 
conteúdo exclusivamente teórico ou filosófico a respeito da Educação, mas, sim, várias obras de diversos 
autores, recheadas de partes ou trechos dedicados à reflexão educacional, tais como textos de Erasmo 
de Roterdã (1467-1536); François Rabelais (1494-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592).
A exceção fica por conta de Juan Luis Vives (1492-1540), um espanhol que produziu uma vasta obra sobre 
Educação (sendo a principal parte dela Tratado do Ensino), além de ter escrito também sobre educação feminina.
6 o iluMiniSMo E a Educação
Renascimento e Iluminismo são movimentos intimamente entrelaçados e tentar definir datas para um 
e outro é mera questão didática. Chamamos de Iluminismo o movimento cultural que se desenvolveu na 
Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Os filósofos e economistas que defendiam as ideias 
iluministas julgavam-se “propagadores da luz” e do conhecimento. Alguns dos principais pensadores 
iluministas foram: René Descartes (“penso, logo existo”), Francis Bacon (“saber é poder”), Isaac Newton, 
John Locke, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Denis Diderot e Jean D’Alembert.
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O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram 
espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor desse 
movimento foi o matemático e filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do 
racionalismo. O Discurso do método foi o manifesto do movimento racionalista, que se iniciava com 
ele, registrando o que percebera antes de todos os outros. Descartes notou que no momento em que 
vivia (século XVII), estava acontecendo a exaustão do pensamento tradicional, herdeiro da Escolástica 
medieval. O filósofo, de certo modo, queria resgatar para o racionalismo moderno a tradição dos 
grandes geômetras antigos, da Grécia clássica, como Euclides e Zenão, trazendo o rigor e a exigência 
deles para reforçar as capacitações da mente humana, entravadas pela superstição e pelas seduções 
da fé.
A partir do Renascimento e do Iluminismo, percebemos que a sociedade foi se desenvolvendo de tal 
forma que, entre os séculos XVII e XVIII, o triunfo da razão e da ciência foi consolidado. O racionalismo 
e a racionalização do mundo, da vida, do trabalho etc., que se inicia no Renascimento teve seu auge no 
século XIX, sendo coroado pela ciência e pelo cientificismo. Tal ideia quer dizer o seguinte: tudo pode ser 
racionalizado, equacionado e, portanto, conhecido de maneira precisa e científica (com o uso da razão 
e não mais da religião). Toda confiança é depositada na ciência e na utilização adequada dos métodos 
de investigação científica como sendo capazes de desvendar as leis do mundo natural, físico, biológico 
e social. Aquela mentalidade que no Renascimento estava começando a se tornar laica, definitivamente 
se desvincula das questões sagradas para se definir como científica.
Principais características do Iluminismo:
• Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo 
de conhecimento.
• Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento 
tanto da natureza quanto da sociedade.
• Crença nas leis naturais que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento 
humano, nas sociedades e na natureza.
• Crença nos direitos que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade e à posse de 
bens materiais.
• Crítica ao absolutismo e aos privilégios da nobreza e do clero.
• Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei.
• Crítica à Igreja católica, embora não se excluísse a crença em Deus.
Podemos ainda citar as seguintes características que proporcionaram grande avanço científico ao 
Iluminismo:
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• Descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua.
• Descoberta da existência da pressão atmosférica.
• Conhecimento do comportamento dos espermatozoides.
• Invenção do primeiro microscópio por Robert Hooke (1635-1703). Esse cientista criou o termo 
célula, hoje comum em Biologia.
• Identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea.
• Descoberta do princípio das vacinas — a introdução do agente causador da moléstia no organismo 
para que este produza suas próprias defesas.
• Eletricidade.
• Invenção da primeira máquina de calcular.
• Formulação de uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre.
• Descoberta dos protozoários e das bactérias.
• Surgimento de uma nova ciência — a Geologia —, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que 
explica a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias e do 
mito de Adão e Eva.
As principais revoluções burguesas frutos do Iluminismo: Revolução Industrial Inglesa e 
Revolução Francesa de 1789
Já no Renascimento, como vimos acima, iniciou-se uma nova forma de relação econômica: a comercial, 
constituindo-se como a primeira fase do capitalismo. Foi uma fase embrionária, de transição do feudalismo 
para um novo sistema econômico que estava se estabelecendo, mas que só ia começar a se consolidar 
definitivamente no mundo com o final da RevoluçãoFrancesa e com a Revolução Industrial Inglesa.
A Revolução Industrial Inglesa
A Revolução Industrial Inglesa causou uma intensa modificação na forma de se produzir a vida 
material. Se antes a confecção de objetos era realizada nas manufaturas, de forma artesanal, com 
a criação das máquinas, a fabricação atingiu outros patamares. A energia humana foi sensivelmente 
poupada pela energia proveniente das máquinas e o modo de produção doméstico foi gradativamente 
sendo substituído pelo sistema fabril.
Em meados do século XVIII, por volta de 1750, com a Revolução Industrial, a Inglaterra inicia um 
processo de transformação social e econômica que vai resultar no fim do feudalismo.
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Com finalidades didáticas, os compêndios de História nos informam que a industrialização inglesa 
passou por três períodos distintos:
Quadro 2
1760/1850
Revolução restrita à Inglaterra, ficando conhecida como a “oficina do mundo”. Não há concorrência.
Produção predominante: bens de consumo, como os produtos têxteis, por exemplo.
Uso da energia a vapor.
1850/1900
Revolução se amplia: o mundo todo se industrializa. Inicia-se um período de concorrência entre as 
nações industrializadas.
A produção não é apenas de bens de consumo, mas de bens de produção, como as máquinas.
Cresce o número de ferrovias.
Invenção da locomotiva e do barco a vapor.
Utilização de diferentes fontes de energia, como hidroelétricas e derivados do petróleo.
1900 aos dias 
atuais
Surgimento dos conglomerados industriais, das multi e transnacionais.
A produção se automatiza.
Surge a produção em série.
Expansão dos meios de comunicação.
Expansão da sociedade de consumo.
Expansão da indústria química e eletrônica, da engenharia genética e da robótica.
A Revolução Inglesa propiciou um avanço das relações econômicas capitalistas e, como consequência, 
o mundo assistiu à ascensão da burguesia, que possibilitou o surgimento das chamadas revoluções 
burguesas.
Obviamente, a Revolução Industrial não aconteceu de repente e nem por acaso. Ela foi sendo 
lentamente gestada desde a Idade Média, alcançando seu apogeu na Inglaterra do século XVIII, uma vez 
que este país apresentava condições especiais para o seu florescimento. As invenções que iniciaram o 
processo de mecanização da produção ocorreram na área têxtil. As indústrias deste setor localizavam-se 
em Lancaster, bem próximas ao porto de Liverpool, cuja localização era privilegiada, pois fazia a ligação 
com o comércio colonial, recebendo o algodão que vinha das Antilhas, do Brasil e das colônias inglesas 
da América.
Nas antigas manufaturas, o trabalhador ainda detinha algum controle e conhecimento técnico sobre 
aquilo que ele produzia, pois ainda não existia o trabalho em série e nem uma organização rígida do 
trabalho. Nas fábricas e indústrias isto se modificou completamente. Neles, a organização do trabalho 
ampliou o controle do dono da fábrica e do industrial sobre o trabalhador, implicando no estabelecimento 
de uma hierarquia e de uma ordem inexistente nas manufaturas artesanais e nas antigas oficinas. Assim, 
junto com as primeiras fábricas e indústrias têxteis da Inglaterra, surge também um operário disciplinado 
para o trabalho no mundo capitalista.
A Inglaterra foi um verdadeiro celeiro de invenções de máquinas. Os mais diversos equipamentos 
de fiar foram sendo criados e aperfeiçoados. O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright em 
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1785. Esta invenção propiciou esplêndido aumento da produção de tecidos. Outra invenção importante 
para o setor têxtil foi a máquina de descaroçar algodão, elaborada por Eli Whitney em 1792.
Vale ressaltar que as descobertas deste período inicial da Revolução Industrial não estavam atreladas 
ao conhecimento científico, nem à pesquisa científica, ou seja, não eram frutos de uma educação formal 
e institucionalizada nas universidades, mas, sim, frutos da experiência cotidiana com o trabalho.
Mas, na fase subsequente da Revolução Industrial, a experiência cotidiana não dava mais conta 
de alimentar o mercado das inovações. A criação de máquinas mais sofisticadas e o uso de diferentes 
matérias-primas, como o petróleo e a borracha, exigiam um novo tipo de pesquisa, agora sim, ligada à 
ciência moderna e à educação formal.
Já no final do século XIX, a revolução tecnológica, que possibilitou a Revolução Industrial, ganhou 
novas dimensões e propiciou grandes transformações com a construção dos motores elétricos, com os 
cabos que possibilitam a transmissão de energia para longas distâncias, com a criação das lâmpadas e 
do telégrafo sem fio, bem como o aperfeiçoamento do telefone. Todas estas criações foram frutos da 
interação entre ciência e tecnologia, ou seja, com a presença da educação formal institucionalizada e 
direcionada para determinado fim.
A mecanização da indústria inglesa e os avanços técnicos ocorridos na Inglaterra possibilitaram o 
desenvolvimento das indústrias de mineração, da metalurgia, da tecelagem e dos transportes. A ciência 
se uniu à tecnologia para melhorar a forma de bombear a água e de extrair minérios do fundo das 
minas, fazendo com que o carvão, fonte de energia, ficasse mais barato. Desta forma, todos os tipos de 
fábricas e indústrias se beneficiaram, tais como a de fiação, de tecidos, de cerveja, de papel e moinhos 
de grãos.
Como o trabalhador estava vivendo em meio a esta nova sociedade? Como era seu dia de trabalho? 
Como já dissemos acima, a disciplina era uma exigência do novo mundo industrial que se agigantava. 
E neste mundo, tanto o relógio de ponto quanto aquele que marca as horas são tão exigentes quanto 
o patrão, de tal forma que o trabalhador deve obedecê-los para cumprir melhor o horário determinado 
pela aceleração e desaceleração da máquina e não mais seu relógio biológico. Se antes o homem pobre 
era, pelo menos, dono de seu próprio tempo, agora nem isto lhe pertencia mais (“time is money” / 
”tempo é dinheiro”).
Com a invenção da máquina a vapor, as fábricas passaram a se localizar ao redor das cidades. O 
trabalho infantil e feminino era amplamente utilizado e de forma absolutamente precária.
Podemos perceber que os primórdios da Revolução Industrial, com todo seu potencial de renovação 
tecnológica, foram de muito sofrimento para a população pobre e desvalida. Se até o século XVIII, 
uma cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5.000 habitantes, Londres atingiu, 
em 1800, um milhão de habitantes. Pode-se imaginar o impacto disto na vida cotidiana das pessoas. 
As cidades tiveram aumento populacional e, por consequência, sofreram muitas transformações. Os 
trabalhadores que se espremiam pelas cidades, recebiam salários muito baixos e viviam em péssimas 
condições. As cidades foram se modificando, perdendo vitalidade e brilho, rapidamente engolidos pela 
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fumaça escura das chaminés das fábricas que se amontoavam. As condições de vida e de trabalho 
eram caracterizadas pela miséria, uma vez que não havia uma legislação trabalhista. A exploração era 
ainda maior em relação às mulheres e crianças, que podiam começar a trabalhar aos seis anos de idade. 
Sem uma legislação definida, a jornada de trabalho poderia ser superior a quinze horas. Os prédios das 
fábricas eram tão insalubres quanto as moradias dos trabalhadores, ambientes sem ventilação e pouco 
iluminados.
Mal alimentados e mal pagos, os operários habitavam bairros das cidades industriais sem qualquer 
infraestruturade água e de esgotos; moravam em cômodos cujas famílias viviam em promiscuidade, 
convivendo com doenças intestinais, tuberculose, alergias, asma, raquitismo etc. Ao referir-se a um 
desses bairros operários de Londres, assim se expressou Friedrich Engels:
Não há um único vidro de janela intacto, os muros são leprosos, os batentes 
das portas e janelas estão quebrados, e as portas, quando existem, são feitas 
de pranchas pregadas. (...) Aí moram os mais pobres dentre os pobres, os 
trabalhadores mal pagos misturados aos ladrões, aos escroques e às vítimas 
da prostituição... Um lugar chocante, um diabólico emaranhado de cortiços 
que abrigam “coisas humanas” arrepiantes, onde homens e mulheres imundos 
vivem de dois tostões de aguardente, onde colarinhos e camisas limpas são 
decências desconhecidas, onde todo cidadão carrega no próprio corpo as 
marcas da violência e onde jamais alguém penteia os cabelos” (BRESCIANI, 
1996, p. 25-26).
O que se pensava a respeito da classe operária inglesa?
• A multidão de trabalhadores nas ruas era uma ameaça à ordem e à moral, pois nela confundiam-
se indivíduos honestos com bandidos, batedores de carteira, prostitutas etc.
• Para a classe dominante, a multidão representava uma ameaça às instituições e à propriedade.
• Os trabalhadores não gozavam de direitos ou amparo social (como assistência médica, 
aposentadorias, pensões), estando sujeitos a multas e castigos.
• As greves ou associações de classe eram consideradas “casos de polícia” e duramente reprimidas 
pelos governos.
A Revolução Francesa
Para muitos sociólogos e historiadores, a Revolução Francesa fez parte de um movimento 
revolucionário global, atlântico ou ocidental, que começa nos Estados Unidos em 1776, atinge Inglaterra, 
Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça e, em 1789, culmina na França com violência maior. 
O movimento passa a repercutir em outros países europeus e volta à França em 1830 e 1848. Há traços 
comuns em todos esses movimentos, mas a Revolução Francesa tem identidade própria, podendo ser 
percebida nas seguintes manifestações:
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• Tomada do poder pela burguesia.
• Participação de camponeses e artesãos.
• Superação das instituições feudais do Antigo Regime.
• Preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial.
A Revolução Francesa foi consequência direta das ideias das luzes, difundidas pelos intelectuais e 
pensadores dos séculos XVII e XVIII que, em geral, asseguravam ser o homem vocacionado ao progresso 
e ao autoaperfeiçoamento ético. Percebeu-se que a ordem social não é divina, e sim construída pelos 
próprios homens, portanto sujeita às modificações e alterações substanciais. Era possível, segundo a 
maioria dos iluministas, por meio de um conjunto de reformas sociopolíticas, melhorar a situação jurídica 
e material de todos. Sendo assim, não se podia mais aceitar que a realeza francesa, especialmente a figura 
do rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes, vivesse em castelos luxuosos 
(como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de 
veraneio da família real e da elite), não pagasse impostos e que continuasse a promover banquetes à 
custa do dinheiro público.
Desta forma, tornou-se inadmissível aceitar um governo absolutista e despótico, que desconsiderava 
o povo e suas necessidades, que vivia no luxo e na inércia, que era opressor e desperdiçava dinheiro com 
imensas futilidades, enquanto muitos passavam fome. Não havia mais como explicar que este era um 
desejo divino e que esta ordem social derivava diretamente da vontade de Deus.
Neste quadro composto por ostentações e gastos excessivos da nobreza, e por fome e privações 
de toda ordem do povo, a burguesia (que não era nobre nem pobre) experimentou um imenso 
crescimento, pois a França passava por um grande período de desenvolvimento econômico. Surgiram 
as primeiras indústrias de ferro e de carvão e o comércio internacional quadruplicou o seu volume. 
Mas, sendo um país absolutista, a França era governada por um rei com poderes soberanos, ou 
seja, que controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a 
falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma 
de governo.
A sociedade francesa do século XVIII (século das luzes) era estratificada e hierarquizada. No topo da 
pirâmide social estava o clero (também chamado de Primeiro Estado). Abaixo do clero, havia a nobreza 
(Segundo Estado) formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam 
de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo Terceiro Estado (trabalhadores, 
camponeses e burguesia) que, como foi dito anteriormente, sustentava toda a sociedade com seu 
trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior ainda era a condição de vida dos desempregados, 
cujo número aumentava em larga escala nas cidades francesas.
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, e, portanto, havia um desejo de 
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, 
ansiava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.
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A burguesia cresceu e diversificou suas atividades e seus lucros. No entanto, permaneceu às margens 
das decisões políticas do Estado absolutista, dominado pela aristocracia (alto clero e alta nobreza). A 
situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande, que o povo foi às ruas com o 
objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI.
O descontentamento era generalizado entre burguesia e povo (trabalhadores, desempregados, e 
camponeses). Mas a insatisfação era ainda maior para a primeira porque, mesmo sendo numerosa, 
instruída e rica, achava-se impossibilitada de conseguir ascensão social e participação política, sendo 
que até as poucas conquistas que já tinham obtido foram revogadas. As tentativas de reforma operadas 
pelo rei Luís XVI fracassaram, por irem contra os interesses do alto clero e nobreza, intensificando a 
revolta burguesa. Ficou claro para eles que, enquanto a aristocracia mantivesse seus poderes por meio 
dos parlamentos e dos cargos administrativos, nenhuma decisão que contrariasse seus interesses poderia 
ser tomada. Cresceram as críticas aos fundamentos do Antigo Regime.
Contra a sociedade de ordens e de privilégios do Antigo Regime, os iluministas sugeriram um 
governo (monarquia ou república), mais constitucional e parlamentar. A burguesia convocou, então, 
os trabalhadores para uma aliança sem tréguas contra a nobreza, com a finalidade de implantar 
um novo regime político: a república. Os trabalhadores e desempregados aderiram em massa a este 
levante, que foi vitorioso. Os burgueses aliaram-se ao povo, aos sans-culottes, aos trabalhadores 
(desempregados ou não), e aos camponeses. O início da moderna sociedade burguesa não melhorou 
as condições de vida dos mais pobres e o lema da revolução, “liberté, egalité, fraternité” (liberdade, 
igualdade, fraternidade) que se universalizou, tornando-se, no transcorrer do século seguinte, 
uma bandeira de toda humanidade, teve, desde o início, o gosto de sonho não realizado. Mas, 
indiscutivelmente, a Revolução de 1789 inaugurou uma nova era, um período em que não se 
aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos critérios de 
casta, determinados pelo nascimento. Só se admitiria, a partir de então, um governo que fosse 
legitimado constitucionalmentee submetido ao controle do povo por meio de eleições periódicas. 
Logo no início da Revolução, no dia 20 de agosto de 1789, a Constituinte votou a Declaração de 
Direitos do Homem e do Cidadão.
A Revolução Francesa de 1789 foi o maior levante de massas até então conhecido, fazendo por 
encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para as revoluções liberais de 1830 e para a consolidação 
da modernidade, sendo o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história 
contemporânea, dando princípio à era moderna. Nela, tudo teve seu início ou sua consagração.
O legado da Revolução Francesa
• Proclamação do Estado secular: separação do Estado da Igreja.
• Participação popular pelo voto.
• Instrução pública, laica, estatal e gratuita.
• Serviço militar generalizado e os direitos da cidadania.
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• Igualdade dos filhos perante a herança e de todos perante a lei.
• Divórcio.
• Abolição das torturas e dos castigos físicos.
• Primórdios da emancipação feminina levada a diante por Théroigine de Méricourt.
• Extensão da cidadania aos judeus.
• Condenação da escravidão e o sonho idealista de que devemos viver em liberdade, igualdade e 
fraternidade.
Podemos afirmar que a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Francesa fazem parte das revoltas 
que aconteceram por toda Europa. São revoluções burguesas na medida em que acontecem com o 
objetivo de consolidarem o poder econômico da burguesia e garantir-lhe a ascensão ao poder político. 
Durante os séculos XVII e XVIII, por todo o mundo, ela se colocará como uma classe social revolucionária, 
capaz de destruir a antiga ordem feudal, firmar o capitalismo emergente e garantir que o Estado possa 
suprir suas necessidades. Vimos com mais detalhes apenas a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, 
mas outras manifestações aconteceram tais como, a Revolução Gloriosa e a Revolução Puritana, na 
Inglaterra, a Independência dos EUA, a Independência da América Espanhola e as Revoluções Liberais 
de 1830.
Todas elas partilharam os ideais do Iluminismo, como o liberalismo e o nacionalismo, conceitos que são 
os pilares das sociedades modernas. Portanto, o que estas revoluções têm em comum é, principalmente, 
o fato de consolidarem a modernidade.
 Saiba mais
Para saber mais, consultar: BOTO, C. Na Revolução Francesa, os princípios 
democráticos da escola pública, laica e gratuita: o relatório de Condorcet. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n84/a02v2484.pdf>. 
Acesso em: 24 mai. 2011.
A Educação na sociedade iluminista
A sociedade descrita acima caminhava a passos largos para a sedimentação da modernidade.
A educação do século XVIII (a partir de 1700) em meio ao iluminismo e ao início desta sociedade 
moderna, segundo Luzuriaga (2001, p. 150), caracterizou-se basicamente pelos seguintes 
aspectos:
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• Desenvolvimento da educação estatal.
• Início da educação nacional, do povo pelo povo ou por seus representantes políticos.
• Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária, que ficou 
estabelecida em linhas gerais.
• Iniciação do laicismo no ensino com a substituição do ensino de religião pela instrução moral e 
cívica.
• Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade.
• Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os 
países.
• Primazia da razão, crença no poder racional dos indivíduos e dos povos.
• Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação (LUZIRIAGA, 2001, p. 
150).
O desenvolvimento da educação estatal significou, basicamente, que o Estado devia assumir a 
responsabilidade de controlar o processo educativo e que o mesmo devia oferecer instrução à juventude, 
com conhecimentos úteis e científicos. Esta tendência aconteceu primeiramente na Alemanha, e em 
seguida na França.
Já em relação ao início da educação nacional, podemos dizer que toda educação europeia 
sofreu sensíveis modificações, produzidas, principalmente, por conta das transformações políticas 
causadas pela Revolução Francesa. Desta forma, a educação que a monarquia absolutista concebia 
como sendo do “súdito”, converte-se em educação “nacional”, do “cidadão” que deveria participar 
das decisões do governo de seu país. Se antes predominava uma educação para a obediência, 
como um dever imposto, agora vigora uma para a liberdade, um direito do cidadão, podendo ser 
devidamente exigida.
Em relação às ideias pedagógicas importantes para a educação neste momento, devemos destacar 
as contribuições de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi.
Jean-Jacques Rousseau
Rousseau não foi um educador como Comenios ou Pestalozzi, mas sem dúvida foi um pensador 
que muito influenciou nos rumos da educação na modernidade. Autor de importantíssimas obras nos 
campos da filosofia, da política e até da literatura como Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso 
sobre a desigualdade entre os homens, A nova Heloísa e O contrato social, elabora também O Emílio ou 
Da Educação, obra bastante influente nos rumos da educação.
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Alguns princípios essenciais da educação para Rousseau:
• Humanismo.
• Naturalismo.
• Liberdade.
• Aprendizado pela experiência.
• Reconhecimento da infância como fase distinta, com características próprias.
• Educação como um desenvolvimento natural de dentro para fora, e não contrário.
Johann Heinrich Pestalozzi
Pestalozzi nasceu na Suíça em 12 de janeiro de 1746. Vários biógrafos e historiadores se referem a 
ele como sendo um dos maiores gênios da educação. Neste sentido, Luzuriaga (2001) afirma ser ele “o 
maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por excelência...”.
Pestalozzi foi fortemente influenciado pelas ideias de Rousseau. Depois de casado, mudou-se com a 
família para uma granja de sua propriedade e a converte num estabelecimento de educação para meninos 
pobres que lá aprendem trabalhando. Esta foi sua primeira experiência educacional, que durou cerca de 
seis anos. Após este período, Pestalozzi se dedicou a uma intensa produção literária e publicou, em 1780, 
os Serões de um solitário, Leonardo e Gertrudes e Cristóvão e Elisa. Após a Revolução Francesa, em 1797, 
publicou Minhas investigações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento do gênero humano.
A segunda experiência educativa de Pestalozzi se deu por meio do asilo de Stanz, no qual abrigou 
mais de quatrocentos órfãos de guerra. Seu terceiro envolvimento educacional aconteceu em Burgdorf, 
inicialmente numa escola pobre e depois no castelo da povoação. Naquela cidade, Pestalozzi alcançou 
o auge de suas atividades. Foi neste momento que veio à tona sua obra mais importante em matéria de 
educação e pedagogia Como Gertrudes instrui a seus filhos.
A última fase de atividades que Pestalozzi desenvolveu com relação à educação aconteceu no 
Instituto de Iverdon, no qual se estabeleceu já com sessenta anos e trabalhou ativamente por mais 
vinte. Sua última obra foi O canto do cisne.
Elencamos abaixo as principais ideias de Pestalozzi que, segundo Luzuriaga, têm valor positivo para 
a educação:
• Educação humana baseada na natureza espiritual e física da criança.
• Educação como desenvolvimento interno e formação espontânea, embora necessitada de direção.
• Educação baseada nas circunstâncias em que se encontra o homem.
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• Educação social e escola popular, contra a anterior concepção individualista da educação.
• Educação profissional subordinada à educação geral.
• Intuição como base da educação intelectual e espiritual.
• Educação religiosa íntima, não confessional (Luzuriaga, 2001, p. 178).
Educação, sociedade e cultura no século XX: a democratização do ensino
O século XX (bem como esta primeira década do século XXI) foi gestado em meio a guerras, 
revoluções e conflitos étnicos, religiosos, políticos e econômicos. Foi o século das revoluções 
socialistas, causando a implantação do primeiro governo com tais ideais a partir da Revolução 
Russa. Também, durante o século XX, o nazismo de Hitler foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, 
mas, infelizmente, nos últimos tempos, tem havido um aumento de manifestações de intolerância 
xenofóbica e neonazista.
Após a Segunda Guerra, o mundo ficou dividido em dois blocos: a hegemonia capitalista americana 
de um lado e o comunismo soviético de outro, com ambos disputando a supremacia mundial durante 
quase meio século, por meio daquilo que ficou conhecido como Guerra Fria. Os ideais socialistas da União 
Soviética para todo o planeta não se realizaram e o sonho de uma sociedade igualitária se transformou 
em desconfiança. Com o fim da URSS, a nova ordem econômica mundial passou a ser ditada pelo 
capitalismo globalizado. Ao lado de tudo isto, o desenvolvimento tecnológico do século XX foi o mais 
incrível da história da humanidade. As conquistas científicas propiciaram o surgimento de invenções 
cada vez mais sofisticadas, que revolucionaram os meios de transportes (metrôs, automóveis e aviões) e 
as comunicações (cinema, rádio, televisão e internet), mudando totalmente a forma como o homem se 
relacionava com o tempo e com o espaço.
Inegavelmente estamos vivendo uma era de progressos sem precedentes, mas isso traz um preço a ser 
pago. Se a ciência e a tecnologia têm gerado cada vez mais conforto material e rapidez nas transações, 
bem como proporcionado a produção abundante de alimentos, isto não está disponível a todos. As 
contradições do mundo capitalista globalizado são imensas. O planeta ainda sofre com as guerras, a 
intolerância e a fome. Além disto, o domínio da natureza e a conquista do mundo estão colocando em 
risco a sobrevivência do planeta.
O século XX foi um século de vários conflitos, sempre envolvendo muita violência e disputas 
econômicas, políticas, ideológicas e religiosas, incluindo as duas grandes Guerras Mundiais.
Em ordem cronológica, veja os principais conflitos do século XX:
• Primeira Grande Guerra (1914-1918).
• Revolução Russa (1917).
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• Instauração do fascismo na Itália (1922-1945).
• Quebra da bolsa de Nova Iorque (1929).
• Instauração da ditadura militar de Salazar em Portugal (1932-1968).
• Nazismo na Alemanha (1933-1945).
• Instauração da ditadura de Franco, na Espanha (1939-1969).
• Segunda Grande Guerra (1939-1945).
• Bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki (1945).
• Instauração da República Popular da China (1949).
• Revolução Cubana (1959–).
• Guerra do Vietnã (1963-1973).
• Golpe militar no Brasil (1964-1984).
• Queda do muro de Berlin (1989).
• Desagregação dos Estados socialistas (1991).
• Atentado terrorista em Nova York (11-09-2001).
• Guerra do Iraque (2003–).
No entanto, também foi um século de muitas conquistas sociais e de imensos avanços científicos e 
tecnológicos.
Entre as conquistas sociais, podemos citar:
• Extensão do direito de voto às mulheres e aos analfabetos.
• Intensificação dos direitos do cidadão.
• Mais direitos às mulheres, às crianças, aos trabalhadores, aos idosos, às etnias e às minorias.
• Intensificação dos direitos e defesa do meio ambiente e dos animais.
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Entre os avanços científicos e tecnológicos podemos citar:
• Invenções: automóvel, avião, cinema, rádio, televisão, computador, TV de plasma e TV digital, 
telefone, máquina de lavar, ar condicionado.
• Voos espaciais, a chegada do homem à Lua, satélites artificiais visitando vários corpos celestes, 
inclusive alguns fora do nosso sistema solar.
• Descoberta dos antibióticos, de várias vacinas, dos contraceptivos orais, desenvolvimento de novas 
técnicas de tratamento para várias enfermidades até então irreversíveis, como diversos tipos de 
câncer, o Mal de Parkinson e as doenças do colágeno, dentre outras.
• Criação da internet, telefone celular, a banda larga substituindo gradativamente a conexão 
discada, as antigas fitas VHS sendo trocadas pelos DVDs, além do desuso dos disquetes, cujo lugar 
passou a ser ocupado agora pelos CD-ROMs e pelos pen drives.
A Educação no século XX
Não é tarefa fácil nem simples caracterizar em linhas gerais a Educação do século XX. Apesar disso, 
alguns elementos podem ser destacados, como, por exemplo, a democratização da educação e do ensino. 
O ideal de democratizar a educação está presente, pelo menos em alguma medida, entre os pensadores, 
já a partir do Renascimento.
Mas, é no século XX que este ideal vai se espalhar com mais vigor, apesar das guerras, revoluções, conflitos e 
disputas. Várias reformas na Educação têm sido conduzidas em países europeus e americanos visando, entre outros 
objetivos, a democratização do ensino, além da tendência cada vez mais evidente de universalização da educação.
Algumas propostas educacionais de John Dewey para uma sociedade democrática
John Dewey inicia a elaboração de suas teorias sobre o processo educativo em 1894. Sua intenção 
era encontrar o sistema educacional mais adequado para a contemporaneidade. Com este objetivo, 
funda em 1897 uma escola experimental, o Laboratório, patrocinado pela Universidade de Chicago. A 
escola deveria ser uma instituição onde se transmitem de maneira viva, os grandes avanços do século. 
Tinha como proposta que a escola fosse uma sociedade em miniatura, já que a mesma podia refletir 
todos os aspectos sociais. Para Dewey, a democracia era um destes avanços e poderia ser aprendida 
por meio da educação escolar que deveria proporcionar o conhecimento com o “aprender fazendo” e o 
“aprender sentindo”, possibilitando uma convivência harmoniosa entre as diferentes classes sociais.
Em 1916, publicou sua mais importante obra Democracia e Educação, em cujas páginas deixa claro que 
uma sociedade democrática plenamente educada é o único meio aceitável de organização e governo social.
Com ideias avançadas e contrárias à educação tradicional, John Dewey foi um dos mais importantes 
representantes do movimento reformista da Educação, também denominado Escolanovista, que se 
intensificou nos Estados Unidos no final do século XIX.
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As novas propostas educacionais de Dewey incluíam a proposta de que os conteúdos ministrados 
fossem úteis e necessários à sociedade capitalista. A democracia tinha que estar articulada com a escola, 
com a sociedade e com o mundo do trabalho. A escola deveria oferecer condições para que todos, 
independentemente da classe social, participassem eficazmente na vida social. Para Dewey, a educação 
deveria contribuir para abolir privilégios e injustiças.
A crença de Dewey era que, à medida que a escola formasse pessoas diferentes, estaria contribuindo 
para a mudança da sociedade. Se a estrutura interna da escola e as matérias de estudos com seus 
respectivos conteúdos fossem orientadas

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