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História da África do Século

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História da África do Século XX
Resumo da Aula 01 – O Tráfico e as Suas Transformações no Século XX
Em 1839, os escravos que saíram da atual Serra Leoa estavam sendo levados ilegalmente para Cuba, quando se revoltaram e tomaram o navio. Como estavam próximos da costa estadunidense, toda a tripulação foi levada para os EUA pelos ingleses que realizavam o policiamento, e lá começou uma implacável batalha jurídica para decidir qual seria o destino daqueles africanos escravizados.								A chegada dos europeus no continente americano redimensionou o tráfico de africanos no atlântico, fazendo desse comércio um dos mais lucrativos da época. Embora milhares de indígenas tenham sido dizimados ou escravizados pelos colonos europeus, tais populações, em tese, estavam protegidos pela Igreja Católica, que depois de calorosos debates durante as três primeiras décadas do século XVI, havia decidido que os índios da América possuíam alma. Consequentemente, não poderiam ser escravizadas. Já os negros africanos eram vistos como infiéis, e a única forma que eles tinham de salvar-se era passar pelo purgatório em vida. Esse purgatório era a escravidão.									As primeiras grandes levas de africanos escravizados saíram da região que hoje corresponde aos países de Congo e Angola. Logo em seguida, entre os séculos XVI e XVII, portugueses e outras nações europeias como os franceses, holandeses e ingleses começaram a comprar africanos escravizados da região que ficou conhecida como Costa do Ouro (atual Gana) onde habitava sociedades acans, fantis e mandingas. Por outro lado, o reino do Benin se transformou em um grande fornecedor de escravos para os europeus e brasileiros. E assim, o tráfico de escravos tornou-se uma das atividades mais rentáveis de todo o mundo.			Nas últimas décadas do século XVIII, os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, defendidos na Revolução Francesa, marcaram o fim do Absolutismo e viabilizaram a construção de um novo modelo de sociedade. A escravidão também foi tema de debates políticos em muitas nações europeias, chegando inclusive a ser combatida. A Revolução Norte-Americana (1776) foi o primeiro evento de grandes proporções baseado nos princípios do iluminismo que rompeu os paradigmas da colonização europeia, embora não tenha abolido a escravidão. Já na região caribenha, os ideais da Revolução Francesa foram levados ao extremo, viabilizando o que foi a maior revolução de escravos da história humana: a revolução do Haiti (1790).										As mudanças econômicas geradas pela Revolução Industrial criaram outras necessidades aos países europeus. Em primeiro lugar, era preciso ampliar o mercado consumidor dos produtos manufaturados produzidos na Europa. Em segundo, para que a produção fosse feita em larga escala era preciso um grande estoque de matéria-prima que, grosso modo, não era encontrado na Europa a custos baixos. Como a grande maioria das colônias americanas já havia declarado sua independência, os países europeus precisavam achar esses produtos primários em outro lugar. E esse lugar era a África.				A abolição do tráfico transatlântico de escravos, decretada pela Inglaterra em 1807, viabilizaria a primeira porta de entrada dos europeus na África. Embora algumas regiões africanas (como Angola e Moçambique) tenham mantido o comércio até meados do século XIX (Brasil e Cuba continuaram importando grande número de africanos escravizados até a década de 1850), após 1807, a maior parte das sociedades africanas envolvidas no tráfico se viu obrigada a reestruturar sua economia, para manter as redes internacionais de comércio que haviam construído com nações europeias anos atrás. A partir do século XIX, as elites político-econômicas de Achanti (Império da Costa Ocidental africana) que, ao longo do século XVIII estabeleceram sua rede de comércio por meio da venda de ouro e escravos, viram-se obrigadas a produzir gêneros tropicais para sustentar suas negociações com comerciantes europeus. Se em um primeiro momento, a substituição de escravos por gêneros tropicais parecia não causar danos imediatos, no médio prazo diversas sociedades africanas sofreram crises que as enfraqueceram politicamente.								Com o fim do tráfico, boa parte dos grupos africanos dominados viu-se livre não só das taxações, mas também da obrigatoriedade política de fazer parte desses Estados que os controlavam. Paralelamente, regiões islamizadas da África Ocidental atravessavam um processo de mudança, no qual as jihads passaram a ser chefiadas por líderes autóctones, criando novas dinastias e, consequentemente, novos reinos que não tinham uma forte unidade política estabelecida. Na parte sul da África, a instabilidade gerada pelos conflitos entre os zulus e os africânderes também facilitou a entrada de europeus, sobretudo dos ingleses.
 Resumo da Aula 02 – Missionários e Expedicionários na África
Graças à vulnerabilidade econômica e à instabilidade política em diferentes regiões africanas, os europeus sentiram-se à vontade para iniciar o seu processo de roedura. Com interesses múltiplos, diversas nações europeias iniciaram uma exploração aparentemente pacífica do interior africano. Os comerciantes europeus já eram conhecidos entre as sociedades africanas envolvidas no comércio de africanos escravizados. A relação comercial foi o principal vínculo entre a Europa e a África entre o século XV e meados do século XIX. É importante ressaltar que as sociedades africanas vendiam gêneros básicos (óleo de palma e amendoim, por exemplo) em troca de produtos manufaturados (sobretudo os tecidos produzidos nas fábricas inglesas).								A entrada maciça de manufaturas serviu para abalar ainda mais as sociedades africanas que ainda se recuperavam das transformações econômicas causadas pelo fim do tráfico transatlântico. Muitos artesãos acabaram sendo obrigados a largar suas oficinas de produção para engrossar a massa de trabalhadores nas lavouras destinadas a abastecer o mercado externo. Ainda que muitos missionários tenham se preocupado em compreender as diferentes culturas africanas com as quais entraram em contato, o principal objetivo das missões era converter não apenas à fé cristã mas também à cultura da Europa ocidental.	Mesmo que as missões religiosas tivessem nobres intenções, a catequese foi um desastre. As chamadas sociedades tradicionais africanas reconheciam nos chefes religiosos uma importante autoridade política e tinham o culto aos deuses e antepassados como uma das formas de preservar sua memória. A imposição de um novo Deus e de novos valores morais acabou alterando padrões de vida milenarmente construídos, enfraquecendo, assim, muitos povos africanos.										Desde o início de sua relação com a África, os europeus tinham o objetivo de conhecer aquele continente que, para eles, era uma mistura de barbárie e exotismo. A soberania das sociedades africanas e as epidemias de malária e febre amarela, contudo, impediram que os europeus adentrassem o continente africano de forma sistemática até meados do século XIX. Mesmo assim, o continente africano passou a ser visto como o futuro celeiro da Europa devido a mão de obra barata, mercado consumidor e gêneros primários. As expedições tinham como objetivo principal conhecer o curso dos rios e das sociedades africanas que viviam no interior do continente. As grandes bacias hidrográficas eram as regiões mais visadas pelos expedicionários europeus, pois eram nesses locais que as principais trocas comerciais africanas se efetivavam.								Diversos jornais europeus narravam essas expedições como verdadeiras aventuras, nas quais bravos homens conviviam dia após dia com o perigo de uma terra repleta de tribos, animais ferozes e doenças desconhecidas. Tais narrativas ajudaram a criar, no continente europeu e nos EUA, a ideia de uma África que muito se assemelha com aquela descrita no romance de Tarzan. O reconhecimento do território africano empreendido pelas campanhas de exploração e pelas missões religiosas foram facilitadores de uma verdadeira invasão de mercadores europeusnas caravanas e rotas de comércio que ligavam diferentes pontos do continente. De início, não houve um perigo para os africanos, pois estavam acostumados com o comércio entre os árabes, indianos e com os próprios europeus. No entanto, no decorrer do século, os europeus se tornaram senhores das principais rotas comerciais do litoral africano, incluindo as que ligavam as cidades orientais ao continente asiático.			
Resumo da Aula 03 – A Partilha do Continente Africano
Nos últimos anos do século XIX, depois de décadas realizando o mapeamento do continente africano, as nações europeias resolveram partilhar a possessão da África entre elas. Na época, o objetivo dessa partilha era não só iniciar a exploração desse continente como também levar a civilização para os africanos. De acordo com as principais nações capitalistas da época, cabia ao homem branco fazer com que os povos de outras raças, sobretudo os africanos e os asiáticos, atingissem o modelo europeu/branco de civilização. Através da doutrina darwinista sobre a evolução, os diferentes biótipos humanos existentes eram, na realidade, diferentes raças humanas, sendo a raça branca a mais desenvolvida entre elas. Embora se saiba que, atualmente, não existem raças humanas, pois a humanidade é uma só, do final do século XIX até meados do século XX, o uso das ciências para comprovar a falsa desigualdade existente entre os homens, promoveu o racismo científico, que não só justificou a colonização da África e da Ásia como também foi a justificativa utilizada pelos movimentos nazistas e fascistas.										Um dos maiores exemplos dos planos das nações da Europa que se julgavam detentoras da civilização e do progresso foi a construção do Canal de Suez. Esse canal foi a realização de um desejo antigo (desde o Egito faraônico) de ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. O canal ficou pronto em 1869, em uma inauguração repleta de reis e de chefes de Estado de diferentes nacionalidades. É a partir desse momento que a Inglaterra passa a mostrar interesse crescente pela região. Os ingleses conseguiram comprar Ações Financeiras da Companhia do Canal de Suez. Sendo assim, o grande empreendimento deixava de ser nacional e passava para o controle da Inglaterra. Era o alvorecer da perda de soberania dos estados africanos e da consequente submissão econômica dessas mesmas sociedades.		Um aspecto que acendeu ainda mais o interesse e a cobiça europeia pela África foi a descoberta casual de diamantes na atual África do Sul e, um pouco mais tarde, de ouro e de cobre ainda na parte meridional do continente. Com essas descobertas, os europeus também passaram a conhecer mais a geografia da África, e fez com que uma série de projetos de ocupação do território africano fosse desenvolvida pelas nações europeias. A Inglaterra chegou a elaborar um projeto de construção férrea que ligaria o Cairo à Cidade do Cabo, cortando, longitudinalmente, todo o continente africano.							Embora a presença europeia fosse constante, o estopim para a partilha da África foram os desejos expansionistas do rei belga Leopoldo II. Em 1876, o rei belga reuniu uma conferência internacional de geografia em seu palácio, em Bruxelas. Desse encontro criou-se a Associação Internacional Africana, cujo objetivo era levar a civilização para a única parte do globo ainda não penetrada. Em 1877, Leopoldo II constitui o Estado Livre do Congo. A criação deste Estado surpreendeu e acirrou os ânimos das demais nações europeias, mesmo porque ele representava o controle do acesso à Bacia do Congo, que pertencia ao rei belga. As aspirações coloniais de Leopoldo II foram rapidamente compartilhadas por outros países europeus que iniciaram uma verdadeira corrida para a África.				Alemanha, França e Inglaterra intensificaram o contato com lideranças autóctones dos territórios que pretendiam dominar. Em meio a esse processo, o chanceler alemão Otton Von Bismarck convocou os representantes das grandes potências da época para uma conferência em Berlim. O objetivo inicial deste encontro era controlar as pretensões expansionistas europeias na África Ocidental, sobretudo as de Leopoldo II. Empresas europeias aproveitaram o ímpeto imperialista de suas nações e passaram a exercer monopólios comerciais bem eficientes. Além dos interesses políticos e econômicos, os diferentes países da Europa ainda acreditavam estar fazendo um bem a todo o continente africano, pois o neocolonialismo era a única forma de levar a civilização aos africanos.							De maneira geral, a França ficou com a África Ocidental. A Inglaterra ficou com a África Oriental. A Itália pegou a região nordeste do continente, e Portugal abraçou a África Centro-Ocidental.
Resumo da Aula 04 – Movimentos de Resistência
A partilha da África foi um ato que dividiu e defendeu os interesses dos países europeus e dos Estados Unidos, que, desde meados do século XIX, comungavam o “fardo do homem branco” e, justamente por isso, acreditavam que tinham a missão de civilizar todas as sociedades que não compartilhassem seus modelos de organização e governo. Embora algumas lideranças africanas tenham participado do processo que resultou na partilha do continente, a maior parte dos estados africanos esteve aquém das decisões que culminaram na colonização do continente.									Na realidade, a resistência africana foi anterior à partilha propriamente dita. Antes mesmo de 1885 e da redefinição do continente africano, muitas sociedades e lideranças não viam com bons olhos a crescente presença europeia em suas terras. Na África Ocidental, as elites do Império Ashanti resistiram à entrada inglesa durante setenta anos. Em 1823, foi declarada a primeira guerra Anglo-Ashanti. Em 1853, trinta anos depois, os ashantis tornaram a entrar em guerra contra os ingleses a fim de defender o controle do rio Pra. O conflito durou dez anos com a vitória dos ashantis graças às numerosas epidemias que assolaram as tropas inglesas. No ano de 1891, na tentativa de expulsar os franceses que tentavam controlar seu território ao mesmo tempo que buscavam as minas de ouro da região, os ashantis se tornaram um protetorado inglês. Somente em 1896, quando os ingleses introduziram a metralhadora nos combates, garantindo sua vitória sobre os ashantis, que foram de fato incorporados à Costa do Ouro.												Na parte sul da África, destacam-se os movimentos feitos pelos xonas e pelos zulus. Entre 1896 e 1897, o líder religioso Milmo teria sido responsável por fomentar o ódio contra os ingleses. Segundo o sacerdote, os britânicos eram os culpados pela seca e pelas pragas de gafanhoto que assolaram a região desde o início da década de 1890. Tanto os xonas quanto os ndebeles pegaram em armas e lutaram por dois anos contra os ingleses. Mas a supremacia bélica trouxe a vitória para os colonos. Depois da morte do líder Milmo, os xonas e os ndebeles foram unificados e ficaram sob o comando da empresa do britânico Cecil Rhodes. No extremo sul do continente, os ingleses tiveram que lidar com um exército zulu armado e determinado a impedir o avanço colonial. Por outro lado, o trono zulu foi usurpado por uma linhagem de Cetshwayo. E, por incrível que pareça, Cetshwayo e os zulus causaram a maior derrota da Inglaterra, matando cerca de 1600 soldados britânicos. Essa luta ficou conhecida como Batalha de Isandhlawana, ocorrida em 12 de Janeiro de 1879.							Os franceses também sentiram na pele o poder dos movimentos de resistência. Na primeira metade do século XIX, em 1830, a França tomou à força a cidade de Argel. Diante dos numerosos conflitos, em 1848, a Argélia se transformava em um dos departamentos da França. No atual Senegal, Omar Tall foi o líder de diversos conflitos contra os invasores. Como muçulmano ferrenho, Omar Tall lutou tanto contra o cristianismo que acompanhava a presença cada vez mais constante dos franceses em seu território quanto contra as sociedades, que considerava animista. Omar morreu em um ataque em 1868 e sua figura até hoje é lembrada nos atuais países do Mali e do Senegal.							No atual Sudão, um poderosoexército chefiado pelo líder muçulmano Samori Touré conseguiu resistir aos franceses entre 1882 e 1900 graças aos ferreiros da região terem copiado os fuzis utilizados pelos europeus, diminuindo assim a diferença na tecnologia bélica. Os berberes de Marrocos sucumbiram à Espanha apenas em 1926, e pequenas rebeliões marcaram as primeiras décadas da colonização portuguesa tanto na Guiné-Bissau quanto em Angola.												Libéria e a Etiópia foram os países que os europeus não conseguiram colonizar. A Libéria foi um país criado em 1847, após a declaração de Independência da Sociedade Americana de Colonização, criada pelo estadunidense Robert Finley, que pretendia levar todos os negros livres e libertos dos Estados Unidos para lá. A questão da Etiópia é diferente. A Itália tem empreendido diversas invasões ao território etíope, conseguindo até mesmo colonizar a atual Eritreia. O movimento comandado pelo imperador Menelik II conseguiu impedir tais invasões e, além disso, teve o apoio de grande parte da população islâmica, formando assim uma unidade política coesa e um exército forte.
Resumo da Aula 05 – A Efetivação da Estrutura Colonial
Segundo historiadores, o intervalo entre 1885 e 1919 é conhecido como período da pacificação, que foi o momento no qual os europeus conseguem desarticular grande parte da resistência imposta pelos africanos e efetivam a ocupação do continente por meio da construção de redes de infraestrutura, como rodovias, ferrovias e telégrafos. Duas figuras foram fundamentais para a efetivação do colonialismo: as empresas/empresários europeus e as missões religiosas.										As missões cristãs exerceram importante papel nesse período. Além de conviverem diariamente com os grupos colonizados, os missionários cuidavam tanto da educação quanto das questões religiosas da população e eram os intermediários na comunicação entre colônia e metrópole. As missões cristãs acabaram desestruturando diversos povos da África na medida em que impunham a eles uma nova forma de compreender o mundo.				O advento da Primeira Guerra Mundial foi um dos divisores de água da política colonialista. Em primeiro lugar, ocorre um reordenamento físico da partilha da África, tendo em vista as sanções impostas à Alemanha e à Itália. A partir de então, a colonização clássica foi empregada pelas metrópoles europeias, que ampliaram sua administração civil não só em termos quantitativos mas também qualitativos, permitindo, assim, que as colônias passassem a ser autossuficientes.										A expressiva oferta de trabalhadores aguçou ainda o interesse de empresários europeus, que passaram a ver a África como um grande investimento. O crescimento da população européia resultou na melhoria da infraestrutura urbana, como a construção de hospitais e de redes de esgoto, que, em sua maioria, era usufruída apenas pelos colonizadores. Muitos estados metropolitanos começaram a participar da educação criando escolas laicas nas diferentes colônias. Em um primeiro momento, essas escolas eram frequentadas pelos filhos dos colonos. Com o tempo, porém, os jovens das elites africanas, sobretudo das populações que viviam nos centros urbanos, começaram a estudar nelas.		Nas colônias pertencentes à França, à Bélgica, a Portugal e à Itália, a educação laica era pautada pela doutrina da assimilação, onde as crianças e os jovens africanos eram entendidos como integrantes dos impérios francês, belga, português e italiano. As aulas eram ministradas nas línguas dos colonizadores, e os conteúdos dos livros didáticos se remetiam quase exclusivamente ao universo europeu.
Resumo da Aula 06 – O Modelo Colonial Britânico na África
O colonialismo britânico na África se estende da segunda metade do século XIX até meados dos anos 1930 e ajuda a consolidar sua posição como potência mundial, acabando, neste sentido, por integrar a economia da África tropical à economia capitalista mundial. No período que vai de 1929 a 1935, os operários e camponeses africanos sofreram enormes dificuldades econômicas, assim como diversos outros países ocidentais. A administração colonial tentava, com muito esforço, estancar a rápida degradação dos solos, principalmente nas “reservas indígenas” onde a densidade demográfica era uma ameaça à fertilidade da terra. As leis eram diferentes, direitos fragilizados, e o quadro humano se degradava enquanto pequenos grupos brancos financiavam pequenas elites locais no objetivo de manter vivas a exploração e o seu enriquecimento.								Até a segunda década do século XX, a Inglaterra era um dos maiores senhores da África dominando: Nigéria, Costa do Ouro (atual Gana), Gâmbia, Serra Leoa, Quênia, Tanganica (atual Tanzânia), Agricultura ândia (atual Malawi), Uganda, Rodésia do Norte (atual Zâmbia), Rodésia do Sul (atual Zimbábue) e Africa do Sul. Surgiam novos mercados, novos ricos, os burgueses se alimentavam de uma dinâmica de consumo, que como sabemos hoje se mostraria duradoura. Ao domínio estratégico militar de uma colônia, o Reino Unido esperava que fornecessem matérias-primas necessárias para alimentar a máquina industrial da potência imperialista. Um africano que tinha uma posição superior via a sua possibilidade de ascensão aparecer, usando bens, apetrechos  que lhe dessem uma identidade diferente de seus pares. Enquanto as colônias viam-se obrigadas a exportar para o Reino Unido, que tinha prioridade sobre qualquer outro comprador, este não tinha a menor obrigação de abastecer-se com exclusividade em qualquer de suas possessões. De uma maneira geral, os africanos continuaram, na prática, senhores de suas terras nas colônias britânicas da África ocidental, mas foram no mais das vezes, desapossados delas na África ocidental e na África central.	A exportação era o principal centro de preocupação da Inglaterra com a África. O sucesso de suas produções agrícolas e minerais representava o sucesso de empreendimento colonial. Devemos destacar que isto não significa a implantação de um modelo estrangeiro, boa parte do que era obtido foi aproveitando a estrutura e os procedimentos agrícolas que já existiam como no caso do cacau e do café. A economia não era necessariamente em áreas de plantation, como nas Américas, mas sim compradas de milhões de agricultores não especializados, junto com as produções empresariais, estas sim direcionadas. O subsolo de algumas possessões britânicas da África tropical era rico em minerais. Os diamantes representavam importante produção industrial em Serra Leoa e na Costa do Ouro. Na maior parte dos territórios era possível explorar um ou dois tipos de minério, mas só a Rodésia do Sul e Serra Leoa apresentavam grande variedade de minerais.					Ainda na Idade Média o rei do Gana gerou uma enorme inflação no espaço muçulmano quando desembarcou com alguns dos seus carregamentos de ouro quando haviam se recusado a negociar com ele. Mas a chegada dos europeus e a dinâmica em busca desesperada pelos metais preciosos transformou a febre do ouro em outro cruel fator de desagregação da sociedade africana. Uma das formas mais violentas de assegurar o poder foi a afirmação de um aparelho que afastasse os sistemas de monetarização e organização das velhas elites africanas, trabalhasse o abandono de moedas locais e passasse a impor um sistema monetário de moedas europeias profundamente valorizadas na região, criando uma segregação quase intransponível entre a população local e o poderio dos africanos nas colônias britânicas. Juntando as demais degradações entendemos o intenso processo vinculado à dominação capitalista fundamental para o funcionamento do colonialismo africano.
Resumo da Aula 07 – O Modelo Colonial Português e Francês: Um Espaço em Transformação no Século XX
Os domínios de Portugal e da França começam a ser constituídos ainda no século XVI, mesmo que apenas consolidados os modelos de exploração para além do tráfico negreiro no século XIX. O domínio francês foi especialmente marcado em regiões de grande relação com o Mediterrâneo, em especial os espaços de dominação muçulmana. Portugal tinha suasduas maiores colônias em Angola, no Atlântico, fundamental com o comércio com o Brasil e Moçambique, um dos pontos importantes da dinâmica de Portugal com o Oriente, reunindo Goa, Timor e o papel de Moçambique. Não se trata de uma dinâmica marcada pelos domínios de empresas, como no caso inglês, mas pela forte atuação do governo.				Na Primeira Guerra Mundial, a redistribuição dos territórios na África, as colônias alemãs, o tempo de “ocupação” e os mandatos internacionais vinculados à Liga das Nações acabaram por denotar a busca de um reequilíbrio de forças. Enquanto franceses e portugueses conseguiram certa estabilidade no século XIX, o século XX prometia ser muito mais difícil. Velhos sacerdotes e prática que eram periféricas na sociedade, diante da luta contra o inimigo ganham força e permitem a formação de movimentos fazendo com que a França, após intensos combates na Argélia, tenha mudado sua posição sobre o domínio, passando a estabelecer uma série de acordos, permissivos, mas que garantia a manutenção da influência, embora com um forte trajeto. Comunidades colonizadoras brancas passaram a estabelecer, a garantir e a manter formas de poder, onde a dualidade não era tão importante. Essa é uma dicotomia construída fortemente na África francesa com os grupos educados no espaço da França e retornando para liderar os países, contudo, em um modelo do que foi aprendido.		Portugal não tem o mesmo modelo da França, mas também não deixa de constituir uma elite local, mestiça, de poucos números, mas que garante a ideia de ascensão social dentro do mundo português, explorando e fortalecendo o discurso de pertencimento à colônia. Ainda que a passagem dos angolanos para a Europa não fosse algo propriamente fácil, devido ao controle de grupo, a saída de portugueses para às colônias era, no entanto, estimulada e defendida, como forma ideal de constituir um novo mundo português.				A pressão americana contra o modelo colonialista tinha uma função marcadamente mercadológica, era a busca de uma nova zona de influência, produtora agrícola importante, e principalmente novas áreas de controle para as empresas americanas em crescimento. B. Davidson observa que os defensores da dominação colonial recusavam-se a considerar as rebeliões fenômenos organizados. Recusavam-se a admitir a única interpretação correta – que se tratava de guerras justas de libertação, motivo pelo qual recebiam o apoio da imensa maioria dos africanos. Para Jacob Ajayi, quando um povo perde sua soberania, ficando submetido à outra cultura, perde pelo menos um pouco de sua autoconfiança e dignidade; perde o direito de se autogovernar, a liberdade de escolher o que mudar em sua própria cultura ou o que adotar ou rejeitar da outra cultura. Já Walter Rodney dizia que o poder de agir com toda a independência é a garantia de uma participação ativa e consciente da História. Ser colonizado é ser excluído da história. De um dia para outro, os Estados políticos africanos perderam o poder, a independência e a razão de ser.
Resumo da Aula 08 – Pan-Africanismo e as Novas Identidades
As primeiras décadas do século XX foram marcadas pelas disputas das potências mundiais. Vivemos em um mundo que forjou uma identidade ocidentalizada, onde mesmo as manifestações do islamismo e do oriente distante são marcadas por reconhecimentos ocidentais, criando um modelo que só pode ser compreendido com esta reação. As guerras mundiais do século XX, transformaram o mundo em seu palco, sendo que África e Ásia em espaços importantes. As discussões decorrentes sobre o derramamento de sangue – na I Guerra Mundial – fizeram com que as lutas contra o domínio europeu começassem a ser constantemente questionados. Se não bastasse, o mundo enfrentou a crise de 1929 e o fim do suporte para reconstrução europeia financiada pelos americanos; e os movimentos como o nazismo e o fascismo apareceram como solução.						Durante os conflitos da II Guerra Mundial, mais uma vez a África era foco dentro desta sociedade. Entre 1939 e 1945 a África foi um palco de guerra, seja na tentativa de lutar contra seus dominadores, seja contra as fronteiras artificiais. Em 1900, cerca de 5,6% da Ásia e 90,4% da África estavam sob controle do colonialismo europeu resultante da Conferência de Berlim. As potências europeias haviam alcançado um estágio de penúria após a Segunda Guerra, precisavam se concentrar em recuperar o seu espaço e o seu predomínio, construído em 400 anos como centro do mundo, que se esvaiu. EUA e União Soviética eram as novas potências.											O mundo e a África viam a formação de novas elites que estudaram muitas vezes nos núcleos dos colonizadores e ao voltar denunciavam a realidade dos territórios africanos. Movimentos como os americanos liderados por Malcom X e Martim Luther King Jr. permitiram que o mundo conhecesse lutas como as de Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Mao Tse Tung, cada um a sua forma, mas contra o domínio europeu e contra o controle que lhes fora imposto.											De abril à junho de 1945, foi realizado a Conferência de São Francisco para discutir os caminhos do mundo no pós-guerra, seus objetivos eram estabelecer diálogos com a carta das Nações Unidas, que mostravam uma série de novas preocupações no novo equilíbrio de forças mundiais. No objetivo de estabelecer um mundo equilibrado a ONU, o Banco Mundial e o FMI, são criados para diminuir a competição entre aliados do mesmo bloco, articuladores e executores de objetivos centrais da política do capitalismo.					Antes mesmo de um pan-africanismo, a tradição pan-arabista já havia marcado o norte da África por uma série de lutas de independência. A França, quando concede por acordos a independência de suas colônias após as intensas lutas na Argélia são uma sinalização de que a sua unidade é vigorosa. Apesar da importância da conferência, o mundo estava diante de uma nova e cruel forma de imperialismo. Americanos e soviéticos por suas disputas foram chamados pela historiografia de Guerra Fria, certamente é uma frieza que não pode ser vista no Vietnã, Coreia, Angola, Camarões, Costa do Marfim, e muitos outros espaços que vão conviver com as tristes forças.	
Resumo da Aula 09 – Independências e a Formação de uma Nova África
Muito se engana quem imagina que a exploração da África acaba com o colonialismo. Foi um passo importante, mas a Guerra Fria, a partilha desastrada, e o modelo de exploração por meio de empresas, indústrias que enriquecem pequenas elites e exploram o coletivo continua sendo uma realidade. Assim, a tensão entre o modelo capitalista e o modelo comunista representava à negação ou o acordo com esta dinâmica e se tornou um palco de guerras das mais difíceis. O livro do pesquisador Ronald Aronson mostra como a Guerra Fria colocou em campos opostos os amigos Camus e Sartre. Um era argelino e o outro era parisiense. Em comum, Albert Camus e Jean-Paul Sartre nada tinham, somente diferenças de “origem” e personalidade. Dois dos maiores pensadores do século XX, os escritores construíram uma das relações amistosas mais sinceras da Filosofia moderna. Tão intensa e fugaz quanto um fogo-fátuo. Com divergências políticas, romperam publicamente em 1952, tornando-se inimigos ferrenhos de trincheira até a morte. Mas, no fundo, sempre se mantiveram estritamente ligados de corpo, alma e intelecto. É o que conclui o pesquisador Ronald Aronson. Passada a euforia do fim da Segunda Guerra Mundial e a onda do existencialismo filosófico que ambos pregavam, a dicotomia da Guerra Fria os colocou em campos opostos: Camus do lado dos antimarxistas, e Sartre dos socialistas e da União Soviética. O tempo mostrou que nenhum dos dois estavam certos. Ficou a lembrança de uma amizade que, se não resistiu bravamente, arrumou um jeito de coexistir sob o caos, como um espelho fiel para quem deseja entender o breve sangrento século XX.				As regiões da África islâmica certamente foram os maiores focos de resistência enfrentados por europeus na África. Assim, quando os movimentos nacionalistas tiveram seus primeiros apontamentos, foramem torno de lideres religiosos que identificamos certo nível de cooperação entre os grupos. Islamismo de vertente sunita, direitos iguais dentro do sistema francês sem abrir mão de suas leis e moralidade x emancipação por meios legais. É desta disputa que em 1956 é conseguida a liberação definitiva destes conjuntos muçulmanos, mas mantendo uma forte relação com o domínio francês, uma vez entendido que não seria possível a manutenção, optou-se pelo diálogo e a aceitação da liberdade sem mais conflitos coloniais.	Em 1951, o político africano e intelectual Kwame N’krumah lutava por um processo de transição do domínio inglês, na Costa do Ouro, região que chamamos atualmente de Gana. O governo inglês, no entanto, queria limites e na região de fronteira atual do Quênia, destituía o primeiro ministro recém-escolhido e o prendia, Jomo Kenyatta, e investia em uma guerra étnica contra os Mau Mau (1952-1956). Os conflitos deixam 10 mil mortos, africanos, e os campos de concentração para “reeducação” de 50.000 homens.							Dizem que Portugal escolheu muito mal as estratégias de sua luta de independência. Em um país com uma economia combalida, perder as colônias seria um golpe duro, mas ao mesmo tempo a manutenção de uma guerra colonial longa contra a independência de Moçambique. Angola representaria um buraco ainda mais fundo nas contas portuguesas. Os sentimentos antiportugueses na África e antiafricanos geraram expulsão dos colonos, perda de contatos no exterior, de tecnologia e do desenvolvimento em Angola, em uma região que, uma vez dependente da economia portuguesa se vê em um quadro de desagregação, piorado pelas disputas internas entre as etnias diversas.
Resumo da Aula 10 – A Construção dos Estados-Nacionais: Novos Desafios
As terras africanas sofreram muito pelas práticas etnocentristas; sociedades ganharam funções em uma ordem mundial onde sua cultura já não importava, mas o seu desenvolvimento de ordem tecnológica. Vivemos no momento da Primavera Árabe com movimentos que não podemos deixar de observar vinculados à África. Egito e Líbia, entre outros, estão abrindo mão de seus governos ditatoriais, vivendo híbridos de poderes difíceis e uma massa nova com a velocidade da informação, buscam a democracia e as reformas políticas e sociais.										A cultura e a sociedade africana foram ocidentalizadas e não devem ser pensadas como na busca de um retorno, um purismo, as sociedades são dinâmicas e desta forma, hoje a África vive um paradoxo. As independências, como no caso do Congo são emblemáticas. Os EUA entendiam que a posição estratégica militar garantia sua prepotência na estrutura política. Já o modelo de governo de Mobutu foi conservado por essa nova forma de imperialismo e pode ser bem entendida se considerarmos que Mobutu tinha uma fortuna estimada em 700 milhões de dólares, em bancos europeus, em 1997. Mas Mobutu não foi o único imperador mantido pelas potências europeias que em seu modelo constituía um sistema no qual consolidava uma pequena elite local e pela relação simbiótica com esta elite, mandando-os estudar nos seus principais centros, conservando o suporte de empresas estrangeiras e o apoio do governo, garantindo proteção contra as massas mais pobres. No âmbito da Guerra Fria, então, estes quadros são exaltados.							O aniversário de 85 anos de Roberto Mugabe, segundo relatos dos jornais, foram consumidas 8 mil lagostas, 3 mil patos, 8 mil caixas de chocolate Ferrero Rocher, além de 5 mil garrafas de uísque. Enquanto seu país, Zimbábue, possui 94% da população sem emprego formal; surtos de epidemias, como AIDS e cólera têm matado constantemente; e a inflação diária é de 98%. Em 1980, Mugabe se aproxima dos interesses norte-americanos como Primeiro-Ministro e, posteriormente, como Presidente, o grande problema é o sistema de controle e a manutenção de pequenos grupos como representantes do centro de poder.	Omar al-Bashir é um dos mais conhecidos presentes na discussão da Primavera Árabe, sua carreira política esteve envolvida nas disputas do Norte da África, seja das lutas de Egito e Israel, até os golpes militares que se sucederam no Sudão. Em 1989, assume o poder ao lado dos militares e inicia um governo de perseguição e negação do Ocidente, valorizando elementos de um fundamentalismo, ainda que alguns defendam que de fato seu governo atuava nos dois sentidos, negociando e buscando constantemente se manter no poder.			Uma das lutas mais conhecidas na história da África se dá pela discussão sobre as etnias diversas presentes neste espaço, os hutus e os tutsis. Os dois grupos, apesar de conviverem, não têm clareza de identificações étnicas e culturais. São os tutsis que iniciam o processo de independência, estabelecendo um reino, controlando e mantendo a estrutura de dominação. Este processo gerou um movimento de revolta, iniciado em 1959 e acabando por separar o país. A vingança que levou a sucessivas disputas até que, em 1973, Juvenal Habyarimana, de etnia hutu, chegou ao poder, estabelecendo um período de paz. Mas a situação, quando parecia próxima ao seu fim, viu os líderes morrerem em um acidente aéreo e as disputas pelo poder retomaram.									Em meados de 1966, os ibos, por golpe militar, alcançam o poder, provocando o aumento das disputas contra os iorubás e os hauçás. Assim, as guerras começam, os ibos foram massacrados onde eram minoria no país, gerando uma migração no sentido Leste da Nigéria.												Em Angola, o movimento contra a colônia acaba por ser um dos principais palcos africanos da Guerra Fria. Os grupos locais buscaram aproximar-se do apoio de cubanos e angolanos, contra os grupos liberais, apoiados pelos americanos. O Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA) foi realizado pelo movimento de esquerda com José Eduardo dos Santos. Entretanto, Jonas Savimbi, seu opositor de direita, não reconheceu o resultado, e a guerra civil começou. Com a morte de Jonas Savimbi durante o combate, em abril de 2002, seu grupo foi finalmente desarticulado, abrindo caminho para um processo de paz mais duradouro.	O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975, Moçambique conseguiu a independência, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), de orientação marxista, chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu líder, Samora Machel, tornou-se presidente do país. A FRELIMO, apoiada pelos socialistas, enfrentaria a Resistência Nacional Moçambicana, que tinha como principais aliados os EUA e a África do Sul. Em 1992, os dois lados assinaram um acordo de paz. Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim Alberto Chissano. Em 1999, apesar das denúncias de fraudes, Chissano foi reeleito.	Na África do século XXI, o Brasil explora petróleo em Angola, detectando uma melhoria dos índices econômicos. A fome, a doença, a falta de estrutura ainda é uma leitura visível, no entanto áreas como Marrocos e África do Sul têm transformado o cotidiano em uma luta de integração social e valorização de modelos que dialoguem com a democracia. A África, que tradicionalmente foi chamada de Negra, apesar de entender a proposta, e apesar de ser a região mais pobre do mundo hoje, tem tido crescimento econômico superior a 4% nos últimos 5 anos.

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