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Princípios do Direito Penal

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Direito Penal I
Aula 06
Prof. Carlos Mazza
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OBJETIVOS DA AULA
 Conhecer os principais princípios que regem o Direito Penal;
Aplicar estes princípios a casos concretos.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade 
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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 Liberté, égalité, fraternité – Humanismo
 Amenizou o aspecto cruel da Vingança, impondo limites ao Estado - liberdades individuais. 
 Códigos Penais - assento constitucional - garantia de respeito aos direitos fundamentais do cidadão. 
 A constituição - a base legal de qualquer nação.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
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 as normas básicas de organização estatal;
 os princípios fundamentais sobre os quais se assentam todas as relações entre os indivíduos;
 orienta toda a vida em sociedade. 
 O Direito Penal – base: princípios constitucionais gerais - norteiam sua construção e a sua vida, devendo ser respeitados. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
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 A gravidade dos meios, a drástica intervenção nos direitos mais elementares e fundamentais e o caráter de último argumento 
 princípios que controlem e limitem a arbitrariedade e excesso.
 Os Princípios Gerais do Direito Penal - normas escritas explícitas ou implícitas CF/1988 - art. 5º
legislador - mecanismo de controle
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade 
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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Art. 5º, XXXIX, CF/88 – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
Art. 1º, CP – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
“Nullum crimen, nulla poena sine lege” - Feuerbach
 Nenhum fato poder ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada, sem que antes da ocorrência desse mesmo fato, tenham sido instituídos por lei.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Real limitação ao poder punitivo estatal, limitando sua capacidade de interferir na esfera das liberdades individuais. 
 É uma garantia constitucional dos direitos do homem.
 Reconhecimento constitui um longo processo, com avanços e recuos
 “fachada formal” de alguns Estados.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 A lei penal - pressuposto das infrações e das sanções. 
Mas não é só a garantia dos que não realizam condutas sancionadas: 
 advêm pretensões para o Estado;
 para os próprios criminosos;
 até mesmo para as vítimas.
 Não se pode castigar um comportamento que não esteja nas leis, nem punir sem pena cominada ao delito.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Com a lei - pretensão subjetiva em favor do delinquente - não ser punido senão em decorrência da prática de ações e comissões por ela determinadas. 
 “a lei penal é garantia da liberdade para todos. 
 asseguram também as pretensões punitivas e reparadoras da vítima -responsabilidade penal e civil.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 O princípio tem significado político: 
 Garantia constitucional dos direitos do homem. 
 Sua elaboração - função exclusiva da lei. 
 Não haveria segurança ou liberdade individual se a lei atingisse, condutas lícitas quando praticadas, e se os juízes pudessem punir fatos ainda não incriminados.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Se desdobra em 4 outros:
 “..., sine lege previa” – proibição de leis retroativas que fundamentem ou agravem a punibilidade.
 “..., sine lege scripta” – proibição do direito consuetudinário.
 “..., sine lege stricta” – proibição da analogia. 
 “..., sine lege certa” – proibição de leis penais indeterminadas. 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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HISTÓRICO
 Em latim, não tem origem romana.
 Na Roma antiga, apesar da existência de definições de crimes e penas, a punição sem lei anterior era permitida. 
 Feuerbach - raízes nas instituições do Direito ibérico, 1188, nas Cortes de Leão - se concederia ao súdito o direito de não ser perturbado em sua pessoa ou bens, enquanto não fosse chamado “perante a Cúria”. 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Magna Carta inglesa, de João Sem Terra, de 1215, art. 39, estabelecia que nenhum homem livre podia ser punido senão pela lei da terra. 
 plantada a semente da ideia de limitar-se o poder do Estado. 
 Idade Média - direito consuetudinário - os juízes tinham discricionariedade plena - enxurrada de penas arbitrárias. Havia ainda os reis.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Iluminismo (século XVIII)
 Bills of Rights - as constituições das colônias inglesas na América do Norte
 Constituição Federal Americana /1787. 
 Declaração dos Direitos do Homem na Revolução Francesa, de 1789, 
“Ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada”.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 O princípio passou a figurar nas constituições revolucionárias francesas de 1791 e 1793, no Código Penal Austríaco (1787), do Código Penal Francês (1791) e do Código Napoleônico (1810). 
Após, instalou-se nas constituições de todos os povos e nos códigos penais de todos os países cultos, irradiando-se para todo o mundo civilizado.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 No Brasil:
 Constituição de 1824 e em todas as Constituições subsequentes
 no inciso XXXIX do art. 5° da Constituição vigente. 
Os art. 1º do Código Criminal do Império, de 1830 e do Código Penal de 1890 traziam o preceito com redações muito semelhantes ao do art. 1° do código atual.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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Há países que não adotam o princípio da legalidade.
 Importante exceção é a Inglaterra, sua Constituição não é escrita (statute law), mas sim costumeira (common law). Também o Direito Penal, em sua maior parte é common law.
Em diversos outros países, como na Dinamarca, na Alemanha nazista e na extinta União Soviética. 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 O Princípio da Legalidade - o mais importante dos princípios do Direito Penal, a base, a viga mestra, o pilar da ordem jurídico-penal. 
 Seu significado é claro e límpido.
 Crime ou pena sem lei anterior – não.
 É lícita qualquer conduta que não se encontre definida em lei penal incriminadora.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 O incesto - moralmente, repugnante a todos, não é crime e, por isso, não merecerá nenhuma sanção do direito. 
 Ato obsceno - é definido no Código Penal como crime, pelo que a punição pode ser imposta. 
 Lei ordinária - Congresso Nacional, com observância de todas as regras que regem o processo legislativo, vedada esta atividade ao legislador estadual ou distrital e municipal.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Compete à União legislar em matéria penal. 
 Não se admite por meio de Medida Provisória ou de Lei Delegada, ainda que beneficiem o agente.
 em nenhuma hipótese a analogia. 
Por outro lado, a Lei Penal há de ser certa, exata, precisa, proibida a utilização de fórmulas excessivamente genéricas ou de interpretação duvidosa.
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 Com o advento da teoria da tipicidade, o princípio de reserva legal ganhou muito de técnica.
 Típico é o fato que se amolda à conduta criminosa descrita pelo legislador. 
 Tipo - conjunto de elementos descritivos do crime contido na lei penal - tenha sido definido antes da prática delituosa. 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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 O art. 1° do CP contém dois princípios: Legalidade e Anterioridade. 
 O fato típico ser cometido após a entrada em vigor da lei incriminadora que o define. 
 Modernamente novos significados:
 Não pode o legislador definir como crime o simples pensar do homem, nem tampouco atitudes exclusivamente morais. 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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Por isso, seria inconstitucional a lei que considerasse crime o simplesmente ser alguém mentiroso.
 Só haverá crime se houver um fato,
impossível a incriminação de atitudes puramente psíquicas do homem. 
 não pode o legislador incriminar comportamentos humanos insuficientemente idôneos para causar lesão ou, no mínimo, ameaçar de lesão o bem jurídico. 
 
LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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 O princípio de legalidade não impede que o Estado de criar tipos penais iníquos e cominar sanções desumanas ou cruéis. 
 necessidade de limitar ou eliminar o arbítrio do legislador – imprescindível.
 só deve intervir o Estado - Direito Penal - quando se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. 
INTERVENÇÃO MÍNIMA
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 Se suficientes medidas civis ou administrativas devem ser empregadas.
 Direito Penal – ultima ratio.
 Somente quando os demais ramos do Direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade - o Direito Penal. 
 feição subsidiária. 
INTERVENÇÃO MÍNIMA
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 Crescimento desmedido das normas penais incriminadoras
 os legisladores contemporâneos têm abusado da criminalização e da penalização
 descrédito não apenas do Direito Penal, mas da sanção criminal, que acaba perdendo sua força intimidativa diante da enxurrada legislativa. 
 
INTERVENÇÃO MÍNIMA
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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 Nem todas as ações que lesionam bens jurídicos são proibidas pelo DP.
 nem todos os bens jurídicos;
 ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes:
 caráter fragmentário. 
 Consequência da reserva legal e da intervenção mínima.
FRAGMENTARIEDADE
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 Régis Prado: “tutela seletiva do bem jurídico, limitada àquela tipologia agressiva que se revela dotada de indiscutível relevância quanto à gravidade e intensidade da ofensa”. 
 Muñoz Conde - 3 aspectos:
 defende o bem jurídico somente contra ataques de especial gravidade - determinadas intenções e tendências - prática imprudente de alguns casos; 
FRAGMENTARIEDADE
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 somente parte das condutas que outros ramos consideram antijurídicas;
 Deixa, em princípio, sem punir ações meramente imorais, como o incesto ou a mentira.
 o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes. 
 
FRAGMENTARIEDADE
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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 O DP - responsabilidade objetiva.
 Simples produção do resultado.
 Vige o princípio do “nullum crimem, sine culpa” - “não há crime sem culpabilidade.
a pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico.
CULPABILIDADE
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 É um fenômeno individual:
 o juízo de reprovabilidade (culpabilidade) – juiz
 sujeito imputável
podendo agir de maneira diversa, 
 conhecimento da ilicitude do fato 
 O juízo de culpabilidade repudia a responsabilidade penal objetiva (pena sem dolo, culpa e culpabilidade).
CULPABILIDADE
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A culpabilidade - 3 aspectos:
 Fundamento da pena – refere-se ao fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena criminal ao autor de um fato típico e antijurídico. 
Para tanto se exigem 3 requisitos: 
 Capacidade de culpabilidade;
 Potencial consciência da ilicitude;
 Exigibilidade de conduta diversa.
CULPABILIDADE
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 Medição de pena – limite da sanção - a reprimenda penal não pode ser aquém ou além da própria ideia de culpabilidade.
 Ideia contrária à responsabilidade objetiva – ninguém poderá ser punido penalmente por um resultado imprevisível, se não tiver dolo ou culpa.
 Culpabilidade - um dos elementos do conceito analítico de delito.
CULPABILIDADE
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Resumo - não há pena sem culpabilidade, decorrendo daí três consequências materiais:
 não há responsabilidade objetiva pelo simples resultado;
 a responsabilidade penal é pelo fato e não pelo autor;
 a culpabilidade é a medida da pena. 
 
CULPABILIDADE
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
2.1. Legalidade
2.2. Intervenção Mínima
2.3. Fragmentariedade
2.4. Culpabilidade
3. CONCLUSÃO
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1. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 10ª ed. vol. 1, p. 13 a 34 - São Paulo: Saraiva, 2013.
2. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 11ª ed. vol. 1, p. 10 a 25 - São Paulo : Saraiva 2006.
3. JESUS, Damásio E. de, Direito Penal. 28ª ed. vol. 1, p. 9 a 11 - São Paulo: Saraiva, 2005.
4. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 24ª ed. vol. 1, p. 37 a 40 - São Paulo: Atlas, 2006.
5. TELES, Ney Moura. Direito Penal. 2ª ed. vol. 1, p. 35 a 56 - São Paulo: Atlas, 2006.
BIBLIOGRAFIA
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