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* Direito Penal I Aula 06 Prof. Carlos Mazza */41 OBJETIVOS DA AULA Conhecer os principais princípios que regem o Direito Penal; Aplicar estes princípios a casos concretos. */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 Liberté, égalité, fraternité – Humanismo Amenizou o aspecto cruel da Vingança, impondo limites ao Estado - liberdades individuais. Códigos Penais - assento constitucional - garantia de respeito aos direitos fundamentais do cidadão. A constituição - a base legal de qualquer nação. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL */41 as normas básicas de organização estatal; os princípios fundamentais sobre os quais se assentam todas as relações entre os indivíduos; orienta toda a vida em sociedade. O Direito Penal – base: princípios constitucionais gerais - norteiam sua construção e a sua vida, devendo ser respeitados. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL */41 A gravidade dos meios, a drástica intervenção nos direitos mais elementares e fundamentais e o caráter de último argumento princípios que controlem e limitem a arbitrariedade e excesso. Os Princípios Gerais do Direito Penal - normas escritas explícitas ou implícitas CF/1988 - art. 5º legislador - mecanismo de controle PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 Art. 5º, XXXIX, CF/88 – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Art. 1º, CP – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. “Nullum crimen, nulla poena sine lege” - Feuerbach Nenhum fato poder ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada, sem que antes da ocorrência desse mesmo fato, tenham sido instituídos por lei. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Real limitação ao poder punitivo estatal, limitando sua capacidade de interferir na esfera das liberdades individuais. É uma garantia constitucional dos direitos do homem. Reconhecimento constitui um longo processo, com avanços e recuos “fachada formal” de alguns Estados. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 A lei penal - pressuposto das infrações e das sanções. Mas não é só a garantia dos que não realizam condutas sancionadas: advêm pretensões para o Estado; para os próprios criminosos; até mesmo para as vítimas. Não se pode castigar um comportamento que não esteja nas leis, nem punir sem pena cominada ao delito. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Com a lei - pretensão subjetiva em favor do delinquente - não ser punido senão em decorrência da prática de ações e comissões por ela determinadas. “a lei penal é garantia da liberdade para todos. asseguram também as pretensões punitivas e reparadoras da vítima -responsabilidade penal e civil. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 O princípio tem significado político: Garantia constitucional dos direitos do homem. Sua elaboração - função exclusiva da lei. Não haveria segurança ou liberdade individual se a lei atingisse, condutas lícitas quando praticadas, e se os juízes pudessem punir fatos ainda não incriminados. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Se desdobra em 4 outros: “..., sine lege previa” – proibição de leis retroativas que fundamentem ou agravem a punibilidade. “..., sine lege scripta” – proibição do direito consuetudinário. “..., sine lege stricta” – proibição da analogia. “..., sine lege certa” – proibição de leis penais indeterminadas. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 HISTÓRICO Em latim, não tem origem romana. Na Roma antiga, apesar da existência de definições de crimes e penas, a punição sem lei anterior era permitida. Feuerbach - raízes nas instituições do Direito ibérico, 1188, nas Cortes de Leão - se concederia ao súdito o direito de não ser perturbado em sua pessoa ou bens, enquanto não fosse chamado “perante a Cúria”. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Magna Carta inglesa, de João Sem Terra, de 1215, art. 39, estabelecia que nenhum homem livre podia ser punido senão pela lei da terra. plantada a semente da ideia de limitar-se o poder do Estado. Idade Média - direito consuetudinário - os juízes tinham discricionariedade plena - enxurrada de penas arbitrárias. Havia ainda os reis. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Iluminismo (século XVIII) Bills of Rights - as constituições das colônias inglesas na América do Norte Constituição Federal Americana /1787. Declaração dos Direitos do Homem na Revolução Francesa, de 1789, “Ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada”. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 O princípio passou a figurar nas constituições revolucionárias francesas de 1791 e 1793, no Código Penal Austríaco (1787), do Código Penal Francês (1791) e do Código Napoleônico (1810). Após, instalou-se nas constituições de todos os povos e nos códigos penais de todos os países cultos, irradiando-se para todo o mundo civilizado. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 No Brasil: Constituição de 1824 e em todas as Constituições subsequentes no inciso XXXIX do art. 5° da Constituição vigente. Os art. 1º do Código Criminal do Império, de 1830 e do Código Penal de 1890 traziam o preceito com redações muito semelhantes ao do art. 1° do código atual. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Há países que não adotam o princípio da legalidade. Importante exceção é a Inglaterra, sua Constituição não é escrita (statute law), mas sim costumeira (common law). Também o Direito Penal, em sua maior parte é common law. Em diversos outros países, como na Dinamarca, na Alemanha nazista e na extinta União Soviética. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 O Princípio da Legalidade - o mais importante dos princípios do Direito Penal, a base, a viga mestra, o pilar da ordem jurídico-penal. Seu significado é claro e límpido. Crime ou pena sem lei anterior – não. É lícita qualquer conduta que não se encontre definida em lei penal incriminadora. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 O incesto - moralmente, repugnante a todos, não é crime e, por isso, não merecerá nenhuma sanção do direito. Ato obsceno - é definido no Código Penal como crime, pelo que a punição pode ser imposta. Lei ordinária - Congresso Nacional, com observância de todas as regras que regem o processo legislativo, vedada esta atividade ao legislador estadual ou distrital e municipal. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Compete à União legislar em matéria penal. Não se admite por meio de Medida Provisória ou de Lei Delegada, ainda que beneficiem o agente. em nenhuma hipótese a analogia. Por outro lado, a Lei Penal há de ser certa, exata, precisa, proibida a utilização de fórmulas excessivamente genéricas ou de interpretação duvidosa. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Com o advento da teoria da tipicidade, o princípio de reserva legal ganhou muito de técnica. Típico é o fato que se amolda à conduta criminosa descrita pelo legislador. Tipo - conjunto de elementos descritivos do crime contido na lei penal - tenha sido definido antes da prática delituosa. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 O art. 1° do CP contém dois princípios: Legalidade e Anterioridade. O fato típico ser cometido após a entrada em vigor da lei incriminadora que o define. Modernamente novos significados: Não pode o legislador definir como crime o simples pensar do homem, nem tampouco atitudes exclusivamente morais. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 Por isso, seria inconstitucional a lei que considerasse crime o simplesmente ser alguém mentiroso. Só haverá crime se houver um fato, impossível a incriminação de atitudes puramente psíquicas do homem. não pode o legislador incriminar comportamentos humanos insuficientemente idôneos para causar lesão ou, no mínimo, ameaçar de lesão o bem jurídico. LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 O princípio de legalidade não impede que o Estado de criar tipos penais iníquos e cominar sanções desumanas ou cruéis. necessidade de limitar ou eliminar o arbítrio do legislador – imprescindível. só deve intervir o Estado - Direito Penal - quando se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. INTERVENÇÃO MÍNIMA */41 Se suficientes medidas civis ou administrativas devem ser empregadas. Direito Penal – ultima ratio. Somente quando os demais ramos do Direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade - o Direito Penal. feição subsidiária. INTERVENÇÃO MÍNIMA */41 Crescimento desmedido das normas penais incriminadoras os legisladores contemporâneos têm abusado da criminalização e da penalização descrédito não apenas do Direito Penal, mas da sanção criminal, que acaba perdendo sua força intimidativa diante da enxurrada legislativa. INTERVENÇÃO MÍNIMA */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 Nem todas as ações que lesionam bens jurídicos são proibidas pelo DP. nem todos os bens jurídicos; ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes: caráter fragmentário. Consequência da reserva legal e da intervenção mínima. FRAGMENTARIEDADE */41 Régis Prado: “tutela seletiva do bem jurídico, limitada àquela tipologia agressiva que se revela dotada de indiscutível relevância quanto à gravidade e intensidade da ofensa”. Muñoz Conde - 3 aspectos: defende o bem jurídico somente contra ataques de especial gravidade - determinadas intenções e tendências - prática imprudente de alguns casos; FRAGMENTARIEDADE */41 somente parte das condutas que outros ramos consideram antijurídicas; Deixa, em princípio, sem punir ações meramente imorais, como o incesto ou a mentira. o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes. FRAGMENTARIEDADE */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 O DP - responsabilidade objetiva. Simples produção do resultado. Vige o princípio do “nullum crimem, sine culpa” - “não há crime sem culpabilidade. a pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico. CULPABILIDADE */41 É um fenômeno individual: o juízo de reprovabilidade (culpabilidade) – juiz sujeito imputável podendo agir de maneira diversa, conhecimento da ilicitude do fato O juízo de culpabilidade repudia a responsabilidade penal objetiva (pena sem dolo, culpa e culpabilidade). CULPABILIDADE */41 A culpabilidade - 3 aspectos: Fundamento da pena – refere-se ao fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena criminal ao autor de um fato típico e antijurídico. Para tanto se exigem 3 requisitos: Capacidade de culpabilidade; Potencial consciência da ilicitude; Exigibilidade de conduta diversa. CULPABILIDADE */41 Medição de pena – limite da sanção - a reprimenda penal não pode ser aquém ou além da própria ideia de culpabilidade. Ideia contrária à responsabilidade objetiva – ninguém poderá ser punido penalmente por um resultado imprevisível, se não tiver dolo ou culpa. Culpabilidade - um dos elementos do conceito analítico de delito. CULPABILIDADE */41 Resumo - não há pena sem culpabilidade, decorrendo daí três consequências materiais: não há responsabilidade objetiva pelo simples resultado; a responsabilidade penal é pelo fato e não pelo autor; a culpabilidade é a medida da pena. CULPABILIDADE */41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 2.1. Legalidade 2.2. Intervenção Mínima 2.3. Fragmentariedade 2.4. Culpabilidade 3. CONCLUSÃO */41 1. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 10ª ed. vol. 1, p. 13 a 34 - São Paulo: Saraiva, 2013. 2. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 11ª ed. vol. 1, p. 10 a 25 - São Paulo : Saraiva 2006. 3. JESUS, Damásio E. de, Direito Penal. 28ª ed. vol. 1, p. 9 a 11 - São Paulo: Saraiva, 2005. 4. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 24ª ed. vol. 1, p. 37 a 40 - São Paulo: Atlas, 2006. 5. TELES, Ney Moura. Direito Penal. 2ª ed. vol. 1, p. 35 a 56 - São Paulo: Atlas, 2006. BIBLIOGRAFIA * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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