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DEBATE EM AULA ACERCA DAS BENFEITORIAS (direito das obrigações e contratos) A Lei 8.245/1991, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes, preconiza sobre as benfeitorias da seguinte forma: Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção (grifo nosso). Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. Com efeito, em regra, as benfeitorias necessárias são indenizáveis, enquanto as demais seriam indenizáveis na hipótese de concordância do proprietário do imóvel, sugerindo que as voluptuárias sejam levantas. Neste sentido, as regras aduzidas acima são consideradas elementos naturais desta modalidade contratual, mas não devem ser interpretadas como imutáveis. Cumpre informar que todos os contratos possuem elementos essenciais, naturais e incidentais. Logo, todos os contratos possuem elementos comuns, por exemplo, objeto lícito (elemento essencial); regras específicas identificadas de acordo com o contrato em espécie, por exemplo, o aluguel no contrato de locação (elemento específico ou natural); e, as cláusulas convencionadas entre as partes, por exemplo, proibirem ou permita que sejam realizadas benfeitorias úteis e voluptuárias no imóvel alugado (elemento incidental). Logo, em relação as benfeitorias realizadas numa relação contraual, temos que ter em mente a principal característica dos contratos: autonomia privada da vontade. Em especial, quando o contrato é paritário, onde as partes se encontram em equilíbrio, manifestando a máxima da liberdade. Na oportunidade, vale ressaltar que a única limitação que a autonomia privada da vontade sofre é a soberania da ordem pública e a função social dos contratos (artigo 421, do Código Civil). Portanto, as benfeitorias, mesmo num contrato de locação, poderam ser indenizáveis. Dependerá do que for convencionado entre as partes (cláusula incidental). Contudo, por ser um elemento natural ao contrato de locação, destarte, no silêncio do contrato aplicar-se á os dispositivos apontados acima. Outrossim, cumpre esclarecer que o que rege as benfeitorias é a boa-fé no bojo das relações jurídicas, portanto, uma vez realizadas as benfeitorias pelo possuidor de boa-fé, as mesmas devem ser indenizadas, conforme assevera o artigo 1.219, do Código Civil: O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Ainda, em relação ao direito de indenização pelas benfeitorias vale citar o artigo 242, do Código Civil, que preconiza: Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé (grifo nosso). Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar- se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé (grifo nosso). Conclusão, não podemos precipitar que as benfeitorias úteis e voluptuárias não são indenizáveis. Inicialmente, o legislador originário se preocupou com a boa-fé e eticidade nas relações jurídicas, afastando, por conseguinte, o enriquecimento sem causa. Contudo, é dado um tratamento especial nos contratos de locação, sendo exigido prévia manifestação dos contratantes, especificamente, a anuência do proprietário para as aludidas benfeitorias. https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…fGHJtXSMrN7DQxZOtQYJz7_ikuSuNI3ErGL7ZdtGIgLNCsqcYetj0 19/05/17 19T31 Página 1 de 2 Não olvidando a autonomia privada da vontade dos contratantes, prevalecendo a liberdade das partes de alterarem as regras do legislador originário, por exemplo, na hipótese de compensar no pagamento do aluguel as benfeitorias úteis realizadas no imóvel. https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…fGHJtXSMrN7DQxZOtQYJz7_ikuSuNI3ErGL7ZdtGIgLNCsqcYetj0 19/05/17 19T31 Página 2 de 2
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