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Manual TAR ufcd 4312 Turismo Evolução, conceitos e classificações

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UFCD 4312 – Turismo – evolução, conceitos e classificações
 
Centro de Emprego e Formação Profissional do Porto
Serviço de Formação Profissional do Porto
		
	ufcd 4312
	TURISMO – EVOLUÇÃO, CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES
Formador:
Carlos Alberto Pereira Moura 
Índice
Introdução
Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 4312 – Turismo – evolução, conceitos e classificações, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Objetivos
Descrever a evolução de turismo.
Definir os conceitos fundamentais do turismo.
Identificar as diferentes classificações do turismo.
Conteúdos programáticos
Conceito de lazer, recreio e turismo
Classificação do sujeito turístico
Evolução do Turismo e suas características
Perspetivas de evolução do turismo
Carga horária
25 horas
1. Conceito de lazer, recreio e turismo
A primeira definição de turismo foi proposta pelos Professores Hunziker e Krapf, em 1942, sendo posteriormente adoptada pela Association Internationale des Experts cientifiques du Tourisme (aiest).
Naquela data, o turismo era definido como «o conjunto das relações e fenómenos originados pela deslocação e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência, desde que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para o exercício de uma atividade lucrativa principal, permanente ou temporária».
Esta definição, que integra o conceito de visitante não fazendo a separação entre turistas e excursionistas, destaca os seguintes elementos de interesse:
• O turismo é um conjunto de relações e fenómenos;
• Exige a deslocação da residência habitual:
• Não pode ser utilizada para o exercício de uma atividade lucrativa principal.
Em 1991, a Organização Mundial de Turismo (OMT) apresentou uma nova definição entendendo que: 
«O turismo compreende as atividades desenvolvidas por pessoas ao longo de viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, para fins recreativos, de negócios e outros».
A expressão «enquadramento habitual», em substituição da “residência habitual”, foi introduzida para excluir do conceito de visitante as pessoas que todos os dias se deslocam entre a sua casa e o local de trabalho ou de estudo bem como as deslocações efetuadas no seio da comunidade local com carácter rotineiro. 
O conceito reveste duas dimensões:
Frequência - na medida em que os locais frequentemente visitados por uma pessoa fazem parte do seu enquadramento habitual;
Distância - na medida em que os locais próximos da residência também fazem parte do enquadramento habitual mesmo se for raramente visitada.
Deste modo, o enquadramento habitual é uma certa zona em redor do local de residência bem como os locais visitados com uma certa frequência.
Embora adotada pela Comissão de Estatística da onu, esta definição peca por imprecisão e por privilegiar o lado da procura. 
Mais completa e correta é a definição de Mathieson e Wall que consideram que «o turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora dos seus locais normais de trabalho e de residência, as atividades desenvolvidas durante a sua permanência nesses destinos e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades».
Esta definição – reforça / evidencia a complexidade da atividade turística e deixa perceber, implicitamente, as relações que ela envolve.
Ora, a cada vez maior internacionalização das atividades económicas bem como as, também, cada vez maiores deslocações no interior de cada país motivadas por razões profissionais, esbatem as diferenças entre os movimentos turísticos e não turísticos a que acresce a impossibilidade prática de separar uns dos outros. (acho este paragrafo confuso)
Excluem-se as deslocações do e para o local de trabalho exigidas pelo exercício de uma profissão fora da residência habitual, como resulta da própria definição, bem como as pessoas que se deslocam, habitualmente, da sua residência com o objetivo de adquirirem os produtos ou serviços de que necessitam para seu consumo corrente (caso das compras habituais em hipermercados situados fora da localidade de residência).
Vários estudos elaborados ao longo dos últimos anos sobre o turismo determinaram diversas definições, mas segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT):
“ Conjunto de atividade desenvolvidas por pessoas durante as viagens em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócios e outros”
Analisando esta definição podemos concluir que esta atividade implica: 
A realização de atividade por parte de visitantes que saem fora do seu ambiente habitual. Com exclusão da rotina normal de trabalho e das práticas sociais;
Estas atividades implicam a viagem e, normalmente, algum meio de transporte para o destino;
O destino é o espaço de concentração das facilidades que suportam aquelas atividades. 
Antes de avançar para o ponto seguinte, convém definir alguns outros conceitos importantes:
Os viajantes podem ser classificados em função dos motivos da visita que efetuam.
Visitante: Toda a pessoa que se desloca para fora do se lugar habitual de residência com um objetivo que não seja o de usufruir uma atividade remunerada. Pode ser nacional ou internacional.
Turista: Todo o visitante que fica pelo menos uma noite no local visitado. Pode ser nacional ou internacional.
Excursionista: Todo o visitante que não pernoita no local visitado. Pode ser nacional ou internacional.
2. Classificação do sujeito turístico
Os turistas podem ser classificados de acordo com os tipos psicográficos. Um dos modelos mais importantes, que permite esta segmentação, é o Modelo Psicocêntrico-Alocêntrico de Stanley Plog.
O termo psicocêntrico traduz a concentração do pensamento ou das preocupações nos pequenos problemas da vida. O termo alocêntrico traduz o interesse de uma pessoa por várias atividades.
De acordo com esta terminologia, Plog criou uma nova tipologia do carácter dos turistas que identificam dois grupos opostos: os psicocêntricos e os alocêntricos:
Psicocêntricos: Agrupam os turistas que concentram o seu comportamento nas suas preocupações pessoais e têm um interesse limitado pelo mundo exterior. Em termos turísticos, preferem viajar para locais familiares, muito frequentados e praticamente não realizam atividades que os desviem da rotina. São mais passivos que ativos.
Alocêntricos: São os turistas que se interessam por um grande número de atividades, desejam descobrir o mundo e manifestam uma curiosidade geral por tudo o que os rodeia. Distinguem-se pelo desejo de aventura e pela curiosidade.
Entre estas duas categorias extremas, encontra-se a maioria dos turistas, que se reparte por três categorias intermédias: os quase-psicocêntricos, os cêntricos e os quase-alocêntricos. 
Os cêntricos representam a maior percentagem dos viajantes e caracterizam-se pelo reduzido desejo de aventura e pela procura dos destinos mais na moda.
Preferências dos turistas de cada tipologia
Psicocêntricos
Destinos que não perturbem o seu modo de vida;
Atividades recreativas pouco originais;
Turismo sedentário;
Destinos acessíveis por automóvel;
Instalações e equipamentos turísticos tradicionais;
Viagens organizadas, estruturadas e bem preparadas.
Quase-psicocêntricos
Satisfação do ego e procura de estatuto;
Procura de conforto social;
Visitas a locais muito frequentados ou mencionados pelos meios de comunicação social.
Cêntricos
Descontração e prazer, diversão e entretenimento;
Clima, sol, termas;
Mudança durante algum tempo;
Oportunidade de fuga aos problemas diários;
Gastronomia, descanso, conforto, bebida;
Prazer de viajar e apreciação da beleza: parques naturais, lagos, montanhas;
Compras para recordaçõese ofertas;
Prazer sentido antes e depois da viagem: planeamento da viagem, aprendizagem, sonho e, depois, o prazer de mostrar fotografias, recordações e descrever a viagem.
Quase-alocêntricos
Participar em acontecimentos ou atividades desportivas;
Viagens desafiantes; explorações, alpinismo, passeios a pé, peregrinações;
Viagens de negócios, congressos, reuniões, convenções;
Visitas a teatros, espetáculos especiais;
Oportunidade de experimentar um estilo de vida diferente.
Alocêntricos
Regiões não desenvolvidas turisticamente;
Novas experiências e descobertas;
Destinos diferentes;
Viagens de organização flexível (oposto de pacotes turísticos);
Atrativos educacionais e culturais;
Procura do exótico;
Satisfação e sensação de poder e liberdade;
Os grupos alocêntrico e quase-alocêntrico são os primeiros segmentos de mercado a serem atraídos para um destino turístico que pretende crescer e desenvolver-se.
Relativamente aos destinos que visam um desenvolvimento turístico limitado, por possuírem condições naturais e culturais que exigem cuidados especiais de preservação, o grupo alocêntrico deve constituir o principal segmento de mercado.
Por isso, quando se pretende manter um centro turístico com pouca frequência de turistas, a publicidade deve dirigir-se aos alocêntricos ou quase-alocêntricos.
Os cêntricos, que integram cerca de 60% dos turistas, são o grupo mais importante para fomentar o desenvolvimento e crescimento dos empreendimentos turísticos de grande dimensão.
Os psicocêntricos despendem a quase totalidade do seu tempo e recursos nos empreendimentos que utilizam e, em, geral, têm uma permanência mais reduzida e gastam menos do que os outros segmentos. 
Não são o segmento adequado quando se pretende desenvolver um destino turístico, mas pode contribuir para aumentar a sua frequência.
3. Evolução do turismo e suas características
Do Século II a.C. ao Século XV d.C.
Os Gregos e Romanos, por serem grandes comerciantes viajam muito. 
Até ao início do século XIX, o termo “turismo” não fazia sequer parte do vocabulário, contudo estas deslocações foram a primeira forma de turismo. 
As viagens eram, até esta época, difíceis e arriscadas, uma vez que as estradas se encontravam em mau estado, os meios de transporte eram inadequados e existiam muitos perigos, nomeadamente de cruzadas. 
Na Antiguidade Clássica, os gregos faziam viagens para assistir, participar e usufruírem de espetáculos culturais, cursos, festivais e jogos que eram uma prova do seu destaque perante as outras categorias sociais.
Os romanos foram os primeiros povos a criarem locais exclusivamente destinados ao repouso, com finalidades terapêuticas, religiosas e desportivas.
 As arenas, palco dos maiores espetáculos populares, as termas para resolver problemas de saúde, e as práticas desportivas variadas, atraíam e concentravam inúmeros romanos em diversas partes do império. 
Eles possuíam o gosto pelas viagens e passeios, permanecendo como uma marca do seu povo a exploração de outras localidades para diversos fins, exclusivamente nas áreas litorais, resultado da crença no poder das águas marinhas. 
Muitas estradas foram construídas pelo Império Romano, possibilitando e determinando que seus cidadãos viajassem. De Roma saíam contingentes importantes para o mar, para o campo, para as águas termais, templos e festividades.
A partir do século VI, começaram a ser registadas as peregrinações e viagens a Jerusalém e, no séc. IX, foi descoberto o túmulo de Santiago de Compostela, em Espanha. 
Neste momento iniciaram-se as primeiras excursões pagas e organizadas pelos jacobeus, que dispunham de chefes de equipas que conheciam os principais pontos do caminho, organizavam o grupo e estipulavam as regras de horário, alimentação e orações. 
Na primeira metade da Idade Média, com a consolidação do feudalismo e do poder da Igreja, o homem encontrava-se bastante ligado à terra, tornando-se essencialmente agrícola. 
Os feudos tornaram-se no sistema económico vigente e eram autossuficientes, tornando desnecessárias as deslocações comerciais. 
Desta forma, as antigas estradas, construídas pelos romanos, desgastaram-se e acabaram por ser destruídas. 
As atividades comerciais na Idade Média eram constituídas em sua grande maioria pelas feiras, que formavam verdadeira espécie de comércio internacional. Além do comércio, traziam junto de si a cultura e política dos povos, tanto europeus como do Oriente.
Durante todo o século XIII e XIV, o que chamava a atenção dos habitantes eram os eventos, visto que, no período de realização dos mesmos, as estalagens, pousadas e outros meios de hospedagem ficavam lotados, gerando grande movimentação económica. 
Muitos, sem interesse de realizar comércio, aproveitavam as feiras para passeio e como forma de descontração.
Do século XVI ao XVIII d.C.
A segunda metade do século XV e todo o século XVI é marcado pelo considerável aumento das viagens particulares. Essas viagens tinham como objetivo a acumulação de conhecimento, cultura, línguas e aventuras.
No século XVII houve uma melhoria considerável nos transportes terrestres: foi inventada a diligência, com serviços regulares de Frankfurt para Paris e de Londres para Oxford. Observa-se que os caminhos estavam mal conservados. Na maioria das vezes a manutenção era feita pelos donos da terra por onde o caminho passava e estes cobravam portagem pelos serviços. 
A partir de meados do século XVIII, produzem-se grandes mudanças, tanto do ponto de vista tecnológico, como do económico, social e cultural que introduzem alterações significativas no sector das viagens. 
É nesta época que se popularizam as viagens de recreio como forma de aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e experiências.
 Na segunda metade do século XVIII, algumas pessoas viajava por toda a Europa e realizavam estadas de longa duração. 
Os diplomatas, estudantes e membros das famílias ricas inglesas faziam a Grand Tour, viajando por Paris, Florença, Roma, Veneza, Alemanha, Suíça e mediterrâneo.
 A Grand Tour passou a ser entendida como uma etapa importante e necessária para a formação académica dos jovens de boas famílias. Esta viagem tinha uma duração normal de três anos. 
Com a Grand Tour, nasce o conceito de turismo e, pela primeira vez, começam a designar-se as pessoas que viajam por turistas, embora não se desenvolvesse da forma como o turismo é conhecido atualmente.
Nesta altura, multiplicam-se os guias turísticos que fornecem informações e conselhos aos viajantes. O vasto movimento dos ingleses para o continente europeu começou a influenciar o desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restauração. 
Ainda no século XVIII ocorreu a “revolução termal”, quando a medicina comprova o valor da água para a saúde. Nessa época houve uma intensa codificação de toda atividade lúdica e de recreação. 
Os jogos de sorte e azar ganham espaço cada vez maior na sociedade, conseguindo, por fim, apoio estatal ao ter a sua legalização. Com a legalidade dos jogos de fortuna e azar nascem os casinos. 
Por fim, nota-se no século XVIII a expansão dos hotéis, por toda a Europa.
Do século XIX ao séc. XX
O século XIX, marcado por um período de intensas transformações na economia, política e sociedade em si, veio a representar para o turismo um verdadeiro avanço. Nesta época surge o conceito formal de turista.
Com a invenção da máquina a vapor de Watt, deu-se início ao processo conhecido por Revolução Industrial. Através deste movimento, ocorreu o êxodo rural, a manufatura passou a ser substituída pela maquinofatura na produção fabril. 
O aumento da população nas cidades foi notório, a produção alimentícia triplicou e o capitalismo industrial alcançou uma prosperidade sem tamanho. 
A revolução pela qual a Europa passava tornou imperiosa a necessidade de se, bem como sua conservação. Isso porque elas eram meio de escoamento da produção internae também forma de se interligar os centros industriais.
A melhoria na construção e manutenção das estradas, o desenvolvimento da ciência, a revolução industrial, o aumento das trocas comerciais, o progresso nos transportes e a generalização da publicação de jornais dão um novo impulso às viagens. 
Por volta de 1830, surgem na Suíça os primeiros hotéis, que começam a tomar o lugar dos albergues e das hospedarias.
Em 1841, nasce o turismo organizado com Thomas Cook. As suas iniciativas de criar viagens organizadas marcaram uma das mais importantes etapas na história do turismo e estão na origem do turismo moderno. Atualmente, a agência por ele criada continua a ser uma das maiores organizações turísticas do mundo. 
Também em Portugal nascem as primeiras agências de viagem, nomeadamente a Agência Abreu, criada em 1840.
 Ao longo do século XIX, diversas foram as viagens realizadas, sempre em busca de cultura e recreio, e os europeus passaram a visitar novos destinos. 
Observa-se, neste período, um suave processo de democratização do turismo, ou seja, as viagens tornaram-se mais acessíveis para o segmento da classe média da população.
Os comboios eram sinónimo de rapidez e elemento facilitador da atividade turística. Os navios exerciam verdadeira atração sobre a população. Surge a classe média, com salários melhores e maior possibilidade de gastos com entretenimento.
Na primeira década do século XX as inovações e transformações alteraram profundamente os modos de vida, com a descoberta do telégrafo e do telefone, o alargamento da rede de caminhos-de-ferro, a extensão das redes de estradas e o grande desenvolvimento industrial, associado à racionalização do trabalho e às reivindicações sindicais. 
O tempo de trabalho diminui e alcança-se o direito ao repouso semanal, pelo que o conceito de lazer surge como uma nova noção.
O turismo transforma-se num fenómeno da sociedade, influencia o comportamento das pessoas e começa a alcançar uma importante dimensão económica. O reconhecimento da importância do turismo leva à criação de diversas instituições governamentais com o objetivo de o promover e organizar. 
Entretanto, o avião e o automóvel fazem a sua entrada no mundo das viagens, embora de utilização reservada às elites. Estavam, assim, criadas as condições para a universalização do turismo e para o seu crescimento como atividade económica. Surgem, também, as primeiras estruturas de turismo. 
Contudo, a II Grande Guerra representou nova estagnação para o turismo mundial. Toda a atividade turística foi paralisada em função da guerra, uma vez que a Europa, o maior centro do turismo até então, era o palco principal das hostilidades. 
Durante este período, o turismo praticamente desapareceu. Durante a guerra e o período de recuperação económica que lhe seguiu, o turismo sofreu grandes dificuldades.
Depois, entre 1945 e 1973, o progresso científico e técnico levou a um desenvolvimento económico e atinge-se a estabilidade política internacional. 
Ao nível do turismo, identificam-se as seguintes alterações:
Aumento do tempo livre (decorrente da diminuição do tempo de trabalho semanal e da generalização das férias pagas); 
Aumento do rendimento disponível, que facilita a compra de viagens (adoção de medidas sociais, como reformas, subsídios à família, pagamento de despesas com doenças); 
Mudança das motivações, já que as pessoas passam a ter necessidade de compensar os desequilíbrios psicológicos ligados à vida profissional através da evasão ao meio.
Também do lado da oferta se operou uma transformação das bases do turismo: as viagens aéreas desenvolvem-se rapidamente e as viaturas individuais tornam-se mais frequentes. 
Os organizadores de viagens (agentes de viagens e operadores turísticos) iniciaram a produção em série de produtos de massa, tendo por base o avião fretado e as cadeias de hotéis no litoral. O turismo passou a ser a procura do sol e mar.
Na década de 60 surgiram as primeiras operadoras turísticas, com pacotes partindo do norte europeu, para a costa do Mediterrâneo. 
Na década de 70, a preocupação com o meio ambiente tornou-se evidente, sendo necessário o cuidado e a preservação dos recursos naturais. 
Os poderes públicos passaram a compreender o turismo não apenas numa perspetiva económica, mas especialmente numa perspetiva social, política, ecológica, cultural e educativa. 
Isto é, passa a ser entendido como uma forma de responder às necessidades humanas e encetaram políticas de desenvolvimento de equipamentos e promoção do turismo dos nacionais no interior dos seus territórios. 
Foi assim que na segunda metade do século XX, a atividade turística se expandiu pelo mundo inteiro e o número de agências de viagens aumentou consideravelmente. 
Evolução do turismo em Portugal
 Os primórdios do turismo em Portugal (até final do século XIX)
É o período que vai até à institucionalização do turismo em Portugal, época romântica e elitista. 
Nesta altura havia dificuldades em realizar viagens, só alguns é que as faziam; havia viajantes e não turistas, por isso abundavam os livros de viagens nos séculos XVIII e XIX. Quem viajava, fazia-o para se cultivar intelectualmente e não por prazer. 
Na segunda metade do século XVIII e início do século XIX aparecem as primeiras viagens de recreio.
O mecanismo impulsionador do turismo era comandado da seguinte forma, por um lado funcionava a velhíssima atração causada pelo brilho da realeza e da sua corte, as quais sempre talharam as modas e encorajaram o snobismo, do outro, com idênticos resultados turísticos, a nova força difusora das ideias e das opiniões, representada pela nascente comunicação social, ainda limitada ao livro e à gazeta.
A partir do momento em que, rendida aos efeitos de tamanho arsenal de seduções, foi despertada a vontade de excursionar, restava apenas aguardar que aparecessem os meios logísticos, cómodos e baratos, capazes de satisfazer tais intenções. 
Como é natural, os progressos que este prototurismo foi absorvendo ao longo da primeira metade do século XIX, tiveram em Portugal uma expressão consoante o seu próprio desenvolvimento. 
Só após as invasões napoleónicas (1807-1810) e a absorção das convulsões políticas e civis provocadas pelo ajustamento da sociedade às novas conceções liberais (1820-1847) é que o país dispôs de condições propícias a um desenvolvimento sustentado e abrangente que, por seu turno, irá permitir o anúncio de acalmia e estabilidade política e social para os potenciais visitantes. 
O primeiro sinal concreto desta acalmia vital para o florescimento do turismo viria a ser dado com a instalação em 1840, em Lisboa, de um grandioso hotel para o tempo: o Bragança. Entretanto, dentro das estruturas pró-turísticas regista-se o passeio público de Lisboa (1764-1870), os teatros líricos de S. Carlos (Lisboa, 1793) e de S. João (Porto, 1798), o Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa, 1846), bem como o aparecimento dos cafés de estilo parisiense. 
Passando ao veraneio, a primeira metade do século fica-se pelo esboçar turístico de algumas estâncias termais que, domesticamente, brilharão no final do século (Gerês, Vizela, S. Pedro do Sul, Caldas da Rainha, Lisboa/Estoril), assentando todas elas em antiquíssimas fontes medicinais, enraizadas na tradição popular.
Ao mesmo tempo, fluindo das cidades e do interior, vai tomando corpo o caudal de banhistas que, em poucas décadas, passará a animar os humildes vilarejos piscatórios do litoral. Mas por enquanto são ainda poucas: Póvoa de Varzim, Foz do Douro, Figueira da Foz, Pedrouços.
Havia outros locais de atração turística, como o caso de Sintra, com a sua verdejante serra, onde D. João I, no século XIV, tinha construído o seu palácio de Verão, era agora anunciada ao mundo como um “éden glorioso” por Lord Byron, 1812. 
Em 1839-50, D. Fernando manda construir o Palácio da Pena que se torna no Ex Libris turístico da instância. Seguindo-se a construção de numerosas residências secundárias,ocupadas no Verão, pela aristocracia e burguesia lisboetas.
Porém, só algumas décadas depois, com a chegada do caminho-de-ferro (1856-1887), é que todos estes embriões turísticos (termas, praias, montanhas) passam a desfrutar de um genuíno e continuado desenvolvimento que irá dar origem ao aparecimento de importantes centros regionais, como sejam os casos de Espinho e Póvoa de Varzim.
Até meados de oitocentos, a difusão do fenómeno turístico, fora contida, essencialmente, pela inexistência duma malha de transportes barata e operacional, circunstância que deste modo deixava inacessíveis aos potenciais turistas os múltiplos atrativos do país. 
Em pleno século XIX, salvo a capital e duas ou três cidades, o resto do país vivia, ainda, em plena Idade Média.
Nesta altura, a Madeira gozava fama como instância climática, ficando consagrada por um ciclo de estadas reais e imperiais, ficando conhecida como a «Pérola do Atlântico», vindo a assumir um papel de relevo nas estâncias curativas recomendadas na Europa.
O alvorecer do turismo em Portugal (primeira metade do século XX)
O turismo expandiu-se no terreno, alargou-se à maioria dos estratos sociais, ampliou ao infinito a gama temática da sua oferta. 
Contudo o turismo teve que ter na base uma motivação fortemente recrutadora, nomeadamente as deslocações motivadas pelo bem-estar físico ou espiritual, seja pela via do sobrenatural que ergueu a fama de santuários como Fátima, seja pela força que levantaram as termas ou as praias. 
Nesta fase o turismo anda associado a um sentido único: saúde, espiritual ou física.
A tuberculose pulmonar, consequência da miséria a que a Revolução Industrial deu lugar atingiu o seu auge em finais do século XIX e princípios do século XX. 
Começando por atingir as classes mais baixas devido às más condições de vida, rapidamente se alastrou a todas as classes sociais, com sucessivo progressos no combate à doença, o pesadelo da peste branca ou tísica, como era chamada, só terminaria em 1945, com a descoberta da estreptomicina pelo Nobel americano Selman Waksman.
No início os preceitos clínicos receitavam o ar marítimo para a cura da tuberculose pulmonar, mas a partir do último quartel do século XIX, os novos preceitos receitam os ares enxutos do clima de altitude. 
É assim que em 1881, a Sociedade de Geografia de Lisboa, organiza uma expedição científica à Serra da Estrela, com vista à posterior instalação de vários sanatórios (Guarda, 1907). 
Só que, na primeira metade do século XX, os avanços decididos da clínica médica, da farmacopeia e da profilaxia social acabaram por dispensar toda essa parafernália de bem-aventuranças e de “fontes de juventa” em que a natureza é pródiga, amputando ao turismo o seu mais antigo e tradicional fim - o ramo curativo, reduzido a alguns testemunhos de terapias termais ou sanatoriais, funcionando, não com um carácter curativo, mas preventivo.
Neste período, o litoral do Algarve, excêntrico por falta de acessos com Lisboa, mas com excelentes condições climáticas para este tipo de clientela de época, deixara escapar a possibilidade de antecipar a sua entrada nas lides turísticas.
Apontado já em 1898, por Anselmo de Andrade, como a atividade a desenvolver no sentido da recuperação económica nacional, só em Maio de 1911, durante o Governo Provisório da República, se instituíram as primeiras estruturas oficiais de turismo. 
Com a abertura em Paris, em 1921, da primeira representação do turismo nacional no estrangeiro, o Bureau de Renseignements, gerido pelo Estado e pela Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro, e com a criação das Comissões de Iniciativa, base das estruturas orgânicas locais, no mesmo ano, completou-se em Portugal o primeiro aparelho administrativo do turismo que se irá consolidar até meados da década de 30: desenvolvimento da representação no estrangeiro, com destaque para a Feira Ibero-Americana de Sevilha (1929), criação da FNAT e do Centro de Turismo Português, da responsabilidade do Automóvel Clube de Portugal.
No mesmo período avultam algumas ações a nível regional como a criação da Zona de Turismo do Estoril, onde se inaugura em Portugal a primeira linha eletrificada de caminho de ferro, cujo plano inicial se completa com a inauguração de um hotel de luxo, em 1930, e do Casino, em 1931; a criação de duas zonas permanentes de jogo (Estoril e Madeira) e seis temporárias (Espinho, Figueira da Foz, Praia da Rocha, Curia, Sintra e Viana do Castelo); o lançamento de estruturas de acolhimento em Fátima.
Simultaneamente, organizam-se equipamentos complementares: estrutura-se o campismo (1930), constituem-se os Serviços Aéreos Portugueses (1927) e a Companhia Aero-Portuguesa (1934) e iniciam-se os voos transatlânticos dos clipers para Lisboa (1931), linha aérea cujo desenvolvimento permitiu apontar Lisboa no Programa Oficial das Comemorações dos Centenários em 1940, como «novo cais da Europa, praia do ar do Ocidente».
O I Congresso Nacional de Turismo, realizado em 1936 na Sociedade de Geografia de Lisboa, tem grande influência na municipalização do turismo local, implementada através das Comissões Municipais e Juntas de Turismo.
A criação da Junta Autónoma de Estradas implementará a reconstrução das principais estradas do país, dando origem ao turismo automóvel em Portugal, modalidade cujo desenvolvimento criou condições à rápida progressão do excursionismo rodoviário em detrimento do ferroviário.
Em 1939, a tutela do sector é integrada num secretariado dependente da Presidência do Conselho de Ministros, gerindo-se o turismo, a partir de então, como um projeto global nacional.
Com o inicio da II Guerra Mundial, começa um período de dificuldades para o turismo português, que vai até meados da década de 60. 
Durante esse tempo, Portugal comemora, longe das hostilidades, os Centenários, promovendo a Exposição do Mundo Português. 
Enche-se de refugiados e sofre, também por isso, um significativo choque que pôs em evidência a precariedade da rede hoteleira que, à exceção do eixo Lisboa-Estoril, não tinha condições nem dignidade.
A guerra civil de Espanha reduziu as entradas de turistas deste país e a II Guerra Mundial contrariou as correntes europeias recreativas e culturais, mas aumentou o número de refugiados a caminho da América ou de África. 
Todavia, o Estoril foi beneficiado com este surto de refugiados. No pós-guerra os acréscimos do número de entradas de estrangeiros são discretos.
Antes da Guerra predominava a clientela inglesa (que passava o Inverno no Estoril e na Madeira), constituída por muitos reformados e a espanhola (em várias praias e termas). Durante a guerra predominam os nacionais da área em conflito: Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Grécia, Itália; Polónia, Hungria, Roménia e Jugoslávia.
Com o retorno da paz, estes últimos desapareceram por completo e recomeçaram as viagens motivadas por negócios, desporto, cultura, reuniões científicas e políticas, a par de alguns fluxos verdadeiramente turísticos, com relevo para os das Américas (EUA, Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela, etc.).
 Aumentaram também, de forma acentuada, as correntes de peregrinos para Fátima, que se afirma como o maior centro religioso do país. 
Paralelamente renascia o excursionismo por mar, com escala em Lisboa, e começa a afirmar-se um certo turismo popular internacional.
A posição marginal do país em relação aos principais centros emissores, tornava as viagens longas, difíceis e caras, até à generalização da aviação comercial e do automóvel e da modernização do caminho-de-ferro, que só vai acontecer no final da década de 50.
O processo de mudança desta estrutura conclui-se em 1950, através da ação do SNI, e passou pelo enriquecimento do parque hoteleiro do país, com o relançamento do programa das pousadas que envolvia o restauro, adaptação e equipamento dos edifícios de algum valor histórico, dimensionados e decorados integralmente.
Outros esforços, para dotar o turismo nacional de meios capazesde acrescentar o seu potencial, vão surgir até meados da década de 50 - reformulação da política de transportes terrestres, com entrega exclusiva dos circuitos turísticos em autocarro às agências de viagens, regulamentadas na mesma altura; tentativas de reanimação do transporte ferroviário; relançamento da marinha mercante nacional; reapetrechamento do aeródromo de Sintra e construção do Aeroporto de Lisboa, com a criação simultânea da TAP, Transportes Aéreos Portugueses, fechando, assim, um longo processo na evolução dos transportes aéreos em Portugal.
São ainda postas em prática algumas, de certo modo derradeiras, tentativas de reaportuguesamento de Portugal, em campos tão diversos como a música e o bailado: Verde Gaio, ranchos folclóricos de índole realista, a instalação do Museu de Arte Popular em Belém; concurso da «Aldeia Mais Portuguesa de Portugal».
Para efetivar o relançamento do turismo é promulgado um pacote legislativo ainda na década de 50, que estabelece uma nova estrutura para a atividade, inicia a sua regionalização e cria o Fundo de Turismo. 
Na década de 60, a atividade é considerada fundamental nos Planos de Fomento: de 1965-67 (intercalar) como «valioso instrumento nacional»; no III, 1968-73, como «sector estratégico de crescimento económico».
Os resultados são espetaculares, 250 mil turistas visitam Portugal em 1956, ano do ressurgimento, 1 milhão em 1964, 2.5 milhões em 1968.
A afirmação de Portugal como país de destino do turismo internacional (a partir da década de 1960)
Com o aparecimento da aviação comercial, com a reparação das estradas e das vias-férreas, com o embaratecimento e popularização dos automóveis, que se tornaram acessíveis a pessoas de médios e até de pequenos recursos, as vias de acesso a Portugal simplificaram-se imenso e o fluxo de turistas começou.
 De princípio timidamente, depois com mais vigor e a partir de 1964 em pleno desenvolvimento, ressalvada que seja a fase de 1974/76 afetada pelos sobressaltos políticos e sociais que se seguiram à Revolução de Abril, agravados pela crise económica mundial decorrente do choque petrolífero de 1973. Mas em 1973 já se encetava a recuperação.
O grande acréscimo foi posterior a 1958 e registou-se com um certo atraso relativamente a outros países mediterrâneos, predominavam os turistas ricos (americanos e ingleses), por isso as receitas por turista eram bastante elevadas e estadas médias de 3,7 dormidas. Havia uma procura acentuada em estabelecimentos hoteleiros de luxo (1ª e 2ª classes), consequência da péssima qualidade dos hotéis e pensões de 3ª classe.
 Esboçava-se uma certa preferência pelas praias do Algarve, embora Lisboa e arredores continuassem a ser a região de maior atração turística e também a melhor apetrechada em estabelecimentos hoteleiros. 
No entanto, em 1960, registavam-se algumas formas de turismo barato, nomeadamente parques de campismo e de caravanismo, albergues de juventude, aldeias de férias, etc.
Mas a política oficial continuava a ser a preferência pelo turismo de luxo em detrimento do turismo de massas, tendo em conta que aquele deixa mais divisas por habitante e proporciona maiores lucros.
Da mesma forma se desprezava o turismo interno, pois os potenciais turistas portugueses frequentavam os parques de campismo, albergues de juventude, aldeias de férias, etc., então em franco desenvolvimento, mas não originavam grandes lucros. 
As correntes recreativas mais volumosas eram, todavia, desviadas para casas de familiares, residências secundárias, apartamentos e quartos alugados, cuja capacidade se desconhece.
O turismo interno marginalizava ainda largos estratos da população portuguesa, designadamente a das áreas menos urbanizadas, a menos instruída, a mais idosa e a de menores recursos económicos.
 Por outro lado, e para muita gente, a possibilidade de fazer férias em lugares distintos dos da residência habitual resulta apenas do facto de dispor de alojamento económico, em relação com a sua origem rural.
Com a afirmação do turismo balnear litoral, as termas vão perdendo cada vez mais importância. 
A partir dos anos 30 o termalismo entra em crise por quase toda a Europa, perante a afirmação da quimioterapia e de formas diversas de ocupação dos tempos livres. 
Portugal não fugiu à regra, até pela insuficiente diversificação do equipamento recreativo e desportivo da grande maioria das estâncias termais, que no caso inverso, teria desencadeado movimentos puramente turísticos, e pela excecional riqueza e diversidade das praias. 
Outros fatores reforçam a tendência evolutiva, designadamente o isolamento de algumas e a sua localização em meios humanos pobres e tradicionais, de infraestruturas e equipamentos demasiado insuficientes perante as exigências de clientelas urbanas de nível económico médio e superior.
Todavia, durante a II Guerra Mundial as termas portuguesas atraíram muitos estrangeiros, provavelmente refugiados. No fim do conflito, esta clientela que foi comum a outros estabelecimentos hoteleiros desaparecera. A partir de 1945, só alguns portugueses ou emigrantes retornados do Brasil ou da Argentina é que as frequentam, sendo as dormidas de estrangeiros quase insignificantes.
Em 1970, afirmava-se que as estâncias termais deveriam ser objeto de uma intervenção cuidada, com vista à sua revitalização e aproveitamento para o turismo interno. Sendo os únicos centros turísticos disseminados pelo interior, parecia poderem vir a desempenhar um papel importante na atenuação dos desequilíbrios regionais.
Assim a nova moda é a da predominância da atração litoral. Perante a tendência das principais correntes turísticas europeias, que valorizou o Sul de França, o Sul de Espanha, a Itália, as ilhas do Mediterrâneo e o litoral da África do Norte, e a procura de praias novas, desconhecidas, ainda não saturadas, mas suficientemente cosmopolitas e em voga, a política nacional de captação daquelas correntes, escolheu o Algarve como área de acolhimento nacional e, consequentemente, como região de desenvolvimento turístico prioritário. 
Nesse sentido todas as iniciativas de construção de infraestruturas de acolhimento foram apoiadas. 
Além da qualidade das praias e da amenidade do mar, o Algarve possui um clima que possibilita uma larga estação balnear, o que constitui condição essencial da viabilidade económica dos necessários investimentos. 
Esta evolução traduz a decadência das estâncias termais e dos centros menores da rede urbana do interior e a afirmação dos distritos do litoral.
Em termos espaciais, o turismo foi considerado como um instrumento capaz de atenuar os desequilíbrios regionais (económicos, de emprego, equipamento, serviços, infraestruturas, etc.).
 Mas verifica-se que o turismo estrangeiro e nacional de maior nível económico se concentram na fachada marítima do país, acentuando o contraste litoral-interior.
 Isto observa-se também à escala regional, como acontece no Algarve, onde as incidências diretas do turismo quase não afetam o Barrocal e muito menos a Serra.
Alguns acontecimentos virão dificultar o seu percurso: por um lado, fatores externos, como as perturbações socioculturais de 1968 e a crise energética de 1973; por outro lado, fatores internos, dos quais a fundamental foi a Revolução de 25 de Abril de 1974, a partir da qual as entradas de estrangeiros caíram, nos dois anos seguintes, para 50% da média de 1973.
Só em 23 de Dezembro de 1975, na vigência do VI Governo Provisório, se declara o turismo como «atividade privada e prioritária», criando-se, na mesma oportunidade, uma entidade para gerir o parque hoteleiro sob o domínio do Estado, a ENATUR.
A recuperação só se acentua a partir de 1980, ano em que se renova a política de incentivos estatais, imprescindível ao crescimento e melhoria da qualidade das estruturas e dos produtos turísticos.
O Plano Nacional de Turismo, iniciado em 1983, e aprovado em 1986 para um curto período de vigência (1986-89), pretende relançar a atividade segundouma ótica que reforça a importância do turismo local.
O campismo, o turismo em espaço rural, as pousadas, o turismo ecológico, entre outros, constituem campos de ação razoavelmente bem-sucedidos, a partir da década de 80. 
Neste quadro, a atividade turística é hoje não só um sector fundamental na conjuntura económica do país, mas principalmente um motor de desenvolvimento regional, especialmente prometedor em regiões adormecidas, devido à sangria de populações e atividades a que se assistiu nas últimas décadas.
Em 1998, Portugal ocupou o 15.º lugar do ranking mundial dos principais destinos turísticos com cerca de 11,2 milhões de turistas, o que representa 2% do total mundial e quase 10% dos visitantes estrangeiros na Europa meridional.
4. Classificações do turismo
Estabelecidos os conceitos de turista e turismo, várias classificações deste se podem fazer tomando como base as suas causas e influências e atendendo aos fatores que interferem nas deslocações de pessoas, tais como a sua origem, os meios de transporte utilizados, o grau de liberdade administrativa, a época da deslocação, etc..
Deste modo, podem ter-se as seguintes classificações:
a) Segundo a origem dos visitantes
Atendendo ao facto de se atravessar ou não uma fronteira o turismo subdividir-se-á, de acordo com as classificações metodológicas adotadas pela OMT e pelo Eurostat, em:
As três formas básicas podem ser combinadas de vários modos, resultando dessas combinações as seguintes categorias de turismo:
• Turismo interior que abrange o turismo realizado dentro das fronteiras de um país e compreende o turismo doméstico e o recetor;
• Turismo nacional que se refere aos movimentos dos residentes de um dado país e compreende o turismo doméstico e o turismo emissor;
• Turismo internacional que, por abranger unicamente as deslocações que obrigam a atravessar uma fronteira, consiste no turismo recetor adicionado do emissor.
Embora as referências ao turismo evidenciem, normalmente, o turismo internacional e, quase sempre, seja este que vem à mente quando se fala em turismo, o facto é que os movimentos turísticos no interior de cada país são, regra geral, de dimensão superior aos fluxos internacionais. 
Na atualidade, estima-se que o turismo internacional pouco ultrapasse as mil milhões de chegadas de estrangeiros, aos países de todo o mundo, enquanto que a nível interno ou números ultrapassam as 6.000 milhões de chegadas, ou seja, seis vezes mais. 
No entanto, pelos diferentes efeitos económicos que provoca, é, geralmente, dada maior ênfase e importância ao turismo internacional. 
De salientar que a expressão turismo abrange tanto o doméstico como o internacional.
Segundo a duração da permanência
Turismo de Passagem – Turismo itinerante caracterizado por um número reduzido de noites (estada curta).
Turismo de Permanência – A estada realiza-se no destino final da viagem e tem maior duração.
Quer no turismo de passagem, quer no de permanência, o objetivo é atrair o maior número de turistas pelo maior tempo possível. 
Para tal, os destinos têm que ser atrativos e criar condições para que os turistas passem mais de uma noite.
A duração da permanência depende de:
Duração das férias;
País de origem;
Objetivo da viagem;
Condições existentes no local visitado (condições naturais, investimentos realizados, capacidade criativa…);
Motivações.
A capacidade de atração e retenção de uma região depende de muitos fatores, uns ligados às condições naturais existentes (paisagem, fauna, flora, praias, termas, neve, …), outros aos investimentos realizados (infraestruturas, alojamento, animação, parques de atração, …) e outros, ainda, à capacidade criativa (demonstrações culturais, informações sobre a zona, organização de atividades para entretenimento e ocupação de tempos livres).
Segundo as repercussões na balança de pagamentos
As entradas de visitantes estrangeiros contribuem para o ativo da Balança de Pagamentos de um país, porque fomentam a entrada de divisas e que as saídas de residentes desse país têm um efeito passivo sobre aquela balança por provocarem uma saída de divisas, divide-se em:
Turismo de Exportação – Venda de bens e serviços turísticos a turistas estrangeiros (entrada de divisas externas). “Incoming”.
Turismo de Importação – Os turistas saem para o estrangeiro e levam para lá dinheiro nacional. “Outgoing”.
Segundo a organização da viagem
O turismo, interno ou internacional, de acordo com a forma como é organizada a viagem, pode ser dividido em turismo individual e turismo coletivo ou de grupo.
Turismo Individual realiza-se quando alguém faz uma viagem cujo programa é fixado pelo viajante, podendo modificá-lo livremente, com ou sem intervenção de uma entidade distribuidora de viagens.
Turismo Coletivo/ de Grupo acontece quando uma agência de viagens ou operador turístico oferece, contra o pagamento que cobre a totalidade do programa oferecido, a participação numa viagem para um destino segundo um programa previamente fixado para todo o grupo.
São elementos deste tipo de viagem:
A organização prévia;
Oferta de um conjunto de prestações; 
Preço fixo.
As componentes da viagem são determinadas antes da sua oferta ao público integrando:
Um destino;
Meio de transporte;
Viagem de ida e volta;
transfers dos pontos de chegada para o respetivo meio de alojamento e vice-versa;
Alojamento;
Alimentação;
Distrações e ocupação dos tempos livres;
Seguros;
Outras prestações particulares. 
O turismo começou por ser fundamentalmente individual mas, sobretudo a partir da década de sessenta, com o aparecimento dos voos fretados (charter flights), o acesso às viagens pela generalidade das populações e a intervenção de organizações empresariais de grande dimensão, as viagens organizadas passaram a ganhar cada vez maior importância.
Segundo a qualidade e caracterização socioeconómica
As disponibilidades económicas dos turistas podem ser responsáveis por uma procura diferente dos locais de turismo, embora se tenha pleno conhecimento de que as condições económicas já foram um condicionalismo mais limitativo do que o é na atualidade. 
No entanto continua a fazer-se a seguinte divisão:
Turismo de Minorias – Turismo individual ou formado por pequenos grupos caracterizando-se por um princípio de seleção económica ou cultural.
Turismo de Massas – Realizado por pessoas com menor nível de rendimentos, viajando, na maioria, em grupos. O turismo de massas é mais barato porque se atingem economias de escala.
Segundo a natureza dos meios de viagem utilizados
Turismo Terrestre – automóvel, autocarro ou comboio;
Turismo Náutico – Barco, navios de cruzeiro;
Turismo Aéreo – Avião;
A maioria dos turistas desloca-se de automóvel ou avião, embora as deslocações de comboio ou barco também estejam a crescer em algumas viagens.
Segundo o grau de liberdade administrativa
Este critério resulta da diferenciação entre turismo dirigido e turismo livre, segundo as regulamentações existentes nos países, quer emissores, quer recetores, quando limitam a liberdade das deslocações de turistas ou lhes concedam inteira liberdade de movimentos.
Os países emissores, em situações de dificuldade das respetivas balanças de pagamentos ou por razões políticas, podem limitar as saídas dos seus nacionais por vários meios: limitações na aquisição de divisas; lançamento de impostos; obrigação de constituição prévia à saída, do depósito de uma certa quantia de dinheiro; obrigação de vistos; restrições na concessão de passaportes, etc. 
Também os países recetores limitam, por vezes, sobretudo por razões políticas, as entradas de estrangeiros ou as suas deslocações no interior do país. 
Há países que impedem as visitas a certas localidades e, outros, que condicionam a passagem de visto, ou mesmo das entradas, através de pesados procedimentos administrativos e, outras vezes, não permitem a entrada de nacionaisde países com os quais não mantêm relações diplomáticas.
No entanto, pelo reconhecimento da importância do turismo para a economia de cada país e pelo facto de os turistas se revelarem extremamente sensíveis a todo o tipo de limitações, assiste-se, cada vez mais, a um abrandamento dos condicionamentos às deslocações turísticas.
Segundo as motivações
Diferentes tipos de
TURISMO
É a classificação segundo as motivações que levam as pessoas a viajar que transporta para o ponto seguinte – os Tipos de Turismo.
 
Tipos de Turismo
A identificação dos tipos de turismo resulta da agregação das motivações e das intenções dos viajantes. 
Desta forma, dada a grande variedade existente de motivações para viajar, surgem, também, diversas tipologias de turismo.
 Esta é uma temática em constante crescimento e evolução. Dadas as crescentes exigências dos visitantes e da sociedade em geral, vão surgindo cada vez mais tipos de turismo. 
A diversidade de motivações turísticas traduz-se por uma diversidade de tipos de turismo. 
Como as regiões e os países de destino apresentam também uma grande diversidade de atrativos, a identificação dos vários tipos de turismo permite avaliar a adequação da oferta existente ou a desenvolver às motivações da procura.
Aqui são apresentados alguns:
Turismo de Recreio 
Praticado pelas pessoas que viajam para “mudar de ares”, por curiosidade, ver coisas novas, desfrutar de novas paisagens, das atrações que oferecem os destinos turísticos. 
Este tipo de turismo é peculiarmente heterogéneo porque a simples noção de prazer muda conforme os desejos, o cunho, o carácter ou o meio em que cada pessoa vive.
Turismo de Saúde e Bem-Estar 
Os viajantes pretendem obter um relaxamento físico e mental, um benefício para a saúde, o recobro de uma cirurgia ou de uma doença ou a recuperação física ou emocional do desgaste provocado pela agitação da vida moderna e intensidade do trabalho.
Turismo Cultural 
Alguns autores estabelecem uma diferença entre «turismo cultural» e «turismo histórico», reservando o primeiro para as relações das pessoas com os estilos de vida old style e, o segundo, para as atrações provocadas pelas “glórias do passado”. 
Dada a impossibilidade de separar a cultura da história, incluem-se no turismo cultural, as viagens provocadas pela motivação de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos, conhecer a vida e os hábitos doutros povos, civilizações e culturas diferentes, do passado e do presente, ou ainda a satisfação de necessidades espirituais (religião), participar em manifestações artísticas e as viagens de estudo ou para aprender línguas estrangeiras.
 Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus colaboradores, como prémio ou para participarem em reuniões ou encontros com outros que trabalham em locais ou países diferentes: as chamadas «viagens de incentivo». 
Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as grandes civilização do mundo, os monumentos, os grandes centros de peregrinação ou os fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência destes turistas. 
Turismo de Negócios 
As profissões e os negócios têm como consequência movimentos turísticos importantes e de grande significado económico. 
Atualmente já se utiliza um termo especifico para designar este conjunto de motivações, identificando-se um segmento MICE – Meetings, Incentives, Congresses and Exhibitions ou RICE - Reuniões, Viagens de Incentivos, Congressos, Feiras e Exibições).
 Este tipo de turismo assume um elevado significado para os destinos visitados na medida em que, por norma, as viagens são organizadas fora das épocas de férias, chamada época alta, e pagas pela empresa, ou pela instituição a que os viajantes pertencem. 
Estes turistas possuem elevado poder de compra, o que torna este tipo de turismo muito benéfico para a economia das empresas turística e para os destinos.
Turismo Desportivo 
Estas deslocações são justificadas pela participação num evento desportivo. A motivação pode ser ativa (participar num evento) ou passiva (assistir ao evento), mediante a atuação do turista. 
Atualmente, a preferência pelas férias ativas assume uma importância crescente, o que obriga a que os centros turísticos se equipem com meios adequados à prática desportiva.	
Turismo Político 
Justificado pela participação em acontecimentos ou reuniões de carácter marcadamente político. 
Representam um fluxo significativo de pessoas, já que por razões de promoção mediática estes encontros trazem comitivas grandes de jornalistas e assessores dos políticos. 
Tem características e efeitos semelhantes ao turismo de negócios e exige condições idênticas, obrigatoriamente aumentadas de uma organização mais cuidada por razões diplomáticas, de protocolo e de segurança.
Turismo Étnico e de Carácter Social 
Viagens realizadas para visitar amigos, familiares e organizações, para participar na vida em comum com as populações locais, as viagens realizadas por razões de prestígio social. 
Alguns autores defendem a inclusão das visitas que os emigrantes fazem ao país de origem e outros as viagens que têm por fim observar as expressões culturais ou modos de vida dos “povos exóticos”, incluindo as visitas às casas dos nativos, observação de danças e cerimónias bem como a possibilidade de assistir aos rituais religiosos ou culturais.
Turismo Religioso 
De forma a simplificar, pode afirmar-se que existem duas grandes correntes religiosas:
 As religiões para as quais a peregrinação faz parte integrante da prática religiosa (católicos, muçulmanos e budistas). Estas religiões, em particular a católica, criaram organizações para encorajar e facilitar a sua prática.
 As religiões para as quais a peregrinação não existe mas cujos crentes, praticam pelo menos uma forma de turismo ligada à religião – os Judeus e os Protestantes visitam locais que guardam as marcas dos seus correligionários: lugares de memória que são em geral, lugares de peregrinação.
O Turismo religioso tem normalmente três tipos de abordagem:
 A abordagem espiritual – O participante encara a peregrinação como parte integrante da sua prática religiosa e permite a aproximação com Deus. Aquele que realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoção do lugar ou pelo espírito que o habita, converter-se a esta fé.
 A abordagem sociológica – o turismo religioso é um meio para o crente conhecer melhor a história do grupo a que pertence.
 A abordagem cultural – a visita a lugares de culto e a santuários é um modo do crente ou não, compreender as religiões que influenciam as sociedades, no plano histórico, sociológico e simbólico.
Turismo no Espaço Rural 
A motivação passa pelo contacto com a natureza, com a paisagem, o clima, o repouso e descanso que os destinos rurais permitem obter. 
Pode assumir cinco formas: Turismo de Habitação, Turismo Rural, Agroturismo, Turismo de Aldeia, Casas de Campo.
5. Perspetivas de evolução do turismo
A atividade turística em Portugal, apesar de constituir um fenómeno relativamente recente enquanto atividade económica organizada apresenta uma já considerável diversificação e segmentação, ainda que continue a assentar fortemente no chamado turismo balnear litoral ou turismo de sol e mar. 
Este é, de facto, o sector mais massificado, aquele que mais nacionais faz deslocar dentro do país e que maior número de estrangeiros atrai, sendo, portanto, o sector de mercado turístico de maior significado económico e de maior relevância geográfica, quer pela importância de que se reveste na mobilidade da população, quer pelo papel que desempenha na transformação dos espaços e da paisagem, quer, ainda, pelos impactes ambientais e sociais que gera.
Para além do turismo de sol e praia, outros sectores relativamente importantes parecem ser o termalismo, outrora de grande importânciaeconómica e geográfica e que hoje parece estar a ressurgir, ainda que com motivações e características diferentes das que assumiu no passado e o turismo religioso, nomeadamente para Fátima, que parece continuar a crescer em volume e significado.
Além destas, outras formas de turismo, como o turismo em espaço rural, o turismo cultural ou o turismo de eventos que, sobretudo a partir dos anos 80, começam timidamente a despontar, podem vir a ganhar, num futuro próximo, uma relevância económica e geográfica que ultrapasse o nível local e regional.
A par com a saturação da principal região turística do país – o Algarve – e com as deficientes condições de acolhimento de grande parte das regiões costeiras do Oeste que parecem não conseguir aproveitar os ensinamentos da má gestão do turismo algarvio, geram-se novas formas de procura turística que aproveitam também a tendência para o aumento do número de períodos de férias ainda que com a diminuição da sua duração (daí o slogan “faça férias repartidas”) e o aumento das operações de curta distância e de tráfego interno, de forma a cativar os potenciais turistas nacionais (“vá para fora cá dentro”). 
Entre esses novos rumos das práticas turísticas estão o turismo cultural, o turismo de eventos ou de negócios, o turismo de saúde e repouso, o turismo itinerante e o conjunto de ações que se conhecem sob a designação de Turismo em Espaço Rural e outras formas com elas diretamente relacionadas: turismo natureza, turismo aventura, turismo cinegético, etc.
A análise da evolução da procura turística, avaliada pela chegada de turistas e todos os países do mundo e pelos respetivos gastos (receitas turísticas), permite destacar a conclusão de que se tem registado um crescimento contínuo desde 1950.
Em 50 anos, a procura turística internacional multiplicou-se quase 28 vezes, e nos últimos 10 anos foi acrescida de mais de 20 milhões de novos turistas em cada ano.
Apesar da evolução da procura turística se ter alargado a todos os continentes e a todos os pontos do globo, nem todas as regiões e nem todos os países beneficiam igualmente do turismo. 
A procura turística internacional não se reparte igualmente por todas as zonas do mundo. Algumas revelam grande capacidade de atração dos fluxos turísticos enquanto que outras têm uma fraca participação nessas correntes.
A evolução registada nos últimos anos revela alterações significativas da procura turística que podem sintetizar-se do seguinte modo:
Planetarização – Até à década de 60 o turismo era um fenómeno tipicamente europeu e norte-americano, mas nos últimos anos transformou-se a um fenómeno universal;
Menor concentração – A procura turística tem-se orientado para destinos diferentes do passado, tendo-se alterado e diversificados os principais destinos;
Direção: A procura turística começou por ser direcionada de Norte para o Sul da Europa em busca de sol e mar, e do ocidente (América do Norte) para o oriente (Europa), mas na atualidade, reparte-se por todas as direções. A geografia da procura turística alterou-se profundamente deixando de ter um sentido preciso.
De acordo com o plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT), podemos identificar as seguintes tendências de evolução da procura, que irão acentuar-se nos próximos anos:
Aceleração do crescimento do número de turistas internacionais em todo o Mundo
O sector do Turismo cresceu a uma taxa de 8,0% ao ano, entre 2003 e 2005, superior ao crescimento médio da economia mundial (3%) no mesmo período. 
A Organização Mundial do Turismo prevê que até 2020 a tendência se mantenha, com o crescimento médio anual do número de turistas a atingir os 4,4% entre 2006 e 2020, mais uma vez superior às previsões para o crescimento da economia.
Envelhecimento da população europeia
Ao nível da importância de cada escalão etário para o Turismo tem-se verificado uma tendência para o envelhecimento do turista tipo, que se prevê que continue. 
Em 1992 o segmento well established – 40 a 59 anos de idade – representava 30% dos turistas, subindo para os 38% em 2001.
Por outro lado, existe uma correlação positiva entre a despesa anual média em férias e a idade. 
A despesa anual média per capita em férias na Europa atinge os 615A, sendo que os turistas com mais de 50 anos têm gastos acima da média.
Aumento do número de viagens de curta duração
À semelhança do que acontece com a idade média dos turistas, o número e a duração das viagens têm sofrido uma evolução. 
A tendência que se observa neste ponto é a de um aumento do número de viagens de curta duração.
Assim, entre 2000 e 2004, o número de short trips cresceu a uma taxa anual de 13%, face a um decréscimo anual de 4% dos turistas que apenas fazem uma viagem longa por ano.
 A combinação entre uma viagem longa e várias short trips também tem vindo a aumentar, crescendo no período em análise a uma taxa anual de 4%.
Aumento dos gastos com a estadia e redução dos gastos com a viagem
No que diz respeito à composição da despesa dos turistas, prevê-se que se mantenha a tendência observada nos últimos anos de crescimento da despesa com a estadia em detrimento da despesa com a viagem.
Procura de experiências diversificadas
À semelhança do que acontece com a despesa, também os produtos e as experiências procuradas pelos turistas têm evoluído. 
Neste ponto destaca-se a tendência para um aumento da diversificação das experiências, que se reflete naturalmente nas principais motivações de viagem. 
Neste contexto, é cada vez mais importante a oferta de um conjunto alargado de produtos que dê resposta a uma procura diversificada.
Aumento do DIY e diminuição das viagens organizadas
Existe uma tendência para uma redução do peso das viagens organizadas, por oposição ao crescimento do DIY (do it yourself). 
Utilizando como exemplo a forma de organização das viagens dos turistas estrangeiros em Espanha, entre 2001 e 2005, verificamos, quer em termos relativos, quer em valores absolutos, uma tendência para a diminuição das viagens vendidas sob a forma de pacote turístico, – crescimento anual de -4% – por oposição ao verificado nas viagens sem pacote turístico que têm crescido a um ritmo anual de 9%.
Bibliografia
Baptista, Mário, Turismo, Competitividade Sustentável, Lisboa, Verbo, 1997 
Cunha, Licínio, Perspetivas e Tendências do Turismo, Lisboa, Edições Universitárias Lusófonas, s.d.
Cunha, Licínio, Introdução ao turismo, Ed. Verbo, 3ª edição, 2006
Plano Estratégico Nacional de Turismo. Ministério da Economia e da inovação, 2005
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