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Aulas 1 até 10 libras - resumo

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Aula 1 - Antropologia e Cultura
Introdução
Frequentemente ouvimos falar em Cultura. Em geral, utilizamos os termos Culto e Inculto quando nos referirmos ao nível de conhecimento formal das pessoas. Mas, o que é cultura? É correto comparar os indivíduos utilizando esse tipo de critério?  Esse tema será abordado nesta aula. Vamos iniciar com a explicitação do que é a Antropologia. Em seguida, veremos que nem os antropólogos conseguem atingir um consenso quando se trata da definição de Cultura, pois há mais de 160 definições diferentes para esse termo. Vamos estudar também as definições de Homem, Raça, Etnia e Evolução Humana, conceitos considerados básicos para um bom entendimento da nossa disciplina. Por fim, analisaremos de que forma o mito, a religião e a ideologia podem se configurar como ferramentas educativas. 
Objetivos
Analisar o campo da antropologia no âmbito das ciências sociais, seu objeto de estudo e seus métodos;
Definir homem, cultura, raça, etnia, evolução humana, etnocentrismo e relativismo cultural;
Discutir o papel dos mitos, das religiões e da ideologia como sistemas culturais e suas funções como ferramentas educativas.
Para explicar as diferenças entre as muitas sociedades e instituições, principalmente aquelas dos “povos exóticos”, a Antropologia desenvolveu uma metodologia própria baseada, inicialmente, em relatos e, posteriormente, em observação direta.
Para começar a pensar antropologicamente, é necessário que você conheça a definição de Homem.
Ao contrário dos outros animais, o ser humano elabora, compartilha e transmite cultura aos seus descendentes. Se os outros animais agem orientados pelos instintos, o animal humano ofusca os instintos através do desenvolvimento da cultura. Outra definição importante é a de Cultura. Apesar de praticarem e transmitirem a cultura, nem sempre os seres humanos se esforçaram por defini-la e analisá-la.
De acordo com Lakatos e Marconi (1999):
Podemos inferir que a classificação mencionada acima é aceita em termos de senso comum, não tendo respaldo em nenhuma teoria científica que mereça credibilidade.
De acordo com Tomazi (2000), o primeiro a criar uma definição de cultura foi Edward Tylor (Inglaterra 1832 – 1917), ao juntar na palavra inglesa culture os sentidos que, no final do século XVII e início do século XVIII, eram carregados pela palavra alemã kultur e pela palavra francesa civilization.
Para esse autor, em seu livro Primitive Culture de 1871, “Cultura ... tomada em seu sentido etnográfico amplo é o todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Definição de cultura, na concepção de Tylor, é aprendida e não transmitida geneticamente, esse aprendizado se dá por meio da comunicação e da linguagem. Fica explícita também a oposição entre natureza e cultura, sendo a cultura considerada superior à primeira.
A partir de então, Cultura tornou-se um conceito central na Antropologia e nas outras Ciências Sociais e, em decorrência disso, houve uma proliferação de definições.
Num texto de 1952, intitulado Culture: a critical revew of concepts and definitions, A. L. Kroeber e C. Kluckhohn fizeram a análise de 160 definições em inglês concebidas por antropólogos, sociólogos, psicólogos, psiquiatras e outros.
Teoria da Evolução
No século XIX, o pensamento social foi muito influenciado pela Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin. Vários foram os pensadores que viam nas sociedades um movimento semelhante ao observado nos organismos. Para esses estudiosos, a sociedade evoluiria, natural e necessariamente de um estágio primitivo, para um estágio avançado.
O darwinismo social serviu, como justificativa para a intervenção europeia (colonialismo) em sociedades da África, Ásia, América e Oceania.
Etnia X Raça (definição e limitações do termo para tratar a humanidade)
Os conceitos de raça e etnia são importantes, segundo Dias (2006), porque configuram agrupamentos humanos cuja identidade ocorre por suas características exteriores, sejam estas culturais ou ainda físicas ou hereditárias.
Isto favorece a identificação entre os membros, que se reconhecem como pertencentes a determinado grupo, ao mesmo tempo em que os diferencia de outros grupos.
Determinismo
Existem doutrinas que afirmam que objetos e acontecimentos são e ocorrem de determinada maneira por serem regidos por leis ou forças que os fazem assim. Acredita-se que a possibilidade de escapar do determinismo é mínima ou nula. Podemos citar duas formas de determinismo:
Para os antropólogos essas doutrinas nada têm de correto, pois pode-se observar que uma das características da espécie humana é a capacidade de romper as suas próprias limitações.
Etnocentrismo
Etnocentrismo é um fenômeno universal originado no fato de que o ser humano, ao enxergar o mundo através das lentes de sua Cultura, passa a considerar o seu modo de vida como o mais correto e mais natural.
Relativismo Cultural
Existe uma tendência em abandonar os juízos de valor no que diz respeito às diferentes culturas. Não existe, em termos de cultura, nem melhor nem pior, nem mais nem menos, nem superior nem inferior. Os padrões de beleza, de justiça, de moralidade etc., são relativos à cultura na qual os indivíduos estão inseridos.
Existem diferenças no modo de pensar e de agir entre as diversas culturas que, segundo o relativismo cultural, devem ser respeitadas. Porém, muitas vezes essa posição tem sido encarada como descaso, apatia, em relação ao outro.
O topless, tratado como caso de polícia em Ipanema é amplamente praticado nas areias de Ibiza, na Espanha.
Achamos no mínimo estranho o costume das mulheres da Birmânia de colocar anéis metálicos para alongar os seus pescoços, mas consideramos normal aplicar próteses de silicone para aumentar certas partes do corpo.
Assista ao vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=EhFqc3W7YcM
Com base no que acabamos de ver, cite exemplos de contextos e situações que mostram a relação entre educação e cultura ocorrendo de maneira não sistemática e formal.
Corrigir - - Quando um pai ensina seu filho a falar, se vestir, modos de agir em determinadas ocasiões etc.;
- Comunidades tribais que ensinam às gerações mais novas como caçar, plantar, colher etc.
Vamos conhecer agora os mitos, a religião e a ideologia como sistemas culturais e suas funções como ferramentas educativas desde as primeiras comunidades humanas.
Mitos
De acordo com Chauí (2004), o vocábulo tem sua origem na palavra grega mythos, derivada de dois verbos:
O mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe de três formas:
O mito aparece em todas as culturas. A seguir você terá mais informações sobre este tema.
Chauí (2004) afirma que o mito possui três funções:
1ª FUNÇÃO EXPLICATIVA
Explica o presente por alguma ação passada cujos efeitos persistiram no tempo. Como exemplo, a autora cita a crença de que uma constelação existe porque no passado crianças fugitivas e famintas morreram na floresta e foram levadas ao céu por uma deusa que as transformou em estrelas.
2ª FUNÇÃO ORGANIZATIVA
Organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de poder, de sexo, etc.), legitimando e garantindo a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões.
3ª FUNÇÃO COMPENSATÓRIA
Narra uma situação passada que é a negação do presente e que pode servir para compensar os homens de alguma perda ou para assegurar que um erro do passado foi corrigido no presente, oferecendo uma visão estabilizada e regularizada da natureza e da vida comunitária.
Segundo a autora, o mito tem caráter educativo porque, na narrativa, encontramos mensagens ou normas que acabam orientando os comportamentos necessários para a vida em grupo.
De acordo com Meksenas (2000),há um mito muito difundido entre alguns índios do Brasil, no qual a origem da noite é atribuída à atitude de um grupo que, não obedecendo às tradições do seu povo, quebrou um coco proibido.
Dali fugiu a noite, escurecendo toda a mata. Os deuses, sentindo piedade dos demais índios, devolveram-lhes a claridade do dia, mas com a condição de que agora seria sempre intercalada com um período noturno, para que todos se lembrassem do ocorrido. Não nos preocupando em saber se realmente a existência da noite pode ser explicada por esse mito ou pela ideia científica do movimento do globo terrestre, o que importa é saber que esse mito acaba sendo educativo porque ele fixa uma norma social: os perigos que podem aparecer a um grupo quando não se respeitam certas tradições ou o cuidado que devemos ter com o desconhecido. (p. 21)
Apesar da nossa sociedade valorizar o pensamento científico, não podemos dizer que os mitos ficaram no passado. De acordo com Chauí, o pensamento conceitual e o pensamento mítico podem coexistir na mesma sociedade. Para ela, a predominância de uma ou outra forma do pensamento depende, de um lado, das tendências pessoais e da história de vida dos indivíduos e, de outro, do modo como uma sociedade ou uma cultura recorrem mais à uma do que à outra forma para interpretar a realidade, intervir no mundo e explicar-se a si mesma. (2004, p. 164)
Religião
A religião é um vínculo entre o mundo profano (a natureza) e o mundo sagrado, isto é, a natureza habitada por divindades ou um mundo separado da natureza (Chauí, p. 253).
É importante destacar que a religiosidade é um fenômeno encontrado em todas as sociedades conhecidas até hoje. Muitas religiões já existiram e diversas continuam existindo.
O antropólogo se interessa pelo papel da religião na sociedade, mas não é papel da antropologia fazer julgamentos de valor sobre o conteúdo das religiões.
Se a maioria das instituições sociais têm sua origem em necessidades materiais, a religião se dirige às indagações sobrenaturais do ser humano.
Portanto, a religião tem função explicativa como o mito. Ela fornece explanações, por exemplo, de como surgiram o mundo, a natureza, os animais e os homens. Ela possibilita uma certa estabilidade social ao gerar paz de espírito e segurança aos indivíduos. Além disso, fornece normas que garantem a sobrevivência social. Acreditar em seres dotados de poderes sobrenaturais inspira respeito, temor e veneração, fazendo com que os indivíduos cumpram as regras.
Ideologia - Segundo o Dicionário de Ciências Sociais (pág. 570): 
D. Tracy foi o primeiro autor a fazer uso do termo no sentido de estudo das ideias, no final do século XVIII, sendo empregado da mesma forma por vários autores franceses, posteriormente, no século XIX. Ainda no século XIX, a palavra ideologia adquiriu conotação pejorativa, significando ideias abstratas e enganadoras.
A ideologia tem estreita ligação com a educação, pois alguns autores de influência marxista percebem a escola como um local onde se reproduzem as falsas consciências com o objetivo de manter o status quo.
Atividade
Analise as afirmativas abaixo:
I - A Antropologia, inicialmente baseava-se em relatos de viajantes, missionários, militares, administradores coloniais. Depois passou a utilizar a observação direta, em trabalhos de campo empreendidos por profissionais especializados.
II - A palavra Cultura tem origem no vocábulo latino colere e possuía denotação de cultivo das plantas, de cuidado com os animais e a terra, cuidado com as crianças e com sua educação, cuidado com os deuses, com os ancestrais e seus monumentos.
III - Os conceitos de raça e etnia configuram agrupamentos humanos cuja identidade ocorre por suas características interiores, sejam elas culturais, físicas ou hereditárias.
IV - O mito tem caráter educativo pois encontramos mensagens ou normas que acabam orientando os comportamentos necessários para a vida em grupo.
Com base no que você estudou, marque a opção que apresenta todas as afirmativas corretas:
I, II, IV
I, II, III
II, III, IV
I, III. IV
Corrigir – I, II, IV
Resumo do conteúdo 
A definição, o objeto de estudo e os métodos da antropologia.
O fato de que existem diversas definições de cultura.
As definições de homem, raça, etnia, evolução humana, etnocentrismo e relativismo cultural.
O mito, a religião e a ideologia podem ser considerados como elementos de educação e de coesão social.
Próximos passos
O pensamento cientifico como criação da sociedade;
A origem da sociologia em fatos históricos como a revolução industrial inglesa e a revolução francesa;
O pensamento de Auguste Comte e a sua Sociologia: Positivismo.
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Aula 2 - A Sociologia como Ciência Social
Introdução
A ciência, como forma de conhecer, explicar e transformar o mundo é um fenômeno cultural. A nossa sociedade, como você deve perceber em seu dia a dia, estima o conhecimento científico porque este comprova os fatos de forma metódica e sistemática. Nesta aula, veremos desde quando e porque isso acontece. Vamos abordar, também, a Sociologia, ciência bastante nova quando comparada a outras. A Sociologia apareceu como ciência autônoma no século XIX e, certamente, não surgiu a partir de mero capricho de pensadores que nada tinham a fazer. Vamos entender os motivos de seu surgimento e saber o que o chamado “Pai da Sociologia”, o intelectual francês Auguste Comte tem a ver com o lema da nossa bandeira: Ordem e Progresso. Bons estudos!
Objetivos
Demonstrar que o pensamento científico é uma criação da sociedade ocidental;
Identificar que a sociologia teve origem em fatos históricos como a revolução industrial inglesa e a revolução francesa;
Caracterizar o pensamento de Auguste Comte e a sua Sociologia: Positivismo.
Sociologia: uma nova ciência
O ser humano é um animal que produz mitos, religiões, ideologias, enfim, cultura. Na tentativa de entender as coisas ao nosso redor, produzimos uma vasta gama de conhecimentos como o filosófico, o religioso, o de senso comum etc. A sociedade ocidental produziu uma forma específica de explicar o mundo, chamada de ciência, ou seja, uma forma racional, objetiva, sistemática, metódica e refutável de formulação das leis que regem os fenômenos.
Na sociedade ocidental, a ciência é a principal forma de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito por pretender ser a única promotora e critério de verdade.
Renascimento
O Renascimento é o momento classificado por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo medieval e o mundo moderno urbano, burguês e comercial.
De acordo com Costa (2005), existiam diversas visões do Renascimento. Dentre elas, destacamos:
Reforma Protestante
De acordo com Quintaneiro (2002), ao contestar a autoridade da Igreja como instância última na interpretação dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo com a divindade. Para esse autor:
Racionalismo
No século XVII, surge o Racionalismo e fortalece a ideia de que o homem produz a história e não a Divina providência. Essa concepção fundamentava a ideia de que a sociedade podia ser compreendida porque, ao contrário da natureza, ela é obra dos próprios indivíduos. O pensamento filosófico desse século contribuiu para a popularização do pensamento científico.
Segundo Francis Bacon, a Teologia perdeu o posto de norteadora do pensamento.
A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade.
Os pensadores desse período defenderam, assim, o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade.
Segundo Martins (2001, p. 21):
Revolução Industrial e Revolução Francesa
É em meio a esse cenário de efervescência intelectual, política e social que observamos dois eventos históricos importantes, que também
ficaram conhecidos como Revoluções Burguesas. São eles:
 No século XIX, os pensadores burgueses já não mais desejavam que as ideias revolucionárias iluministas continuassem animando o homem comum, pois, como a burguesia havia chegado ao poder, deveria lutar para mantê-lo. Apesar da industrialização e urbanização crescentes na França, a situação do proletariado era extremamente precária, pois os trabalhadores viviam na miséria e estavam sempre ameaçados pelo desemprego, o que acabou intensificando as crises econômicas e a luta de classes naquela sociedade. Aquele era o momento de abandonar os ideais iluministas e fundar uma nova ciência para “reorganizar” e “higienizar” a sociedade. Dito de outra forma, a Sociologia nasceu dos interesses burgueses em manter a ordem social e a estabilidade, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade. A preocupação passou a ser a de fazer com que os indivíduos aceitassem a ordem existente, deixando de lado a sua negação.
Auguste Comte
Auguste Comte é considerado o pai da Sociologia, também conhecida como Física Social. De acordo com Tomazi (2000), Comte rompeu logo cedo com a tradição de sua família monarquista e católica, transformando-se em um republicano com ideias liberais. Desenvolveu atividades políticas e literárias que lhe permitiram elaborar uma proposta para solucionar os problemas da sociedade de sua época.
Vivendo no período imediatamente posterior à Revolução Francesa, preocupou-se em organizar a sociedade que, em sua opinião, estava caótica.
Destacamos algumas das contribuições de Comte:
Atividade
Analise os conceitos abaixo e relacione a coluna da esquerda com a da direita.
A sequência correta é:
5; 4; 6; 2; 1; 3
4; 2; 5; 1; 3; 6
1; 4; 3; 2; 6; 5
4; 1; 2; 6; 1; 3
Corrigir - 425136
Resumo do conteúdo
A Ciência como uma criação da cultura ocidental;
O surgimento da Sociologia não foi um fato isolado, pois está atrelado a acontecimentos históricos importantes, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa;
O Positivismo de Auguste Comte.
Referências desta aula
COSTA, Maria Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade, 2005.
MARTINS, Carlos. O que é sociologia, 2001.
QUINTANEIRO, Tânia e outros. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber, 2002.
TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia, 2000.
Próximos passos
A concepção de ciência que orientou Émile Durkheim na sistematização da sociologia;
O conceito de fato social, suas características e como o sociólogo deve estudá-lo;
Representações coletivas, consciência coletiva e solidariedade social.
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Aula 3 - Émile Durkheim e o Funcionalismo
Introdução
Nesta aula, vamos estudar a contribuição que Émile Durkheim deu para uma visão sociológica da educação. Durkheim, Max Weber e Karl Marx são chamados autores clássicos da Sociologia, porque forneceram as linhas mestras de explicação da realidade social que fundamentaram grande parte das obras elaboradas por autores posteriores. As explicações sobre os fenômenos sociais diferem segundo os autores. Émile Durkheim, autor que mais produziu estudos sobre o tema da educação, propõe uma explicação funcionalista; já Weber opta por uma Sociologia compreensiva e Karl Marx vai em direção à dialética, conforme você verá nas próximas aulas.
Objetivos
Caracterizar a concepção de ciência que orientou Émile Durkheim na sistematização da sociologia;
Definir o conceito de fato social, identificando as suas características e como o sociólogo deve estudá-lo;
Identificar representações coletivas, consciência coletiva e solidariedade social.
Émile Durkheim foi quem sistematizou a Sociologia. A seguir veja um breve histórico de sua vida:
1858
1879 - Entrou para a École Normale Supérieure, quando conheceu as obras de pensadores como Auguste Comte e Herbert Spencer, intelectuais que o influenciaram na busca por dotar a Sociologia de um caráter científico.
1887 - Foi nomeado professor de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras da Universidade de Bordeaux, onde ministrou o primeiro curso de Sociologia das universidades francesas.
1895 - Lançou As Regras do Método Sociológico.
1897 - Publicou O Suicídio.
1912 - Publicou As Formas Elementares da Vida Religiosa.
1913 - A cadeira de que era titular passou a se chamar Cadeira de Sociologia da Sorbonne.
1915 - Em meio à Primeira Guerra Mundial, seu único filho morreu no front de Salonique.
1917 - Em 15 de novembro, muito abalado pela perda de seu filho, faleceu em Paris.
A concepção de Sociologia como ciência positiva
O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação. Alguns dos autores que influenciaram Durkheim:
Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo, seu método de trabalho e seus conceitos fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em objetos de análise sociológica.
Preocupado com os problemas de seu tempo e convicto de que a sociedade europeia passava por um período de anomia, Durkheim sentia a necessidade de construir as novas formas sociais e, na sua concepção, a Sociologia tinha importante papel nesta tarefa, pois apenas ela estava habilitada a restaurar a noção de unidade orgânica da sociedade.
Dessa forma, a preocupação com a moral e a manutenção da ordem social foi constante em seu pensamento, o que resultou em críticas, aceitas por uns e questionadas por outros, que o caracterizaram como um sociólogo conservador, avesso mesmo às mudanças, interessado em ensinar aos homens a obedecer à ordem vigente.
Consciente de que a França atribuía um peso muito grande ao senso comum (consciência coletiva difusa), Durkheim procurou criar uma nova ciência elaborada na universidade. Muito preocupado com a objetividade, o autor advertia que, a exemplo de cientistas de áreas como a Biologia e a Química, o sociólogo não devia fazer concessões às opiniões baseadas no senso comum.
A nova ciência positiva: a Sociologia
Durkheim tinha como objetivo criar uma ciência positiva, autônoma (sobretudo em relação à Biologia e à Psicologia) e diferente das outras. Para tanto, esforçou-se em definir as suas bases, seu objeto de estudo e seu método, mas teve que recorrer ao exemplo de outras ciências já formadas, como a Biologia, a Química e a Física.
Atente-se para alguns conceitos:
Leis naturais - Aqui a palavra lei deve ser entendida em seu sentido científico e não no sentido jurídico ou legislativo. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 54), “Duas são as principais funções da lei científica: resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos”. Leis naturais seriam leis invariáveis que independem, por exemplo, da vontade humana. Alguns exemplos dessas leis são: a água ferve a 100 graus; o calor dilata os metais etc.
Concepção - Apesar de esta concepção ter dominado durante muito tempo, Durkheim mostra que alguns pensadores como Aristóteles, Montesquieu e Condorcet viam a sociedade como algo natural, porém, estas ideias não tinham muito fôlego a ponto de fazer vingar uma ciência social orientada para o estudo das leis naturais que regem a sociedade.
Leis necessárias - É importante ter em mente a ideia de necessário como algo que não poderia ser diferente daquilo que é. A chuva é necessária porque não pode deixar de acontecer, por mais que eu queira que faça sol. Comer é necessário porque não posso deixar de me alimentar, sob risco de morrer de inanição.
Objeto de estudo da Sociologia: os Fatos sociais
Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que o objeto de estudo
da Sociologia é o fato social. Veja as três características que tornam os fatos sociais realmente sociais.
EXTERIORIDADE- Os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências individuais. Antes de nascermos, as regras morais, os costumes e as leis já existiam e, a despeito de nossas vontades, continuarão existindo. Por exemplo, um devoto, ao nascer, já encontra prontas as crenças e as práticas da vida religiosa. Da mesma forma, o sistema de moedas que utilizamos para fazer as transações comerciais e as práticas seguidas nas diferentes profissões funcionam independentemente do uso que cada indivíduo faz delas.
Durkheim ressalta que, embora a exterioridade seja condição necessária, não é condição suficiente para transformar os fenômenos em fatos sociais.
COERCITIVIDADE - Para que o fato seja considerado social, deve também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos. Nem sempre a coercitividade é sentida quando me conformo com ela, mas se tento resistir, sinto seu peso. Em outras palavras, quando eu infrinjo uma regra, sofro algum tipo de punição. O grau de coerção do fenômeno torna-se evidente pelas sanções a que o indivíduo é submetido ao ir contra o fato social. As sanções podem ser de dois tipos:
Legais: ocorrem quando, ao “violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se já se realizou e é reparável; ou então que eu o expie se não há outra possibilidade de reparação” (As Regras do Método Sociológico, p. 2). Por exemplo, a legislação eleitoral prevê multa e outras sanções ao eleitor brasileiro que não comparecer para votar nem justificar a sua ausência.
Espontâneas: ocorrem quando deixo de seguir as convenções “mundanas”. Por exemplo, se, ao escolher minhas roupas, não levo em consideração os costumes do meu país ou da minha classe, posso provocar riso ou afastamento, o que funciona como uma pena. Pense na reação das pessoas ao verem um homem usando saia no Brasil.
A educação possui um papel relevante na conformação do indivíduo à sociedade em que vive, fazendo com que, depois de algum tempo, as regras se internalizem e se transformem em hábitos.
GENERALIDADE - Todo fato social é geral, mas, não podemos dizer que todo fato geral é social. Para ser assim considerado, ele precisa ser coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório). Daí decorre que este tipo de fenômeno deve ser estudado apenas em suas manifestações coletivas, como as crenças, as tendências e as práticas do grupo tomadas coletivamente, pois a sociedade não é o mero agregado dos comportamentos individuais. As tendências da moda e o idioma servem aqui como bons exemplos.
Agora que você já sabe o que é fato social e quais são suas características veja, a seguir, como o sociólogo deve estudá-lo.
Regras para o estudo dos fatos sociais
Depois de definir e caracterizar os fatos sociais, Durkheim se dedica a elaborar os principais passos, o método para o seu estudo. São eles:
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Durkheim alerta para o fato de o sociólogo se expor a erros quando não toma as devidas precauções metodológicas quanto à distinção entre normal e patológico. Uma falha desse tipo seria classificar o crime como algo patológico.
É necessário, entender que o autor concebe crime como “um ato que ofende certos sentimentos coletivos dotados de energia e de nitidez particulares” (1972: p. 58), não se restringindo ao sentido jurídico.
Se, à primeira vista, o crime parece patológico, após uma análise meticulosa pode-se afirmar que o crime é normal e isso se deve a dois motivos. Em primeiro lugar, porque é universal, isto é, acontece em todas as espécies sociais e em todos os estágios de desenvolvimento. Em segundo lugar, porque reforça sentimentos contrários, de repulsa ao agressor e aos fatores que o motivaram a cometer o crime.
Há ainda um outro aspecto muito importante: em alguns casos, o criminoso é visto como agente de mudança e a ausência do crime tornaria a sociedade estática. Isso permitiu ao autor concluir que, além de normal, o crime é necessário e tem a sua utilidade.
Consciência coletiva e representações coletivas
Em A Divisão do Trabalho Social, Durkheim afirma que enquanto seres socializados possuímos, simultaneamente, uma consciência individual e uma consciência coletiva.
A consciência coletiva é o nível mais profundo da realidade social. É a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de certa comunidade, constituindo um determinado sistema que possui vida própria, persiste no tempo e une as gerações. É, em outras palavras, o sistema de Representações coletivas presente em determinada sociedade.
Para Durkheim, não são os indivíduos que geram a consciência coletiva, ao contrário, é a consciência coletiva que molda as consciências individuais. A força que a consciência coletiva exerce sobre os indivíduos varia com o tipo de sociedade dependendo do seu estágio de evolução.
Solidariedade Social
Em sua tese de doutorado A Divisão do Trabalho Social, Durkheim propõe-se a investigar a função da Divisão do Trabalho. O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão social que dela resulta, que o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada um desses estágios. Veja a seguir:
Sociedades Mecânicas
São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade.
Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si.
Sociedades Orgânicas
São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os indivíduos interdependentes.
Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem.
Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar.
Atividade
Analise os conceitos abaixo e relacione a coluna da esquerda com a da direita.
A sequência correta é:
5; 4; 3; 2; 1
4; 2; 5; 1; 3
1; 4; 3; 2; 5
2; 3; 1; 5; 4
Corrigir - 23154
Resumo do conteúdo
A biografia de Émile Durkheim;
A concepção de Sociologia de Émile Durkheim;
A Sociologia é a ciência que estuda os Fatos Sociais e o sociólogo deve ter cuidados e critérios metodológicos para estudá-los;
As definições de Representações Coletivas, Consciência Coletiva e Solidariedade Social.
Referências desta aula - CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
Próximos passos
A concepção de educação elaborada por Émile Durkheim;
A educação como instrumento de socialização;
A ideia de que a educação deve servir para conformar o indivíduo a determinado meio moral.
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Aula 4 - Émile Durkheim: Educação e Sociologia
Introdução
Nesta aula, você vai entender a concepção de educação formulada por Durkheim e saber o que o levou a estudar a educação como um fato social, talvez o principal deles.
Objetivos
Descrever a concepção de educação elaborada por Émile Durkheim.
Demonstrar porque o autor percebe a educação como instrumento de socialização.
Discutir a ideia de que a educação deve servir para conformar o indivíduo a determinado meio moral.
A Educação
Na concepção de Durkheim, a educação tem um papel fundamental na preparação do indivíduo para a vida em sociedade. Por esse motivo, ele se dedicou a estudar a educação como um fato social.
Em Educação e Sociologia, Durkheim se propõe a fazer um exame crítico das definições de educação formuladas por diferentes e importantes pensadores dos fenômenos sociais. Assim, ao analisar as concepções de John Stuart Mill, Immanuel Kant e James Mill, o autor conclui que não existe uma educação ideal, pois se observarmos a história, a educação varia com o tempo e com as regiões.
Algumas das afirmações de Émile Durkheim sobre a educação:
Movido pela sua convicção de que as sociedades evoluem e devem ser estudadas em determinado estágio de seu desenvolvimento, Durkheim utiliza como método de estudo a observação histórica para mostrar que os sistemas de educação têm poder coercitivo, pois, em cada momento há um tipo regulador de educação do qual os indivíduos não podem escapar sem resistências e que restringem os anseios daqueles que são discordantes. 
A Educação como produto da sociedade
Ao definir mais precisamente a educação, Durkheim conclui que há algumas condições para que ela realmente exista, ou seja, é necessário que haja uma geração de adultos, uma geração de jovens e, que a primeira exerça uma ação sobre a segunda.
O sistema educativo, em qualquer sociedade, possui duplo aspecto, ou seja, é, simultaneamente:
Profissões - “Cada profissão, com efeito, constitui um meio sui generis que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais, onde reinam certas ideias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas; e, como a criança deve ser preparada tendo em vista a função que será chamada a desempenhar, a educação, a partir de uma certa idade não pode mais continuar a ser a mesma para todas as pessoas às quais ela se destina” (2001, p. 50).
Segundo Durkheim, cada sociedade formula determinado ideal de ser humano, ou seja, é a sociedade que determina o que esperar do indivíduo, seja do ponto de vista intelectual, físico ou moral. Em outras palavras, seremos aquilo que a sociedade espera que sejamos.
Assim, se até certo ponto esse ideal é o mesmo para todos os cidadãos, há um momento em que os indivíduos devem se diferenciar, segundo os meios sociais particulares em que estão inseridos.
Para o autor, a parte básica da educação é constituída por esse ideal, ao mesmo tempo, uno e diverso, que tem por função suscitar na criança:
É a sociedade, em seu conjunto, e cada meio social, em particular, que determinam o ideal a ser realizado. Durkheim ressalta que a homogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação específicos se fundamentarão. A educação a perpetua e reforça, fixando na criança certas similitudes essenciais, exigidas pela vida coletiva.
É a heterogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, o que permite especializações.
Se a sociedade chegou a um grau de desenvolvimento em que as antigas divisões em castas e em classes não podem mais manter-se, prescreverá uma educação mais una em sua base. Se, no mesmo momento, o trabalho está mais diversificado, provocará nas crianças, sobre um primeiro fundo de ideias e de sentimentos comuns, uma mais rica diversidade de aptidões profissionais. Se vive em estado de guerra com as sociedades envolventes, esforça-se por formar os espíritos com base num modelo fortemente nacionalista; se a concorrência internacional toma uma forma mais pacífica, o tipo de educação que procurará realizar é mais geral e mais humano.
A evolução das sociedades
É necessário observar alguns temas importantes na teoria do autor, que foi fortemente influenciado pelo darwinismo social e, por isso, estava totalmente convencido de que, como os organismos, as sociedades também evoluíam. Segundo Durkheim (1893), as sociedades passariam do estágio mecânico para o estágio orgânico.
A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante.
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, formando um todo.
A educação como socialização das novas gerações
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio especial ao qual está particularmente destinada.
Dessa definição podemos assumir que a educação é a socialização metódica das novas gerações. Cada membro da sociedade possui em si dois seres: 
Saiba Mais - Os indivíduos agem de acordo com as necessidades sociais e a sociedade impõe aos homens uma tirania muito forte. Mas, segundo Durkheim, os próprios homens desejam que isso ocorra porque o ser novo, que a ação coletiva cria em cada um de nós por intermédio da educação, representa o que há de melhor no homem, o que há de propriamente humano em nós.
Na verdade, o homem só é homem porque vive em sociedade. Para comprovar essa afirmação, Durkheim mostra o desenvolvimento da moral, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento da linguagem, coisas que só podem acontecer na vida em sociedade.
O Estado e a educação
O Estado é a instituição social mais importante que tem influência sobre a educação, tendo mais peso que a família, segundo Durkheim. Não poderia ser de outra forma, dado o caráter coercitivo atribuído pelo autor à educação.
A importância do Estado cresce à medida que assume uma função coletiva e busca a educação da criança na sociedade em que vive. Caberia a esse órgão esclarecer os princípios essenciais, fazer com que sejam ensinados nas escolas, cuidar para que as crianças não os ignorem e os respeitem.
Durkheim era taxativo e afirmava que tudo que é educação deve estar em certa medida submetido à ação do Estado. Ele percebia a ausência de unidade moral em sua sociedade, e a presença de muitas concepções divergentes, por isso se preocupava com a escola e com os professores.
A escola não pode ser pertença de um partido, e o professor falta aos seus deveres quando usa a autoridade de que dispõe para arrastar os seus alunos nos trilhos de seus próprios ideais, por mais justificados que lhe possam parecer.
O papel do professor
Para a ação educativa ser bem sucedida na transformação de um ser associal, como o bebê, em uma personagem bem definida que desempenhe um papel útil na sociedade, o educador deve agir como um hipnotizador.
A criança, como o hipnotizado, está numa situação de passividade. Como a vontade infantil ainda é rudimentar, ela é facilmente sugestionável e acessível aos exemplos, e propensa à imitação.
O professor exerce sobre seus alunos uma ascendência baseada na superioridade de sua cultura e de sua experiência. O educador deve ter, também, serenidade.
Se professores e pais sentissem, de uma forma mais constante, que nada se
pode passar diante da criança sem deixar nela alguma marca, que o moldar do seu espírito e do seu caráter depende destes milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões bruscos e intermitentes.
Como o objetivo da educação é formar um ser novo, constrangendo o indivíduo e subjugando o egoísmo individual, não é possível formar o ser social através de brincadeiras e do prazer. É preciso então que o educador:
Atividade
Analise as afirmativas a seguir:
I - A educação tem um papel fundamental na preparação do indivíduo para a vida em sociedade.
II - A educação é uma criação coletiva, pois os costumes e as ideias que determinam o tipo de educação reguladora são produzidos pela individualidade e manifestam as suas necessidades.
III - A heterogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação específicos se fundamentarão. - homogeneidade
IV - A homogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, o que permite especializações. - heterogeneidade
A opção correta é:
I
II
III
IV
Corrigir - I
Resumo do conteúdo
A concepção durkheimiana de Educação;
O ponto de vista do autor de que a Educação é um elemento de socialização;
A definição de Fato Social com a ideia de educação;
A importância da educação para a manutenção da moral social.
Referências desta aula - 
DURKHEIM, Émile. A Divisão do Trabalho Social, 1893.
Próximos passos
A teoria marxista pela sua perspectiva sociológica;
Os diferentes conceitos trabalhados por Marx como forma de analisar os mecanismos de funcionamento da sociedade capitalista.
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Aula 5 - O Pensamento Sociológico de Karl Marx
Introdução
Nesta aula, vamos abordar a visão sociológica de Karl Marx, cuja obra marcou profundamente o pensamento ocidental no século XIX. Ele se propôs a analisar a sociedade capitalista de modo profundo, buscando a compreensão daqueles fatores que contribuiriam para o surgimento da miséria e do elevado nível de exploração da mão de obra assalariada.
Segundo Marx, este seria um processo histórico, no qual as elites burguesas expropriariam duplamente as classes trabalhadoras: primeiro, no que se refere à propriedade dos meios de produção e, em seguida, expropriando também o saber dos trabalhadores, no que se refere à organização da produção social.
Objetivos
Analisar a teoria marxista pela sua perspectiva sociológica.
Descrever os diferentes conceitos trabalhados por Marx como forma de analisar os mecanismos de funcionamento da sociedade capitalista.
Karl Marx
O alemão Karl Marx influenciou de modo significativo o pensamento ocidental, tanto no século XIX quanto no século XX.
Ao nos referirmos a ele como um dos clássicos do pensamento sociológico, o fazemos por reconhecer a forte influência que o seu trabalho exerce, ainda hoje, sobre as obras de muitos autores.
A obra de Marx também teve influência sobre a construção do primeiro regime socialista a ser instituído na história recente da humanidade. Esta experiência se daria na Rússia, em 1917, ano em que o partido bolchevique, liderado por Lênin, no comando de um movimento revolucionário instituiria naquele país um projeto socialista de inspiração marxista.
A partir daí, a Rússia passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, ou como se costumava dizer ao nível do senso comum, União Soviética.
A expansão do socialismo de Karl Marx
Vamos conhecer um pouco da história da expansão do socialismo de Marx pelo mundo.
Todo este quadro no cenário geopolítico mundial mostra a importância do marxismo para o mundo contemporâneo.
Na verdade, esta bipolaridade entre os dois modelos socioculturais — o ocidental, marcado pela presença do capitalismo e da economia de mercado, e o socialismo —, traria muitas consequências para as relações entre as diferentes nações do mundo, dentre as quais se pode destacar a própria guerra fria.
No meio intelectual, o marxismo também faria sentir a sua presença ao longo de todo o século XX.
Com a participação de seu amigo e colaborador Friedrich Engels, Marx tinha, como objeto de sua pesquisa, a sociedade capitalista do século XIX. Suas teses e princípios teóricos eram baseados no materialismo dialético.
Neste sentido, para Marx, as contradições não seriam situações anômalas presentes na sociedade, mas ao contrário, fariam parte de sua própria essência.
A organização do trabalho social
A identificação destas contradições no interior da sociedade concentraria o foco da análise marxista no modo como o trabalho social é organizado. A análise da história humana com base nos princípios da dialética materialista levaria Marx a identificar as contradições de interesses existentes entre as principais classes sociais, como o principal fator de motivação das mudanças sociais.
Para Marx, esta “luta de classes” seria o principal combustível para as transformações nas sociedades humanas. Este modo de pensar a sociedade daria origem a um novo conceito elaborado por Marx, que seria o materialismo histórico. Na prática, uma aplicação da dialética materialista ao estudo da história humana.
Tipos de sociedades ou modelos de produção
A partir da visão de Marx, foi possível se identificar alguns tipos de sociedades ou modos de produção.
Modo de produção escravista - O escravismo predominou na chamada Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), momento em que as principais contradições se dariam entre os escravos e seus senhores.
Modo de produção feudal - O feudalismo predominou na Idade Média, cujo antagonismo de classes seria identificado entre os nobres, donos das terras e os servos que, ao ocuparem estas terras, se viam obrigados a prestarem serviços aos primeiros.
Modo de produção capitalista - O predomínio do capitalismo acontece no período contemporâneo. Nesta nova fase da organização social, as relações de produção ou o modo como os indivíduos se relacionavam para organizar e implementar o trabalho social seriam desenvolvidos com base num processo de remuneração assalariada da mão de obra. Eram os operários que, desprovidos da propriedade das fábricas e dos meios de produção, “vendiam” aos burgueses, donos destes estabelecimentos, o único bem que possuíam, que seria a sua força de trabalho. Assim, neste modo de produção, como afirmava Marx, as principais contradições seriam aquelas existentes entre a burguesia — dona dos meios de produção — e o proletariado, que compreenderia os operários e trabalhadores de um modo geral.
É importante destacar que, a cada um desses modos de produção corresponderiam diferentes níveis de desenvolvimento das forças produtivas e diferentes formas de organização do trabalho social ou das relações de produção.
São justamente as diferentes posições dos homens com relação às formas de propriedades presentes numa sociedade, ou modo de produção, que irão definir as diferentes classes sociais existentes. A transformação de um tipo de sociedade para outro, ou de um modo de produção a outro, se dá por meio dos conflitos abertos entre a classe dominante e as classes exploradas num determinado período.
Assim, de acordo com Marx:
A história humana é uma história das lutas entre as classes.
 Para entender melhor a luta de classes, assista ao vídeo a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=1oOyDOBkq3U
Atividade
Como vimos, de acordo com Marx, a detenção dos meios de produção define as classes sociais existentes. Com base nisso, descreva de que forma essa condição material pode influenciar a trajetória de vida de um indivíduo.
Corrigir - Uma vez que um
indivíduo possui melhores condições materiais – quando detém os meios de produção –, as oportunidades de educação, de trabalho e, consequentemente, de crescimento são maiores, o que lhe permite manter um status social elevado.
Em contrapartida, aqueles que possuem apenas força de trabalho têm oportunidades de crescimento mais restritas e, portanto, maiores dificuldades para alcançar níveis sociais mais altos.
Resumo do conteúdo
As bases do pensamento sociológico marxista;
Os principais conceitos elaborados por Marx e Engels como o materialismo dialético, o materialismo histórico e o conceito de modo de produção;
A ideia da luta de classes como aquele princípio das contradições que motivariam as mudanças na história das sociedades.
Próximos passos
As relações entre a teoria marxista e a dinâmica cultural da sociedade;
Como se dão as relações entre os valores morais, as crenças, os princípios ideológicos e a base material da sociedade, na concepção de Marx;
O conceito de alienação e suas relações com o projeto de educação sugerido por Marx.
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Anomia - Ausência de regras morais claramente estabelecidas.
Orgânica - Durkheim via a sociedade como um organismo constituído por órgãos que devem se integrar garantindo um funcionamento harmônico. Para tanto, nenhuma das partes pode agir como se fosse o todo, sob pena de fazer adoecer o corpo social.
Objetividade - Na opinião de Durkheim, um importante critério de cientificidade.
Durkheim - “Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.” (1893, p. 11).
Consciência coletiva - Esse tipo de consciência não tem origem nas consciências individuais e está espalhada, difusa por toda a sociedade.
Representações coletivas - Lendas populares, tradições religiosas, crenças políticas e linguagem.
Especialização de tarefas - A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante.
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, formando um todo.
Estado - Elemento representativo da sociedade.
Princípios essenciais - Respeito pela razão, pela ciência, pelos ideais e sentimentos que estão na base moral da sociedade democrática.
Comte - Segundo Martins, Comte afirmava que: “a Sociologia deveria se orientar no sentido de conhecer e estabelecer as leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça e da liberdade.” (2001, p. 31)
Kultur - Aspectos espirituais de uma comunidade.
Civilization - Realizações materiais de um povo.
Estágio primitivo - As sociedades ditas “simples”, como as indígenas do Brasil, as tribos africanas etc.
Estágio avançado - As sociedades ditas complexas, ou seja, a Europa industrializada.
Culturais - Modos de vida, de falar, hábitos e costumes etc.
Físicas ou hereditárias - Cor da pele, formato dos olhos, nariz, boca etc.
Espécie humana - Segundo Laraia (2004), o homem é um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias conquistou os mares. Tudo isso porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura (p. 24).
Cultura - A cultura, segundo Ruth Benedict, citada por Roque Laraia, condiciona a visão de mundo do homem.
Etnocentrismo -“A crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo, a sua única expressão” (Laraia, p. 75).
Aula 6 - Algumas categorias gramaticais da libras: pronomes, advérbios, adjetivos
Introdução
Em Libras, podemos identificar basicamente as mesmas categorias gramaticais já conhecidas pelo estudo das línguas orais, como pronome, adjetivo etc. Precisamos, no entanto, estar atentos para as formas de funcionamento e uso de cada uma delas dentro do discurso, pois se trata de uma língua cuja modalidade é viso-espacial. Isso provoca modificações no conceito de cada uma delas.
Objetivos
Identificar aspectos gramaticais de LIBRAS relacionados aos pronomes, advérbios, adjetivos.
Reconhecer algumas palavras e verbos relacionados ao campo semântico alimentação.
Categorias gramaticais
Lembra-se das aulas de português? Quando aprendemos o funcionamento de uma língua, estamos estudando as partes que compõem uma frase e a relação entre essas partes e o discurso. Que tal retomarmos brevemente esse estudo?
Em LIBRAS, podemos identificar basicamente as mesmas categorias gramaticais já conhecidas pelo estudo das línguas orais, como pronome, adjetivo etc.
Precisamos, no entanto, estar atentos para as formas de funcionamento e uso de cada uma delas dentro do discurso, pois se trata de uma língua cuja modalidade é viso-espacial. Isso provoca modificações no conceito de cada uma delas.
O sistema pronominal
O sistema pronominal da língua brasileira de sinais, a exemplo do português, é formado por três pessoas do discurso. Dependendo da configuração de mãos utilizada e de direção para qual aponta no espaço, as pessoas do discurso podem ser especificadas. Podem aparecer tanto no singular quanto no plural.
Sistema pronominal em português (pessoas do discurso)
Atenção
Observação: Lembre-se que pessoa do discurso refere-se à forma pronominal cuja função é a de indicar: a) aquele que fala (emissor); b) para quem fala (destinatário); c) de quem se fala (não faz parte da interlocução).
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes pessoais
Fonte: https://youtu.be/JopHULn4ihI
Em LIBRAS, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, para significar “nós dois”. Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três pessoas, quatro pessoas, plural, etc.
Nas frases em LIBRAS o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação.
Pronomes pessoais, na sequência do vídeo:
a) “eu”;
b) “tu/você”;
c) “ele/ela”;
d) “nós”.
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes demonstrativos e advérbios de lugar
Fonte: https://youtu.be/nd4Q66uBBuU
Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá.
No vídeo, vemos três pronomes demonstrativos/advérbios de lugar:
a) “este” (indica o lugar em relação à primeira pessoa);
b) “esse” (indica o lugar em relação à segunda pessoa);
c) “aquele” (indica o lugar em relação à terceira pessoa).
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes interrogativos
Fonte: https://youtu.be/54OqStMA2HQ
Os pronomes como QUE e QUEM (que + pessoa ou quem) são utilizados
no início ou final da frase, dependendo do contexto. QUANDO pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão.
No vídeo temos:
a) “quem”;
b) “quando”;
c) “onde”;
d) “por que”;
e) “o que”;
f) “como”.
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes possessivos
Fonte: https://youtu.be/gKHKWFr_9UA
Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero.
Concordam sempre em relação à pessoa do discurso.
Eles são:
a) “meu”;
b) “teu/seu”;
c) “dele”;
d) “nosso”.
Advérbios de tempo
Fonte: https://youtu.be/LQTtjronR5s
São utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase.
No vídeo temos, na sequência:
a) “ontem”;
b) “hoje”;
c) “amanhã”;
d) “agora”.
Adjetivos
Fonte: https://youtu.be/kbj6TSyyWwE
Não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto.
São posicionados na frase logo após o substantivo.
No vídeo temos, na sequência:
a) “magra(o)”;
b) “inteligente”;
c) “delicioso(a);
d) “novo(a)”.
Verbos relacionados
Fonte: https://youtu.be/1drhx5i7cds
No vídeo temos, na sequência:
a) “comer”;
b) “beber”;
c) “comprar”;
d) “pagar”;
e) “cortar”;
f) “gostar”;
g) “preferir”.
Frutas
Fonte: https://youtu.be/4hm7TK-MPeQ
No vídeo temos, na sequência:
a) “maçã”;
b) “pêra”;
c) “banana”;
d) “melão”;
e) “mamão”;
f) “morango”;
g) “uva”;
h) “abacaxi”;
i) “melancia”.
Vocabulário relacionado à alimentação: Carnes e massas
Fonte: https://youtu.be/5HLxB5hMwrg
No vídeo temos, na sequência:
a) “peixe”;
b) “frango”;
c) “porco”;
d) “carne bovina”;
e) “pão”;
f) “macarrão”;
g) “pizza”.
Resumo do conteúdo
Algumas categorias gramaticais em LIBRAS, especialmente pronomes, adjetivos, advérbios;
Vocabulário relacionado à alimentação.
Algumas palavras e seus respectivos sinais.
Próximos passos
Outros aspectos gramáticas da LIBRAS.
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Aula 7 - Princípios de estruturação de uma sentença em Libras
Introdução
Muitas pessoas usam a voz para trabalhar, mas o conhecimento gramatical é indispensável, mesmo para quem só usa a voz. Nesta aula, vamos estudar a construção de sentenças em LIBRAS. Você verá que as frases podem seguir ou não a ordem sujeito-verbo-objeto, usada na construção de frases em língua portuguesa. Quando as sentenças não são construídas pela construção SVO, elas obedecem a uma lógica não-linear. Ao longo desta aula, explicaremos melhor esse tema e veremos alguns recursos de construção de frases em LIBRAS. Vamos lá?
Objetivos
Entender como se constrói a estrutura das frases em LIBRAS.
Perceber as diferenças entre a construção de sentenças na língua portuguesa e em LIBRAS.
Entender que a falta de uma lógica linear em LIBRAS não significa a falta de sentido, coerência e coesão nas sentenças de LIBRAS.
Estrutura de sentenças
Para estudar a construção de frases em LIBRAS, é preciso pensar que essa língua se estrutura a partir de recursos espaciais e visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão às palavras que formam a sentença.
Em LIBRAS, encontramos quatro tipos de frases. Veja: 
Entendendo o que é ordem na frase
Como você já sabe, as frases, na língua portuguesa, seguem a ordem SVO (sujeito-verbo-objeto). Em LIBRAS, no entanto, as sentenças nem sempre seguem essa ordem, pois não seguem necessariamente uma sequência linear de ideias.
Vamos ver o que é exatamente isso?
A frase que você está vendo segue uma ordem: a tal da SVO. Teoricamente, toda frase pronunciada por um falante tende a estar nessa ordem, ainda que ela possa ocorrer invertida também como: “Um carro eu comprei ontem”. Nesse caso, temos uma organização tópico-comentário.
A organização tópico-comentário é recorrente em LIBRAS.
Ela consiste em colocar o tópico no início da frase, seguindo de comentário.
Vamos a um exemplo? 
A frase, em português O macaco gosta de comer banana, ficaria, em Libras, Comer banana o macaco gosta.
O que aconteceu? O tópico da frase passou para o início, invertendo a ordem SVO.
Atenção
É importante lembrar que a ordem SVO também é a mais usada na LIBRAS. Esta ordem pode ser vista, sobretudo, quando são utilizados verbos com flexão, ou seja, aqueles que o uso revela facilmente o sujeito, como, por exemplo, os verbos perguntar e ajudar.
Atividade proposta
Agora pratique um pouco do que você aprendeu. Observe o vídeo a seguir e tente entender o que está sendo dito nas frases. Sabemos que não será uma tarefa fácil, mas algumas palavras que irão ocorrer nessas frases você já estudou na aula passada.
Identifique, dentre as alternativas abaixo, aquela que corresponde à primeira frase pronunciada pelo intérprete:
Amanhã você não vai à escola?
Amanhã você vai à escola?
Amanhã você não vai à escola.
Amanhã vocês vão à escola.
Corrigir: A
Resumo do conteúdo
Construção das frases na LIBRAS e organização das sentenças nessa língua.
Sequência não lógica das palavras que compõem as frases, o que não significa que não exista sentido, coesão e coerência entre as palavras.
Próximos passos
Principais diferenças entre a língua oral e a LIBRAS.
Estrutura verbal, classificadores na interação feita em LIBRAS.
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Aula 8 - Categorias gramaticais da Libras: verbos e classificadores
Introdução
A comunicação vai muito além das palavras. Ela também é feita de expressões faciais e linguagem corporal, por exemplo.
Objetivos
Identificar diferenças entre a língua oral e a LIBRAS.
Analisar a construção da estrutura verbal em LIBRAS.
Reconhecer a importância dos classificadores e da expressão facial para a LIBRAS e de que forma aumentam a eficácia na comunicação feita nesta língua.
Estrutura de sentenças
Em Libras, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na Libras encontramos itens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em Libras.
Independência sintática do português em relação à Libras
* Neste caso, a preposição para não é utilizada em Libras porque está incorporada ao verbo.
Tanto em Libras, quanto nas línguas orais, a ideia de verbo como ação pode ser mantida, assim como a de que é possível encontrar verbos que exigem ou não determinado tipo de concordância.
Existem duas classificações:
Direcionais
Verbos que têm concordância. A direção do movimento marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
Não direcionais
Verbos que não têm concordância. Para os verbos não direcionais, existem duas subclasses:
Ancorados no corpo: São verbos que exigem proximidade em relação ao corpo. Os que melhor representam são os de estado cognitivo ou emotivo. A saber: gostar, odiar, pegar, falar.
Verbos que incorporam o objeto: Quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros se modificam para especificar as informações.
DEFINIÇÃO DOS CLASSIFICADORES
Um classificador (CI) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua. Na linguagem de Libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto aos verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo.
OS CLASSIFICADORES COMO ÍCONES
Os classificadores, em Libras, são marcadores de concordância de gênero para pessoas, animais ou coisas. Eles são muito importantes, já que ajudam a construir a estrutura sintática por meio de recursos corporais. Muitos classificadores
são icônicos. Às vezes, eles se referem ao objetou ser como um todo. Em outras, se referem somente a uma parte ou característica do ser (FERREIRA BRITO, 1995).
Vamos a alguns exemplos de o que significam as expressões faciais?
Acabamos de ver um exemplo de um diálogo entre um aluno e um professor em uma aula de Libras. Nele, vimos como expressões faciais ajudam na compreensão da linguagem dos sinais.
Por isso, durante uma conversa em libras, os interlocutores, além da linguagem das mãos, fazem uso das expressões do rosto para enfatizar o que está sendo dito. Elas funcionam, portanto, como um recurso para melhorar a comunicação em Libras.
Atividade proposta
Preste atenção ao vídeo e escolha a opção correta. Teste agora sua memória e seu conhecimento. Qual foi a primeira frase dita no vídeo em libras?
Você pode chamar o garçom para mim? Quero aprender libras.
Você pode chamar o cozinheiro para mim?
Você pode fechar a janela para mim?
Você pode fazer uma ligação para mim?
Corrigir: A
Agora tente acertar a frase 2. Se for preciso, volte e reveja o vídeo.
Gostaria de aprender a jogar futebol.
Gostaria de aprender a linguagem de sinais.
Gostaria de aprender a fazer um prato de salada.
Gostaria de aprender a usar o computador.
Corrigir: B
Resumo do conteúdo
Principais diferenças entre a língua chamada oral e a LIBRAS.
Construção da estrutura verbal da LIBRAS.
Classificadores e expressões faciais que complementam a língua e maximizam a compreensão entre quem está usando esta forma de comunicação.
Próximos passos
Compreensão de diálogos em LIBRAS.
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Aula 9 - Compreensão de diálogos
Introdução
"Não é porque uma pessoa não pode escutar que ela não enxerga". Tal mensagem nos faz pensar que, muitas vezes, quando pensamos em surdos, associamos sua imagem a pessoas limitadas, incapazes de realizar ações que nós ouvintes realizamos. Eliminar o preconceito é entender que essas pessoas são capazes de viver em sociedade. Ainda é um longo caminho a pecorrer. Que tal começar entendendo um pouco mais sobre sua forma de se comunicar? Veja os diálogos desta aula e teste a sua compreensão!
Objetivos
Aperfeiçoar a capacidade de compreender diálogos em LIBRAS.
Ampliar o vocabulário em LIBRAS.
Aperfeiçoar as expressões faciais objetivando tornar a comunicação em LIBRAS mais eficaz.
Testando a compreensão de diálogos
Você já parou para pensar como a prática de diálogos é uma atividade corriqueira? Agora pense em um diálogo entre surdos e em como se comunicar se torna difícil quando não podemos usar a fala.
Veja agora um exemplo de diálogo entre surdos e teste o que você consegue compreender desta conversa.
Agora que você assistiu ao diálogo, complete os campos abaixo com sua resposta:
P1 – Bom dia! Você pode me ajudar a atravessar a ______________?
P2 – Claro! Você está indo para onde?
P1 – Para o ______________.
P2 – Que legal! O sinal está ______________, temos que esperar um pouco.
P1 – Ok.
P2 – Vamos lá, o sinal está ______________. Cuidado com a calçada. 
P1 – Está bem. ______________ pela ajuda. 
P2 – De nada. Até logo.
CorrigirP1 – Bom dia! Você pode me ajudar a atravessar a rua?
P2 – Claro! Você está indo para onde?
P1 – Para o teatro.
P2 – Que legal! O sinal está verde, temos que esperar um pouco. 
P1 – Ok. 
P2 – Vamos lá, o sinal está fechado. Cuidado com a calçada. 
P1 – Está bem. Muito obrigado pela ajuda. 
P2 – De nada. Até logo.
Veja agora outro exemplo de diálogo entre surdos e teste o que você consegue compreender desta nova conversa.
Agora que você assistiu ao diálogo, complete os campos abaixo com sua resposta:
P1 – Boa noite!
P2 – ______________! Em que posso ajudar?
P1 – Gostaria de escolher uma ______________ para uma festa.
P2 – Ok, Qual é o tipo de festa? 
P1 – É uma formatura. Gostaria de um terno ______________. 
P2 – Tenho um lindo! Vou buscar! 
P1 – Gostei. Quando custa? 
P2 – ______________.
P1 – Vou levar. Pode embrulhar para presente?
P2 – claro. Aqui está. 
P1 – Obrigada. Até logo!
CorrigirGABARITO
P1 – Boa noite!
P2 – Boa noite! Em que posso ajudar?
P1 – Gostaria de escolher uma roupa para uma festa.
P2 – Ok, Qual é o tipo de festa? 
P1 – É uma formatura. Gostaria de um terno azul. 
P2 – Tenho um lindo! Vou buscar! 
P1 – Gostei. Quando custa? 
P2 – Cento e cinquenta reais.
P1 – Vou levar. Pode embrulhar para presente?
P2 – claro. Aqui está. 
P1 – Obrigada. Até logo!
Resumo do conteúdo
Compreensão de diálogo em LIBRAS;
Percepção de o quanto um simples diálogo para nós que podemos falar e ouvir pode se tornar difícil quando não dominamos a forma de comunicação que está sendo utilizada.
Próximos passos
Exemplos de produções culturais feitas para surdos;
Iniciativas envolvendo as artes para surdos que podem ter conteúdos criativos;
Propagação destas manifestações facilitadas pelas novas tecnologias de comunicação.
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Leia o material disponibilizado no blog dos Livro de Língua Brasileira de Sinais LIBRAS.
Aula 10 - Literatura em língua de sinais
Introdução
Pare para pensar. Você consegue se lembrar de manifestações artísticas, literárias e culturais produzidas para surdos ou por eles? Se a sua resposta for não, não se assuste. Apesar de existirem, elas são poucas. Assim como são raras as produções culturais feitas por surdos.  Ainda há um grande caminho a percorrer para que estas manifestações ganhem visibilidade na sociedade. Apesar disso, as novas tecnologias estão, cada vez mais, ajudando na propagação destas iniciativas artísticas. Vamos ver mais?
Objetivos
Exemplificar manifestações artísticas feitas para e por surdos.
Reconhecer que novas tecnologias permitiram que o público surdo tivesse maior acesso e produção às manifestações artísticas feitas para e por ele.
Conhecer a literatura surda como elemento de sua cultura e a busca de reconhecimento dela como autêntica e original.
Você já parou para pensar como quase não existem manifestações artísticas feitas para surdos?
Surdos participam muito pouco das ações culturais na sociedade. Isso ocorre, sobretudo, por causa da falta de acesso desta parcela da população às produções artísticas, já que a maioria das ações culturais tem sua comunicação com o público baseada na oralidade, ou seja, na fala.
VOCÊ SABIA?
Um exemplo importante de inciativa cultural deste nicho às manifestações artísticas é a Companhia de Teatro Mãos Livres, que luta para que as barreiras de comunicação sejam minimizadas através de espetáculos produzidos tanto para surdos como para a sociedade ouvinte. A Companhia de Teatro Mãos Livres surgiu em 2005, a partir de uma prática pedagógica desenvolvida dentro das salas de aula de escolas públicas (regulares e especializadas), suja metodologia está fundamentada no aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos surdos.
Esta forma de ensino tem sua didática baseada nas linguagens artísticas como a música, o teatro e a dança, que funcionam como estímulos às relações interculturais.
As novas tecnologias para surdos
As novas tecnologias permitiram que a informação fosse propagada de forma melhor e mais veloz. As comunidades surdas também se beneficiaram com as novas tecnologias. Além de recursos que ajudam a comunicação deste público com a sociedade ouvinte, as novas tecnologias também possibilitaram que produções de arte e literatura fossem acessadas por este nicho da sociedade.
Como as tecnologias ajudam a aumentar a inclusão social de surdos
Fonte: https://www.youtube.com/embed/2g-hPR6gQmA
No vídeo ao lado, temos um exemplo de como novas tecnologias podem ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. A menina, que é surda, recebe uma ligação do “Papai Noel” e consegue se comunicar com ele por meio de um aparelho tecnológico em que um intérprete faz a
mediação entre a menina e o Papel Noel, permitindo que ela faça seus pedidos de natal.
Clique aqui para acessar a tradução do vídeo. Eu não te entendendo, sou surda. Você sabe sinalizar? // Eu não sei sinalizar, desculpa. // Liga pra mim hoje à noite //  Olá! // Olá, eu sou o intérprete 3033 da CSDVRS. Você é a Britanny? // Sim, eu sou a Britanny. // Querida Britanny, é fantástico falar contigo pela CSDVRS.
É fato que as novas tecnologias ajudaram a criar recursos para que surdos pudessem ter a chance de melhorar sua qualidade de vida. Com as inovações tecnológicas, vieram esperanças de aumento da inclusão deste público na sociedade.
Veja a notícia Chip ajuda surdos-mudos a ouvir e falar, publicada na Agência Estado. Acesso em: 14 ago. 2017.
Um ponto a ser pensado é até onde as novas tecnologias irão ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. Sem dúvida, é preciso, sobretudo para os pais, estarem atentos às consequências causadas pelo uso destas tecnologias e ao que é realmente confiável. O aparato tecnológico, usado de forma segura, pode ser o caminho para que surdos tenham sua inclusão digital aumentada na sociedade.
No vídeo ao lado temos um exemplo de como a tecnologia favorece a acessibilidade dos surdos. Trata-se de uma interpretação em LIBRAS para o filme nacional Os desafinados. http://www.estadao.com.br/noticias/geral,chip-ajuda-surdos-mudos-a-ouvir-e-falar,20041111p57089
Fonte: https://www.youtube.com/embed/sHexvIxhdDI
Resumo do conteúdo
Formas de expressões e manifestações artísticas produzidas em LIBRAS para surdos;
Novas tecnologias facilitando a propagação de iniciativas culturais, literárias e artísticas feitas para a comunidade surda;
Produções envolvendo as artes para este público ainda são escassas.
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