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A ATIVIDADE PREVIDENCIÁRIA COMO FACILITADORA INCENTIVADORA DA PROSTITUIÇÃO 150516

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ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA – ESUCRI
CURSO DE DIREITO
NOME DO ACADEMICO 
A ATIVIDADE PREVIDENCIÁRIA COMO FACILITADOR DA PROSTITUIÇÃO: UM ESTUDO COM BASE NO RECOLHIMENTO DO INSS PELOS PROFISSIONAIS DO SEXO
CRICIÚMA
2016
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NOME DO ACADEMICO
A ATIVIDADE PREVIDENCIÁRIA COMO FACILITADORA DA PROSTITUIÇÃO: UM ESTUDO COM BASE NO RECOLHIMENTO DO INSS PELOS PROFISSIONAIS DO SEXO
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito pela Escola Superior de Criciúma – ESUCRI.
Orientador (a): Prof.?????
CRICIÚMA
2016
NOME DO ACADEMICO
A ATIVIDADE PREVIDENCIÁRIA COMO FACILITADORA DA PROSTITUIÇÃO: UM ESTUDO COM BASE NO RECOLHIMENTO DO INSS PELOS PROFISSIONAIS DO SEXO
Monografia apresentada, avaliada e aprovada no dia ... de ............... de 2016, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito da Escola Superior de Criciúma – ESUCRI, pela banca examinadora constituída pelos professores:
Criciúma, ___ de _______________ de 2016.
_____________________________________
Prof. e Orientador Xxxxxxxxxx, abreviatura da titulação
Escola Superior de Criciúma – ESUCRI
_____________________________________
Prof. Xxxxxxxxxx, abreviatura da titulação
Instituição de origem
_____________________________________
Prof. Xxxxxxxxxx, abreviatura da titulação
Instituição de origem
Dedico este trabalho à minha família, por sua capacidade de acreditar e investir em mim e, especialmente, aos meus pais com seus cuidados e dedicação que me deram em alguns momentos, a esperança para seguir que representou a certeza de que não estou sozinho nessa caminhada
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AGRADECIMENTOS
À Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. 
Aos meus pais, irmãos, minha esposa (nome), meus filhos e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. 
Ao professor (nome) pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. Aos coordenadores do curso, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela amizade. 
A todos os professores, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia. 
Aos amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constantes.
 
Aquilo que os princípios têm de cômodo é que podemos sempre sacrificá-los quando necessário. (Maugham, William).
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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo analisar a atividade previdenciária como facilitador da prostituição com base no recolhimento do INSS pelos profissionais do sexo. Desta forma é possível verificar a valia da regulamentação da profissão ligada á exploração do sexo. O projeto de lei n° 98/03 visa regulamentar a prostituição enquanto o projeto 4211/12 vai um pouco mais além, tratando dos possíveis contratos advindos desta regulamentação suscitada e seus principais efeitos no direito do trabalho. Após a introdução, no primeiro capítulo, encontram-se os aspectos e conceitos ligados à atividade e legislação relacionadas à prostituição, bem como a conjuntura atual dessa categoria. O segundo capítulo evidencia o direito previdenciário aos profissionais do sexo e, por fim, o terceiro capítulo comenta o principio da isonomia no direito previdenciário, como forma de equiparação ao direito do trabalhador. A análise mostra que existindo um vínculo de emprego na prostituição, a atividade passa a ser protegida e beneficiar milhares de indivíduos que, de alguma forma, estão à margem dos direitos trabalhistas e constitucionais.
Palavras-chave: Isonomia. Categoria. Prostituição. Regulamentação.
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ABSTRACT
This study aims to analyze the social security activity as a facilitator of prostitution based on the payment of INSS by sex workers. This way it can check the value of the regulation of the profession connected will sexual exploitation. The bill n ° 98/03 is intended to regulate prostitution as the project 4211/12 goes a step further, dealing with possible contracts resulting from this regulation and raised its main effects on employment law. After the introduction, the first chapter, there are aspects and concepts associated with the activity and legislation related to prostitution, as well as the current situation in that category. The second chapter highlights the social security law to sex workers and, finally, the third chapter comments on the principle of equality in social security law, in order Match the worker's right. The analysis shows that there an employment relationship in prostitution, the activity becomes protected and benefit thousands of individuals who, in some way, on the margins of the labor and constitutional rights.
Keywords: Isonomy. Category. Prostitution. Regulation.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas
CBO – Código Brasileiro de Ocupação
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
RGPS – Regulamento geral da Previdência Social
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
ONU – Organização das nações Unidas
PL – Projeto de Lei
NIT – Número de identificação do trabalhador
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SUMÁRIO
11INTRODUÇÃO	�
131 ATIVIDADE E LEGISLAÇÃO RELACIONADAS À PROSTITUIÇÃO	�
131.1	PROSTITUIÇÃO: CONCEITO	�
141.2	ASPECTOS HISTÓRICOS E ETMOLÓGICOS	�
1.3	A ATUAL SITUAÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO BRASIL	21
1.3.1	Breves considerações sobre o projeto de Lei n° 98/2003	23
1.3.2 Regulamentação da profissão e previdência social	25
2. APOSENTADORIA ESPECIAL 	32
2.1 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO AOS PROFISSIONAIS DO SEXO....................32
2.2 AGENTES NOCIVOS DA PROFISSÃO 	35
3 O PRINCIPIO DA ISONOMIA E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO	39
3.1	ASPECTOS DA CONTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL 	40
3.2	PLURALISMO JURÍDICO DAS PROFISSÕES	44
3.2.1	O papel do INSS na garantia dos direitos a aposentadoria especial	46
3.3 BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE O PROJETO DE LEI 4211/2012 	47
CONSIDERAÇÕES FINAIS	49
REFERÊNCIAS	50
APENDICES	54
APENDICE A – PL N° 4211/2012	55
APENDICE B – PL N° 98/2003	58
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INTRODUÇÃO
O presente estudo foi elaborado com o objetivo de mostrar a atividade previdenciária como facilitadora da prostituição com base no recolhimento do INSS pelos profissionais do sexo sob uma visão técnica- jurídica, argumentando que a legalização da profissão se justifica diante do aspecto dos direitos humanos fundamentais contrapondo o direito do trabalho sobre a égide da sua legalidade. 
Em uma das primeiras cenas do filme Bruna Surfistinha (2011), de Marcos Baldini, drama nacional baseado no livro ‘O Doce Veneno do Escorpião’, de Raquel Pacheco, a cafetina que a acolhe no prostíbulo ironicamente diz que ela teria sua carteira de trabalho registrada como profissional do sexo, com todos os direitos inerentes a qualquer trabalhador, causando espanto a personagem principal. Logicamente isto não é possível porque a lei considera crime a exploração da prostituição (rufianismo). A atividade da prostituição é desprotegida de direitos trabalhistas, apesar de considerar tal ativida​de lícita considera crime os atos e aspectos que a norteiam. 
Regularizar o exercício da prostituição é representado, para a Europa, como a prostituição de maneira em igualdade de gênero e promove o direito da mulher a ser independente e a controlar o que queira fazer com seu corpo. Acresce a isso que a prostituição é outra maneira de trabalho e que a melhor forma de proteger as mulheres em este entorno é melhorar suas condições de trabalho (RAYMOND, 2003). A profissionalização das prostitutas traz subsídios para enriquecer o debate acerca de uma possível legalização da profissão, numa abordagemlegal. O Ministério do Trabalho, além de reconhecer a prostituta como uma das profissões, orienta como uma profissional do sexo deve se comportar e quais atividades devem exercer dentro da sua área de atuação. 
O Estado reconhece a profissão de prostituta e define quem a pratica como sendo a profissional do sexo permitindo que quem vive da prostituição recolher contribuições previdenciárias e garantir direitos comuns a todos os trabalhadores mas, os próprios técnicos do INSS tem dúvida acerca da legalidade. Porém, uma prostituta embora ainda não possa ter um registro em carteira de trabalho, mas pode recolher para a Previdência Social como contribuinte individual normal ou assumir sua condição, garantindo os direitos inerentes a todos os trabalhadores. 
A Constituição de 1988 incluiu a Seguridade Social no título VIII, Da Ordem Social, entre os artigos 194 a 204. Os dispositivos legais, ali inseridos, estruturaram toda a Seguridade Social, estabelecendo os objetivos, princípios, bem como a forma de financiamento. Discutir a Seguridade Social é importante em país com índices elevados de pobreza em algumas regiões, crescente aumento da população de idosos, além dos altos índices de acidentes de trabalho e de mortes em acidentes de veículos, que oneram as despesas com saúde pública e previdência social (MARTINS, 2014).
Já o debate sobre a prostituição deve estar fundamentado na autonomia da prática da atividade de prostituta, posto que referida circunstância o exercício dessa atividade, leva a possíveis recursos previdenciários que podem ser conquistados com a sua regularização acarretando uma contribuição social e melhorando as relações de trabalho. Portanto, este tema discute as ciências jurídicas e sociológicas, que sustentarão esta análise sobre suas questões previdenciárias e suas implicações legais e sociais.
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1 ATIVIDADE E LEGISLAÇÃO RELACIONADAS À PROSTITUIÇÃO
Neste capítulo serão explanados assuntos pertinentes à atividade e legislação relacionadas à prostituição, seus aspectos históricos, etimológicos e conceituais, assim como, o panorama geral da atual situação previdenciária dos profissionais do sexo no brasil. O estudo pretende facilitar a compreensão da temática em questão, por meio da literatura especializada, que está diretamente relacionada com os objetivos propostos neste trabalho acadêmico.
PROSTITUIÇÃO: CONCEITO
A origem da palavra “prostituir” advém do verbo latino prostituere, que significa expor publicamente, colocar à venda, entregar à perversão. Dela se deriva a palavra “prostituta”, que era utilizada para designar as cortesãs de Roma que se instalavam à entrada das casas de devassidão (ANDRADE, 2001).
Contudo, conforme adverte Rago (2011, p. 224), a colocação simplista de que a prostituição é “a profissão mais antiga do mundo”, configura uma atitude prejudicial, pois reduz um fenômeno que na verdade “[...] é cultural e histórico, não necessário e insolúvel”. Neste sentido, Rago (2011, p. 224) destaca a importância de debater historicamente a prostituição: 
Historicizar o acontecimento e problematizar a experiência, por mais dolorosos e difíceis que possam ser, são possivelmente maneiras de se aproximar dessas realidades, enfrentá-las e, quem sabe, encontrar novos elementos para lidar e responder a elas de uma maneira mais eficaz e construtiva” (RAGO, 2011, p. 224).
A prostituição é comumente chamada de a “profissão mais antiga do mundo”. Conforme as palavras de Mota (2015, p. 10), a prostituição é definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “[...] o processo em que as pessoas mediante remuneração de maneira habitual, sob quaisquer formas, entregam-se às relações sexuais, normais ou anormais com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, durante todo o tempo”. Também na mesma linha de conceituação o Dicionário Aurélio Defini prostituição como “sf.1. Ação ou efeito de prostituir (-se), 2. Ação de submeter-se a práticas sexuais em troca de dinheiro” (XIMENES, 2000, p. 763).
Na concepção de Delmanto (1991, p. 371), a prostituição é entendida como o “comércio habitual do próprio corpo para satisfação sexual de indiscriminado número de pessoas”. Para Moraes (1996, p. 36), “o universo da prostituição é como um mundo de relações de trabalho e, por conseguinte, a prostituta é como uma mulher trabalhadora”. Complementando, Inês Fontinha (2001) define prostituição como sendo “[...] a efetivação de práticas sexuais, heterossexuais ou homossexuais, com diversos indivíduos e remuneradas, num sistema organizado”.
Segundo Basak (apud ANDRADE, 2001, p. 1), a prostituição significa “[...] a dominação machista sobre a mulher, que tem um corpo considerado como explorável”. Conforme os ensinamentos de Mirabete (2001, p. 458), a prostituição “constitui-se na habilidade de prestações carnais a um número indeterminado de pessoas, independente do fim de lucro e não se excluindo a entrega a qualquer pessoa por simples desregramento ou ninfomania”.
Segundo Marques (2004, p. 18), a diversidade de opiniões que o fenômeno da prostituição envolve, fomenta uma grande divergência de conceituações para o termo prostituto (a), assim como uma “hierarquização desta atividade que vem determinar outras tantas nomenclaturas vinculadas ao ato de comercialização do sexo”. 
Arsênio (2012) alega que atividade não se orienta por uma ciência especializada com uma finalidade profissional, porém, cabe aqui ressaltar, que não se trata de menosprezar quem sobrevive desta prática, pelo contrário, é preciso defender essa atividade baseada nos princípios fundamentais da Constituição Brasileira, essencialmente aquele que trata da dignidade da pessoa humana.
 ASPÉCTOS HISTÓRICOS E ETIMOLÓGICOS
As primeiras leis que continham regras de conduta para as prostitutas, foram elaboradas pelos assírios em 1100 a. C., estabelecendo o tipo de roupas que deveriam usar e proibindo-as de fazer uso do véu�, sob pena de receberem cinquenta chibatadas caso as descumprissem (ROBERTS, 1992). Já, de acordo com o velho testamento, a prostituição e qualquer mulher que fugisse das regras de virgindade, casamento e submissão ao homem, deveriam ser punidas, pois as escrituras alegavam que a autonomia sexual feminina era a origem de todo o mal da humanidade (RAGO, 2011).
Na Grécia, no século VI a. C., foi instituído um programa de leis que regulamentou o lugar de todas as mulheres na sociedade. Este estatuto alegava que o lugar da mulher era o espaço doméstico, sua educação era orientada exclusivamente para esse fim. Sendo assim, as mulheres foram divididas em duas categorias: esposas ou prostitutas, de forma que, qualquer mulher que buscasse ter uma vida independente de um homem era enquadrada na segunda categoria (ROBERTS, 1992).
Contudo, conforme esclarece Roberts (1992, p. 26) “é no antigo Egito que aparecem as primeiras prostitutas de rua [...] operando independentes e com uma base comercial, ou seja, almejando vantagem financeira”.
Segundo Rago (2011), na Roma antiga, entre os séculos VIII a.C. e V d.C., as leis patriarcais regulamentaram a família e deram poder aos homens através da posse da terra e da condição política. Contudo, a ampliação do império, a crescente urbanização e a sólida estratificação social propiciaram o surgimento e expansão da prostituição. Complementando, Roberts (1992, p. 61) relata que “a prostituição era natural na antiga Roma, aceita sem nenhuma vergonha”.
Na Idade Média, conforme esclarece Jacques Rossiaud (1991), a prostituta era vista com o “um mal necessário”. Na maioria das cidades, existia um prostibulum publicum (bordel), construído e mantido pelas autoridades públicas. Rossiaud (1991, p. 20), ainda afirma que: “não existia cidade de certa importância sem bordel”.
Com a ascensão do cristianismo, coexistia, ao mesmo tempo, combate e tolerância à prostituição, pois esta funcionava como um tipo de “dreno” no qual os homens poderiam descarregar o efluente sexual que os afastava de Deus (ROBERTS, 1992).
No século XII houve um grande movimento da Igrejaem “salvar” as prostitutas, onde foram criadas comunidades monásticas de ex-prostitutas conhecidas como “Lares de Madalena”. Na mesma época, na França, foram instituídas leis para regulamentar a prostituição, essas leis retiravam direitos das prostitutas, proibindo-as de acusar as pessoas que viessem a cometer crimes contra elas (ROBERTS, 1992).
Nos séculos subsequentes, a prostituição sempre esteve presente e junto com ela o estigma, delimitado pela moral sexual invocada pelos conservadores. Assim ocorreu nos “séculos XVI e XVVII, durante a revolução francesa e na era da devassidão do século XVIII” (MARQUES, 2004, p. 25).
Porém, foi no século XIX, com a ascensão da burguesia, que as prostitutas de rua passaram a ganhar salários similares às trabalhadoras de bordéis. Ainda assim, essas trabalhadoras tinham um padrão de vida melhor que as mulheres que se prostituíam nas ruas (MARQUES, 2004).
No Brasil, no século XIX, a maioria das prostitutas da corte imperial era composta por escravas, de modo que, a prostituição misturava-se a uma variedade de serviços domésticos. Por volta de 1840 começa-se a estudar a possibilidade de abolir a prostituição e a escravatura como estratégias para modernizar, higienizar e “civilizar” a sociedade brasileira (PEREIRA, 2005).
No entanto, conforme aduz Pereira (2005), nenhuma lei ou intervenção estatal foi elaborada em relação à prostituição, nem no sentido de criminalizar e nem com a intenção de abolir sua prática.
O primeiro Código Penal brasileiro de 1830 fazia menção à prostituição numa designação moral, para diferenciar as mulheres honestas das prostitutas. No entanto, quando o Código foi reformado após a proclamação da República, em 1890, a prostituição, já considerada um dos males da sociedade, passou a ser vista como um objeto da ação direta do Estado (AUGUSTIN, 2005).
Ainda segundo Augustin (2005, p. 113), os legisladores da época não chegaram a criminalizar a procura e oferta de serviços sexuais, mas estabeleceram como crimes: “a facilitação e indução à prostituição; a exploração da miséria para levar as mulheres para o trabalho sexual; a prestação de assistência e hospedagem para as atividades de serviços sexuais”.
No início do século XX, com a profusão da grande massa de trabalhadores nos centros urbanos, a burguesia disseminou, entre os operários, seus ideais de vida regrada e pureza moral. Para tanto, contou com o apoio de militantes católicos que viam na prostituição o verdadeiro pavor social causado pelas doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a sífilis (LOPES, 2006).
[...] a tendência foi a de criminalizar a atividade de prostituição como “vadiagem”, e os bordeis como casas de tolerância. No Brasil, a orientação não foi outra: além da tipificação da vadiagem como contravenção penal, criminalizou-se tanto o incentivo à prostituição como a mantença de casa destinada a estas finalidades, como facilmente se pode observar pelos artigos 227 a 229 do Decreto-Lei 2.848/40 (Código Penal), vigente até a atualidade. (LOPES, 2011, p. 29).
O auge da prostituição teria sido na década de 1930, destacando-se, naquela época, o Rio de Janeiro, onde as estrangeiras eram a grande maioria da categoria. Já o Código Penal de 1940, elaborado durante o Estado Novo, adiciona o conteúdo da norma internacional de 1933, pertinente à exploração da prostituição. Isto é, de acordo com as normas, a nova legislação assimilou integralmente a perspectiva abolicionista clássica que determina as mulheres como vítimas (PEREIRA, 2005).
Hoje, no Brasil, segundo Andreia Mello (2009) existem várias associações em defesa das mulheres que praticam a prostituição, sendo que uma delas é a Rede Brasileira de Prostitutas (RBP). Uma das principais conquistas dessa Associação foi o reconhecimento da prostituição, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como uma ocupação. Sendo assim, por meio da Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002, a prostituição foi incluída no Código Brasileiro de Ocupações (CBO) e na elaboração do projeto de lei 98/2003 sobre a legalização da profissão. 
Para Silva Neto (2008, p. 17), “a atividade da prostituta, no plano constitucional, deve ser jurídico-constitucionalmente considerada como trabalho.” O jurista assevera que um dos fundamentos da Constituição Federal, a cidadania (art. 1º, II), remete à ideia de que todos os indivíduos, de modo geral, têm direitos referentes à participação na vida política do Estado e também de prestações de natureza social.
Logo, o trabalho da prostituta, por não se constituir em ilícito penal, ou, mais ainda, em ilícito de qualquer espécie, ingressa nos domínios do que se pode denominar amplamente como atividade, ocupação ou trabalho. E, nesse passo, sendo trabalho, impõem-se os desdobramentos resultantes de atividade humana lícita, ou seja, a proteção a ser conferida pelo Estado como natural decorrência do respeito à cláusula da cidadania em sentido amplo. (SILVA NETO, 2008, p. 17).
Segundo Assis (2011, p. 04) o projeto recebeu parecer contrário da Câmara, em 2007, “mesmo ano em que o Ministério da Cultura liberou aproximadamente quatro milhões de reais para a produção cinematográfica da biografia de uma garota de programa”. Assim sendo, o Código Brasileiro de Ocupações de 2002, regulamentado pela Portaria nº 397 do Ministério do Trabalho para uso em todo território nacional, define da seguinte maneira, os profissionais do sexo:
5198-05 - Profissional do sexo - Garota de programa, Garoto de programa, Meretriz, Messalina, Michê, Mulher da vida, Prostituta, Puta, Quenga, Rapariga, Trabalhador do sexo, Transexual (profissionais do sexo), Travesti (profissionais do sexo).
I – Condições gerais de exercício trabalham por conta própria, na rua, em bares, boates, hotéis, rodovias e em garimpos, atuam em ambientes a céus abertos, fechados e em veículos, horários irregulares. No exercício de algumas das atividades podem estar expostas à inalação de gases de veículos, a poluição sonora e a discriminação social. Há ainda dicas de contágios de DST e maus – tratos, violência de rua e morte.
 II – Formação e experiência, para o exercício o profissional requer-se que os trabalhadores participem de oficinas sobre o sexo seguro, oferecidas pelas associações da categoria. Outros cursos complementares de formação profissional, como, por exemplo, curso de beleza, de cuidados pessoais, de planejamento de orçamento, bem como cursos profissionalizantes para rendimentos alternativos também são oferecidos pelas associações, em diversos Estados. O acesso à profissão é livre aos maiores de dezoitos anos; a escolaridade média está na figura de quarta a sétima séries do ensino fundamental. O pleno desenvolvimento das atividades ocorre após dois anos de experiência (ASSIS, 2011, p. 13).
Contudo, para um melhor entendimento é necessário fazer a distinção entre trabalho ilícito e trabalho proibido. Neste sentido, é louvável destacar as palavras de Cassar (2014, p. 565):
Não se pode confundir o trabalho ilícito com o proibido, pois o primeiro não produz nenhum efeito porque viola os valores de moralidade, legalidade, contrário ao direito e à ordem pública. No trabalho ilícito o trabalhador não tem sequer direito aos salários ainda não pagos. No segundo caso, o trabalho proibido eiva o contrato de nulidade absoluta, mas produz alguns efeitos. Não se podendo restituir ao estado anterior deverá o juiz fixar uma indenização equivalente aos salários ainda não pagos e nada mais.
Mirabete (2001) observa que o art. 228 do Código Penal (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual) é dado para efeitos penais que estabelece o seguinte: “Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa (BRASIL, 1940, p. 58).
Atualmente no Brasil não existe especificada qualquer lei que puna a prostituição, tendo em vista que esta atividade é entendida como ato de prestar umserviço sexual em que se recebe algo por conta deste serviço. Sobre este tema, Nucci (2003, p. 704) destaca que a prostituição por si só não é considerada crime, o ato ilícito está em tirar proveito desta categoria. 
Em contrapartida, não se deve esquecer o princípio fundamental estabelecido no art. 1º, III da CF, que é a dignidade da pessoa humana. Conforme ilustra Miguel Reale (1998 apud SILVA NETO, 2008, p. 17), ninguém poderá conceituar o que é dignidade da pessoa humana; no entanto, “ninguém poderá se furtar a dizer se, na hipótese concreta, houve ou não violação ao valor-fonte do sistema normativo brasileiro”.
Neste sentido, Piovesan (2006) esclarece que o Brasil faz parte de alguns tratados internacionais que determinam os direitos como uma extensão dos direitos internos no país, e se compromete a cumprir esse tratado, sob pena de sanção internacional.
Corroborando, Silva Neto (2008, p. 20) leciona que o art. 4º, II da Constituição Federal estabelece que o Brasil, no âmbito internacional, obedecerá, dentre outros princípios, o predomínio dos direitos humanos. Com isso, a CF oferece mais uma indicação objetiva para “determinar a subscrição de normas internacionais destinadas à proteção dos direitos humanos, dentre os quais podem ser destacados os direitos das prostitutas”.  Vejamos o que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu preâmbulo:
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla.�
Diante dos fatos, todas as normas direcionadas à proteção do trabalho da prostituta devem ser “objeto de subscrição pelo Estado brasileiro e aprovação imediata pelo Congresso Nacional”, desde que se condicionem as ações de governo aos princípios constitucionais fundamentais, inclusive aqueles responsáveis pela conduta do Brasil no panorama internacional (SILVA NETO, 2008).
Silva Neto (2008, p. 20) ainda destaca que as determinações da Constituição Federal,
[...] vão além; não se prestam simplesmente a obrigar o nosso País à mera e simples subscrição de normas internacionais protetoras dos direitos humanos das prostitutas. Não só subscrever, mas principalmente implementar o compromisso firmado em sede internacional. E ainda: se a Constituição menciona que os direitos humanos devem prevalecer, é evidente que todos os tratados que versem sobre direitos humanos devem merecer tramitação de acordo com o procedimento descrito no § 3º do art. 5º, da Constituição.
O conceito fixado no art. 4º, inciso II, da Constituição Federal é a de que o Brasil precisa se conduzir nas relações internacionais de tal maneira que os direitos humanos preponderem perante os demais (SILVA NETO, 2008). Nesta mesma direção, Lunardelli (2008) ressalta que a liberdade de trabalho é um dos principais direitos da pessoa humana, já previsto há muito na Constituição Federal. 
É direito subjetiva que a pessoa humana dispõe para colocar, no mercado em geral, sua própria força de trabalho, escolhendo livremente a atividade que deseja desenvolver, conforme sua vocação ou suas necessidades. Há aqui um comportamento de abstenção por parte do Estado, o qual não poderá definir sponte própria, a escolha individual de qualquer ofício ou profissão, e menos ainda impedir que qualquer ser humano exerça alguma atividade se a pessoa possuir requisitos necessários para o exercício profissional (LUNARDELLI, 2008, p. 187-188).
Levando-se em conta que a Carta Magna estabelece, dentre os diversos fundamentos existentes, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, é certo afirmar que existe “um princípio pro libertate que tutela a atuação da autonomia privada nas atividades econômicas da produção e distribuição de bens e serviços, cuja regra geral seria a liberdade” (LUNARDELLI, 2008).
Nesse sentido, ainda nas palavras de Lunardelli (2008, p. 189), “parece-nos impossível negar a ampla liberdade de exercer a atividade de prostituição, uma vez que inexiste lei que condicione o exercício desta profissão a qualquer requisito específico”.
Sendo assim, a legalização da prostituição significará a sua admissão como profissão, implicando, por exemplo, o pagamento de imposto profissional por parte das mulheres prostitutas (ARAÚJO, 2006).
Desta forma, dado o reconhecimento pelo Estado sobre a profissão, os ganhos obtidos pelo profissional do sexo deverão, impreterivelmente, servir como base de cálculo para a contribuição previdenciária, obrigatória destes trabalhadores; “afinal, nos exatos termos do artigo 12, V, h, da Lei 8.212/91, são os profissionais do sexo segurados individuais obrigatórios, tal como médicos, advogados, engenheiros, etc., os quais exerçam, com autonomia, as suas atividades” (FRANÇOIS-DAINVILLE, 2005, p. 891).
A ATUAL SITUAÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO BRASIL
A luta por direitos e garantias individuais e coletivas sempre esteve presente na história da humanidade. Desde os primórdios, o Estado do Bem Estar Social, tal como é visto na atualidade, só existe em decorrência de uma série de batalhas travadas entre a sociedade e governo. Com o decorrer do tempo, tornou-se cada vez mais imprescindível aos detentores do poder ceder às pressões populares e responder a seus desejos. Sendo assim, o direito à proteção social tornou-se, progressivamente, um dos pilares do ordenamento jurídico de qualquer Estado que se diga democrático e de Direito (SOARES, 2001).
No Brasil, os legisladores especificaram no texto constitucional “os direitos sociais básicos de toda população e, em especial, dos trabalhadores”. Assim como os direitos trabalhistas, “os direitos previdenciários encontram-se, de igual forma e importância, também abrangidas em tal categoria” (SANTOS, 2014, p. 2). 
Apesar disso, conforme ressalta Santos (2014) é constatado que ainda hoje existem classes de trabalhadores não incorporadas pelo sistema da Seguridade Social. Dentre essas categorias encontra-se uma que sempre gera controvérsia em torno de sua regulamentação: a classe dos profissionais do sexo. Considerada a “profissão mais antiga do mundo”, a prostituição foi marginalizada durante séculos, e aqueles que a exercem, lutam há muito tempo pelo reconhecimento de seus direitos mais básicos, dentre os quais, o direito à previdência social.
Nos dizeres de Tavares (2012), em nosso ordenamento jurídico, a seguridade social deve ser oferecida pelo Estado e está inscrita no rol dos direitos sociais estabelecidos pela CF. Ainda nas palavras de Tavares (2012, p. 1), a seguridade social é “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social”.
De acordo com Juarez Cirino dos Santos (2011), os propósitos declarados pelo Direito Penal são de preservar os bens jurídicos mais importantes da sociedade que são: a igualdade, a liberdade e o bem comum. Porém, o que se observa na realidade é que prevalece a vontade de classes hegemônicas.
Assim, através das definições legais de crimes e penas, o legislador protege interesses e necessidades das classes e categorias sociais hegemônicas da formação social, incriminando condutas lesivas das relações de produção e circulação da riqueza material, concentradas na criminalidade patrimonial comum, características das classes e categorias sociais subalternas, privadas de meios materiais de subsistência animal: as definições de crime fundadas em bens jurídicos próprios das elites econômicas e políticas da formação social garantem os interesses e as condições necessárias à existência e reprodução dessas classes sociais. Em consequência, a proteção penal seletiva de bens jurídicos das classes e grupos sociais hegemônicos pré-seleciona os sujeitos estigmatizáveis pela sanção penal – os indivíduos pertencentesàs classes e grupos sociais subalternos, especialmente os contingentes marginalizados do mercado de trabalho e do consumo de bens jurídicos econômicos e sociais protegidos na lei penal. (SANTOS, 2011, p. 11).
No Brasil estima-se a existência de um milhão de profissionais da prostituição, o que representa uma parcela expressiva do mercado de trabalho, porém, sem direito a benefícios ou a proteção legal. A prostituição no Brasil não configura delito, tendo em vista que no nosso sistema jurídico impera o princípio “de que a pessoa é dona do seu corpo e pode fazer dele o que bem entender” (MARQUES, 2004, p. 29). O Código Penal brasileiro em seu art. 228 estabelece que é crime induzir alguém a prostituição e também impedir a pessoa de abandonar essa prática (BRASIL, 1940). Já, em relação à casa de prostituição e concernente ao tráfico de mulheres, os artigos 229 e 231 determinam o seguinte, respectivamente:
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de mulher que nele venha exercer a prostituição, ou a saída de mulher que vá exercê-la no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
§ 1º Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do art. 227:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos.
§ 2º Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de cinco a doze anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa (BRASIL, 1940, p. 58-59).
Capez (2010, p. 130) assevera que o Código Penal brasileiro considera a prática como uma forma de “exploração sexual”, independente de ser consentida ou não. Porém, não existe qualquer norma que verse sobre a atividade da prostituição, existe somente a criminalização das condutas, que a circundam.
1.3.1 Breves considerações sobre o Projeto de Lei nº 98/2003
Rodrigues (2009, p. 71) relata que na área legislativa, as organizações de defesa dos direitos de prostitutas procuraram encontrar “aliados para a apresentação de propostas de mudanças capazes de alterar o estatuto legal da prostituição e se contrapor às iniciativas mais conservadoras em curso no período”.�
Ainda nas palavras de Rodrigues (2009, p. 72), o tema foi colocado em pauta no Parlamento Brasileiro pela primeira vez, em fevereiro 2003, por meio da apresentação do Projeto de Lei nº 98/2003, elaborado pelo deputado federal Fernando Gabeira, que converte a prostituição em atividade profissional. A proposta trata da “exigibilidade de pagamento por serviço de natureza sexual e suprime os arts. 228, 229 e 231 do Código Penal”. Neste sentido, “os profissionais do sexo já podem contribuir com o INSS e, assim, ganhar o direito de obter, aposentadoria e pensão” (MARQUES, 2004, p. 31).
[...] o Projeto foi objeto de uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação [...], que contou com a presença de representantes de entidades feministas, da Rede Nacional de Profissionais do Sexo. O relator designado após a audiência pública se pronunciou “pela constitucionalidade, juridicidade e adequada técnica legislativa, e, no mérito, pela aprovação” [...]. Entre outras justificativas arroladas para substanciar o parecer, o relator afirma os “incontáveis benefícios sociais decorrente da medida”. Único posicionamento favorável de todo o processo, o parecer encontrou oposição na Câmara, durante o seu exame pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJE). Antes mesmo da apreciação do voto do relator, foram apresentadas propostas de substituições do texto, como a do PL n. 2169/2003 e aos pareceres contrários, emitidos por dois dos três relatores. (RODRIGUES, 2009, p. 72).
No entanto, contrariando o projeto do Deputado Fernando Gabeira, o Projeto de Lei n. 2169/2003 caracteriza o crime de contratação de serviço sexual, e incorpora na mesma pena quem concorda com a oferta de serviço de natureza sexual, sabendo que este está sujeito à remuneração (RODRIGUES, 2009).
Em complemento Rissio (2011, p. 33) argumenta que o propósito do PL 2.169/2003 era o de coibir amplamente a prostituição, “criminalizando-se tanto a conduta do trabalhador sexual que exige pagamento pelos seus serviços, quanto do cliente que deles se utiliza.” Como justificativa argumentou-se que a “integridade sexual da pessoa humana é indisponível, sendo este bem jurídico sacrificado pela prostituição”. Após diversos trâmites burocráticos, em abril de 2007, o PL 98/2003 voltou a ser discutido na Câmara, tendo seu acolhimento pelo deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT/BA), por acreditar que:
[...] a previsão de exigibilidade do pagamento pela prestação de serviços de natureza sexual não ofende o mandamento da função social dos contratos; antes, realiza-o, pois prestigia os princípios da probidade e da boa fé, inscritos no artigo 422 do Código Civil como corolários da regra do artigo 421 [...] (RODRIGUES, 2009, p. 73).
Há alguns questionamentos sobre a adequação do regimento legal brasileiro relacionado à prostituição, como o projeto de lei 98/03, regulamentarista, e apresentado pelo deputado Fernando Gabeira, que mencionava a exigência de pagamento pela prestação de serviços de natureza sexual e suprimia os art. 228, 229 e 230 do Código Penal brasileiro.
Contudo, somente em dezembro de 2010 o novo relator, Deputado João Campos, apresentou seu voto e reconheceu que “o regime jurídico em vigor não tem sido capaz de evitar, ou pelo menos reduzir a prostituição no Brasil”, e que a sua regulamentação seria algo desastroso, concluindo que a aceitação da existência de um contrato que tivesse por objeto a prestação de serviços sexuais, seria impossível (RISSIO, 2011, p. 35-36).
Ainda conforme Rissio (2011), por interpretar que a prostituição é indigna dos pontos de vista do direito, da moral e da religião, o ilustre Deputado João Campos votou pela rejeição do PL 98/2003 e aprovou ainda o PL 2.169/2003, alegando ter apresentado substitutivo a este projeto. 
No substitutivo ao PL 2.169/2003, manteve-se apenas a criminalização à conduta de pagar ou oferecer pagamento a alguém pela prestação de serviço de natureza sexual, suprimindo-se o parágrafo único. Isto porque, no entendimento do relator, não cabe o reconhecimento de que seria exigível o pagamento pela prestação oferecida (RISSIO, 2011, p. 36).
Entretanto, em janeiro de 2011, os dois Projetos de Lei foram mais uma vez arquivados devido ao encerramento da legislatura e, até o presente momento, não houve qualquer pedido de desarquivamento (RISSIO, 2011).
1.3.2 Regulamentação da profissão e previdência social
Com o seu reconhecimento garantido pelo Estado brasileiro através da Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002, a profissão de prostituta passou a fazer parte da Classificação Brasileira de Ocupações, permitindo assim o recolhimento de contribuições previdenciárias, como profissional do sexo, e assegurando direitos comuns a todos os trabalhadores, como aposentadorias e auxílio doença (DONEL, 2011).
Desta forma, a atividade passa a ser regulamentada e o CBO permite aos profissionais o recolhimento do INSS. Portanto, a prostituição é legalizada como atividade econômica e como trabalho, porém, não é fiscalizada e os praticantes desta atividade não podem ter a segurança, o respeito e os direitos como qualquer outro trabalhador (JUSTEN FILHO, 2002).
Conforme leciona Capez (2010), é um tanto contraditório que a sociedade, ao mesmo tempo em que reconhece uma atividade como profissão e incentiva sua continuidade por meio do consumo, ainda a mantenha fortemente marginalizada. Contudo, esta tolerância da prostituição é o que compõe o significado da indiferença do legislativo acerca dessa prática.
Apesar de a regulamentação da profissão datar de 2002, os profissionais do sexo começaram a seraceitos nos registros da Previdência Social somente em dezembro de 2010, após o travesti Lilith Prado, de 32 anos, do Mato Grosso, conseguir se tornar uma segurada da Previdência. Embora sempre tivessem a oportunidade de se inscrever como autônomos, os profissionais tinham dificuldade em comprovar a ocupação, situação que foi alterada e atualmente permite a inscrição como contribuinte individual (WESTPHAL; BARBOSA, 2012).
Conforme explica Donel (2011), isso faz toda a diferença para esses profissionais, especialmente na questão do auxílio-doença, pois permite um controle rigoroso sobre a higiene e saúde, bem como um maior acesso a programas de ações de saúde pública no combate de doenças sexualmente transmissíveis, e maior informação de como evitá-las. Caso ocorra uma contaminação, o profissional estaria protegido pela legislação e teria seus direitos garantidos como qualquer outro trabalhador, o que diminuiria os casos de prostitutas com doenças venéreas em atividade, sendo assim benéfico para a categoria e para os clientes. Nesse aspecto, o Projeto de Lei nº 98/2003 justifica o seguinte:
Com efeito, não fosse a prostituição uma ocupação relegada à marginalidade – não obstante, sob o ponto de vista legal, não se tenha ousado tipificá-la como crime – seria possível uma série de providências, inclusive de ordem sanitária e de política urbana, que preveniriam os seus efeitos indesejáveis (BRASIL, 2003, p. 2).
Conforme Gomes (2010) existem três sistemas que tratam sobre a prostituição: I) o da regulamentação; II) o da proibição; II) o abolicionista. O Brasil adota o sistema abolicionista, o qual pune o proprietário ou gerente de estabelecimento de prostituição e, não a prostituta. “Nesse sistema, quem está na ilegalidade é o empresário, ou patrão, e não há qualquer proibição em relação a alguém se prostituir” (GOMES, 2010, p. 37).
[...] embora atípico o comportamento de prostituir, a lei penal reprime aquelas pessoas que, de alguma forma, contribuem para a sua existência, punindo os proxenetas, cafetões, rufiões, enfim, aqueles que estimulam o comércio carnal, ou seja, não com finalidade de lucro. (GRECO, 2006, p. 625).
Neste sentido, encontra-se em trâmite no Congresso Nacional, o Projeto de Lei nº 4211/2012 denominado, Gabriela Leite�, que tem por objetivo por fim à situação de incerteza legal vivida atualmente por todos aqueles que se incluem na categoria dos profissionais do sexo (SANTOS, 2014).
Ainda conforme Santos (2014), uma vez acatada a proposta de descriminalização das casas de prostituição, os impactos trazidos tanto para o direito do trabalho, quanto para o direito previdenciário seriam significativos. Desta forma, haveria a necessidade de uma análise mais profunda dos diversos aspectos trabalhistas elaborados em função da ligação criada entre os profissionais e o estabelecimento, bem como as consequências disso para o âmbito da Previdência Social. De acordo com o art. 3º do referido Projeto, o profissional do sexo poderá prestar seus serviços: 
I - como trabalhador/a autônomo/a;
II - coletivamente em cooperativa.
Parágrafo único. A casa de prostituição é permitida desde que nela não se exerce qualquer tipo de exploração sexual (BRASIL, 2012a, p. 2).
Sendo assim, a regulamentação das casas de prostituição possibilitaria “maior fiscalização por parte do Estado e, consequentemente, melhoria das condições de trabalho dos referidos profissionais” (SANTOS, 2014, p. 5).
Contudo, diante da possibilidade de existência de um vínculo empregatício entre os profissionais do sexo e a casa, Martins (2012 apud SANTOS, 2014, p. 6) assevera que: 
[...] todos os encargos trabalhistas legalmente previstos devem ser cumpridos, tais como carteira assinada, salário mínimo, férias, décimo terceiro, FGTS, dia de descanso semanal remunerado, seguro-desemprego, entre outros. Evidentemente que a possibilidade de se conceder de forma ampla e irrestrita os referidos direitos trabalhistas estaria atrelada à confecção de leis que regulamentassem a profissão.
De acordo com Castro e Lazzari (2012), comprovado o vínculo empregatício, estariam estendidos esses direitos a todos os profissionais do sexo. Diante do exposto, entende-se que o Projeto de Lei Gabriela Leite é de fundamental importância no processo de regulamentação do trabalho desempenhado pelos profissionais do sexo, principalmente, no que se refere àqueles que o exercem por meio de estabelecimentos de prostituição. 
Nas palavras de Westphal e Barbosa (2012), o simples reconhecimento da profissão reflete nas ações da instituição previdenciária, determinando que esta atue efetivamente a fim de zelar pelos direitos dos profissionais do sexo, demandando uma série de pesquisas concernentes a segurança no trabalho dos profissionais da prostituição.
Com encargos, o proprietário do prostíbulo também estaria responsável pelo cumprimento do pagamento das contribuições para a Seguridade Social. Castro e Lazzari (2012, p.229), definem estas como sendo “uma espécie de contribuição social, cuja receita tem por finalidade o financiamento das ações nas áreas da saúde, previdência e assistência social”.
Sobre a seguridade social, a Constituição Federal dispõe em seu art. 195:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; [...] (BRASIL, 2012b, p. 115).
Todavia, cabe aqui ressaltar que o ponto que mais divide a categoria é referente ao registro da profissão na Carteira de Trabalho. Embora exista um forte discurso reivindicativo, as dúvidas se apresentam quando se trata do registro na carteira profissional, pois muitos profissionais rejeitam a ideia por medo do estigma do ofício (MARQUES, 2004).
[...] apenas 30% (trinta por cento) dos profissionais do sexo são a favor da regulamentação, em decorrência da identificação profissional na carteira. Para solução do problema, já se cogitou a possibilidade de utilização dos termos massagistas, dançarinos ou bailarinas163. Ainda assim, o preconceito persistiria, haja vista que os futuros empregadores ficariam sabendo. Dentre qualquer das três profissões, poderia estar encoberta a prostituição. (MORAES, 1996, p.266).
É importante ainda esclarecer que, como profissional do sexo, o montante que deve ser recolhido para a previdência social é de 20% sobre a renda. Sem declarar a profissão pode-se recolher 11%, o que asseguram quase todos os direitos previdenciários, com exceção da aposentadoria por tempo de serviço e auxilio doença por moléstia que não permita continuar exercendo a profissão (DONEL, 2011).
Constata-se, portanto, que em relação aos direitos previdenciários, os profissionais do sexo podem se filiar como contribuinte individual ou trabalhador autônomo, ou seja, ainda não se encontrou uma solução para a polêmica (PINHEIRO, 2000).
Dentro desta seara conclui-se que a regulamentação da atividade das profissionais do sexo gera grande polêmica jurídica. Tratar sobre este tema sem reduzir os riscos da atividade e efetivar a dignidade humana, colocando um ponto final à privação de direitos previdenciários e do acesso à justiça seria um grande legado. 
O Projeto de Lei Gabriela Leite, n° 4211/12 tem o objetivo principal de desmarginalizar a profissão e permitir que os profissionais do sexo tenham acesso à saúde, ao Direito do Trabalho, à segurança públicae, principalmente, à dignidade humana. Mas há o problema da tendência de que as prostitutas sempre foram coagidas a se manter segregadas da sociedade. A questão é que a prostituição não é crime, mas se utiliza do espaço de trabalho do crime também criminalizando a atividade. Neste sentido, é medo de alguns legisladores que, qualquer tipo de auxílio vindo de terceiros pode ser caracterizado como facilitação de prostituição, também criminalizada.
APOSENTADORIA ESPECIAL 
A finalidade do benefício previdenciário de aposentadoria especial é de amparar o trabalhador que laborou em condições nocivas e perigosas à sua saúde. Trata-se de uma aposentadoria por tempo de contribuição, com redução do tempo de contribuição em razão do exercício de atividades consideradas prejudiciais à integridade física ou à saúde. Para a obtenção do benefício se decorre do tempo de exposição, independente da existência de seqüela, sendo que esta é presumida (JUNIOR, 2002).
A aposentadoria especial, sendo uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição, com redução do tempo necessário para a aposentadoria, estabelece motivo de exercício de atividades consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física. 
O que ocorre que é muito comum o trabalhador exercer atividade considerada especial e após um tempo, com sua saída da empresa, passe para outra atividade não prejudicial a sua saúde que não lhe dá o benefício como atividade especial. Nestes casos, a Lei 8.213/91 contempla:
"O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício”. (ARTIGO 57, § 5º).
Já ocorreram várias mudanças na legislação previdenciária, no que diz respeito as regras que tratam de conversão de atividade especial em comum. O enquadramento por função continua valendo e em vigor, realizado por função. Basta o contribuinte ter a atividade anotada na sua Carteira de Trabalho para ser considerado o seu tempo como especial, com os acréscimos concedidos pela legislação vigente à época.
Boa parte dos trabalhadores que exerceram em sua vida laboral algum período considerado especial possui dúvidas inerentes aos enquadramentos e períodos passíveis de conversão de atividade especial em comum. 
Para se obter o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é necessário 35 anos de contribuição (homem), e 30 anos (mulher). Vejamos um exemplo: Rodrigo trabalhou 14 anos em uma atividade que lhe dá o benefício da aposentadoria especial, exercida normalmente em construção civil. Após esses 14 anos, Rodrigo passa a trabalhar em um escritório por mais 15 anos.
A soma dos dois períodos trabalhados no exemplo acima é de 29 anos de contribuição. Como o período trabalhado na construção civil é tida como especial, é acrescido neste período de 14 anos o multiplicador 1,40, que gera um acréscimo de 6 anos neste período trabalhado.
A considerar a conversão do tempo especial em comum, os 14 anos trabalhados na construção civil, serão transformados em 21 anos de tempo de serviço e contribuição. Somando o período convertido que totaliza 21 anos com o período comum de 15 anos em escritório, Rodrigo atinge o tempo comum de 36 anos de contribuição para concessão do benefício de aposentadoria por tempo.
Segundo juristas, a aprovação de uma lei regulamentando a profissão do sexo melhoraria as condições do trabalhador do sexo e beneficiaria seus clientes. Com a regulamentação, também surge os direitos, como o da aposentadoria. O Projeto de Lei 4.211/2012 prevê direitos e garantias aos trabalhadores sexuais como uma medida de combate à desigualdade social. O projeto regulamenta a prostituição com o objetivo de garantir os direitos dos trabalhadores do sexo. 
Também visa diferenciar o exercício regular e voluntário da profissão e a exploração sexual possibilitando que o Estado proteja crianças e adolescentes de abusos . Uma das maneiras para reivindicar os Direitos é através da utilização dos instrumentos internacionais ratificados pelo Brasil, com força Constitucional (MARTINS, 2014).
De acordo com Martinez (2010, p. 78) “atualmente se exige que os Direitos Individuais sejam observados com uma maior dimensão, respeitando o coletivo”. A partir desta competência, vêm se promulgando algumas leis no sentido de atender a Constituição, diminuindo os efeitos degradantes dessas atividades à pessoa. Para o comprimento dos conceitos Constitucionais devemos evitar as limitações impostas pelo preconceito, a incompreensão e a intolerância determinam a exclusão social de grande parte da população brasileira. Assim, colocamos o Direito em harmonia com o dever.
As leis citadas no sentido de atender a Constituição na tentativa de os efeitos degradantes à pessoa estão baseadas em condições que amparem a saúde ou a integridade física deste tipo de trabalhador, que são: artigo 8º - As Autoridades Administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais decidirão, conforme o caso, pela Jurisprudência, por analogia, por equidade, e outros princípios e normas gerais de Direito, principalmente do Direito do Trabalho e ainda de acordo com os usos e os costumes, o Direito Comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público; § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. Parágrafo Único – O Direito Comum será fonte subsidiária do Direito do Trabalho, naquilo em que for incompatível com os princípios fundamentais deste (BRASIL, 1991).
A Profissional do Sexo é individuo capaz de Direitos e Obrigações na ordem civil. O § 1º do artigo 201 da Constituição de 1988 prevê que apenas poderão ser adotados critérios diferentes para concessão de aposentadorias em razão de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (BRASIL, 1988). 
A Lei 8213/91, de Benefícios da Previdência, garante aposentadoria especial para os segurados com trabalho sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. O projeto de lei denominado Gabriela Leite (prostituta e militante dos direitos dos profissionais do sexo desde 1979) visa por fim à situação de obscuridade legal à todos na categoria dos profissionais do sexo. Os profissionais do sexo poderão atuar de forma autônoma ou em cooperativa e terão direito a aposentadoria especial com 25 anos de serviço.
Sua concessão aos profissionais do sexo se justificaria pelos riscos constantemente oferecidos à saúde destes, causados em razão da possibilidade de exposição a todo tipo de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente o HIV. Barbosa (2010, p.189), conceitua a regulamentação da profissão do sexo e recolhimento de seus impostos como “mais uma contribuição social, cuja receita é pata o financiamento de ações nas áreas da saúde, previdência e assistência social”. Junto com o recolhimento das referidas contribuições, vislumbra-se a possibilidade de enquadramento dos profissionais do sexo no rol dos segurados obrigatórios, previstos no artigo 11 da Lei de Benefícios Previdenciários – Lei 8.213/91, na qualidade de segurados como dispõe o artigo 57:
Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei (BRASIL, 1998).
Para Barbosa (2010, p. 80) “na Constituição, entreseus artigos 195 à198, enxergamos que os profissionais do sexo também incumbidos de recolher suas contribuições”. Aprovada a proposta, se possibilitará a melhoria da qualidade de vida de vários profissionais que atualmente, em razão de aspectos morais, encontram-se privados de seus direitos sociais fundamentais no que diz respeito a área trabalhista e previdenciária.
2.1 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO AOS PROFISSIONAIS DO SEXO
Neste tópico serão explanados assuntos pertinentes ao direito previdenciário e as questões relativas à aposentadoria previdenciária dos profissionais do sexo no Brasil. Esta análise facilita a compreensão da temática em questão, por meio da literatura especializada, que está diretamente relacionada com os objetivos propostos. A prostituição não é uma profissão regulamentada, mas é uma realidade bastante exercida. Existem atualmente três sistemas legais sobre o tema: o abolicionismo, o regulamentarismo e o proibicionismo (CHATEAUBRIAND, 2010). 
Na ótica abolicionista, o profissional do sexo é uma vítima que exerce a atividade por coação de um agenciador, que recebe parte dos lucros obtidos (como todo e qualquer os patrão). A legislação abolicionista é encontrada na maioria dos países, inclusive no Brasil, que pune o gerente de prostituição e não a prostituta. O Brasil adota esse sistema desde 1942 e prevê na ilegalidade o agenciador. 
No Regulamentarismo, a prática é reconhecida e regulamentada. Para as profissionais, há vantagens e desvantagens. Entre as vantagens, a possibilidade de ter um contrato de trabalho, seguridade social, inclusive aposentadoria, garantias legais etc. O Proibicionismo é o sistema que vigora nos Estados Unidos e traz a ótica que é ilegal prostituir-se. Neste caso, o profissional do sexo, seu gerente e o cliente são contemplados pela lei (PRADO, 2003).
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não inclui, entre as categorias de trabalhadores, esta atividade, nem existe nenhuma norma em outro ramo do Direito. Entretanto encontramos algumas determinações, para o caso da lacuna existente na lei. O Código Penal não se refere à prostituição em si. Deduz-se que a pessoa que lucra com seu próprio ato sexual, não está cometendo nenhuma infração penal (Artigo 5º).
Os profissionais do sexo, no exercício de sua ocupação, ficam expostos a riscos, como violência, doenças, poluição sonora etc. O enquadramento junto a Previdência Social, o faz segurado e dá direito como auxílio-doença, salário maternidade, pensão por morte, aposentadoria por invalidez, por idade ou especial, por exemplo. A aposentadoria especial corresponde a 100% do salário-de-benefício (que é a média dos salários). Para tal, o contribuinte necessita provar que trabalhou durante 20 anos em média expostos a esses agentes nocivos. (BARBOSA, 2010, p. 28).
Gaspar (2005, p. 80) comenta que “o CBO (classificação brasileira de ocupação) descreve e as ocupações dentro de uma hierarquia e permite agregar as informações relativas à força de trabalho”. Desde 2002 já consta um banco de dados da Previdência Social que possibilita a pessoa se cadastrar na ocupação de profissional do sexo. Por conseqüência, a globalização vem modificando as concepções do trabalho e exigindo novas competências ao trabalhador. Assim, a definição de ocupação tem-se modificado necessitando de atualizações e revisões.
O projeto de lei que regulamenta a atividade encontra apoio e oposição em diversos setores da sociedade. É um projeto bastante inteligente, conectado à realidade. A CBO introduziu novos conceitos como o de família, de ocupações, apresentando uma estrutura mais simples e enxuta que antigamente. Em alguns casos, um enquadramento correto na ocupação do trabalhador pode dar direito a benefícios melhores. O Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela gestão e manutenção da Classificação Brasileira de Ocupações e confere o inciso II do Parágrafo único do artigo 87 da Constituição Federal de 1988:
Artigo 1º - Aprovar a Classificação Brasileira de Ocupação – CBO, versão 2002, para o uso em todo o território nacional.
Artigo 2º - Determinar que os títulos e Códigos constantes na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, versão 2002, sejam adotados;
I – Nas atividades de registro, inscrição, colocação e outras desenvolvidas pelo sistema nacional de emprego (Sine);
II – Na relação anual de informações – (Rais);
III – Nas relações dos empregados admitidos e desligados – CAGED, de que trata a Lei nº 4923, de 23 de Dezembro de 1965;
IV – Na autorização de trabalho para mão – de – obra estrangeira;
V – No preenchimento do comunicado de dispensa para requerimento do benefício seguro desemprego (CD);
VI – No preenchimento da carteira de trabalho e previdência social – CTPS no campo relativo ao contrato de trabalho;
VII – Nas atividades e programas do Ministério do Trabalho e Emprego, quando for o caso;
Artigo 3º - O departamento de Emprego e Salário – DES da Secretária de Políticas Públicas de Emprego deste Ministério baixará as normas necessárias à regulamentação da utilização da Classificação Brasileira de Ocupação – (CBO).
Parágrafo único. Caberá a coordenação de identificação e registro profissional, por intermédio da divisão da Classificação Brasileira de Ocupações, atualizar a Classificação Brasileira de Ocupação – CBO procedendo a revisões técnicas necessárias com base na experiência de seu uso.
Artigo 4º - Os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) são de ordem administrativa e não se estendem a relações de emprego, não havendo obrigações decorrentes da mudança da nomenclatura do cargo exercido pelo emprego.
Artigo 5º - Autorizar a publicação da Classificação Brasileira de Ocupação – (CBO). Determinando o uso da nova nomenclatura nos documentos oficiais a que aludem os itens I, II, III, e V do artigo 2º, será obrigatória a partir de Janeiro de 2003.
Rios (2008, p. 59) descreve que “um travesti conseguiu se cadastrar e recolher contribuições para o INSS enquadrando-se na categoria de profissional do sexo, com seu CBO 5198”. Portanto, o trabalhador que exerce esta atividade pode ser reconhecido pelo INSS com ocupação definida, podendo contribuir com uma alíquota chamada de Plano Simplificado de Previdência Social ou com 20% sobre sua renda mensal. 
Para Prado (2003, p. 67) “a legalização da prostituição significa, na admissão da função como profissão, gerando o recolhimento de imposto profissional por parte dos profissionais do sexo”. Sendo esta atividade uma profissão, inclusive regulamentada, a contar da Emenda Constitucional nº 45/2004, a competência para apreciar as problemáticas trabalhistas desta função passou a ser da Justiça do Trabalho.
2.2	 OS AGENTES NOCIVOS DA PROFISSÃO
As relações dos agentes nocivos ensejam a concessão da aposentadoria especial consta no Anexo IV do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº. 3.048/99). Os agentes nocivos compreendem a situação combinada, ou não, de substâncias e de demais fatores de risco capazes de ocasionar danos à saúde ou à integridade física em função de sua natureza, sua concentração e sua intensidade ou da exposição do segurado aos mesmos (BALERA, 2006). 
Podem ser caracterizados como nocivos à saúde ou à integridade física do segurado nos ambientes de trabalho, em razão de características. Os agentes nocivos consubstanciados no Anexo IV do Regulamento da Previdência Social são meramente ilustrativos. Desse modo, caso seja constatada a efetiva exposição do segurado a um determinado agente nocivo não previsto no respectivo regulamento, o segurado, ainda assim, terá direito à contagem do tempo de serviço especial. 
Existindo mais de um agente nocivo no ambiente de trabalho, deverá ser considerado, para a concessão da aposentadoria especial, aquele que conferir o direito à aposentadoria especial com menor espaço de tempo. No intuito de conhecermos esse público-alvo, buscou-se informações na bibliografia levantada para a pesquisa, de dadosconfiáveis que retratassem de maneira mais fiel a atividade e que pudesse disponibilizar al​gumas informações relativas à pros​tituição. Na pesquisa em literatura espe​cializada, enfrentamos também dificuldades em obter referências téc​nicas mensurando a questão. 
A ausência de profissiona​lização da atividade e, por conseqüência, a ausên​cia de mecanismos legais para que ela seja regulamentada, para Coimbra (2007, p. 88) “contribui substancialmente para a explora​ção financeira”. Temendo sofrer sanções penais face ao estado de clandestinidade, as profissionais do sexo se submetem a situações abusivas e a destituição psíquica dos princípios básicos norteadores da cidadania e, por conseqüência, dos direitos civis e constitucionais. A ‘mercantilização’ da atividade torna-se objetiva, a partir do momento que, atendendo a demandas específicas dos usuá​rios, são estabelecidos critérios de mercado.
Os dados geralmente são tendenciosos e caracterizam a prostituição como desvio soci​al ou crime contra a pessoa. Há um grande número de pessoas envolvidas na prostituição. Esta profissão é sempre analisada por um ângulo estereotipado, não se per​cebendo sua real condição e o que pode decorrer dela.
Os ei​xos de localização, assim como da própria atividade, obedecem aos critérios de segmentação sócio-econômica, refletindo a divisão de castas observada em nossa socie​dade. Em geral, onde se realiza a atividade em questão é um espaço geográfico bem específico da cidade. Geralmente obedece à lógica da valorização imobiliária e da ocupação populacional (com raras exceções). A localização onde se exerce a atividade e seu acesso também determina os produtos e serviços ali disponibilizados.
As doenças psicológicas da institucionalização são claramente percebidas surgindo também as pre​ocupações relativas à legalização da profissão e aos direitos previdenciários. Nesse segmento, relatam-se altos índices de desorganiza​ção psíquica, situação associada ao comprometimento afetivo e das funções adapto - sociais decorrentes de seu modo de vida, como o estresse e a auto-violação psíquica, perce​bidos na rotina de trabalho. (CORREIA, 2011, p. 122).
Nem toda atividade insalubre é especial, mas, de acordo com Cassar (2014, p.13) “insalubre, é tudo que origina doença”. No trabalho insalubre, o ambiente pode ser nocivo à saúde do trabalhador. As normas relativas à insalubridade têm por finalidade sua a recompensa em razão ao ambiente de trabalho que pode oferecer perigo. De acordo com Martinez (2010, p. 247) “nas relações que regem nossa sociedade, a exploração é a regra, não a exceção”. Os efeitos positivos da regulamentação talvez não sejam visíveis em curto prazo. A não-regulamentação apenas favorece a existência de prostíbulos insalubres. Leis, regras, fiscalização são as soluções que encontramos para amenizar o problema. 
Se você é segurança, motoboy, vigia, frentista de posto de gasolina, funcionário de revendedora de gás ou eletricista, esteja atento!Você tem direito a receber um adicional de periculosidade em seu contracheque. A quantia é de 30% sobre o salário mínimo. Já o adicional de insalubridade pode ser de 10% a 40% sobre o salário mínimo e também é incorporado aos valores das férias e também do 13º salário. São direitos como este que entram em pauta na discussão da regularidade da profissão do sexo. A previdência social avalisa quando o trabalhador estiver exposto a ambientes e elementos perigosos (CHATEAUBRIAND, 2010).
O adicional de insalubridade deve integrar a remuneração do trabalhador. Segundo Martins (2014, p. 207) “o adicional de insalubridade tem natureza salarial e não indenizatória”. E o artigo 192 da CLT informa que o exercício de trabalho em ambientes insalubres, estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura ao trabalhador um adiciona de até 40% de um salário mínimo. 
A legislação trabalhista no Brasil possui normas que, exercendo o trabalho em ambientes insalubres, o trabalhador faz jus ao recebimento de adicionais variáveis, de acordo com o grau de insalubridade. O profissional que recebe adicional de insalubridade pode ter direito a aposentadoria especial, desde que comprove, com documentação, o tempo em que foi submetido a ambiente insalubre. A insalubridade é incorporada aos rendimentos de profissionais diferenciados porque esses profissionais trabalham muito tempo expostos a produtos e condições de trabalho prejudiciais a saúde. (PRADO, 2003, p. 23).
De acordo com Rios (2008, p. 85) “as características da profissão que envolve as prostitutas há o risco de discriminação social, de contágios de DST, e maus-tratos, violência de rua e morte”. As áreas de atividade, competências pessoais e recursos desta profissão são  divulgados no site do Ministério do Trabalho, mas não indica os perigos de se trabalhar em céu aberto, por conta própria, em bares, boates, portos, hotéis, garimpos, rodovias e em horários irregulares. No exercício de algumas das atividades podem estar expostos à inalação de gases de veículos, a intempéries, a poluição sonora e a discriminação social. 
3 O PRINCIPIO DA ISONOMIA E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
Neste capítulo evidencia assuntos pertinentes à utilização do principio da isonomia na resolução de problemas referentes ao Direito previdenciário. Os objetivos da Previdência social visam a implementação de políticas públicas, destinadas ao atendimento nas áreas de saúde pública, assistência social e previdência social. 
Seus princípios norteadores estão inseridos  no parágrafo único do artigo 194 da Constituição. Esses princípios são uma diretriz cujo conteúdo é determinante na elaboração e interpretação das normas. Para Prado (2003, p. 70), “princípio é a base informativa e inspiradora das normas jurídicas e são enunciados juridicamente válidos, conforme a sua proposição”. Contudo, na previdência, os benefícios são distribuídos de acordo com a necessidade pessoal, bem como a previsão legal. 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. (BRASIL, CF, 1988).
Para Prado (2003, p. 285) “o princípio da isonomia é uma das bases de sustentação do regime democrático”. A ideia de igualdade está diretamente ligada ao Estado Democrático de Direito, sustentado no respeito à dignidade humana e a garantia desses direitos fundamentais. Em Direito, milita-se na seara previdenciária, notadamente alguns juízes que se deparam com o argumento de violação da isonomia como princípio constitucional. 
O Princípio da isonomia desenvolve a idéia de igualdade para alcançar a distinção e o direito à igualdade prescreve o tratamento normativo igualitário. O princípio da isonomia e o do princípio da dignidade da pessoa humana constitui o centro de nossa Constituição promulgada em 1988. Da isonomia e da dignidade humana decorrem-se quase todos outros princípios. O problema reside em entender qual o critério adotado para tornar legítimo o tratamento diferenciado, sem atingir o ordenamento constitucional descrevendo a diferença entre igualdade na lei a igualdade perante a lei. (CASTRO, 2012).
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social,ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) (Regulamento) (Vigência). (BRASIL, CF, 1988).
Geralmente o segurado da Previdência Social já aposentado recorre ao princípio constitucional em referência como fundamento para a revisão de seu benefício quando intenciona a aplicação de legislação mais favorável (MARTINEZ, 2010). Nestes casos, se propõe o estudo do princípio da isonomia no que concerne à definição do princípio constitucional em referência e sua incidência no âmbito do Direito Previdenciário. Desta maneira, podemos mencionar o artigo 150 da Constituição em seu inciso II: “instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”.
Para Prado (2003, p. 286) “para a análise e a aplicação do princípio da isonomia devem ser pesadas com cautelas em todos os casos.” Via de regra, a lei previdenciária não retroage. Ocorre que, em alguns casos, a legislação avança, embora silencie sobre os fatos anteriores. E é aí que surge o interesse daqueles não contemplados pela nova lei.
No Princípio de Direito Previdenciário, a solidariedade define-se como a transferência de meios de uma fração para outra, dentro de um conjunto de pessoas situadas com recursos nivelados ou desnivelados. Discrepâncias acontecem quando, ao longo do tempo, a legislação é alterada favoravelmente (na ótica dos segurados) e estes pedem a aplicação desta legislação em seu benefício, ao fundamento de isonomia. (CASSAR, 2014, p. 69).
Para Lopes (2011, p. 211) “todos os indivíduos possuem a mesma dignidade” e, portanto, procura-se reduzir as desigualdades sociais existentes e conquistar o verdadeiro conteúdo do Princípio da Isonomia. Para Prado (2013, p. 287) “o direito a liberdade, igualdade, propriedade e legalidade são reconhecidos desde 1789 através da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. É bastante complicado legislar com igualdade absoluta, posto que as pessoas sejam diferentes naturalmente pelos mais diversos fatores. Entrementes, nada obsta que se busque diretrizes que possam balizar e nortear os operadores do Direito.
O Direito previdenciário é o sistema pelo qual o indivíduo contribuinte vinculado a alguma atividade laborativa fica resguardado quanto a eventos infortúnios da vida. Ele objetiva estudar, analisar e interpretar os princípios e as normas constitucionais, legais e regulamentares que se referem ao custeio da Previdência Social. Colaborando também com a idéia de que o desejo à igualdade é uma aspiração humana, faz-se necessário uma correta intervenção em cada caso. Tecnicamente é resultado da solidariedade forçada das pessoas. Desde a inserção das normas relativas ao acidente de trabalho e, atualmente, com a isonomia dos benefícios, entendem-se incorporada à Previdência várias questões anteriormente não contempladas (CASTRO, 2012).
A questão do fator previdenciário também é sempre discutida pelo governo com propostas que confundem a classe trabalhadora. HORVATH JUNIOR (2010, p. 134) argumenta que “as regras alternativas ao Fator Previdenciário e modifica os cálculos dos benefícios previdenciários”. O fator é aplicado nas aposentadorias por tempo de contribuição e reduz o benefício de quem se aposenta cedo. 
O fator previdenciário é uma fórmula criada em 1999 que relaciona a idade da aposentadoria com a expectativa de vida do beneficiário. Quanto menor for a idade em que a pessoa se aposenta, menor será o benefício recebido, uma vez que há a expectativa de que ela passe mais tempo recebendo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
Além disso, são grandes e graves os descaminhos praticados contra a Previdência Social a permissividade na contribuição do segurado. Como justificar tamanha irregularidade e desprezo para com a Seguridade Social? São sucessões de erros e malabarismos que colocam o Brasil cada vez mais longe do que almeja o seu povo. 
3.1 CONTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL DO PROFISSIONAL DO SEXO
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 4211/12 que regulamenta a atividade dos profissionais do sexo. O projeto garante a esses profissionais o acesso à saúde, ao direito do trabalho, à segurança pública e, principalmente, à dignidade humana, tirando a profissão da marginalidade.
Considera-se profissional do sexo toda pessoa capaz e maior de 18 anos que, voluntariamente, presta serviços sexuais mediante remuneração. O pagamento pela prestação dos serviços será exigível juridicamente a quem os contratou. O projeto atua de maneira autônoma ou em cooperativa e terão direito a aposentadoria especial com 25 anos de serviço. A Lei 8.213/91 (Benefícios da Previdência) garante aposentadoria especial para os segurados com trabalho sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
A maneira de contribuição para o INSS nos aspectos da contribuição Individual pode ocorrer de duas formas: através do plano normal de contribuição ou pelo plano simplificado de contribuição. O contribuinte individual deve utilizar os códigos de recolhimento de sua categoria que pode ser pago tanto de maneira mensal ou trimestral. Para o recolhimento trimestral devem-se observar as seguintes condições:
Contribuir com valor de remuneração mensal igual ao valor do salário mínimo multiplicado por três;
Usar o código específico de contribuição trimestral;
Preencher o campo “competência” da GPS obedecendo aos trimestres civis.
 No plano normal de contribuição, deve-se observar a alíquota de 20% sobre o salário de contribuição. Há também os planos simplificados de contribuição onde a alíquota é de 11% sobre o salário mínimo. Poderá contribuir neste plano, apenas quem não preste serviço, ou seja, empregado de Pessoa Jurídica, com cálculo exclusivamente sobre o valor do salário mínimo. O Plano Simplificado de Previdência é uma forma de inclusão previdenciária com percentual de contribuição reduzido de 20% para 11%, desde que o valor pago seja igual à alíquota multiplicada pelo valor do salário mínimo vigente. As contribuições do Plano Simplificado são válidas para todos os benefícios previdenciários, exceto para as aposentadorias por tempo de contribuição (CARBONE, 2004).
No plano normal, esses recolhimentos servirão para contagem de tempo e concessão de todos os benefícios previdenciários (CASTRO, 2012). O valor a ser pago é a multiplicação do valor da alíquota pelo salário mínimo vigente até o valor da alíquota multiplicada pelo teto previdenciário. De acordo com Martins (2014, p. 97) são contribuintes individuais: 
O que exerce atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não por conta própria; 
O prestador de serviços, de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; 
A pessoa física que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, contínua ou descontínua, ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; 
Civil brasileiro que trabalha para a administração pública sob intermediação de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, desde que não existentes os pressupostos que o caracterizem como segurado empregado;
Pessoa física que, na condição de outorgante, explora a atividade agropecuária ou pesqueira, por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregado; 
Pescador que trabalha em regime de parceria, de meação ou de arrendamento, em embarcação com mais de 6 (seis) toneladas de arqueação bruta, na exclusiva condição de parceiro outorgante;

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