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AULA 10 PROCESSO CIVIL Conforme Novo CPC

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Aula 10
Conforme Novo CPC p/ TRTs
Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 
AULA 10: COMPETÊNCIA: CONCEITO, FORMAS, LIMITES E MODIFICAÇÕES DA 
COMPETÊNCIA. 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo X: 
¾ Competência: em razão do valor e da matéria; 
competência funcional e territorial; modificações de 
competência e declaração de incompetência. 
1. Fixação da competência 
2. Modificação de competência 
2.1. Pela inércia do réu 
3. Classificação 
3.1. Distinção entre competência absoluta e competência 
relativa. 
3.2. Em razão da matéria 
3.3. Em razão do valor da causa 
3.3.1. Lei 12.153/2009 
3.4. Competência territorial 
3.5. Competência funcional 
4. Conflito de competências 
5. Competência Internacional 
 5.1. Competência exclusiva (prevista no art. 89) 
 5.2. Competência concorrente (prevista no art. 88) 
 6. Declaração de incompetência 
 6.1. Dever de declaração 
 7. Perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição) 
 8. Temas de competência da justiça federal 
 
 
02 
3. Resumo 44 
4. Questões comentadas 46 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
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5. Lista das questões apresentadas 69 
6. Gabarito 75 
 
 CAPÍTULO X: DA COMPETÊNCIA. 
 As regras da competência estão presentes na Constituição Federal (arts. 92 e 
seguintes), no CPC (arts. 86 e seguintes), em legislação esparsa, no regimento interno 
dos tribunais e nos códigos de organização judiciária. Essas normas dizem qual o órgão 
competente para receber cada ação, de acordo com a natureza jurídica, a matéria e as 
pessoas que participam da demanda. 
Competência é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de 
órgãos. A despeito de esse conceito dividir a jurisdição, no plano real, ela é una e 
indivisível. Ela também é entendida de outra forma, quando integra o Poder Judiciário: o 
juiz é investido da função jurisdicional; desse modo, onde houver órgão jurisdicional 
haverá jurisdição. Mas, há limitações a essa amplitude de atuação, e essa limitação é a 
competência. Se um órgão é incompetente, não quer dizer que ele perdeu a jurisdição, 
mas sim que teve a sua atuação limitada. 
 
1. FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração 
do juízo. Haveria enorme dificuldade, por exemplo, em ter uma ação proposta na 
Comarca de Belo Horizonte, que fosse encaminhada a Goiânia e depois a São Paulo. Se 
não houvesse a regra de fixação, os indivíduos estariam sujeitos a tal instabilidade. 
Dúvida: Quando ocorre a fixação? Determina-se a competência no momento do 
registro ou da distribuição da petição inicial (art. 43 do CPC/2015). Uma vez determinada 
a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo, sendo irrelevantes 
as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo 
quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. 
(continuação do art. 43). O artigo 43 define o momento da perpetuatio jurisdictionis, ou 
seja, o instante em que ocorre a fixação da competência e a impossibilidade de sua 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
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alteração posterior, ressalvado a supressão do órgão jurisdicional ou alteração de 
competência absoluta. Observem que o referido artigo determinou para a fixação da 
perpetuatio jurisdictionis o registro ou a distribuição da petição inicial. 
Neste ponto, o CPC/2015 inovou em relação ao código de 1973. 
No CPC/1973 (art. 87), considerava-se o momento da propositura da ação como 
o de fixação da competência. Agora, no CPC/2015, o momento do registro ou da 
distribuição da petição inicial. Será considerado o momento da distribuição para a fixação 
da competência nas comarcas onde houver mais de uma vara especializada na mesma 
matéria. 
Inova, também, o código de 2015 ao definir o momento de prevenção do juízo. 
Vale relembrar que a prevenção é aquele instituto que torna o juízo competente para 
julgar determinada causa e as que sejam conexas a ela, de tal modo que se houver 
desistência da ação num momento e sua re-proposição no futuro, o juízo prevento deverá 
continuar a apreciá-la. Percebam, pois, que esse instituto se conecta ao princípio do juiz 
natural, uma vez que impede a modificação de órgãos judiciários por uma manobra da 
parte ± nesse caso, desistir da ação, para propô-la em momento diferente, perante novo 
juízo. 
No código de 1973 os momentos de fixação da competência e de prevenção do 
juízo eram distintos ± considerava-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar 
(art. 106/CPC-1973) ±, enquanto no código de 2015, tanto a fixação quanto a 
prevenção ocorrem no mesmo momento: no registro ou na distribuição. 
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. 
Assim o registro ou a distribuição fixam a competência e tornam prevento o juízo. 
Um mesmo fato que gera a fixação e a prevenção. 
Outro ponto que devemos reforçar é de que são irrelevantes as modificações do 
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão 
judiciário ou alterarem a competência absoluta. 
Exemplo: Contra Alice, residente em São Paulo, foi proposta ação de cobrança. A 
ação de cobrança deve ser proposta no domicílio do réu. 
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Alice, cansada da intensa movimentação de São Paulo, resolve mudar-se para 
Feira de Santana (BA) e leva consigo toda a atividade de seu escritório. Mas, ainda que a 
residência da ré tenha sido alterada, a lide já estava estabilizada e a mudança não leva 
nenhum efeito ao processo. Somente em situações excepcionais poderá ser alterada a 
competência: são os casos de modificação decompetência. 
 
2. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
Quando ocorre a modificação de competência, o julgamento do processo é 
realizado por juízo diverso do que previu, a princípio, a lei. A modificação ocorre nos 
casos de competência relativa. Também é admitida em razão da continência ou da 
conexão. 
A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é 
inderrogável por convenção das partes. 
As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, 
elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico. Além disso, o CPC/2015 expressamente 
prevê que o foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Contudo, antes 
da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício 
pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. O 
legislador quis com essa previsão de restrição à eleição abusiva de foro que fossem 
preservados os princípios da dignidade da justiça e da isonomia, uma vez que impede o 
peso excessivo de um foro eleito a alguma das partes. Depois de citado, incumbe ao réu 
alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de 
preclusão. 
Conexão e continência 
Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade 
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange 
o das demais. (Art. 56, CPC/2015). Ou seja, uma está contida na outra. É importante 
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mencionar que diferente da conexão, na continência deduz não só a identidade da causa 
de pedir, mas também das partes. 
Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, 
no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, 
caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. (Art. 57, CPC2015). 
O artigo 57 determina que não ocorrerá de forma invariável, a junção dos 
processos para o julgamento. Caso o processo ao qual se vincula a ação continente (a 
que possui o objeto mais amplo) tiver sido anteriormente ajuizada, no processo no qual 
está sendo processada a ação contida (aquela que contém o objeto mais curto) deverá 
ser proferida a sentença sem resolução de mérito. Contudo, se o processo que contém a 
ação contida for anterior ao que contém a ação continente, ambas serão, 
necessariamente, reunidas para julgamento conjunto. No caso de reunião dos processos 
tem-se competência relativa. 
 
 
 
Na continência, portanto, são comuns as partes e a causa de pedir e distinguem-
se os objetos. Mas, um dos pedidos, por ser menor, acaba inserido no outro. Uma 
situação hipotética de continência seria: Marcos, dirigindo sua Ferrari em Mônaco, 
atropelou Bráulio. Bráulio ficou impossibilitado de trabalhar na escuderia de Fórmula 1, 
em que é mecânico, por um ano. Apesar da amizade, Bráulio requereu indenização por 
lucros cessantes em uma ação e reparação por perdas e danos (que inclui lucros 
cessantes) em outra. Reparem que o pedido da primeira ação foi englobado pelo da 
segunda. 
Na conexão, é diferente, há identidade da causa de pedir ou do objeto, mas não 
têm que ser idênticas as partes. Um exemplo de conexão: Marcos atropelou com sua 
Ferrari não apenas o Bráulio, mas, também, o Fitzgerald. Os dois ficaram bem, não foi 
nada grave, mas cada um deles propôs ação de perdas e danos contra o motorista 
(mesmo réu). Duas ações com idênticos pedidos e causa de pedir, mas com autores 
diferentes. 
Continente Contida 
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Anote-se que, a despeito da estrita imposição legal, o STJ firmou orientação no 
sentido de que não se exige perfeita identidade entre os requisitos fixados (continência e 
conexão), para que ocorra a conexão das ações, sendo essencial que o julgador, em seu 
prudente arbítrio, reconheça a pertinência da medida. O legislador, ao determinar a 
reunião dessas ações, quis evitar a contradição nos julgados. 
 
Não haverá reunião dos processos, se um deles já foi 
julgado (Súmula 235 do STJ). 
Este enunciado foi consagrado no Novo Código e agora está 
expressamente na lei. Vejam o que dispõe a segunda parte do § 1º 
do artigo 55: 
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações 
quando lhes for comum o pedido [objeto] ou a causa de pedir. 
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para 
decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. 
 
Dúvida: Como ocorre a reunião dos processos? E qual o juiz 
deixará de julgar para que o outro julgue? Quando o réu for citado de 
uma nova ação, ele pedirá para reuni-la ao processo que tenha com 
ela continência ou conexão. O juiz pode também aplicar, de ofício, a 
regra da reunião dos processos (inciso VII c/c § 4o do art. 301). 
O julgamento das duas ações ficará a cargo do juiz que 
primeiro realizou citação válida. A citação válida torna prevento o 
juízo (art. 219 do CPC). O artigo 219 menciona juízo, mas na sua 
redação deveria constar foro: a citação válida torna o foro prevento. 
O momento de tornar prevento o juízo, quando há conflito 
entre dois juízes de mesma competência territorial, é definido pelo 
DUWLJR� ����� ³&RUUHQGR� HP� VHSDUDGR� Do}HV� FRQH[DV� SHUDQWH� MXt]HV�
que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento 
aquele que despachRX�HP�SULPHLUR�OXJDU´��DUW������&3&�� 
 
2.1. PELA INÉRCIA DO RÉU 
Se o autor ajuíza ação em foro diferente do que a lei prevê e o réu se silencia, 
não suscitando a incompetência, o juízo indicado de modo equivocado pelo autor torna-se 
o competente. Nesse caso, há o fenômeno da prorrogação. A modificação de 
competência não ocorrerá se os dois juízos são absolutamente competentes. Assim, não 
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haverá possibilidade de reunião dos processos para julgamento conjunto, nem será 
admitido o critério da prevenção. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO 
Quando o ordenamento jurídico pátrio divide as atividades jurisdicionais em vários 
órgãos e juízes, ele pretende suprir impossibilidades práticas e físicas. Não se poderia 
delegar a um juiz o papel de solucionar sozinho todos os litígios que reivindicam 
prestaçãojurisdicional. Desse modo, inúmeros critérios de competência são adotados. 
 
3.1. DISTINÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA 
Competência Relativa Competência Absoluta 
Privilegia a vontade das partes Razões de Ordem Pública 
Em regra, não pode ser 
declarada de ofício, salvo se for 
considerada abusiva (art. 63, § 3º, 
CPC). 
Pode ser declarada de ofício 
Há preclusão processual; não 
se admite arguição posterior (Súmula 
33 do STJ) 
Não há preclusão; permite-se alegação 
a qualquer tempo e grau de jurisdição. 
Origem: descumprimento das 
normas de competência em razão do 
valor e do território. 
Origem: Material, natureza da lide; 
funcional, considera a função do órgão; 
pessoas (art. 109 da CF). 
Incompetência relativa: vício de 
nulidade relativa 
Incompetência absoluta: gera uma 
nulidade absoluta 
Normas de caráter dispositivo 
podem ser flexibilizadas. 
Normas de caráter cogente, não 
podem ser flexibilizadas. 
 
Argui-se, por preliminar de contestação, tanto a incompetência absoluta quanto a 
relativa. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de 
jurisdição e deve ser declarada de ofício. Reparem que a exceção de incompetência, 
como uma peça autônoma, foi abolida pelo CPC/2015, que preserva, contudo, as 
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diferenças e os principais efeitos entre a incompetência relativa e absoluta, como se vê 
nos artigos 64 e 65. 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão 
preliminar de contestação. 
§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de 
jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação 
de incompetência. 
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao 
juízo competente. 
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de 
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo 
juízo competente. 
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a 
incompetência em preliminar de contestação. 
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público 
nas causas em que atuar. 
 
Dúvida: Pode explicar melhor, professor? Vejam só... Cabe ao réu arguir a 
incompetência absoluta desde logo, em preliminar de contestação, contudo, caso 
não o faça, poderá alegá-la ao longo do processo. Isso porque não há preclusão da 
incompetência absoluta. Tanto é assim, que cabe ao magistrado, de ofício e após 
atendimento ao princípio do contraditório, pronunciar a incompetência absoluta a qualquer 
tempo e grau de jurisdição. 
Após a realização do contraditório, ou seja, da manifestação da parte contrária, o 
juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência e caso a alegação de 
incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. 
Importante ressaltar que os efeitos das decisões proferidas pelo juízo 
incompetente são conservados até que outra decisão em sentido contrário seja proferida, 
se for o caso, pelo juízo competente. 
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A competência relativa será prorrogada caso o réu não alegue a 
incompetência em preliminar de contestação. A incompetência relativa pode ser 
alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. O CPC/2015 expressamente 
reconhece a legitimidade do MP para arguir a incompetência relativa. Restringe, no 
entanto, aos casos em que este órgão atue como fiscal da ordem jurídica ou parte. 
No Brasil, adota-se o sistema jurídico que integra dispositivos legais das duas 
competências, relativa e absoluta. Assim, estabelece-se equilíbrio entre vontade das 
partes e interesse público, sem excessiva liberdade ao juízo ou às partes, o que poderia 
gerar desordem, nem com muita rigidez, o que poderia gerar excessivo custo às partes 
envolvidas. 
 
 
(TRT 4ª Região RS/Adaptada) Declarada a incompetência absoluta, o processo 
a) será extinto com resolução de mérito. 
b) deverá ser remetido ao juiz competente e somente os atos probatórios serão 
declarados nulos. 
c) deverá ser remetido ao juiz competente. 
d) deverá ser remetido ao juiz competente e todos os atos processuais serão 
declarados nulos. 
e) será sempre extinto sem resolução de mérito. 
Gabarito: C 
 
(TRT 6ª Região PE/Adaptada) No processo civil, a incompetência absoluta e a 
relativa 
a) não podem ser conhecidas de ofício pelo Juiz. 
b) devem ser alegadas mediante exceção. 
c) só podem ser reconhecidas pelo Juiz, não cabendo à parte deduzi-la. 
d) devem ser arguidas em preliminar de contestação pelo réu. 
e) se não forem alegadas no prazo da contestação, fica preclusa sua arguição no 
processo. 
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Gabarito: D 
 
(TJ RJ/Adapatada) A incompetência absoluta 
a) uma vez declarada, remetem-se os autos ao juiz competente. 
b) uma vez declarada, sempre leva à extinção do processo, sem resolução do 
mérito. 
c) deve ser levantada por meio de exceção, a ser apensada aos autos principais. 
d) deve ser declarada após arguição preliminar, levando à nulidade de todo o 
processo. 
e) pode ser prorrogada, se o réu não opuser exceção declinatória nos casos e 
prazos legais. 
Gabarito: A 
 
 
3.2. EM RAZÃO DA MATÉRIA 
A competência em razão da matéria (ratio materiae) é definida pela natureza da 
causa e utiliza regras de competência absoluta. Além de estarem nas leis de organização 
judiciária, essas normas também estão presentes na Constituição Federal, nas 
Constituições Estaduais, nas leis federais. 
Na CF/88, são definidas as competências das justiças ± Justiças especializadas: 
do Trabalho, Eleitoral, Militar. À Justiça Comum cabe competência residual: excluídas as 
definições para justiças especializadas e federal, há a comum. A competência da Justiça 
Federal está prevista nos arts. 108 e 109 da CF. 
 
1 ± Compete ao Tribunal Regional Federal (art. 108) 
1 ± Processar e julgar, originariamente: 
a) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e 
da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do 
Ministério Público da União, ressalvada a competênciada Justiça Eleitoral; 
b) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes 
federais da região; 
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c) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio 
Tribunal ou de juiz federal; 
d) Os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal. 
e) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; 
2 ± Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos 
juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 
 
2 ± Compete aos juízes federais (art. 109) 
a) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal 
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de 
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho; 
b) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município 
ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
c) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado 
estrangeiro ou organismo internacional; 
d) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, 
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral; 
e) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada 
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
f) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; 
g) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por 
lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
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h) Os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a 
outra jurisdição; 
i) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
j) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar; 
k) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução 
de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, 
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
l) A disputa sobre direitos indígenas. 
Observando-se que: 
± Nas causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde 
tiver domicílio a outra parte. 
± Nas causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária 
em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu 
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
± Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos 
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência 
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se 
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também 
processadas e julgadas pela justiça estadual. 
± Na hipótese do tópico anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal 
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
± Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
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A Corte Especial do STJ editou súmula que desloca para 
os tribunais regionais federais (TRFs) a competência para decidir 
os conflitos entre juizado especial federal e juízo federal da 
mesma seção judiciária. A nova orientação está presente na 
Súmula 428. EnunciDGR��³&RPSHWH�DR�7ULEXQDO�5HJLRQDO�)HGHUDO�
decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal 
H�MXt]R�IHGHUDO�GD�PHVPD�VHomR�MXGLFLiULD´� 
Com o novo entendimento, o STJ reconheceu a 
interpretação dada pelo STF no Recurso Extraordinário no 5 
90.409-56� H� UHYRJRX� D� 6~PXOD� ���»� 67-�� TXH� ILUPDYD� D�
competência do STJ para essas hipóteses. 
 
3.3. EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA 
Outro critério de definição da competência leva em conta o valor da causa. Trata-
se de modalidade de competência relativa. É utilizada para determinar as causas que 
caberão aos Juizados Especiais. O Juizado Especial Estadual é regido pela Lei no 
9.099/1995, o Juizado Especial Federal pela Lei no 10.259/2001 e o Juizado Especial da 
Fazenda Pública Estadual pela Lei no 12.153/2009. 
Os Juizados Especiais Estaduais têm competência para julgar as causas que não 
ultrapassem o valor de 40 salários-mínimos, nem que tenham sido previstas no art. 3o, 
incisos II a IV (Lei 9.099/1995). 
Art. 3o: O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e 
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: 
I ± as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; 
II ± as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil [previsão 
expressamente mantida pelo Novo CPC: Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os 
juizados especiais cíveis previstos na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 
275, inciso II, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973]; 
Do código de 1973: (mantém-se em vigor) 
Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: 
I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário 
mínimo; 
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II - nas causas, qualquer que seja o valor; 
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; 
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; 
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via 
terrestre; 
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de 
veículo, ressalvados os casos de processo de execução; 
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto 
em legislação especial; 
g) que versem sobre revogação de doação; 
h) nos demais casos previstos em lei. 
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas 
ao estado e à capacidade das pessoas. 
 
III ± a ação de despejo para uso próprio; 
IV ± as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado 
no inciso I deste artigo. 
Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza 
alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a 
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de 
cunho patrimonial. 
Característica fundamental do Juizado Especial Cível consiste em que o autor 
pode escolher a Justiça Comum, mesmo que a sua causa se enquadre ao que é 
estipulado para o Juizado Especial. Fala-se, assim, do fenômeno da facultatividade. 
Os Juizados Especiais Federais, por sua vez, apresentam diferenças; têm 
competência para julgar causas de até 60 salários-mínimos ± somente as causas da 
Justiça Federal até esse valor. Ou seja, além de observar o valor, deverá ser observado 
se a causa cumpre o definido no art. 109 da CF (citado), que determina o que é causa da 
justiça federal. Dois requisitos, portanto: 1) valor máximo de 60 salários mínimos; 2) 
enquadrar-se entre as causas da justiça federal (art. 109, CF/88). 
Art. 3° da Lei no 10.259/2001: Compete ao Juizado Especial Federal Cível 
processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 
sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: 
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I ± referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de 
mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, 
execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou 
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; 
II ± sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; 
III ± para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de 
natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; 
IV ± que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a 
servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de 
competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor 
referido no art. 3o, caput. 
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência 
é absoluta. 
O parágrafo 3o desse artigo traz aquela que é uma das principais características 
do Juizado Especial Federal: o caráter de obrigatoriedade. Não há opção de recorrer a 
outro juízo, como ocorre no Especial Estadual. 
 
3.3.1. LEI 12.153/2009 
Enquanto a Lei no 9.099/95 (dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) exclui 
de sua competência as causas de interesse da Fazenda Pública Estadual, a Lei no 
12.153/2009 vem tratar delas. 
Obviamente, mantendo a característica dos Juizados Especiais de atuar em 
causas de baixo valor. Mas, nesse ponto, também há diferença entre os dois juizados, já 
que os cíveis são competentes para causas até 40 salários mínimos, enquanto os 
Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual para causas até 60 salários mínimos 
(assim como os Especiais Federais). 
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Enquanto prevalece no Juizado Especial Cível o caráter de facultatividade, 
prevalece no Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual, como no federal, o de 
obrigatoriedade. 
Não é de competência do juizado especial em estudo: 1) as ações de mandado 
de segurança, de desapropriação e demarcação, populares, por improbidade 
administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos ou 
coletivos; 2) as causas sobre bens imóveis dos Estados, DF, territórios e municípios, bem 
como das autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 3) as causas que tenham 
como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou 
sanções disciplinares aplicadas a militares. 
Sobre a esta Lei é igualmente importante memorizar que ela define, como partes 
possíveis nos Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual, autores: as pessoas 
físicas, as micro e pequenas empresas; réus: os estados, DF, territórios e municípios, 
bem como as autarquias, fundações públicas e empresas públicas a eles vinculadas. 
 
3.4. COMPETÊNCIA TERRITORIAL 
É modalidade relativa, que define a circunscrição territorial judiciária: na Justiça 
Estadual, comarca e, na Justiça Federal, seção judiciária. Foro comum é o do domicílio do 
réu, previsto no art. 46 do CPC/2015. 
A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens 
móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu; sendo que tendo mais de 
um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. 
Se incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for 
encontrado ou no foro do domicílio do autor. Na hipótese de o réu não ter domicílio nem 
residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também 
residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. 
Se na causa houver dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão 
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Desse modo, se o enunciado 
da questão dispuser que o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do 
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autor, se tiver dois ou maisdomicílios, incorrerá em erro. Como vimos, tendo mais de um 
domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles (art. 46), a critério do autor. 
Por seu turno, as pessoas jurídicas serão demandadas no local de sua sede; 
dessa forma, a União ± no Distrito Federal, e os estados ± nas respectivas capitais. 
As autarquias, fundações e empresas públicas têm sede definida na lei que as institui. 
Figurando-se no polo passivo mais de um réu, o autor poderá demandar em qualquer 
uma das sedes deles. 
Façamos leitura de artigos do CPC em que são previstos critérios de definição da 
competência territorial e, em seguida, passemos a exemplos de cobrança em prova: 
Obs. Fiquem atentos às partes destacadas!!! 
Leitura de dispositivos do CPC/2015 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é 
competente o foro de situação da coisa. 
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se 
o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e 
demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, 
cujo juízo tem competência absoluta. 
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente 
para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última 
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações 
em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é 
competente: 
I - o foro de situação dos bens imóveis; 
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; 
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do 
espólio. 
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu 
último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a 
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partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. 
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de 
domicílio de seu representante ou assistente. 
Comentário: 
Não se pode, desse modo, processar a ação em que incapaz seja parte no foro que 
seja de exclusivo domicílio do autor. Esse tipo de ação será processada no 
domicílio do representante ou do assistente do incapaz. 
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja 
autora a União. 
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no 
foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, 
no de situação da coisa ou no Distrito Federal. 
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja 
autor Estado ou o Distrito Federal. 
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação 
poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato 
que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente 
federado. 
Art. 53. É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e 
reconhecimento ou dissolução de união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do 
casal; 
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se 
pedem alimentos; 
III - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa 
jurídica contraiu; 
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c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou 
associação sem personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o 
cumprimento; 
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no 
respectivo estatuto; 
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de 
dano por ato praticado em razão do ofício; 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: 
a) de reparação de dano; 
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano 
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
 
 
(TRT 20ª Região SE) Em relação à competência é correto afirmar: 
a) A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio do 
autor. 
b) As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, 
que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o 
cumprimento de disposições testamentárias. 
c) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro do 
domicílio do réu, como regra. 
d) Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro mais próximo 
ao domicílio do autor. 
e) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação deve ser 
proposta necessariamente no foro da Capital do Estado em que reside o 
autor. 
Gabarito: B 
 
(TJ RJ) Em relação à competência, é correto afirmar que 
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a) a ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu 
representante. 
b) a ação em que se pedem alimentos deve ser proposta no foro do 
alimentante. 
c) se houver dois ou mais réus, com domicílios diferentes, a demanda será 
proposta no foro do réu de maior idade. 
d) nas ações de reparação de dano sofrido por acidente de veículos, será 
competente o foro do domicílio do réu, com exclusão de qualquer outro. 
e) em qualquer processo, se o juiz considerar-se absolutamente 
incompetente, deverá extingui-lo, de ofício ou após provocação da parte. 
Gabarito: A 
 
3.5. COMPETÊNCIA FUNCIONAL 
Ela prescreve a função de cada órgão jurisdicional diante de uma relação 
processual já iniciada. Modalidade de competência absoluta. 
Classifica-se: pelo grau de jurisdição ± recursal ou originária; pelo objeto do juízo; 
pelas fases do procedimento. O juízo que tenha sido acionado por registro ou distribuição 
da petição inicial será competente para exercer o poder de jurisdição no processo, ele se 
torna prevento (prevenção proporciona a fixação da competênciano juízo). ³2 
UHJLVWUR�RX�D�GLVWULEXLomR�GD�SHWLomR�LQLFLDO�WRUQD�SUHYHQWR�R�MXt]R´�± art. 59 do CPC/2015. 
Desse modo, o juiz da ação principal será competente para as acessórias. 
A Lei da Ação Civil Pública (no 7.347/1985) traz, em seu art. 2o, a competência 
funcional do local do dano. Determina-se a competência do local do dano pela natureza 
do direito controvertido: direitos coletivos, difusos, individuais homogêneos. 
Art. 2o: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde 
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. 
Parágrafo único: A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas 
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo 
objeto. 
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4. CONFLITO DE COMPETÊNCIAS 
É um incidente processual que está previsto no art. 66 do CPC/2015. Há conflito 
de competência quando: conflito positivo ± quando 2 (dois) ou mais juízes se 
declaram competentes; conflito negativo ± quando 2 (dois) ou mais juízes se 
consideram incompetentes. 
Há, ainda, os casos do inciso III do art. 66, CPC, quando entre 2 (dois) ou mais 
juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Não se trata, 
porém de nova espécie de conflito, já que uma análise mais apurada demonstrará que 
tais casos são derivações das espécies anteriores. 
O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou 
pelo juiz. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá 
qualidade de parte naqueles que suscitar. 
 
5. DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
"Um sistema jurisdicional de um país pode pretender julgar causas 
que sejam propostas perante os seus juízes. No entanto, o poder de 
tornar efetivo aquilo que foi decidido sofre limitações, porque existem 
outros Estados, também organizados, e que não reconheceriam a 
 
 
 
 
 
 
 
Competência Jurisdicional 
Nacional Internacional 
Competência Relativa 
‡�(P�UD]mR�GR�YDORU�GD�FDXVD 
‡�7HUULWRULDO 
Competência Absoluta 
‡�(P�UD]mR�GD�0DWpULD 
‡�)XQFLRQDO 
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validade da sentença em seu território, não permitindo, pois, a sua 
execução". (Didier Jr., 2011a) 
Nessa interessante exposição de Didier Jr., vê-se que o sistema jurisdicional 
depara-se com um limitador externo, que é o sistema jurisdicional dos outros países. 
Diante da possibilidade de estabelecer decisões sobre as quais o País não poderia 
controlar o cumprimento, o legislador brasileiro buscou estabelecer regras de 
competência internacional que se adequassem ao princípio da efetividade. 
Por esse princípio, o estado-juiz não deve julgar se sua decisão não irá ser 
reconhecida onde deveria produzir efeitos. Sem contar o alto dispêndio em ocupar os 
órgãos jurisdicionais do País com causas que não se liguem a seu ordenamento. 
Diante dessa dificuldade, estipulou-se uma limitação espacial da jurisdição, que 
comporta exceções. No CPC/2015, o aQWLJR� FDStWXOR� ³'D� &RPSHWrQFLD� ,QWHUQDFLRQDO´�
ganhou nova roupagem, passando o conteúdo daquele capítulo a ser detalhado no Título 
II (Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional) do Livro II (Da 
Função Jurisdicional). 
O CPC/2015 trata ³Dos Limites da Jurisdição Nacional´ em 5 artigos: do 21 ao 
25, neles são definidas as competências concorrentes e as que devem ser analisadas por 
autoridade judiciária nacional. 
Previsão importante é a do parágrafo único do artigo 24 do CPC/2015, de que a 
pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de 
sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Essa 
hipótese restringe-se aos casos da competência internacional concorrente (artigos 21 e 
22), pois em caso de competência exclusiva, em regra, não se admitiria a homologação 
de sentença estrangeira (vide tópicos seguintes). 
Por fim, o artigo 25 elenca a hipótese de cláusula de eleição de foro exclusivo 
estrangeiro em contrato internacional, situação em que não competirá à autoridade 
judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação, devendo esta cláusula 
ser arguida pelo réu na contestação. 
Obs1. Não se observará essa limitação diante das hipóteses de competência 
internacional exclusiva previstas no capítulo HP�HVWXGR��³'RV�/LPLWHV�GD�-XULVGLomR´�. 
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Obs2. Aplicam-se à hipótese do artigo 25 (eleição de foro exclusivo estrangeiro) 
as disposições dos parágrafos 1º a 4º do artigo 63, a saber: 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão 
do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação 
oriunda de direitos e obrigações. 
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de 
instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio 
jurídico. 
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das 
partes. 
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se 
abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que 
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do 
réu. 
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula 
de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
5.1. COMPETÊNCIA CONCORRENTE (PREVISTAS NOS ARTS. 21 e 22) 
Causas que tribunais estrangeiros também podem julgar. 
De acordo com o art. 21, é competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
1) o réu estiver domiciliado no Brasil, independentemente de sua nacionalidade; 2) a 
obrigação tiver de ser cumprida no Brasil (é tida como domiciliada no Brasil, a pessoa 
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal); 3) a ação tiver origem de fato 
ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
Conforme artigo 22, também competem à autoridade brasileira o processamento 
e julgamento das ações: 
1 - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou 
propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de 
benefícios econômicos; 
2 - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil;Direito Processual Civil 
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3 - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição 
nacional. 
Dúvida: Se a competência é concorrente, quer dizer que o Brasil determina o que 
outros Estados irão julgar? Não. Nos casos previstos nos artigos 21 e 22, o Brasil 
reconhece a sentença estrangeira, desde que homologada no Brasil; portanto, esse é o 
motivo por que se menciona competência concorrente no dispositivo. 
Os artigos 21 e 22 indicam situações em que a autoridade judiciária brasileira 
pode exercer sua jurisdição. Expressamente: 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as 
ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no 
Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada 
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar 
as ações: 
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de 
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver 
domicílio ou residência no Brasil; 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição 
nacional. 
Esta previsão do inciso III merece destaque, uma vez que confere às partes o 
poder de decidir pela jurisdição brasileira, em real cláusula de eleição de foro. Está em 
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consonância com as previsões do que se tem chamado de negócio processual (art. 190 
do CPC/2015), que permite convenção das partes sobre procedimentos a serem 
utilizados no processamento da ação. 
 
 
(Inédita) Julgue certo ou errado o item abaixo: 
Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu, 
unicamente brasileiro ou português, que estiver domiciliado no Brasil. 
COMENTÁRIOS: 
Compete à autoridade brasileira o processamento e julgamento de ações de réu, 
qualquer que seja sua nacionalidade (inciso I, art. 21 do CPC/2015), que estiver 
domiciliado no Brasil. 
Gabarito: Errado. 
 
5.2. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (PREVISTA NO ART. 23) 
Nas causas especificadas nesse artigo, listadas abaixo, a sentença estrangeira 
não produzirá efeito, nem sequer poderá ser homologada. 
Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 1) 
conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 2) proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o 
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional; 3) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à 
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira 
ou tenha domicílio fora do território nacional. 
Por fim, destaque-se que compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão 
de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
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II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda 
que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder 
à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade 
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
Ainda que ação seja proposta perante tribunal estrangeiro discutindo a mesma 
causa, não serão configurados os efeitos comuns da litispendência, nem se obstará 
a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são 
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil. 
 
6. DA ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA 
A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de 
contestação. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau 
de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação 
de incompetência. Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão 
remetidos ao juízo competente. 
Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de 
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo 
juízo competente. Houve uma substancial mudança aqui, pois no código anterior a 
previsão era de que os atos decisórios não provocariam efeitos, se fosse declarada a 
incompetência absoluta. Agora, são considerados eficazes, a menos que haja decisão em 
sentido contrário. 
 
6.1. DEVER DE DECLARAÇÃO 
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O § 1º do artigo 64 do CPC/2015 dispõe que a incompetência absoluta deve ser 
declarada de ofício pelo juiz, de modo que é dever do juiz reconhecer a incompetência 
absoluta do juízo, mesmo quando não solicitado pelas partes. O juiz não poderá deixar de 
reconhecê-la sempre que se convencer da sua incompetência. O próprio juiz há de ser o 
juiz da sua competência e proclamar a sua incompetência, de ofício. 
O ato por meio do qual o juiz reconhece e declara a incompetência e determina a 
remessa dos autos ao foro ou ao juízo competente é, em regra, de decisão. Nas 
excepcionalidades em que não seja possível a remessa dos autos é que então o juiz 
poderá reconhecer a incompetência e extinguir o processo. 
 
7. PERPETUATIO JURISDICTIONIS (PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO)A perpetuatio jurisdictionis consiste em regra de estabilização da competência, 
pela qual se considera fixado o juízo depois de registrada (nos juízos em que há apenas 
uma vara) ou distribuída a petição inicial. 
Conforme art. 43 do CPC: "Determina-se a competência no momento do registro 
ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato 
ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou 
alterarem a competência absoluta." 
Fixada a competência são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de 
direito ocorridas posteriormente, salvo se alterarem regra de competência absoluta ou 
suprimirem o órgão jurisdicional. Assim, se após a propositura da ação o autor alterar seu 
domicílio para outra comarca não haverá repercussão para a competência fixada. De 
outro modo, ocorrerá a modificação se a alteração for de competência absoluta (tratar de 
critérios de competência em razão da matéria ou da hierarquia) ou se houver suprimento 
do órgão judiciário. 
Exceção à regra da Perpetuação de jurisdição: 
x Caso ilustrativo 
Em um caso de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal da 
Subseção Judiciária de Formosa/GO em face de decisão proferida pelo Juízo de Direito 
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da Comarca de Flores de Goiás/GO, o TRF 1ª Região proferiu acórdão em que 
reconheceu exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis: 
Decorreu o episódio de uma ação previdenciária ajuizada contra o INSS, proposta 
inicialmente perante o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO, que tinha jurisdição 
sobre o Município de Flores de Goiás/GO, local de domicílio da autora da demanda. 
Depois de processado e julgado o feito, com trânsito em julgado da sentença nele 
proferida, o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO determinou a remessa dos 
autos ao juízo de Flores de Goiás, em razão de sua criação e instalação naquele 
município. Recebendo os autos, o juízo de Flores de Goiás entendeu por bem declinar da 
competência para a Subseção Judiciária da Justiça Federal em Formosa/GO, em razão 
de sua instalação e jurisdição naquele município. 
O Juízo Federal, por sua vez, suscitou conflito negativo de competência, por 
entender que, tratando-se de típico caso de competência relativa, não poderia o Juízo 
Estadual, contrariando a escolha do autor, declinar da competência de ofício, conforme 
enunciado da Súmula 33/STJ [A incompetência relativa não pode ser declarada de 
ofício]. 1R� PHVPR� VHQWLGR� GR� †� �ž� GR� DUW�� ����� FRP� R� VHJXLQWH� WHRU�� ³Excetuadas a 
convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das 
matérias enumeradas neste artigo.´ 
Assim, o TRF da 1ª Região firmou entendimento de que a superveniente criação 
de vara federal no município onde havia sido ajuizada e julgada a ação, à época da 
execução do julgado, levou a nova fixação de competência, tratando-se a hipótese de 
exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. 
Ementa do julgado: 
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1. A jurisprudência deste Tribunal, na linha da jurisprudência do colendo Superior 
Tribunal de Justiça, firmou entendimento de que a superveniente criação de vara federal 
no município onde havia sido ajuizada e julgada a ação, à época da execução do julgado, 
levou a nova fixação de competência, tratando-se a hipótese de exceção ao princípio 
da perpetuatio jurisdictionis. 
2. Tratando-se de competência federal delegada, esta cessa quando, na sede do 
município, se dá a instalação de vara federal, ainda que para a execução de título 
executivo judicial prolatado pelo juízo de direito. 
3. Conflito de competência que se conhece, para declarar a competência do 
Juízo Federal da Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante. 
Decisão 
A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito, para declarar a competência do 
Juízo Federal da Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante. (Processo CC 
0062928-02.2012.4.01.0000/GO; CONFLITO DE COMPETENCIA. Relator: 
DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES. Órgão: PRIMEIRA SEÇÃO. 
Publicação: 14/05/2013 e-DJF1 P. 6. Data Decisão: 11/12/2012 
 
8. TEMAS DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
8.1. CARACTERÍSTICAS 
A Constituição Federal listou, como já vimos, taxativamente as competências da 
Justiça Federal. Assim, a competência atribuída à Justiça Federal não pode ser ampliada 
por norma infraconstitucional. Alteração, acréscimo ou subtração de regras de 
competência são consideradas inócuas ou inconstitucionais se forem determinadas por 
normas de hierarquia inferior. 
A competência cível da Justiça Federal é determinada em razão da pessoa, da 
matéria e da função, sendo, portanto, absoluta, inderrogável pela vontade das partes, 
salvo as normas de competência territorial. 
Assim podemos dizer que existem três critérios para fixar a competência da 
Justiça Federal, quanto à: 
1) Pessoa; 
2) Matéria; 
3) Função. 
Vamos analisar cada um deles. 
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8.1.1. EM RAZÃO DA PESSOA 
a) Art. 109, I, CF/88 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal 
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto 
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho. 
Para que se reconheça a competência por este critério, exige-se que um dos 
entes listados atue no processo como parte (na situação de assistentes ou oponentes 
também são tidos como partes). Cuida esse dispositivo das causas cíveis, até mesmo de 
mandado de segurança impetrado por um dos entes mencionados contra ato de 
autoridade estadual ou municipal, salvo os casos em que a autoridade tenha foro 
estabelecido como prerrogativa de sua função. 
Vejamos alguns enunciados da súmula do STJ: 
STJ Súmula nº 32 - 24/10/1991 - DJ 29.10.1991 
Competência - Justificações Judiciais - Exclusividade de Foro 
Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a instruir 
pedidos perante entidades que nela têm exclusividade de foro, ressalvada a aplicação 
do Art. 15, II da Lei 5.010-66. 
Obs. Justificação judicial, com base no §5º do art. 381 do NCPC, consiste no 
meio processualpelo qual se prova a existência de fato, ato ou relação jurídica, de que 
não se possui prova escrita (em regra, meio de prova testemunhal), a fim de que com 
ela venha a ser instruído pedido formulado em processo regular. 
STJ Súmula nº 82 - 18/06/1993 - DJ 02.07.1993 
Competência - Feitos Relativos a Movimentação do FGTS - Processo e 
Julgamento 
Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e 
julgar os feitos relativos a movimentação do FGTS. 
 
STJ Súmula nº 150 - 07/02/1996 - DJ 13.02.1996 
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Competência - Interesse Jurídico - União, Autarquias ou Empresas Públicas. 
Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que 
justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. 
STJ Súmula nº 161 - 12/06/1996 - DJ 19.06.1996 
Competência - Autorização - Levantamento - PIS-PASEP e FGTS - Falecimento do 
Titular 
É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores 
relativos ao PIS-PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta. 
STJ Súmula nº 224 - 02/08/1999 - DJ 25.08.1999 
Excluído do Feito o Ente Federal - Conflito de Competência 
Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar 
da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. 
Importantíssima para nosso estudo este enunciado, porque foi consagrado no 
CPC/2015, mais especificamente no § 3º do artigo 45, a saber: 
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao 
juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades 
autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na 
qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: [...] 
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito 
se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. 
STJ Súmula nº 254 - 01/08/2001 - DJ 22.08.2001 
Exclusão de Ente Federal da Relação Processual - Reexame da Decisão 
A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não 
pode ser reexaminada no Juízo Estadual. 
 
b) Pessoas (entes) 
1) União: 
³Uma observação do juiz Novély Vilanova, corroborada por Aluisio Mendes é 
SHUWLQHQWH�� D� JUDILD� ³8QLmR� )HGHUDO´� QmR� WHP� DPSDUR� FRQVWLWXFLRQDO�� União é o nome 
correto. Outro equívoco manifesto é o de colocar-se em processos os nomes dos 
órgãos (ministérios, departamentos etc), ao invés do nome da pessoa jurídica ± 
União ± a quem estão vinculados�´��&XUVR�GH�'LUHLWR�3URFHVVXDO�&LYLO��YRO��,��'LGLHU�-U���
Fredie, pág. 172) 
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2) Entidade Autárquica Federal: 
As entidades autárquicas federais são criadas por Lei para desempenhar serviço 
público descentralizado. São pessoas jurídicas de direito público. Para que a competência 
seja deslocada para a Justiça Federal é necessário ser entidade autárquica federal ± 
termo genérico que abarca as agências reguladoras e as fundações autárquicas. 
 
3) Empresas Públicas Federais: 
Criadas por decreto, com capital exclusivamente público e com natureza de 
pessoa jurídica de direito privado, as empresas públicas federais devem realizar 
atividades de interesse da Administração que a instituiu nos parâmetros da iniciativa 
privada. Exemplo: Caixa Econômica Federal. 
 
4) Conselho de Fiscalização Profissional: 
Equiparam-se à entidade autárquica federal, mesmo que sob regime sui generis. 
Exemplo: OAB. 
STJ Súmula nº 66 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993 
Competência - Execução Fiscal - Conselho de Fiscalização Profissional 
Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por 
Conselho de fiscalização profissional. 
 
5) Sociedade de Economia Mista: 
STF Súmula nº 556 - 15/12/1976 - DJ de 3/1/1977, p. 1; DJ de 4/1/1977, p. 33; DJ de 
5/1/1977, p. 57. 
Competência - Julgamento - Sociedade de Economia Mista 
É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade 
de economia mista. 
 
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STJ Súmula nº 42 - 14/05/1992 - DJ 20.05.1992 
Competência - Cíveis e Criminais - Sociedade de Economia Mista 
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é 
parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 
Dos enunciados do STF e do STJ, conclui-se que a Justiça Federal é 
incompetente para julgar as ações em que as sociedades de economia mista atuem, seja 
como parte seja como terceiro interveniente. 
 
Atenção! 
Ministério Público Federal: 
Perante qual Justiça poderá o MP demandar, uma vez que nem a Constituição 
Federal nem nenhuma Lei disciplinaram a temática. 
³6XUJHP��EDVLFDPHQWH��GXDV�FRUUHQWHV�GRXWULQiULDV��3HOD�SULPHLUD�GHODV��YLQFXODP-
se os ramos do Ministério Público às respectivas justiças, partindo-se da 
competência federal para a identificação da atribuição do órgão parquet. Se se 
tratar de competência da Justiça Federal, será proposta pelo MPF; se da Justiça 
Estadual, pelo MPE; se da Justiça do Trabalho, pelo Ministério Público do Trabalho 
etc. A segunda corrente segue sentido totalmente diverso. O Ministério Público, 
qualquer que seja ele, poderá exercer as suas funções em qualquer Justiça. O que 
importa, realmente, é saber se é da sua atribuição a causa que venha a patrocinar. 
Se for, poderá fazê-OR� SHUDQWH� TXDOTXHU� yUJmR� GR� 3RGHU� -XGLFLiULR�´ (Curso de 
Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 173) 
Entendemos, assim como Didier, que a segunda corrente é a que mais bem 
resolve os problemas que surgem da existência de vários MPs. Este raciocínio se 
aplica igualmente à Defensoria Pública da União. 
 
Exceções quanto à pessoa 
Ainda que órgão ligado à União seja parte, excepcionam-se da regra do 
artigo 109, I, as seguintes causas: 
1) Falência: 
Caracterizada pela universalidade, a falência é um processo de execução 
coletiva, em que os credores concorrem em igualdade, respeitada a natureza do seu 
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