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Apostila de Direito Internacional2017

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Apostila de Direito Internacional
Conteúdo programático:
Unidade 1 - O Direito Internacional Contemporâneo
1.1. Vertentes do Direito Internacional: o Direito Internacional Público e o Privado
1.2. O Direito Internacional Público
1.2.1. Fundamentos e noções preliminares
1.2.2. A sociedade internacional 
1.2.2.1. A globalização: complexidade da noção de sociedade internacional contemporânea 
1.2.3. As pessoas internacionais 
1.2.4. As fontes do Direito Internacional 
Unidade 2 - O Estado
2.1. Elementos
2.1.2. Redimensionamentos da noção de soberania
2.1.3. Responsabilidade Estatal
2.1.4. Imunidade Estatal
2.1.5. Nacionalidade
2.1.6. A condição do Estrangeiro 
Unidade 3
3.1. Os Tratados Internacionais
3.2. Definição e conceitos
3.3. Classificação e fundamentos
3.4. Condições de validade, efeitos e execução
3.5. Fases de elaboração
3.6. A relação entre o direito interno e o direito internacional: dualismo e monismo 
3.6.1. A incorporação dos Tratados no Brasil
3.7. Uma perspectiva contemporânea do direito internacional 
3.7.1. O jus cogens e o soft law
Unidade 4 - Organizações Internacionais
4.1. Objetivo comum e cooperação entre as nações 
4.1.1. Personalidade e capacidade jurídica
4.1.2. Competências
4.1.2.1. Os atos unilaterais e seus efeitos jurídicos
4.1.3. A O.M.C.
4.1.4 A O.N.U.
4.1.5. Integração Regional
4.1.5.1. MERCOSUL
4.1.5.2. União Europeia
Unidade 5
5.1.   A pessoa humana no direito internacional
5.2.   As três vertentes de proteção da pessoa humana
5.2.1. O Direito Internacional dos Direitos Humanos
5.2.1.1. Os direitos humanos na contemporaneidade
5.2.1.2.1. Sistema Regional
5.2.1.2.2. A Corte Interamericana de DDHH
5.2.2. O Direito Humanitário
5.2.3. O Direito do Refugiado
5.2.4. Asilo
5.2.5. O tribunal Penal Internacional
Unidade 6
6.1. Solução de controvérsias internacionais
6.1.2. Mecanismos de pressão
6.2. Diferentes mecanismos de solução pacífica: jurisdicionais e não jurisdicionais
6.2.3. As cortes internacionais
6.2.4  A arbitragem internacional
Unidade 7
7.1. A cooperação judiciária internacional
7.1.2. A importância da cooperação para a efetividade do Direito   
7.1.3. Alguns tratados de cooperação judiciária internacional
7.1.4. A Carta Rogatória e a Homologação de Sentença estrangeira
7.2. A competência internacional
Unidade 8
8.1. O direito internacional privado e o conflito de leis no espaço 
8.2. Fundamento do Direito Internacional Privado 
8.3. Fontes formais e materiais
8.4. Objeto do Direito Internacional Privado: o conflito de leis no espaço
8.4.1 Métodos de solução
8.4.1.1. Harmonização
8.4.1.2. Método conflitual
8.4.1.3. A questão da autonomia da vontade na solução de conflitos de leis no espaço
8.5. A aplicação da lei estrangeira
Unidade 9
9.1. A proteção internacional do meio ambiente
9.1.2. Princípios internacionais
9.1.3. Principais instrumentos de proteção do meio ambiente
9.1.3.1. Convenção - quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima e o Protocolo de Quioto.
Unidade 10
10.1. Proteção internacional dos espaços: domínio público internacional
10.1.1. Mar
10.1.2. Águas interiores e Mar territorial
10.1.3. Zona contígua, Zona econômica, Plataforma continental e Alto - mar
10.1.4. A Convenção de Montego Bay e a lei 8.617, de 4 de janeiro de 1993.
10.2. Espaço aéreo
10.2.1. Princípios elementares
10.2.2. Normas convencionais
10.2.3. Espaço extra - atmosférico
Finalidades da disciplina:
 - Estabelecer o contexto no qual se discute o direito internacional hoje e a importância da compreensão do que seja um mundo globalizado;
 - Fornecer uma visão global do direito internacional, mas atentando para as especificidades dos objetos de estudo do DIP e do DIPRI;
 - Propiciar a compreensão de que as ordens internacional e interna estão interconectadas. 
Estrutura do conteúdo Aula 1.
1.      O Direito Internacional Contemporâneo: o direito em um mundo globalizado.
1.1. A globalização econômica e a cooperação
1.2.  Vertentes do Direito Internacional: o Direito Internacional Público e o Privado.
1.2.1. Objeto do Direito Internacional Público
1.2.2. Objeto do Direito Internacional Privado
1.2.3. Relação entre os objetos
Para início do estudo nos deteremos nas características do processo de globalização e suas consequências, em especial para o direito.
A intensificação do capitalismo, aliado a outros fatores, como o desenvolvimento tecnológico e científico gerou na contemporaneidade o processo chamado de globalização. O surgimento de uma economia de mercado global, resultado da internacionalização das economias nacionais e da expansão global dos investimentos estrangeiros é responsável pela intensificação das desigualdades que agora alcançam nível global; nas palavras de Celso Mello: “As pessoas estão mais ricas que Estados”. 
Esta nova realidade marca - se pela predominância da força econômica, que impulsiona as relações entre os Estados na contemporaneidade. De um direito internacional clássico, que se assentava na primazia da força política, um direito nitidamente de coexistência, um instrumento de manutenção do equilíbrio de poder, para um direito de cooperação, indispensável à inexorável interdependência entre eles. Esta necessária cooperação não afeta apenas as relações entre sujeitos de direito internacional público, mas força que as instituições de âmbito interno sejam também acomodadas a esta nova realidade, já que o horizonte globalizado expande também o universo das relações de direito interno, aquelas entre pessoas físicas e jurídicas das mais diversas nações. Neste cenário, as duas vertentes do Direito Internacional, o público e o privado, assumem nova dimensão. 
A nova perspectiva do Direito Internacional encontrou reforço na busca por sua efetividade, ou seja, no maior grau de influência nas relações de fato estabelecidas pelas pessoas de Direito Internacional. Cada dia novas pesquisas sobre o DI buscam a sua transformação em um Direito internacional voltado para o desenvolvimento. Deste esforço participam as nações menos favorecidas que lutam por uma “igualdade vantajosa” que os coloque, em certa medida, em pé de igualdade de condições com os mais favorecidos. A norma internacional justa não deve ser inspirada no interesse de poucos, mas deve “surgir da convivência social internacional levando em consideração o maior número de Estados e de indivíduos aí existentes”. (Pierre Hassner)
Segundo Monique Chemillier - Gendreau, o Direito Internacional para garantir sua “coerência” precisa se fundamentar em “uma racionalidade que se impõe como universal, e isto é indemonstrável”. Segundo a jurista francesa, o DI hoje é voltado ainda para a soberania, que foi flexibilizada pelos atuais processos de transformação e assim, para transformá - lo, tornando - o mais efetivo, devemos buscar a democratização, com a participação do maior número de Estados, baseando - se no princípio da igualdade entre eles prevista na Carta das Nações Unidas.
Face ao sistema adotado pela grande maioria dos Estados, o DI hoje não está apto a garantir os direitos dos indivíduos e das minorias nacionais, já que depende da boa - vontade dos Estados para sua implementação internamente. Este é o que se denomina de direito internacional fragmentado.
Historicamente o século vinte – principalmente após a 2.ª Guerra – poderia ser chamado do século das luzes no Direito Internacional. Nestes anos, a guerra e o uso da força foram expurgados pelos princípios do DI consagrados, floresceram as Organizações Internacionais, os direitos humanos, a diplomacia tomou impulso e os tratados internacionais tenderam majoritariamente a multilateralidade.
O impulso tomado pelo DI no século XX estabeleceu a ideia de que novos princípios, regras e mecanismos deveriam ser incorporados pelo Direito, para que este pudesse adaptar - se aos novos valores e às necessidades dos novos e numerosos sujeitos. Vários princípios foram consagrados pelo esforço dos menos fortes, em especial o do direito ao desenvolvimento,previsto pelo Pacto Internacional dos direitos sociais, políticos e econômicos.
Sobre o Sistema Internacional Contemporâneo, aponta Marcel Merle algumas características: 
­    Incremento das relações econômicas no sentido do estabelecimento de um mercado mundial.
­    Informações transmitidas instantaneamente.
­    Volume das informações e o deslocamento das pessoas têm aumentados.
­    Há um campo estratégico unificado, devido às armas de destruição em massa.
­    Os Estados participam de um grande número de organismos internacionais.
Segundo Charles Chaumonte, a comunidade internacional se caracteriza pela existência de antinomias; são elas:
­    Ordem pública x Revolução;
­    Cooperação x Soberania;
­    Direito à autodeterminação dos povos x Divisão do mundo em zonas de influência.
Por fim, para Celso Mello a sociedade internacional contemporânea, que surge após a queda do murro de Berlim é uni - multipolar (EUA é a única superpotência, mas existem outras potências importantes, como a Rússia, o Japão, a Alemanha, a França, a Grã - Bretanha e a China, que está crescendo vertiginosamente e está sendo apontada como uma potência regional). Para Mello, não há a “estabilidade e previsibilidade” típica da Guerra Fria.
Ao lado destas mudanças na relação entre os sujeitos de direito internacional público, o objeto específico do estudo do direito internacional privado – as relações jurídicas com conexão internacional / os conflitos de leis no espaço – também tem se tornado mais complexo. A facilidade no estabelecimento de relações de direito privado conectadas a mais de uma ordem jurídica estatal tem colocado à prova os meios de solução de conflitos tradicionalmente utilizados e tem feito com que a uniformização e harmonização tenham se tornado um objetivo para aqueles que se dedicam à área. A cooperação judiciária tem também se tornado uma prática quase que universal. 
É neste ambiente que se deve pensar o direito internacional na contemporaneidade.
Existem pontos comuns entre as duas vertentes do D.I e as diferenças na espécie de relação jurídica que regulam. O contexto da globalização traz consequências para cada uma delas, tornando - se indispensável pensar novos instrumentos e novos métodos mais apropriados aos problemas da realidade globalizada.
O objeto do Direito Internacional Público são as relações entre as pessoas de direito internacional público. Contemporaneamente as pessoas de DIP mais efetivas são os Estados, as organizações internacionais e a pessoas humanas. O DIP é hoje caracterizado como um Direito de cooperação, dada a realidade da globalização econômica e neste cenário percebe - se que os Estados não só agem de forma a atenderem seu próprio e exclusivo interesse, mas, vislumbrando uma realidade compartilhada, agem com vistas a objetivos comuns.
O objeto do Direito Internacional Privado são as relações de direito privado vinculadas a mais de um Estado. Como diz o texto “as situações pessoais, familiares ou comerciais que estão relacionadas a mais de um país são habituais no mundo moderno e estas podem ser afetadas pelas diferenças que existem entre os sistemas jurídicos vigentes nesses países”. São cada vez mais comuns relações estabelecidas por pessoas físicas e jurídicas que extrapolam os limites dos Estados e por esta razão, num eventual conflito os limites da soberania dos Estados torna - se um entrave à efetividade do direito. Desta forma, a cooperação entre Estados é cada vez mais indispensável. Se as relações jurídicas estão cada vem mais se globalizando, é necessário que os Poderes Judiciários dos Estados sejam cada vez mais cooperativos e que as ordens jurídicas estatais cada vez mais se harmonizem, para que as diferenças diminuam e assim possamos ter segurança jurídica em nossas relações jurídicas além das fronteiras estatais. 
O direito uniforme é constituído por regras idênticas e designativas do direito aplicável em mais de um Estado. O Direito Internacional Uniforme tem como instrumento jurídico o Tratado Internacional. 
Os tratados podem ser multilaterais (Convenções) ou bilaterais, estes últimos são minoritários. Na prática proliferam as Convenções Internacionais. 
As convenções internacionais podem ser abertas ou fechadas, conforme possam ou não a ela aderir Estados terceiros não participantes das conferências especializadas que as elaboram.
As Convenções abertas (lois uniformes), com efeito erga omnes, substituem as normas de direito internacional de origem interna e são aplicáveis frente a todos os Estados, inclusive os não vinculados à Convenção, ou seja, aqueles não signatários. 
Ainda nos parece distante a uniformização do DIPRI., pois as diferenças raciais, culturais e religiosas impedem a criação de regras comuns aos Estados que compõe a comunidade internacional, exceto no que concerne às normas de comércio e finanças, matérias passíveis de uniformização pelo direito internacional privado. 
Segundo Jacob Dolinger, enquanto o Direito Uniforme espontâneo é resultante da natural coincidência de legislações influenciadas pelos mesmos fatores ou da iniciativa unilateral de um Estado de seguir as normas do direito positivo de outro, já o Direito Uniforme dirigido resulta de esforço comum de dois ou mais Estados no sentido de uniformizar certas instituições jurídicas, geralmente por causa de sua natureza internacional. Seria tecnicamente mais apropriado denominar esta categoria como Direito Uniformizado, para distingui-la do Direito Uniforme de caráter espontâneo. Mas a Doutrina mantém o mesmo termo para ambos os fenômenos.
1.3.  O Direito Internacional Público 
1.3.1.     Fundamentos e noções preliminares:
1.3.2.     A sociedade internacional
1.3.2.1. Forças atuantes;
1.3.2.2. Descrição: a globalização econômica e a complexidade da noção de sociedade internacional contemporânea
1.3.2.3. Características
o que é a sociedade internacional” Quais forças atuam sobre ela dando - lhe seus diversos perfis ao longo da história” Quais as forças que atuam prioritariamente na contemporaneidade”
O estudo da sociedade é objeto simultaneamente das ciências jurídicas e sociais, já que direito e a sociedade sofrem influências recíprocas. No direito interno, estas influências já se encontram bastante sedimentadas, o que, por certo, não se dá na ordem (sistema, comunidade, sociedade) internacional, já que, por natureza, está em constante transformação.
A sociedade internacional, segundo Celso Mello é anterior ao estado, remonta a mais remota antiguidade e se caracteriza genericamente como relação entre coletividades.
Na modernidade, a sociedade internacional seguiu o modelo europeu de Estado - construído pelo pensamento de Hobbes, Rousseau, Montesquieu e outros - segundo o qual o estado nacional seria seu membro originário.
A sociedade internacional vem assumindo diferentes formas e características com o passar do tempo, buscando adequar - se ás transformações trazidos por forças políticas, culturais, sociais e econômicas. A atuação destas forças é preponderante no delineamento da sociedade internacional. O Estado passa a compartilhar com outros entes, surgidos por conta dos movimentos históricos que vão sempre dando novo contorno à sociedade internacional, como as regiões de cooperação econômica, política, cultural e social que vão dar origem às Organizações internacionais. Assim, “a figura do Estado tende a ser substituída por forças mais atuantes que influem ou influenciaram a Sociedade Internacional e  que correspondem melhor às necessidades políticas, econômicas e sociais.”
Forças que influenciam a SI
Ao lado dos entes, forças econômicas, culturais, religiosas e políticas influem ou influenciaram a Sociedade Internacional. São elas, segundo Celso Mello: 
  Forças culturais: Manifestam - se pela realização de acordos culturais entre os Estados, na criação de organismos internacional de fomento e desenvolvimento da cultura (UNESCO). 
  Forças econômicas: Manuel Wallerstein e Eric Hobsbawn afirmam que é a economiaque tem a função de ligação da SI. Definem “o sistema internacional como primariamente constituído pela atividade econômica e pela disseminação das relações sociais e econômicas capitalistas em uma escala mundial". Segundo Celso Mello, elas seriam espertadas pelo materialismo histórico de Marx e ainda que o seu enfrentamento exigiria uma grande cooperação interestatal. (FMI, BIRD, OMC...) Hoje inegavelmente influente no rumo da SI contemporânea. O comercio foi uma das bases do DI.
o   Forças políticas: a luta pelo poder e pelo aumento do território estatal ocasionou fenômenos característicos da sociedade internacional (ditadura e imperialismo).    
o   Forças religiosas: catolicismo, protestantismo. Hoje, o Islamismo tem marcado presença na nova forma de terrorismo, que vem, atualmente, dando novo contorno a SI.
Definição e conceito de sociedade internacional
 - Celso Mello: relações recíprocas entre estados e outros sujeitos de DI.
 - Henri Batiffol: conjunto de relações de indivíduos entre si e de Estados uns com os outros, tendendo a organizar - se e viver dentro de uma ordem internacional.
 - Fred Halliday: três sentidos para o termo sociedade internacional:
 - “realismo”, usando por Martin Wight e Hedley Bull, dentro do qual a sociedade Internacional refere - se à relação entre Estados, baseada em normas compartilhadas e entendimentos.
 -   “transnacionalismo”, desenvolvido por Evan Luard e John Michael Featherstone[1], e que se refere à emergência de laços não estatais de economia, de política, de associação, de cultura e de ideologia que transcendem as fronteiras dos Estados e constituem, em maior ou menor medida, uma sociedade que vai além destas mesmas fronteiras.
 -     “homogeneidade”, utilizado por Karl Max e Francis Fukuyama, e que indica uma relação entre a estrutura interna das sociedades e da sociedade internacional, investigando de que maneira, como resultado das pressões internacionais, os Estados são compelidos a conformarem seus arranjos interno aos demais. È um conceito que se refere tanto ao desenvolvimento interno quanto ás relações internacionais, já que o funcionamento interno dos Estados tanto influencia como é influenciado pelos processos internacionais.
Fundamentos da SOCIEDADE INTERNACIONAL
Cavaglieri: corrente positivista - voluntarista
A sociedade internacional teria se formado por meio de um acordo de vontade entre os Estados.
É corrente criticada por Celso Mello, pois não explica como um novo Estado se sujeita às normas internacionais mesmo que não queira. Questão: Cuba e Coreia” Algum Estado que não queira ser parte da sociedade internacional pode subsistir se não mantiver nenhuma relação com os outros Estados” A própria noção de Estado implica em uma noção de coletividade.
Del Vecchio: corrente jusnaturalista
Homem é um ser social e que só se realiza em sociedade, sendo a sociedade internacional a sua forma mais ampla. Unidade do gênero humano.
Características
 - UNIVERSAL: abrange todos os entes do globo 
 - PARITÁRIA: igualdade jurídica. Ética
 - ABERTA: todo ente, ao reunir determinados elementos, se torna membro de SI, sem que haja necessidade da manifestação de outros membros.
 - NÃO POSSUI UMA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL COM A SOCIEDADE INTERNA. A SI não é um Super-Estado. Não possui poderes centralizados. Segundo Celso Mello, há certa hierarquização, quando o estado está abrindo mão de parte de sua soberania em benefício da cooperação. Predomina a autotutela.
 - GOVERNANÇA: especialização (OMC, G7, OIT, FMI...).
 - O DIREITO QUE NELA SE MANIFESTA É ORIGINÁRIO, já que o DIP não se fundamenta em outro ordenamento positivo.
 - TEM POUCOS MEMBROS e assim não se pode enfrentar os problemas com base em categorias gerais, como faz o direito nacional (pessoa humana”)  
Entes (sujeitos da si)
 - ESTADO: Para a maioria da doutrina é o ente originário e o principal sujeito. (exceção: Jean Touscoz)
 - ORGANIZAÇÔES INTERNACIONAIS: Associação voluntária de sujeitos de DI, criada para “desenvolver da melhor maneira possível as relações entre os Estados, permitindo - lhes cumprir em conjunto, o que não poderiam cumprir separadamente, já que algumas questões exigem a colaboração dos demais membros da SI para serem resolvidas”
 - Pessoa Humana (vide A.A. Cançado Trindade)
São características da sociedade internacional apontadas pelo próprio Professor Celso Albuquerque de Mello e que são as seguintes: universal, paritária, aberta, não possui uma organização institucional com a sociedade interna, o direito que nela se manifesta é originário e tem poucos membros.
E assim é que a sociedade internacional é universal porque abrange todos os entes do globo terrestre; é paritária, porque existe a igualdade jurídica; é aberta, pois todo ente ao reunir determinados elementos se torna um membro da sociedade internacional sem que haja necessidade de os membros já existentes se manifestarem sobre o seu ingresso. Já a falta de uma organização institucional significa que a sociedade internacional não consubstancia um superestado com os três poderes (legislativo, executivo e judiciário) por cima dos Estados nacionais (nesse sentido a sociedade internacional é descentralizada). Finalmente, como bem salienta o autor, o DIP é originário exatamente porque não se fundamenta em nenhum outro ordenamento.
Podemos citar como documentos positivados:
1.      Carta da ONU (art 1º inciso 2 );
ARTIGO 1 - Os propósitos das Nações unidas são:
“2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal”;
Carta da OEA (art 3º alínea b);
2.      Artigo 3 - Os Estados americanos reafirmam os seguintes princípios:
“A ordem internacional é constituída essencialmente pelo respeito à personalidade, soberania e independência dos Estados e pelo cumprimento fiel das obrigações emanadas dos tratados e de outras fontes do direito internacional”;
3.      Constituição de 1988 (art 4º inciso V);
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege - se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
V -   igualdade entre os Estados.    
                                                       
O importante é salientar que as assimetrias econômicas, sociais e geopolíticas não afastam, pelo menos no plano teórico, a igualdade dos Estados nacionais perante a sociedade internacional. Com efeito, dentro da atual sociedade internacional, como bem demonstra a leitura do texto, a ideia de paridade e de igualdade soberana entre os Estados deve ser interpretada de forma progressista que projete as diferenças reais no plano econômico - social, porém sempre fundada na ideia de igualdade soberana e jurídica, ou seja, direitos e deveres iguais para todos os membros da sociedade internacional (os Estados nacionais são juridicamente iguais). Cada Estado nacional desfruta dos direitos à plena soberania, integridade territorial e independência política. Não se pode negar, no entanto, que o processo de globalização tende a reduzir o conceito de soberania estatal pela desconstrução do Estado interventor (Welfare State) em prol do fortalecimento das estruturas internacionais mediante a consolidação de organismos multilaterais de cooperação internacional, o que evidentemente conduz à revalorização da concepção de Estado Mínimo.
1) quais forças que atuam nas relações entre Pessoas de DIP (Econômicas, políticas, culturais e religiosas, segundo Celso Mello) 2) os três sentidos de Fred Halliday: 
o         “realismo”, usando por Martin Wight e Hedley Bull, dentro do qual a sociedade Internacional refere - se à relação entre Estados, baseada em normas compartilhadas e entendimentos.
o         “transnacionalismo”, desenvolvido por Evan Luard e John Michael Featherstone, e que se refere à emergência de laços não estatais de economia, de política, de associação, de cultura e de ideologia que transcendem as fronteiras dos Estadose constituem, em maior ou menor medida, uma sociedade que vai além destas mesmas fronteiras.
o         “homogeneidade”, utilizado por Karl Max e Francis Fukuyama, e que indica uma relação entre a estrutura interna das sociedades e da sociedade internacional, investigando de que maneira, como resultado das pressões internacionais, os Estados são compelidos a conformarem seus arranjos interno aos demais. È um conceito que se refere tanto ao desenvolvimento interno quanto ás relações internacionais, já que o funcionamento interno dos Estados tanto influencia como é influenciado pelos processos internacionais.
Martin Wight e Hedley Bull
Martin Wight (1960)
Realismo: “Em um mundo constituído por potências soberanas e independentes, a guerra é o único meio pelo qual cada uma delas pode, em última instância, defender seus interesses vitais.”
As RI vivem uma espécie de ordem anárquica, pois não há poder superior. Esta ordem  vem da ideia de que cada Estado é soberano e sempre procuram manter este status. Desta forma sem mantém o equilíbrio de poder entre eles. Para Wight, o “cenário internacional pode ser corretamente definido como uma anarquia – uma multiplicidade de potências sem governo.” A Guerra com resultado da falta de governo internacional, ou seja, a anarquia dos Estados soberanos.
Segundo Wight, seria o DIP que estabeleceria o equilíbrio entre os Estados.
“Medo Hobbesiano”: nenhum Estado pode entregar a outro Estado qualquer parte de sua segurança e de sua liberdade”, pois tal como os homens, em seu Estado natural, no qual encontram - se em estado de ciúme constante, de desconfiança, os Estados estão sempre em guerra uns contra os outros, por força de sua independência.
Wight conclui seu trabalho, indagando o que seria sociedade internacional.
Para Wight, seria a existência do DI um indício da existência de uma sociedade e que este DI seria um tipo peculiar de Direito, pois é o Direito de uma sociedade politicamente dividida em um grande número de Estados soberanos.
Wight afirma que “dificilmente pode ser negada a existência de um sistema de Estados, e admitir que tal sistema existe acarreta admitir em parte a existência de uma sociedade, pois uma sociedade seria um certo número de indivíduos ligados por um sistema de relacionamentos com certos objetivos comuns.”
Hedley Bull (1977)
Continua o trabalho de Wight. Segundo Bull, os Estados têm interesses e querem que estes interesses sejam protegidos. Seria o DIP que iriam proteger estes interesses.
Para Bull, o conceito de sociedade internacional remonta ao final do séc. XV, organiza - se como única estrutura baseada em relações econômicas no séc. XIX e consolida - se como sociedade internacional global logo após o final da 2ª Guerra, em consequência da expansão dos Estados Europeus pelo mundo, cujo instrumento seria a estrutura jurídico - político do Estado soberano que começou a ganhar corpo no fim do século XIII e início do século XIX. Ainda segundo Bull, “Existe uma ‘sociedade de estados’ (ou sociedade internacional) quando um grupo de estados, conscientes de certos valores e interesses comum, formam uma sociedade, no sentido de se considerarem ligados, por um conjunto comum de regras, e participam de instituições comuns.” 
Considera o autor que os Estados, reconhecendo certos valores e interesses comuns, se consideram vinculados a determinadas regras no seu inter - relacionamento, tais como a de respeitar a independência da cada um, honrar os acordos e limitar o uso recíproco da força.
Sociedade internacional pressupõe um sistema internacional, mas a recíproca pode não ser verdadeira, já que poderia faltar a consciência dos interesses e valores comuns, existindo apenas interação de forma que uma represente um fator nos cálculos dos outros.
1.2.3. As pessoas internacionais 
1.2.4. As fontes do Direito Internacional 
1.3.3. As pessoas internacionais 
1.3.3.1 Conceito de pessoa: personalidade e capacidade 1.3.3.2 Classificação das pessoas internacionais 
1.3.2.3. As pessoas na contemporaneidade 
1.3.4. As fontes do Direito Internacional 
1.3.4.1. Fontes e fundamentos: distinção 
1.3.4.2. Fontes formais e matérias
1.3.4.3. O Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça 
1.3.4.3. Costume internacional: fundamento, elementos constitutivos, características e interpretação
1.3.4.4. Atos unilateriais.
Existe uma estreita relação entre sociedade e pessoa, forças atuantes na sociedade lhe dão perfis diferentes em cada contexto diferente, abrindo espaço para que novos agentes tornem - se pessoas e assim sujeitos de direito e de deveres. No contexto de um processo de globalização existem as novas forças atuantes e a necessidade do reconhecimento de novos sujeitos de DIP, como as empresas transnacionais, por exemplo.
Pessoas Internacionais – Noção
A noção de sujeito de DI tem uma dimensão histórica, sociológica e lógico - jurídica. A primeira dela decorre do fato de que a personalidade internacional é a matéria que oferece a existência de uma das forças sociais influentes e atuantes. A segunda se materializa no fato de que a sociedade internacional é mutável, variando ao longo da história. Por fim, a dimensão lógico - jurídica caracteriza - se pelo fato de que não pode existir uma ordem sem destinatários, porque a norma jurídica, sendo, uma regra de conduta, deve dirigir - se sempre a um ente.    
“A pessoa física ou jurídica a quem a ordem internacional atribui direitos e deveres é transformada em pessoa internacional, isto é, sujeito de DI (Celso Mello).
O Estado manteve - se como o centro das atenções da sociedade internacional do século XX, sendo o mais importante ente de DI. No século XX, em virtude das sérias transformações ocorridas no cenário internacional, o Estado passa  partilhar a vida internacional com outros entes, as organizações internacionais e o homem, que volta a ter direitos e deveres perante a sociedade internacional.
Existência de normas internacionais gerais atributivas de personalidade.
A polêmica divide - se em duas correntes, a que admite a existência (Balladore e Pallieri) e a que não admite.
Celso Mello entende que a primeira corrente seria a mais adequada. Segundo a esta corrente existem normas gerais que estabelecem condições para que determinados entes adquiram personalidade jurídica e assim tornem - se sujeitos de direito, como o Estado, por exemplo. Um exemplo seria a Convenção Pan - americana sobre Direitos e Deveres dos Estados (Montevidéu, 1933) que prevê que o Estado, pessoa internacional, deve reunir os seguintes requisitos: povoação permanente, território determinado, governo e capacidade de entrar em relações com os demais Estados. No entanto, outros entes adquirem personalidade jurídica internacional sem que haja norma geral anterior, como o homem. Segundo Celso Mello, o homem só adquire personalidade internacional quando as normas internacional se dirigem à ele.
Nas palavras de Celso Mello, “existiria um princípio constitucional no ordenamento jurídico internacional que determinaria quais os entes que, ao preencherem certas condições, se tornariam sujeitos de DI.” Tais condições seriam: “fins compatíveis” com a sociedade internacional, ter uma organização que lhe permita entrar em relações com  os demais sujeitos de DI, bem como ser responsável pelos seus atos.” No entanto, na realidade constata - se que o “Estado surge como um fato encarnado de grande poder na SI. Não existe qualquer norma preexistente. É o próprio Estado que se legaliza a priori. As demais pessoas internacionais foram criadas pelos Estados (OI).
Capacidade e Personalidade       
Capacidade jurídica: requisitos que tornam um ente, sujeito de DI.
Capacidade de agir: realização de atos válidos no plano jurídico internacional.
Embora haja entendimentos em sentido contrário (Sereni, Piero), para Celso Mello pode determinado ente ter personalidade jurídica internacional, mas não ter capacidade, como a pessoa humana. O homem tem personalidade jurídica internacional - é sujeito de direito internacional- porém não tem capacidade no plano internacional, a não ser em casos excepcionalíssimos. 
Nas hipóteses de incapacidade, o DI já reconhece o instituto da representação, que seria “a manifestação de vontade de um sujeito internacional produz efeitos que são imputados a outros sujeitos de DI” (Aguilar Navarro, Balladore Pallieri) e cujos elementos, segundo Sereni, seriam: a) o representante, o representado e os terceiros devem ser sujeitos de DI; b) ela deve ser exercida no campo de DIP, c) o representante tem o poder de agir para o representado, e isto em nome e por conta deste.
Classificação das pessoas internacionais
As PI seriam classificadas, segundo Celso Mello, em:
a)      Coletividades estatais
b)      Coletividades interestatais
c)       Coletividades não estatais 
d)      Indivíduo
Quanto às fontes de direito internacional, a abordagem conceitual doutrinária deve ser focada na diferenciação entre fontes materiais e formais. O professor deve de início alertar os alunos sobre a diferença entre fonte e fundamento.
Quanto às fontes de direito internacional, a abordagem conceitual doutrinária cabe relembrar a diferenciação entre fontes materiais e formais. Ainda, existe diferença entre fonte e fundamento. Cabe verificar o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça e sua interpretação sobre as fontes formais do DIP. Particularmente o costume internacional, seus fundamentos e elementos constitutivos; e dentre os meios auxiliares, aos atos unilaterais.
Vejamos a dicção do artigo 38, supramencionado, in verbis:
Artigo 38
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; 
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem. 
Costume Internacional
O costume internacional surge do fato de que os Estados adotavam certas atitudes porque eram cômodas ou respondiam a uma necessidade. Gradativamente, foi se tomando consciência de que a repetição da prática era boa para a ordem social.
O costume é lento e assim vem perdendo força atualmente, já que as mudanças estão ocorrendo com muita rapidez. No entanto, o DI surgiu sob a forma de costume internacional, o que comprova sua importância como fonte de DI.
Elemento material
O uso geral seguido por uma parcela da SI, que tem a convicção de que é obrigatório (prática generalizada com convicção de ser obrigatória).
Elemento subjetivo
opinio juris sive necessitatis (convicção sentida pelos Estados de que o DI exige um determinado tipo de conduta).
Para Celso Mello, é a aceitação do costume como um novo Direito. Este tem sido o elemento mais importante, desde que represente a convicção de uma grande parcela dos Estados (represente o consenso coletivo) e de condições sociais e econômicas diversas. Seria um dever ser.
Fundamento
Duas teorias divergem sobre a questão do fundamento: voluntarismo e objetivismo.
Voluntarismo:
Consentimento tácito dos Estados (Grocius, Vattel, Anzilotti e outros positivistas).
Objetivismo:
1) consciência jurídica coletiva
Consciência social do grupo: convicção comum que os Estados têm de que devem respeitar os costumes, conforme a razão, o direito objetivo, à noção de Justiça, solidariedade econômico - social ou um sentimento jurídico dos homens. 
Criticada por ser vaga e imprecisa.
2) Sociológica: (C. Rousseau)
O costume é um produto da vida social que visa atender às necessidades sociais. Produto espontâneo da vida social. A prática constante de atos cria certo equilíbrio social. Costume como produto da evolução social. É a mais aceita.
Atos unilaterais
Manifestação de vontade de um sujeito de DI, que surte efeitos jurídicos. Têm sua eficácia condicionada a ser público e ao fato de que o Estado que a elabore tenha intenção de se obrigar.
Com relação aos atos unilaterais é relevante discorrer sobre a importância dos atos unilaterais das Organizações Internacionais na contemporaneidade e seus efeitos na nova corrente do Direito Internacional Público.
A sociedade internacional segundo Celso Mello é aberta, significa dizer que todo ente ao reunir determinados elementos, se torna membro de Sociedade Internacional, sem que haja necessidade da manifestação de outros membros. No caso da pessoa humana, o reconhecimento de direitos na ordem internacional tornou todo e cada ser humano sujeito de direitos humanos, dotando - o de personalidade jurídica. Até a proclamação da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 – reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993 – surgida após o fim da segunda guerra mundial em resposta às atrocidades cometidas durante o período de guerra, a pessoa humana não tinha direitos reconhecidos formalmente pela ordem internacional, formada até então por Estados, Organizações Internacionais e outras pessoas internacionais. O reconhecimento destes direitos inseriu o ser humano no rol das pessoas internacionais, embora muito ainda se discuta sobre sua efetiva capacidade de agir no plano internacional para fazer valer suas reivindicações morais. É certo que a Declaração Universal e todo o sistema de proteção dos direitos humanos se tornaram paradigma ético da contemporaneidade, como bem salienta Flavia Piovesan, embora ainda confinado em uma perspectiva meramente formal. 
O Estado como sujeito de direito internacional
2. O Estado 
2.1.1. Elementos 
2.1.2. Redimensionamentos da noção de soberania 
2.1.3. Responsabilidade Internacional 
2.1.3.1. Responsabilidade por culpa 
2.1.3.2. Responsabilidade objetiva 
2.1.4. Imunidade Estatal 
2.1.5. Nacionalidade 
2.1.5.1. NO direito Internacional 
2.1.5.2. No Brasil 
2.1.6. A condição do Estrangeiro 
2.1.6.1. Entrada do estrangeiro versus medidas de saída compulsória.
É importante salientar a evolução histórica da noção de Estado e, principalmente, considerar a relevância da ideia de soberania a partir da modernidade. Está ocorrendo um redimensionamento do conceito de soberania em um direito internacional de cooperação. Este tema levará a questão da Responsabilidade e da Imunidade Estatal e suas novas tendências. Tornando - se importante o tema da nacionalidade e da situação do estrangeiro.
Formação do Estado
1. Ocupação: estabelecimento de população em determinado território (res nullius). É diferente de ocupação por guerra de conquista que não é reconhecida pelos princípios de DI e pela Carta da ONU. Hoje já não mais existe território sem dono, à exceção da Antártida, já definida por Tratado e o Ártico.
2. Emancipação: ocorre por sublevação. Um grupo nacional, numeroso e forte, se liberta da metrópole, passando a comandar interna e externamente, seus próprios destinos (Brasil e Portugal, EUA  e Inglaterra, Timor - Portugal).
3. Separação (desmembramento ou secessão): parte de um Estado se desvincula do todo estatal, criando um novo Estado. (Império Autro - húngaro, Suécia e Noruega, RFA e RDA...).
4. Fusão: dois Estados passam a formar um só Estado (Unificação Italiana e Unificação Alemã)
Formação normativa
Por acordos internacionais (Vietnã e Vaticano)
Reconhecimento de Estado
“É o ato por meio do qual os Estados existentes na Sociedade Internacional constatam a existência de um novo membro na sociedade internacional.” (Celso Mello)
 - O reconhecimento se dá após pedido do Estado
 - Historicamente data do sec. XVII – Paz de Westfália.
 - Tendência hoje: reconhecimento de Estados Democráticos
Efeitos
Teoria Clássica1 - Kelsen
Dois aspectos:
a) Político, não constitutivo da personalidade do Estado (Art. 3º da Convenção de Montevidéu sobre direitos e deveres dos Estados: “existência política do Estado é independente de seu reconhecimento pelos outros Estados”)
b) Jurídico, constitutivo da personalidade do Estado 
2 – Anzilotti
A personalidade do Estado surge concomitantemente com o seu reconhecimento. Ser sujeito de direitos significa ser destinatário de normas jurídicas e assim, a personalidade existe quando uma entidade se torna destinatária da norma. Como a norma internacional surge por meio de acordo, então o sujeito de direitos passa a existir a partir do acordo, e só então é que um ente se torna em relação ao outro ente, destinatário das normas resultantes do acordo firmado.
Efeitos
Duas concepções
1 - Constitutiva (atributiva)
É o ato de reconhecimento que constitui o Estado, o qual verdadeiramente constituiria o Estado, atribuindo a ele personalidade estatal.  É teoria minoritária.
2 -   Declaratória
O reconhecimento é tão somente ato declaratório da existência do Estado, já que a personalidade estatal independe da deliberação de outros Estados. É a teoria adotada pela Carta da OEA e pelo Institut de Droit Internacional. 
Artigo 13 da Carta da OEA
A existência política do Estado é independente do seu reconhecimento pelos outros Estados. Mesmo antes de ser reconhecido, o Estado tem o direito de defender a sua integridade e independência, de promover a sua conservação e prosperidade, e, por conseguinte, de se organizar como melhor entender, de legislar sobre os seus interesses, de administrar os seus serviços e de determinar a jurisdição e a competência dos seus tribunais. O exercício desses direitos não tem outros limites senão o do exercício dos direitos de outros Estados, conforme o direito internacional.
Para Hildebrando Acciolly, “um organismo que reúne todos os elementos constitutivos  de um Estado tem o direito de assim ser considerado e não deixa de possuir a qualidade de Estado pelo fato de não ser reconhecido.” Para Acciolly, o ato de reconhecimento terá efeito retroativo, que remonta à data da formação definitiva do Estado.
É a teoria majoritariamente aceita.
Características do Reconhecimento de Estado
Ato unilateral, Irrevogável, Incondicional, Retroativo e Discricionário.
Efeitos de Fato
Só se mantêm relações diplomáticas e, por conseguinte, políticas com Estado que se reconhece. A falta de reconhecimento traz problemas para o reconhecimento dos atos jurídicos do novo Estado: não se atendem pedidos de extradição, não se reconhecem casamentos celebrados no novo Estado, etc.
O objeto do reconhecimento passa a ser oponível a quem o reconheceu. O Estado reconhecido deverá ter reconhecido seu direito à soberania e ao respeito mútuo. Exemplo – os Estados árabes oferecem o reconhecimento de Israel nas negociações de paz.
Responsabilidade estatal (Guido Soares):
O tema sempre foi tratado pelo direito costumeiro, mas há um Projeto de Convenção sobre Responsabilidade Internacional dos Estados sendo discutido na ONU (assembleia geral).
Hoje o tema é regulado por dois campos: 
1) responsabilidade subjetiva dos usos e costumes, doutrina, princípios gerais; 
2) responsabilidade objetiva regulada por tratados multilaterais sobre assuntos específicos.
A responsabilidade por culpa (tout court) exige uma norma que defina a obrigação exigível ao Estado constante de tratados, usos e costumes, princípios ou em decisões judiciais ou arbitrais e outra que institua o dever de reparar os danos, ou seja, que defina as consequências do inadimplemento da obrigação (dever de proteger a pessoa humana, de não intervenção nos negócios de outros estados e etc.). Os elementos da responsabilidade são um comportamento (comissivo ou omissivo) de violação de um dever internacional, a existência de um dano físico  ou moral e nexo de causalidade.
A responsabilidade objetiva - sem culpa, ou por risco - é instituto rígido e não flexível como a responsabilidade por culpa e é regulada por normas especiais escritas que definem tipos também rígidos. (Convenção sobre responsabilidade Civil contra terceiros no campo da Energia Nuclear e convenção sobre Responsabilidade Internacional por danos causados por objetos espaciais e etc.
Três elementos (segundo Rezek):
1)      Base territorial: no qual o Estado exerce jurisdição.
2)      Comunidade humana estabelecida nesta base territorial (povo)
3)      Forma de governo não subordinado a qualquer autoridade exterior (governo soberano)
Delimitação territorial (a questão da palestina, por exemplo)
 - Pode resultar de uma decisão arbitra ou judiciária, ou, como na maioria das vezes, de tratado bilateral ou multilateral. Delimita - se o território, traçando os limites da fronteira
Imunidade de jurisdição (Rezek)
 - acta iuri imperii (atos de Estado)
 - Convenção de Viena de 1815, Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (1961) e Convenção de Viena sobre relações consulares (1963), todas incorporadas ao direito brasileiro. As convenções estabelecem privilégios ao diplomata, que representa o Estado de origem junto à soberania local e ao cônsul , que representa o Estado de origem para cuidar de interesses privados no Estado onde atue.
 - Convenção europeia sobre imunidade do Estado (1972): exclui do âmbito da imunidade as ações decorrentes de contratos celebrados e exequendos no local. Segundo esta convenção os Estados não gozam de imunidade quando realizam atos iuri gestione (atos de administração pública e de entes privados). STF:  Não há neste caso imunidade de jurisdição e execução (RT 133/159)
 - Convenção das Nações Unidas sobre a imunidade de jurisdição do Estado e de seus bens (2004). Ainda não está em vigor.
População e nacionalidade
 - Exercício da jurisdição sobre pessoas
 - Nacionalidade como vínculo jurídico - político entre um indivíduo e um Estado (Jacob Dolinger)
 - Princípios internacionais: pela dimensão pessoal do Estado, é princípio elementar o de que o Estado estabeleça critérios distintivos entre nacionais e estrangeiros. São também princípios que regem a matéria o art. 15 da DUDH e o Art. 24 do Pacto Internacional dos direitos civis e políticos.
 - Convenção de Haia de 1930: liberdade de escolha dos critérios atributivos de nacionalidade.
Nacionalidade no Brasil 
No Brasil, o tema da nacionalidade tem tratamento Constitucional conforme dispõe o art. 12, I e II da CRFB. A nacionalidade originária está prevista no inciso I e o critério de aquisição, nas letras “a”, “b” e “c” da CRFB - com alteração da emenda nº 54 de setembro de 2007. O critério de aquisição de nacionalidade originária na Constituição brasileira é misto, já que conjuga regras do ius sanguinis com a do ius soli.
2 – Nacionalidade originária. 
Art. 12. São brasileiros: 
I – natos: 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
1 – ius sanguinis - repartição competente – consulado – Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963; (embaixada – representa o país no exterior e não os particulares – Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961); 
2 – ius sanguinis combinado com ius domicilli - residência no Brasil – antes ou depois da maioridade. 
Direito intertemporal: 
Constituição de 1988 – redação originária do art. 12, I c: 
Registrados em repartição competente ou venham a residir no Brasil antes de atingir a maioridade, com opção a qualquer tempo a partir da maioridade.
 1ª condição – vir a residir no Brasil antes da maioridade; 
2ª condição – optar pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo, a partir da maioridade. 
STF – Questão de ordem em M. Cautelar 70/03 – brasileiro nato com condiçãoresolutiva de não fixação de residência no Brasil e condição suspensiva de opção pela nacionalidade brasileira. 
A partir de 05/10/1988, promulgada a Constituição, o filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no estrangeiro, deveria : 
1 – ser registrado em repartição competente ou; 
2 – fixar residência no Brasil antes de atingir a maioridade e, quando atingida, optar pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo. Se não viesse residir no Brasil antes de atingida a maioridade, operar - se - ia a condição resolutiva de não fixação de domicílio, impedindo a opção. Se viesse a residir no país antes da maioridade, seria brasileiro, sob condição suspensiva, até que atingisse a maioridade. Nesse período, seria “reconhecido como brasileiro sob condição 2 suspensiva” com nacionalidade provisória. Após atingida a maioridade, sua nacionalidade passaria a ser “precária”. 
Constituição de 1988 – redação dada pela E.C. de Revisão 3 de 07/06/1994 ao art. 12, I c: 
Venham a residir no Brasil antes ou depois de atingir a maioridade, com opção a qualquer tempo. 
1ª condição – vir a residir no Brasil a qualquer tempo; 
2ª condição – optar pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo. 
STF – Questão de ordem em M. Cautelar 70/03 – brasileiro nato com condição suspensiva de fixação de residência no Brasil e condição suspensiva de opção pela nacionalidade brasileira. Sua nacionalidade será sempre “precária” até que faça a opção. 
A partir de 07/06/1994, com a E. C. de Revisão 3, o filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no estrangeiro, deveria : 
1 – fixar residência no Brasil a qualquer tempo e optar pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo. Enquanto não se realizassem ambas as condições, seria “reconhecido como brasileiro sob condição suspensiva” com nacionalidade precária. 
Constituição de 1988 – redação dada pela E.C. 54 de 21/09/2007 ao art. 12, I c: 
Registrados em repartição competente ou venham a residir no Brasil antes ou depois de atingir a maioridade, com opção somente após a maioridade. 
1ª condição – vir a residir no Brasil a qualquer tempo; 
2ª condição – optar pela nacionalidade brasileira a partir da maioridade. 
STF – Questão de ordem em M. Cautelar 70/03 – brasileiro nato com condição suspensiva de fixação de residência no Brasil e condição suspensiva de opção pela nacionalidade brasileira. 
A partir de 21/09/2007, com a E. C. 54, o filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no estrangeiro, deveria : 
1 – ser registrado em repartição competente ou; 
2 – fixar residência no Brasil a qualquer tempo e optar pela nacionalidade brasileira a partir da maioridade. Enquanto não vier a residir no Brasil, seria “reconhecido como brasileiro sob condição suspensiva” com nacionalidade precária. Fixando sua residência antes de atingida a maioridade, estaria ainda sob condição suspensiva, porém, com nacionalidade provisória. Atingida a maioridade, sua nacionalidade passaria a ser precária. 
Art. 95 do ADCT, incluído pela E.C. 54 de 21/09/2007: 
Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 (E.C. de Revisão 3) e a data da promulgação desta Emenda Constitucional (21/09/2007), filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil. 
RESUMINDO: 
Até 05/10/1988 - residir no Brasil antes da maioridade e optar em quatro anos após atingida a maioridade; 
De 05/10/1988 (promulgação CRFB/88) até 07/06/1994 (E.C. de Revisão 3) – residir no Brasil antes da maioridade e optar, após atingida a maioridade, a qualquer tempo; 
De 07/06/1994 (E.C de Revisão 3) até 21/09/2007 (E.C 54) – residir no Brasil a qualquer tempo e optar a qualquer tempo; 
A partir de 21/09/2007 (E.C. 54) – residir no Brasil a qualquer tempo e optar após atingida a maioridade e, por força do art. 95 do ADCT (incluído pela mesma E.C.), os nascidos entre 07/06/1994 e 21/09/2007 poderiam residir no Brasil e procederem ao registro em ofício próprio, dispensando o processo de opção. 
O processo de opção. 
Natureza – procedimento de jurisdição voluntária; 
Competência – Justiça Federal – art. 109, X, CRFB/88; 
Procedimento: Lei n.º 818/49. Atendidos os requisitos da opção, ouvido o MP Federal, o juiz prolatará sentença homologando a opção pela nacionalidade brasileira. 
3 – Nacionalidade derivada. 
Nacionalidade derivada – ocorre por via da naturalização, cuja concessão é uma ato unilateral e discricionário do Estado no exercício de sua soberania, podendo conceder ou negar a nacionalidade a quem, estrangeiro, a requeira. Não está o Estado obrigado a conceder a nacionalidade mesmo quando o requerente preenche todos os requisitos estabelecidos pelo legislador. 
Art. 12, CRFB/88 – São brasileiros: 
II – naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária); 
Lei n.º 6.815/81 (estatuto do estrangeiro), arts. 111 a 124 – regula o processo de naturalização junto ao Mins. Justiça. 
Condições legais para concessão da naturalização – art. 112 da Lei n.º 6.815/81: 
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ser registrado como permanente no Brasil; 
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; 
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; 
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; 
VI - bom procedimento; 
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão superior a 1 (um) ano; e 
VIII - boa saúde. 
Art. 12, CRFB/88 – São brasileiros: 
II – naturalizados: 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (naturalização extraordinária). 
A hipótese trata de naturalização a ser concedida pelo Estado, decorrente de requisitos constitucionais objetivos, razão pela qual, neste caso, a naturalização não será ato discricionário e deverá ser concedida, atendidos os requisitos constitucionais. 
Art. 12, § 2º, CRFB/88 – A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
Por conseguinte, as únicas restrições aos brasileiros naturalizados são as constantes na Constituição:
 - em matéria de direitos políticos, o art. 12, § 3º, declara privativos de brasileiro nato os cargos mais importantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, das carreiras diplomática e militar; 
 - o art. 89, inciso VII, que trata dos seis cidadãos brasileiros participantes do Conselho da República, para os quais também exige a condição de brasileiros natos. 
4 – Direitos Especiais dos Portugueses.
Art. 12, § 1º, CRFB/88 – Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses – Decretos ns.º 70.391/72 e 70.436/72 e Tratado de Amizade – Decreto 3.927/01: 
1 – a igualdade deve ser reconhecida, no Brasil, pelo Ministério da Justiça, aos portugueses que a requeiram, desde que civilmente capazes, segundo a lei brasileira e com residência permanente; 
2 – iguala brasileiros e portugueses em direitos e deveres, ressalvados pelas Constituições de cada Estado aos que tenham nacionalidade originária; 
3 – extingue - se a igualdade com a cessação da autorização de permanência no território do Estado ou perda da nacionalidade portuguesa; 
4 – o gozo dedireitos políticos será concedido aos que tiverem anos de residência permanente, condicionado ao requerimento à Justiça Eleitoral (alistamento eleitoral); 
5 – o português equiparado tem acesso ao alistamento, que é pressuposto necessário para a capacidade eleitoral passiva. A Constituição, porém, reservou para alguns cargos a exigência da nacionalidade originária (art. 12, § 3º); 
6 – o gozo dos direitos civis poderá ser concedido a qualquer tempo, desde que requerido; 
7 – a titularidade do estatuto de igualdade por brasileiros em Portugal e por portugueses no Brasil não implicará em perda das respectivas nacionalidades; 
8 – a igualdade quanto aos direitos políticos não abrange as pessoas que, no Estado da nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes;
9 – o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade;
10 – os portugueses beneficiários do estatuto de igualdade ficam submetidos à lei penal do Estado de residência nas mesmas condições em que os respectivos nacionais; 
11 – os portugueses não estão sujeitos à extradição, salvo se requerida pelo Governo de Portugal, ressalvados os casos de crime político e de opinião;
12 – os portugueses beneficiários do estatuto de igualdade, que se ausentarem do território do Estado de residência terão direito à proteção diplomática apenas do Estado da nacionalidade. 
5 – Perda da Nacionalidade Brasileira
Art. 12, § 4º, inciso I, CRFB/88: Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 
* Hipótese chamada pela doutrina de “perda - punição” 
* Competência da Justiça Federal – art. 109, X, CRFB/88, com procedimento regulado pela Lei n.º 818/49, cuja sentença terá efeitos ex nunc, após o trânsito em julgado, com a declaração de extinção do direito. Inquérito – Polícia Federal. Denúncia – MPF. 
* Somente se aplica aos brasileiros naturalizados 
* Não existe legislação que defina “atividade nociva ao interesse nacional”. Logo, ficará a cabo do Juiz Federal decidir caso a caso. 
Art. 12, § 4º, inciso II, CRFB/88: Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
* Hipótese chamada pela doutrina de “perda - mudança” 
* A aquisição deverá ser voluntária, mediante manifestação expressa 
* Aplica - se tanto aos brasileiros natos quanto aos naturalizados 
* Procedimento regulado pela Lei n.º 818/49, com processo administrativo instaurado de ofício pelo Ministério da Justiça, com decisão de efeitos ex nunc. 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
* Aceitação tácita da nacionalidade estrangeira, não havendo conduta voluntária do indivíduo, que não buscou essa nacionalidade. Ex: Israel prevê a aquisição automática da nacionalidade israelense no momento da obtenção do status de imigrante por pessoa de religião judaica. 
* No caso de legislação estrangeira que prevê a possibilidade de opção pela nacionalidade em casos ius sanguinis, a doutrina brasileira está extremamente dividida (escolha x aceitação de status). 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição de permanência em seu território ou para exercício dos direitos civis. 
SITUAÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO.
1 – Ingresso no país – Lei n.º 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro. 
Art. 1º - Em tempo de paz, qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele sair, resguardados os interesses nacionais. 
Os interesses da Nação de que trata o artigo 1º, são os critérios subjetivos. Estes estão elencados no artigo 2º: 
a) a segurança nacional; 
b) a organização institucional; 
c) os interesses políticos, socioeconômicos e culturais do Brasil; 
d) a defesa do trabalhador nacional. 
Então, a concessão de visto, conforme os artigos 1º e 2º, sempre estará condicionada aos interesses nacionais, o que dá ao Poder Público discricionariedade para deferir os pedidos feitos, atentando - se, então para a oportunidade e conveniência. O recebimento do estrangeiro no Brasil é um direito e não um dever do Estado, não configurando, caso haja denegação do pedido, lesão ao direito individual. 
1.1 Vistos. 
O brasileiro para sair do Brasil precisa de passaporte, espécie de autorização do Governo para que daqui possa ausentar - se em busca de outro Estado. Do mesmo modo, deve proceder aquele que, saindo de outra terra, desloca - se com o fim de nos visitar ou aqui morar. 
Entretanto, para entrar em nosso território o estrangeiro necessita de visto em seu passaporte, do consulado ou embaixada do Brasil, isto é, do local da respectiva procedência. 
O visto, contudo, não é um direito, e sim um ato de cortesia. Só fará jus à autorização para penetrar no território de qualquer Estado, o estrangeiro cujo proceder não se choca com a ordem pública local, ficando esta avaliação a critério das autoridades daquele Estado. 
Entre nós, o art. 7º da Lei n.º 6.815/80 disciplina: 
Art. 7º - Não será concedido visto ao estrangeiro: 
I – menor de dezoito anos, desacompanhado do responsável legal ou sem sua autorização expressa; 
II – considerado nocivo à ordem ou aos interesses nacionais; 
III – anteriormente expulso do país, salvo se a expulsão tiver sido revogada; 
IV – condenado ou processado em outro país por crime doloso passível de extradições segundo a lei brasileira; 
V – que não satisfaça as condições de saúde estabelecidas pelo Ministério da Saúde. 
O Ministério da Saúde, periodicamente, expede portarias e resoluções para delimitação geográfica de origem, viabilizando os critérios de exigência relativos a doenças infecciosas, condicionando a concessão de visto a apresentação de certificados de imunização e exames complementares estabelecidos em suas normas técnicas. 
Art. 29 do Decreto n.º 86.715/81 (regulamenta a Lei): 
Cabe ao Ministério da Saúde, através da Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras, examinar e fiscalizar as condições de saúde do estrangeiro candidato à entrada ou permanência no Brasil. 
Art. 30 do Decreto n.º 86.715/81 (regulamenta a Lei): 
O exame de saúde no exterior, para concessão de visto consular a estrangeiro que pretenda entrar no Brasil, deverá ser efetuado por médico da confiança da Repartição Consular Brasileira. 
O visto recebe a denominação de acordo com o objetivo visado, podendo ser de trânsito, de turista, temporário, permanente, de cortesia, oficial e diplomático, na forma do art. 4º da Lei n.º 6.815/80. 
Visto de trânsito. 
Art. 8º - O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de destino, tenha de entrar em território nacional. 
§ 1º - O visto de trânsito é válido para uma estada de até 10 (dez) dias improrrogáveis e uma só entrada. 
§ 2º - Não se exigirá visto de trânsito ao estrangeiro em viagem contínua, que só se interrompa para escalas obrigatórias do meio de transporte utilizado. 
Caso o estrangeiro imprescinda de ter de passar pelo território brasileiro para chegar ao país de seu destino, no máximo de dez dias, terá assim que obter visto de trânsito. 
O estrangeiro ao pretender visto deverá apresentar o seguinte: 
I – passaporte ou documento equivalente; 
II – certificado internacional de imunização; 
III - bilhete de viagem para o país de destino (art. 15 do Decreto n.º 86.715/81). 
Entretanto, se a passagem é apenas pelo território brasileiro com parada rápida em algum porto ou aeroporto, não há necessidade de concessão de visto. 
Na hipótese de interrupção da viagem contínua do estrangeiro, por impossibilidade de prosseguimento por motivo imperioso, o transportador, ou seu agente, dará conhecimento ao Departamento de Polícia Federal, por escrito, que, se julgar necessário, determinaráo local em que o estrangeiro deverá permanecer e as condições a serem observadas por ele, não devendo o prazo de estada exceder o estritamente necessário ao prosseguimento da viagem. 
1.1.2 Visto de turista. 
É sempre concedido a estrangeiro que vem ao Brasil em caráter recreativo ou simplesmente de visita, isto é, sem fim imigratório, tampouco com intuito de exercício da atividade remunerada (art. 9º). 
Mediante acordo internacional, o visto de turista é dispensado entre habitantes de países limítrofes, pois a simples carteira de identidade outorga direito ao habitante de um Estado entrar no território do outro, sem, contudo, ter o direito de nele fixar - se (art. 10). 
Outrossim, a reciprocidade será estabelecida em acordo internacional que observará o prazo de estada do turista, que é de 5 anos, proporcionando múltiplas entradas, com estadas não excedentes a 90 dias por ano, prorrogáveis por igual período (art. 12). 
Na forma do art. 105, o estrangeiro turista ou em trânsito não poderá tripular navio brasileiro para viagem não redonda (só de ida), ressalvados os casos de embarcações de seu país, mediante autorização do Ministério da Justiça. 
Por fim, logicamente pela proibição do art. 9º, não pode o estrangeiro turista permanecer em solo pátrio depois de exaurido o prazo de visto, nem exercer, mesmo na sua vigência, atividade remunerada. 
Visto temporário. 
Apesar de todos os outros serem vistos temporários, com exceção do permanente, esta modalidade é assim denominada em virtude de sua finalidade própria. De acordo com o art. 13 da Lei, o visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro, nos prazos do art. 25 do Decreto 86.715/81: 
I – em viagem cultural ou em missão de estudos (até 2 anos); 
II – em viagem de negócios (até 90 dias); 
III – na condição de artista ou desportista (até 90 dias); 
IV – na condição de estudante (até 1 ano); 
V – na condição de cientista, professor, técnico ou profissional de outra categoria sob regime de contrato ou serviço do Governo brasileiro (até 2 anos); 
VI – nas condições de correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa estrangeira (até 4 anos); 
VII – nas condições de ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa (até 1 ano). 
Os prazos enumerados no art. 25 do Decreto 86.715/81 poderão ser prorrogados por igual período, na forma do art. 66 do mesmo diploma. 
1.1.4 - Visto permanente. 
É dado ao estrangeiro que se dispõe a morar no território nacional, com o intuito de produzir pelo menos o necessário para o seu sustento, da própria família e fazer do Brasil sua segunda pátria. 
Todavia, não é qualquer estrangeiro que pode imigrar para o Brasil, prevendo a Lei que a imigração tem como escopo principal o aumento de mão - de - obra especializada com vista à celeridade da produção e consequente desenvolvimento social (art. 16 da Lei). 
Finalmente, a concessão de visto permanente poderá ficar condicionada, por prazo não superior a cinco anos, ao exercício de atividade profissional certa e à fixação de domicílio em determinada região do território nacional (art. 18 – imigração dirigida). 
Conforme previsto no art. 101 da Lei, dentro do prazo fixado na concessão do visto para estas condições, o estrangeiro não poderá mudar de domicílio ou de atividade profissional, nem exercê - la fora daquela região, salvo em casos excepcionais, mediante autorização do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho. 
Tal dispositivo afronta direito fundamental? – liberdade de locomoção (art. 5º, LXVIII) e liberdade de profissão (art. 5º, XIII – condições de capacidade). 
De acordo com o art. 27 do Decreto 86.715/81, para o visto permanente o estrangeiro deverá apresentar: 
I – passaporte ou documento equivalente; 
II – certificado internacional de imunização; 
III – atestado de saúde; 
IV – atestado de antecedentes pessoais; 
V – prova da residência; 
VI – certidão de nascimento ou de casamento; 
VII – contrato de trabalho visado pela Secretaria de Imigração do Ministério do Trabalho, quando for o caso. 
OBS. Aos portugueses, como já visto, não se aplica a regra da imigração dirigida, na forma do Estatuto e dos tratados. 
1.1.5 Vistos oficial, diplomático e de cortesia. 
Os referidos vistos são da competência do Ministério das Relações Exteriores, podendo prorrogá - los ou mesmo dispensá - los. Mesmo assim, nos termos do art. 26 da Lei, a entrada ou estada do estrangeiro no Brasil ainda fica a depender do Ministro da Justiça, caso entenda ser indesejável sua presença entre nós, ocasião em que poderá ser obstado. Não tem, entretanto, o citado Ministro da Justiça poder discricionário para de igual modo agir contra o visto concedido a Chefes de Estado ou membros do Governo alienígena, inclusive no que tange a agentes consulares ou diplomáticos. 
O visto oficial é concedido ao estrangeiro que vem ao Brasil em missão oficial bem como aos funcionários de órgãos internacionais. 
O visto diplomático é específico das autoridades diplomáticas estrangeiras acreditadas junto ao Governo Brasileiro. 
O visto de cortesia é oriundo de convite feito pelas autoridades do nosso Governo a pessoas amigas do Brasil e de reconhecido valor. 
1.1.6 Transformação dos vistos – temporário em permanente. 
Art. 37. O titular do visto de que trata o artigo 13, incisos V e VII, poderá obter transformação do mesmo para permanente (art. 16), satisfeitas às condições previstas nesta Lei e no seu Regulamento (art. 7º da Lei e art. 5º do Decreto n.º 86.715/81). 
Art. 13. O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil: 
V - na condição de cientista, professor, técnico ou profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço do Governo Brasileiro; 
VII - na condição de ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa. 
§ 1º. Ao titular do visto temporário previsto no inciso VII do art. 13 (ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa) só poderá ser concedida a transformação após o prazo de dois anos de residência no País. 
§ 2º. Na transformação do visto poder - se - á aplicar o disposto no artigo 18 desta Lei (imigração dirigida). 
1.1.7 Transformação dos vistos – diplomático ou oficial em temporário ou permanente. 
Art. 39. O titular de visto diplomático ou oficial poderá obter transformação desses vistos para temporário (artigo 13, itens I a VI) ou para permanente (artigo 16), ouvido o Ministério das Relações Exteriores, e satisfeitas as exigências previstas nesta Lei e no seu Regulamento.
Parágrafo único. A transformação do visto oficial ou diplomático em temporário ou permanente importará na cessação de todas as prerrogativas, privilégios e imunidades decorrentes daqueles vistos. 
1.1.8 Transformação dos vistos – turista, trânsito, temporário ou permanente em oficial ou diplomático. 
Art. 42. O titular de quaisquer dos vistos definidos nos artigos 8°, 9°, 10, 13 e 16, poderá ter os mesmos transformados para oficial ou diplomático.
 Natural de país limítrofe. 
Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domiciliado em cidade contígua ao território nacional, respeitados os interesses da segurança nacional, poder - se - á permitir a entrada nos municípios fronteiriços a seu respectivo país, desde que apresente prova de identidade. 
§ 1º Ao estrangeiro, referido neste artigo, que pretenda exercer atividade remunerada ou frequentar estabelecimento de ensino naqueles municípios, será fornecido documento especial que o identifique e caracterize a sua condição, e, ainda, Carteira de Trabalho e Previdência Social, quando for o caso. 
§ 2º Os documentos referidos no parágrafo anterior não conferem o direito de residência no Brasil, nem autorizam o afastamento dos limites territoriais daqueles municípios. 
 MEDIDAS COMPULSÓRIASEstá plenamente consolidada na sociedade internacional a repulsa à coação para saída de nacionais do território de seu próprio Estado. Essa postura é fruto da caminhada humana em favor da pessoa e dos valores democráticos, que repugnam o afastamento forçado de seu povo. Nesse viés, os institutos jurídicos de saída compulsória de pessoas limitam - se aos estrangeiros, disciplinando as situações em que é lícita essa conduta. 
Jacob Dolinger estuda as formas coercitivas de saída da pessoa, citando algumas não mais admitidas nas ordens jurídicas modernas, utilizando ainda termos como repatriamento, que hoje corresponde à deportação ou expulsão. 
Outro instituto citado pelo autor é o banimento, que consiste na expulsão de um nacional do país. Repelido pelas legislações mais avançadas e humanizadas, foi abolido do direito brasileiro pela Constituição de 1891. No entanto, em períodos de conturbação da vida nacional, como na ditadura de Vargas e no regime militar de 1964, praticou - se o banimento de brasileiros. 
Passemos aos institutos previstos na legislação pátria. 
2.1 Expulsão. 
A expulsão é o ato pelo qual o estrangeiro, com entrada ou permanência regular no Brasil, é obrigado a abandonar o País. Isso ocorre quando ele atenta contra a segurança nacional, a ordem pública (soma dos valores morais e políticos de um povo – incluídos os bons costumes e a ofensa a soberania) ou social, a tranquilidade ou a moralidade pública e a economia popular, ou quando seu procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. 
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que: 
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê - lo, não sendo aconselhável a deportação; 
c) entregar - se à vadiagem ou à mendicância; ou 
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro. 
Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua revogação. 
Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far - se - á por decreto.
Processo de expulsão – arts. 100 a 109 do Decreto 86.715/81: 
1 – remessa pelo Ministério Público ao Ministério da Justiça, de ofício, cópia da sentença condenatória do estrangeiro autor de crime doloso ou de qualquer crime contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a economia popular, a moralidade ou a saúde pública, assim como da folha de antecedentes penais constantes dos autos; 
2 - o Ministro da Justiça, recebidos os documentos mencionados neste artigo, determinará a instauração de inquérito para expulsão do estrangeiro ao Departamento de Polícia Federal; 
3 – decurso das fases procedimentais, tais como notificação, interrogatório e defesa, podendo o expulsando indicar defensor e as provas que pretende produzir, fazendo jus, ainda, a defensor dativo; 
4 – concluído o inquérito, este será remetido o Ministro da Justiça, que submeterá à decisão do Presidente da República; 
5 – caberá pedido de reconsideração do ato expulsório, exceto se o decreto se der em decorrência das hipóteses previstas no art. 65, caput, e tráfico de entorpecentes. 
A expulsão não é uma pena, mas sim medida administrativa. Esta é a posição majoritária. Todavia, mesmo não sendo uma pena nos termos do direito positivo, acaba por ser de fato, pois tudo aquilo que causa constrangimento pode ser considerado uma apenação. 
Somente serão expulsos estrangeiros com permanência regular no País. Assim, se o brasileiro naturalizado tiver anulada sua naturalização, poderá ser expulso, já que voltará a ser estrangeiro. 
 Expulsão - exceções. 
Art. 75. Não se procederá à expulsão: 
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; 
OBS. Crime político ou de opinião cometidos no país de origem. Nestas hipóteses não haverá expulsão (art. 5º, LII, CRFB/88). Já nos casos de crime punível com morte, a expulsão jamais se dará para o Estado do crime, e sim para um outro de sua preferência. 
II - quando o estrangeiro tiver: 
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou 
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. 
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. 
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar - se a qualquer tempo. 
Deportação. 
Trata - se do processo de devolução de estrangeiro com entrada ou permanência irregular ou que se torne irregular, no Brasil. Ele deverá retornar compulsoriamente para o seu Estado ou para aquele de onde proveio. 
Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua deportação. 
§ 1º Será igualmente deportado o estrangeiro (c/c 98, I, Decreto 86.715/81): 
1 – natural de país limítrofe, se afastar dos limites territoriais daqueles municípios (art. 21, § 2º); 
2 – se afastar do local de entrada no país, sem que seus documentos sejam devidamente visados (art. 24); 
3 – deixar de recolher qualquer pena pecuniária imputada em virtude da Lei (art. 26, §1º e 64); 
4 – exercer atividade remunerada sem o devido visto; 
5 – infringir as regras de imigração dirigida (art. 98 e 101). 
DIFERENÇAS ENTRE 
DEPORTAÇÃO/EXPULSÃO 
Quanto à causa
“D” - O estrangeiro penetra no país de forma irregular, ou a sua permanência se torna irregular. / “E” - O estrangeiro tem permanência regular, mas esta se torna inconveniente ao país anfitrião, por crime ou atitude cometida por ele. 
Quanto ao devido processo 
“D” - Não existe. / “E” - Sempre haverá instrução sumária, respeitados o contraditório e ampla defesa, com decisão final do Presidente da República.
Quanto aos efeitos 
“D” - O deportado poderá retornar ao país, desde que regularizada a causa que impedira sua permanência. / “E” - O expulso só voltará se for revogado o decreto de expulsão, sob as penas do 338 do CP – reclusão e nova expulsão.
3 – Extradição. 
3.1 – Conceito e classificação. 
Entende - se a extradição como o processo pelo qual um Estado entrega, mediante solicitação pessoa condenada ou indiciada do Estado interessado, país requerente, cuja legislação é competente para julgá - la pelo crime que lhe é imputado. Destina - se a julgar autores de ilícitos penais, não sendo, em regra, admitida para processos de natureza puramente administrativa, civil ou fiscal. 
O instituto da extradição visa repelir crime, sendo aceito pela maioria dos Estados, como manifestação da solidariedade e da paz social entre os povos. A partir do Tratado de Paz de Amiens (cidade francesa), entre França, Inglaterra e Espanha, de 1802, que deu à extradição seu rumo quase definitivo, não prevendo sequer a extradição por crime político. A consagração dessa orientação veio com a Lei Belga de 1833, que excluiu de seu alcance, em termos definitivos, os criminosos políticos. 
Em síntese, a extradição pode ser vista conforme quadro abaixo: 
Quanto ao pedido 
(passiva) Estado requerido (ativa) Estado que requer 
Quanto à finalidade 
(instrutória) para julgamento (executória) para cumprimento da pena já imposta 
3.2 – Extradição de nacionais. Quase todos os Estados negam a extradição de seus nacionais, inclusive o Brasil. Constituem honrosas exceções o Reino Unido e os Estados Unidos. A Colômbia,

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