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Poder Constituinte

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Fale sobre o Poder Constituinte Originário
Antes de ingressar no assunto, é necessário diferenciar o poder constituinte da teoria do poder constituinte, esta segundo os ensinamentos do doutrinador Paulo Bonavides trata-se de um teoria que legitima o poder, cujo surgimento data da Revolução Francesa de 1789, contexto no qual Emmanuel Sieyés produziu sua obra “Que é o Terceiro Estado?”, teorizando e despersonalizando o poder constituinte que sempre existiu, a partir da teorização deste poder as instituições produzidas pelo homem passam a ter razão jurídica. Neste contexto, é importante ressaltar que Sieyés adequa o poder constituinte ao sistema representativo, pois o procedimento constituinte não precisa ser necessariamente direto, podendo ficar a cargo de representantes.
O Poder Constituinte Originário, de acordo com o já referido doutrinador, é aquele que funda o estado e lhe dá uma Constituição ou refunda uma ordem a partir de uma ruptura com a ordem anterior, ocasionado, por exemplo, por uma revolução constituindo assim desses dois modos o fundamento de validade da ordem jurídica, é o poder que tudo pode, sendo também um Poder Desconstituinte, uma vez que pode surgir de uma ruptura, desconstituindo assim um estado e constituindo outro. Ao fundar ou refundar uma ordem prescreve a forma de organização do estado, é a expressão do direito por meio de uma vontade política. E exatamente por ter a capacidade de impor o direito é um poder soberano de natureza política, pois não está submetido a nenhum texto normativo, como afirma o autor Carlos Ayres Britto “o Poder Constituinte está do lado de fora da Constituição”, já que é seu criador. A Constituição “parida” pelo Poder Constituinte deve ter legitimidade, ou seja, ter correspondência com a ideia de direito da sociedade para a qual foi formulada, caso contrário ela não alcançará eficácia.
Em relação a suas caraterísticas, podemos nos valer dos ensinamentos de Carlos Ayres Britto, o Poder Constituinte é caracterizado como inicial, incondicionado e ilimitado, sendo que a primeira caraterística decorre da sua própria definição, é ele que inicia o estado e o ordenamento jurídico, não há nenhum outo poder acima dele, por isso é extrajurídico, fazendo o direito para o estado. E também incondicionado, não é passível de auto-regulação constitucional, apenas cria as regras que orientarão sua ação na criação da constituição, ou seja, o regimento interno da Assembléia Constituinte. Além de que, é ilimitado, o poder que tudo pode, não conhecendo condicionantes, possuindo a liberdade de decidir o que colocará no Texto da Constituição, é a expressão da vontade nacional que não está atrelada a nenhum poder constituído, por preceder a formação do direito.
Mas afinal quem detêm este poder? O Poder Constituinte não é algo abstrato, está sempre atrelado a alguém e quem o possui é o titular do poder constituinte, responsável por colocá-lo em ação, sobre isso Paulo Bonavides ressalta a questão da oscilação da titularidade no decorrer da história, na Idade Média o titular era Deus, a única fonte de poder existente, a causa primeira, posteriormente com a ascensão das monarquias absolutistas, o monarca passou a exercer essa titularidade, a sua vontade era a única que tinha importância. Com a Revolução Francesa a titularidade passou a pertencer a nação, que segundo Sieyès era a única que detinha legitimidade para expressar tal poder, atualmente a titularidade reside no povo (elemento constitutivo do Estado), em razão da ascensão democrática, o povo pode exercer o poder constituinte por via direta ou indireta. Em ambos os casos é eleita, pelo povo, uma assembleia constituinte, que nada mais é do o agente do poder constituinte (um órgão da sociedade), que se extingue para sempre após elaborar a constituição, morre quando esta nasce, pela via direta a Constituição passa antes de ser promulgada pelo voto do povo ao contrária da via indireta, o relevante é ser a Constituição legitima assentada na vontade popular. Infere-se disto, que a titularidade varia de acordo com as condicionantes históricas, e tem por caraterística ser permanente, mantém-se viva mesmo que inativa ao contrário do agente, o Poder constituinte nas palavras de Carlos Ayres Britto “sobrevive ao seu próprio labor (...) e é assim que pode gestar quantas Constituições quiser. A qualquer tempo.”
Paulo Gustavo Gonet Branco fala sobres a questão da recepção, pois em casos de ruptura onde há a substituição do fundamento de validade da ordem jurídica, todas aquelas normas infraconstitucionais que não forem compatíveis com a nova constituição passam a ser inválidas, enquanto as outras que estiverem em conformidade continuam, este fenômeno chamando de recepção foi teorizado por Hans Kelsen. Não há uma mudança no conteúdo da norma, mas sim no seu fundamento de validade. O Brasil teve sua última experiência Constituinte originária em 1988, quando a Assémbleia Constituinte (agente) promulgou a atual Constituição.
Fale sobre o Poder Reformador
O Poder Constituinte originário ao elaborar um Constituição constitui poderes, pois ele precisa acompanhar algumas modificações sociais para as quais seria desnecessário que o Poder constituinte originário viesse a agir, o que geraria uma grande instabilidade política e jurídica. Em razão disto, o originário determina a existência do Poder Reformador que recebe várias denominações que variam conforme o doutrinador.
De acordo com o doutrinador Paulo Bonavides o Poder Constituinte Constituído (poder reformador), é um poder de natureza jurídica pois está prescrito na Constituição, ou seja, dentro do mundo do direito, não nasce antes da constituição, mas em razão dela. Tem como função a reforma Constitucional, ou seja, modificar a o texto da constituição dentro das condições que ela mesma estabelece e permite. Só se pode falar em Poder de Reforma, segundo Celso Ribeiro Bastos, em Constituições rígidas nas quais o processo de elaboração e aprovação de emendas constitucionais seguem um trâmite mais rigoroso do que as demais leis do ordenamento jurídico, o que permite um maior estabilidade 
O Poder de Reforma inclui tanto a possibilidade de emendas constitucionais quanto a revisão Constitucional, no Texto Magno de 1988 a revisão que tem por intuito alterações gerais no Texto ficou prevista no art. 3º, ADCT, permitindo a realização de uma única revisão, restando atualmente somente a possibilidade de emenda. Também possui assim como o originário titular e agente, podendo ser titular as duas Casas ou o próprio povo, enquanto o agente, no caso do Brasil, é o Congresso Nacional pelo que está previsto na Constituição. Sendo um poder constituído suas características são contrárias as do Poder Constituinte originário, trata-se de um poder derivado, pois não inicia o ordenamento provêm dele e sem o qual não existiria, é apenas uma norma de modificação, é poder condicionado um vez que tem obedecer as normas da Constituição não podendo seguir outro caminho para a reforma, e dispor sobre o que é permitido, é um poder limitado pois não pode tratar livremente da matérias que bem entender, deve apenas modificar o que a constituição lhe autoriza devendo dispor de normas em conformidade com o restante do texto constitucional.
As limitações segundo Celso Ribeiro Bastos podem ser limites processuais que se referem ao órgão competente para propor a iniciativa de emenda e ao quorum necessário para a aprovação, que deve ser três quintos do Congresso nacional, sendo votada duas vezes. Há também as limitações circunstanciais, que impedem a reforma da constituição em períodos em que a manifestação do órgão reformador está ameaçada, como no caso de estado de defesa. Existem as limitações temporais, a própria constituição possui norma que proíbe a reforma durante um período de tempo, como a CF brasileira no que concerne a revisão constitucional. E por fim as limitações materiais, pois o poder reformador não pode dispor sobre determinadas matérias como a forma federativa de estado, o voto direto, secreto,universal e periódico, os direitos e garantias individuais e a separação dos poderes, são a chamadas cláusulas pétreas. Todas estas limitações constam na Constituição Federal no art.60. O Poder Constituído segundo Carlos Ayres Britto “é sempre o poder de fazer o menos sem nunca chegar a fazer o mais”.
Poder Reformador e cláusulas pétreas, sua relação com o controle de constitucionalidade.
As cláusulas pétreas formam um núcleo que não pode ser alterado pelo poder reformador (limitações materiais), pois seu conteúdo constitui o cerne da Constituição, estão petrificadas por representarem avanços no campo jurídico e/ou político e que qualquer supressão a elas leva ao retrocesso. Segundo o constitucionalista José Afonso da Silva as cláusulas pétreas podem estar explicitas, como no art. 60, CF ou implícitas no texto constitucional, sendo que o poder reformador não pode, por determinação do poder constituinte originário, colocar na constituição emendas tendentes a ferir estas cláusulas. As limitações materiais implícitas impedem, de acordo com o referido autor, que o poder reformador altere o seu titular e o do poder constituinte originário, pois é um poder constituído que não tem força e nem legitimidade para isso, não pode dispor também sobre o processo de emenda da constituição, já que seria ilógico o poder reformador alterar a norma que lhe permite e delimita sua ação, há ainda outro não listada por José Afonso que se refere a inalterabilidade da cláusula que institui cláusulas pétreas.
Essas emendas passam por um controle de constitucionalidade pois não podem confrontar a Constituição, caso isso aconteça a norma não é inclusa no texto constitucional. Deve-se ressaltar que uma norma constitucional não pode ser declarada inconstitucional, pois a inconstitucionalidade se dá entre dois planos normativos, ou seja, entre leis constitucionais e infraconstitucionais, porém, excepcionalmente, pode acontecer a declaração de inconstitucionalidade de uma norma constitucional, quando a proposta de emenda contrariar norma definidora de cláusula pétrea.
Poder Constituinte Decorrente
Segundo os ensinamentos de José Afonso da Silva, o Poder Decorrente é um poder constituído pelo poder originário, portanto, assim como o reformador é derivado, condicionado e limitado. É característico da forma federativa de estado, pois a expressa a capacidade de auto-organização dos estado membros, afirma a sua inerente autonomia. Por ser autônomo e não soberano, o poder decorrente deve respeitar as limitações constitucionais, dispondo sobre as matérias de sua competência e em conformidade com a Constituição. Tal poder, no Brasil, manifestou-se sempre por meio da Assembléia Constituinte Estadual, que se dissolve após a elaboração da Constituição Estadual.
O referido autor aponta as limitações ao poder decorrente em razão dos princípios constitucionais sensíveis, que estão enumerados pelo texto constitucional e dizem respeito a forma de “organização dos poderes governamentais do estado”. Há também limitações decorrentes dos princípios constitucionais estabelecidos, alguns de fáceis e outros de difícil identificação no Texto Magno, limitam as áreas de normatização, estabelecendo limites vedatórios proibindo os Estados de estabelecer certar leis e limites mandatórios que obrigam o membro federado a adotar certas normas e princípios, ambos os limites podem se apresentar de maneira implícita na Constituição. Outros limites provém do próprio sistema constitucional, segundo o qual os Estados membros devem sempre seguir certos princípios como: o princípio federativo, pelo qual os Estado são iguais e devem respeitar-se dentro do pacto; princípio do Estado Democrático de Direito, devendo respeitar os valores deste; princípio democrático, respeitando as garantias e direito fundamentais e o princípio da ordem econômica e social, segundo o qual os estados precisam elaborar seus projetos observando a justiça social, saúde, educação e etc.
 Fale sobre mutação constitucional, poder constituinte difuso e tranconstitucionalismo
O poder constituinte difuso é um poder de fato exercido pelos interpretes que aplicam a lei, e se manifesta através das mutações constitucionais também chamadas pelo doutrinador José Joaquim Gomes Canotilho de transições constitucionais, que consistem numa revisão informal da constituição, alterando o sentido e não o texto da norma, decorrem da evolução da realidade constitucional, e seu novo sentido não pode ser ilegítimo, ou seja, contrariar os princípios constitucionais
Já o transconstitucionalismo, termo cunhado por Marcelo Neves, diz respeito aproximação das ordens constitucionais dos países e seu entrelaçamento em torno de questões semelhantes, por meio da formação de bloco econômicos/comerciais, como o Mercosul ou de órgão supranacionais como a ONU.
Teoria da Constituição
Constituição em sentido Sociológico
Capítulo I
O autor coloca em evidência o fato de que muitos falam em Constituição e que alguns estudiosos atribuem-lhe definições jurídicas, no entanto, não conseguem atingir na definição a sua verdadeira essência. A fim de atingi-la Lassale propõe-se a estabelecer o gênero próximo e a diferença especifica de uma Constituição através de comparações com outras coisas.
Então, o autor começa a traçar a relação entre Lei e Constituição, ambas passam pela aprovação legislativa, desse modo a Constituição também é uma lei, mas que apresenta uma maior estabilidade e importância do que as leis simples, sendo descrita pela maioria como a lei fundamental. Posto isso, Lassale indaga sobre o que faz uma lei ser fundamental e aponta alguns aspectos: a lei fundamental é básica pois fundamenta todas leis irradiando sobre elas sua influência, o que não permite que elas se apresentem de outro modo tendo essa base fundamental. O conteúdo da leis é influenciado por uma força ativa determinante, entendida pelo autor como sendo os chamados Fatores Reais do Poder.
Tais fatores condicionam o que a lei irá determinar, pois o legislador não possui a liberdade que dizem ele ter. Com o intuído de elucidar essa questão, Ferdinand Lassale supõe que houvesse um incêndio que destruição todos os documentos em que estão as leis, em razão disso novas leis teriam de ser elaboradas. Se naquele país vigorasse uma monarquia, a destruição das leis não destruiria seu poder sobre o Exército, o que impediria a aprovação de novas leis que não reconhecessem sua autoridade, assim a monarquia constitui uma parte da Constituição. O mesmo acontece com a aristocracia, sua influência se mantém, barrando a existência de leis que diminuam se espaço de atuação no poder, por isso, aristocracia estando ao lado da nobreza é também uma parte da Constituição.
No entanto, se a nobreza tentasse estabelecer um sistema se organização, como o medieval, que inviabilizasse a produção capitalista da burguesia, esta se insurgiria ao lado dos trabalhadores para essas leis não fossem aprovadas, infere-se disto que a burguesia constitui uma parte da Constituição. Assim o são também os banqueiros, pois o governo necessita de apoio econômico em dados momentos, recorrendo sempre aos banqueiros, por isso as leis novas não podem desfavorecê-los. Fazem parte da Constituição, do mesmo modo, a consciência coletiva e cultura geral do povo.
Os que acima foram apresentados poderiam sim tolher as liberdades políticas da pequena burguesia e da classe operária, mas não suas liberdades pessoais, pois elas resistiriam com todo seu ânimo, e formam também uma parte da Constituição. Após expor os fatores, Lassale conclui que a Constituição “é a soma dos fatores reais do poder que regem um país”, e se torna jurídica quando escrita numa folha de papel. 
O poder desses grupos não está expressamente no texto constitucional, mas opera por uma via de uma maneira diferente, na Prússia, exemplifica o autor, o método utilizado era a separação do povo em três classes eleitorais de acordo com os impostos que pagavam. A classe mais numerosa e pobre era a que detinha menor poder político,ao passo que um pequeno grupo com posses, possui um grande poder político, usurpando assim as liberdades políticas dos menos favorecidos. Outra alternativa apontada é a determinação por lei da existência de um Câmara Senhorial ou Senado, constituída pelos grandes proprietários.
O rei possui mais poder que essas classes, pois controla o exército que não tem o dever de respeitar a Constituição, somente o rei. Esse poder se sobrepõe ao da nação por ser organizado e possuir instrumentos capazes de coagir, instrumentos esses adquiridos com o dinheiro da nação e que podem ser usados contra ela, por que apesar de deter um grande poder, ele está disperso, é um poder inorgânico, que pode em determinados momentos se impor. Há dois tipos de Constituição, a real e efetiva e a que está na folha de papel
Capítulo II
Segundo Lassale, a Constituição real e efetiva sempre existiu nos países, pois os fatores reais do poder sempre estiveram presentes, exercendo seu poder e condicionando a sociedade. Com o advento da modernidade, esta Constituição foi fixada em uma folha de papel, esta mudança poder ser explicada por transformações que afetam os fatores reais do poder. 
Na Constituição feudal, o príncipe possui um grande poder, porém não o exerce a sua vontade, pois precisa atender ao que a nobreza deseja, já que é ela quem lhe sustenta no poder e está inclusa, com proeminência, nos fatores reais do poder. Em razão da melhoria das técnicas de produção, o excedente de alimentos permitiu o crescimento populacional e posteriormente o desenvolvimento industrial, isso levou a formação de uma nova classe com poderes econômicos, que passou a exercer uma influência crescente sobre o monarca, culminando na diminuição de poderes da nobreza, ou seja, houve uma mudança nos fatores reais do poder, entretanto, a Constituição não estava fixada numa folha de papel.
Essa incipiente classe burguesa começa a crescer no ritmo do desenvolvimento industrial, seu poder ganha proporções enormes que já não pode se submeter as vontades do monarca, precisa governar para atender seus interesses, então acontece a chamada Revolução Burguesa.
Capítulo III
Uma Revolução burguesa, como a da Prússia em 1848, altera o Direito Público enquanto o Privado se mantem estável, esta alteração gerou no caso (Prússia) uma Constituição na folha de papel, que para ser considerada boa deve corresponder aos fatores reais do poder. A Revolução mostrou o poder supremo da nação, que mesmo podendo não operou mudanças no exército em função da sua utilidade e influência.
Então, após a exposição do assunto Ferdinand Lassale chega a algumas consequências, uma delas aponta para o fato de a burguesia na Assembleia Nacional de Berlim não se importava com as questões do exército, somente da Constituição que poderia até não ser escrita, e se fosse não poderia apartar-se dos fatores reais do poder e que se em 1848 essa Assembleia não tivesse sido dissolvida pelo rei, aprovaria a mesma carta que foi aprovada, porém o rei continuou a exercer um forte poder sobre a Constituição podendo alterá-la seu texto, como o fez depois. Além de que, uma constituição só é respeitada e tem força se corresponder aos fatores reais do poder.
Constituição em sentido Político
O estudioso Dirley da Cunha Júnior expõe a concepção política da Constituição encontrada na teoria de Carl Schmitt que aceita o sentido positivo da constituição, entendendo que ela se trata de uma decisão política fundamental através do titular do poder constituinte (o povo). Sendo que a unidade política existe antes da Constituição, é essa vontade que gera a Constituição. Carl Schmitt ressalta que é preciso também distinguir Constituição de Lei constitucional, esta refere-se a um conteúdo normativo que integra a Constituição, entretanto, não tem tanta relevância e podem ser reformadas, ao contrário da Constituição, cujo conteúdo refere-se a forma de estado, de governo, ao regime político, normas que estruturam o Estado, são seu cerne e não podem ser alteradas por reforma constitucional, esta petrificada.
Constituição em sentido Jurídico
Em sua obra “Curso de Direito Constitucional” José Afonso da Silva explica que o sentido jurídico da Constituição se notabilizou com Hans Kelsen, um grande positivista que via a Constituição como jurídica-positiva, a norma suprema responsável por fundamentar todas as outras. Kelsen em sua Teoria Pura do Direito afirmou que a norma é o objeto da Ciência do Direito, o fato da Sociologia Jurídica e o valor da Filosofia do Direito, além de colocar a chamada norma hipotética/fundamental acima e fora da pirâmide normativa, dando fundamento a Constituição, esse ponto é um dos mais obscuros da teoria de Kelsen.
Constituição em sentido Estrutural 
O doutrinador José Afonso da Silva afirma que as concepções sociológica, política e jurídica são unilaterais, partindo disto elabora a concepção estruturalista da Constituição. Segunda a qual, a Constituição seria formada pela entrelaçamento do conteúdo fático, objeto das normas visando a realização de determinados valores, importantes para a coesão social. Esta concepção nos remete a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale, na qual fato, valor e norma estão relacionados na dialética da complementaridade.
Constituição em sentido Culturalista
O Direito é um objeto cultural, pertence ao mundo do construído, desse modo as normas constitucionais são elaboradas levando em consideração o aspectos sociológicos, políticos e culturais de um povo. Pois de nada serve uma Constituição se ela não expressar os valores da sociedade. Esta concepção é desenvolvida por Peter Häberle e Meirelles Teixeira, definindo a Constituição como produto cultural de um povo.
Fale sobre os elementos da Constituição
Segundo José Afonso da Silva a Constituição apresenta cinco categorias de elementos. Sendo que os elementos orgânicos referem-se a normas que versam sobre a estrutura do estatal e do poder, dizendo a forma de estado e de governo, como por exemplo o art. 18, CF, já os elementos limitativos, limitam a ação do governo em certas matérias, como as garantias e direitos fundamentais, também elencados na atual constituição. Os elementos sócio-ideológicos revelam a ideologia adotada pela Constituição, sé é de inclinação liberal ou socialista, a CF de 1988 conseguiu conciliar essas duas ideologias, garantindo a livre concorrência ao mesmo tempo de preserva direitos sociais.
Os elementos de estabilização constitucional são aquelas normas que preveem a solução de conflitos constitucionais, como a questão da inconstitucionalidade, da não violação da autonomia dos membros do pacto federativo. E por fim, o doutrinador apresenta os elementos formais de aplicabilidade estão presentes nas normas relacionadas a aplicabilidade constitucional, como as normas de garantias e direitos fundamentais que tem aplicabilidade imediata, o ADCT se enquadra dentro desses elementos
Fale sobre a classificação das constituições
A Constituição é classificada de várias maneiras, e de acordo com Paulo Bonavides quanto à forma estão divididas em escritas e costumeiras (não escritas), o próprio nome já é em si esclarecedor, as constituições costumeiras não estão fixadas em papel, suas leis e decisões são baseadas no costume e na jurisprudência dos tribunais, entretanto esse tipo de Constituição adotado por exemplo pela Inglaterra, perdeu espaço para as Constituições escritas, cujo surgimento foi influenciado pelo constitucionalismo liberal, a primazia pelas escritas decorre da necessidade de dar maior estabilidade e garantia aos direitos. Estreitamente ligado a forma está a classificação quanto ao modo de elaboração, pois segundo José Afonso da Silva a constituição dogmática é também escrita, criada em um só ato do poder constituinte originário, ao passo que as históricas são as não escritas, elaboradas ao decorre do tempo.
O autor Paulo Bonavides também as classifica quanto a origem em outorgadas, pactuadas e populares. A outorgada sob o ponto de vista jurídico é fruto deum ato unilateral do poder absoluto do governante, que pode modificá-la a qualquer momento, sem nenhuma participação do povo, a Constituição Imperial Brasileira de 1824 foi outorgada por D. Pedro I, em contrapartida há as constituições populares ou democráticas, que traduzem em seu texto a vontade soberana do povo, que pode participar escolhendo uma Assembléia constituinte, delegando a ela toda a responsabilidade de elaboração, tendo também a possibilidade de aprová-la depois de elabora por meio de um referendum, a CF de 1988 se enquadra como popular. As pactuadas surge de um acordo entre grupos de interesses conflitantes como a Constituição francesa de 1791. Há também a cesarista, não mencionada por esse autor, mas que José Afonso da Silva define ser aquela que é elabora por um ditador ou imperador e submetida ao a aprovação popular. 
Quanto a extensão Bonavides as agrupa em prolixas e concisas, estas são breves, básicas, tratam dos assuntos mais fundamentais, como a estruturação do poder estatal, deixando as outras matérias a cargo da legislação complementar, o que permite que um maior adaptabilidade da leis as novas situações, um bom exemplo de constituição concisa vigente é dos Estados Unidos. Ao contrário das prolixas, que são extensas e tratam detalhadamente de vários assuntos, isso acontece devido a estabilidade que a constituição apresenta, sendo preferível colocar certas matérias nela do que na legislação complementar, e assim é nossa CF de 1988.
O constitucionalista José Afonso classifica as constituição também quanto a estabilidade, sendo as flexíveis fáceis de alterar seguindo o processo das leis ordinárias, ao passo que as rígidas, como a de 1988, exigem um quorum e um processo especial para a aprovação de emendas. Entre esses dois tipos há um meio termo, a semi-rígida, que possui uma parte rígida e outra flexível, a única constituição semi-rígida do Brasil foi a de 1824. O referido constitucionalista classifica de acordo com o conteúdo em formais e materiais, estas se referem, em sentido amplo, aquelas versam sobre a organização do poder, e em sentido estrito as que possuem normas de valor constitucional, mesmo outras que não escritas tenham esse valor, sendo chamado por alguns doutrinadores nesse sentido de substancial, o que não é o caso de José Afonso. A formal é o texto normativo em si, por completo, refere-se a matéria fixada pelo poder constituinte. A constituição substancial não é mencionada diretamente pelo autor.
Quanto a essência o doutrinador Gilmar Mendes expõe a classificação de Karl Loewenstein, que as agrupa em normativas, nominais ou semânticas. As normativa estão em plena efetividade e limitam o poder, enquanto a nominais apesar de válidas ainda não conseguiram colocar em prática todas a suas normas, e a semântica é usada para manter o governante no poder, como a Emenda de 1997 que passou a prever a reeleição presidencial. O mesmo doutrinador apresenta a classificação quanto a finalidade, dividindo-as em constituição-garantia e programática, esta organizam a estrutura de poder e trançam objetivos culturais econômicos e sociais, enquanto a garantia foca sua atenção para a estrutura de poder e direitos individuais, há também a constituição-balanço, não mencionada pelo autor, mas que o estudioso Zulmar Fachin diz ser aquela que se atualiza de tempos em tempos, como da constituição da URSS de 1923.
Uma última classificação feita por Zulmar Fachin quanto a ideologia divide as constituições em ortodoxas e ecléticas, a primeira é inspirada por uma única ideologia, como a da URSS, enquanto a segunda é composta por diversas ideologias, como a CF brasileira de 1988, que contém inspiração liberal e socialista.
Constitucionalismo brasileiro
Constituição de 1824
O doutrinador José Afonso da Silva expõe os precedentes da Constituição Imperial de 1824. A vida da família real em 1808, a elevação do Brasil a Reino Unido, deixando de ser colônia e a proclamação da independência em 1822, operaram transformações nas estruturas de poder. Pois um pais independente precisa firma uma unidade nacional, pretendendo para isso, centralizar o poder, neste contexto o constitucionalismo ganha força, sendo outorgada por D. Pedro I em 1824 a Constituição Política do Império do Brasil.
 Seu texto inspirado pela ideologias liberal, garantia os direito individuais, mas contraditoriamente mantinha a escravidão, adotava a forma de estado unitário com províncias subordinadas ao poder central, governado pela tradicional monarquia hereditária. A tradicional tripartição foi modificada, sendo acrescentado o Poder Moderador, um poder absolutista que dava ao imperador amplos poderes, o Poder Executivo era exercido pelos ministros de estado tendo como chefe o Imperador, o Poder Judiciário era composto por magistrados que podiam ser destituídos do cargo a qualquer momento pelo imperador devido ao Poder Moderador. O Poder legislativo era bicameral, a câmara dos deputados era eleita ao contrário da dos senadores que tinha membros vitalícios conservadores que faziam oposição aos grupos mais liberais, eram indicados pelo Imperador, que possuía o poder de dissolver a qualquer momentos. Na cúpula do poder também estava o Conselho de Estado, um órgão consultivo que auxiliava o Imperador na tomada de decisões. Além de instituir a religião católica como oficial, adotar o voto censitário, ou seja, baseado na renda, foi também a única constituição brasileira semi-rígida que exigia um quorum especial para uma parte e para outra não. Os movimentos liberais e republicanos alastraram-se, levando a proclamação da República em 1889.
Fale sobre a Constituição de 1891

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