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Vascularização do Sistema Nervoso Central e Meninges

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● NEUROANATOMIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E MENINGES 
 
 
 O estudo da vascularização do SNC tem grande importância, principalmente pelo fato das doenças vasculares encefálicas 
representarem, atualmente, uma das maiores causas de mortalidade em todo o mundo, além de causarem frequentemente graves 
sequelas. Apesar de o encéfalo corresponder a somente 2% do peso corporal, exige 15% do débito sanguíneo cardíaco e 20% do 
oxigênio respirado no repouso. 
 O sistema nervoso é formado de estruturas consideradas nobres e altamente especializadas, exigindo, portanto, um 
suprimento adequado e permanente para o seu metabolismo. A atividade do encéfalo depende, principalmente, de um processo de 
oxidação de carboidratos para obtenção de energia, e não pode, mesmo que temporariamente, fazer uso de um metabolismo 
anaeróbio. Assim, o consumo de oxigênio e glicose pelo encéfalo é muito elevado, o que requer um fluxo sanguíneo geralmente 
intenso. 
 A parada da circulação cerebral por mais de sete segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após cerca de cinco 
minutos, começam a aparecer lesões que são irreversíveis, pois, como se sabe, os corpos de células nervosas são de difícil 
regeneração. Isso acontece, por exemplo, como consequência de paradas cardiorrespiratórias, das mais variadas etiologias. 
 É importante lembrar que no SNC, ao que parece, não existe circulação linfática. Por outro lado, existe aí a circulação 
liquórica que, entretanto, não corresponde quer anatômica, quer funcionalmente à circulação linfática. 
 De fato, o fluxo sanguíneo cerebral é muito volumoso, sendo superado apenas pelo fluxo do rim e do coração. Calcula-se 
que, em um minuto, circula pelo encéfalo uma quantidade de sangue aproximadamente igual a seu próprio peso. Este fluxo é 
diretamente proporcional à pressão arterial e inversamente proporcional à resistência cerebrovascular. Assim, as variações da 
pressão arterial sistêmica refletem-se diretamente no fluxo sanguíneo cerebral, o que explica o fato de que a sintomatologia de certas 
lesões que diminuem o calibre dos vasos cerebrais (arteriosclerose) é mais grave em indivíduos hipotensos. 
 A resistência cerebrovascular depende principalmente dos seguintes fatores: 
 Pressão intracraniana 
 Condição da parede vascular 
 Viscosidade do sangue 
 Calibre dos vasos cerebrais 
 
 Verificou-se que o fluxo sanguíneo é maior nas áreas mais ricas em sinapses, de tal modo que, na substância cinzenta, ele é 
maior que na branca, o que obviamente está relacionado com a maior atividade metabólica da substância cinzenta. O fluxo sanguíneo 
de uma determinada área do cérebro varia com seu estado funcional. Assim, medindo-se o fluxo sanguíneo na área visual do córtex 
de um animal, verifica-se que ele aumenta consideravelmente quando o animal é colocado diante de um foco luminoso o que 
determina a chegada de impulsos nervosos no córtex visual. 
 
 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL DO ENCÉFALO 
 O encéfalo é irrigado pelas artérias carótidas internas e pelas artérias vertebrais, originadas no pescoço, no qual, 
entretanto, não dão nenhum ramo importante, sendo, pois, especializadas na irrigação do encéfalo. Na base do crânio, estas artérias 
formam um polígono anastomótico, o polígono de Willis, do qual saem as principais artérias para a vascularização cerebral. 
 Do ponto de vista estrutural, as artérias cerebrais são também peculiares. Elas têm, de um modo geral, paredes finas, 
comparáveis às paredes de veias de mesmo calibre situadas em outras áreas do organismo. Esse é um fator que torna as artérias 
cerebrais especialmente propensas às hemorragias. Porém, elas apresentam um espessamento da túnica elástica interna, o que gera 
um mecanismo de dispositivos anatômicos que protegem o contato delas com o tecido nervoso, amortecendo o choque da onda 
sistólica responsável pela pulsação. Também contribui para amortecer o choque da onda sistólica a tortuosidade que apresentam as 
artérias carótidas e as artérias vertebrais ao penetrarem no crânio, assim como as artérias que saem do polígono de Willis. 
 As poucas anastomoses existentes, na maioria das vezes, são incapazes de manter uma circulação colateral útil em caso de 
obstrução no território da carótida interna. As artérias carótidas internas e vertebrais constituem, com as artérias basilares, os dois 
sistemas de irrigação encefálica, o sistema carotídeo interno e o sistema vértebro-basilar. 
 
1. Artéria Carótida Interna – ACI (Circulação Anterior): ramo da bifurcação da artéria carótida comum quando esta se divide 
ao nível da eminência tireoidea. Atribui-se à ACI quatro segmentos: cervical (C1), petroso (C2), cavernoso (C3) e cerebral ou 
supraclinoide (C4). Após um trajeto mais ou menos longo no pescoço, sempre internamente à bainha carotídea, a ACI 
penetra na cavidade craniana pelo canal carotídeo do osso temporal (no qual dá origem a ramos como a A. do canal 
pterigoideo e as Aa. carótico-timpânicas), atravessa o seio cavernoso, no interior do qual descreve em um plano vertical 
uma dupla curva, formando um “S”, o sifão carotídeo, relacionando-se com nervos cranianos como o N. abducente. Dentro 
do seio cavernoso (ao lado do corpo do O. esfenoide), a ACI (porção cavernosa) distribui os seguintes ramos: 
 Tronco meningo-hipofisário: divide-se em artéria tentorial (ou de Bernasconi-Carcinari, que envia ramos para os 
Nn. oculomotor e troclear), artéria hipofisária inferior (irriga o lobo posterior da hipófise), artéria meníngea dorsal 
(envia ramos para o N. abducente). Raramente, origina a artéria inferior do seio cavernoso. 
 Artéria meníngea anterior. 
 Artéria capsular de McConnell: irriga a cápsula da hipófise e a dura-máter que reveste a parede anterior do seio 
cavernoso e do diafragma da sela. 
Arlindo Ugulino Netto. 
NEUROANATOMIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● NEUROANATOMIA 
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A seguir, a ACI atravessa os processos clinoides do O. esfenoide e perfura a dura-máter e a aracnoide. No início do sulco 
lateral, próximo à substância perfurada anterior, divide-se em seus dois ramos terminais: as artérias cerebrais média e 
anterior. Além de seus dois ramos terminais, a ACI (porção cerebral) origina os seguintes ramos também importantes: 
 Artéria hipofisária superior: irriga o lobo anterior da hipófise e o infundíbulo. Participa da formação do sistema 
porta-hipofisário (juntamente com vênulas que drenam diretamente para o seio cavernoso). 
 Artéria oftálmica: emerge da carótida interna quando esta atravessa o seio cavernoso, logo abaixo do processo 
clinoide anterior. Irriga o bulbo ocular e formações anexas. 
 Artéria comunicante posterior: anastomosa-se com a artéria cerebral posterior, ramo terminal da basilar, 
contribuindo para a formação do polígono de Willis. 
 Artéria corioidea anterior: dirige-se para trás, ao longo do tracto óptico, penetra no corno inferior do ventrículo 
lateral, irrigando os plexos corioides, tracto óptico e corpo geniculado lateral, globo pálido, hipocampo e parte da 
cápsula interna (perna posterior). 
 
2. Artérias Vertebral e Basilar (Circulação Posterior): as artérias vertebrais direita e esquerda são ramos da primeira porção 
da artéria subclávia, direita e esquerda correspondentes. Apresentam um trajeto ascendente, subindo na região profunda do 
pescoço dentro dos forames transversos das seis vértebras cervicais superiores; perfuram a membrana atlanto-occipital, a 
dura-máter e a aracnoide logo em seguida, penetrando no crânio pelo forame magno. Percorrem a seguir a face ventral do 
bulbo para constituir um tronco único, a artéria basilar, alojada em um sulco de mesmo nome na ponte. As artérias 
vertebrais originam duas artérias espinhais posteriores e a artéria espinhal anterior. Originam ainda as artérias cerebelares 
inferiores posteriores que irrigam a porção inferior e posterior do cerebelo, bem como a árealateral do bulbo. A artéria basilar 
percorre geralmente o sulco basilar da ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar as artérias cerebrais 
posteriores direita e esquerda. Neste trajeto ascendente em seu sulco, a artéria basilar emite os seguintes ramos: A. 
cerebelar inferior anterior, A. do labirinto, A. cerebelar superior e A. cerebral posterior. Sumariando, temos: 
 Artéria cerebelar inferior posterior: ramo da porção distal da A. vertebral que adota trajeto lateralmente ao bulbo 
para depois contornar a tonsila cerebelar. É responsável pela irrigação da parte dorso-lateral do bulbo, assim como 
a porção inferior do cerebelo. Está relacionada com a Síndrome de Wallemberg. 
 Artéria cerebelar inferior anterior: primeiro ramo da basilar que se distribui à parte anterior da face inferior do 
cerebelo. 
 Artéria do labirinto: penetra no meato acústico interno junto com os nervos facial e vestibulococlear, 
vascularizando estruturas do ouvido interno. Entretanto, é válido ressaltar que em apenas 15% dos casos, a artéria 
do labirinto origina-se diretamente da artéria basilar; na maioria deles, essa artéria é um ramo menor da artéria 
cerebelar inferior anterior. 
 Artéria cerebelar superior: nasce da A. basilar, logo antes das cerebrais posteriores, distribuindo-se para o 
mesencéfalo e parte superior do cerebelo. Entre a artéria cerebelar superior e a artéria cerebral posterior (ramo 
terminal da artéria basilar, que corre paralelamente acima da A. cerebelar superior), localiza-se o nervo oculomotor, 
que pode ser acometido nos casos de aneurismas dessas duas artérias. 
 
CIRCUITO ARTERIAL DO CÉREBRO 
 O circuito arterial do cérebro ou 
polígono (círculo) de Willis é uma rede 
de anastomose arterial de forma poligonal 
situado na base do cérebro, onde 
circunda o quiasma óptico e o túber 
cinéreo, relacionando-se ainda com a 
fossa interpeduncular e a substância 
perfurada anterior. É formado pelas 
porções proximais das artérias cerebrais 
anterior, média e posterior, pela artéria 
comunicante anterior e pelas artérias 
comunicantes posteriores. A artéria 
comunicante anterior é pequena e 
conecta as duas artérias cerebrais 
anteriores adiante do quiasma óptico; as 
artérias comunicantes posteriores unem 
de cada lado as carótidas internas com as 
cerebrais posteriores correspondentes. 
 Praticamente não existe troca de sangue entre as metades esquerda e direta do círculo arterial. Ele permite a manutenção de 
um fluxo sanguíneo adequado em todo o cérebro, em casos de obstrução de uma (ou mais) das quatro artérias que o irrigam. 
 As artérias cerebrais anterior, média e posterior dão origem a ramos corticais e ramos centrais. Os ramos corticais destinam-
se à vascularização do córtex e substância branca subjacente. Os ramos centrais emergem do círculo arterial do cérebro, ou seja, da 
porção proximal de cada uma das artérias cerebrais e das artérias comunicantes. Eles penetram perpendicularmente na base do 
cérebro e vascularizam o diencéfalo, os núcleos da base e a cápsula interna. 
 Quando se retira a pia-máter, permanecem os orifícios de penetração destes ramos entram, o que valeu às áreas onde eles 
penetram a denominação de substância perfurada anterior e posterior. São especialmente importantes, e recebem a denominação de 
artérias lentículo-estriadas (ou Aa. centrais ântero-laterais), os ramos centrais que se destacam da artéria cerebral média e penetram 
na substância perfurada anterior, vascularizando a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna (contribuem ainda para a 
vascularização da cápsula interna e do corpo estriado a artéria corioidea anterior e a artéria estriada medial – artéria recorrente de 
Heubner). 
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TERRITÓRIO CORTICAL DAS TRÊS ARTÉRIAS CEREBRAIS 
 Ao contrário dos ramos profundos, os ramos corticais das artérias possuem anastomoses, pelos menos em seu trajeto na 
superfície do cérebro. Entretanto, elas usualmente são insuficientes para a manutenção de uma circulação colateral adequada em 
casos de obstrução dos troncos principais ou de seus ramos mais calibrosos. Resultam, pois, nestes casos, lesões de áreas mais ou 
menos extensas do córtex cerebral com um quadro sintomático característico das síndromes das artérias cerebrais anterior; média 
e posterior. 
 Artéria cerebral anterior (ACA): um dos ramos da bifurcação da carótida interna, a ACA dirige-se para diante e para cima, 
ganhando a fissura longitudinal do cérebro. Curva-se em torno do joelho do corpo caloso e ramifica-se na face medial de 
cada hemisfério desde o lobo frontal até o sulco parieto-occipital. Esta artéria divide-se ainda ao nível do joelho do corpo 
caloso em dois ramos terminais: a artéria pericalosa (alojada no sulco do corpo caloso) e a artéria calosomarginal (alojada no 
sulco do cíngulo). Ela distribui-se também à parte mais alta da face súpero-lateral de cada hemisfério, onde se limita com o 
território da artéria cerebral média. Ao longo de seu trajeto, a ACA envia ramos corticais primários como: artéria orbitofrontal 
medial (supre o lobo olfatório, giros retos e orbitais); artéria frontopolar (origina-se próximo ao joelho do corpo caloso e supre 
a superfície medial da região pré-frontal); ramos frontais internos anterior, médio e posterior (ramos da A. calosomarginal); A. 
paracentral. Termina se anastomosando com ramos da A. cerebral posterior. A obstrução de uma das artérias cerebrais 
anteriores causa, entre outros sintomas, paralisia e diminuição da sensibilidade no membro inferior do lado oposto, 
decorrente da lesão de partes das áreas corticais motora e sensitiva que correspondem à perna e pé e que se localizam na 
porção alta dos giros pré e pós-central (lóbulo paracentral), além de distúrbios vesicais (por lesão do centro paracortical da 
micção). 
 Artéria cerebral média (ACM): ramo principal da carótida interna, a ACM percorre o sulco lateral em quase toda a sua 
extensão, distribuindo ramos que vascularizam a maior parte da face súpero-lateral de cada hemisfério. Seu território de 
irrigação compreende áreas corticais importantes, como a área motora, a área somestésica, o centro da palavra falada e 
outras. Seus principais ramos corticais são: A. orbitofrontal lateral (supre parte da área de Broca); A. pré-central (ou pré-
Rolândica); A. central (ou Rolandica); A. pós-central (pós-Rolandica ou parietal anterior); A. supramarginal (ou parietal 
posterior); A. angular. As artérias Rolândicas suprem partes adjacentes dos giros pré-frontal e pós-frontal. Obstruções da 
artéria cerebral média, quando não são fatais, determinam sintomatologia muito rica, com paralisia e diminuição da 
sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto no membro inferior, o que determina, portanto, um quadro de paresia e 
parestesia com predomínio braquiofacial), podendo haver ainda graves distúrbios da linguagem. O quadro é especialmente 
grave se a obstrução atingir também ramos profundos da artéria cerebral média (artérias lentículo-estriadas), que, como já foi 
exposto, vascularizam os núcleos da base e cápsula interna (vide OBS
1
). 
 Artéria cerebral posterior (ACP): ramos de bifurcação da artéria basilar, as ACP dirigem-se para trás, contornando o 
pedúnculo cerebral ao longo do sulco do hipocampo. Em seu trajeto (percorrendo a face inferior do lobo temporal e chegando 
ao lobo occipital), a ACP envia ramos importantes como: A. temporal anterior (supre o uncos, parte anterior dos giros 
temporais inferiores, giro occipito-temporal lateral ou fusiforme e giro para-hipocampal); A. temporal posterior (supre o 
restante dos giros fusiforme e temporal inferior); A. pericalosa posterior (ou ramo dorsal do corpo caloso, que irriga o 
esplênio); A. parieto-occipital(ou occipital posterior, que supre parte do cúneus); A. calcarina (que chega aos lábios do sulco 
calcarino). Sua obstrução causa a perda de uma parte do campo visual (hemianopsia homônima contralateral à lesão com 
preservação do reflexo consensual, diferenciando-se da lesão do tracto óptico). 
 
OBS
1
: Principais ramos perfurantes (profundos). Como vimos, além dos ramos corticais, as artérias cerebrais e a ACI enviam 
ramos profundos responsáveis pela irrigação de estruturas profundas do encéfalo. O rompimento dessas artérias (frequentemente 
descritas como isquemia lacunar) causa quadros neurológicos variados e bastante diversos. Dentre as principais, destacamos: 
 A. estriada medial (ou artéria recorrente de Heubner, ramo da A. cerebral anterior): existente em 80% dos casos, tem um 
trajeto recorrente e, depois de emitir alguns ramos para o córtex orbital, atravessa a substância perfurada anterior e se une 
aos ramos profundos da ACM. Irriga parte inferior da cabeça do núcleo caudado, parte inferior do pólo anterior do putâmen, 
pólo anterior do globo pálido, perna anterior da cápsula interna (na qual passam as fibras do tracto córtico-pontino e fibras do 
tálamo que partem para o giro do cíngulo), etc. 
 Aa. centrais ântero-laterais (ou artérias lentículo-estriadas, ramos da A. cerebral média): logo depois de formadas, 
atravessam a substância perfurada anterior e suprem todo o putâmen (com exceção do seu pólo anterior), parte superior da 
cabeça do núcleo caudado e todo o seu corpo, parte lateral do globo pálido, joelho da cápsula interna (pelo qual passam as 
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fibras do tracto córtico-nuclear, que se dirigem para os núcleos da coluna eferente somática do tronco encefálico) e parte 
superior da perna posterior da cápsula interna. Essas artérias são as principais envolvidas nas isquemias lacunares. 
 A. corioidea anterior (ramo da A. carótida interna): origina-se da ACI imediatamente antes da bifurcação da mesma. Ela se 
dirige para trás acompanhando o tracto óptico e entra no corno inferior (temporal) do ventrículo lateral. Ela supre o plexo 
corioide do ventrículo lateral e emite ramos para o tracto óptico, corpo geniculado lateral, hipocampo, cauda do núcleo 
caudado, parte medial do globo pálido e terços posteriores da perna posterior da cápsula interna (por ela passam fibras do 
tracto córtico-espinhal, radiações talâmicas sensitivas, radiações ópticas e auditivas). Admite-se, também, que, em alguns 
casos, pode irrigar o joelho da cápsula interna e/ou a porção medial da base do pedúnculo cerebral. 
 Ramos dos núcleos talâmicos (ou artérias tálamo-perfurantes, ramos da A. cerebral posterior): irrigam a maior parte do 
tálamo. 
OBS
2
: Irrigação da cápsula interna. Tendo em vista que pela cápsula interna passam quase todas as fibras de projeção do córtex, 
pode-se entender que lesões de artérias que irrigam esta estrutura são particularmente graves. Estas lesões geralmente ocorrem em 
pacientes com hipertensão arterial, que devido à fragilidade da parede desses pequenos vasos, rompem-se com facilidade (sendo um 
dos mais frequentes responsáveis pelos acidentes vasculares encefálicos), causando isquemia para todas essas estruturas internas, o 
que mostra o seguinte quadro sintomatológico: hemiplegia e alterações sensitivas em todo dimídio contralateral (acometendo face, 
braço e perna), principalmente devido ao comprometimento da cápsula interna. A literatura é divergente quanto ao esquema de 
vascularização desta estrutura; entretanto, de uma forma geral, temos: 
 Perna anterior da cápsula interna (A. estriada medial, ramo da A. cerebral anterior) 
 Joelho e parte superior da perna posterior da cápsula interna (Aa. lentículo-estriadas, ramos da A. cerebral média) 
 Parte inferior da perna posterior da cápsula interna (A. corioidea anterior, ramo da porção cerebral da A. carótida interna) 
 
 
DRENAGEM VENOSA DO ENCÉFALO 
 As veias do encéfalo, de um modo geral, não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas do que elas. 
Drenam para os seios da dura-máter, de onde o sangue converge para as veias jugulares internas (as quais recebem praticamente 
todo o sangue venoso do encéfalo). Os seios da dura-máter ligam-se também às veias extracranianas por meio de pequenas veias 
emissárias que passam através de forames muito pequenos no crânio. 
 O fato de as paredes venosas encefálicas serem muito delgadas faz com que sejam necessários mecanismos de regulação 
ativa da circulação venosa. Esta se faz principalmente sob a ação de três forças: (1) aspiração da cavidade torácica; (2) força da 
gravidade; (3) pulsação das artérias: este fator é mais eficiente no seio cavernoso, cujo sangue recebe diretamente a força expansiva 
da carótida interna, que o atravessa. 
 
VEIAS DO CÉREBRO 
 As veias do cérebro dispõem-se em dois sistemas: o sistema venoso superficial e o sistema venoso profundo, sendo eles 
unidos por anastomoses. 
 Sistema venoso superficial: é constituído por veias que drenam o córtex e a substância branca subjacente. Anastomosam-
se amplamente na superfície do cérebro, na qual formam grandes troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que 
desembocam nos seios da dura-máter. As veias cerebrais superficiais superiores provêm da face medial e da metade 
superior da face súpero-lateral de cada hemisfério, desembocando no seio sagital. As veias cerebrais superficiais inferiores 
provêm da metade inferior da face súpero-lateral de cada hemisfério e de sua face inferior, terminando nos seios da base 
(petroso superior e cavernoso) e no seio transverso. As três principais veias que realizam a drenagem cortical superficial 
são: 
o Veia de Trolard (veia anastomótica superior): é a 
maior veia anastomótica que cursa ao longo da 
superfície cortical dos lobos frontal e parietal, 
entre o seio sagital superior e a veia sylviana 
(alojada no sulco lateral e que desemboca, 
indiretamente, no seio cavernoso), constituindo, 
assim, uma importante via anastomótica entre os 
seios venosos da abóbada e da base do crânio. 
É mais presente no hemisfério não-dominante. 
o Veia de Labbé (veia anastomótica inferior): é o 
maior vaso anastomótico que cruza o lobo 
temporal, conectando veias do sulco lateral ao 
seio transverso. Ao contrário da veia de Trolard, 
a veia anastomótica inferior é mais comum no 
hemisfério dominante. 
o Veia sylviana superficial (veia cerebral média 
superficial): geralmente nasce na porção 
posterior do sulco lateral, adotando um trajeto 
anterior e inferior ao longo deste sulco. Recebe 
as seguintes confluências: veia frontossylviana, 
parietossylviana e temporossylviana. Une-se ao 
seio esfenoparietal podendo, então, dirigir-se 
diretamente para o seio cavernoso. 
 
 Sistema venoso profundo: compreende veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, tais 
como: o corpo estriado, a cápsula interna, o diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. Veias 
localizadas no ventrículo lateral (e que drenam estruturas profundas da região) desembocam, gradativamente, na veia septal 
anterior e veia tálamo-estriada (esta segue ao longo da estria terminal, que divide o tálamo do corpo do núcleo caudado, e 
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recebe veias caudadas ao longo de seu trajeto) que, por sua vez, após cruzarem o forame interventricular e alcançarem o III 
ventrículo, se unem, juntamente às veias corioideas, para formar a veia cerebral interna. Esta adota um trajeto posterior ao 
longo do tecto do III ventrículo para formar a veia cerebral magna e, deste modo, receber as veias basais (de Rosenthal) 
ou basilares e veias cerebelares. A mais importante veia deste sistema venoso profundo é, de fato, a veia cerebral magna 
(veia de Galeno), para qual converge quase todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. A veia cerebral magna é,portanto, um curto tronco venoso ímpar e mediano formado pela confluência das veias cerebrais internas (formadas, por sua 
vez, pelas veias tálamo estriadas, veias corioideas e septal anterior), logo abaixo do esplênio do corpo caloso, 
desembocando no seio reto. A veia basal de Rosenthal é responsável por trazer o sangue da região mais inferior do 
diencéfalo (quiasma, hipotálamo) e se une com a V. cerebral magna para desembocar no seio reto. 
 
 
OBS3: O ângulo formado pelas veias septal anterior e tálamo-estriada juntamente ao plexo corioide do corpo do ventrículo lateral, no 
momento em que essas estruturas ganham o forame interventricular, é um importante ponto anatômico de referência cirúrgica para acessos 
ao III ventrículo via ventrículos laterais e forame interventricular, assim como ocorre no caso de neuroendoscopias para o tratamento de 
hidrocefalias não-comunicantes (por meio da realização das terceiroventriculostomias). 
OBS4: O seio cavernoso é um importante seio venoso localizado na base do crânio que se relaciona com o sifão carotídeo e com alguns 
nervos cranianos: oculomotor (III par), nervo troclear (IV par), ramo oftálmico do trigêmeo (V1 e seus ramos) e nervo abducente (VI par). 
Trombose no seio cavernoso haverá compressão desses ramos nervosos, trazendo, além de uma possível lesão da carótida, sinais e 
sintomas correspondentes aos ramos nervosos que passam por entre este seio. 
OBS5: Toda drenagem que chega aos seios venosos confluem, de um modo geral, para os seios transversos dos dois lados, que se 
continuam para formar o seio sigmoide, que desemboca na veia jugular. 
 
 
VASCULARIZAÇÃO DA MEDULA 
 A medula espinhal é irrigada pelas artérias espinhais anteriores e 
posteriores, ramos da artéria vertebral; e pelas artérias radiculares, que penetram 
na medula com as raízes dos nervos espinhais. 
 Artéria espinhal anterior: tronco único formado pela confluência de dois curtos 
ramos recorrentes que emergem das artérias vertebrais direita e esquerda. Ela 
se dispõe superficialmente na medula, correndo ao longo da fissura mediana 
anterior até o cone medular. 
 Artérias espinhais posteriores (direita e esquerda): emergem das artérias 
vertebrais correspondentes, dirigem-se dorsalmente contornando o bulbo e, a 
seguir, percorrem longitudinalmente a medula, medialmente às radículas das 
raízes dorsais dos nervos espinhais. As artérias espinhais posteriores 
vascularizam a coluna e o funículo posterior da medula. 
 Artérias radiculares: derivam dos ramos espinhais das artérias segmentares do 
pescoço e do tronco (tireoidea inferior, intercostais, lombares e sacrais). Estes 
ramos penetram nos forames intervertebrais junto aos nervos espinhais e dão 
origem as artérias radiculares anterior e posterior, que ganham a medula com as 
correspondentes raízes dos nervos espinhais. Das 60 artérias radiculares que 
penetram com os nervos espinhais, apenas seis ou oito realmente contribuem 
para a vascularização da medula. Deste modo, o conceito de uma 
vascularização segmentar da medula não é mais aceito. A Artéria Radicular 
Anterior Magna (artéria de Adamkiewicz) consiste no principal suprimento 
arterial da medula espinhal a partir de T8 até o cone, estando localizada à 
esquerda em 80% dos casos. Lesões deste vaso podem resultar em isquemia 
devastadora da medula espinhal inferior (síndrome espinhal anterior). 
 
 
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MENINGES E SEIOS VENOSOS 
 O sistema nervoso central é envolvido por membranas conjuntivas denominadas meninges e que são classicamente três: 
dura-máter (paquimeninge), aracnoide e pia-máter (o conjunto das duas: leptomeninge). O conhecimento da estrutura e da disposição 
das meninges é importante não só para a compreensão de seu importante papel de proteção dos centros nervosos, mas também 
porque elas são frequentemente acometidas por processos patológicos, como infecções (meningites) ou tumores (meningiomas). 
 
DURA-MÁTER 
 É a mais superficial das meninges, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, 
contendo vasos e nervos. A dura-máter do encéfalo é formada por dois folhetos justapostos, externo e interno, dos quais apenas o 
interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo se adere intimamente com os ossos do crânio. O fato de este folheto 
externo não apresentar capacidade osteogênica, faz com que a consolidação de fraturas no crânio seja dificultosa. Entretanto, esse 
fato é vantajoso para que nesses casos de fratura, não ocorra a formação de calos ósseos, como o que ocorre em todos os demais 
ossos do corpo, evitando assim maiores irritações do tecido nervoso. 
 Ao contrário das outras meninges, a dura-máter é 
amplamente inervada, sendo responsável por toda a sensibilidade 
intracraniana (estando relacionada, então, com a maioria das dores 
de cabeça). 
 Em algumas regiões do encéfalo, as duas camadas de dura-
máter se separam para formar pregas e compartimentos que se 
comunicam amplamente: 
 Foice do cérebro: septo vertical mediano que separa os 
dois hemisférios cerebrais entre si. 
 Tenda do cerebelo: prega transversal que separa o 
cerebelo dos lobos occipitais e se insere na incisura da 
tenda. 
 Foice do cerebelo: pequeno septo mediano, situado abaixo 
da tenda do cerebelo, entre os dois hemisférios cerebelares. 
 Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha 
superiormente sela túrcica, protegendo a hipófise e 
dificultando consideravelmente acessos cirúrgicos a esta 
glândula. 
 
 A dura-máter também é responsável pela formação dos seios venosos, que são canais venosos revestidos de endotélio 
situados entre os dois folhetos que compõem a dura-máter encefálica. O sangue proveniente das veias do encéfalo e do bulbo ocular 
é drenado para os seios da dura-máter e destes para as veias jugulares internas. São encontrados dois grupos de seios classificados 
de acordo com a sua localização: 
 Os seios da abóbada craniana são os seguintes: 
a) Seio sagital superior: ímpar e mediano, presente na margem superior de inserção da foice do cérebro. Termina 
próximo à protuberância occipital interna na chamada confluência dos seios (formada pela confluência dos seios sagital 
superior, reto e occipital e pelo início dos seios transversos esquerdo e direito). 
b) Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro, acima do corpo caloso, e terminando no seio reto. 
c) Seio reto: localiza-se ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe em sua 
extremidade anterior o seio sagital inferior e a veia cerebral magna, terminando na confluência dos seios. 
d) Seio transverso: é par e dispõe-se de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital. Termina 
ao nível da parte petrosa do osso temporal, a partir do qual passa a ser denominado de seio sigmoide. 
e) Seio sigmoide: em forma de S, é uma continuação do seio transverso até o forame jugular, onde continua diretamente 
com a veia jugular interna. O seio sigmoide drena quase todo o sangue venoso da cavidade craniana. 
f) Seio occipital: pequeno e irregular, dispõe-se ao longo da margem de inserção da foice do cerebelo. 
 
 
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 Os seios venosos da base são os seguintes: 
a) Seio cavernoso: é uma cavidade grande e irregular, 
situada de cada lado do corpo do esfenoide e da sela 
turca. Recebe sangue proveniente das veias oftálmica 
superior e central da retina, além de algumas veias de 
cérebro. Drena através dos seios petroso superior e 
petroso inferior, comunicando-se com o seio cavernoso do 
outro lado por meio do seio intercavernoso. O seio 
cavernoso é atravessado pela artéria carótida interna, pelo 
nervo abducente e, já próximo à sua parede lateral, pelos 
nervos troclear, oculomotor e pelo ramo oftálmico do N. 
trigêmeo. 
b) Seios intercavernosos: unemos dois seios cavernosos, 
envolvendo a hipófise. 
c) Seio esfenoparietal: percorre a face interior da asa menor 
do O. esfenoide e desemboca no seio cavernoso. Recebe, 
muito frequentemente, a veia cerebral média superficial 
(veia sylviana). 
d) Seio petroso superior: dispõe-se de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo na porção petrosa do osso 
temporal. Drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide, terminando próximo à continuação deste com a veia 
jugular interna. 
e) Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde termina 
lançando-se na veia jugular interna. 
f) Plexo basilar: ímpar, ocupa a porção basilar do osso occipital. Comunica-se com os seios petroso inferior e cavernoso, 
ligando-se ao plexo do forame occipital e, através deste, ao plexo venoso vertebral interno. 
 
 Aneurismas da carótida interna ao nível do seio cavernoso comprimem o nervo abducente e, em certos casos, os demais 
nervos que atravessam o seio cavernoso, determinando distúrbios muito típicos dos movimentos do bulbo ocular. 
 Pode ocorrer ainda perfuração da carótida interna dentro do seio cavernoso, formando-se, assim, um curto-circuito artério-
venoso (fístula carótido-carvernosa) que determina dilatação e aumento da pressão no seio cavernoso. Isso faz com que 
se inverta a circulação nas veias que nele desembocam, como as veias oftálmicas, resultando em grande protrusão do bulbo 
ocular, que passa a pulsar simultaneamente com a carótida (exoftálmico pulsátil). 
 Infecções superficiais da face (como acnes) podem se propagar ao seio cavernoso, tornando-se, pois, intracranianas, em 
virtude das comunicações que existem entre as veias oftálmicas, tributárias do seio cavernoso, e a veia angular, que drena a 
região nasal. 
 
ARACNOIDE 
 A aracnoide é uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço 
subdural, contendo pequena quantidade de líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas membranas. Ela está 
separada da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, que contém o líquido cérebro-espinhal, ou líquor, havendo ampla comunicação 
entre o espaço subaracnoideo do encéfalo e da medula. As trabéculas aracnoideas são delicadas projeções de aracnoide que se 
ligam aos seios venosos e são responsáveis pela drenagem do líquor. 
 A distância formada entre a aracnoide e a pia-máter quando esta se relaciona com o tecido nervoso pare recobrir os giros e 
sulcos forma áreas dilatadas denominados de cisternas aracnoideas, que contém grande quantidade de líquor. As principais são: 
 Cisterna cerebelo-medular (cisterna magna): ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e 
tecto do IV ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnoideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através de 
sua abertura mediana. É a maior das cisternas da aracnoide e mais importante, sendo muitas vezes utilizada para obtenção 
de líquor através de punções suboccipitais (principalmente quando há hipertensão craniana diagnosticada por papiledema 
em exames de fundo de olho), em que a agulha é introduzida entre o occipital e a primeira vértebra cervical. 
 Cisterna pontina: situada ventralmente à ponte. 
 Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular. 
 Cisterna quiasmática: situada adiante do quiasma óptico. 
 Cisterna superior (cisterna da veia cerebral magna): situada dorsalmente ao tecto do mesencéfalo, entre o cerebelo e o 
esplênio do corpo caloso. 
 Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. 
 
 
OBS
6
: As granulações aracnoideas são projeções desta meninge que penetram no 
interior dos seios da dura-máter (sendo mais abundantes no seio sagital superior) 
sendo, pois, responsáveis pela reabsorção do líquor, que, neste ponto, cai na 
circulação. No adulto e no idoso, algumas granulações tornam-se muito grandes, 
constituindo os chamados corpos de Pacchioni, que frequentemente se calcificam e 
podem deixar impressões na abóbada craniana (fovéola granular), facilmente vistas 
na face interna ou cerebral dos ossos parietais. 
 
 
 
 
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PIA-MÁTER 
 É a mais interna das meninges, aderindo-se intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões 
acompanham, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais. A pia-máter fornece resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso 
é de consistência muito mole. 
 A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso, a partir do espaço subaracnoideo, formando a parede 
externa dos espaços perivasculares, apresentando papel importante no amortecimento da pulsação das artérias sobre o tecido 
nervoso circunvizinho. 
 
LÍQUOR 
 O líquor ou líquido cérebro-espinhal (LCE) é um fluido 
aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as 
cavidades ventriculares. Apresenta como função primordial a 
proteção mecânica do sistema nervoso central, formando um 
verdadeiro coxim líquido entre este e o estojo ósseo. 
 O estudo do LCE é especialmente valioso para 
diagnóstico dos diversos tipos de meningites. Algumas 
propriedades físico-químicas do líquor normal variam conforme o 
local de obtenção da amostra estudada, sendo ainda bastante 
diferente no recém-nascido. O líquor normal do adulto é límpido e 
incolor, apresenta de zero a quatro leucócitos por mm³ e uma 
pressão de 5 a 20cm de H2O, obtida na região lombar com 
paciente em decúbito lateral. 
 O LCE é produzido pelos plexos corioides. Ele é 
ativamente secretado pelo epitélio ependimário destes plexos e 
sua composição é determinada por mecanismos de transporte 
específicos. Sua formação envolve transporte ativo de Na
+
 e Cl
-
, 
através das células ependimárias dos plexos corioides, 
acompanhado de certa quantidade de água necessária para a 
manutenção do equilíbrio osmótico. O volume total de líquor 
circulante é de 100 a 150cm³, renovando-se completamente a 
cada oito horas. 
 Os ventrículos laterais produzem a maior quantidade de 
LCE, embora todos os demais apresentem formação do mesmo. 
O LCE passa para o III ventrículo por meio dos forames 
interventriculares, escorrendo pelo sulco hipotalâmico até 
alcançar o aqueduto cerebral para chegar ao IV ventrículo. 
Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o 
líquor formado no interior dos ventrículos ganha o espaço 
subaracnoideo, sendo reabsorvido no sangue principalmente 
através das granulações aracnoideas que se projetam no interior 
dos seios da dura-máter. 
 A circulação do líquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do 
líquor em uma extremidade e a sua absorção em outra já são suficientes para causar sua movimentação. Outro fator é a pulsação das 
artérias intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão líquorica, possivelmente contribuindo para empurrar o líquor através 
das granulações aracnoideas. 
 
CONSIDERAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS SOBRE O LÍQUOR E AS MENINGES 
 Hidrocefalia: processos patológicos que interferem na produção, circulação e absorção do líquor, causam um aumento da 
quantidade e da pressão do mesmo, levando a uma dilatação dos ventrículos e compressão do tecido nervoso de encontro 
ao seu compartimento ósseo, com consequências muito graves. Existem dois tipos de hidrocefalias: comunicantes e não-
comunicantes. As hidrocefalias comunicantes resultam de um aumento na produção ou deficiência na absorção do líquor, 
devidos a processos patológicos dos plexos corioides ou dos seios da dura-máter e granulações aracnoideas. As 
hidrocefalias não-comunicantes são muito mais frequentes e resultam de obstruções ou estenoses no trajeto do líquido, 
que podem acometer os seguintes locais: forame interventricular, aqueduto cerebral, aberturas mediana e laterais do IV 
ventrículo (este último,provocando dilatação de todo o sistema ventricular), incisura da tenda (impedindo a passagem do 
líquor do compartimento infratentorial para o supratentorial). Para aliviar a hidrocefalia, pode-se drenar o líquor por meio de 
um cateter, ligando um dos ventrículos cerebrais à veia jugular interna, ao átrio direito ou à cavidade peritoneal (esta 
denominada de derivação ventrículo-peritoneal) ou comunicando os ventrículos com as cisternas aracnoideas (vide OBS
3
). 
 
 Hipertensão craniana: devido ao fato de a cavidade crânio-vertebral ser completamente fechada, sem que se permita a 
expansão de seu conteúdo, o aumento da hipertensão craniana reflete-se sobre as estruturas que o crânio alberga. Tumores, 
hematomas e outros processos expansivos intracranianos comprimem não só as estruturas em sua vizinhança imediata, mas 
todas as estruturas da cavidade crânio-vertebral. Dentre os sintomas característicos, a cefaleia se sobressai. Havendo 
suspeita de hipertensão craniana, deve-se fazer sempre um exame de fundo de olho. O nervo óptico é envolvido por um 
prolongamento do espaço subaracnoideo, levando à compressão do mesmo. Isso causa obliteração da veia central da retina, 
que passa em seu interior, o que resulta em ingurgitamento das veias da retina com edema da papila óptica. Essas 
modificações são facilmente detectadas no exame de fundo de olho, permitindo diagnósticos do quadro de hipertensão 
craniana e facilitando o acompanhamento de sua evolução. 
 
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 Hérnias intracranianas: processos expansivos como tumores ou hematomas que 
se desenvolvem em um dos compartimentos cranianos pode causar a protrusão de 
tecido nervoso para dentro do compartimento vizinho, atravessando as pregas de 
dura-máter que os envolve. 
 Hérnia de cíngulo: tumor em um dos hemisférios cerebrais pode causar 
uma herniação do giro do cíngulo, que se insere entre a borda da foice do 
cérebro e o corpo caloso, fazendo protrusão para o lado oposto. 
 Hérnia de Úncos: um processo expansivo cerebral pode determinar um 
aumento de pressão no compartimento supratentorial empurrando o 
úncos, que faz protrusão através da incisura da tenda, comprimindo o 
mesencéfalo. A compressão de estruturas mesencefálicas responsáveis 
pela ativação do córtex (como o sistema ativador reticular ascendente - 
SARA) pode levar a uma rápida perda de consciência (coma). 
 Hérnias das tonsilas: processos expansivos da fossa posterior, como 
tumores em um dos hemisférios cerebelares, podem produzir herniações 
de tonsilas. Nesse caso, há compressão do bulbo, levando geralmente a 
morte por lesões dos centros respiratórios e vasomotor, que nele se 
localizam. 
 
 Hematomas extradurais e subdurais: são complicações 
frequentes que acontecem quando há rupturas de vasos 
por traumatismos cranianos, resultando em acúmulo de 
sangue nas meninges sob forma de hematomas. Podemos 
destacar três tipos de hematomas: 
 Hematoma extradural: geralmente ocorre devido 
a lesões da artéria meníngea média. Durante seu 
desenvolvimento, o hematoma separa a dura-
máter do osso e empurra o tecido nervoso para o 
lado oposto, levando à morte em poucas horas se 
o sangue em seu interior não for drenado. A figura 
ao lado mostra os principais eventos neurológicos 
que podem ocorrer na vigência deste fenômeno. 
 Hematomas subdurais: geralmente ocorre por 
rupturas de veias cerebrais (veias em ponte) no 
ponto em que elas entram no seio sagital superior. 
São mais frequentes os casos em que o 
crescimento do hematoma é lento, e a 
sintomatologia aparece tardiamente. 
 
OBS
7
: No caso de hemorragias subsequentes no espaço subaracnoideo, não se formam hematomas, uma vez que o sangue se 
espalha no líquor, podendo ser visualizado na punção lombar. 
 
 
APLICAÇÕES CLÍNICAS GERAIS 
 Síndrome de Wallemberg (Síndrome da Artéria Cerebelar Inferior Posterior): a artéria cerebelar inferior posterior, ramo 
da porção mais distal da artéria cerebral, irriga a parte dorsolateral do bulbo. Lesões desta região frequentemente decorrem 
de trombos da artéria, o que compromete várias estruturas, resultando sintomatologia complexa: 
 Lesão do pedúnculo cerebelar inferior: incoordenação de movimentos da metade do corpo situada do lado lesado. 
 Lesão do tracto espinhal do trigêmeo e seu núcleo: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade da face 
situada do lado da lesão. 
 Lesão do tracto espino-talâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade do corpo situada do 
lado oposto ao da lesão. 
 Lesão do núcleo ambíguo: perturbações da deglutição e da fonação por paralisia dos músculos da faringe e da 
laringe. 
 
 Acidente vascular cerebral (AVC). O AVC (ou, como seria corretamente denominado, acidente vascular encefálico), 
protótipo das doenças cerebrovasculares, ocorre por mecanismos que incluem interação entre vaso, elementos figurados do 
sangue e variáveis hemodinâmicas, que levarão à oclusão (AVC isquêmico e Ataque Isquêmico Transitório) ou ao 
rompimento do leito vascular (AVC hemorrágico). A maioria dos casos de isquemia cerebral focal é causada por um bloqueio 
de uma artéria cerebral, o que caracteriza o AVCi, cujo principal tratamento é a trombólise em tempo hábil. 
 AVC da artéria carótida interna: a artéria carótida interna irriga, através de seus ramos, a maior parte dos hemisférios 
cerebrais e o diencéfalo, entretanto, a sua oclusão é insidiosa e causa poucas manifestações clínicas (pois o polígono de 
Willis supre o território cerebral acometido, até certo ponto). Caracteriza-se por: 
 Amaurose fugaz ipsilateral 
 Afasia profunda (principalmente no 
acometimento do hemisfério esquerdo) 
 Hemianopsia 
 Hemiplegia e hemiparesia contralateral 
 Nível alterado de responsividade 
 
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 AVC da artéria cerebral anterior: a ACA é ramo da ACI e irriga a parte medial dos lobos frontal e parietal, onde está 
presente, por exemplo, o córtex motor primário e o córtex somestésico primário pertinente aos membros inferiores, além 
de outros centros corticais não menos importantes. Entretanto, trata-se de um AVC raro (5% dos casos), pois o território 
de irrigação é suprido pelo polígono de Willis. Caracteriza-se por: 
 Confusão mental 
 Fraqueza e dormência ipsilateral 
 Déficit de mobilidade com maior sensação nos 
membros inferiores do que nos membros 
superiores 
 Paralisia da perna e pé contralateral 
 Perda da coordenação 
 Déficit de função sensitiva 
 Incontinência urinária 
 
 
 AVC da artéria cerebral média: a ACM irriga toda a superfície súpero-lateral dos lobos temporal e parietal, além de 
uma porção do lobo frontal. Neste território de irrigação, estão inclusas as áreas motoras e sensitivas primárias 
pertinentes à face, à musculatura da garganta e membros superiores (mão e braço). Além disso, no hemisfério 
dominante (esquerdo, em 90% da população), existe a área motora da linguagem (área de Broca) e a área sensitiva de 
linguagem (área de Wernicke). A maioria dos AVCs acomete parte ou todo o território da ACM (70%). Caracteriza-se por: 
 Alteração da comunicação (linguagem) 
 Afasia (por acometimento do hemisfério 
dominante) 
 Dificuldade de leitura (dislexia) 
 Disfagia 
 Perda sensorial contralateral com predomínio 
bráquio-facial 
 Déficit motor contralateral com predomínio 
bráquio-facial 
 Hemianopsia 
 
 AVC da artéria cerebral posterior: a ACP irriga face inferior do lobo temporal, lobo occipital medial (inclusive área 
visual), tálamo e hipotálamo. Corresponde a 15% dos AVCs. Caracteriza-se por: 
 Hemianopsia contralateral 
 Dificuldade para leitura 
 Afasia (dificuldade para nomear os objetos) 
 Agnosia visual (desconhecimento de objetos) 
 Vertigem e ataxia 
 Hemiplegia 
 Hemianestesia 
 
 AVC do sistema vértebro-basilar: tal sistema irriga tronco cerebral e cerebelo.Caracteriza-se por: 
 Síndrome bulbar lateral (caracterizada por 
vertigem, náuseas, vômitos, nistagmo, ataxia) 
 Coma 
 Diplopia 
 Hemiplegia 
 Paralisia pseudo-bulbar 
 Tetraplegia e anestesia completa 
 
Artéria acometida Território isquêmico Quadro clínico 
 
 
 
 
Artéria cerebral média 
 
 
 
 
 
 
 
Artéria cerebral anterior 
 
 
 
 
 
 
Artéria cerebral posterior

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