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Tecnicas de caracterização reológica do concreto

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CIENTiFICO
Tecnicas de caracterizacao,
reol6gica de concretos
A reologia, ciencia que estuda 0 compor-
tamento dos fluidos, pode ser empregada como
ferramenta de investiga<;ao do comportamento
do concreto no estado fresco e permite ample
conhecimento da altera<;ao decorrente da hidra-
ta<;ao em evolu<;ao para 0 estado endurecido. 0
estado de aglomera<;ao/dispersao dos materiais
cimentfcios, 0 qual pode ser avaliado atraves dos
parametros reol6gicos fundamentais, que sac a
tensao de escoamento e a viscosidade plastica,
e das caracterfsticas de fluxo, repercute direta-
mente sobre a microestrutura da pasta no estado
endurecido, e consequentemente sobre a dura-
bilidade das estruturas de concreto. Portanto,
e fundamental uma caracteriza<;ao reometrica
previa do concreto para se ter conhecimento do
comportamento do sistema durante 0 perfodo
F BE
Escola Pol tecnlca da USP
de manuseio. 0 ensaio de abatimento do tron-
co de cone, empregado para esta finalidade,
mostra-se deficiente quanta a caracteriza<;ao
reol6gica, nao fornecendo informa<;6es rela-
cionadas ao fluxo do material, por exemplo, a
sua bombeabilidade. Este trabalho tem como
objetivo comentar as caracterfsticas de alguns
ensaios reol6gicos disponfveis para concreto,
apresentando suas vantagens e limita<;6es,
correlacionando-os com parametres reol6gicos
fundamentais, a fim de ressaltar a necessidade
do aprimoramento das tecnicas de caracteriza-
<;aodo concreto no estado fresco.
The rheology, science that studies a
fluid behavior, can be employed as an in-
Figura 1 - Comportamento basico dos fluidos
1
2
3
~c::
"...C<l
Q,
4 ...:
"5 "0:S
6 '"0
u
~
1 - PseudopJastico com tensao de escoamento
2 - Binghamaniano
3 - Dilatante com tensao de escoamento
4 - Pseudoplastico
5 - Ne\Vloniano
6 - Dilatante
vestigation tool on fresh concrete behavior
and allows ample knowledge of hydration
alteration in the evolution from fresh to hard
state. The agglomeration/dispersion state of
cementitious materials can be evaluated throu-
ghfundamental rheological parameters, that
it is yield stress and plastic viscosity, and the
flowcharacteristic, directly influence the paste
microstructure in hard state, and consequently
onthe durability of concrete structures. There-
fore, it is fundamental a rheometric concrete
characterization in order to have knowledge
of the system behavior during workability
period. The slump test, employed for this
inality, shows to be deficient for rheological
haracterization with no information supply
elative to the material flow, for example its
umpability. This work is aiming at to com-
ent the characteristics of some rheological
estsavailable to concrete, emphasizing its
dvantages and limitations, correlating them
ith fundamental rheological parameters, to
andout the need of improvement characte-
'zation techniques of fresh concrete.
alavras-chave: concreto, reologia, ensaios re-
16gicos,tensao de escoamento, viscosidade.
eywords: concrete, rheology, rheological
:ests,yield stress, viscosity.
o concreto fresco pode ser considerado
masuspensao aquosa concentrada composta
de partfculas s61idas - agregados - imersos em
um fluido viscoso - pasta cimentfcia (matriz).
A pr6pria pasta e um fluido heterogeneo
composto de graos dos materiais cimentfcios
imersos em agua.
Essas partfculas interagem quando
em meio aquoso e essas interac;6es exercem
influencia nas propriedades da mistura, tanto
em repouso quanta sob fluxo, as quais po-
dem apresentar diferentes comportamentos
possfveis, conforme a Figura 1, na qual estao
relacionadas a tensao de escoamento e a vis-
cosidade com a taxa de cisalhamento.
Podem tambem ocorrer alterac;6es dos
comportamentos com 0 tempo, como a tixotro-
pia - diminuic;ao da viscosidade com 0 tempo
- e a reopex.ia - aumento da viscosidade com
o tempo (Figura 2).
Com a reologia, ciencia que estuda
o fluxo e deformac;ao dos materiais quando
submetidos a uma tensao ou deformac;ao
externa, pode-se caracterizar as variac;6es de
comportamento dos concretos com 0 tempo e
com diferentes taxas de cisalhamento [1].
Em sistemas cimentfcios a complexidade
reol6gica e ainda maior, pois, alem das forc;as
de superffcie que atuam sobre as partfculas,
ha que se considerar a evoluc;ao da hidratac;ao
com 0 tempo.
Com a evoluc;ao do enrijecimento da
pasta, a tensao de escoamento e a viscosidade
vao aumentando gradativamente e toda essa
alterac;ao afeta a reologia dos concretos.
o comportamento reol6gico dos con-
cretos deve, portanto, ser adequado as
diferentes tecnicas de aplicac;ao, como por
exemplo: bombeamento, projec;ao, vertimen-
to, compactac;ao a rolo, etc, tendo em vista as
diferentes solicitac;6es ~fsicas requeridas entre
as mesmas.
Tradicionalmente, a trabalhabilidade
do concreto, mensurada pelo ensaio de aba-
timento no tronco de cone (slump), tem sido
empregada para caracterizac;ao reol6gica
dos concretos, sendo este 0 unico para metro
reol6gico utilizado para caracterizar 0 esta-
do fresco [2]. De fato, este ensaio torna-se
pouco expressivo quando aplicac;6es mais
complexas estao envolvidas, visto que a de-
terminac;ao de outras caracterfsticas pode
ser requerida diante da finalidade a que se
destina 0 material [3].
A importancia da caracterizac;ao do
estado fresco do concreto e refletida pelas pes-
quisas do NIST- National Institute of Standards
and Technology [2] [4], que discutiu e analisou
amplamente a evoluc;ao das diferentes tecni-
O1EVISTII CONC01ETO ~
cas de caracterizac;ao
reol6gica do concreto,
alem de propor novas
tecnicas de mensura-
c;aoe integrar diversos
centros de pesquisa
voltados para esse
tema, concluindo ser
a reometria a melhor
ferramenta para ade-
quac;ao do concreto as
diferentes aplicac;6es.
Atualmente
existem diferentes mo-
delos de reometros,
variando em forma,
tamanho, geometria,
etc, que foram, em um
estudo coordenado
pelo NIST [5], testados
na caracterizac;ao reo-
16gica de um mesmo concreto, a fim de per-
mitir a comparac;ao dos resultados obtidos nas
diferentes configurac;6es dos equipamentos.
De modo a ter-se um panorama dos
diferentes metodos disponiveis e identificar-se
as condic;6es idea is de utilizac;ao de cada um,
este trabalho apresenta uma analise critica dos
metodos mais relevantes para a caracterizac;ao
reol6gica dos concretos.
concreto fresco ou a
ac;ao de vibrac;ao [4].
Mesmo limita-
do a determinac;ao de
um unico parametro,
cada metoda de en-
saio destina-se a ava-
liar 0 comportamento
dos diferentes tipos
de concreto para as
mais variadas finali-
dades. Assim sendo,
estes ensaios fazem
inferencias indiretas
de reologia, abran-
gendo 0 grau de com-
pactac;ao do concre-
to, segregac;ao em
concretos auto-aden-
saveis, capacidade de
preencher as formas
sob a ac;ao de vibrac;ao, facilidade de escoar e
preencher os moldes sem vibrac;ao, etc.
Segundo a ampla caracterizac;ao reali-
zada pelo NIST - National Institute of Standar-
ds and Technology - USA [2] [6], os metodos
reol6gicos para ensaio de concretos frescos
estao c1assificados, de acordo com 0 procedi-
mento de medida de fluxo ou de cisalhamento,
em quatro categorias:
• Testes de fluxo confinado: 0 material
flui em decorrencia do seu peso pr6prio
ou sob aplicac;ao de pressao atraves de
uma abertura restritiva.
• Testesde fluxo livre: 0 material flui
devido ao seu peso pr6prio sem nenhum
confinamento ou um objeto penetra
o material em decorrencia da forc;a
9 ravitaciona I.
• Testes de vibra~ao: 0 material flui sob a
aplicac;ao de vibrac;ao.
• Testesde cisalhamento sob fluxo
rotacional: 0 material e cisalhado entre
um sistema placa-placa, por rotac;ao.
Na Tabela 1 estao listados, dentre os
mais relevantes, alguns ensaios de caracteriza-
c;ao reol6gica, indicando-se o(s) parametro(s)
fundamental(is) com 0 qual 0 ensaio esta rela-
cionado ea c1assificac;ao segundo 0 NISI.
T. Escoamento
T. Escoamento
Viscosidade
Abatimento
Abatimento
Modificado
Orimet Test
V-Funnel Test
Habilidade
Enchimento
Remoldagem
de Powers
Fluxo
Confinado
Fluxo
Confinado
T. Escoamento
Re6metros
Viscosidade
A obtenc;ao dos para metros reol6gicos
fundamentais (tensao de escoamento e vis-
cosidade aparente) pode ser feita at raves de
ensaios que determinam, direta ou indireta-
mente, um parametro ou atraves de ensaios
que determinam esses dois parametros [4].
Obviamente, os ensaios que determi-
nam a tensao de escoamento e a viscosidade
aparente em func;ao de diferentes taxas de ci-
salhamento - mapas reol6gicos - caracterizam
o comportamento do concreto fresco de forma
ampla, permitindo adequar as caracteristicas
do mesmo a sua aplicabilidade.
Comumente, os ensaios utilizados em
obra determinam apenas um parametro, na
maioria das vezes, relacionado com a tensao
de escoamento, embora a correlac;ao do valor
obtido e 0 correspondente para metro reol6-
gico fundamental nao seja 6bvio.
Ja os ensaios relacionados com a visco-
sidade aparente tem como tensao de cisalha-
mento a gravidade/peso pr6prio da amostra de
Re6metro
Rotacional
Consiste em preencher um mol de tron-
co-conico (Figura 3), de dimens6es padroniza-
das, em tres camadas, aplicando-se 25 golpes
com soquete padrao em cada uma delas, sem
atingir a placa de fundo (na 1a camada) e sem
inserir 0 soquete nas camadas subjacentes, nas
demais camadas. Retira-se 0 molde e mensu-
ra-se a diferen~a de altura entre 0 mol de e
o tronco-cone formado pelo concreto, atri-
buindo-se esse valor como abatimento, um
indicativo da trabalhabilidade e da qualidade
do concreto fresco.
Ao retirar-se 0 molde, 0 concreto ira
fluir, em fun~ao da sua viscosidade aparente, se
seupeso pr6prio superar a tensao de escoamen-
oe ira parar quando a tensao por unidade de
arease igualar a tensao de escoamento.
Embora seja um ensaio relacionado a
ensaode escoamento, a viscosidade durante
fluxo exerce influencia no comportamento
olango do ensaio.
Na Figura 4, observam-se dois concretos
om a mesma tensao de escoamento, isto e,
esmo abatimento, mas com comportamento
b fluxo diferente. Neste ensaio, a restri~ao
escoamento esta no aumento progressive
area de suporte do peso pr6prio do mate-
ai,au seja, 0 concreto ira fluir enquanto 0
sopr6prio superar a tensao de escoamento e
aparar quando a tensao por unidade de area
o
'=
~
~
'"u
~
l~"""","....
I:: .. 't - tensao de escoamento
~ 0 .
r-c ••• Aoatimento 11 - viscosidade
for inferior a esta. Desta forma, 0 concreto com
maior viscosidade demandara maior tempo
para atingir a mesma tensao de escoamento.
Essa analise simples ja demonstra a deficiencia
em caracterizar 0 comportamento reol6gico
do concreto fresco pelo ensaio de abatimento,
o qual pode estar sendo mensurado enquanto
a taxa de cisalhamento ainda nao e nula [7].
No estado estatico, pode-se afirmar
qualitativamente, que ambos os concretos sac
identicos, visto que possuem mesmo abatimen-
to, entretanto, sob fluxo, 0 comportamento de
ambos sera distinto, 0 que conduz tambem a
propriedades reol6gicas diferentes.
Por outro lado, concretos com abati-
mentos distintos podem resultar em compor-
tamentos sob fluxo bastante diferentes, de
forma que 0 concreto-com maior consistencia,
~
t..
.~:" ;
U
~
l~'"
~ '•• ': 'to - tensilo de escoamento
~ •• Abatimento
Taxa de Cisalhamento
Figura 6 - Representacao esquematica do ensaio de abatimento modificado
isto e, menor abatimento ou maior tensao de
escoamento pode, em certos casos, fluir mais
facilmente que 0 concreto que apresenta
maior abatimento. Isto pode ser observado
na Figura 5, onde 0 concreto com maior
tensao de escoamento, quando submetido a
taxas crescentes de cisalhamento tem a sua
viscosidade diminuida em maior intensidade
quando comparado com 0 concreto com maior
abatimento.
Portanto, verifica-se que nao se pode
atribuir 0 comportamento sob fluxo de con-
cretos distintos apenas pela mensurac;ao da sua
tensao de escoamento. Desta forma e interes-
sante quantificar 0 comportamento do concre-
to em simulac;ao identica a sua aplicac;ao.
Com esse objetivo, Ferraris & de Larrard
[8] fizeram a combinac;ao experimental dos
resultados do abatimento e os resultados da
tensao de escoamento, obtida em re6metro
BTRHEOM, e desenvolveram 0 modele que
correlaciona estes parametros para concretos
com abatimento superior a 100 mm, ou seja:
'to = ~x(300 - 5)+ 212
347
'[ - tensao de escoamento (Pa)o
s - abatimento (mm)
p - densidade do concreto fresco (kg/m3)
Embora apresente essas deficiencias,
o ensaio de abatimento pode ser utilizado
para controle tecnol6gico dos concretos
entregues nos canteiros de obra, de forma
a avaliar se volumes distintos apresentam as
mesmas caracteristicas, consistencia adequa-
da para evitar a segregac;ao dos agregados
graudos, com trabalhabilidade compativel
com a sua aplicac;ao.
i
11) -:1',
\
200 mm < s < 260 mm
11 = p.T.1,08x10-3.(s -175)
_ E adequado para avaliar a trabalhabili-
dade de concretos com consistencia moderada
e que nao requerem vibrac;ao/impacto para
apresentarem abatimento. Nao e adequado
pa ra concretos auto-adensaveis, e concretos
de alta consistencia, destinados a barragens e
pavimentos compactados a rolo.
Com modificac;oes no equipamento
para 0 ensaio de abatimento, conforme a
Figura 6, Ferraris & de Larrard [8] passaram a
medir 0 tempo de escoamento do concreto no
estado inicial, no molde, ate 0 abatimento de
100 mm, quando 0 disco nao mais acompanha
o escoamento do material, em virtude de uma
restric;ao no eixo de suporte, e 0 concreto se-
gue escoando ate atingir 0 abatimento final.
A restric;ao deste metoda esta no abatimento
minima de 120·mm para permitir a leitura cor-
respondente ao abatimento de 100 mm.
Com os resultados de abatimento, tem-
po para abatimento de 100 mm (T) e com ensaio
preliminar de densidade do concreto no estado
fresco, pode-se estimar a viscosidade do concre-
to com 0 auxilio das equac;oes seguintes [9]:
120 mm ~ s ~ 200 mm
11 = 25x10-3.p.T
IJ - viscosidade (Pa.s)
s - abatimento (mm)
p - densidade do concreto fresco (kg/m3)
o escoamento do concreto, tendo como
tensao de cisalhamento 0 seu peso pr6prio,
permite determinar a restri<;ao imposta pelo
material ao seu fluxo, ou seja, sua viscosidade
aparente, at raves da mensura<;ao do tempo
para 0 concreto escoar por uma distancia pre-
estabelecida.
Embora seja posslvel determinar os
parametros reol6gicos fundamentais com 0
ensaio de abatimento, ha restri<;ao quanta
ao abatimento mlnimo, abatimento maximo
e tensao de escoamento maxima. Com isso,
restringe-se a gama de concretos que podem
seravaliados atraves desse metodo, alem de se
inserir fatores extrlnsecos, como a habilidade
do operador em cronometrar 0 tempo de es-
coamento, as posslveis interferencias ao livre
fluxo do disco que acompanha 0 escoamento
doconcreto, etc.
Como a tensao de cisalhamento impos-
taao fluxo do concreto e bastante restrita e
decurto espa<;o de tempo, 0 levantamento do
perfil reol6gico do concreto fresco e inviavel,
esem essa analise criteriosa, 0 concreto nao
estaracom pi eta mente caracterizado.
Pode ser utilizado para avaliar, alem da
tensaode escoamento (abatimento), a visco-
idade aparente de concretos com moderada
fluidez e que apresentem abatimento superior
a 120 mm.
Relacionam-se a viscosidade do concre-
to que, em fluxo confinado, devem ter a tensao
de escoamento superada pelo peso pr6prio da
amostra para entrar em regime de fluxo. Nos
ensaios (V-Funnel Test e Orimet Test), mensu-
ram-se os tempos para que todo 0 concreto
escoe atraves dos equipamentos.
Ap6s a mistura, aproximadamente 12
litros de concreto sac lan<;ados no V-funnel
test (Figura 7), sem tampa-Io ou vibra-Io,libe-
rando-se 0 fluxo para mensura<;ao do tempo
de escoamento, determinando-se a habilidade
de escoamento da forma do concreto fresco.
Essamesma amostra ensaiada, e relan<;ada no
equipamento, deixando-a em repouso por 5
minutos, procedendo-se entao a libera<;ao do
fluxo para mensura<;ao da susceptibilidade a
segrega<;ao [10] [11].
Com a tensao de escoamento superada
pelo peso pr6prio do concreto, mensura-se a
capacidade de fluxo atraves da forma, sem que
haja segrega<;ao. 0 comportamento sob fluxo
permite avaliar, indiretamente, a viscosidade
aparente do concreto, a qual deve ser capaz
de permitir 0 fluxo total do material pelo
equipamento e ainda mant'er 0 concreto coeso
para evitar a segrega<;ao. Para concretos auto-
adensaveis 0 tempo mensurado normalmente
e inferior a 10 segundos.
Embora a literatura associe 0 incremen-
to no tempo de escoamento, entre as-medidas,
a segrega<;ao do material [6], haja vista que 0
repouso permite a sedimenta<;ao do agrega-
do graudo vinculado a viscosidade da pasta,
outros fenomenos podem alterar 0 tempo de
escoamento do concreto.
Se os constituintes da pasta do concreto
estao bem dispersos, quando realizada a pri-
meira determina<;ao do tempo de escoamento,
os graos nao estarao aglomerados e 0 sistema,
consequentemente, apresentara menor vis-
cosidade plastica. Ja no segundo ensaio, ap6s
o repouso, dependendo da carga superficial
desenvolvida nas partfculas que comp6em 0
sistema cimentfcio, pode haver aglomerac;ao,
com repercussao direta sobre a tensao de es-
coamento e viscosidade plastica, aumentando
o tempo de escoamento.
Se ha incremento dos parametros re-
ol6gicos fundamentais, havera tambem uma
diminuic;ao na tendencia a segregac;ao e nao
se pode mais relacionar a maior demanda
de tempo para 0 fluxo com a segregac;ao do
concreto.
Com esse comportamento tipo reope-
xico, a densidade do concreto, que aliada a
coluna montante, e responsavel pela tensao
imposta ao sistema, pode nao ser capaz de
vencer a tensao de escoamento, no infcio do
ensaio ou no transcorrer dele, e com isso 0 ma-
terial para de escoar ou 0 faz com perturbac;6es
que desacreditam 0 resultado do ensaio.
Portanto, a densidade do concreto
e importante principalmente em ensaios
onde ha forte aglomerac;ao das partfculas
cimentfcias, conduzindo a um aumento da
viscosidade. Na presenc;a de agregados leves
ou com 0 aumento da relac;ao agua/materiais
cimentfcios, a densidade do concreto diminui
e com a interac;ao das partfculas, 0 concreto
pode aglomerar-se rapidamente, nao mais
apresentando peso pr6prio capaz de superar
a tensao de escoamento, impedindo 0 ensaio
atraves desta tecnica.
Por esta tecnica quantificam-se diferen-
tes condic;6es de viscosidade, porem de forma
indireta e limitada a concretos com grande
abatimento e nao segregaveis, ou seja, concre-
tos mais coesos nao podem ser ensaiados neste
equipamento. Embora alguns pesquisadores
utilizem vibradores tipo agulha para proceder
ao adensamento de concretos que nao sac
capazes de preencher 0 molde do equipa-
mento, variabilidades podem ser inseridas no
comportamento do concreto que inviabilizam
sua utilizac;ao na caracterizac;ao de concretos
que nao sejam auto-adensaveis.
o metoda consiste em lanc;ar 0 concre-
to" sem adensar, dentro de um tube de 10 cm
de diametro e 60 cm de altura, quantifican-
do-se 0 tempo de fluxo para que 0 concreto
esvazie 0 equipamento atraves de gabaritos
de dimens6es padrao acoplados na sua base;
demandando, normalmente, entre 1,5 e 6 se-
gundos para concretos com grande fluidez. 0
gabarito normal mente empregado possui 8 cm
de diametro e permite ensaiar concretos com
agregado de diametro maximo de 20 mm. No
caso de concretos coesivos, 0 tempo de fluxo
pode superar 60 segundos. A quantidade de
amostra e de 7,5 litros e essa quantidade deve
ser ensaiada de 2 a 3 vezes para a obtenc;ao
do resultado final [6].
Junto com 0 ensaio Orimet, pode-se
utilizar 0 acess6rio J-Ring, de diametro 30
cm e altura das barras de 10 cm, espac;adas
de dimensao 3 vezes 0 diametro maximo do
agregado graudo, para avaliar a capacidade
do concreto em contornar as barras - simu-
lando a armadura - sem segregar, porem nao
resulta em informac;6es suficientes para sanar
comportamentos atfpicos aos esperados.
A ac;ao da gravidade sobre 0 concreto
deve ser suficiente para vencer a tensao de
escoamento do material, porem com 0 fluxo
a massa diminui gradativamente e a tensao
de cisalhamento aplicada tambem'diminui.
Assim sendo, a tensao gerada pelo peso do
concreto deve ser sempre superior a tensao
de escoamento para permitir a mensurac;ao
indireta da viscosidade do concreto.
No caso de concretos propensos a se-
gregac;ao, 0 agregado graudo pode acumu-
Teste para
Habilidade de
Enchinlento
lar-se entorno do gabarito de saida e assim,
diminuir ou ate mesmo impedir 0 fluxo do
material [12].
Portanto, esse ensaio e capaz de men-
surar determinados tipos de concreto e, se os
mesmos nao se enquadrarem nesta faixa de
mensura~ao, sua aplica~ao passa a nao ser
conveniente. Embora relacionado indireta-
mente a viscosidade, nao fornece subsidios que
permitam modificar a composi~ao da mistura
sea mesma nao apresentar resultados satis-
fat6rios mediante este metodo. lsto porque
naoha como se determinar 0 comportamento
reol6gico das particulas cimenticias que inter-
ferem diretamente na viscosidade da pasta do
concreto e, com isso, mantem-se 0 empirismo
queconduz 0 ensaio a um simples teste de
passa/nao passa as propriedades requeridas
para0 concreto.
E destinado a caracterizar concretos
uto-adensaveis ou concretos que serao lan-
adosem formas com elevada densidade de
rmadura e que apresentem fluidez suficiente
araescoarem at raves dos gabaritos padrao
coplados ao equipamento e que contornem
dequadamente 0 equipamento J-Ring, uti-
zado como acess6rio ao ensaio. Como ha
stri~ao quanta ao diametro maximo do
regado « 20mm), concretos que utilizam
ita 2 (25 mm) nao podem ser caracterizados
r esta tecnica.
2.4 ENSAIOS DE HABllIDADE
DE ENCHIMENTO
Avaliam a capacidade de enchimento
das formas de concretos auto-adensaveis, sem
a utiliza~ao de adensamento, ou seja, pela
potencialidade do concreto escoar em fun~ao
do seu peso pr6prio, sem segregar, transpondo
obstaculos que simulam as armaduras, e pre-
encher adequadamente 0 mol de.
Como nao ha aplica~ao de energia de
vibra~ao, 0 escoamento depende exclusiva-
mente do peso pr6prio do concreto e, se a con-
sistencia - tensao de escoamento - for superior
a tensao gerada pela coluna montante de
concreto, 0 flu2<0 nao ocorrera. Embora esses
ensaios estejam atrelados ao tempo necessario
para preencher as formas e indiretamente a
viscosidade, a tensao de escoamento limita os
concretos que podem ser ensaiados, ou seja, a
tensao de escoamento apresenta valor maxi-
mo, a partir do qual nao e mais viavel ensaiar
os concretos por esta tecnica.
No ensaio frances do Laboratoire
Central des Ponts et Chaussess (Figura 9), 0
concreto e lan~ado at raves de um funil, com
altura de queda de 40 cm, enchendo-se 0 com-
partimento principal. Em seguida libera-se 0
fluxo e avalia-se 0 tempo para 0 enchimento
do mol de. Com 0 intuito de simular a armadu-
ra, existem perpendicularmente ao sentido de
fluxo do concreto, malhas de a~o de diametro
de 5 mm com espa~amento.de 5 cm.
Ja na caixa L, originalmente desenvol-
vida no Japao (Figura 10), ap6s 0 enchimen-
to da coluna montante, libera-se 0 fluxo e
mensura-se 0 tempo que 0 concreto leva para
escoar 20 e 40 cm, alem da altura final no
compartimento principal vertical e a altura
final na extremidade oposta, determinando-se
a rela~ao H/H" comumente entre 0,80 e 0,85.
Ha como simula~ao da armadura, 3 barras de
a~o de 12 mm de diametro espa~adas entre si
de 3,5 cm [6].
Pela a~ao da gravidade e do peso pr6-
prio do concreto, 0 fluxo ocorrera se a tensaode escoamento for superada e, dependera
da viscosidade plastica do sistema. Quando a
tensao de cisalhamento igualar-se a tensao de
escoamento, 0 sistema entrara em repouso e
nao mais escoara.
Ao escoar e contornar as diferentes si-
mula~6es de armaduras avalia-se 0 enchimento
das f6rmas, a segrega~ao e a capacidade de
envolver as barras de a~o do concreto, sem
comprometer, posteriormente, no estado en-
durecido, a aderencia concreto/armadura.
Desta forma, tem-se um cenario que
envolve, alem das caracterfsticas reol6gicas,
a distribui~ao granulometrica dos consti-
tuintes do concreto, a fim de permitir que a
argamassa carreie os agregados graudos por
entre as barras de a~o, resultando em um
material homogeneo por toda a extensao
do equipamento.
Uma granulometria inadequada acar-
retara uma viscosidade incompatfvel com 0
prop6sito do concreto auto-adensavel e, por
conseguinte, altera~6es reol6gicas que repercu-
tem no desempenho a logo prazo do material,
tais como efeito parede, heterogeneidades na
distribui~ao dos constituintes, preenchimento
inadequado das f6rmas, etc.
No enchimento do compartimento
vertical do modele frances, atraves do funil
(meramente esquematico/ilustrativo na Figura
9), ha a imposi~ao de fluxo confinado que pode
influenciar 0 comportamento do concreto.
A altura de queda imposta ao material,
em ambos os modelos, ate 0 fundo do equi-
pamento pode induzir maior concentra~ao de
agregado graudo nas camadas inferiores, em
fun~ao da viscosidade do material.
Como 0 transcorrer do ensaio depende
da viscosidade plastica do concreto, 0 intervale
de tempo necessario para sua avalia~ao induz
uma serie de modifica~6es no seu comporta-
mento reol6gico devido as intera~6es entre
as particulas e a evolu~ao da hidrata~ao,
conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2. De fato,
pode-se executar concretos auto-nivelantes
que apresentem variadas velocidades de esco-
amento e, durante 0 tempo de fluxo, a altera-
~ao do estado de dispersao/aglomera~ao das
partfculas modificara os parametros reol6gicos
fundamentais e por consequencia, 0 compor-
tamento reol6gico dos concretos.
, Essas variaveis nao sac diretamente
abrangidas por este ensaio e, com isso, ha
carencia de informa~6es que caracterizem 0
concreto no estado fresco.
Adequado para concretos auto-adensaveis
que serao lan~ados em locais de diffcil acesso,sub-
mersos, por exemplo, com alta concentra~ao de
armadura e que nao demandam adensamento.
Permite caracterizar concretos bombe-
aveis auto-nivelantes lan~ados em vigas/lajes
que sofrerao apenas acabamento superficial.
Os ensaios de remoldagem envolvem a
capacidade do concreto fluir e assumir a forma
Figura 10 - Ensaio Caixa L - Japao .
desejada sob impacto ou vibrac;ao. Portanto, a
intensidade da vibrac;ao deve superar a tensao de
escoamento e aplicar uma taxa de cisalhamento
responsavel pelo escoamento do concreto.
o tronco de cone, identico ao utilizado no
abatimento, e moldado dentro de um molde cilfn-
drico (30 cm de diametro e 20 cm de altura), sobre
a qual insere-se outro cilindro de menor diametro
(20cm) que ira restringir a movimentac;ao horizon-
tal do concreto, induzindo linhas de fluxo para
a material (Figura 12), que tera que contornar 0
abstaculo para preencher 0 mol de. Sobre 0 tronco
de cone de concreto coloca-se um disco metalico
de 1,9 kg, que contem uma marcac;ao na haste
metalica para acompanhamento do ensaio.
o disco, sob queda livre restringida
pelo escoamento do concreto submetido a
impactos na mesa de consistencia (1 queda
par segundo), servira como parametro para
a determinac;ao do numero de golpes para a
remoldagem [13].
Posteriormente 0 ensaio de Powers
fai modificado por Wuerpel, que substituiu a
mesade consistencia por uma mesa vibrat6ria.
Entao, 0 tempo de remoldagem e atingido
quando 0 concreto sob a placa, que esta sendo
vibrado, atingir a forma cilfndrica, identificada
pela marcac;ao na haste do disco.
Com a aplicac;ao de energia de vibrac;ao,
atensao de escoamento dos concretos ensaia-
dos e superada e 0 sistema entra em regime
de fluxo. A passagem da forma tronco-conica
para a cilfndrica demanda um intervale de
tempo que depende da viscosidade aparente
apresentada pelo material quando submetido
a uma taxa de cisalhamento constante, por vi-
brac;ao controlada, embora nao se tenha uma
correlac;ao direta entre essas variaveis, devido
aos diferentes comportamentos reol6gicos dos
concretos, func;ao da distribuic;ao granulome-
trica dos seus constituintes e da interac;ao entre
as partfculas cimentfcias.
Com 0 lanc;amento e adensamento do
concreto no molde tronco-conico, pode-se
facilmente determinar 0 abatimento, previa-
mente a remoldagem.
Embora este ultimo seja corriqueiramen-
te utilizado na caracterizac;ao tecnol6gica de
concretos, 0 comportamento sob fluxo depende
de uma serie de fatores que nao sao esclarecidos
com a mensurac;ao do abatimento. Indireta-
mente, observa-se na remoldagem (fluxo), que
o comportamento de concretos distintos com
mesmo abatimento, pode ser bastante diferen-
te, conforme ilustrado na Figura 4.
Essasdiferenc;as podem variar significa-
tivamente em func;ao dos materia is cimentfcios
utilizados (cimento + adic;6es minerais), de suas
interac;6es em meio alcalino e do estado de
aglomerac;ao das partfculas, para determinada
vibrac;ao imposta, que caracteriza uma taxa de
cisalhamento.
Com a ac;ao da vibrac;ao, a estrutura
aglomerada pode apresentar maior ou menor
resistencia ao seu fluxo, haj,,! vista que pequena
quantidade de energia pode instabilizar uma
estrutura aglomerada e ser insignificante pe-
rante outra de mesma tensao de escoamento.
Atraves deste ensaio ou pelo VeBe
(aperfeic;oamento do ensaio de Powers) pode-
se avaliar 0 comportamento sob fluxo de con-
cretos que tenham diferentes abatimentos e
que resultam em escoamentos identicos ou
bastante distintos quando submetidos a uma
determinada taxa de cisalhamento, confor-
me a Figura 5. Contudo, cabe salientar que a
viscosidade aparente obtida por estes ensaios
esta restrita a uma unica taxa de cisalhamento
e com isso nao se pode estimar 0 comporta-
mento reol6gico em taxas variaveis.
Portanto, a tecnica da remoldagem
evidencia os diferentes comportamentos sob
fluxo, mas nao esclarece as causas que condu-
zem aos respectivos resultados.
;i1EVISTI\ CONC;i1ETO ~
Os ensaios de remoldagem sac ade-
quados para concretos com baixo valor de
abatimento (menor que 5 cm) e que deman-
dam energia externa para proporcionar 0
escoamento do material [6].
o primeiro registro hist6rico de reo-
metro coaxial foi 0 Plastometro de Powers e
Wiler que, durante as decadas de 1930/1940,
utilizavam esse equipamento para mensurar
o torque aplicado pelo concreto no cilindro
interno do equipamento, conforme se pode
observar atraves da representa\ao esquemati-
ca da Figura 13. A cuba externa rotaciona sob
diferentes velocidades e tambem pode operar
com movimentos oscilat6rios, 0 que induz 0
concreto a gerar esfor\os no cilindro interno.
Com 0 infcio da 2a Guerra Mundial, 0
aprimoramento do equipamento foi suspenso,
entretanto, 0 seu princfpio serviu para 0 de-
senvolvimento dos reometros mais modernos
utilizados atualmente na caracteriza\ao reo-
16gica dos concretos [6].
Nos anos 70, Tattersall desenvolveu 0
teste de dois pontos baseado no modele de
Bingham, substituindo ao longo dos anos 0
modele coaxial (cilindros concentricos) por
hastes com aletas inseridas no concreto. Estas
hastes dependem do tipo de concreto, ou seja,
apresentam formas e movimentos (rota\ao
~I
~
u
~,....
/+---- - ", b'""i: /\ ' ,-t ~
'.... "," For~asde~
...........•.._ _ _ _ _' Supcrfide
axial ou movimento planetario) em fun\ao da
consistencia/abatimento do concreto [2] [6].
Com a evolu\ao dos equipamentos,
diferentes reometros foram desenvolvidos,
cada um com suas particularidades,visando
englobar a maior quantidade de variaveis que
atuam no estado fresco do concreto.
A fim de agregar esfor\os para a ca-
racteriza\ao reol6gica dos concretos, 0 NIST
- National Institute of Standards and Techno-
logy - USA - procurou avaliar a reologia de um
concreto fresco padrao atraves das diferentes
configura\oes de reometros desenvolvidas nos
centros de pesquisas voltados ao tema.
A correla\ao entre eles demonstrou
que ha uma tendencia nos resultados, em-
bora os valores absolutos para tensao de
escoamento e viscosidade nao sejam to-
talmente identicos. Essas varia\oes podem
ser decorrentes de inumeros fatores que
incluem a geometria do equipamento (eixos
concentricos, placas paralelas, tipos de ale-
tas, etc), quantidade de amostra, dimensoes,
etc, 0 que demanda pesquisas e desenvol-
vimento das tecnicas de mensura\ao para
sanar esses desvios.
Entretanto, a reometria e a tendencia
atual para avalia\ao do comportamento no
estado fresco do concreto e sua utiliza\ao deve
ser aprimorada para dar suporte a dosagem de
concretos de moderna tecnologia.
Com a utiliza\ao dos reo metros, obtem-
se os mapas reol6gicos que permitem avaliar
precisamente 0 comportamento a baixas taxas
de cisalhamento, conforme a Figura 14.
Estes mapas reol6gicos permitem an-
tever 0 comportamento no estado fresco do
concreto e, assim, atuar sobre a sele<;ao dos
constituintes e na propor<;ao de mistura para
adequar a aplicabilidade do mesmo as impo-
si<;6esde projeto.
Convem salientar que a determina<;ao
dos mapas reol6gicos das diferentes propor-
~6esde mistura, com os mais variados tipos de
materia is, demanda pequena quantidade de
concreto, e permite ter-se uma base de dados
que serve como desenvolvimento de produto
au conhecimento previa de tal mistura execu-
tada, delimitando tal aplicabilidade.
Na sequencia estao demonstrados al-
guns re6metros desenvolvidos em pesquisas
internacionais utilizados no estudo interlabo-
ratorial coordenado pelo NIST.
Desenvolvido na Noruega em 1987
(Figura 15), e um re6metro do tipo coaxial
quepermite substituir as pe<;asem fun<;ao do
tamanho maximo do agregado.
A cuba externa gira eo cilindro central
faz a medi<;ao do torque apenas na regiao
central para evitar as distor<;6es oriundas das
camadas de fundo e de superficie. Demanda
uma amostra de aproximadamente 17 litros
[2] [6].
Ao se rotacionar a cuba induz-se um
torque no cilindro interno, obtendo-se com
a varia<;ao da velocidade angular os corres-
pondentes torques gerados pelo concreto nas
aletas do cilindro concentrico.
Em concretos com alta tensao de es-
coamento, pode haver 0 deslizamento entre
camadas do concreto, ou seja, pode-se ter um
cisalhamento total do material na interface
do cilindro interno com a camada de concreto
situada entre os cilindros concentricos, 0 que
inviabiliza a realiza<;ao de ensaio em concretos
com baixo abatimento, conforme pode ser
observado na Figura 16.
E bastante apropriado para concretos
com abatimento superior a 12 cm, mas pode
ser utilizado para concretos com abatimento
a partir de 5 e 6 cm.
Neste equipamento 0 concreto e lan-
~ado em uma cuba fixa, onde se imerge uma
aleta em forma de "H", que pode operar em
rota~ao axial ou movimento planetario, cisa-
Ihando 0 material a taxas controladas (Figura
17) [6].
Ao se impor rota~6es controladas na
aleta central, determina-se 0 torque necessario
para manter a taxa de cisalhamento imposta,
obtendo-se assim a correla~ao velocidade an-
gular versus torque. Apresenta versao portatil
para ser utilizado nos canteiros de obra.
Este equipamento permite ensaiar
concretos com agregados de diametro ma-
ximo de 25 mm; apresenta rota~ao axial ou
movimento planetario, 0 que propicia maior
homogeneiza~ao da amostra durante 0 ensaio,
evitando inconvenientes como 0 cisalhamento
da por~ao central da amostra, em contato com
a aleta, em rela~ao ao restante do concreto.
Contudo nao permite modelar a visco-
sidade e a tensao de escoamento com precisao
porque nao gera linhas de fluxo paralelas du-
rante 0 escoamento do concreto na cuba.
Recomendado para concretos com
slump superior a 20 cm (auto-adensaveis).
Desenvolvido na Fran~a, 0 BTRHEOM
e um re6metro de placas paralelas com um
container de 24 cm de diametro e 10 cm de
altura, onde as laminas da metade inferior sao
fixas e as da parte superior giram, cisalhando
a amostra (Figura 18) [14].
E um equipamento do tipo placa-placa,
de rota~ao axial, que cisalha 0 material atraves
de velocidades angulares controladas com a
correspondente mensura~ao do torque gerado
pelo concreto em oposi~ao ao seu escoamento.
Por gerar linhas de fluxo paralelas possibilita
a determina~ao da viscosidade e da tensao de
escoamento.
Este equipamento disp6e de vibra~ao
na sua base para consolidar 0 concreto e
avaliar 0 efeito da vibra~ao sobre os pa-
rametros reol6gicos. Com isso e posslvel
ensaiar concretos que nao sejam auto-aden-
saveis, ou seja, que apresentam abatimento
superior a 10 cm, padronizando-se as con-
dic;6es de adensamento e vibrac;ao durante
o ensaio. Concretos muito secos (baixo
abatimento) nao podem ser ensaiados neste
equipamento.
E recomendado para concretos com
slump minima de 10 cm [6].
Com 0 intuito de disponibilizar recursos
para a caracterizac;ao reologica dos concretos
nos locais de trabalho, instituic;6es de pesquisa
vem desenvolvendo prototipos de re6metros
portateis que dispensam grandes equipamen-
tos e que podem ser facilmente operados, alia-
dos a custos mais acessiveis para as empresas
de construc;ao [3] [15].
Na Irlanda desenvolveu-se um proto-
tipo manual (Figura 19) que aplica 5 dife-
rentes taxas de cisalhamento ao concreto e
armazena os resultados em um aquisitor de
dados [3]. Embora prMico, ha distorc;6es nos
resultados em decorrencia da incapacidade
dooperador em prover suficiente restric;ao
rotacional imposta pelo cisalhamento do
concreto.
Com 0 objetivo de sanar 0 inconve-
niente dos ruidos, aprimorou-se 0 prototipo e,
conforme a Figura 20, verifica-se que ha maior
igidez do equipamento quando esse passa a
perar com 4 pontos de apoios, lembrando
ueha dispositivo que impede a operac;ao do
equipamento sem uma das maos.
3.4.2 Caminhoes betoneira
como reometros
Outra tendencia na caracterizac;ao
reologica de concretos esta na utilizac;ao dos
caminh6es betoneira como re6metros. Para
essa avaliac;ao e necessario 0 conhecimento da
quantidade de energia consumida para gerar
o torque que cisalha a massa de concreto alem
do numero de revoluc;6es em decorrencia do
torque aplicado. 0 torque pode ser mensurado
atraves do acompanhamento da pressao do
oleo responsavel pelo giro da betoneira.
Obviamente, ha necessidade de que
o equipamento instalado possa operar em
diferentes velocidades de giro, a fim de apli-
car diferentes taxas de cisalhamento a massa
de concreto. Amziane et al. [16] ensaiaram
diferentes concretos atraves de um caminhao
betoneira e ao mesmo tempo utilizaram um
reometro portatil (ICAR rheometer - Figura 21)
para relacionar os resultados obtidos.
A correla~ao dos valores de tensao de
escoamento obtidos pelo reometro ICAR e pelo
caminhao betoneira pode ser considerada mui-
to boa, entretanto, os valores de viscosidade
nao apresentaram boa correla~ao.
Mediante os resultados obtidos com 0
caminhao betoneira concluiu-se que, embo-
ra as dimens6es e a geometria da betoneira
possam ser aprimoradas, e possivel quantificar
as varia~6es na tensao de escoamento para os
diferentes tipos de concreto. Ja a mensura~ao
da viscosidade requer altera~6es na betoneira e
maior precisao na quantifica~ao das variaveis.
Com 0 avan~o da tecnologia do con-
creto e com imposi~6es sociais cada vez mais
complexas, surgiu uma ampla demanda por
concretos especiais que necessitam de carac-
teristicas especfficas a fim de desempenhar a
contento suas obriga~6esna aplica~ao/execu-
~ao da obra e ser duravel a longo prazo.
Assim sendo, houve necessidade de
aprimoramento da mao-de-obra, de equipa-
mentos e de materia is de modo a permitir
a execu~ao com viabilidade economica e
tecnica, entretanto, 0 objeto de interesse e
que deve atender as necessidades continua
tendo seu controle de qualidade baseado
em ensaios que nao satisfazem as exigencias
tecnol6gicas. Por isso, 0 ensaio de abatimento
deve ter sua finalidade contestada ja que nao
ha como se ter subsidios suficientes, atraves
do seu resultado, que justifique e ampare
tecnicamente a caracteriza~ao do concreto
para as complexas prtlticas de engenharia
utilizadas nos dias atuais.
Para a viabilidade de um empreendi-
mento que demande um conhecimento tecnico
aprimorado, nao e possivel que se trate 0 ma-
terial de forma empirica, com a realiza~ao de
testes de hip6tese para adequar 0 concreto a
finalidade desejada.
Logo, com 0 intuito de se ter meca-
nismos consistentes para a dosagem de um
concreto adequado para essas demandas
complexas e que se faz uso da caracteriza~ao
reol6gica, atraves de reometros que permitem
simular, adequar e fundamentar as decis6es
tomadas para que 0 concreto consiga atender
a fun~ao requerida.
Portanto, a tendencia e de que a
dosagem dos concretos, alem da resistencia
a compressao, tomada como primordial, e
dos parametros de durabilidade, incorpore
a caracteriza~ao reol6gica como fator fun-
damental para a garantia da qualidade e do
desempenho com a maximiza~ao do potencial
dos materia is, ,haja vista que, uma adequada
dispersao dos aglomerados, maxima redu~ao
da quantidade de agua de amassamento e
trabalhabilidade adequada durante a exe-
cu~ao da estrutura garantem um elevado
desempenho no estado endurecido.
Para a implementa~ao deste avan~o
tecnol6gico, sera necessario ensaiar reologica-
mente as propor~6es de mistura, 0 que podera
ser feito em centros de desenvolvimento ou
ate mesmo em centra is de concreto, onde um
reometro mais robusto e de precisao acurada
servira de ferramenta para adequar os para-
metros de projeto com a trabalhabilidade,
destino e funcionalidade durante a execu~ao.
Ja para 0 controle tecnol6gico e comprova~ao
dos requisitos reol6gicos, reo metros portateis
utilizados nos canteiros de obra servirao para
intervir e sanar dispers6es que podem ser
Tabela 2 - Finalidade das tecnicas de caracterizacao reol6gica dos concretos
. '~ ;- . , Concretos
iTipo de
Ensaio Compactados Convencionais Projetados Bombeaveis Aut!>. Submersos
com Rolo (10 a 30 MPa) Adensavels
Abatimento no Mono-ponto X X Xtronco de cone
Abatimento Multiponto Xmodificado
Y-Funnel test Mono-ponto X X
Orimet test Mono-ponto X X
Caixa L Mono-ponto X X X
• Tempo de
remoldagem Mono-ponto X
lYe-Be)
Re6metros Multiponto X X X X X
MONO-PONTO: ensaio que esta relacionado a uma (mica taxa de cisalhamento, permitindo a mensura~ao
indireta de um parametro reol6gico fundamental (tensao de escoamento ou viscosidade).
MUlTIPONTO: ensaio que permite a determina~ao da tensao de escoamento e das viscosidades plasticas para as
correspondentes taxas de cisalhamento.
indesejaveis durante 0 manuseio do concreto
ate 0 seu acabamento.
Contudo, os reo metros citados neste
trabalho nao permitem realizar a mistura do
concreto e apenas ensaia-Io, 0 que pode inserir
fatores extrfnsecos que levam a disparidade
de resultados e prejudicam as compara<;6es
entre as diferentes configura<;6es de equipa-
mentos.
Neste sentido, a Escola Politecnica/USP
esta desenvolvendo um reometro capaz de
propiciar a mistura e ensaiar 0 concreto, tra-
zendo um avan<;o significativo para a caracte-
riza<;ao reol6gica dos concretos utilizados na
constru<;ao civil.
Existem inumeros metodos para ava-
lia<;aodo comportamento reol6gico dos con-
cretos que apenas fazem inferencias sobre os
parametros fundamentais, mas que podem
ser empregados para se ter conhecimento
adequado das composi<;6es sobre determina-
dasaplica<;6eslfinalidades. Estes metodos nao
fornecem subsidios suficientes que permitam
atuar sobre as composi<;6es a fim de sanar de-
ficiencias reol6gicas que dificultam a execu<;ao
dedeterminadas tarefas.
Portanto, 0 conhecimento do compor-
tamento do concreto sob fluxo, a diferentes
taxasde cisalhamento, e preponderante para
se avaliar as incompatibilidades reol6gicas
que, muitas vezes, oneram 0 processo de exe-
cu<;ao de estruturas de concreto. Essa ampla
abrangencia das caracteristicas reol6gicas e
obtida at raves de ensaios com reo metros, os
quais permitem determinar a tensao de esco-
amento e a viscosidade plastica do material a
diferentes taxas de cisalhamento, podendo-se
desvincular 0 comportamento do concreto do
modele de Bingham que, muitas vezes, nao
representa 0 real comportamento do material
quando 0 mesmo escoa.
Para finalizar, a Tabela 2 sintetiza
as tecnicas de caracteriza<;ao reol6gica dos
concretos, destacando-se ,que para concretos
compactados com rolo ainda nao se tem uma
ferramenta adequada para caracteriza<;ao no
estado fresco.
Obviamente, existem inumeras outras
tecnicas de caracteriza<;ao que nao foram co-
mentadas neste trabalho, mas que podem ser
uteis se convenientemente empregadas.
Convem salientar que embora 0 abati-
mento modificado seja um ensaio multiponto,
nao e possivel ensaiar 0 concreto a diferentes
taxas de cisalhamento (apenas 1 taxa de cisa-
Ihamento), mas pode-se relacionar 0 ensaio
com a tensao de escoamento e com a viscosi-
dade aparente.
Ja com os reometros pode-se determi-
nar alem da tensao de escoamento, a visco-
sidade plastica em uma larga faixa de taxas
de cisalhamento, obtendo-se assim os mapas
reol6gicos que caracterizam 0 concreto.
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30 Concurso Ousadia
Concurso IBRACONpara estudantes de Arquitetura e Engenharia oIBRACON
Desafio arquitetonico e estruturaL: Projeto de torre e posta de controLe
de acesso de veicuLos e pessoas em urn parque em B'entoGon~aLves (RS).
CONCURSO OUSADIA 2007
AREA DO PROJETO
Area - Os projetos inscritos devem contempLar
uma area pertencente a FUNDAPARQUE,que
abriga 0 Centro de Eventos onde sera reaLizado
o 490 CBe.
Objetivo - Incentivar 0 intercambio de ideias
entre estudantes de Arquitetura e Engenharia.
INSCRI~6ES DOS PROJETOS
http://www.ibracon.org.br/eventos/concursos/
ousadiaj ad_ ousadi a.asp
Leia 0 regulamento, na pagina do Concurso no
site www.ibracon.org.br

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