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Doutrina de Marx interpretada por seus sucessores Böhm Bawerk

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Doutrina de Marx interpretada por seus sucessores
Reinterpretação de Werner Sombart
Werner Sombart admitiu claramente que a lei do valor de Marx não se mantém quando exigimos que corresponda à realidade empírica. Mas pretende interpretar a doutrina marxista dizendo que seu “conceito de valor” deve ser apenas “um auxiliar de nosso raciocínio”. Seria apenas um conceito auxiliar do raciocínio, para conceber como grandezas quantitativas os bens de uso não comensuráveis devido à sua diversificação qualitativa, tornando-os assim comensuráveis em nosso pensamento.
A doutrina de Marx se trata de uma teoria que, admitidamente, não está de acordo à realidade, não serve para explicar e avaliar as condições reais. O autor ressalva que considera a tentativa de reinterpretação de Sombart dificilmente conseguirá muitos defensores e simpatizantes.
Reinterpretação de Konrad Schmidt
Através de uma “reinterpretação” da teoria do valor, feita de uma maneira “que o próprio Marx não expressou claramente”, seria possível, “ao menos em princípio”, superar as contradições que eu tinha apontado. E Schmidt indica já as linhas básicas para essa mudança de interpretação.
Ele diz que preço e tempo de trabalho são grandezas mensuráveis. O preço se orienta diretamente pelo tempo de trabalho contido na mercadoria, ou certas regras, formuláveis ao menos num sentido geral, preveem um desvio da norma dessa relação direta.”
Marx desenvolve “a simples hipótese original com todas as suas consequências”, para assim chegar “a um quadro detalhado da economia capitalista exploradora, do modo como esta se apresentaria caso houvesse coincidência direta de preço e tempo de trabalho”.
“A simples regra da coincidência entre os dois fatores só pode ser mudada quando se diz que os preços reais se desviam daquela norma pressuposta a partir de uma regra geral.” Por esse descaminho se poderia reconhecer e conceber em detalhes não só a verdadeira relação entre os preços e o tempo de trabalho, mas também o verdadeiro processo da exploração que caracteriza o modo de produção capitalista. é preciso aceitar que a quantidade de trabalho não é o único motivo determinante dos preços que o dono das mercadorias recebe.
Sua única defesa para a tese de que o lucro tem um caráter explorador está na hipotética lei do valor. Só se nenhum átomo do valor de troca pudesse ter outra origem que não o trabalho, ficaria provado que uma parcela de valor que um não trabalhador recebe só pode existir às custas do trabalhador, constituindo-se em ganho de exploração. Mas, a partir do momento em que se admite que o valor de troca das mercadorias nem sempre equivale à quantidade de trabalho nelas aplicada, fica claro, também, que, na formação do valor de troca, entra outro fator causal que não o trabalho. E, então, já não se pode afirmar que a parcela de valor que recai para o capitalista brota da exploração dos trabalhadores pois, possivelmente essa parcela procede daquela outra causa de valor que concorre com o trabalho e sobre cuja natureza nada sabemos ao certo.
Schmidt, junto com o Marx do terceiro volume, diz que a porcentagem do juro é determinada a partir da distribuição igual da massa total da mais-valia, obtida pelo capitalista, segundo a lei de equiparação dos ganhos sobre todos os capitais investidos, na proporção de seu montante e do tempo de investimento.
Em duas fases de um só raciocínio, Schmidt trata a lei do valor ora como válida, ora como falsa. Isso nos faria pensar mais, nos faria imaginar que as duas fases do raciocínio explicativo correspondessem a duas fases separadas nos fatos reais.
A mais-valia forma-se na maneira e no montante dados por Marx, porque o valor de troca das mercadorias obtido pelos empresários capitalistas é determinado unicamente pelo tempo de trabalho nelas corporificado. E é distribuído, também, da maneira afirmada por Marx, porque esse mesmo valor de trabalho não depende unicamente do tempo de trabalho! Portanto, textualmente, diante do mesmo fato, que é a formação do valor de troca de mercadorias, pode-se afirmar, ao mesmo tempo, que a lei do valor é uma realidade empírica plena, e que não é uma hipótese correta! a influência do capitalismo privado, com sua exigência de juros iguais, impede que o valor de troca das mercadorias se harmonize inteiramente com as quantidades de trabalho.
Creio que os marxistas vão longe demais com a “hipótese” do valor do trabalho. Certamente essa hipótese nada contém que seja a priori inconcebível ou impossível. Mas isso não basta para fazer de uma hipótese o alicerce de uma teoria séria.
Tudo o que vemos na experiência, e tudo o que sabemos sobre os motivos que provocam a troca, nos força a presumir que, assim como na realidade do capitalismo privado, também numa sociedade não capitalista o valor não se harmonizaria com a quantidade de trabalho. Em qualquer sociedade, e com qualquer tipo de distribuição de bens, as pessoas levam em conta a utilidade e os custos.
Reinterpretação de Edward Bernstein
Bernstein já não o comprova pela lei do valor. Certamente sentindo que a própria lei é demasiadamente precária para poder apoiar mais outra coisa nela, ele declara: “É totalmente irrelevante, para provar o mais-trabalho, saber se a teoria do valor de Marx é correta ou não. Nesse sentido, ela não é uma tese comprobatória, mas apenas um instrumento de análise e visualização.”
Aponta para o fato de que “da criação e distribuição de mercadorias participa ativamente só parte da população, enquanto há outra parte composta por pessoas que, ou auferem ganhos prestando serviços não diretamente ligados à produção, ou os auferem sem trabalhar.
Portanto, há muito mais pessoas vivendo do trabalho aplicado por outros na produção do que trabalhando efetivamente, e a estatística dos ganhos nos mostra que, além de tudo, as camadas não ativas na produção se apoderam de parcela muito maior do produto total do que lhes caberia secundo sua relação numérica com a parte ativamente produtiva. O ‘mais-trabalho’ dessa camada é um fato comprovável. 
Bernstein entende o “mais-trabalho” num claro sentido marxista, como exploração de trabalho alheio. Pelo simples fato de que o produto nacional não é todo ele distribuído entre os trabalhadores produtivos, como salário de trabalho.
É fato, também, que os socialistas reivindicam esse produto total como “salário pleno” para os trabalhadores ativos na produção. Por outro lado, os socialistas não querem, de modo algum, admitir que a distribuição desse valor total aos trabalhadores seja adiada até aquele momento em que o produto por eles criado esteja pronto e disponível para distribuição. Não é mérito pleno dos trabalhadores hoje ativos, nem de seu esforço e de sua habilidade unicamente, que se venha a obter, depois de certo número de anos, um produto mais abundante.
Se adotarmos alguns pressupostos estará certo dizer que, quando o salário vem depois do trabalho, não é o empresário quem adianta salário, mas o trabalhador quem adianta trabalho.
O acerto ou a falsidade da teoria da exploração não depende do fato de as parcelas do produto nacional não empregadas em salários serem ou não aplicadas segundo o mérito real dos participantes: depende, única e exclusivamente, de se poder ou não provar que o mérito dos trabalhadores justifica uma aplicação artificialmente antecipada de todo o produto nacional em salários. Se isso não puder ser justificado, a teoria da exploração será falsa, pois uma parcela do produto nacional ficará livre para reivindicações justas de outros pretendentes.

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