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1 I. Imparcialidade do mediador Por esse princípio, o mediador irá ouvir as duas partes de forma igual e não irá representar ou aconselhar nenhuma delas. Ele é imparcial porque não está do lado de nenhuma das duas partes, e não tem interesse próprio em nenhuma das questões que estão envolvidas nos conflitos. É uma condição fundamental para ser mediador não existir nenhum conflito de interesses ou relacionamento que seja capaz de alterar e afetar a sua imparcialidade. Ele deverá agir sem qualquer favoritismo e ser isento de preconceitos com relação às partes, ao tema a ser desenvolvido, às palavras utilizadas ou à aparência dos mediandos. O mediador não poderá deixar-se influenciar por seus valores ou preconceitos para poder realizar de forma imparcial o seu trabalho. Anexo III – Código de ética de conciliadores e mediadores judiciais §3º Imparcialidade – Dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente. II. Isonomia entre as partes “Todos são iguais perante a lei”, garante o art. 5 caput da nossa Constituição Federal (1988). Sendo assim, as partes devem ter tratamento igualitário pelo mediador para que possam fazer valer as suas afirmações. Cabe ao mediador, na mediação, assegurar aos mediandos a igualdade de tratamento. Esse princípio é fundamental, uma vez que não é possível uma mediação ser eficaz quando as partes estão em desequilíbrio. 2 III. Oralidade Na mediação, é valorizada a oralidade, ou seja, a grande maioria das intervenções é feita através do diálogo. A dialética da mediação é ditada pela oralidade da linguagem comum. As partes ou mediandos são os principais protagonistas do procedimento, mesmo quando contam com a assistência dos seus advogados. O que hoje se percebe é um crescente aumento da consciência acerca da importância da oralidade para o bom desenvolvimento dos processos, o que vem ocorrendo em países do oriente e do ocidente. Segundo Farias (2009), há três constituições que incluem a oralidade em seus textos, expressamente, como garantia fundamental: a da Áustria, a da Espanha e a da Dinamarca. IV. Informalidade Cabe às partes decidirem qual e como percorrer o caminho na mediação. Ainda sob os auspícios desse princípio, temos que levar em consideração que os atos praticados devem ser precisos, claros, concisos e simples, tanto na linguagem quanto nos procedimentos, de tal forma que atendam às necessidades das partes e sua compreensão. Apenas o termo inicial, ou o termo final de mediação, em que se registra o resultado obtido, poderá ser formalizado por escrito. Todas as demais anotações efetuadas durante a mediação devem ser destruídas. O princípio da informalidade se destaca por não haver nenhuma forma exigível para conduzir o processo de mediação. A atuação do mediador em cada sessão pode ser dirigida de maneira distinta. A informalidade da mediação pode beneficiar a comunicação entre as partes, facilitando a descontração entre elas, para que se sintam mais à vontade para tentar resolver o conflito. Faz-se necessário, para manter a dinâmica das relações entre as partes, que o procedimento 3 adotado seja flexível, pois, num processo em que se busca o consenso no conflito, deve-se saber manejar as possibilidades e oportunidades que as partes têm na negociação. Pode-se dizer que a mediação não é um processo rígido, visto que a sua estruturação dependerá da essência das controvérsias apresentadas pelas partes. V. Autonomia da vontade das partes A mediação de conflitos supõe a autonomia da vontade de pessoas capazes, no exercício da igual liberdade de pensamentos, palavras e ações, devendo o mediador abster-se de forçar um acordo e de tomar decisões pelos envolvidos. O poder de definir o encaminhamento da solução do conflito é das partes. Esse princípio possibilita que elas realizem suas próprias escolhas no encaminhamento dos seus projetos de vida. O mediador deve atuar de forma que facilite o diálogo entre as partes envolvidas e, sem nenhuma indução do mediador, elas devem estar aptas a resolver os conflitos. Ou seja, o poder de dirimir os conflitos compete exclusivamente às partes. De acordo com a Resolução 125, de 2010, do Conselho Nacional de Justiça (2010), a autonomia da vontade das partes é o dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo, podendo inclusive interrompê-lo a qualquer momento. VI. Busca do consenso Esse princípio nos remete a própria essência da mediação em que não é possível impor uma decisão às partes. Deve-se levar em consideração o resultado dos diálogos entre as partes e, a partir daí, será extraída a essência do acordo que elas pretendem firmar. 4 Na mediação, as partes chegam a um acordo, nada é imposto ou decidido por elas. É preciso que a mediação seja fundamentada pelo consenso entre as partes. Os participantes da mediação encontram-se no exercício de uma igualdade de oportunidades e liberdade, de modo que todo o diálogo e qualquer decisão serão construídos consensual e livremente pelos mediandos, de forma autocompositiva. VII. Confidencialidade As necessidades, sentimentos e questões revelados durante a mediação não podem ser utilizados em qualquer outro ambiente. O dever de manter sigilo abrange todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo o mediador ser testemunha do caso nem atuar como advogado dos envolvidos em qualquer hipótese. A confidencialidade mereceu disciplina específica na Lei 13 140 /2015 e você deve consultar esse documento legal para aprofundar seu conhecimento na área. (Seção IV - Da Confidencialidade e suas Exceções – art. 30 e 31 - Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm). VIII. Boa-fé Esse princípio caracteriza os trabalhos colaborativos em busca da satisfação de interesses comuns, embora contraditórios. Na mediação, não há provas a produzir ou revelações que possam valer em qualquer outro ambiente, de modo que, se não houver boa-fé, o procedimento estará inviabilizado. O princípio da boa-fé deve reger todos os atos daqueles que participam do processo, nomeadamente as partes e o terceiro mediador. Eles se obrigam a agir com lealdade e probidade (integridade, honestidade e retidão), tanto na exposição dos fatos com observância da verdade, quanto no comportamento para a efetiva solução do litígio, observando o respeito mútuo e a retidão de comportamento. Percebe-se que o princípio está relacionado com a colaboração das partes. 5 REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010. Brasília: Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/images/stories/docs_cnj/resolucao/arquivo_integral_republicaca o_resolucao_n_125.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2016. FARIAS, B. Análise crítica dos princípios do contraditório e da oralidade. Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP. V.III, 2009. p. 89-108.
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