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UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 1 de 7 CCaappííttuulloo 11 SSoobbrree ooss SSiisstteemmaass ddee NNuummeerraaççããoo 1. Introdução Os aborígenes tasmanianos, espécie extinta que mal atingiu o nível paleolítico de evolução cultural, só sabiam contar até quatro. Podemos presumir que a necessidade de contar grandes números só se fez sentir quando os homens começaram a pastorear boiadas e rebanhos. Pastor e boiadeiro precisam saber contar o número de suas reses e ovelhas para se certificarem de que nenhuma se extraviou e, muitos anos antes do homem passar a residir em cidades, ele já havia descoberto o expediente de contá-las em grupos. Em nosso sistema numeral, agrupamos os objetos, para fins de numeração, em dezenas (grupos de dez unidades), dezenas de dezenas (centenas, grupos de dez dezenas), dezenas de dezenas de dezenas (milhares) etc. É isso que queremos dizer quando afirmamos que dez é a base, isto é, o número de grupo, em nosso sistema de numeração (sistema decimal). Quase sempre, em todos os sistemas de numeração, um múltiplo de cinco (seja cinco, dez ou vinte) aparece como base, ou meio fundamental de agruparem os números. Isto provém de o homem primitivo valer-se, como as crianças, de seus dedos para conferir os objetos. Alguns aborígenes americanos usavam os dedos dos pés. Uma tribo de índios paraguaios possui denominações correspondentes aos números um, dois, três, quatro, cinco (uma mão), dez (duas mãos), quinze (duas mãos e um pé), vinte (duas mãos e dois pés). A numeração dos antigos calendários maias atribuía sete sinais distintos correspondentes a um, dois, três, quatro, cinco, vinte e quatrocentos (vinte vintenas). O inglês guarda vestígios deste processo rudimentar de contagem pelos pés e pelas mãos, como se pode verificar pelo uso tão freqüente da palavra score (vintena) no Velho Testamento. Método ainda mais antigo, qual o de agrupar os números em duplas e quadras (duas mãos e dois pés) revela a base dois do sistema numeral da Síria. 2. Representação formal em um sistema de numeração Consideremos um sistema de agrupamento que utilize a base seis, ou seja, os objetos são agrupados em grupos de seis unidades, seis grupos de seis unidades, seis grupos de seis grupos de seis unidades, e assim por diante. Para representar a quantidade abaixo (correspondente ao número decimal 46), deveríamos proceder como indicado: Note que temos: Quatro unidades (ou seja, quatro “grupos” de 1 = 60 unidade) Um grupo de seis unidades (ou seja, um grupo de 6 = 61 unidades) Um grupo de seis grupos de seis unidades (ou seja, um grupo de 6 x 6 = 62 unidades) Então, na base 6, tal quantidade seria representada por (1 1 4)6. De uma maneira geral, toda quantidade (número) pode ser representada em um sistema de numeração de base b por uma estrutura da forma (dn dn-1 dn-2 ... d1 d0)b onde d0, d1, ..., dn são os dígitos (símbolos, normalmente algarismos decimais), que variam de 0 a b – 1. UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 2 de 7 Quando a base é b = 10 (sistema decimal) não precisamos indicá-la, por tratar-se de nosso sistema comum de representação numeral. Note que os dígitos assumem como valor máximo b – 1. Assim, um sistema de base cinco só pode utilizar os dígitos (algarismos) 0, 1, 2, 3 e 4. O nosso sistema decimal usa os algarismos de 0 a 9. Sistemas com base superior a 10, como o hexadecimal (base 16) utilizam letras maiúsculas para representar os “algarismos” maiores que 9 (10 A; 11 B; 12 C; 13 D; 14 E; 15 F). Exemplos 1. Utilizando uma estrutura pictórica (figura), represente o número decimal 46 nas bases 5, 8 e 16. 2. Em um sistema de transmissão de dados, cada sinal é transmitido individualmente por uma fibra, ou seja, utiliza um canal individual. Entretanto, podemos associar 8 canais em uma superfibra que, embora mais cara que 8 fibras individuais, permite maior controle, menor desperdício (perda) e maior confiabilidade. Ainda, grupos de 8 superfibras podem se associar em um cabo especial com 64 fibras e assim por diante. Se os preços dos cabos são p reais por fibra individual, 10p reais por superfibra e 86p reais por cabo especial, quanto seria gasto num sistema com 245 canais? 3. Admita que uma determinada informação possa assumir M valores distintos e que queiramos expressa- la num sistema (numérico) de base R. Quantos coeficientes são necessários para que possamos representar todos os M valores possíveis da informação? Assuma que esses valores vão de 0 a M – 1. Sistemas de numeração de especial interesse em Eletrônica Digital são o binário (base 2, algarismos 0 e 1), o octal (base 8, algarismos de 0 a 7) e o hexadecimal (base 16, que usa os algarismos de 0 a 9 e as letras de A a F). O sistema binário está intimamente associado ao fato de, em Eletrônica, distinguirmos se num determinado ramo de circuito passa ou não passa corrente elétrica: podemos associar o número 1 à passagem de corrente elétrica e o número 0 à interrupção desta. não passa corrente número binário 0 passa corrente número binário 1 Os sistemas octal e hexadecimal compactam a representação binária porque 8 e 16 são potências de 2 (8 = 2 3 e 16 = 2 4 ). Por isso, cada três dígitos binários correspondem a um dígito octal; cada quatro dígitos binários correspondem a 1 dígito hexadecimal. Por exemplo, é fácil verificarmos que (1011001)2 = (131)8 = (59)16 Como exercício, verifique as igualdades acima! UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 3 de 7 3. Conversão de um sistema qualquer para o decimal A representação de um número em nosso sistema decimal é posicional, ou seja, cada algarismo tem um valor relativo que depende de sua posição no numeral. Os valores relativos são associados a potências de base 10, como mostrado abaixo: número 1 0 6 4 (1064) potências de 10 10 3 10 2 10 1 10 0 valor relativo 1 x 10 3 0 x 10 2 6 x 10 1 4 x 10 0 1000 0 60 4 = 1000 + 0 + 60 + 4 = 1064 Para determinarmos o equivalente decimal de um número escrito em uma base b qualquer, basta procedermos como mostrado acima, cuidando para que os valores relativos sejam associados às potências da base em questão. Por exemplo, determinemos o equivalente decimal de (2071)8. número 2 0 7 1 (2071)8 potências de 8 8 3 8 2 8 1 8 0 valor relativo 2 x 8 3 0 x 8 2 7 x 8 1 1 x 8 0 1024 0 56 1 = 1024 + 0 + 56 + 1 = 1081 Assim, verificamos que (2071)8 1081 (não precisamos escrever a base 10...). Exemplo Determine os equivalentes decimais dos números (12345)6 (10100101110)2 (2456)8 (52E)16 4. Conversão do sistema decimal para um de base qualquer Dado um número na base 10, para determinarmos seu equivalente em uma base b qualquer basta calcularmos quantas vezes a base b e os grupos de b elementos mencionados no item (1) “cabem” no número dado. Veja o exemplo: No número 1081 cabem 1081 8 = 135 grupos de 8 unidades e sobra 1 unidade; Os 135 grupos de 8 unidadescorrespondem a 135 8 = 16 grupos de 8 x 8 unidades e sobram 7 grupos de 8 unidades Os 16 grupos de 8 x 8 unidades podem ser divididos em 16 8 = 2 grupos de 8 x 8 x 8 unidades e não sobra nenhum. Assim, no número 1081 temos: 2 grupos de 8 x 8 x 8 = 83 unidades 0 grupo de 8 x 8 = 82 unidades 7 grupos de 8 = 81 unidades 1 grupo de 1 = 80 unidade Logo, podemos escrever 1081 = (2071)8 UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 4 de 7 Em termos práticos, a conversão pode ser feita por divisões sucessivas do número dado (na base 10) pelo valor da nova base (b), recolhendo-se o último quociente e os restos (na ordem inversa) para formar o número na base b. Para o exemplo acima, teríamos: 1081 8 1 135 8 7 16 8 0 2 Com o último quociente e os restos na ordem inversa formamos o conjunto 2 0 7 1, ou seja, 1081 = (2071)8 Exemplo Escreva o número 12345 na base 5 na base 16 na base 2 na base 8 5. Conversão entre bases quaisquer Um método para se converter um número numa base b1 para outra base b2 é, primeiramente, encontrar o equivalente decimal do número dado (na base b1) e, depois, converter o decimal equivalente para a base b2. Por exemplo, para converter (1023)4 para a base 6 faríamos: 1°. Achar o equivalente decimal de (1023)4. (1023)4 1 x 4 3 + 0 x 4 2 + 2 x 4 1 + 3 x 4 0 = 64 + 0 + 8 + 3 = 75 2°. Converter 75 para a base 6. 75 6 3 12 6 0 2 Logo, 75 (203)6 3°. Assim, (1023)4 (203)6 UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 5 de 7 6. Operações aritméticas no sistema binário Por ser de especial importância no estudo de circuitos digitais, o sistema binário (base 2, algarismos 0 e 1) merece especial atenção. Inicialmente, vale ressaltar que um dígito binário é denominado bit (do inglês binary digit). Assim, um bit é um número que só pode valer 0 ou 1 Veremos agora como proceder às operações de adição, multiplicação e subtração entre números binários (a divisão foge ao escopo de nosso assunto). a) Adição A soma de dois dígitos binários (dois bits) é feita segundo o quadro abaixo: Adição de dígitos binários 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 (e “vai um”) b) Multiplicação O produto de dois bits é obtido seguindo-se as regras: Multiplicação de dígitos binários 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 0 1 c) Subtração Para se achar a diferença entre dois dígitos binários utilizamos: Subtração de dígitos binários 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 (empresta- se 1) 1 0 d) Subtração usando complemento de 2 A diferença entre dois números binários, formados por vários bits, pode ser encontrada pela soma do primeiro com o simétrico do segundo (simétrico é o negativo de um número). Um número negativo pode ser representado acrescentando-se um bit à esquerda com valor 1, que não faz parte do número: serve apenas para indicar seu sinal. Por exemplo: 01011 decimal + 11 11011 decimal – 11 UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 6 de 7 Esta representação, entretanto, não é útil para o nosso propósito, que é de achar a diferença entre dois números através da soma. Uma forma mais conveniente de representar um número negativo é através do seu complemento de 2: invertemos todos os bits do número e somamos 1 ao resultado. Exemplificando: número original 1011 decimal 11 inversão dos bits 0100 complemento de 1 somando 1 0101 complemento de 2 – 11 Com essa representação, confira os exemplos abaixo, onde usaremos “acumuladores” de 6 bits (apenas 5 bits são aproveitados: o bit mais significativo está associado ao sinal): 21 – 10 = ? 21 010101 – 10 110110 21 + (– 10) 010101 + 110110 = 1001011 eliminando o primeiro bit (pois só há 6 bits) 001011 decimal +11 7 – 13 = ? 7 000111 – 13 110011 7 + (– 13) 000111 + 110011 = 111010 como o primeiro bit é igual a 1, o resultado é negativo o resultado está na forma de complemento de 2 devemos achar o número cujo complemento de 2 é 111010 basta acharmos o complemento de 2 novamente 000110 decimal (–) 6 3 – 17 = ? 3 000011 – 17 101111 3 + (– 17) = 000011 + 101111 = 110010 primeiro bit igual a 1 resultado negativo complemento de 2 novamente 001110 decimal (–) 14 12 – 12 = ? 12 001100 – 12 110100 12 + (– 12) = 001100 + 110100 = 1000000 eliminando o primeiro bit (só há 6 bits) 000000 decimal 0 31 – 3 = ? 31 011111 – 3 111101 31 + (– 3) 011111 + 111101 = 1011100 eliminando o primeiro bit 011100 decimal 28 3 – 31 = ? 3 000011 – 31 100001 3 + (– 31) 000011 + 100001 = 100100 primeiro bit igual a 1 negativo novo complemento de 2 011100 decimal (–) 28 17 – 26 = ? 17 010001 – 26 100110 17 + (– 26) 010001 + 100110 = 110111 primeiro bit igual a 1 negativo novo complemento de 2 001001 decimal (–) 9 UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee JJuuiizz ddee FFoorraa FFaaccuullddaaddee ddee EEnnggeennhhaarriiaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCiirrccuuiittooss EEllééttrriiccooss CCIIRRCCUUIITTOOSS LLÓÓGGIICCOOSS Página 7 de 7 Exemplos 1. O bloco abaixo é denominado meio somador de dois bits: dados os bits de entrada A e B, o circuito interno deve fornecer as saídas S e C, de modo que S é o resultado da soma e C é o “carry out”, ou seja, o “vai um”. Complete a tabela abaixo para os possíveis valores de A e B. A B S C 0 0 0 1 1 0 1 1 2. Utilizando blocos somadores como mostrado no exemplo (1) e, ainda, um bloco inversor, que fornece na saída o complemento de 1 (ou, simplesmente, complemento) do bit de entrada ( M = 0 M = 1 e M = 1 M = 0), monte uma estrutura que dê a diferença entre dois números binários A1A0 – B1B0. Complete a tabela abaixo com os resultados que você obterá com seu circuito: D1 D0 é o resultado e S é o bit de sinal do resultado. A1 A0 B1 B0 S D1 D0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 1
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