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EA D Renovação Urbana e Comercial 4 1. OBJETIVOS • Compreender e analisar o processo histórico de desen- volvimento comercial e de reorganização das cidades me- dievais. • Conhecer e identificar a concepção e a organização do ambiente urbano medieval. 2. CONTEÚDOS • Interpretações historiográficas sobre o movimento de re- novação urbano-comercial. • Crescimento comercial e urbano dos séculos 11 e 12: ori- gens e consequências. • Movimentos urbanos: comunas e corporações de ofício. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 114 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Você se lembra de que na Unidade 1 estudamos o con- ceito de vínculo espiritual? Lembra-se da relação de do- minium? Esses são conceitos importantes, e não podem ser deixados para trás. Caso você não se recorde bem deles, sugerimos que retome a Unidade 1 e releia a pro- posta de interpretação do sistema feudal feita por Alain Guerreau. 2) Algumas informações preliminares serão úteis para um melhor aproveitamento do estudo desta unidade: a) O burgo era uma aglomeração humana (fortificada ou não) que se desenvolvia ao lado de uma cidade, de um castelo ou monastério. b) Charrua: tipo de arado conhecido desde a época ca- rolíngia, que sofreu algumas alterações nos séculos 11 e 12. c) Na condição de local de troca e produção, a cidade medieval esteve bem dependente do campo. Seus habitantes frequentemente tinham origem rural. Por isso, apesar de viverem no ambiente urbano, al- guns conservavam uma atividade agrícola. d) Baschet (2005, p. 146) faz uma afirmação impor- tante sobre as cidades da Baixa Idade Média: "As maiores cidades atingem, então, 200 mil habitantes (Paris e Milão), 150 mil (Florença, Veneza e Gênova), ou beiram as 100 mil almas (Gand, Bruges, Londres, Colônia e Trèves). Mas, fora estas prestigiosas exce- ções, a maior parte das cidades não passa de 10 mil ou 20 mil habitantes". e) As corporações de ofício foram agrupamentos eco- nômicos de caráter quase público que submetiam seus membros a uma disciplina coletiva no exer- cício de sua profissão. Seus mestres eram aqueles 115© Renovação Urbana e Comercial que possuíam o saber sobre determinado ofício e dispunham das ferramentas e do fornecimento de matérias-primas. f) De acordo com a “dignidade” e “riqueza” do que era produzido, os ofícios eram classificados como artes “maiores” ou “menores”. A joalheria ou a produção de peles, por exemplo, eram considerados ofícios superiores. Os pedreiros, carpinteiros e açougueiros exerciam ofícios classificados como inferiores. Essa hierarquia dos ofícios se refletia na política: os ofí- cios maiores ascendiam ao governo das cidades. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Como vimos na Unidade 1, a Idade Média (particularmente o período feudal, entre os séculos 11 e 13) caracterizou-se por uma diversidade de realidades. Tal diversidade era muito mais comple- xa do que aquele antigo esquema “Senhor-Vassalo / Senhor-Servo” poderia explicar ou resolver. Para tentar ampliar um pouco a compreensão daquela rea- lidade, convidamos você a nos acompanhar por mais um tema es- pecífico da Baixa Idade Média, o crescimento urbano e comercial da sociedade feudal. Durante muito tempo, o desenvolvimento do ambiente ur- bano e a crescente movimentação comercial que marcaram os séculos 11, 12 e 13 foram interpretados pela historiografia como fenômenos antagônicos à supremacia do modo de vida feudal. Vá- rios autores encararam o desenvolvimento das cidades e o cres- cimento da atividade comercial como elementos de um processo histórico que culminaria na decadência do feudalismo. Entretanto, os documentos do período e boa parte da histo- riografia que revisa as concepções tradicionais nos mostram que o desenvolvimento urbano e comercial esteve atrelado às concep- ções e ideologias produzidas pelo feudalismo. A tal ponto que mui- © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 116 tos citadinos buscavam materializar sua prosperidade financeira imitando modos de vida vindos da aristocracia senhorial rural. Dessa forma, nosso objetivo aqui é apresentar as principais causas desse desenvolvimento urbano-comercial, destacando-o como uma das formas de reprodução do sistema feudal. 5. ABORDAGENS HISTORIOGRÁFICAS SOBRE O DE- SENVOLVIMENTO URBANO E COMERCIAL DOS SÉCU- LOS FEUDAIS O progresso das cidades medievais foi um dos temas que gerou muitas controvérsias no trato das problemáticas sobre o feudalismo. Especialmente porque, diante da experiência urbana moderna, cuja referência centra-se no progresso material e inte- lectual da cidade, parecia um contrassenso compreender o desen- volvimento desse ambiente como um fenômeno aliado à experi- ência feudal. Explicar o desenvolvimento urbano do Ocidente durante os séculos 11 e 13 significava defender a necessária oposição entre o ambiente rural feudalizado e o ambiente urbano progressista. Nessa linha de interpretação, a principal síntese explicativa foi feita por Henri Pirenne, que via o fenômeno de "renascimen- to" das cidades medievais como um movimento de oposição e de libertação do modo de vida feudal. De acordo com Pirenne (1973), o “renascimento das cida- des” esteve relacionado unicamente ao “renascimento do co- mércio no século 11”. Esses “renascimentos” estavam ligados ao surgimento de novas rotas comerciais, estabelecidas pelos comer- ciantes saídos dos subúrbios episcopais. Com o declínio do grande comércio entre o Oriente e o Oci- dente (provocado pela monopolização do mediterrâneo pelos sar- racenos) e o advento das invasões normandas, os séculos 9º e 10 117© Renovação Urbana e Comercial representariam um período de desagregação do ambiente urbano que tinha sobrevivido à época merovíngia. Segundo Pirenne (1973), nos séculos 9º e 10 subsistiam ape- nas dois tipos de aglomeração urbana: • Cidade: antiga capital de circunscrição administrativa sob o Baixo Império Romano, tornou-se a sede episcopal, de onde o clero administrava seu “rebanho” e seus bens. • Burgo: periferia que surgiu como organismo militar criado para resistir às invasões normandas. Mas, então, como o comércio e a cidade "renasceram" no século 11? Para esse autor, o progresso das técnicas agrícolas e o consequente crescimento da produção agrária deram origem ao excedente agrícola, que estaria disponível para o comércio. Desse modo, os primeiros mercados ocidentais teriam o pa- pel de vender esse excedente. E foi nos burgos que os comercian- tes, de viagem em viagem, estabeleceram seus entrepostos. Cria- ram-se assim pontos de aglomeração humana atrativos inclusive para mercadores estrangeiros. Essas novas aglomerações suburbanas, os burgos, trouxe- ram ideias novas de emancipação do poder senhorial, entrando em conflito com a organização senhorial pré-existente. Com base na formação de pequenas associações (comunas) comerciais, os mercadores pretendiam vencer a resistência dos se- nhores laicos e eclesiásticos, administrando livremente o ambien- te e os frutos das negociações comerciais. Críticas às interpretações de Henri Pirenne Pirenne determina que tanto o nascimento das comunas quanto o "renascimento" das cidades tiveram como causa única o fenômeno de renovação comercial. Porém, será que a retomada do comércio teve esse caráter de progresso exclusivamente inter- no? Será que o comércio esteve fundamentado apenas nas tro- © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 118 cas agrícolas? Outros tipos de produção de bens não poderiam ter suscitadoo crescimento do comércio no século 11? Procuraremos responder a essas dúvidas com o pensamento de Jacques Le Goff (2002, p. 69): Henri Pirenne mostrou de forma magnífica que a cidade medieval nasce e se desenvolve a partir de sua função econômica. Mas sem dúvida exagerou no papel desempenhado pelos mercadores, mi- nimizou o papel dos artesãos, deu grande relevo ao renascimen- to comercial em detrimento do desenvolvimento agrícola que lhe deu sustentação ao alimentar os centros urbanos com víveres e homens. Seguindo a mesma perspectiva de Pirenne, mas com alguns pontos discordantes, Maurice Lombard (apud LE GOFF, 2002) não atribuiu a retomada do comércio e da circulação monetária a um mercado local em projeção e com vistas a libertar-se da tutela se- nhorial. Atribuiu-a a um elemento exterior: a demanda econômica vinda do mundo muçulmano. Para Lombard, no oriente muçulmano, onde se formaram grandes cidades consumidoras como Bagdá, Damasco e Cairo, ha- via demanda por itens em abundância no Ocidente, especialmen- te escravos, minerais e madeira. E foi justamente esse o estímulo que suscitou o "nascimento" da cidade medieval. Discordando de Pirenne e Lombard, Le Goff defende que o crescimento das cidades ocorreu a partir do século 10, em virtu- de de um conjunto de fatores que, de acordo com o lugar, foram mais ou menos preponderantes. Veja a seguir quais foram esses fatores: 1) aumento da produção agrícola; 2) crescimento demográfico; 3) desenvolvimento comercial; 4) desenvolvimento cultural. O aumento da produção agrícola foi resultado de um cenário de desenvolvimento rural. Tal desenvolvimento teve nas mudanças 119© Renovação Urbana e Comercial climáticas e, fundamentalmente, no aperfeiçoamento de técnicas e equipamentos agrícolas, a essência de suas transformações. Nesse sentido, a introdução da rotação trienal e o alarga- mento das superfícies cultivadas permitiram a produção constante de alimentos como tubérculos e cereais. Além disso, o aperfeiçoamento da charrua (Figura 1) na pre- paração do solo, os moinhos à água e, mais tarde, a invenção dos moinhos a vento, liberaram mão de obra para outros trabalhos, como artesanato e a própria metalurgia. Aliás, é desse período que data o emprego do ferro nas ferramentas agrícolas. Figura 1 La Charrue (a charrua) de Nicolas de Lyre, 1395-1402. A melhora nas condições de vida no campo, especialmente na alimentação, estimulou poderosamente o crescimento demográfi- co. De acordo com Le Goff (2002, p. 223), "sobretudo o aumento da produção agrícola e o desenvolvimento do artesanato urbano explicam o crescimento demográfico, sem o qual dificilmente teria se produzido o grande movimento de povoamento urbano". © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 120 6. ORIGENS E FORMAS DAS CIDADES MEDIEVAIS Grande parte dos autores defende que as cidades medievais tiveram inúmeras origens. Como continuadoras de uma estrutura herdada da Antiguidade, Verhults destaca as cidades de Bruges, Antuérpia e Ganol. Já Le Goff chama a atenção para as cidades italianas e sua proximidade com o modelo de cidade antiga. Além das cidades originárias da Antiguidade, ao longo dos séculos 10 e 13 foram criadas muitas outras cidades. Elas se desen- volviam perto de monastérios ou de castelos, como ambientes de refúgio, como pontos estratégicos para ações políticas, ou ainda como centros de atração política. Como mostra Michel Balard (2002), três grandes áreas ge- ográficas devem ser distinguidas para que seja possível analisar a origem e a forma das cidades medievais. A primeira delas é a Europa do Norte, especificamente a In- glaterra e os países eslavos, onde os grandes proprietários fundiá- rios dominavam uma população escassa. Essas cidades medievais deram continuidade a estruturas primitivas, como grod slave, que tinha função militar, e a wik nórdica, que servia de entreposto a qualquer mercador. Tanto a estrutura grod slave quanto a estrutu- ra wik nórdica tem o sentido de castelos fortificados ou fortes. A segunda grande área geográfica é a do Oeste Europeu. Ali, as tradições romanas foram mais preservadas, principalmente a justaposição entre as aglomerações de mercados, as cidades e os burgos. Em contrapartida, na terceira área geográfica, a das cidades mediterrânicas, manteve-se a rede urbana antiga. Inspirados nas estruturas de muralhas das cidades fundadas na Antiguidade, os novos ambientes urbanos perpetuaram a prá- tica da fortificação por meio da construção de muros e paliçadas. Geralmente, os burgos que tinham se formado aos pés das mura- 121© Renovação Urbana e Comercial lhas de antigas cidades romanas, conforme cresciam, erigiam no- vas fortificações. Observe as Figuras 2 e 3, que retratam a cidade medieval de Toledo, na Espanha. Figura 2 Imagem da cidade medieval de Toledo/Espanha. Figura 3 Fotografia atual da cidade medieval de Toledo/Espanha. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 122 Interdependência entre cidades e campo Independentemente de sua origem, a cidade medieval teve na atividade econômica seu papel mais importante dentro do sis- tema feudal. Isso explica como a cidade pôde formar um mundo original e novo, mas que, paradoxalmente, ainda era integrado às relações feudais (relações de dominium e solidariedade). O solo urbano não escapava ao poder senhorial de comandar e “fazer justiça”. Era na cidade que o senhor estocava seus grãos, aguardando que fossem vendidos. Também era ali que gastavam o necessário para satisfazer as necessidades de sua vida aristocrá- tica. Como um polo feudal de arrecadação e também de concen- tração de renda, muitas cidades foram criadas voluntariamente por senhores, bispos, príncipes ou reis desejosos de promover o povoamento e a valorização do solo que dominavam. Essas fun- dações eram especialmente numerosas em zonas instáveis, tais como os territórios conquistados e os terrenos fronteiriços. Quanto aos comerciantes, em sua maioria vinham de senho- rios episcopais. Eram servidores encarregados de vender o exce- dente agrícola dos domínios eclesiásticos. Outros vinham das vi- zinhanças das cidades – antigos camponeses que tomaram gosto pelo comércio de mercadorias locais, ou artesãos vindos de outras localidades. Essa proximidade com o ambiente rural demonstra que ha- via uma interdependência entre as cidades e o campo. Principal- mente as maiores cidades: nelas, desembocavam as grandes rotas comerciais. Ao mesmo tempo, também estavam mais próximas dos territórios agrícolas mais produtivos. Essa interdependência entre as cidades e o campo nos mos- tra que o crescimento das cidades medievais não foi um fenômeno externo ao sistema feudal. Ao contrário: o desenvolvimento das trocas e das cidades foi produzido dentro do próprio feudalismo, 123© Renovação Urbana e Comercial integrando-se a ele, apesar das tensões geradas com o surgimento da corporatio e das comunas, tema que será abordado no próximo tópico. 7. COMUNA: MOVIMENTO DE EMANCIPAÇÃO URBA- NA A cidade medieval, como uma sociedade da abundância, voltada à produção e trocas de bens e moedas, criou novas insti- tuições. Essas instituições tinham primeiramente a finalidade de normatizar as atividades econômicas urbanas (LE GOFF, 2002). E quais seriam os meios encontrados pelas cidades para se emancipar do poder senhorial? De acordo com Patrick Boucheron (1994), entre 1070 e 1120 surgiram nos meios urbanos os primeiros movimentos contesta- dores do poder senhorial sobre a cidade. No entanto, esses movimentos estavam mais próximos de um processo de normalização das relações entre cidades e senho- res do que de uma aspiração revolucionáriaà liberdade, como quis acreditar a historiografia do século 19. As reivindicações daquele momento consistiam na obtenção de franquias e privilégios urbanos. Isso significa que, de posse de uma carta de imunidade dada pelo senhor, os citadinos estariam isentos de alguns deveres para com os senhores. De acordo com Baschet (2006, p. 148), seria possível destacar: [...] isenção do pagamento de taxas para o funcionamento dos mer- cados, possibilidade de cobrar taxas por conta própria, privilégios permitindo a organização política autônoma, o exercício da justiça própria e a formação de milícias urbanas. Às vezes a conquista da autonomia advinha de uma insurrei- ção, como foi o caso da comuna de Laon no ano de 1112. Contudo, era mais frequente o estabelecimento de compromissos entre as comunidades urbanas e seus senhores. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 124 De acordo com o lugar e com os respectivos poderes públi- cos instituídos, os movimentos comunais estabeleciam estratégias para garantir maior autonomia na condução do meio urbano. Muitos reis, senhores laicos e senhores eclesiásticos não ma- nifestaram uma oposição irredutível contra o movimento comu- nal. Como mostra Balard (2002, p. 157), [...] os senhores laicos entenderam que limitando suas exações, favoreciam o comércio e poderiam entrar na conjuratio pelo pa- gamento de uma pequena quantia, além, claro, de permanecerem como mantenedores da paz local”. A necessidade de autonomia jurídica e administrativa advi- nha da necessidade de garantir a segurança da cidade frente às pi- lhagens senhoriais. Sobretudo, era necessário escapar às disputas entre senhores pelo domínio urbano. Essas pilhagens senhoriais e suas disputas pelo domínio ur- bano tiveram ainda outra consequência: estimularam os citadinos a prestar juramento em conjunto (conjuratio). A conjuratio cimen- tava a união da comunidade urbana também nos termos de uma união deliberada e consentida, como aquelas propostas pelos vín- culos espirituais. De acordo com Balard (2002), mais do que incitações exte- riores, as comunas medievais eram novas respostas do movimen- to pacificador (estudado na Unidade 2) ao contexto geral. A paz que não somente selava um acordo entre os grupos urbanos, mas também fundamentava na voluntariedade e no consentimento um pacto espiritual, muitas vezes sancionado pelo clero local. Esse pacto usava o próprio modelo da união diocesana entre os fiéis de uma paróquia como exemplo a ser seguido ou adaptado pelas associações em bairros ou corporações de ofício. Quanto às cartas de imunidade, que isentavam seu portador de alguns direitos senhoriais, é importante destacar que elas não eram privilégio apenas dos citadinos. Ao contrário, a evolução po- lítica que entusiasmava a autonomia do ambiente urbano não era diferente daquela que animava os campos. 125© Renovação Urbana e Comercial As imunidades constituíam um meio de manter as cidades sob o sistema feudal, conferindo-lhes o reconhecimento específico de suas atribuições sociais e econômicas. Segundo Baschet (2006, p. 148), [...] a formação das comunas urbanas é paralela à afirmação das comunidades rurais e à multiplicação de suas cartas de franquia. Assim como estas últimas, as cartas urbanas são muitas vezes ob- jeto de um acordo negociado e sem violência, neste caso, entre mercadores, aristocratas e autoridade condal, por exemplo, para a instituição do cargo dos cônegos que exercem o poder nas cidades do sul da França. Alguns historiadores gostam de mostrar a cidade medieval como um mundo de “iguais”, especificamente por conta do desen- volvimento dos movimentos comunais. Entretanto, a exemplo de outros ambientes da vida feudal, a cidade também se constituiu sobre uma hierarquia social, cujo principal critério de diferencia- ção social repousava sobre a posse da riqueza. Recorramos nova- mente a Baschet (2006, p. 148-149): As comunas do século 12 são fruto de uma convivência entre a aristocracia cavaleiresca e a elite dos mestres de ofícios , ou seja, apenas um punhado de homens. [...] As famílias aristocráticas de- têm a posição de destaque na cidade, impõem o respeito pela força militar, impressionam por seus palácios, pela abundância de seus servidores domésticos, pelo fausto de suas festas e de seus deslo- camentos. A partir da segunda metade do século 12, com a organização das atividades econômicas em corporações de ofício, o fortaleci- mento de uma aristocracia urbana deu a artesãos e mercadores o controle político das cidades. Mesmo assim, não se pode ignorar a mistura entre a aristocracia cavaleiresca e os representantes dos ofícios mais influentes . As corporações de ofício eram conhecidas por seus estatu- tos, que fixavam uma série de obrigações e interdições com obje- tivo de normatizar a produção, os preços, os salários, as condições de trabalho e a qualidade dos produtos. Como um instrumento de controle econômico e social, as corporações de ofício reservavam aos seus membros o monopólio do exercício profissional. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 126 Mesmo reproduzindo em muitos níveis as relações hierar- quizadas do sistema feudal, a cidade medieval "é, incontestavel- mente, a partir do século 12, um mundo novo", como afirma Bas- chet (2006, p. 151). Retratada pelos romances de cavalaria como um ambiente de desprezo, cobiça e coabitação de grupos sociais diferentes, a cidade era um ambiente louvado por intelectuais e clérigos, especialmente pelas novas ordens religiosas que surgi- ram no século 13. Por sua grande circulação de bens e de pessoas, a cidade medieval apresenta-se como um novo lugar, onde a integração de diferentes categorias sociais impõe formas de sociabilidade até en- tão desconhecidas pelos campos e aldeias. Dali emerge uma forma de vida específica, baseada no uso cotidiano do dinheiro. 8. LEITURA COMPLEMENTAR A leitura complementar desta unidade segue com a série de análises sobre gêneros documentais e temas presentes no estudo e na produção da História Medieval. As vidas de santos represen- tam um gênero documental que teve ampla produção e circulação durante a Idade Média. O autor André Luis Pereira buscou nos aproximar dos usos possíveis desses escritos como documentos históricos. Vamos à leitura. “Vidas” de santos como fontes históricas? –––––––––––––– André Luis Pereira doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo (FFLCH), pes- quisador do Laboratório de Estudos Medievais (USP-Unicamp-Unifesp-UFMG) e bolsista da Fapesp Talvez hoje soe algo estranho falar que um historiador estuda “Vida de santos”, pois, ou vão pensar que ele é muito religioso ou vão pensar que ele quer estudar a “vida” do santo, isto é, seu desenvolvimento biológico e social. Para outros, o assunto pode soar desinteressante, pois, afinal, o que se poderia aprender sobre “a história” nesse tipo de narrativa? Eu, por exemplo, não posso negar certa inibição quando tenho de contar para pessoas de fora da academia de História qual o tema de minha pesquisa. Geralmente, as pessoas arregalam os olhos, espantadas, e depois encenam uma cara de: “que interessante sua pesquisa!”, etc., mas, no fundo, percebo que não entenderam o que eu faço. 127© Renovação Urbana e Comercial O fato é que, em nossa sociedade, os valores são tão diferentes dos do pas- sado que nós já não sabemos o que pensar acerca de certos hábitos antigos: preferimos a confortável opinião de que tudo aquilo que nos escapa, que não entendemos, que é confuso para nós, é crendice, superstição, fanatismo, para não dizer mais. Com muita freqüência, o homem contemporâneo olha para o passado arremessando sobre ele todo o seu cabedal valorativo: elecrê que o mundo foi sempre o mesmo mundo, que as pessoas foram sempre como ele, supondo a continuidade das estruturas de pensamento. Mal ele entende o seu mundo e quer interpretar o mundo dos outros como se ambos os mundos fossem os mesmos só porque ambos existiram num mesmo planeta. A hagiografia (‘hagios’, santo; ‘grafia’, escrita), por exemplo, hoje é ignorada pela maioria das pessoas, mesmo as que professam alguma religião. Mas, no passa- do antigo (Antiguidade Tardia e Medievo) esse gênero de escrita era tão conhe- cido, praticado e recebido que ainda hoje nós podemos contar aos milhares o número de manuscritos que nos sobraram; quantos mais não teríamos se o tem- po não tivesse destruído boa parte desse acervo! Se a hagiografia, como prática “literária”, não é mais importante para o homem contemporâneo, não quer dizer que não o foi para os homens do passado. E, se queremos conhecer o passado dentro da lógica que lhe foi própria e não segundo a nossa lógica (que seria ana- cronismo), então, não podemos fazer vistas grossas a esse material tão farto. Contudo, não podemos nos equivocar e atribuir aos textos hagiográficos, “his- tóricos” ou cronísticos do passado os mesmos conceitos que formulamos hoje acerca de nossos textos. Aquilo que atualmente interpretamos como verdade, clareza, originalidade, de forma alguma era interpretado assim antes do século XVIII. Aquilo que hoje para nós é “verdade histórica”, isto é, adequação da narra- tiva aos fatos narrados, jamais foi pensado assim pelos nossos ancestrais. “História”, no mundo antigo, nem de longe tinha qualquer conotação ‘científica’; era um gênero narrativo, como os outros. Aristóteles, em sua Poética, assim de- fine: “[...] não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreve- rem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postos em versos as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa) – diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e ou- tro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular.” Para Cícero, a história era a mestra da vida (magistra vitae), ou seja, não era fonte de conhecimento do passado, pura e simplesmente, mas livro de aprendizado de normas de condutas, modelo de virtudes, bravura e consciência cívica. A narração do passado tinha, grosso modo, um interesse futuro. Diante disso, o que fazer então? Desistir de estudar o passado? Acredito que não; basta que saibamos penetrar na lógica dos homens antigos e fazer as perguntas dentro dos paradigmas condizentes com a época deles. Dentre as obras narrativas do mundo antigo estão as biografias e hagiografias. Precisemos o que vem a ser um e outro. A ‘biografia’, como gênero narrativo, é uma prática muito antiga. Plutarco e Suetônio são os grandes modelos da bio- grafia antiga. Esse tipo de obra se ocupava com a narração da vida de grandes personagens, seus feitos, suas virtudes, seus vícios, as grandezas que construí- ram etc. Para Plutarco, por exemplo, a ‘biografia’ se distingue da ‘história’ porque aquela se ocupa dos feitos ‘cotidianos’ de seus personagens, enquanto essa, a história, se ocupa com os grandes feitos, as batalhas, as vitórias, as grandes © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 128 obras. As biografias, grosso modo, eram compostas para exaltar esses perso- nagens importantes, para imortalizar a memória de seus feitos. A questão da memória e da imortalização é importante para o mundo antigo. Sobre isso, é pre- ciso lembrar que para Platão, ‘verdade’ é grafada como ‘aletheia’, literalmente, o não-esquecimento [lethos = esquecimento]. Como gênero, a ‘biografia’ devia seguir os mesmos paradigmas das demais artes poéticas. O fato é que, no mundo contemporâneo, a noção de verdade mudou muito: hoje a entendemos como adequação entre a palavra e a coisa, entre a narração e o fato. O homem contemporâneo, quando se acerca da biografia, espera encontrar a ‘veracidade’ dos fatos e da narrativa. Ele quer ter certeza de que tudo o que foi dito, de fato, aconteceu. Nesse sentido, biografias fantasistas são desvalori- zadas. O que entendemos por ‘biografia’, hoje, não tem quase nada a ver com o gênero antigo. A palavra é a mesma, mas o sentido é quase outro. O homem antigo, por sua vez, esperava encontrar a edificação e um repositório de modelos de conduta que o levassem a dar um salto qualitativo de vida, não na condição social. O homem contemporâneo espera ser convencido da verdade, espera a originalidade daquela vida narrada (“o que ela tem de diferente da minha?”). O homem antigo quer ver seu personagem inserido na tradição narrativa – topoi –, saber se o seu personagem foi comparável aos grandes homens do passado, uma vez que não se importava com a originalidade. Para confundir tudo isso veio somar-se o advento da psicanálise freudiana, pois, além da verdade ‘científica’, ‘empírica’, agora queremos entender os ‘sentimen- tos’, os ‘pensamentos’, os ‘desejos’, os ‘medos’ de nossos “heróis”. Coisas do âmbito da psicologia. A seqüência narrativa biográfica adotada atualmente segue os padrões da vida biológica: (família), nascimento, crescimento, fase adulta, velhice e morte. A morte, como última etapa, encerra a possibilidade vital do “he- rói”: depois disso, ele sai de cena. Essa seqüência também é estranha ao mundo antigo, pois, não raro, as hagiografias situam a morte do santo como o início da fase mais importante de sua “vida”. Por isso, quando digo que estudo ‘Vidas de santos’, insisto para não se confundir ‘hagiografia’ com ‘biografia moderna’, pois o sentido antigo de biografia, com o qual a hagiografia partilha o estilo e os pressupostos, já se perdeu da men- talidade comum, mesmo entre pessoas intelectuais. Após esse percurso, deve estar claro que a expressão ‘Vidas de santos’ se refere a um tipo de obra escrita que tem a ver com a vida (com ‘v’ minúsculo) de uma pessoa santificada, mas que não se esgota nisso. Para se ter uma idéia, basta reparar na quantidade de títulos que a tal ‘hagiografia’ recebeu no passado: Vida, Legenda, Florilégio, Espelho de santos, entre outros. A diversidade de nomes indica a natureza vária das obras santorais: oralidade, escritura, prosa, poesia, epopéia, encenação. O corpus hagiográfico possui, assim, forma múltipla e mista cujas especificidades, quando prescindidas, inviabilizam e reduzem o alcance das interpretações desse material. Apesar da multiplicidade formal, as composições santorais possuem certa afini- dade de conteúdo. Grosso modo, é possível dizer que tais obras formavam um grande acervo de informações acerca da vida e dos feitos de santos cuja exis- tência era considerada real ou histórica. As Vidas, pois, constituíram-se como fenômeno de longa duração, conhecendo várias fases, características composi- cionais e usos diversos. Em princípio, as Vidas ou Legendas tiveram forte inspi- ração nos registros mortuários e nos necrológios cristãos, sobretudo em decor- rência do martírio infligido aos membros da comunidade, cuja morte era relatada aos membros de outras igrejas. 129© Renovação Urbana e Comercial A morte assumida como testemunho de fé e adesão aos princípios cristãos foi revestida de forte sacralização, possibilitando o nascimento de um culto, no início local, que destacava os mártires dos outros mortos e os distinguia pela capaci- dade de fazer milagres (taumaturgia). Assim, os registros da existência de tais heróis foram se tornando imprescindíveis na manutenção e difusão da memória e do culto que se formou ao redor deles. Daí a natureza predominantemente panegíricada hagiografia. Em linhas gerais, podemos observar que durante séculos, as Vidas de santos es- tiveram envolvidas na promoção do culto a esses mortos especiais, mártires ou não, que a sensibilidade cristã tinha por próximos de Deus e, nesse caso, capa- zes de intervirem junto a ele em favor dos vivos. Não tardou e esses escritos co- meçaram a ser utilizados para incentivar a perseverança dos fiéis nos quadros da pertença religiosa, visto que os martírios dos santos favoreciam a edificação dos cristãos ameaçados. Cessado o período das perseguições, o exemplo advindo da renúncia ascética dos eremitas e monges do deserto substituiu o afã martirial e possibilitou a continuação, senão a solidificação das composições santorais. Nessa nova fase da produção hagiográfica, a ênfase narrativa recaiu sobre a doutrina e os atos [verba et gesta sanctorum] desses homens e mulheres possu- ídos pelo ardor das penitências de cujas práticas os fiéis recolhiam exemplos de renúncia ao mundo. Coisa parecida sucedeu com as Legendas dos santos bis- pos e padres os quais, diferente de seus próceres eremitas, santificaram-se nas cidades e na atenção às suas ovelhas. Por um lado, a exaltação da excepciona- lidade eloqüente de figuras ímpares da comunidade cristã; de outro, a vontade, por vezes velada, de seguir-lhes o exemplo: a hagiografia oscilou sempre entre esses dois movimentos que, por mais de uma razão, devem ser vistos como concomitantes e inter-relacionados. Nas Vidas e Legendas, o passado não é pensado em termos históricos, mas em termos escatológicos/salvíficos, como se a composição hagiográfica, de certa forma, procurasse reverter a “condenação de Adão” e fazer o caminho de retorno a uma situação primordial que restabelecesse o paraíso, “o lugar ideal”. Então, aprofundando esse raciocínio, podemos dizer que a narrativa hagiográfica esta- beleceria um elo entre o passado mítico-primordial-paradisíaco e o presente que se procurava modelar, tendo em vista o futuro escatológico que se esperava ao final do percurso da vida, no encontro com a potência divina. Em grande medida, os principais beneficiadores da ‘popularidade’ das produções hagiográficas foram os homens da Igreja, cujos esforços cristianizadores procu- raram forjar um discurso específico que possuía sentido parenético [moralizante] e perlocutório [que efetiva o que diz]. Tão logo os eclesiásticos perceberam a eficiente divulgação desses relatos por entre as várias camadas sociais, intuíram também a sua utilização pastoral. E o fizeram em consonância com o patrimônio cultural consagrado e cristianizado pela tradição da Igreja. O próprio santo Agos- tinho, na obra De doctrina christiana, já havia posto as bases para a adequação da tradição antiga aos propósitos da fé. Nesse caso, não me parece exagerado pensar que o gênero hagiográfico tenha sido fruto das práticas letradas comuns ao período de implantação, difusão e maturação do cristianismo, no Oriente e Ocidente, práticas essas inspiradas pelas produções letradas da Antigüidade greco-romana, sobretudo a retórica. Não é de hoje o interesse dos historiadores pelas Vidas de santos; contudo, uma grande parcela deles não leva em consideração as regras de funcionamento dessa ‘retórica biográfica’ e preferem procurar fatos verídicos de acordo com o © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 130 conceito atual de história. Não nego que esse método teve seus méritos, mas é medonho o risco de anacronismo que ele apresenta. Em contrapartida, se são respeitados os pressupostos do gênero e se sua lógica é desvendada, a uma só vez se descortinam a ‘história da obra’, a ‘história da sociedade’ e a ‘história da recepção dos textos’ que são, a meu ver, resultados muito mais apreciados. Desse ponto de vista, a historiografia só tem a ganhar com o estudo das Vidas de santos. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Quando se fala das cidades ou mesmo da atividade comercial presente nos séculos em que esteve presente o sistema feudal, você poderia até imaginar que essas experiências parecem contrárias à realidade medieval. Especial- mente porque o senso comum concebe o feudalismo e toda a Idade Média como uma sociedade estática, agrupada em estamentos imóveis e fixada ao campo, onde alguns senhores exerciam seu domínio sobre grande parte da população. Será que essa visão sobre aquela época está correta? Reavalie suas ideias após o estudo desta unidade e registre suas conclusões. 2) Você notou que a explicação para o renascimento do comércio e das cidades que estudamos nesta unidade se baseia em acontecimentos materiais e eco- nômicos? Qual é a sua visão sobre essa maneira de interpretar a História? 3) Na explicação historiográfica, percebe-se a importância da disputa entre as- sociações comerciais e senhores laicos e eclesiásticos pelo poder social. Na sua opinião, o entendimento desses conflitos sociais pelo poder pode ajudá-- -lo a compreender melhor a sociedade atual? 4) Vimos que os meios empregados na agricultura influenciam outros setores sociais. E no mundo atual? Qual é a importância das tecnologias aplicadas na agricultura para o desenvolvimento social? 5) O próprio sistema feudal dá origem a um fenômeno (as cidades) que acaba- rá por destruí-lo, ou seja, um determinado sistema social desenvolve forças contrárias a si mesmo. Você havia notado essa afirmação implícita no texto? Comente. 6) De acordo com o que estudamos até aqui, qual é sua opinião sobre o senso comum de que no sistema feudal não havia uma movimentação ou conflito social? 7) Qual é a origem do crescimento urbano-comercial do século 10? 8) Como a cidade funciona no sistema feudal? 9) Quais são as características dos movimentos comunais? 131© Renovação Urbana e Comercial 10. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, você estudou os principais aspectos do de- senvolvimento urbano e comercial pelo qual passou boa parte das regiões ocidentais entre os séculos 11 e 13. Você acompanhou, também, os debates historiográficos em torno da origem das cidades medievais, além de conhecer algu- mas características de sua estruturação. Além disso, foram estudadas as organizações sociais, como as comunas e as corporações de ofício, e sua crescente interfe- rência política no período medieval. Sobretudo, demonstramos o quanto o ambiente urbano, mesmo apresentando inúmeras inova- ções, ainda estava vinculado ao sistema feudal. Na próxima unidade, você acompanhará os debates em tor- no de outro fenômeno de renovação: o "renascimento" cultural do século 12. 11. E-REFERÊNCIAS Figura 1 La Charrue (a charrua) de Nicolas de Lyre, 1395-1402. Disponível em: <http:// classes.bnf.fr/ema/grands/ca080.htm>. Acesso em: 17 mar. 2011. Figura 2 Imagem da cidade medieval de Toledo/Espanha. Disponível em: <http://www. ndsu.nodak.eduinstructdcollito322Moors.html.jpg>. Acesso em: 26 maio 2008. Figura 3 Fotografia atual da cidade medieval de Toledo/Espanha. Disponível em: <http:// www.stormfront.orgforumshowthread.phpcountry-thread-spain-425153p4.html.jpg>. Acesso em: 26 maio 2008. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALARD, M.; GENET, J.; ROUCHE, M. Le Moyen Âge en Occident. Paris: Hachette, 2002. BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. BOUCHERON, P. Villes et sociétés urbaines en Occidente du XI au XIII siècle. In: KAPLAN, M. (Dir.). Le Moyen Âge XI-XV siècle. Paris: Bréal, 1994. LE GOFF, J. Cidades. In: LE GOFF, J.; SCHMITT, J. Dicionário temático do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2002. v. 1 © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 132 ______. O apogeu da cidade medieval. São Paulo: Martins Fontes, 1992.______. Por amor às cidades. São Paulo: Editora Unesp, 1998. PIRENNE, H. As cidades da idade média. Lisboa: Publicações Europa-América, 1964. ______. História econômica e social da idade média. São Paulo: Mestre Jou, 1973.
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