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6 Correlações clínicas Berne O sistema nervoso, componentes central e periférico

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O sistema nervoso: Componentes central e periférico
Correlações clínicas
Berne
	 Muitos neurônios no sistema nervoso do adulto são células pós-mitóticas (embora algumas também possam permanecer como neurônios percursores ou células-tronco). Muitas células gliais precursoras estão presentes no cérebro adulto, e estas podem ainda se dividir e diferenciar-se. Por essa razão, os elementos celulares que dão origem aos tumores cerebrais mais intrínsecos no cérebro adulto são as células gliais. Por exemplo, os tumores cerebrais podem ser derivados de astrócitos (os quais variam em malignidade, desde o astrocitoma, de crescimento lento, até o rápido e fatal glioblastoma multiforme), de oligodendroglia (oligodendroglioma), ou a partir das células do epêndima (ependimoma). As células malignas podem também originar tumores de crescimentos lento (meningiomas), que comprimem o tecido cerebral como fazem as células de Schwann (e..g, “neurinoma do acústico”, que são tumores originados das células de Schwann do VII par craniano). No cérebro de crianças, os neurônios que estão ainda se dividindo, podem originar os neuroblastomas (e.g., do teto do IV ventrículo) ou retinoblastomas (no olho).
	 Certos vírus e toxinas podem ser transportados, por transporte axonal, ao longo de nervos periféricos. Por exemplo, o herpes zoster, o vírus da varicela, invade as células do gânglio da raiz dorsal, pode ficar alojado por muitos anos e, eventualmente, tornar-se ativo por uma mudança do estado imunológico do hospedeiro. O vírus pode então ser transportado ao longo dos axônios sensoriais para a pele. Um novo surto de lesões da pele ocorre e produz as bolhas, erupções dolorosas nos dermátomos de um ou mais nervos espinhais. Outro exemplo de transporte axonal é o da toxina tetânica. A bactéria Clostridium tetani pode crescer numa ferida infectada e se o indivíduo não tiver sido vacinado contra a toxina tetânica, esta será transportada retrogradamente nos axônios dos motoneurônios, podendo extravasar para o espaço extra-celular do corno ventral da medula espinhal, e bloquear os receptores sinápticos para os aminoácidos inibitórios. Esse processo pode resultar em convulsões tetânicas.
	 Um exemplo na diferença do limiar dos receptores sensoriais e para percepção está na codificação periférica da dor. Os estímulos dolorosos ativam receptores sensoriais, conhecidos como nociceptores; registros foram feitos a partir de nociceptores nos nervos humanos. Uma técnica denominada micro-neurografia é utilizada, inserindo-se um micro-eletrodo em um nervo periférico de um indivíduo consciente. Os registros do axônio de um nociceptor individual indicaram que uma ativação mínima do axônio, sob observação, pode não causar dor. Isso pode ser explicado se mais que um axônio nociceptivo aferente precise ser ativado ao mesmo tempo para produzir dor, porque o processamento nociceptivo central requer somação espacial. Alternativamente, um nociceptor pode ter que ser ativado mais que uma vez, porque a somação temporal pode ser necessária. De fato, parece que um único nociceptor cutâneo necessita descarregar em uma frequência de 3Hz ou mais antes que a dor seja percebida, e ela é mais intensa quanto mais nociceptores forem ativados.
	 O processamento da dor, nas vias nociceptivas do SNC, é caracterizado por curvas de aceleração positiva. As funções estímulo-resposta de aceleração positiva dos nociceptores ajuda a explicar a urgência que se sente na medida em que a sensação da dor aumenta.
	 Clinicamente, a maneira usual de monitorar a atividade das unidades motoras é a eletromiografia. Um eletrodo é colocado dentro de um músculo esquelético para registrar os potenciais de ação compostos das fibras musculares esqueléticas de uma unidade motora. Se não é notada nenhuma atividade espontânea, solicita-se ao paciente que contraia voluntariamente o músculo para aumentar a atividade das unidades motoras no músculo; se a força de contração voluntária aumenta, mais unidades motoras são recrutadas. Além do recrutamento de mais neurônios motores, a força de contração é afetada pela velocidade de descarga dos motoneurônios alfa ativos. A eletromiografia é empregada para vários propósitos, por exemplo, a velocidade de condução dos axônios motores pode ser estimada, medindo-se a distância entre as latências dos potenciais das unidades motoras, quando um nevo periférico é estimulado em dois pontos separados por uma distância conhecida. Outra aplicação é a observação dos potenciais de fibrilação, que ocorrem quando as fibras musculares são desnervadas. Os potenciais de fibrilação são potenciais de ação espontâneos que ocorrem em fibras musculares unitárias. Esses potenciais espontâneos contrastam com os potenciais da unidade motora, que são maiores e de longa duração, porque eles representam os potenciais de ação de um conjunto de fibras musculares que pertencem à unidade motora.
	 A barreira hemato-encefálica pode estar rompida em alguns tipos de patologia cerebral. Por exemplo, os tumores cerebrais permitem que certas substâncias, que em outras circunstâncias são excluídas, entrem no encéfalo a partir da circulação. Esse fato pode ser demonstrado radiologicamente, pela introdução, na circulação, de uma substância que normalmente não penetra na barreira hemato-encefálica. Se a substância pode ser visualizada, sua penetração na região ocupada pelo tumor é utilizada para demonstrar a distribuição desse tumor. 
	 A obstrução da circulação do LCR tende a aumentar a pressão no SNC e a causar hidrocefalia, um acúmulo anormal de fluido no crânio. Nela, os ventrículos tornam-se dilatados e se a pressão aumentada se mantém, o tecido cerebral é perdido. Se a obstrução é dentro do sistema ventricular ou no teto do quarto ventrículo, a condição é denominada hidrocefalia não-comunicante; se a obstrução é no espaço sub-aracnoide ou nas vilosidades aracnoides, é denominada hidrocefalia comunicante.

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