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TCC Pedagogia Gestão Escolar

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Sistema de Ensino Presencial Conectado
GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
LUIZ CARLOS RODRIGUES DETOMI
A GESTÃO ESCOLAR SOB NOVOS OLHARES E PERSPECTIVAS
Teresópolis/RJ
2015
Sistema de Ensino Presencial Conectado
GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
LUIZ CARLOS RODRIGUES DETOMI
A GESTÃO ESCOLAR SOB NOVOS OLHARES E PERSPECTIVAS
Projeto de pesquisa apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para obtenção do título do curso de Gestão e Organização Escolar.
Orientadora: Vanessa de Souza
Teresópolis/RJ
2015
AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente, por ter me dado saúde e força para enfrentar dificuldades que me foram impostas no decorrer do trabalho.
A esta universidade, direção, seu corpo docente e demais funcionários que me proporcionaram condições para prosseguir até o presente momento.
A minha tutora, Vanessa, pelo suporte que me foi oferecido, pelas suas correções e incentivos.
A minha família que sempre me apoiou em todos os momentos que precisei.
E, por fim, a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada.
RESUMO
DETOMI, Luiz Carlos Rodrigues. A Gestão Escolar sob novos olhares e perspectivas. 2015. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação em Gestão e Organização Escolar- Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Este presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo teórico sobre a Gestão Escolar como um todo. A análise foi feita a partir de uma pesquisa elaborada com a ajuda de Gestores em geral, Diretores, Equipe Pedagógica, Professores, Funcionários, Alunos e Comunidade Escolar. A metodologia foi feita através de um estudo aprofundado, com um olhar investigativo, para se chegar à realidade atual. Foi também uma abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico, desenvolvida com base em materiais coletados no decorrer do desenvolvimento do projeto de pesquisa e, ainda, em outras fontes disponíveis, basicamente livros e artigos científicos, tanto de leitura corrente ou livros de referência. Dessa forma, este estudo tem a finalidade de empreender uma discussão em prol da gestão democrática e participativa. Ao longo do trabalho será defendida a ideia de que a gestão democrática e participativa contribui decisivamente para o processo pedagógico como um todo. Acreditamos que a gestão escolar só poderá contribuir de maneira democrática a partir do momento em que todos os professores, funcionários, alunos, comunidade e familiares se envolvam de forma participativa nos projetos pedagógicos, administrativos e culturais da instituição.
Palavras-chave: Gestão Escolar; Gestão Democrática; Gestão Participativa.
ABSTRACT
This present study aims to perform a theoretical study of the School Management as a whole. The analysis was made from a research carried out with the help of managers in general, Directors, Pedagogical Team, Faculty, Staff, Students and School Community. The methodology was done through an in-depth study, with an investigative eye, to reach the current reality. It was also a qualitative approach, bibliographical nature, developed based on materials collected during the research project development and also in other available sources, primarily books and scientific articles, both current reading or reference books. Thus, this study aims to undertake an argument in favor of democratic and participative management. Throughout the work will be defended the idea that the democratic and participative management contributes significantly to the educational process as a whole. We believe that the school management can only contribute in a democratic manner from the moment that all faculty, staff, students, community and family to engage in a participatory manner in pedagogical projects, administrative and cultural institution.
Keywords: School Management; Democratic management; Participatory management.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho está pautado em evidências práticas da pesquisa bibliográfica, onde buscou-se realizar um levantamento bibliográfico que mostrasse a trajetória da gestão escolar democrática como um todo. 
A educação tem como função promover estratégias que efetivem a formação da cidadania e, consequentemente, a formação do cidadão. Quando este objetivo não está sendo atingido passa a ser objeto de reflexão e é necessário repensar determinadas práticas e atitudes.
Como uma instituição, a escola precisa saber que deve formar sujeitos que possam inserir-se na sociedade de modo a modificá-la positivamente. Se a escola forma o indivíduo para a sociedade, conclui-se que ambos - escola e sociedade -devam manter uma relação de reciprocidade para o bom andamento da educação. Sendo assim, é claramente perceptível de que existe a necessidade de uma mútua colaboração entre a esfera social e a dimensão escolar, principalmente, em relação ao meio externo do local a que as unidades de educação pertencem.
O ato de educar exige práticas particulares das relações humanas, pois no dia a dia escolar lidamos com sujeitos de diferentes maneiras de agir, influenciados por diversos fatores (habitação, crenças, classe social, ambiente familiar, opções sexuais, entre outros), por isso é fundamental que o espaço escolar seja um lugar onde a prática democrática predomine, que em sua abrangência, haja o respeito às diferenças, à consciência ética, à ocorrência da participação e o incentivo da mesma. 
Através deste estudo, pretendemos observar um maior entendimento acerca do que seja a gestão democrática e participativa, no âmbito da gestão escolar e de tudo o que faz parte de suas práticas. Esperamos explicitar de forma clara e objetiva a relevância que tem o Projeto Político Pedagógico (PPP) e o Conselho Escolar no que se refere à gestão que se entende como democrática, bem como ressaltar a influência e alta relevância que existe na integração da comunidade com a escola, mostrando que há possibilidades e medidas práticas que propiciem essa inter-relação.
O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, utilizando como suporte o saber de teóricos relevantes especializados no assunto em questão, como por exemplo, Vitor Henrique Paro, que aborda diversas discussões no que diz respeito à gestão democrática escolar, assim como Ilma Passos Alencastro Veiga, que concebe o PPP como uma importante ferramenta para a democratização da educação e o Conselho Escolar como algo fundamental para assegurar a efetivação do PPP. Foi utilizada também a pesquisa de campo, procurando conhecer a realidade da gestão escolar de algumas escolas, a partir de questionários e observações, com a pretensão de projetar possíveis estratégias de integração da escola com a comunidade, apoiando-se numa gestão que seja democrática e participativa.
Inicialmente aborda-se a gestão democrática e participativa conceituando-a e caracterizando-a de forma a esclarecer a sua importância para o melhoramento da educação. Toda escola necessita de uma administração, porém quando esta se dá de forma democrática, percebe-se o quanto se pode avançar de maneira positiva rumo a uma boa educação.
A participação é uma característica indispensável numa gestão democrática, pois através dela busca-se alcançar os objetivos com uma colaboração mais ampla e com maiores possibilidades de obter sucesso naquilo que se almeja. É indispensável que o professor tenha consciência da importância desse tipo de gestão, pois o docente é uma peça chave para um ensino de qualidade, logo sua colaboração e participação são essenciais em meio a uma administração escolar democrática.
Tais fatores estão intimamente ligados à busca da democratização da escola e, em consonância com as mudanças ocorridas no meio social, buscam garantirum ambiente escolar favorável ao bom desempenho do processo de ensino aprendizagem.
O presente trabalho é dividido em capítulos que pretendem mostrar a ação da gestão escolar como um todo no âmbito da democracia e da participação. 
A aprendizagem, de uma forma geral, precisa de um processo reflexivo e responsável. Dessa forma, surge a importância de um auto questionamento e de uma autoavaliação sobre a dimensão pedagógica do Gestor, para que seja possível identificar seu desempenho, qualidades e habilidades como Gestor. 
O processo em si, não é muito fácil, porém o mais importante é buscarmos, juntos e continuamente, a compreensão desta dimensão Pedagógica, tendo como objetivo principal a melhoria da qualidade de ensino nas Escolas.
Mesmo sabendo que não há muitos estudos abrangentes no Brasil sobre o tema em questão, os demais capítulos completam esta análise. A literatura ainda não é muito vasta quando comparada com a produção internacional sobre o assunto. 
Logicamente que o presente estudo não ousou preencher tal lacuna, mas teve também como objetivo acrescentar mais conhecimento, não só em relação às respostas, como também quanto às perguntas que devem orientar futuros trabalhos sobre gestão escolar. 
2. GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR
Em tempos de transformações notáveis e gradativas na sociedade brasileira, percebe-se a necessidade de mudanças constantes no modo de conduzir e organizar os diversos setores que a constituem. Nessa perspectiva, a escola como instituição de cunho vital para o bom andamento das práticas sociais não poderia se tornar alheia a tais transformações, pois a educação tem papel fundamental para a construção do bem estar social e da cidadania.
A gestão escolar é o meio através do qual as instituições educacionais são conduzidas e organizadas, levando-se em conta os fatores econômicos, políticos, estruturais, pedagógicos, sociais, dentre outros. É a partir das ações gestacionais que a escola toma posse de seus métodos e perspectivas para o desenvolvimento dos processos educacionais. Unida à gestão, vem a democratização da mesma que tem sido um assunto rotineiro no meio educativo. Essa concepção de gestão tem trazido novos horizontes para a educação brasileira, uma vez que proporciona avanços de importância significativa para a educação, como o envolvimento da comunidade escolar (na escolha do diretor da escola, na participação da elaboração do PPP, entre outros) e a implantação dos conselhos escolares com papel decisório e deliberativo.
Atualmente, sabemos que no Brasil, o ensino público ainda reflete os antigos moldes da administração clássica, onde a importância maior se dava no cumprimento de normas e técnicas padronizadas e rigorosas que deviam ser seguidas por todas as escolas, para que estas trabalhassem da mesma forma. Sabendo que vivemos hoje numa sociedade dinâmica e cada vez mais globalizada, não podemos nos ater aos métodos do passado, pois as transformações surgidas a cada momento exigem também a mudança para novos métodos e novas técnicas. Assim, a gestão escolar precisa aderir à democratização de suas atribuições e funções, visto a necessidade do contexto social, econômico e político em que nos encontramos atualmente.
(...) administrar uma escola pública não se reduz à aplicação de uns tantos métodos e técnicas, importados, muitas vezes, de empresas que nada têm a ver com objetivos educacionais. A administração escolar é portadora de uma especificidade que a diferencia da administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro, mesmo em prejuízo da realização humana implícita no ato educativo. Se administrar é usar racionalmente os recursos para a realização de fins determinados, administrar a escola exige a permanente impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los (PARO, 2000, p. 7).
Dessa forma, vimos que a gestão escolar precisa ter a consciência de sua função pedagógica, pois o produto final de todas as ações da gestão, bem como de toda a equipe escolar (docentes e demais funcionários) deve ser a educação em si. A partir do momento em que os gestores se apossam desse conhecimento, todos os seus esforços se transformarão em estratégias que irão garantir um processo de ensino aprendizagem que venha a ser de forma eficiente. Assim, a gestão começa a obter um formato democrático, onde todos buscam em conjunto a melhoria da qualidade da educação.
2.1. Conceitos e características da gestão democrática
A origem da palavra gestão vem do latim “gestio”, que significa “ato de administrar, de gerenciar”, isto é, a ação de gerir determinado órgão ou instituição que tem como responsabilidade geral a administração. Já o termo democracia surgiu na Grécia Antiga (demo= povo e Kracia= governo). Levando, então, em conta, seu ponto de vista etimológico, a expressão “gestão democrática” destaca a importância da participação popular no que se refere às decisões relacionadas ao funcionamento da instituição escolar. Logo, enxergamos que nesse tipo de gestão a administração não fica apenas nas mãos de uma única pessoa, o gestor, mas submete-se o poder a uma descentralização em todas as dimensões, ou melhor, a uma divisão na qual todos os interessados no processo educativo (professores, alunos, funcionários da escola, pais e/ou responsáveis e toda a comunidade escolar) poderão de alguma forma contribuir no processo de ensino aprendizagem.
Afirmamos então, que gestão escolar é a forma pela qual as instituições educacionais são organizadas e coordenadas, tendo em vista as possibilidades de conduzir de forma satisfatória os processos educacionais. Quando o caráter democrático é atribuído à administração escolar, precisamos ter em vista o conceito anteriormente citado, no entanto deve-se agregar as ideias de cooperação mútua, divisão do poder, percepção e sensibilidade às necessidades envolvidas nos processos educativos (questões sociais, religiosas, étnicas, sexuais, culturais, etc.), bem como procurar desenvolver as potencialidades de todos os envolvidos na educação, para que dessa forma a escola possa somar ideias e estratégias de uma maneira mais extensa.
Gestão Democrática na escola pública é um processo por meio do qual decisões são tomadas, encaminhamentos são realizados, ações são executadas, acompanhadas, fiscalizadas e avaliadas coletivamente, isto é, com a efetiva participação de todos os segmentos da comunidade escolar (SEDUC, 2012, p. 7).
A questão da gestão democrática escolar algumas vezes fica implícita como sendo uma oportunidade para expor diversos pensamentos, ou melhor, a gestão democrática é tida como esteio para uma torrente de opiniões a cerca dos mais variados assuntos que rodeiam a escola. Assim, corre-se o risco de tornar limitadas todas as formas possíveis que a gestão possui para conduzir satisfatoriamente o ensino aprendizagem, sem falar da ideia incorreta de que preencher o calendário escolar com eventos que contam com a participação da comunidade escolar seja alguma coisa que confirme uma gestão democrática, muitas vezes, esses fatos tornam-se rotineiros, cansativos e não ajudam em nada a escola, pois acabam não sendo tão significativos para o ensino aprendizagem. Segundo Neidson Rodrigues (2003, p.38), “É falso ligar a questão da democratização da escola a um único aspecto da atividade escolar, seja ele administrativo, pedagógico, de participação da comunidade em processos decisórios, acadêmicos ou políticos da escola”. 
A gestão democrática vai muito mais além de simples ações, que por vezes contam com a participação de um maior número de pessoas. Ela caracteriza-se mesmo como um conjunto mais extenso e sistemático, que observa todas as dimensões envolvidas no âmbito educacional, ao passo que cada característica possui suas particularidades, métodos e estratégias específicas, onde, de forma organizada, a gestão tem o papel de comandar e coordenar tais ações, tendo em vista o desenvolvimento das práticas educativas numa ótica democrática,isto é, participativa e cooperativa.
Na gestão democrática, alguns fatores são destacados e levados em consideração, tidos como princípios democráticos. São eles: a participação, a autonomia, a transparência e o pluralismo. Estes princípios dão um tom democrático à gestão, facilitando o entendimento da concepção dessa gestão, caracterizando-a de uma forma mais cristalina.
2.1.1. O planejamento participativo
O planejamento participativo é uma das principais características dentro da gestão democrática e podemos destacá-lo como algo que traz significativas contribuições no processo de democratização da educação. “A participação é condição básica para a gestão democrática. Uma não é possível sem a outra. É desse modo que a gestão democrática é concebida como projeto coletivo” (SEDUC, 2012, p. 7).
No planejamento participativo, procura-se encontrar os métodos e estratégias mais ajustados para as práticas escolares e extra escolares. No entanto, percebe-se que existe um problema referente à participação no campo do planejamento que tem uma raiz histórica e que se reflete ainda hoje, devido ao caráter político presente nas ações que precisam de planejamento.
Em relação a esse tipo de planejamento, observa-se que existe uma dificuldade maior em perceber como ele deve ter uma ação efetiva. Nessa ótica, a participação no planejamento, pode tornar-se uma simples ilusão, onde parece existir tal participação, quando na realidade, ela não ocorre de fato, pois não são ofertados a autonomia e o poder sobre as decisões, o que ocorre, na verdade, é somente um acompanhamento das ações a serem planejadas.
Para que o processo do planejamento participativo tenha um bom andamento, deve ficar claro a responsabilidade de todos sobre o que será planejado, pois do contrário, existe somente uma participação automática e aparente onde apenas concorda-se e não existe uma posição firme à frente do trabalho a ser feito, havendo apenas um “teatro democrático”. “O planejamento participativo propõe e deve implementar intervenções coletivas sobre o social, refletidas e conscientes. Ainda que venha desenvolver-se em microespaços do social, pode desempenhar uma atuação estratégica e construir sentido” (FALKEMBACH, 2008, p. 135).
É sabido que todos tem opiniões e conceituações diversas, no entanto, no planejamento participativo é preciso administrar muito bem esse fator para que não haja situações conflituosas. A participação efetiva no processo do planejamento é de relevante importância, para se chegar aos resultados desejados sem ultrapassar limites e perfazendo o caráter democrático da gestão, tendo em vista sempre ir em busca dos melhores meios de promover uma educação que abranja a maior integração da escola com a comunidade e torne a escola um espaço democrático em seu fazer pedagógico.
2.2. A influência dos fatores sociopolíticos na administração escolar
Em uma sociedade organizada e sistemática, sabemos que a existência de políticas que garantam seu bom andamento é de fundamental importância, uma vez são estas políticas que proporcionam os meios necessários para garantir o cumprimento de atribuições específicas.
Não é nenhuma novidade que as questões sociais exercem influência significativa no âmbito escolar. No que se refere à administração das instituições educacionais, esses fatores sociais, assim como os de cunho político, possuem uma função importante nas suas atribuições, com destaque, principalmente, para escolha da gestão escolar quando se associa com questões políticas.
De uma forma geral, quando falamos em política é normal chegar à nossa mente disputas de poder na sociedade. Em relação à administração escolar, não é muito diferente, e percebemos, principalmente nas unidades educacionais públicas de ensino fundamental e médio, disputas por cargos na administração, que visam apenas o status de poder atribuído ao gestor, quando a preocupação necessária deveria ser com o processo pedagógico relacionado à aprendizagem. Mas a luta incessante pelo poder, muitas vezes, faz ficar de lado o cumprimento da verdadeira função do gestor, o que descaracteriza a democratização da gestão e pode originar uma gestão com moldes empresariais. Ainda vale ressaltar que muitas vezes os gestores indicados não tem uma formação adequada para ocupar o cargo administrativo a que se propôs, logo, imaginamos que tal fato poderá ser um motivo que crie inúmeras dificuldades em relação às práticas e atribuições da gestão ou até mesmo ao fracasso de algumas.
É relevante lembrar que muitos gestores, apesar de não terem a formação específica para gerir uma escola, tem o saber adquirido através da experiência, conhecimento esse que deve ser levado em conta, mas deve-se atentar ainda, aliada a esta experiência, à importância da atuação de pessoas com formação adequada na administração escolar, pois dessa forma, certamente serão evitadas muitas consequências negativas que podem, por vezes, tornar-se irreversíveis, sem volta, sem falar que a gestão que se apresenta formulada nestes moldes indicativos pode ter como gestor um chefe nada democrático, centralizador ou monocrático, isto é, um chefe que detêm a autoridade máxima e inquestionável.
Uma gestão verdadeiramente democrática deve levar em consideração os fatores sociais nos seus mais diferentes âmbitos. A atividade administrativa não é auto suficiente, ou melhor, necessita de complementação, pois deve atuar como uma mediadora, é nesse sentido que a prática política tem seu legado, no sentido de incorporar a administração escolar um sentido mais amplo no seu modo de gerir uma escola. Considerando o pleno desenvolvimento social, a partir da prática educacional, procura-se uma maior eficácia no sentido organizacional, legislativo, na busca de melhores métodos que venham a atender à determinada clientela. 
É interessante sempre destacar as questões sociais e políticas quando o assunto for administração escolar, principalmente se tivermos em busca de um conceito democrático dessa administração, o qual se deseja colocar em prática.
O exame do modo como se configuram as múltiplas relações sociais que têm lugar no cotidiano da escola e seu inter-relacionamento com os determinantes sociais mais amplos, bem como a consideração da natureza específica quer da prática política, quer da atividade administrativa, parecem autorizar a conclusão de que o político tem precedência sobre o administrativo no cotidiano da escola pública (PARO, 2000, p. 78).
A partir deste ponto de vista, percebemos que a prática política não é algo que serve como uma “ferramenta qualquer” para a administração escolar, uma vez que ela antecede a administração em alguns aspectos no ambiente escolar, afinal para que a gestão possa ter a autonomia que desempenha, os fatores políticos tem que contribuir para que isso possa vir a acontecer, assim como em vários outros aspectos que envolvem a gestão administrativa e, consequentemente, em tudo aquilo que envolve suas práticas. 
No momento em que a administração escolar se conscientiza da sua importância em relação à prática política, ela também será sensível às questões sociais, pois se existe uma administração politizada, centralizada na ideia de que a educação vai bem mais além dos muros da escola, com certeza a escola não será alheia ao meio social com suas peculiaridades que rodeiam a escola. Assim, de acordo com a vasta influência dos fatores sociopolíticos no que se refere à administração escolar, poderão ser dados passos mais longos em caminho a uma gestão realmente democrática a favor de uma melhor educação de maneira mais extensa e eficiente para todos.
2.3. A visão dos docentes em relação à gestão democrática
A partir do momento que a gestão democrática envolve, principalmente o caráter opinativo dos envolvidos no processo de ensino aprendizagem, o professor, obviamente, como agente decisivo nas práticas que levam a aprendizagem não pode se tornar fora do que propõe a gestão democrática. Afinal, é o professor que sente na pele todos os fatores sociaisque interferem em sala de aula.
Afirmamos sem medo de errar, que o professor é quem mais conhece claramente a identidade dos alunos (potencialidades, limitações, influências em sua aprendizagem, dentre outros). Assim sendo, o professor necessita de ter o conhecimento sobre gestão democrática, ao menos seu conceito básico, já que essa gestão deve ser rodeada por ações que influenciarão diretamente no dia a dia da sala de aula, o “habitat natural” do docente. É de grande importância, para o bom desempenho das atribuições do professor, entender sobre essa democratização do ambiente escolar, bem como na prática de uma administração escolar democrática efetiva. 
“À medida que o educador, enquanto educador, compreende a importância social do seu trabalho, a dimensão transformadora da sua ação, a importância social, cultural, coletiva e política da sua tarefa, o seu compromisso cresce” (RODRIGUES, 2003, p. 66). 
Dentro dessa concepção, é percebível que por meio da compreensão do docente no que se refere a todos os fatores que rodeiam a gestão democrática, ganha-se uma nova visão que irá transformar positivamente a sua prática pedagógica, uma vez que o fortalecimento do compromisso de educar traz novos horizontes para a melhoria do trabalho feito pelo professor, sempre tendo a democratização da gestão como uma força a mais para orientá-lo em seu cotidiano escolar, no que diz respeito às suas prováveis contribuições atribuições.
Para que possamos compreender mais claramente o que os professores pensam em relação ao conceito de gestão democrática, vamos analisar, a seguir, o que relatam alguns professores da rede municipal de ensino público do município da Teresópolis/RJ:
“Uma administração onde todos são ouvidos e não há imposição de poder, e sim respeito e trabalho em grupo”.
“Trabalho em grupo com os demais funcionários, nas tomadas de decisão, compreensão mútua uns dos outros, é não tomar decisões sozinhos”.
“Um espaço onde todos opinam e cada opinião é ouvida e respeitada pelo outro. Essa é a democratização do ambiente escolar”.
Observa-se que na maioria dos conceitos acima expostos a ideia principal é a questão do trabalho em grupo. O professor percebe, afinal, a diferença no ambiente escolar quando se realizam ações que estimulem o trabalho conjunto. No entanto, deve-se atentar para o perigo de não se fechar no conceito de que uma gestão democrática é apenas práticas de trabalho em grupo e participação nas tomadas de decisão, pois a democratização da gestão escolar vai muito além disso. O professor precisa se conscientizar de que há um todo mais extenso no trabalho rodeado por uma administração de cunho democrático, procurando sempre aprofundar-se no assunto e não deixando que tais ideias fiquem no trabalho rotineiro habitual da escola.
Portanto, não se deve deixar de lado a visão que o professor tem sobre a gestão democrática, uma vez que tendo em vista seu relevante papel dentro da escola, ele poderá contribuir e muito com o trabalho da gestão. Segundo a professora Janaria Raquel Santos da Silva, “um dos pontos negativos da gestão democrática poderia ser o surgimento de alguns conflitos devido às várias opiniões”. Podemos, então, observar como o educador, que possui uma visão reflexiva e crítica sobre a gestão democrática, pode auxiliar de forma significativa para seu bom funcionamento, pois desse modo, ele tem uma visão mais clara acerca do que pode vir a ser positivo ou até mesmo negativo, logo, é imprescindível que se leve em consideração o que os professores pensam e percebem em relação à gestão democrática.
3. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) E O CONSELHO ESCOLAR (CE)
Toda instituição educacional precisa de diretrizes que direcionem seus trabalhos durante o decorrer do ano letivo. São meios através dos quais a escola procura se orientar para desenvolver as ações relacionadas aos processos educativos. Estamos nos referindo ao Projeto Político Pedagógico (PPP), que é essencial para a educação.
A escola necessita e tem, por obrigatoriedade, que ter um PPP, afinal a educação é formada sistematicamente e, dessa maneira, esse projeto faz-se necessário para as instituições educacionais que tenham verdadeiramente o compromisso de educar e não meramente de cumprir questões burocráticas exigidas por um sistema.
A educação não pode ser preparada através apenas de simples técnicas e saberes, mas sim como algo organizado, onde as ações realizadas sejam justificadas, que tenha objetivos a serem alcançados, enfim que seja trabalhada na ótica de projeto.
Um conceito fundamental para pensar a educação é o de Projeto, pois ele se recusa a considerar a escola como um modelo ideal, pronto e acabado. Uma escola como um modelo ideal e não flexível não existe, uma vez que ela vai se construindo nas contradições do seu cotidiano, que envolve situações diversas, correlações de força em torno de problemas, impasses, soluções, vivenciados a cada momento (OLIVEIRA, 2005, p. 40).
A importância do Projeto Político Pedagógico é percebida, sobretudo em relação às ações ligadas diretamente às questões pedagógicas da escola, pois é a partir do PPP que serão pensadas tais ações e projetadas para que sejam colocadas em vigor futuramente, tendo em vista a realidade que rodeia a instituição educacional, assim como os fatores socioeconômicos, que sempre influenciam no processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, o ideal é que toda escola tenha a consciência de que o PPP é um instrumento de importância fundamental para conduzir bem o ano letivo, tendo conhecimento também, que esse projeto vai muito além de simples objetivos, estratégias e ações, uma vez que ele é a própria identidade da instituição.
A construção do PPP deve se baseada na dinâmica social que envolve todas as relações que diretamente influem no trabalho escolar no que se refere às funções pedagógico-administrativas. Construir um PPP não é tão simples como possa parecer. Construir um PPP exige uma ampla visão capaz de visualizar estratégias eficientes para, futuramente, a escola obter um desempenho satisfatório de suas atribuições. Logo, a elaboração do projeto não pode se restringir somente às pessoas da escola, como gestor, coordenador, supervisor e professores, deve-se levar em conta as contribuições que a comunidade escolar local tem a oferecer. Dessa forma, sua participação deve ser estimulada e colocada em vigor, afinal a comunidade age de forma significativa quanto à elaboração de ações ligadas diretamente aos fatores externos das instituições educacionais e tais fatores externos exercem influência relevante na escola. Afirma Ilma Passos Alencastro Veiga (2008, p. 12) “Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos a intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente.” 
O PPP não deve ser formado com a ideia de um documento obrigatório, mas sim como uma forma pela qual a escola vai se guiar e realizar as ações determinadas no projeto.
Durante sua formação é preciso clareza do que realmente se necessita para que o processo de ensino aprendizagem se dê de forma eficiente e que a escola desempenhe de forma ainda mais relevante sua função social. Não se deve amontoar o projeto com ações, que muitas vezes não poderão ser colocadas em prática, nem tampouco fugir da realidade em que a instituição se encontra, afinal no que se refere ao PPP, a escola deve basear-se naquilo que realmente tem ou que se pensa que possa ter, daí afirmamos com veemência a importância da participação da comunidade escolar na elaboração do projeto.
3.1. O papel do PPP na democratização da educação
O Projeto Político Pedagógico deve ser formado de forma que contemple todos os fatores internos e externos da escola, pois ambos influenciam diretamente no âmbito educacional, principalmente nas questões referentes à sala de aula. Não tem como planejar o PPP sem levar em conta esses fatores, afinal esse projeto deverá levar a educaçãoa uma democratização plena de suas ações, sejam elas administrativas, pedagógicas ou sociais.
A gestão democrática é um assunto bem discutido atualmente no que diz respeito às reflexões acerca da sua importância para o crescimento da educação e o PPP não pode ficar de fora quando o assunto é democratização da educação, pois exerce papel de tamanha importância para que a educação venha a adquirir um caráter democrático.
Nas palavras de VEIGA:
O projeto político pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão (2008, p. 13).
Observa-se que o PPP cria um ambiente propício para que a educação tenha um tom mais democrático em suas atribuições, pois através do PPP a burocracia imposta pelo sistema é deixada de lado e tem-se uma forma mais participativa de se trabalhar no âmbito educativo.
É essencial que o PPP seja colocado em vigor e que tudo o que foi previsto no projeto seja de fato vivenciado pela instituição escolar, para que ela possa manter-se com uma postura democrática e, em consequência, seja eficaz nas atribuições que lhe compete, “(...) propicia a vivência democrática necessária para a participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania” (ibidem, 2008. p. 13).
O PPP é indispensável para uma gestão que se caracterize como democrática, principalmente se o projeto é colocado em vigor de forma efetiva, sendo flexível quando necessário e contando com colaboração coletiva de forma extensa em sua elaboração.
(...) a democracia tem de ser perspectiva principal de uma escola; portanto, só é possível considerar o processo educativo em seu conjunto, sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade, no ponto de chegada (SAVIANI, 1982 apud OLIVEIRA, 2005, p. 46).
A democracia como um dos princípios que devem nortear o PPP precisa ser considerada como algo fundamental na vivência da educação, pois a consciência de sua importância gera uma maior preocupação no que diz respeito à elaboração do projeto bem como de sua aplicação.
Para BUSSMANN:
A prática democrática faz com que as decisões sejam precedidas de discussão. Tomada a decisão, a discussão fica suspensa num certo sentido para que a decisão implemente-se. Portanto, no debate livre e democrático, palavra e ação reclamam-se reciprocamente, mas não se substituem (2008, p. 42).
A democratização da educação, sem dúvida, é algo benéfico para a instituição escolar e em contrapartida para a sociedade como um todo, pois tem como consequência uma educação de qualidade.
A importância que o PPP tem quando se fala em democratização da educação é evidente, pois sabemos que ele proporciona a inter-relação entre os agentes internos e externos da escola, e o diálogo entre ambos é fortalecido, dando a oportunidade para a troca de experiências. Busca-se em conjunto as melhores formas de se realizar uma educação que seja adequada à clientela que se tem, sem esquecer da função social da escola, que ganha maior destaque quando se trabalha deste modo. É formulada, assim, a ideia de que o PPP é sem dúvida, fundamental para que a educação se torne um ambiente democrático e entre em sintonia com todos os fatores que venham a influenciar o processo de ensino aprendizagem, buscando garantir sempre a melhoria da qualidade do ensino.
3.2. O Conselho Escolar
O Conselho Escolar (CE) é mais uma ferramenta que oferece à escola um caráter democrático, pois é através dele que o diálogo é iniciado e a correlação entre os agentes diretos da escola (gestão, corpo docente e demais funcionários) e os agentes indiretos (membros da comunidade). Existe uma relação expressiva do CE com o PPP, pois o CE é o responsável pela efetivação do PPP, afinal este tem como uma de suas principais atribuições assegurar que as determinações discriminadas no projeto sejam realmente cumpridas, bem como tem como função, também, fiscalizar as questões financeiras da escola, além de ter um caráter decisório e deliberativo.
Nota-se a positividade do CE no que diz respeito à descentralização do poder nas instituições educacionais, o que assegura uma maior vigência do espaço democrático na escola, desfazendo a ideia antiga de que o gestor é centralizador e garantindo uma participação maior do coletivo no ambiente escolar.
Segundo o Ministério da Educação:
(...) a complexidade da sociedade atual e o processo de democratização do público impuseram a ampliação dos mecanismos de gestão das políticas públicas, criando as políticas setoriais, com definição discutida em conselhos próprios, com abrangências variadas: unidades da federação, programas de governo, redes associativas populares e categorias institucionais (2004, p. 18).
Durante a formação do CE é necessário buscar autenticamente a formação de uma equipe que esteja realmente a fim de contribuir com a melhoria da qualidade da educação. “O Conselho será a voz e o voto dos diferentes atores da escola, internos e externos, desde os diferentes pontos de vista, deliberando sobre a construção e a gestão de seu projeto político pedagógico” (ibidem, 2004, p. 36). Observa-se, então, a importância que existe em criar um conselho com membros capazes de buscar melhorias no âmbito escolar, pois o CE está diretamente ligado ao PPP, e se o CE não for constituído por uma equipe eficiente e capaz de entender a dimensão das atribuições do conselho, um número significativo de ações propostas para a escola poderão vir a falhar.
É fundamental saber como se dá a formação do CE, para que se possa entender a sua importância em uma gestão que almeje agir nos moldes democráticos. 
O Conselho Escolar proporciona uma maior participação coletiva nas decisões que serão fundamentais para a escola, porque envolve os pais, os alunos e a comunidade como um todo.
3.3. Gestão X Conselho Escolar
O Conselho Escolar pode ser entendido como uma estratégia para o bom funcionamento da gestão democrática, pois, através dele se tem uma participação mais ampla dos diversos agentes que influem nos processos educativos.
Através do CE, procura-se uma maior autonomia da escola, no sentido de libertá-la do poder centralizado muitas vezes somente nas mãos do gestor, caracterizando-a como um ambiente onde o poder de decisão é descentralizado e distribuído de forma mais justa, onde os interessados no processo de ensino aprendizagem venham a contribuir de alguma forma para o avanço da democratização se libertando um pouco do caráter puramente burocrático. O CE torna-se, assim, um componente indispensável na vida escolar. “A valorização dos conselhos como estratégia da gestão democrática da educação traz implícita a relevância de sua função mobilizadora. Esta, por sua vez, se fundamenta no princípio de pertença do bem público à cidadania” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004, p. 58). 
O CE dá à escola a chance de exercer sua função social de forma plena que é garantir a promoção da cidadania através da educação, sendo assim, é necessária uma relação íntima da gestão escolar com os conselhos, pois ambos precisam caminhar lado a lado para garantir que a instituição desempenhe de forma plena e eficaz suas atribuições, principalmente no que se refere ao bem-estar social.
Nas palavras de Vitor Henrique Paro:
O maior dos problemas existentes é o fato de que o conselho de escola tem sido tomado, em geral, como uma medida isolada, descolado de uma política mais ampla e séria de democratização da escola, evidenciando muito mais sua face burocrática do que sua inspiração democrática. Para a reversão desse quadro, é preciso uma nova ética que desautorize a atual configuração autoritária da escola.(...) o homem deve conduzir-se de forma dialógica com os demais homens, seus semelhantes, que, como ele, devem ter mantida sua condição de sujeito que, ao transcender a necessidade natural, constrói, pelo trabalho, sua própria liberdade (2001, p. 80).
Vemos, então, que a gestão precisa se conscientizar de que suas ações em relação ao CE são essenciais para que haja um bom desempenho do conselho, afinal se não houver um bom entrosamento entre gestão escolar e Conselho Escolar, a busca pela democratização escolar encontrará sérios obstáculos que poderão impedir a construção de um ambiente escolar democrático.
É óbvio que existe uma relação entre o Conselho Escolar e gestão escolar, uma vez que um é fundamental ao outro. Para que o trabalho coletivo na escola aconteça de forma eficaz, a gestão precisa aderir à prática do conselho, enquanto o CE precisa da gestão como um elemento norteador no que refere às suas funções e às suas atribuições, gerando uma relação de interdependência.
O CE juntamente com a gestão são os principais responsáveis pela autonomia da escola e pela prática da democracia no ambiente educacional, apesar de essas práticas parecerem muitas vezes difíceis de se concretizarem, como discorre VEIGA:
A gestão democrática da escola pública poderá constituir um caminho para a melhoria da qualidade do ensino, se for concebida como um mecanismo capaz de inovar as práticas pedagógicas da escola. Este é o grande desafio: como podemos, de fato, concretizar a gestão democrática por meio do projeto político pedagógico e do conselho escolar? (2008, p. 126). 
4. INTER-RELAÇÃO ENTRE ESCOLA, COMUNIDADE e família
É óbvio que a participação da comunidade nas ações escolares é algo de grande importância, uma vez que a escola reflete dimensões variadas acerca do que acontece fora de seus muros, dessa forma não tem como não existir uma relação entre as instituições educacionais e a comunidade onde ambas estão inseridas. Hoje em dia fica difícil conduzir as práticas pedagógicas sem o apoio e a participação de todos que formam um meio social específico, diferentemente do que ocorria no passado, onde a escola se fazia autônoma no que diz respeito aos processos educacionais.
Nota-se que os fatores externos ligados aos acontecimentos da comunidade extra escolar influem diretamente no dia a dia da escola, principalmente no que se refere às questões da sociedade contemporânea, como o avanço tecnológico, a violência cada vez mais frequente e o bullying, que é um dos fatores com maior número de ocorrências.
A partir do momento em que a escola, principalmente a gestão escolar venham a ter consciência acerca desses fatos, observa-se uma relação de reciprocidade entre a comunidade e a escola, uma vez que dessa forma a busca de soluções para problemas que venham a surgir será mais fácil já que existirá uma parceria entre ambos.
É importante que a comunidade escolar tenha a noção da sua importância em relação à educação. Deve-se deixar de lado as convicções antigas de que os processos educacionais são obrigações apenas da escola. 
A escola não pode e nem deve ser compreendida como a titular de toda autonomia no que se refere à educação e nem deve se colocar-se como tal. Para isso existe o processo de democratização e participação dentro da gestão escolar.
4.1. A importância da comunidade na escola
A comunidade precisa inserir-se no ambiente escolar de forma a assegurar e favorecer o melhor andamento da educação. Esse envolvimento se dá de diversas maneiras, afinal a escola desempenha funções variadas no âmbito educacional, logo a comunidade tem chances de opinar com o intuito de melhorar a qualidade do ensino aprendizagem.
A comunidade é uma grande protagonista no âmbito escolar e esse protagonismo se dá primeiramente quando ela é capaz de perceber que pode influenciar de forma positiva nas mais diversas dimensões da educação. É interessante que a gestão procure maior proximidade com a comunidade escolar, buscando sempre envolvê-la mais significativamente nas ações escolares, tanto pedagógicas, como administrativas.
Se, todavia, concebemos a comunidade – para cujos interesses a educação escolar deve voltar-se – como real substrato de um processo de democratização das relações na escola, parece-me absurda a proposição de uma gestão democrática que não suponha a comunidade como sua parte integrante (PARO, 200, p. 15).
A comunidade na escola tem significativa importância até mesmo quando se fala em gestão democrática, pois sem a participação da comunidade na escola, o conceito de democratização da gestão fica comprometido. Assim, é necessário que se busque constantemente envolver ao máximo escola e comunidade, tornando-os os principais responsáveis no desenvolvimento da educação para que esta se efetive de forma positiva.
A atuação de protagonista da comunidade se dá ainda na participação no Conselho Escolar como está descrito no Art. 14, inciso II da LDB: “participação das comunidades escolares e local em conselhos escolares ou equivalentes” (idem, p. 54).
Outras formas mais práticas de fazer com que a comunidade interaja no âmbito escolar, além de sua atuação nos conselhos, seriam, por exemplo, o apoio e participação nos projetos desenvolvidos pela escola, buscando conhecer as possíveis necessidades que a escola possa a ter e tentar supri-las (tais necessidades podem ser em relação à estrutura física, à falta de materiais, etc.), ajuda nos eventos da instituição escolar, hortas comunitárias, ações voltadas ao meio ambiente, entre outras.
Percebemos, então, que a comunidade local possui uma série de meios para se inserir na escola de forma a auxiliar com a educação, tanto colaborando com a gestão como atuando nos conselhos e desempenhando outros papéis que poderão surgir no decorrer das atividades propostas sejam elas pedagógicas, administrativas ou de qualquer outro caráter.
4.1.1. A participação da família
Não tem como falar da atuação da comunidade escolar nas questões relacionadas à educação sem citar a importância da participação da família. De acordo com Nelson Dacio Tomazi (2010, p. 20), “O ponto de partida é a família (...) É o espaço onde aprendemos a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a diversidade”. A partir dessa concepção vemos que é na família que começam as primeiras formas de educação, sendo assim quando o aluno entra no ambiente escolar ele já traz em si uma bagagem adquirida na convivência familiar, portanto a escola necessita da participação dos familiares no decorrer do desenvolvimento de suas atividades, pois o trabalho em conjunto da família com escola demonstra ser uma das estratégias mais eficientes para o bom andamento escolar, sem falar que, a partir do momento em que os familiares participam ativamente da vida escolar, fica mais fácil envolver também toda a comunidade, afinal a família é a célula vital da sociedade. A família é, certamente, uma ponte que liga escola e comunidade.
A escola não pode ser distante da família e não deve ser vista pelos familiares meramente como algo exigido e obrigatório por um sistema, mas sim como um alicerce fundamental para a formação de uma sociedade digna.
Vale ressaltar que a participação da família auxilia para a educação, também, na ótica das transformações ocorridas na sociedade e que vem transformando aos poucos o modelo de família que conhecemos.
A família, que é uma construção social e sofre influência dos valores e padrões de sua época, atualmente passa também por grandes transformações, que vão desde os novos arranjos familiares, delineando famílias monoparentais, homoafetivas, reconstituídas por novas uniões e coabitações dos filhos, frutos das diversas uniões, até mudanças nos papeis familiares. Essas mudanças são formas contemporâneas de exercício da maternidade e da paternidade, cujos papeis já não são rigidamente preestabelecidos como cuidadores e provedores, respectivamente. Ambos, pai e mãe, podem ocupar funções diversas (FERREIRA, 2012, p. 17).
A escola com certeza está cientede tantas transformações ocorridas na família nos últimos tempos e só conseguirá interagir com as famílias se conseguir um contato mais próximo com o ambiente familiar e conseguir atrair os familiares até o meio escolar. Essas mudanças diversas podem, consequentemente, interferir de forma negativa nas práticas educacionais, por isso a escola precisa ter um amplo conhecimento referente à realidade das famílias existentes na comunidade.
Nas palavras de Augusto Cury (2008, p. 21) “Antigamente uma família estruturada era uma garantia de que os filhos desenvolveriam uma personalidade saudável”. 
Observa-se que atualmente essa concepção mudou, uma vez que mesmo num ambiente familiar saudável algumas pessoas podem desenvolver problemas diversos e vice-versa. Por isso, a escola deve procurar se inteirar acerca dos acontecimentos no ambiente familiar de seu público, porque assim muitos problemas poderão ser resolvidos e até evitados.
Os familiares podem participar de várias formas dentro da escola. Talvez o acompanhamento escolar seja uma das mais importantes formas de atuação da família no espaço escolar, pois é muito bom trabalhar numa escola onde a família se mostra interessada e preocupada com o rendimento escolar de seus filhos, ressaltando que essa preocupação não deve ser apenas em relação às notas, mas principalmente, em relação ao comportamento do educando, à metodologia utilizada pelos professores, à atuação da gestão, dentre outros fatores. A família também pode se inserir no ambiente escolar através do voluntariado, assim como pode buscar se inteirar sobre o dia a dia da escola, objetivando sempre o acompanhamento e colaboração com a educação no que se refere à participação na escola, assim como tem influência sobre diversos aspectos da educação e desempenha um papel relevante no que se refere à relação da comunidade com a escola.
5. GESTÃO DEMOCRÁTICA X GESTÃO PARTICIPATIVA
Reconhecendo a relevância do papel do professor e da escola na conjuntura social, acredita-se que atualmente, ambos devem ter no âmbito de seus objetivos a ideia de uma escola democrática em prol da formação de cidadãos críticos e participativos e da mudança das relações sociais.
	Para Libâneo (2002, p. 87), "a participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar". A participação proporciona um conhecimento melhor dos objetivos e finalidades da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade e cria um clima de trabalho favorável a uma maior aproximação entre professores, pais e alunos. Nas empresas os resultados são buscados através da participação. Nas escolas, busca-se bons resultados, mas existe nelas um sentido mais forte de prática da democracia, de formas não autoritárias de exercício do poder.
	Nesse sentido, Luck (2002, p. 66), diz que:
A participação significa, portanto, a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si: a) a de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.
	Em relação à participação da comunidade, esta possibilita à população o conhecimento de avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida escolar.
	De acordo com Gadotti (1997, p. 16), "a participação influi na democratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino". Gadotti (1997, p. 16), ainda acrescenta:
Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida.
 
	Nesse sentido, entre as modalidades mais conhecidas de participação, estão os conselhos de classe e os conselhos escolares (já visto anteriormente), colegiados ou comissões que surgiram no início da década de 1980.
	Dessa forma, o principio participativo no sentido de gerar a democracia na escola não acaba com as ações necessárias para assegurar a qualidade de ensino. A participação é tão somente um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Por causa disso, a participação precisa do contraponto da gestão, outro conceito importante da gestão democrática, que tem por finalidade promover a gestão da participação.
5.1. O papel do professor na participação democrática
Uma educação democrática pressupõe que o professor organize suas aulas de acordo com seus conhecimentos prévios, mas partindo de situações contempladas no PPP, com o currículo e a cultura da avaliação e da escola desafiando os alunos a construírem seus conhecimentos. Ou seja, é no dia a dia escolar e no exercício de sua profissão, que o professor vai trabalhando o currículo, em função da realidade e do interesse dos alunos expressos no PPP. O professor age como um mediador que possibilita ao aluno o acesso aos diferentes tipos de saber, explorando suas diferentes habilidades intelectuais, atitudes e valores morais e da sociedade como um todo.
Sendo assim, não podemos subestimar o papel do professor num processo de gestão democrática participativa escolar, pois apenas um trabalho criteriosamente planejado e desenvolvido de forma competente garante a qualidade de ensino. Para isso, o professor precisa de liberdade e flexibilidade nesta proposta pedagógica para que possa se engajar no currículo que lhe é apresentado, para assim exercer sua liderança dentro da sala de aula, onde o processo de participação dos alunos tenha seu espaço garantido.
A gestão democrática participativa, na medida em que proporciona o aperfeiçoamento da ação coletiva por vínculos intrassetoriais estabelecidos na escola, se apresenta como uma alternativa para criar condições favoráveis à melhoria da qualidade do ensino.
Libâneo (2004, p.14), deixa claro que “é no exercício do trabalho que, de fato, o professor produz sua profissionalidade”. 
Ele cita como uma das principais funções básicas do professor, sua participação ativa na gestão e organização da escola, podendo contribuir nas decisões de cunho administrativo, organizativo e pedagógico-didático.
No caso dos professores, no exercício de sua docência, é no dia a dia escolar, que ele vai trabalhando o currículo em função da realidade daquela escola, da sua turma ou até mesmo de cada aluno individualizado, pois sabemos que a soma dos indivíduos é que forma o todo.
Um currículo só é democrático quando, na prática da sala de aula, é trabalhado pelo professor, transformado e recriado em função da realidade de seus alunos, oferecendo condições para a formação de sua cidadania.
5.2. O papel do Gestor Escolar na gestão democrática e participativa
O gestor escolar deve ser capaz de exercer sua liderança e determinar a diferença entre uma escola em movimento e uma escola estagnada. Para que haja mudanças reais na qualidade de ensino, é necessário que o gestor vá muito mais além do que uma simples intervenção no trabalho de seus docentes. O gestor deve atuar incessantemente como líder educacional influenciando diretamente no comportamento educacional de seus educadores.
O gestor escolar, para efetivar um trabalho articulado com sua equipe, deve ter, necessariamente, como objetivo principal, criar um ambiente solidário de trabalho e de responsabilidade mútua, sem pátrio-poderes, procurando ser justo e firme nas decisões referentes às situações da rotina escolar, sabendo dividir sua autoridade com os diversos setores responsáveis da escola. Fazendoisto, o gestor não estará perdendo poder, e sim dividindo responsabilidades, delegando atividades a pessoas também responsáveis e que almejam o bem maior da escola como um todo que, desta forma, estará ganhando o real poder.
É evidente que o gestor precisa se adequar e se atualizar sempre, de acordo com a situação atual da sociedade em que vive e, com isso, sempre buscar modificar sua postura, se necessário for, conforme as variadas mudanças e avanços do mundo moderno, frente ao trabalho pedagógico realizado na escola. Sendo assim, dentre as diversas funções, é necessário prevalecer a qualidade do processo ensino-aprendizagem através de uma participação mais efetiva dos professores, alunos e comunidade escolar, trabalhando em conjunto com toda equipe pedagógica, como coordenadores pedagógicos e o gestor.
Para que a aprendizagem e o ensino se realizem de forma é preciso agir com competência, usando como meios o diálogo e o companheirismo ético entre os profissionais que nela atuam. O gestor escolar é, na verdade, um administrador democrático da comunidade escolar, que deve orienta seus auxiliares nas tarefas escolares, deve entender e atender as diferenças, através do desenvolvimento do senso crítico e de responsabilidade, sendo sempre aberto ao diálogo, estimulando o espírito de colaboração e atuando em conjunto com toda equipe.
A atividade do gestor é de fundamental importância e, através do diálogo aberto, poderá ajudar a superar as necessidades e atingir os objetivos propostos. O gestor para desenvolver adequadamente o seu trabalho, precisa proporcionar um clima de respeito onde todos possam chegar a uma ação pedagógica competente, motivando o grupo para o trabalho coletivo.
Atualmente, a questão da gestão é fundamental para qualquer instituição. A mudança e a capacidade de administrar o setor escola é o fundamento básico do sucesso educacional.
As potencialidades administrativas do gestor geram atitudes na sua equipe como autonomia, análise e reflexão, fundamentais à formação do cidadão. Então, a gestão escolar refere-se ao trabalho aplicado na busca de soluções de problemas apresentados no cotidiano escolar e que estão comumente presentes no contexto social do educando.
A educação é responsabilidade de todos dentro da escola. Os trabalhos desempenhados devem ser satisfatórios e procurar desenvolver a aprendizagem real do aluno, com compromisso e interesse, sempre dividindo as tarefas entre todas as pessoas envolvidas no processo ensino aprendizagem, dentro do ambiente escolar.
Com o passar do tempo, a gestão democrática e participativa vem conquistando seu lugar e mostrando as vantagens do trabalho coletivo, através da construção de uma equipe atuante, com ideias abertas e amplas, onde o compromisso da escola está intimamente ligado à democratização do conhecimento, que deve ser entendido como uma herança da humanidade e obviamente, um direito de todos.
Segundo NÓVOA (1995, p.35), citado no livro Gestão Educacional e Organização do Trabalho Pedagógico,
 
A escola tem de ser encarada como uma comunidade educativa, permitindo mobilizar o conjunto dos atores sociais e dos grupos profissionais em torno de um projeto comum. Para tal, é preciso realizar um esforço de demarcação dos espaços próprios de ação, pois só na clarificação destes limites se pode alicerçar uma colaboração efetiva.
O bom funcionamento de uma instituição escolar é resultado de um compromisso de interações e participação de toda equipe, pois a escola é de todos, é aberta a todos. Quanto maior a participação, maior a proximidade entre a equipe escolar formando uma coletividade atuante. 
A gestão democrática tem o objetivo de construir uma escola de qualidade, atendendo com seriedade os alunos e comunidade, aproveitando os recursos existentes, para a ampliação e aplicação do conhecimento. “A escola democrática será aquela que conseguir interagir com as condições de vida e com as aspirações das camadas populares”. (MELLO, 1998, p.20).
A visão que prevalece na gestão democrática é a do conjunto, onde toda a equipe unida consegue chegar a resultados positivos possibilitar o crescimento do aluno e a sua inserção na sociedade, permitindo que ele desenvolva suas capacidades e conquiste seu merecido espaço no contexto social.
O bom relacionamento entre os profissionais da escola é destacado pela gestão democrática, que busca concretizar valores e crenças como a generosidade, transparência, honestidade, comprometimento e participação. Essas atitudes construirão a formação de um ambiente saudável, motivador e construtivo. Se essas atitudes fazem parte do cotidiano escolar dos professores, funcionários, alunos, pais e comunidade escolar, não haverá espaço para negatividade, críticas e reclamações no ambiente escolar.
Algumas posturas são imprescindíveis para uma gestão responsável e positiva. São elas:
- Comprometimento e divisão de responsabilidades.
- Estimular e motivar a equipe para que a mesma trabalhe em um ambiente feliz.
- Realizar de parcerias, se necessário for, para atender as necessidades reais existentes na escola.
- Agir sempre com transparência em suas atitudes.
- Mostrar tranquilidade e discernimento para lidar com conflitos e adversidades.
- Superar do ego e a vaidade, mantendo a autoridade necessária, mas sempre lembrando que o que deve predominar é a coletividade e o trabalho em conjunto.
- Agir administrativamente sempre levando em conta a legislação em vigor, bem como realizar periodicamente reuniões de professores, funcionários e pais, para que as tomadas de decisão sejam sempre em conjunto e, consequentemente, satisfatórias a todos.
- Criação de cultura de participação comunitária, incitando as pessoas a se pronunciarem, mostrando que a manifestação é um meio de se comunicar, sem medo.
- Atenção para o cumprimento das regras, através de acompanhamento contínuo das ações escolares.
- Intervenção em situações que afetam a rotina escolar e que possam prejudicar a escola.
5.3. A Gestão escolar X Alunos
A juventude está retomando seu papel de protagonista da história e voltando a participar da vida social e política da humanidade. Mesmo com toda a massificação da mídia, os jovens estão voltando às ruas, na luta pelo ilusório sonho de moralização do país. Isso nos leva a crer que existe a possibilidade de os alunos retomarem o seu papel de protagonistas de uma nova história no âmbito da construção de uma nova escola, de um novo ambiente. 
Na gestão escolar, a participação dos alunos ainda é restrita e pouco conhecida por um número expressivo do alunado. A gestão democrática escolar ainda não está fragmentada neste segmento. Este é um caminho lento que depende de grêmios estudantis, que em conjunto com alguns professores, talvez possam vir a construir. 
No entanto a relação aluno x gestão escolar está nascendo aos poucos, seu pavio começa a se acender e isto pode significar o começo de um novo desenho de participação, que não está somente sob o domínio político, tampouco partidário, mas de um movimento que procura novas respostas, pois seus referenciais passam a ser outros devido às significativas diversidades na cultura juvenil.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos vivemos numa época onde os antigos moldes tradicionais escolares já não são mais tão aceitos pelo público escolar, por isso nos parece urgente uma mudança efetiva no modo de condução da administração escolar, pois ainda nos dias de hoje existe os reflexos dos métodos tradicionais. Não podemos esquecer de salientar que o meio, a sociedade em que vivemos hoje é totalmente diferente do passado e muda constante e aceleradamente. A globalização que o diga.
Vivemos em uma sociedade cada vez mais dinâmica que requer não mais o autoritarismo e a burocracia antes concebidas, mas sim uma forma participativa e democrática de se realizar a gestão escolar.
É real que a escola atual não consegue atuar sozinha em seu fazer administrativo e pedagógico. A escola necessita de estar em contato direto com a realidade que a rodeia, ese deixar levar pelo meio social onde ela está inserida, pois do contrário, a escola ficará isolada de tudo que pode vir a influir diretamente em suas ações e ser alheia a todos os fatores os possíveis e assim prejudicará o processo educativo e de construção da cidadania.
Uma escola necessária é aquela que deixa suas portas abertas a todos e desempenha suas funções democraticamente e com a contribuição da família, da comunidade e daqueles que se dizem interessados na educação. Evidentemente não é fácil chegar a uma realidade gestacional assim, democrática e participativa, uma vez que o cenário educacional brasileiro como um todo ainda não é totalmente democrático e participativo. Chegar a ter uma escola que reúna as características de um ambiente escolar democrático é uma tarefa árdua e contínua, porém esta deve ser a principal incumbência da gestão, se esta se fizer realmente democrática.
Hoje, a possibilidade de se formar uma escola democrática, onde exista total integração com a comunidade, com a família, com os professores e demais engajados no âmbito escolar, é bem mais ampla, pois existem vários meios para se chegar a essa realidade. Só o fato das escolas possuírem um PPP elaborado a partir dos verdadeiros anseios escolares, comunidade e familiares, e um CE que funcione com a participação de membros da escola e da também da comunidade já caracteriza um amplo avanço no sentido de democratização da educação e da participação da comunidade como finalidade e consequência.
Observa-se que, muitas vezes a comunidade não está a par das ações da escola por puro comodismo (por achar que a educação em si cabe somente a escola) e isso acaba gerando conflitos futuros, pois quando não há a participação do meio comunitário na escola, o mais provável de acontecer são que possíveis lacunas ficarão na aprendizagem dos discentes, o que certamente refletirá de forma negativa na sociedade, mesmo que seja a longo prazo. Por isso é de grande importância que haja a inter-relação da escola com a comunidade nos processo de ensino aprendizagem para que se garanta uma maior eficácia da educação, porém é preciso ter a consciência de que sempre existirão contradições mesmo se tivermos escolas que trabalhem em cima da realidade local, pois são características típicas do trabalho que envolve o ser humano.
As escolas interagem com a comunidade constantemente, porém o fazem, na maioria das vezes, superficialmente. Uma gestão que atua democraticamente tem a concepção de que a escola deve ser uma extensão da sociedade. 
A educação tem como função fornecer meios significativos que remetam ao melhoramento social e em contrapartida efetive seu papel como instituição educacional. No entanto, isso só irá ocorrer realmente se a gestão escolar agir de forma democrática, buscando a integração com a comunidade e levando em conta todos os aspectos que o meio comunitário venha a demonstrar para que se chegue a uma educação que reflita de forma positiva os benefícios que existe quando a escola possui uma gestão democrática e participativa.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed. São Paulo: Ática, 2000.
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org). Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995.
ANEXO 1: Entrevistas feitas com professores da E. M. Ginda Bloch
1) - Professora: Vera Lúcia Xavier - Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia
O que você entende por gestão democrática?
- É uma administração onde todos são ouvidos, sem imposição de poder, com respeito mútuo e trabalho em grupo.
Você acha que a gestão democrática pode favorecer o ensino aprendizagem?
- Por ser democrática permite uma variedade de opiniões acerca dos mais variados assuntos referentes à educação e isso favorece o ensino aprendizagem
Você acha que na prática realmente existe a gestão democrática ou é apenas uma utopia? Se existe, quais seus pontos negativos?
- Sim. Porque percebemos que na gestão democráticas todos possuem seu espaço próprio. Um fator negativo pode ser em relação à tomada de decisões, quando algumas coisas podem fugir do controle, devido ao conflito de opiniões variadas
Como a gestão democrática pode favorecer a integração escola x comunidade?
- A partir da conscientização da família; realizando eventos que envolva a comunidade, reuniões, conversas com professores e pais, entre outras coisas do tipo.
___________________________________________________________________
2) - Nome: Ana Cristina Pedrosa Graduação: Licenciatura Plena em História 
O que você entende por gestão democrática?
- Trabalho em grupo com os demais funcionários, nas tomadas de decisão, compreensão mútua uns dos outros, é não tomar decisões sozinhos.
Você acha que a gestão democrática pode favorecer o ensino aprendizagem?
- Sim. Através do trabalho em grupo, focando nos mesmos objetivos.
Você acha que na prática realmente existe a gestão democrática ou é apenas uma utopia? Se existe, quais seus pontosnegativos?
- Não existe totalmente em todas as escolas. Ainda há muita utopia. A prática é bem diferente da teoria, mas existe. Não encontro pontos negativos em nada que é democrático. Há pontos a serem discutidos, mas não considero negativo.
Como a gestão democrática pode favorecer a integração escola x comunidade?
- Envolvendo a sociedade e a comunidade nas tomadas de decisão, através de eventos variados, reuniões e palestras.
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO APLICADO À ESCOLA
Escola:_____________________________________________________ Endereço:___________________________________________________
Cidade:_____________________________________________________ Órgão Executor: _____________________________________________
- DIREÇÃO
Por quem é formada a escola? Além do diretor, como se dá a autonomia do corpo administrativo escolar?
Como foi elaborado o Projeto Político Pedagógico da escola e quais as principais ações foram contempladas?
A instituição possui Conselho Escolar? Como é formado? De que forma o CE atua dentro da instituição?
De que modo a gestão trabalha tendo em vista o atual cenário social em que vivemos, levando-se em consideração o grande avanço tecnológico e as questões sociais da realidade local?
A participação da família e da comunidade se dá de que forma:
( ) Satisfatória ( ) Insatisfatória ( ) Não há participação
- DOCENTES
Como e com que frequência ocorre o planejamento? 
Quais são as principais características do planejamento escolar?
Como é o relacionamento entre escola, família comunidade?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular
Quais os pontos positivos e negativos da gestão escolar atual da escola?
A escola demonstra praticar uma gestão democrática? Por quê?
- ALUNOS
O que você mudaria na escola caso pudesse:
Como você analisa a Direção da escola:
( ) Excelente ( ) Boa ( ) Ruim
Os pais costumam participar do dia a dia da escola?
( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
O que mais você gosta na escola?
Os alunos possuem alguma participação nas decisões escolares?
( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
- PESSOAL DE APOIO
Como é o ambiente de trabalho na escola?
( ) Agradável ( ) Desagradável ( ) Regular
Como é o relacionamento entre escola e demais funcionários?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Ruim
Em relação à escola:
( ) Cumpre seu papel de educar
( ) Cumpre somente as exigências da Secretaria de Educação
( ) Trabalha de acordo com a vontade do diretor
Há de fato a participação da família e da comunidade na escola?
( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
Em relação ao trabalho como você definiria o ambiente da escola?

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