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Aula 02 – Introdução aos Cereais e Estrutura e Composição do Grão de Arroz CEREAIS • Frutos comestíveis = cariopses – fruto seco • Família das gramíneas (Poaceae) • 650 gêneros e aproximadamente 9000 espécies • Gramas, capins, milho, trigo, cana de açúcar, cevada, centeio... • Principal família para uso na alimentação humana Aspectos botânicos dos cereais Panícula Espigas Aspectos botânicos dos cereais Capacidade de germinação dos grãos: • Vantajosos nos processos de malteamento, produção de brotos comestíveis e como sementes; • Não é vantajoso do ponto de vista do armazenamento – processo de secagem bem feita. * Teor de óleo no grão Características dos grãos dos cereais • Fruto seco, denominado cariopse • 4 partes básicas: embrião, endosperma, tegumento (hialina + testa) e pericarpo. Partes do grão do cereal Embrião Eixo embrionário + escutelo (gérmen) Escutelo: separa o embrião do endosperma, funcionando como secretor e absorvedor de hormônios, enzimas e nutrientes para a germinação. Partes do grão do cereal Endosperma Ocupa maior parte do grão 2 partes: endosperma amiláceo e aleurona Endosperma amiláceo: • Grandes células, parede celular fina, armazena grandes quantidades de amido e menores quantidades de proteínas. Aleurona: • Uma a três camadas de células pequenas, perede celular espessa, rica em proteínas e lipídeos. • Endosperma é um tecido morto, já a camada de aleurona continua a respiração a taxas bem pequenas quando armazenadas. • Endosperma farináceo: mole, opaco, contém baixos teores de proteínas. • Endosperma vítreo: duro, translúcido, maiores quantidades de proteínas. • Quantidade de proteínas: reduzida no centro e aumenta nas camadas externas do endosperma (ambos). • Hialina + testa = tegumento • Envolvem o embrião e o endosperma e aderem a eles • Interferem na permeabilidade dos grãos à umidade e às trocas gasosas. Tegumento + aleurona são removidos no caso de polimento dos grãos Pericarpo: • Estrutura multicamadas, dando origem aos “farelos”. • Em grãos maduros, são constituídos por células ocas. • 3 partes: endocarpo, mesocarpo e epicarpo. Epicarpo pode conter “Tricomas”, em trigo, centeio, cevada, triticale e aveia. São ricos em silício. Composição geral dos grãos de cereais CARBOIDRATOS: Principais carboidratos dos cereais: • Amido = grânulos (60 a 70%) • Fibras = parede celular Composição geral dos grãos de cereais CARBOIDRATOS: Amido: Amilose = ligações α-1,4 (forma helicoidal englobando vários outros compostos) – 20 a 35% do amido. Amilopectina = ligações α-1,6 (polímero ramificado com massa molecular 10 vezes maior do que a amilose – 80 a 65% do amido. Composição geral dos grãos de cereais Atenção: A forma do grânulo, assim como sua temperatura de gelatinização, é característica de cada espécie e pode possibilitar a identificação da matéria- prima de uma certa farinha ou produto por microscopia óptica. Alterações na forma podem também ser decorrentes de associações com outros compostos, como proteínas, por exemplo. Composição geral dos grãos de cereais Tipos de Amido: Glicêmico: degradado a glicose por enzimas do trato digestivo. Amido rapidamente digerível (ARD) – até 20 minutos Amido lentamente digerível (ALD) – 20 até 110 minutos Resistente: não é digerido no intestino delgado, resiste à dispersão em água fervente e à hidrólise pela ação da amilase pancreática e da pululanase. É fermentado no intestino grosso pela microbiota local, produzindo gases e ácidos graxos de cadeia curta. AR1 = fisicamente inacessível AR2 = de acordo com tipo de estrutura cristalina que apresenta nos grânulos AR3 = amilose retrodegradada. Composição geral dos grãos de cereais Tipos de Amido: A difração de raios X possibilita a distinção de três tipos de grânulos de amido, que dependendo de sua forma e estrutura cristalina, denominam-se em A, B e C o Amido Tipo A: menos de 20 unidades de glicose (cadeias curtas), com empacotamento mais compacto. o Amido Tipo B: mais de 22 unidades de glicose, moléculas de amilopectina de tubérculos (batata) e do milho ceroso. Estrutura mais aberta com centro hidratado. o Amido Tipo C: Intermediário entre A e B, característico de leguminosas, raízes (mandioca) e sementes em geral. Composição geral dos grãos de cereais Outros fatores que afetam a digestibilidade do amido: • Presença de complexos amido-lipídio e amido-proteína • Inbidores da α-amilase e de polissacarídeos não amiláceos • Mastigação • Tempo de trânsito intestinal • Concentração de amilase no intestino Outros carboidratos: • Fibras solúveis (substâncias pécticas, β-glicanas, arabinoxilanas) • Fibras insolúveis (celulose, galacomananas, glicomananas, lignina) • Açucares livres • Oligossacarídeos PROTEÍNAS De acordo com Osbourne (1907), são classificadas em: • Albuminas – solúveis em água • Globulinas – solúveis em solução salina • Prolaminas – solúveis em solução alcoólica • Glutelinas – solúveis em solução ácida ou alcalina Composição geral dos grãos de cereais Solúveis Insolúveis PROTEÍNAS Ainda pode ser classificadas como: • Proteínas solúveis: enzimas, inibidores enzimáticos e hemaglutininas – embrião e endosperma. • Proteínas de reserva: insolúveis – corpos ou corpúsculos de proteínas. Composição geral dos grãos de cereais Teor de alguns aminoácidos essenciais em cereais em comparação ao ovo ENZIMAS Enzimas hidrolíticas: Amilases = α amilase (α-1,4 = endoenzima); β-amilase (α-1,4 = exoenzima). β-glicanases = importante na cevada. Proteases = facilita o acesso de amilase aos amidos dos grânulos. Lipases = hidrolisam ligações éster dos triacilgliceróis, liberando ácidos graxos e aumentando a acidez da fração lipídica. Fitases = hidrolisa ácidos fíticos (fitatos e fitinas) Composição geral dos grãos de cereais ENZIMAS Enzimas oxidativas: Lipo-oxigenases = destruição de carotenoides em farinhas, promovendo o branqueamento das massas. Formação do cheiro “ranço”. Polifenol oxidase, peroxidase e catalase Composição geral dos grãos de cereais LIPÍDEOS: Componentes minoritários nos cereais (até 7% na aveia e 2% em outros) Armazenados principalmente no escutelo e na camada de aleurona, com pouca quantidade no endosperma amiláceo. Classificação: • Livres = extraídos com solventes orgânicos a temperaturas ambientes • Ligados ao amido = extraídos com solventes polares em temperaturas ambiente • Presos ao amido = fazem parte da constituição do grânulo e são extraídos pela gelatinização do amido. Composição geral dos grãos de cereais VITAMINAS E MINERAIS • Vitaminas do complexo B • Vitaminas E • Ácido nicotínico ou niacina – niacitina de baixa digestibilidade (cevada, trigo, sorgo e arroz) OBS.: boa parte das vitaminas e minerais se encontram na casca, no pericarpo e nas camadas mais externas do endosperma, e pode ser eliminada durante a extração da farinha ou no polimento do grão. Composição geral dos grãos de cereais ALCALÓIDES Ergotismo = consumo prolongado de “ergot” (ergotoxina e ergotamina – ácido lisérgico), produzidas pelo fungo Claviceps purpurea. Infecta principalmente centeio, trigo, cevada e aveia. Fungo infecta a flor e invade as sementes. Sintomas: alucinações, convulsões, vasoconstrição e gangrena, podendo causar a morte. Composição geral dos grãos de cereais Composição centesimal dos cereais Arroz Origem • Espécies mais consumidas no mundo: Oryza sativa e O. rufipogon (arroz vermelho – Índia e China) • Domesticações: Índia, Indonésia e China • Três raças diferenciadas: indica, javanica e sinica (japônica) • África: O. sativae O. glaberrima O. sativa O. rufipogon O. glaberrima Produção • Todos os continentes. • Alimento básico de 2,4 bilhões de pessoas. • Típico de regiões tropicais úmidas – bons rendimentos. • Maiores produtores: • China: 30% • Índia 20% • Indonésia: 9% • Brasil: 2% no mundo e 50% da América Latina Produção e Consumo • O consumo do arroz é caracterizado por ser do próprio grão, sendo uma quantidade muito pequena destinada à industrialização. Produção e consumo de arroz em casca no mundo (milhões de toneladas) Grão de arroz - Estrutura Fonte: Gonzales et al. (1985)Grão = Casca + Semente ARISTA LEMA Grão de arroz - Casca Casca é composta por: • Pálea • Lema • Lemas estéreis • Ráquila Características da casca: • Porosa • Leve • Rica em sílica – 15 a 18% Grão de arroz Debaixo da casca: Pericarpo (origem das paredes do ovário) Semente: Tegumento Endosperma – camada mais externa = aleurona Escutelo e Embrião: estrutu- ras reprodutivas (Gérmen) Grão de arroz Arroz integral Arroz branco Farelo de Arroz Endosperma – Características químicas Fonte: Naves, M. M. V. (2007) Endosperma – Características químicas Fonte: Naves, M. M. V. (2007) Composição química dos grãos PROTEÍNAS: • 7 a 8% de proteínas (baixo). • Variações: genótipos, adubação nitrogenada, radiação, temperaturas. • Organização: • Corpos proteicos tipo 1: grandes estruturas esféricas, ricos em prolamina • Corpos proteicos tipo 2: ricos em globulina e glutelina • Glutelina: 80% das proteínas • Globulinas e albuminas: 15% • Prolaminas: 5% Endosperma Composição química dos grãos PROTEÍNAS: Farelo de Arroz (gérmen e camada de aleurona): • 60% de albuminas • 27% de prolaminas e glutelinas • 7% globulinas • Lisina: aminoácido limitante, porém maior teor em relação a outros cereais. Composição química dos grãos CARBOIDRATOS: • Principais componentes do arroz • Amido: 90%, além de açucares livres e fibras • Endosperma: amido • Farelo e o gérmen: fibras e outros carboidratos *Amilose: qualidade tecnológica e de consumo do arroz Composição química dos grãos CARBOIDRATOS: Como a amilose interfere na qualidade do arroz? • Grãos com maior teor de amilose: textura mais firme após o cozimento. Classificação do grão de acordo com o teor de amilose: oCeroso: 1 a 2% de amilose oTeor muito baixo: 3 a 12% oTeor baixo: 13 a 20% o Intermediário: 21 a 25% oAlto: 26 a 33% Composição química dos grãos CARBOIDRATOS: Como a amilose interfere na qualidade do arroz? O teor de amilose também interfere na resposta metabólica ao arroz: maiores concentrações de amilose resultam em menores respostas glicêmicas e insulinêmicas. Composição química dos grãos CARBOIDRATOS: Outros carboidratos: • Açucares livres localizados nas camadas externas dos grãos • Polimento e processamento influenciam nas suas quantidades finais dos grãos • Quais são? Sacarose (90%), glicose e frutose. • Celulose e nas paredes celulares • Pentosanas, β-glicanas e fibras menores do que os demais cereais Composição química dos grãos LIPÍDEOS: • 2 a 3% de lipídeos apenas • Lipídeos livres – esferossomos: camada de aleurona, embrião e endosperma. • Maior concentração: gérmen e camada de aleurona – extração do óleo de arroz Lipídeos •Arroz polido: menos de 1% de lipídeos; •Arroz integral: até 3% de lipídeos; • “Farelo de arroz”: até 20% de lipídeos Composição química dos grãos LIPÍDEOS NO ARROZ (%): Composição química dos grãos VITAMINAS E MINERAIS: Quantidades significativas de vitaminas do complexo B e vitamina E – comum na maioria dos cereais *Retirados pelo polimento do grão. • Minerais: muito influenciado pelas adubações, tipos de solos de cultivo e processamento. • 72% no farelo do arroz • 28% no grão polido • Zn e Fe principalmente • Observação: os maiores teores de fibras e fitatos no arroz integral pode afetar a biodisponibilidade dos minerais nesses grãos. Composição química dos grãos VITAMINAS E MINERAIS: Teores de vitaminas do complexo B (mg/100g) em grãos de arroz. Composição química dos grãos VITAMINAS E MINERAIS: Teores de minerais (mg/100g) em grãos de arroz. CONTEÚDO EM AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS (mg aminoácido/g proteína) DO ARROZ, MILHO E TRIGO EM RELAÇÃO AO PADRÃO FAO/OMS/ONU Fonte: Naves, M. M. V. (2007) Fibras Alimentares Fibra alimentar – valores nas tabelas brasileiras; Arroz Polido e Arroz Integral respectivamente: 1,3% e 3,5% (PHILIPPI, 2002), de 1,7% e 3,0% (USP, 2004) e de 1,6% e 4,8% (NEPA, 2006) O arroz polido contém, sobretudo, hemicelulose e pectina, e o integral hemicelulose, pectina e celulose. Valor nutricional do arroz CONTRIBUIÇÃO NUTRICIONAL DA INGESTÃO DE ARROZ PARA O APORTE DIÁRIO DE ENERGIA E MACRONUTRIENTES. Fonte: Naves, M. M. V. (2007) Valor nutricional do arroz O Arroz representa fonte de proteína de boa qualidade quando complementado com quantidades similares de proteínas de leguminosas (feijão), ou com quantidades menores de proteínas de origem animal. Próxima aula: Tipos de processamento do arroz
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