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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA UNIDADE II

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Unidade II
Unidade II
Quando alguém é questionado ou algum indivíduo indaga: “você considera ter qualidade de vida?” 
“Está em busca de mais qualidade de vida?” “Quais são os aspectos e as características que estão 
envolvidos na expressão qualidade de vida?”, ao se falar em “qualidade de vida”, essa expressão 
pode ter diversos tipos de significados e conceitos, pois irá retratar diferentes conhecimentos, 
experiências e valores individuais e coletivos que refletirão o momento histórico, a classe social e 
a cultura pertencentes aos indivíduos (DANTAS; SAWADA; MALERBO, 2003).
Como dito, a qualidade de vida exprime características pertencentes à corporeidade e à motricidade 
humana. Logo, a qualidade de vida e a corporeidade estão estreitamente ligadas, pois são as formas, as 
condições e as possibilidades do ser humano de se relacionar com o meio em que está inserido.
5 QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE
O universo relacionado à qualidade de vida se manifesta em diferentes áreas, ou seja, apresenta uma 
abordagem multidisciplinar de diversos aspectos de conhecimento científico e popular referentes à vida 
dos indivíduos. Com essa perspectiva, a avaliação do cotidiano resulta em um número de elementos 
do dia a dia; elementos subjetivos sobre a vida e até a forma de agir perante doenças e enfermidades 
(ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
O termo qualidade de vida tem sido utilizado desde os anos 60, principalmente como força 
política. O primeiro a utilizar essa expressão foi o presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, 
em seu discurso, ao relatar que “os objetivos não podem ser medidos através de balanços de 
bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” 
(PIRES, 2007).
O conhecimento popular se apropriou dessa expressão como uma forma de simplificar a melhora 
ou um padrão elevado de bem-estar nas vidas dos indivíduos, seja de ordem social, emocional ou 
econômica (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012). Porém a compreensão sobre a qualidade de vida 
remete a inúmeras variáveis do conhecimento humano, biológico, médico, social, econômico, político, 
entre outros, e assim uma inter-relação deles.
Para tanto, de acordo com Seidl e Zannon (2004), o termo qualidade de vida é utilizado em duas 
vertentes de pensamento:
I – Na linguagem cotidiana, representando a população de uma forma geral, jornalistas, políticos, 
profissionais de diversas áreas e gestores de políticas públicas.
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
II – Em pesquisas científicas, em diferentes áreas de conhecimento, como Economia, Sociologia, 
Educação, Medicina e demais áreas da saúde.
Qualidade de vida é um pressuposto totalmente humano e está relacionado ao grau de satisfação 
que é encontrado nos contextos da vida familiar, social, amorosa, a própria estética e o ambiente em 
que se está inserido. Portanto, revela a capacidade dos indivíduos de refletir uma síntese da cultura dos 
diversos elementos que a sociedade determina como padrão de conforto e bem-estar (MINAYO, 2000). 
O grupo de estudos da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL group) sobre qualidade de vida 
define-a como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas 
de valores, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL group, 
1995). Inclui, ainda, seis domínios principais, quais sejam: saúde física, estado psicológico, níveis de 
dependência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual (DANTAS; SAWADA; 
MALERBO, 2003).
Guiteras e Bayés (1993) acreditam que qualidade de vida esteja relacionada à saúde como uma valorização 
subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, quanto ao seu estado de saúde.
Para Cleary, Wilson e Fowler (1995), o termo se refere a vários aspectos da vida de uma pessoa que 
são afetados por mudanças no seu estado de saúde e são significativos para a sua qualidade de vida.
Já Patrick e Erickson (1993) conceituam qualidade de vida como o valor atribuído à duração da vida, 
modificado pelo prejuízos, estados funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por doença, 
dano, tratamento ou políticas de saúde.
Com uma visão mais generalista, Martin e Stockler (1998) percebem que a noção de qualidade de 
vida pode ser mensurada pela distância entre as expectativas individuais e a realidade vivida, ou seja, 
quanto menor for essa distância, melhor será a qualidade de vida.
A distância ou noção de distância entre a expectativa e a realidade remete a um plano individual, 
não ao coletivo, determinado por três referenciais (MINAYO, 2000):
• Histórico: ligado ao tempo de desenvolvimento econômico, social e tecnológico. Porém os 
parâmetros de qualidade de vida mudam conforme as diferentes sociedades e também em uma 
mesma sociedade, em tempos históricos distintos.
• Cultural: refere-se aos valores e às necessidades dos povos ou sociedades, revelando seus costumes 
e suas tradições.
• Classes sociais: o padrão de qualidade de vida se relaciona ao bem-estar das camadas superiores 
e à ascensão de classes inferiores para superiores.
Além dessa percepção individual de qualidade de vida, esse conceito intrínseco em cada 
indivíduo sofre influências de propagandas da mídia, alimentos e campanhas políticas, assim, se 
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cria a ideia de que elevar a qualidade esteja ligado exclusivamente a esforços do sujeito (ALMEIDA; 
GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Qualidade 
de vida
Relações 
sociais
Envolvimento 
emocional
Saúde Ambiente de qualidade
Trabalho Estabilidade financeira
Satisfação 
pessoal
Figura 29 – Diagrama das diversas variáveis que compõem a qualidade de vida
Pela diversidade de domínios que estão relacionados ao termo, não existe uma concordância para 
um conceito único e definitivo, já que alguns destacam a importância de um bem-estar econômico; 
outros, o sucesso pessoal ou o desenvolvimento social (PIRES, 2007). Portanto, faz-se necessário ter 
atenção a uma multiplicidade de fatores que envolvem o universo da qualidade de vida.
Como dito anteriormente, a qualidade de vida sempre esteve no homem, uma vez que se relaciona com o 
interesse pela vida, sendo a qualidade algo que não se deve alcançar apenas com o objeto de conquista ou o 
desejo da sociedade atual, mas, sim, incorporada à vida dos indivíduos e da sociedade.
Dessa forma, a abordagem da qualidade de vida está relacionada à percepção de como as pessoas 
vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo questões de educação, saúde, transporte, 
moradia e participações nas decisões que lhes dizem respeito (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Mas, para alguns autores, tem uma ligação estreita com o desenvolvimento do ser humano, como 
a capacidade, que representa as combinações de coisas que um indivíduo está apto a fazer ou ser, e as 
funcionalidades, que representam partes do estado da pessoa, ou seja, os diversos componentes que ela 
faz ou é (HERCULANO, 2000).
Com essas definições, a qualidade de vida é avaliada de acordo com a capacidade de alcançar as 
funcionalidades, como as funções elementares de se alimentar adequadamente e ter saúde, além das funções 
que envolvem autorrespeito e integração social. A capacidade está vinculada a um conjunto de valores, como 
a personalidade e, principalmente, às características e às possibilidades sociais (HERCULANO, 2000).
Retornando à definição dada pela Organização Mundial da Saúde (1995) de que a qualidadede 
vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida do contexto da cultura e sistemas de valores 
nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, é possível 
estabelecer alguns aspectos para se conceber os indicadores de esferas objetivas e subjetivas, sempre 
tendo como perspectiva a visão do indivíduo (ALMEIDA; GUTIRREZ; MARQUES, 2012).
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A análise sobre a perspectiva objetiva está relacionada a elementos passíveis de serem quantificados 
e concretos, que podem sofrer transformações pelo ser humano. São considerados elementos objetivos 
fatores como alimentação, moradia, acesso à saúde, emprego, ou seja, necessidades que garantem a 
sobrevivência do indivíduo na sociedade.
Com esses aspectos objetivos, são traçados índices de referência sobre características sociais 
e econômicas da população, e, a partir desses índices, são criadas políticas e ações voltadas para a 
melhoria da qualidade de vida da população (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Já a compreensão da qualidade de vida, tendo como referência os elementos subjetivos – também 
se consideram aspectos concretos –, possui variáveis históricas, sociais, culturais e de interpretação 
individual sobre as condições de bens materiais e de serviços do indivíduo. 
A caracterização da qualidade de vida não se dá somente por aspectos objetivos, mas levam-se em 
consideração fatores subjetivos e emocionais, expectativas e possibilidades de um grupo social ou de um 
indivíduo quanto às suas realizações e percepção de vida, considerando, inclusive, questões como prazer, 
felicidade e tristeza (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012). 
Para a utilização dos elementos subjetivos, é necessária a caracterização sociocultural prévia do 
ambiente em que o grupo ou o sujeito vive.
Percepção 
objetiva
Percepção 
subjetiva
Qualidade 
de vida+
Figura 30 – Qualidade de vida é formada pelas percepções objetiva e subjetiva do indivíduo
Existe uma relação muito estreita entre os elementos objetivos e os subjetivos, e nenhuma análise 
ou compreensão da qualidade de vida de um sujeito pode ser contextualizada sem antes estabelecer a 
qualidade de vida coletiva, observando o que é representado na definição da OMS, que tem aspectos 
subjetivos e objetivos de condições materiais.
Um exemplo de como os aspectos objetivos e subjetivos podem ser observados é no sistema 
de bem-estar da Escandinávia, com base em três verbos básicos à vida humana: ter, amar e ser 
(HERCULANO, 2000).
O verbo ter está relacionado às condições necessárias para uma sobrevivência fora da miséria, como: 
habitação, emprego, condições físicas de trabalho, saúde e educação. O verbo amar diz respeito a relacionar-se 
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com outras pessoas e, assim, formar uma identidade social. E o último verbo, ser, são as necessidades de 
integração da sociedade em harmonia com a natureza, tendo como princípios a participação das pessoas 
nas decisões coletivas e atividades que influenciam a vida, como política, tempo de lazer, oportunidades 
profissionais, contato com a natureza, atividades lúdicas e contemplativas (HERCULANO, 2000).
Esses indicadores podem ser mensurados tanto em aspectos objetivos quanto em subjetivos:
Quadro 3 
Indicadores objetivos Indicadores subjetivos
Ter (condições materiais) Medidas de níveis de condições ambientais e vida.
Sentimentos de satisfação/
insatisfação com as condições.
Amar (necessidades sociais) Medidas de relações interpessoais. Felicidade/infelicidade nas relações sociais.
Ser (necessidades de 
crescimento pessoal)
Medidas das relações das pessoas 
com a sociedade e a natureza.
Sentimentos de alienação ou 
crescimento pessoal.
Fonte: adaptado de Herculano (2000, p. 8).
A divisão das esferas de percepção tem como objetivo minimizar a problemática da multidisciplinaridade 
da qualidade de vida, visto que é um tema com grande abrangência. Além disso, esses indicadores 
proporcionam uma linha metodológica para se ter uma análise da percepção objetiva e da subjetiva, 
porém não se pode observá-las de uma forma separada, uma vez que elas se relacionam.
5.1 A percepção objetiva da qualidade de vida
A esfera de percepção objetiva da qualidade de vida está relacionada à garantia e à satisfação em 
ter acesso a elementos essenciais, à necessidade e à sobrevivência do ser humano, como: água potável, 
alimentos, trabalho digno, lazer e saúde (MINAYO, 2000).
Pelo fato de ser um bem de consumo e uma utilização concreta, não depende de uma avaliação 
subjetiva ou interpretação do indivíduo pela sua própria vida (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Figura 31 – A percepção objetiva não depende de uma avaliação subjetiva – Rio de Janeiro, Brasil
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Nos indicadores de percepção objetiva e incluem-se três características:
• aquisição de bens materiais;
• avanços educacionais;
• condições de saúde.
Esses indicadores têm as características gerais de uma população e não leva em consideração 
características históricas e culturais, apenas questões socioeconômicas em relação a bens de consumo 
(GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Nesta abordagem, realiza-se uma comparação objetiva de uma mesma população em épocas históricas 
diversas ou de sociedades diferentes. É possível classificar os grupos por critérios quantitativos e excluir as 
“percepções individuais e especificidades culturais dos sujeitos e das coletividades”, utilizando índices gerais 
com sentido político e mostrando uma cultura de hegemonia (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012, p. 25).
A percepção objetiva tem pontos positivos pela facilidade de obtenção de dados, criando um índice 
geral das condições de qualidade de vida, pois esses dados estão ligados à saúde, à moradia, à educação, 
ao transporte, entre outras áreas, com enfoque quantitativo, ou seja, com a presença ou a ausência de 
determinado elemento em uma população.
Um instrumento muito utilizado como percepção objetiva é o Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH). Ele tem o propósito de apresentar uma perspectiva sobre o desenvolvimento humano, porém 
não compreende todas as vertentes pertencentes à complexidade do desenvolvimento do ser humano, 
principalmente a percepção subjetiva do indivíduo.
Segundo o PNUD (2016), o IDH é formado por três pilares: saúde, educação e renda, os quais são 
avaliados da seguinte forma:
• Uma vida longa e saudável (saúde) – mensurada pela expectativa de vida.
• Acesso ao conhecimento (educação) – medida por alguns fatores:
— Média de educação dos adultos avaliada pela média de anos de estudos recebidos durante a 
vida, após os 25 anos.
— Expectativas de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar.
• Padrão de vida (renda) – avaliado pela renda nacional bruta per capita, que é expressa em poder 
de paridade de compra.
A classificação para determinar se um local tem um alto ou baixo desenvolvimento humano varia de 
0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano (PNUD, 2015):
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• 0 a 550 – desenvolvimento humano baixo;
• 0,550 a 0,699 – desenvolvimento humano médio;
• 0,700 a 0,799 – desenvolvimento humano alto;
• 0,800 a 1 – desenvolvimento humano muito elevado.
Tabela 1 – Nações com melhor e pior IDH (2014)
Posição País IDH1º Noruega 0,944
2º Austrália 0,935
3º Suíça 0,930
4º Dinamarca 0,923
5º Países Baixos 0,922
6º Alemanha 0,916
7º Irlanda 0,916
8º Estados Unidos 0,915
9º Canadá 0,913
10º Nova Zelândia 0,913
75º Brasil 0,755
179º Mali 0,419
180º Moçambique 0,416
181º Serra Leoa 0,413
182º Guiné 0,411
183º Burquina Fasso 0,402
184º Burundi 0,400
185º Chade 0,392
186º Eritreia 0,391
187º República Centro-Africana 0,350
188º Níger 0,348
Fonte: PNUD (2015, p. 232-3).
Figura 32 – Oslo, capital da Noruega, país com maior IDH do mundo 
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Figura 33 – Niamey, capital do Níger, país com o menor indicador de IDH do mundo 
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0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
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1990 2000 2010 2011 2012 2013 2014
ID
H
Ano
IDH Brasil IDH Noruega IDH RCA
Figura 34 – Comparativo da evolução do IDH, de 1990 a 2014, entre Brasil, 
Noruega e República Centro-Africana (RCA)
Apesar de ser um instrumento muito utilizado e reconhecido internacionalmente, o IDH apresenta 
limites metodológicos, pois ele se aplica à população em nível nacional, porém as realidades de cada 
região das nações não são retratadas, e é possível não ser visualizada a realidade em menor proporção.
Um exemplo disso é a aplicação de IDH para a esfera municipal no Brasil, realizada com os dados do 
IBGE, em que a nação apresenta municípios com altíssimos escores de IDH, como São Caetano do Sul-SP 
(0,862), Brasília-DF (0,824) e Florianópolis-SC (0,847), e escores mais baixos, como Melgaço-PA (0,418), 
Fernando Falcão-MA (0,443) e Japorã-MS (0,526) (IPEA, 2013).
Conforme os dados apresentados, percebe-se que o IDH nacional não reflete a verdadeira ou as 
verdadeiras realidades que um país comporta, ou seja, a qualidade de vida de uma população, tendo 
como parâmetros somente a percepção objetiva de elementos concretos.
Por essa razão, a percepção da qualidade de vida somente por critérios objetivos, muitas vezes, é 
utilizada como propaganda política, dando uma visão generalista e homogênea de uma realidade que 
ainda apresenta muita desigualdade e é extremamente heterogênea, principalmente no Brasil. Com isso, 
os dados que compõem essa percepção acabam englobando diferentes sujeitos em um mesmo contexto.
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Apesar de identificar os níveis de qualidade de vida como uma percepção do indivíduo, não 
apresentando o que ocorre em um contexto mais global, a análise objetiva é importante para determinar 
uma melhor intervenção em áreas que necessitam de um melhor desenvolvimento, como saúde e ações 
sociais, direcionando uma melhoria para um determinado grupo.
Com isso, a esfera de percepção objetiva é importante em dois aspectos: como instrumento de 
avaliação das condições de vida de um grupo ou população, indicando principalmente as áreas de 
carência de serviço, e por fornecer uma base de grupos com relação às características socioeconômicas 
em que estão inseridos (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
5.2 A percepção subjetiva da qualidade de vida
Num primeiro momento, a esfera de percepção subjetiva trabalha com as ações individuais diante 
da vida do próprio sujeito, como a expectativa de seus próprios níveis de qualidade de vida (ALMEIDA; 
GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Tal percepção se compreende pelo estilo de vida do sujeito, caracterizado pelos hábitos aprendidos 
e adotados durante a vida, que tem relação com a realidade social, ambiental e familiar. Desse modo, 
as ações que refletem na vida desse indivíduo, como os valores e as oportunidades, devem estar 
relacionadas a elementos pertencentes ao seu bem-estar, como o controle do estresse, a nutrição, a 
prática de atividades físicas regulares, os cuidados com a saúde e o convívio social.
Essa percepção está relacionada a três questões: o bem-estar dentro das experiências individuais; a 
presença de aspectos positivos na vida do indivíduo (não apenas de aspectos negativos); e uma medida 
global, não somente um único aspecto da vida (GIACOMONI, 2004).
Além disso, relaciona-se com os valores não materiais, como amor, felicidade, inserção social, 
realização social e felicidade. Por ser uma percepção subjetiva, é preciso levar em consideração as 
possibilidades de uma conceituação e valorização individual de muitas variáveis não passíveis de 
mensuração, e isso refletirá no cotidiano do sujeito (MINAYO, 2010).
Essa percepção subjetiva, como a felicidade, a satisfação, o estado de espirito, entre outras, de 
uma forma geral, vai criar a perspectiva de como os sujeitos avaliam suas vidas, ou seja, as pessoas 
experimentam suas vidas positivamente (GIACOMONI, 2004). Assim, a esfera subjetiva está muitas vezes 
atrelada à felicidade.
Por conseguinte, a felicidade está ligada a questões externas, não como algo subjetivo, mas como 
uma qualidade desejada. Um segundo ponto está relacionado a como as pessoas avaliam os termos 
positivos da vida, e uma terceira categoria considera a percepção positiva se sobrepondo a uma percepção 
negativa de satisfação da vida (GIOCOMONI, 2004).
Com isso, o ambiente, a cultura que o sujeito incorpora e as suas condições de desenvolvimento 
possíveis são muito importantes para a formação da esfera de percepção subjetiva, que envolve 
sentimentos e valores de juízo, direcionando as diversas possibilidades de ações na sociedade, dentre 
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elas a percepção e o julgamento de sua vida que estão atrelados a expectativas e entendimento de 
bem-estar do grupo ou da sociedade em que está inserido.
Cada sociedade determinará, por meio de sua cultura, quais são seus padrões de vida, direcionando 
as expectativas e os níveis de satisfação dos indivíduos que a compõem, e isso refletirá sobre o que é ou 
não uma boa qualidade de vida, como o grau de satisfação pelas realizações dos indivíduos ou o acesso 
a bens de consumo. Isso pode variar de acordo com a sociedade e os valores pessoais.
Um exemplo de como a cultura interfere nas escolhas pessoais e repercutirá na percepção subjetiva de 
uma população são as medidas tomadas pela Suécia, que em 2014 recusou-se a ser uma das candidatas a 
receber as Olímpiadas de 2022, pois seus governantes tinham outras prioridades para investir os recursos 
provenientes dos impostos. “Não é possível conciliar um projeto de sediar os Jogos Olímpicos com as 
prioridades de Estocolmo em termos de habitação, desenvolvimento e providência social” (DEARO, 2014). 
Pelo fato de a percepção subjetiva ser mais complexa, as expectativas e os gostos dos indivíduos 
irão variar de acordo com sua classe social, e essa perspectiva influenciará de forma direta o seu estilo, 
quanto à sua percepção individual a respeito da vida. Além das divisões de classes sociais, questões 
como diferenças culturais, separadas pela história ou grupos étnicos, fazem que o tipo de percepção 
também se altere (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Conseguir quantificar ou mensurar as variáveis da esfera de percepção subjetiva da qualidade de vida 
é complexo, pois ela é composta por uma multiculturalidade, e compreender essa realidade apresenta 
muita dificuldade. Os instrumentos da esfera de percepção objetiva apresentam uma maior facilidade 
para serem aplicados, porém excluem as diversas faces da cultura de uma sociedade, colocando em 
dúvida os resultados e os índices obtidos.
Para conseguir mensurar os fatores culturais que constroem a percepção sobre a qualidade de vida, 
e com isso a esfera subjetiva, é necessárioa análise de parte da percepção do indivíduo a respeito 
da satisfação e das expectativas que irão considerar as diversas primícias culturais da sociedade 
contemporânea em que ele está inserido.
Os indicadores de natureza subjetiva respondem como pessoas sentem 
ou o que pensam das suas vidas, ou como percebem o valor dos 
componentes materiais reconhecidos como base social da qualidade de 
vida (MINAYO, 2000, p. 17).
Só é possível falar da qualidade de vida e compreendê-la tendo como ponto inicial a percepção 
individual do sujeito sobre a sua própria vida.
Mesmo que a variável seja constituída de uma percepção, isto é, uma visão subjetiva de um indivíduo, 
caracteriza-se a sua realidade histórica, cultural, econômica e de saúde, e isso é construído em relação 
à carga cultural, derivada das relações do homem com os bens materiais que exercem algum tipo de 
interferência em sua vida. Logo, a esfera subjetiva é válida e de extrema importância para as discussões 
e o entendimento a respeito da qualidade de vida.
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Percepção do 
indivíduo
Características 
da sociedade
Contexto 
cultural
Figura 35 – As relações entre o indivíduo, a sociedade e a cultura são importantes para o desenvolvimento 
da percepção do indivíduo em um contexto sociocultural
5.3 A relação entre as esferas das percepções objetiva e subjetiva
A qualidade de vida, como dito anteriormente, é um campo de conhecimento que envolve diversas 
áreas de conhecimento, denotando variadas formas de ser abordada. Por isso, é preciso compreender 
como as esferas objetiva e subjetiva se relacionam para a construção de uma percepção mais completa 
da qualidade de vida de um sujeito ou da população.
Esses dois tipos de perspectivas – objetiva e subjetiva – não podem ser mensurados de maneira 
segregada, uma vez que se complementam formando o conhecimento da qualidade de vida. Porém 
se faz necessário saber quais as diferenças entre essas duas esferas de percepção, pois a divisão se 
apresenta de maneira muito sútil. A questão é que a qualidade de vida lida com inúmeros fatores que 
afetam a vida do sujeito e estão relacionados entre si.
Por ocorrer essa interdependência entre os fatores que compõem as perspectivas objetiva e subjetiva, 
é difícil definir em qual esfera determinado fator se encaixa, ou seja, as relações são inevitáveis em razão 
da influência entre as esferas de percepção (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
A relação confusa entre essas esferas pode estar vinculada ao conceito de qualidade ambiental 
que, de acordo com Barbosa (1998), é constituído por um conjunto de juízo de valores ligados 
ao estado ou às condições que o ambiente proporciona, ou seja, a como o ambiente influencia a 
qualidade de vida dos sujeitos. O ambiente, então, refletirá o contexto social em que o sujeito está 
inserido, sendo um determinante para suas possibilidades de desejo, necessidades e realizações 
(ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Perante essa reflexão, a posição que o sujeito ocupa na sociedade, os seus hábitos e seu 
comportamento serão delimitados pela hierarquia social, assim como o que os indivíduos de determinado 
grupo consomem e utilizam, além de seus bens, diferenciarão as estruturas sociais. Para assumir as 
características simbólicas de determinado grupo, o indivíduo precisa ter as condições que lhe permitam 
realizar esse desejo (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
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Em reportagem do portal Uol Economia, as marcas consumidas pela camada mais elitizada da 
população começam a ser utilizadas pelas pessoas que compõem as camadas “inferiores” da população, 
excluindo o caráter exclusivo e elitista dos produtos em questão. Mas tais marcas não querem ser vistas 
com essa “parcela da sociedade”:
Boa parte das marcas tem vergonha de seus clientes mais pobres. São marcas 
que historicamente foram posicionadas para a elite, e o consumidor que 
compra exclusividade pode não estar muito feliz com essa democratização 
do consumo [...]. Algumas empresas me procuram dizendo “minha marca 
está virando letra de música, febre na periferia e não quero estar associado 
a esse pessoal” (NEUMAN, 2014).
Essa diferenciação entre as classes ou estruturas sociais reproduzirá diversas possibilidades e 
expectativas de realizações para a obtenção de bem-estar e conforto na sociedade. Isso se deve 
porque os indivíduos que integram cada camada social têm objetivos e necessidades diferentes, 
exteriorizando no estilo de vida – construção histórico-social do sujeito que influencia seus hábitos 
(ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
O estilo de vida é representado por um conjunto de ações que repercutirá em atitudes, valores e 
oportunidades na vida de um indivíduo (NAHAS, 2003). Tais ações mostrarão a carga cultural do sujeito, 
interferindo em seu cotidiano. Também estão ligadas às possibilidades de escolhas e adoções, ou não, de 
práticas em seu dia a dia (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Como as estruturas ou as classes sociais apresentam diferentes padrões de forma de consumo e 
materiais, é possível determinar que nem todos têm as mesmas oportunidades de escolhas, dependendo 
de uma série de situações para se ter a chance de ações na vida que estão atreladas a características 
socioeconômicas, de subsistência, saneamento, dentre outras.
Os indivíduos com melhores condições monetárias e de subsistência terão uma possibilidade maior 
de escolhas em relação às suas ações para a adoção de um estilo de vida. Essas oportunidades são 
desenvolvidas de acordo com o modo de vida das pessoas e permitem escolhas que direcionem o estilo 
de vida (GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Na sociedade contemporânea, a escolha de um estilo de vida saudável é um fator determinante 
para as situações de saúde e de vida do indivíduo, porém, muitas vezes, essa escolha não é possível em 
razão de problemas nas condições socioeconômicas. Alguns fatores, como nutrição adequada, horas de 
descanso, acesso ao sistema de saúde e práticas de atividades físicas, não são possíveis ou acessíveis 
a todas as pessoas em decorrência das condições de vida, que não possibilitam tais ações (ALMEIDA; 
GUTIERREZ, 2004).
Minayo (2000) discorre que em sociedades divididas em classes os padrões de bem-estar vêm das 
classes superiores, que são as possuidoras de grande parte da economia e têm acesso às inovações 
tecnológicas, estabelecendo uma percepção positiva sobre a vida ou o que seria um nível adequado de 
qualidade de vida.
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Pelo processo de transmissão cultural, a sociedade atual cria os padrões de qualidade e estilo de vida 
que devem ser seguidos, de uma forma consciente ou não, e isso é absorvido e incorporado pelo sujeito, 
construindo sua percepção e suas expectativas sobre a própria vida. 
Mesmo em se tratando de uma visão mais individual, ou da percepção individual, a qualidade de vida 
não é apenas uma questão individualista, mas também tem influência na sociedade, pois está ligada às 
condições de sobrevivência e conforto dos sujeitos. Desse modo, a qualidade de vida passa a ter uma 
ideia de questão social, e isso remete a ações adotadas pelo Estado, que se estende a adoções do sujeito 
para obter práticas saudáveis (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Não é possível entender ou conceber a qualidade de vida não atrelada a uma política de Estado ou 
mesmo do mercado econômico, pois, muitas vezes, o emprego dessa temática remete a uma atenção a 
determinada demanda de mercado ou de produtos específicos e promessaspolíticas, principalmente em 
épocas eleitorais. Assim, tem-se a ideia de que a qualidade de vida esteja atrelada a alguma ação política 
ou programa político.
O Estado assume, então, a ideia mínima de responsabilidade, em que somente ele tem de ofertar as 
condições ou a melhoria em determinados setores de serviços para a população, como saúde, transporte 
e educação, beneficiando a qualidade de vida, porém essas ações têm de possibilitar aos indivíduos 
adquirir e incorporar estilos de vida mais saudáveis (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Ter uma boa perspectiva de qualidade de vida dependerá de quais possibilidades o sujeito tem 
de satisfazer as suas necessidades fundamentais, e isso está relacionado com a capacidade de 
realização do indivíduo, que depende das oportunidades reais para que as ações ocorram como 
um ato social. 
Segundo Almeida, Gutierrez e Marques (2012), a construção de uma boa ou má percepção de 
qualidade de vida está ligada:
• À percepção relativa à qualidade do ambiente em que o indivíduo se encontra.
• Ao oferecimento de oportunidades e condições para realização de satisfação das necessidades 
básicas, que a própria sociedade estipula como essenciais.
Necessidades essas que o sujeito incorpora, ou não, como uma verdade para a própria vida.
Um sujeito, para considerar que está vivendo com qualidade de vida, provavelmente consiga realizar 
as expectativas criadas pela sociedade em que ele vive e pelas escolhas determinadas em consonância 
com as possiblidades que o sistema social lhe proporcionou.
Assim, a percepção de diferentes níveis de qualidade de vida se tornará ampla, o que não pode 
ser determinado por uma análise global e homogênea. Os indicadores objetivos são determinantes 
para traçar o perfil de determinado grupo social, muito utilizados e úteis em uma população para 
a definição de ações necessárias em uma área deficiente, porém não refletirão a percepção dos 
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indivíduos como os principais beneficiários para a incorporação dessa melhoria de qualidade de vida. 
(ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
A percepção da qualidade de vida – boa ou ruim – vai depender da compreensão que o sujeito tem 
em relação ao ambiente em que está inserido, junto às ações que realiza para a manutenção de suas 
necessidades e expectativas.
6 INSTRUMENTO PARA MEDIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
A qualidade de vida vem recebendo uma crescente atenção, principalmente nas áreas de Ciências 
Biológicas e Humanas, com o objetivo de criar um amplo controle das variáveis que lhe pertencem.
Como dito anteriormente, a expressão passou a ser usada cotidianamente e se apresenta de uma maneira 
global, como uma satisfação geral com a vida, ou dividida em esferas que, quando estão agrupadas, podem 
indicar uma aproximação do conceito mais geral. Essas esferas são abordadas e estão ligadas aos interesses 
do que será mensurado ou por quem será mensurado, como uma abordagem jornalística, uma pesquisa de 
mercado ou uma avaliação e operacionalização de uma ação social (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Essa qualidade abrange muitos fatores – de percepção objetiva e subjetiva –, e a sua medição, 
muitas vezes, não contempla a realidade, principalmente a de cada indivíduo. A qualidade de vida é 
apresentada como um conceito de difícil compreensão e tem diversas delimitações que possibilitam a 
total e completa medição em qualquer tipo de trabalho.
Os estudos sobre essa temática, segundo Almeida, Gutierrez e Marques (2012), podem ser classificadas 
de acordo com quatro abordagens: 
• Econômica: tem como principal elemento os indicadores sociais, como renda, transporte, acesso 
aos serviços públicos, entre outros.
• Biomédica: está relacionada às condições de se oferecer melhoria na vida dos enfermos, 
principalmente em relação à saúde e aos níveis de funcionamento social.
• Psicológica: busca indicadores que tratam das reações subjetivas do indivíduo, com suas 
experiências sobre qualidade de vida, sendo avaliado por sua própria vida, felicidade e satisfação. 
• Geral: uma abordagem multidimensional que apresenta uma organização mais complexa e 
dinâmica dos componentes. Valores, inteligência e interesses pessoais são fatores que devem 
ser considerados.
A representação social que retrata a qualidade de vida é criada tendo parâmetros objetivos e subjetivos, 
referentes pela satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo desenvolvimento 
econômico e social de determinada cultura (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Assim, os parâmetros mais complexos estão relacionados às ideias de ser, pertencer e transformar. 
O ser se relaciona com as habilidades individuais, a inteligência, os valores e as experiências de vida. O 
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pertencer se associa às ligações interpessoais, às escolhas, além da participação em grupos e da inclusão 
em programas sociais de um indivíduo. Transformar trata das práticas, como trabalho, programas 
educacionais e oportunidades de desenvolvimento das habilidades em estudos formais e informais 
(ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012). 
Esses parâmetros apresentam uma organização de muito dinamismo entre si, a qual considera a 
pessoa e o ambiente, bem como as oportunidades e os obstáculos.
Trnsformar
Ser
Pertencer
Qualidade de vida
Figura 36 – Representação do dinamismo da organização da qualidade de vida
Gutierrez e Almeida (2006) ainda qualificam que a noção de qualidade de vida remete à relação 
entre o sujeito e a sociedade, tendo como parâmetros alguns referenciais:
• Desenvolvimento econômico, social e tecnológico da sociedade.
• Valores, necessidades e tradições.
• Separações sociais, pois as ideias de qualidade de vida se relacionam aos ideais de bem-estar das 
camadas superiores e à passagem para elas.
Os instrumentos que são utilizados para a avaliação e a mensuração da qualidade de vida variarão de 
acordo com a abordagem e os objetivos dos estudos. O IDH e o WHOQOL são uma tentativa de padronização 
de medida, permitindo a comparação entre sociedades (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
6.1 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Uma das formas mais tradicionais e usadas como classificação em nível mundial para avaliar a 
qualidade de vida em grandes populações ou em países é o Índice de Desenvolvimento Humano.
O IDH é um instrumento que tenta obter uma visão da realidade global de um país e tem 
como parâmetros os vieses da saúde, da educação e da renda, porém não abrange todos os 
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componentes relacionados ao desenvolvimento do ser humano, como ator na sociedade em que 
se insere.
O IDH não quantifica os níveis de felicidade do indivíduo, os níveis de democracia, participação da 
população na sociedade, as desigualdades sociais presentes, o quanto os sujeitos conseguem ter seu 
sustento garantido (PNUD, 2016).
O próprio PNUD (2016) considera que o desenvolvimento humano não pode ser aferido somente 
pela perspectiva econômica, pois se relaciona com a renda ou os recursos que um indivíduo ou uma 
sociedade pode gerar. Essa renda é importante para a manutenção das condições básicas de sobrevivência 
e a aquisição de bens materiais. Porém:
o conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de 
que [para] aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso 
ir além do viés puramente econômico e considerar outras características 
sociais, culturais e políticas que influenciam aqualidade de vida humana 
(PNUD, 2016).
Com isso, só é reforçado que a qualidade de vida de um indivíduo ou população não pode ser medida 
somente de uma perspectiva objetiva, como a renda, mas também é necessária a perspectiva subjetiva 
do sujeito a respeito de como ele concebe e entende o contexto social.
Logo, essa qualidade é construída a partir da relação entre diversos fatores, como biológicos, sociais 
e psicológicos, além da integração do sujeito e a sociedade, considerando o período da vida e o seu meio 
sociocultural (REIS JUNIOR, 2008).
A avaliação da qualidade de vida envolverá aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais, e 
para se ter uma mensuração confiável é necessário incluir diversos domínios independentes e que são 
aspectos de extrema importância para obter uma concepção integral da qualidade de vida de um sujeito 
(FERRO, 2012).
 Lembrete
Nem todos os instrumentos podem medir as esferas objetivas e subjetivas.
6.2 Os instrumentos WHOQOL-100 e WHOQOL-bref
Durante os anos 1990, ocorreu um crescimento de instrumentos objetivando mensurar a qualidade 
de vida e seus componentes, com destaque para os Estados Unidos, e com isso um interesse em traduzir 
esses instrumentos para outros países. Porém, somente replicá-los em outras culturas não refletiria a 
sua realidade, pois se correria o risco de que os aspectos aferidos nos instrumentos não retratassem a 
cultura mensurada (FLECK, 1998).
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Desta forma, o WHOQOL group, um grupo de estudos e pesquisa em qualidade de vida da Organização 
Mundial da Saúde, em um trabalho colaborativo multicêntrico, ou seja, abordando diversas culturas, 
desenvolveu o WHOQOL-100, um instrumento de qualidade de vida composto por 100 itens, divididos 
em 6 domínios e 24 facetas.
Quadro 4 – Domínios do WHOQOL-100
Domínios e facetas do WHOQOL-100
Domínio I – Físico
 1. Dor e desconforto
 2. Energia e fadiga
 3. Sono e repouso
Domínio II – Psicológico
 4. Sentimento positivo
 5. Pensar, aprender, memória e concentração
 6. Autoestima
 7. Imagem corporal e aparência
 8. Sentimentos negativos
Domínio III – Nível de dependência
 9. Mobilidade
 10. Atividades da vida cotidiana
 11. Dependência de medicação ou tratamentos
 12. Capacidade 
Domínio IV – Relações sociais
 13. Relações pessoais
 14. Apoio social
 15. Atividade sexual
Domínio V – Ambiental
 16. Segurança física e proteção
 17. Ambiente no lar
 18. Recursos financeiros
 19. Cuidados sociais e de saúde: disponibilidade e qualidade
 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
 21. Participação em/e oportunidades de recreação/lazer
 22. Ambiente físico: poluição/ruído/trânsito/clima
 23. Transporte
Domínio VI – Aspectos espirituais/religião/crenças pessoais
 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
 Fonte: adaptado de Fleck (2008).
A construção desse instrumento ocorreu em quatro estágios, que vão deste a tentativa da construção 
de um conceito ou um consenso para a qualidade de vida por experts da área, passando pela confecção 
de um instrumento-piloto, até a testagem em campo.
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Mesmo não apresentando um conceito sobre qualidade de vida, três pilares referentes ao constructo 
desse termo foram definidos, por meio dos experts, na temática de diversas culturas. Os três aspectos 
fundamentais são (FLECK, 2008):
• subjetividade;
• multidimensionalidade;
• presença de dimensões positivas e negativas.
Quadro 5 – Estágios para o desenvolvimento do WHOQOL-100 
Estágio Métodos Produto Objetivos
1. Clarificação dos 
conceitos
- Revisão por experts 
internacionais.
- Definição de qualidade 
de vida.
- Definição de um 
protocolo para o estudo.
- Estabelecimento de 
um consenso para a 
definição de qualidade 
de vida e para uma 
abordagem internacional 
da avaliação de qualidade 
de vida.
2. Estudo piloto 
qualitativo
- Revisão por experts – 
grupos focais.
- Painel escrito de 
experts e leigos.
- Definição de domínios e 
subdomínios.
- Elaboração de um 
conjunto de questões.
- Exploração do conceito 
de qualidade de vida 
através das culturas e 
geração de questões.
3. Desenvolimento 
de um piloto
- Administração do 
WHOQOL-piloto 
em 15 centros para 
250 pacientes e 50 
normais.
- Padronização de um 
questionário de 300 
questões.
- Refinamento da estrutura 
do WHOQOL.
- Redução do conjunto de 
questões.
4. Teste de campo
- Aplicação em grupos 
homogêneos de 
pacientes.
- Estrutura comum de 
domínios.
- Conjunto de 100 
questões.
- Escala de respostas 
equivalentes nas 
diferentes línguas.
- Estabelecimento de 
prioridades psicométricas 
do WHOQOL.
Fonte: adaptado de WHOQOL Group (1995).
Com a observação da tabela a respeito dos estágios com base em que foi composto o trabalho 
de desenvolvimento do WHOQOL-100, fica evidente a preocupação de criar um instrumento que 
contemplasse qualquer perspectiva cultural. A construção dos domínios e subdomínios (facetas) foi 
discutida com os grupos focais, em diferentes centros, tendo como parâmetros indivíduos normais, 
portadores de doenças e profissionais da saúde (FLECK, 1998).
Os centros urbanos utilizados para a construção do instrumento foram (FLECK, 1998):
• Melbourne – Austrália (Oceania).
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• Zagreb – Croácia (Europa).
• Paris – França (Europa).
• Nova Delhi – Índia (Ásia).
• Madras – Índia (Ásia).
• Beer-Sheeve – Israel (Ásia).
• Tóquio – Japão (Ásia).
• Tilburg – Holanda (Europa).
• Panamá – Panamá (América Central).
• São Petersburgo – Rússia (Europa).
• Barcelona – Espanha (Europa).
• Bangkok – Tailândia (Ásia).
• Bath – Reino Unido (Europa).
• Seattle – Estados Unidos (América do Norte).
• Harare – Zimbábue (África).
A função dos grupos focais era questionar os participantes a respeito de como cada domínio e subdomínio 
interfere em sua qualidade de vida e qual seria a forma mais adequada de realizar a pergunta para obter um 
melhor entendimento. Com o encontro de 15 realidades culturais distintas, formularam questões com uma 
linguagem natural e compreensível, não aos profissionais, mas, sim, aos indivíduos leigos.
A ideia de utilizar uma diversidade cultural na construção desse instrumento mundial é, a partir 
dessas realidades diferentes, tentar ao máximo reduzir as interferências culturais, principalmente as 
pertencentes à perspectiva subjetiva dos sujeitos, diferentemente de um instrumento formado em uma 
única realidade, como os Estados Unidos.
O instrumento utiliza uma escala de respostas do tipo Likert, que varia em intensidade (nada; muito 
pouco; mais ou menos; bastante; extremamente), frequência (nunca; raramente; às vezes; repetidamente; 
sempre) e avaliação (muito ruim; ruim; nem ruim, nem bom; bom; muito bom e muito insatisfeito; 
insatisfeito nem satisfeito, nem satisfeito; satisfeito; muito satisfeito). Exemplo de como as perguntas 
no WHOQOL-100 são formuladas, com suas respostas possíveis (FLECK, 2008):
• Escala de intensidade:
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Tabela 2 
F1.2 Você se preocupa com sua dor ou desconforto (físico)?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
• Escala de frequência:
Tabela 3 
F1.1 Com quefrequência você sente dor (física)?
Nunca Raramente Às vezes Repetidamente Sempre
1 2 3 4 5
• Escala de avaliação:
Tabela 4 
F23.3 Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?
Muito 
insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito, nem 
insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito
1 2 3 4 5
Tabela 5 
G1 Como você avaliaria sua qualidade de vida?
Muito ruim Ruim Nem ruim, nem boa Boa Muito boa
1 2 3 4 5
 Observação
A escala tipo Likert é medida de 5 a 7 pontos, com intervalos iguais entre 
eles, com o objetivo de avaliar o grau de concordância ou discordância das 
afirmações. É muito utilizada em inventários de atitudes.
A tradução desse instrumento para o português foi realizada pelo Departamento de Psiquiatria e 
Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, respeitando os parâmetros 
e a metodologia propostos pela OMS (FLECK et al., 1999). 
 O detalhamento da metodologia é (FERRO, 2012, p. 19):
I – Tradução por um tradutor com entendimento detalhado do instrumento.
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II – Revisão da tradução por um grupo bilíngue composto por entrevistadores, médicos e antropólogos.
III – Revisão por um grupo monolíngue representativo da população, a qual o instrumento vai 
ser aplicado.
IV – Revisão pelo grupo bilíngue para incorporação das sugestões do grupo monolíngue.
V – Retrotradução por tradutor independente.
VI – Avaliação da retrotradução pelo grupo bilíngue. Qualquer diferença significativa é 
revisada interativamente.
O instrumento WHOQOL-100 pode ser aplicado em diversas situações e realidades, com prática 
clínica, aprimoramento da relação médico-paciente, avaliação e comparação de respostas em 
diferentes tratamentos médicos e também como parâmetros para avaliação de serviços e políticas 
públicas (FERRO, 2012).
Porém, pelo fato de esse instrumento apresentar 100 questões, ter a característica de ser 
longo e sua aplicação exigir um tempo maior por parte do entrevistado e do entrevistador – 
perante essa realidade e a necessidade de um questionário mais conciso –, o grupo de Qualidade 
de Vida da OMS desenvolveu uma versão abreviada do WHOQOL-100, criando o WHOQOL-bref 
(FLECK, 1998).
O instrumento WHOQOL-bref é composto por 26 questões, sendo 2 com aspectos gerais e 24 
representando as 24 facetas do instrumento original – todas foram contempladas e extraídas do teste 
de campo em 18 países (FLECK, 1998). O instrumento abreviado é composto por 4 domínios: físico, 
psicológico, relações sociais e meio ambiente (FLECK et al., 2000).
Com essa versão, é preservada a abrangência da qualidade de vida, além de ser uma alternativa de 
grande utilidade para as situações em que a aplicação da versão original (WHOQOL-100) se torna difícil 
em virtude da restrição de tempo (FERRO, 2012).
Quadro 6 
Domínios e facetas do WHOQOL-bref
Domínio 1 – Físico
 1. Dor e desconforto
 2. Energia e fadiga
 3. Sono e repouso
 9. Mobilidade
 10. Atividades da vida cotidiana
 11. Dependência de medicação ou de tratamentos
 12. Capacidade de trabalho
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
Domínio 2 – Psicológico
 4. Sentimentos positivos
 5. Pensar, aprender, memória, concentração
 6. Autoestima
 7. Imagem corporal e aparência
 8. Sentimentos negativos
 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Domínio 3 – Relações sociais
 13. Relações pessoais
 14. Suporte (apoio) social
 15. Atividade sexual
Domínio 4 – Meio ambiente
 16. Segurança física e proteção
 17. Ambiente do lar
 18. Recursos financeiros
 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
Fonte: adaptado de Ferro (2012); Fleck (1998).
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre o grupo de estudos em qualidade de vida da 
UFRGS, bem como os instrumentos WHOQOL-100 e WHOQOL-bref, acesse: 
<https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida>.
Tanto o IDH como os WHOQOL-100 e WHOQOL-bref têm suas metodologias e validades comprovadas, 
permitindo comparações entre os estudos, porém ambos apresentam limitações, uma vez que cada um 
pretende avaliar uma esfera e especificações de uma sociedade e do indivíduo em cada contexto.
No Brasil, a produção de conhecimento é relativamente nova, e a cada ano tem aumentado não 
apenas em alguns grupos determinados, mas também em indivíduos com alguma patologia determinada, 
levando em consideração o conhecimento de como a enfermidade compromete a vida dos indivíduos, 
focalizando a qualidade de vida relacionada à saúde.
7 QUALIDADE DE VIDA E CORPOREIDADE
Qual a relação existente entre a qualidade de vida e a corporeidade? Num primeiro momento, é 
difícil relacioná-las, mas é preciso refletir sobre os conceitos que compõem a qualidade de vida e a 
corporeidade e, assim, fazer a associação entre eles.
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Unidade II
Quando refletimos sobre a construção da corporeidade na sociedade ocidental, temos a separação ou 
a dicotomia corpo e mente, passando pelo cartesianismo até chegar ao conhecimento mais aprofundado 
de Foucault e Merleau-Ponty, que considera a corporeidade como a dinâmica de uma um indivíduo em um 
mundo, interagindo e modificando-o por intermédio e aprendizado do corpo integral: 
“O mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-
me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável” (MERLEAU-PONTY, 1994, p. 14).
Já a ideia de qualidade de vida também tem um caráter abrangente, que pode ser abordado por 
diversas áreas de estudo e conhecimento; todavia, para se obter um entendimento da qualidade de vida 
de uma maneira integral, não se pode ter uma compreensão apenas a partir de dados estatísticos, que 
acabam apresentando uma realidade reducionista de uma população ou sociedade heterogênea, como 
os índices produzidos pelo IDH. 
 Lembrete
Não se pode subestimar qualquer esfera de vida do indivíduo, e isso 
inclui sua qualidade de vida.
Esses indicadores refletem uma percepção objetiva da realidade social, sem observar as 
características individuais dos sujeitos que compõem o grupo. A percepção do sujeito ou a 
percepção subjetiva é caracterizada pela compreensão do indivíduo sobre sua realidade e as 
possibilidades de desenvolvimento por meio de suas ações, sendo um autor ativo nas alterações 
de sua qualidade de vida.
É interessante observar que a corporeidade e a qualidade de vida aludem ao indivíduo para que ele 
seja um ser de transformação, por meio do corpo, da realidade e da cultura em que está inserido, e não 
apenas um mero reprodutor de uma cultura, de um poder ou de paradigmas sociais.
Santin (2002) tem a convicção de que a qualidade de vida e a corporeidade não são uma única ideia 
ou concepção abstrata, mas, sim, a de que cada indivíduo constrói, e essas duas esferas do ser humano 
acontecem aqui e agora, tornando-se uma construção existencial, e não mera representação científica.
Moreira et al. (2006) atribuem o conceito de um corpo ativo, de uma corporeidade vivida, de um ser 
que percebe e concebe o mundo, os outros corpos e a si na tentativa de reaprender a viver no mundo 
ou na sociedade em que se insere.
O conceito de corpo ativo/corporeidade requer considerar a educação como 
uma experiência profundamente humana, a aprendizagem da cultura. O 
corpo do ser humano não é um simples corpo, mas o corpo humano, o qual 
só pode ser compreendido a partir de sua integração naestrutura global 
(MOREIRA et al., 2006, p. 140).
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
A qualidade de vida e, principalmente, os aspectos pertinentes à esfera de percepção subjetiva estão 
estreitamente relacionados às experiências do corpo humano no mundo em que vive; no entanto, para 
que essa experiência seja de fato uma transformação do ser humano e do mundo, é necessário que se 
tenha uma educação de que o homem não é um ser composto apenas de sua inteligência, mas também 
de seu corpo, sua sensibilidade e sua imaginação (MOREIRA; NÓBREGA, 2008).
Pela corporeidade, o homem tem de entender e compreender de uma forma significativa os 
aspectos culturais, pois a qualidade de vida também está relacionada com uma caracterização e 
o reflexo cultural da sociedade. O corpo não é nada mais que um símbolo da sociedade em que 
ele vive, que reproduz em escala menor os perigos e poderes que são atribuídos à estrutura social 
vigente (SANTIN, 2002).
Em face disso, a qualidade de vida é um processo que deve ser incorporado pelo sujeito, por meio 
da corporeidade que tenta entender o ser humano em seu sentido mais amplo, relacionado com a sua 
história e sua cultura. Contudo, para que isso ocorra, não é possível reduzir o ser humano a uma única 
esfera de compreensão de maneira objetiva.
A questão da qualidade de vida começou a tomar importância para o homem, principalmente, no 
início da Era Industrial, e posteriormente na Era Pós-Industrial, quando passa a ser usada e indagada 
para compreender o ser humano – considerando que a qualidade de vida não é um atributo para uma 
nova vida, mas, sim, para obter uma manutenção da vida –, o qual é submetido a diversas condições que 
desfavorecem a manutenção mínima da vida (SANTIN, 2002).
Essa manutenção da vida acaba levando a uma sobrevivência forçada num ambiente com muita 
diversidade de padrões sociais supostamente aceitos numa sociedade globalizada, cujo corpo está 
relacionado à estética e ao serviço de produtividade traduzido em uma qualidade de vida aparente, 
negando, muitas vezes, as questões originárias da vida, como a cultura social, as características familiares 
e a própria identidade corporal (MACHADO, 2011).
Na sociedade atual, os valores da pós-modernidade e a noção da qualidade de vida estão relacionados 
ao consumo de bens, ou melhor, ao consumo estético e material, por exemplo, e isso acaba afastando o 
sentido de que a qualidade de vida e a corporeidade estão intimamente ligadas, pois sem essa relação 
o processo para o desenvolvimento de ambas perde o sentido dos conjuntos e das marcas culturais que 
compõem o sujeito e a sociedade em que se relaciona.
A busca de uma qualidade de vida é ter como objetivo a incorporação em seu estilo de vida, uma 
vida sem sofrimento, com uma felicidade sem dor, convívio social harmônico, na medida do possível, 
sem conflitos e com igualdade de oportunidades às pessoas que dela fazem parte, além de condições 
que propiciem o desenvolvimento e uma participação ativa nas decisões sociais dos sujeitos.
Diante disso, a qualidade de vida está ligada com a corporeidade – o corpo vivo, o corpo vivido –, pois 
uma pessoa só irá compreender e identificar a sua qualidade de vida sabendo como é a corporeidade 
(SANTIN, 2002).
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Tal qualidade não pertence exclusivamente a uma esfera conceitual e objetiva, pois essa noção 
é percebida pelo sujeito por diversos processos, inclusive emocionais, não podendo ser regidos 
exclusivamente pelo conhecimento científico, mas também por percepções subjetivas. No entanto, é 
preciso se conscientizar de que a busca da qualidade de vida percorre um caminho de desenvolvimento 
que tem como objetivo a transcendência, ou seja, superar seus limites, uma vez que é esse o sentido de 
se incorporar uma vida de qualidade.
O conceito de corpo ativo, segundo Moreira et al. (2006), é de uma corporeidade vivida, que concebe 
um entendimento do sujeito a respeito do mundo, dos outros e de si mesmo, em uma investida de 
interpretar as relações, de aprender novamente a observar a vida e o mundo. A vida, que representa o 
corpo ativo, tem a pretensão de ver o que os seres que integram o mundo tentam lhe mostrar, pois estes 
estão encobertos uns pelos outros e pelo próprio sujeito.
O corpo ativo, em busca de uma qualidade de vida, em sua essência, tenta compreender a sua 
realidade, necessitando de uma reflexão para incorporar suas características, aprender sobre as coisas 
em diversas perspectivas e, assim, promover um desenvolvimento de suas habilidades.
Para o desenvolvimento desse corpo ativo, faz-se necessário construir uma educação, pois 
isso está relacionado com a experiência humana que esse corpo carrega, a aprendizagem de uma 
cultura. Dessa forma, o corpo humano não pode ser concebido como um conjunto de órgãos e 
sistemas, mas como uma estrutura global em que ocorrem interações (MOREIRA et al., 2006).
Segundo Gonçalves (2010), a qualidade de vida se relaciona em uma aparente dicotomia de pensar 
e agir, em que o ambiente e o estilo de vida influenciam a vida, e essa vida tem de estar centrada em 
uma seguridade para a sua manutenção, saúde e desenvolvimento, trazendo um conceito e a prática de 
protagonismo social.
Assim, a corporeidade parte de um processo de aprendizagem pelo corpo, que tem como objetivo 
compreender o ser humano, pois a relação com o corpo é com outro ser humano, dando sentido 
à sua existência, sua história e sua cultura, trazendo esse protagonismo social que a qualidade de 
vida proporciona.
A corporeidade junto à incorporação de uma qualidade de vida significante promove uma 
transcendência, que exigirá um processo de entendimento e aprendizado significativo da cultura, pois 
com isso se constrói a história, e a partir disso se perpetua a cultura, que auxilia na construção do corpo.
Incorporar a dimensão de corpo ativo e qualidade de vida em um processo de educação requer 
pensamento e trabalho complexos, uma vez que não existe um caminho, uma receita como resposta, 
mas, sim, uma motivação e um desafio de reflexão, sabendo que é preciso adquirir um conhecimento 
multidimensional e que surgirão dificuldades e incertezas de que as respostas não serão claras 
(MOREIRA et al., 2006).
Esse trabalho não será feito ou realizado de uma maneira passiva, sem a oportunidade para que o 
indivíduo possa desenvolver sua forma de interagir com o mundo e com aqueles que o habitam. Esse 
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conhecimento multidimensional tem de se relacionar com a realidade do homem e a sociedade, pois 
essa realidade contém as dimensões individual, social e biológica (MOREIRA et al., 2006).
Para Morin (2000), o conhecimento tem de ser adequado e refletir o contexto global, multidimensional 
e complexo, bem como as informações e o saber devem ser completos, e não isolados. Quando o contexto 
é global, abordando as diversas esferas da construção do conhecimento, será revelado um conjunto de 
ideias e contextos organizados, refletindo na sociedade (MOREIRA et al., 2006).
Um aprendizado por meio da corporeidade legitima todas as formas verdadeiras do desenvolvimento 
humano, como o desenvolvimento integrativo das autonomias individuais, das participações sociais e 
do sentimento de pertencer a uma sociedade completa e atuante. Para que isso ocorra, deve-se deixar 
uma concepção unidimensional que determina o homem como um ser racional, um ser técnico, por sua 
utilidade e necessidade obrigatórias (MOREIRA et al., 2006).A fim de se compreender o ser humano, é preciso ter a consciência da complexidade da interação 
dos elementos, que são inseparáveis e interferentes entre si: indivíduo, sociedade e espécie.
Para que se tenha uma corporeidade plena e isso se reflita na qualidade de vida e vice-versa, é 
necessário inserir uma ética com o intuito de transformar a intencionalidade em ações de cidadania para 
uma sociedade democrática, com diversidades de interesses e ideias. Assim, faz-se necessário conviver 
com diferentes espécies no próprio mundo em que o ser humano habita, dando uma proteção ao meio 
ambiente (MOREIRA et al., 2006).
Espécie
Sociedade
Indivíduo
Figura 37 – Relação entre sociedade, indivíduo e espécie
Porém, nas últimas décadas, vem ocorrendo uma redução de corpos ativos, principalmente 
para a realização de tarefas cotidianas, aumentado as patologias ligadas ao sedentarismo 
(LAMBERTUCCI et al., 2006).
A prática de um exercício físico é um fator importante para a prevenção e o tratamento de doenças, 
bem como para a garantia de melhorias nos estados físicos e emocionais do indivíduo. Entretanto, é 
necessário ter ciência de algumas variáveis a fim de assegurar uma prática de acordo com idade, sexo, 
condições socioeconômicas, entre outros, e para saber como orientar essa prática. Por não se conseguir 
identificar as características de cada corpo, acaba não havendo adesão a um programa de atividade física.
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Segundo Lambertucci et al. (2006, p. 110), a atividade física “representa parte da preparação do 
homem para a atividade profissional ou alguma outra atividade”. Define-se esporte como “parte da 
cultura da sociedade cuja essência representa a atividade orientada para a obtenção da vitória”. Perante 
isso, a atividade física pode ser caracterizada como um instrumento em que o indivíduo pode modificar 
e adaptar seu corpo para, assim, alcançar melhoria em seu estado de saúde.
8 EDUCAÇÃO FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA
A Educação Física e a qualidade de vida sempre tiveram e sempre terão uma relação bem estreita 
– independentemente do conceito adotado e do instrumento de medição de empregado –, e a área de 
saúde e as práticas corporais, como atividade física e esporte, sempre estarão relacionadas.
Quando se diz “área da saúde”, isso acaba por remeter às práticas da medicina, todavia a abrangência 
dessa área é bem ampla e se conecta a aspectos físicos, emocionais e de relacionamento sempre ligados 
ao bem-estar (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse pela adesão à prática regular de atividades física, com 
os mais diversos objetivos, estéticos, de promoção ou de manutenção da saúde. Diante desse panorama, 
a Educação Física estabeleceu uma relação entre a prática de atividade física e a promoção de saúde e 
bem-estar (MODENEZE; VILARTA, 2010).
A cultura da sociedade em que o sujeito está inserido determinará como se dá a relação entre a 
atividade física e a qualidade de vida, e isso definirá suas ações pessoais e as possibilidades criadas 
pelo ambiente, como programas ligados à melhoria da condição de vida da população (ALMEIDA; 
GUTIERREZ, 2004).
Vários fatores vão influenciar a percepção de qualidade de vida de um indivíduo, tanto os componentes 
ligados à esfera de percepção objetiva quanto os vinculados à esfera de percepção subjetiva, cujo 
acréscimo em qualquer componente deve considerar a dinâmica que possibilite o acesso a bens de 
consumo e às escolhas disponíveis (MARQUES; GUTIERREZ; MONTAGNER, 2010).
Esses valores podem ser exemplificados, como a educação, o mercado, além das diversas possibilidades 
de consumo, e o componente que mais compreende a qualidade de vida na sociedade contemporânea 
ou se relaciona com ela é a saúde (MARQUES; GUTIERREZ; MONTAGNER, 2010).
A noção de saúde, segundo Minayo (2000), é determinada pela resultante social da 
construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade 
estabelece, e o estado de saúde de um indivíduo sofrerá interferência de numerosas variantes, 
dos domínios funcionais até os elementos físicos, sociais, ecológicos e de hábitos pessoais 
(ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Com isso, tanto a saúde quanto a doença de uma pessoa não podem ser relacionadas somente 
a um único aspecto, pois se configuram por uma relação contínua, a qual dependerá de ações 
individuais do ambiente e das políticas públicas.
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No tocante ao ambiente, a qualidade de vida está ligada aos aspectos socioeconômicos da 
população, os quais determinarão as condições de vida dos indivíduos que as detêm e estão 
relacionados com as condições de saúde – que podem ser mensuradas em instrumentos e 
indicadores de percepção objetiva (GONÇALVES; VILARTA, 2004). A mensuração desse aspecto 
determinará as possibilidades de acesso aos bens e serviços relacionados à saúde que são 
disponibilizados à população.
A organização do acesso aos bens e serviços relacionados à saúde pode ser dividida em duas 
abordagens: prevenção em saúde e promoção da saúde.
A prevenção em saúde está ligada ao encorajamento da associação direta e predominante da relação 
entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. A promoção da saúde apareceu pela primeira vez na 
1a Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde de Ottawa, em 1896 – quando foi apresentada 
uma responsabilidade múltipla – e tem a união de interesses com foco na promoção da saúde do Estado 
por meio de políticas públicas, da sociedade cível, dos indivíduos, do sistema de saúde e da parceria 
entre os setores (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Com essas duas abordagens, a saúde apresenta um sentido mais amplo e uma questão social mais extensa, 
que vai além da perspectiva individual. Logo, o estilo de vida positivo é determinante para a promoção da saúde, 
assim como a prática regular de uma atividade física e esportiva, fazendo parte de um processo que integra 
diversos fatores, porém não são a solução dos problemas de saúde (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Os hábitos saudáveis dos indivíduos e os estilos de vida, que compreendem principalmente a esfera 
de percepção subjetiva de cuidados à saúde, interferem nas atitudes cotidianas. Para Gonçalves e Vilarta 
(2004), os comportamentos saudáveis são:
adotar hábitos alimentares que respeitem as necessidades biológicas de 
regularidade de ingestão de nutrientes; respeitar as necessidades específicas 
de nutrientes para cada etapa da vida; praticar atividades apropriadas à 
própria condição fisiológica e com regularidade; controlar o estresse físico e 
emocional com técnicas específicas às expectativas e aos objetivos de cada 
pessoa; envolver-se em ações comunitárias estabelecendo laços de apoio e 
convívio familiar e social; dedicar-se ao lazer não sedentário, baseado em 
ações que envolvam atividades esportivas, hobbies ou trabalhos voluntários 
(GONÇALVES; VILARTA, 2004, p. 47).
Percebe-se que os hábitos que interferem no cotidiano englobam ações, como alimentação, 
relacionamentos interpessoais e prática de atividade física. Em face disso, é inegável que a 
incorporação de hábitos saudáveis advém do comprometimento do indivíduo com uma rotina 
apropriada, desde que as suas condições de vida favoreçam essas escolhas.
Na sociedade atual, para a atividade física é atribuída uma colocação privilegiada a fim de conquistar 
uma situação melhor de saúde, tendo uma função ampliada, vinda de um único conceito e, por 
consequência, resumindo as diversas dimensões que permeiam o ser humano. 
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Assim como a qualidade de vida, é necessário conceituar o que vem a ser a atividade física. Segundo 
Carvalho (2001), a atividade:
“carrega toda e qualquer ação humana que comporte a ideia de trabalho como conceito físico [...] 
quando existe gasto de energia, [...] quando o indivíduo se movimenta. Tudo que é movimento humano” 
(CARVALHO, 2001, p. 69).
Para Nahas, Barros e Francalacci (2001):
“é uma característica humana que representa qualquer movimento corporal produzido pela 
musculatura que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso” (NAHAS; BARROS; 
FRANCALACCI, 2001, p. 30).
 Lovisolo (2002) defende que a atividade física se refere: 
“a motivos e intenções ou considerações das capacidades físicas e implica planos de ações 
racionalizadas ou sistematizadas” (LOVISOLO, 2002, p. 281).
Com essas definições, é possível observar que a atividade física está relacionada ao 
movimento humano, realizado pelo próprio corpo e seus componentes, gerando um gasto 
energético, independentemente de ser uma atividade sistematizada ou até mesmo uma 
atividade da vida cotidiana.
Nesses conceitos trazidos pelos três autores existe a relação de que a atividade física está associada 
à saúde, na qual uma depende da outra para existir, preceito esse explorado principalmente pela mídia 
e pelos diversos meios de comunicação. 
 Saiba mais
A respeito da era de um corpo ativo, em que a qualidade de vida está 
ligada à corporeidade do indivíduo, leia:
MOREIRA, W. W. (Org.). Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: 
Papirus, 2006.
Em razão disso, é vendido um paradigma de que a atividade física está conectada com a saúde, gerando 
estereótipos de saúde e boa forma. Em diversos estudos, já se comprovou que a prática de atividade física 
regular auxilia na manutenção da saúde, porém não se pode descartar que o processo para se adquirir 
saúde é complexo e sofre influência de diversos componentes (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
A atividade física, assim com a saúde, apresenta um composto de variáveis e opções existentes, e 
cada uma dessas opções apresenta uma influência no bem-estar do indivíduo, para continuidade ou 
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manutenção da saúde, porém é preciso ter as primícias de que a prática dessa atividade está de acordo 
com as características e as expectativas do indivíduo, assim como o local e as metodologias empregadas 
nela (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
O predomínio da atividade A ou da B muda com o passar dos anos. Na década de 1970, tinha-se uma 
preferência pelas atividades da ginástica aeróbica, que conquistou grande parte da população na época, 
porém sofreu forte resistência da sociedade médica, em razão da alta incidência de lesões por desgastes 
e traumas nos seus participantes, chegando ao ponto de a comunidade médica desaconselhar a prática 
dessa atividade (MODENEZE; VILARTA, 2010).
Já nos anos 1980, a atividade predominante era o treinamento de força, principalmente pelo 
aumento no número de fabricantes de máquinas e equipamentos para academia. Essa ideia permanece 
até hoje, pois, se uma academia não tiver os últimos equipamentos e recursos disponíveis no mercado, 
ela estará defasada. Também, nessa época, em decorrência desse tipo de atividade e do local onde ele 
era desenvolvido, surgia a indústria fitness, com o aparecimento de cursos para o desenvolvimento de 
técnicos com qualidade questionável e a venda de mercadoria, como marca de roupas e suplementos 
(MODENEZE; VILARTA, 2010).
Na década de 1990, a Educação Física no Brasil se tornava uma profissão regulamentada, dando 
um maior investimento em qualificação, credibilidade e profissionalismo (MODENEZE; VILARTA, 2010). 
Porém o movimento fitness ainda conseguia angariar e sensibilizar a sociedade a respeito do combate 
ao sedentarismo, principalmente por ações veiculadas pelas mídias, com discursos motivacionais, 
redundantes e sem embasamento científico. Esse movimento também é responsável por instaurar 
alguns conceitos de que para se ter um grande ganho é preciso “treinar bastante” – quanto mais, 
melhor. Muitas vezes, essa abordagem é acompanhada por um número elevado de dias de treinamento 
e uso indiscriminado de agentes anabolizantes.
Atualmente, em oposição ao estilo fitness, que ainda tem grande influência, foi desenvolvida a 
abordagem de wellness, que tem como conceito o bem-estar. Assim, passa a ter mais valor os ideais 
de como o indivíduo se sente ao fazer uma atividade. A ioga, o tai chi chuan e o pilates, por exemplo, 
ganharam muitos adeptos (MODENEZE; VILARTA, 2010).
Figura 38 – Mulher praticando Pilates
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Para a adesão a um estilo de vida saudável, a adoção de uma atividade física regular e sistematizada 
não pode acontecer com base em modismo ou por imposição de algum sistema, porém se devem 
considerar as características e as condições de vida do indivíduo. Entretanto, a realidade nem sempre 
reflete o que deveria ser o ideal, principalmente pela dificuldade de acesso a alguns tipos de atividades 
físicas e por critérios socioeconômicos (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Mesmo apresentando alto índice de sedentarismo, as camadas com um poder econômico maior nem 
sempre vão adotar um estilo de vida mais saudável, com uma prática sistematizada de atividade física 
(LOVISOLO, 2002). Um dos motivos para o aumento do sedentarismo pode estar ligado às facilidades de 
acesso aos bens tecnológicos – em algumas percepções, com aumento da qualidade de vida, tornando-a 
mais ágil e dinâmica –, porém substituindo a atividade motora humana pela atividade de máquinas 
(ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004).
Os avanços tecnológicos podem ser benéficos ao desenvolvimento e à adesão a uma prática de 
atividade física, uma vez que a tecnologia está incorporada ao cotidiano da sociedade contemporânea, 
e o seu uso pode ser um aliado do estilo de vida mais saudável e da manutenção de indivíduos já 
envolvidos nesse hábito.
Figura 39 – Uso da tecnologia para uma melhor adesão à atividade física
É inegável que a tecnologia influencia os hábitos e os costumes em vários aspectos da interação 
do ser humano com a qualidade de vida, necessitando de uma maior reflexão e questionamentos sobre 
como isso interfere na saúde e na atividade física e de que forma elas podem se relacionar.
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
A aptidão física também é uma variável referente à prática de atividade física que pode aperfeiçoar 
a performance, contribuindo para um melhor desempenho das atividades diárias ou esportivas, além 
de auxiliar na prevenção de doenças e maior disposição no dia a dia (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2004). Essa 
ideia pode ser relacionada à criação do treinamento funcional, que tem como objetivo uma melhora 
nas aptidões da capacidade física para, assim, conseguir desenvolver as suas atividades rotineiras 
(MODENEZE; VILARTA, 2010).
A partir das aptidões físicas que os indivíduos possuem, pode-se identificar que a atividade é 
diferenciada, tendo um sentido de acordo com a prática, o significado e a motivação. Conforme Almeida 
et al. (2004, p. 48), é possível enumerar duas categorias que influenciam a aptidão do indivíduo para 
essas práticas:
• Atividade física incorporada ao estilo de vida: prática que não tem o objetivo de alcançar os limites 
físicos do organismo, focando o antissedentarismo, o prazer pela prática e a socialização. As 
atividades podem ou não ser sistematizadas, porém

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