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Apostila Direito Constitucional Carolinne Brasil

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Exame de Ordem 
Direito Constitucional 
Profª. Carolinne Brasil 
 
 
 
 
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Sumário 
TEORIA GERAL ..................................................................................................................... 3 
CONSTITUIÇÃO .................................................................................................................... 3 
CONSTITUCIONALISMO ....................................................................................................... 7 
TEORIA GERAL DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................. 10 
PODER CONSTITUINTE ....................................................................................................... 29 
NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO ............................................................................ 32 
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................. 35 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA FEDERAÇÃO .................................................................... 62 
SEPARAÇÃO DOS PODERES ................................................................................................ 67 
 
Exame de Ordem 
Direito Constitucional 
Profª. Carolinne Brasil 
 
 
 
 
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3 
 
 
TEORIA GERAL 
 
NATUREZA: Ramo do Direito Público. 
 
CONCEITO: Direito Público fundamental que se diferencia dos demais ramos do direito pela 
natureza do seu objeto e pelos princípios peculiares que o informam. Destaca-se como ramo do 
direito público por ser fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos 
elementos básicos do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política. Sendo assim, 
aponta, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. 
SENTIDOS: 
1º) Sentido Sociológico: Ferdinand Lassale. A Constituição deve refletir os fatores reais de poder 
de uma determinada sociedade (em toda a sociedade há um conflito de interesses, de forças e a 
Constituição deve refletir quem comanda, o que o povo é, o que é a sociedade – se a Constituição 
refletir os fatores reais de poder, aí nós poderemos dar a ela o verdadeiro status de Constituição). 
2º) Sentido Político: Carl Schmitt. A Constituição é a decisão política fundamental de um povo. 
Constituição é a norma que estrutura o Estado e garante o rol de direitos fundamentais. 
Constituição é diferente de lei constitucional. Constituição são normas que envolvem a decisão 
política fundamental de um povo. As outras normas que estão na Constituição, mas não são 
essencialmente leis constitucionais, não são Constituição. 
3º) Sentido Jurídico: Hans Kelsen. Direito está contido dentro de uma pirâmide: quanto mais em 
cima a norma estiver, mais ela vale. Constituição é a norma jurídica do mais alto grau hierárquico. 
Temos a CF, as leis (LO, LC, LD, MP, Res., Decreto Legislativo), Regulamentos (valem menos que a 
lei – Decreto, Portaria, Circular, Instrução Normativa, Ordem de Serviço, etc.). 
 
 
CONSTITUIÇÃO 
CONCEITO: Constituição, juridicamente, significa a Lei Suprema e Fundamental do Estado, 
responsável por estabelecer o conteúdo das normas sobre a estruturação do Estado, a formação 
dos poderes políticos, a forma de governo e aquisição do poder de governar, a distribuição de 
competências, os direitos, deveres e garantias dos cidadãos. 
Exame de Ordem 
Direito Constitucional 
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OBJETO: estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, modo de aquisição e 
exercício do poder, limites da sua atuação, assegurar direitos e garantias individuais, fixar o regime 
político, disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado. 
CLASSIFICAÇÃO: 
1- Quanto à origem 
a) Outorgadas: é uma Constituição imposta. Não é discutida, não é debatida. Exemplos: 
Constituição da China, de Cuba, da República Islâmica do Irã. 
b) Promulgadas: é uma Constituição fruto de debate de discussão. Exemplo: CF/88 (teve dois 
anos de debates). 
c) Cesaristas ou Plebiscitárias: é uma Constituição aprovada diretamente pelo povo por meio 
de um referendo. 
2- Quanto à mutabilidade/alterabilidade/estabilidade/flexibilidade (grau de dificuldade para 
mudar o texto constitucional) 
a) Rígidas: a mudança do texto constitucional exige procedimento mais rigoroso que o das leis. 
b) Flexíveis: o procedimento para mudança da Constituição é igual ao das leis. 
c) Semirrígidas/Semiflexíveis: há uma parte rígida e uma parte flexível. 
d) Imutáveis 
e) Superrígida: há uma parte que não pode ser alterada e uma parte que necessita de 
procedimento mais rigoroso para mudança do texto. 
Constituição Plástica: há duas definições. 
Para o professor Pinto Ferreira, constituição plástica é a Constituição flexível. 
Para o professor Raul Machado Horta, Constituição plástica é aquela que tem capacidade de se 
adaptar ao futuro sem necessidade de emenda constitucional. É uma Constituição Principiológica. 
Esse conceito é o preferido pelas Bancas Examinadoras. Exemplo: Constituição norte-americana. 
3- Quanto à forma (escrita/não escrita) 
a) Escritas: é um pacote fechado, editada em um determinado momento. 
b) Não-escritas: é formada pelos costumes, pela história do país. Tudo começou com a Magna 
Carta, de 1.215, feita pelo Rei João Sem Terra. Até hoje os direitos previstos nesse documento são 
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reconhecidos como constitucionais pela Inglaterra. Também é conhecida como Constituição 
histórica, costumeira ou consuetudinária. 
3- Quanto ao modo de elaboração (dogmática/histórica) 
a) Constituição dogmática: são escritas, elaboradas por um órgão constituinte em um dado 
momento segundo ideias fundamentais da teoria política reinantes nesse momento. São 
momentâneas e, portanto, mais instáveis. 
b) Constituição histórica (costumeira ou consuetudinária): surge da lenta e contínua produção 
histórica. Resulta do amadurecimento e consolidação de valores da sociedade e, portanto, são 
mais estáveis. 
4- Quanto ao conteúdo: material e formal 
a) Constituição material (substancial): são constitucionais as normas essencialmente 
constitucionais, não importa se integram ou não o texto da Constituição escrita. 
b) Constituição formal: leva em conta o processo de elaboração da norma, ou seja, são 
constitucionais todas as normas que estejam na Constituição escrita e que tenham sido elaboradas 
por um processo legislativo especial, independente do assunto tratado. 
 
5- Quanto à extensão: analíticas e sintéticas 
a) Constituição analítica: regulamentam todos os assuntos relevantes à formação, funcionamento 
e destinação do Estado. (Ex: Constituição de 1988). 
b) Constituição sintética: estabelecem apenas os princípios e normas gerais de regência do Estado. 
(Ex: Constituição Americana). 
 
6- Quanto à finalidade: constituição-dirigente e constituição-garantia 
a) Constituição-dirigente: é analítica, regulamenta em seu texto programas, planos e diretrizes 
para a atuação futura dos órgãos estatais. Sendo assim, o legislador dirige a atuação futura dos 
órgãos estatais através de normas programáticas. 
OBS.: A norma programática, mesmo quando não complementada por legislação 
infraconstitucional para que tenha eficácia plena, possui eficácia negativa, pois: 
a) revoga as normas anteriores em sentido contrário. 
b) veda a edição de leis posteriores em sentido contrário. 
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c) fonte de interpretação. 
 
b) Constituição-garantia (negativa): é sintética, construtora de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento imposta ao Estado. Preocupação com a limitação dos poderes estatais por meio da 
fixação de garantias individuais perante o Estado. 
 
8- Quanto à correspondência com a realidade: normativas, nominativas e semânticas (elaborada 
por Karl Loewenstein) 
a) Constituições normativas: estão em consonância com a vida do Estado. Conseguem 
efetivamente regular a vida política do Estado. 
b) Constituições nominativas: não conseguem efetivamente cumprir o papel de regular a vida 
política do Estado, apesar de elaboradas com este intuito. 
c) Constituições semânticas: desde a sua elaboração não têm o objetivo de regular a vida política 
do Estado. Limitam-se a dar legitimidade formal aos atuais detentores do poder. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: 
A Constituição Federal de 1988 é classificada como: escrita, promulgada, dogmática, rígida (ou 
superrígida), formal, analítica, dirigente e nominativa. 
EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
(Professor José Afonso da Silva) 
 
a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: Desde a sua entrada em vigor, a CF produz ou tem possibilidade 
de produzir todos os seus efeitos essenciais. São autoaplicáveis e de incidência imediata e direta. 
Ex: Art. 1º e 2º, Remédios Constitucionais. 
 
b) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: A CF regulou suficientemente a matéria, mas deixou margem 
à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos em que 
a lei estabelecer. Ex: Art. 5º, XIII, Art. 93, IX. 
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c) NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: Carecem de regulamentação para efetivamente tornarem-se 
aplicáveis. Somente incidem totalmente sobre os interesses regulados após a normatividade 
posterior que lhes dê aplicabilidade. Dividem-se em: 
- Programáticas: traçam preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, como programa de 
atividades a serem por ele desenvolvidas. Ex: Art. 21, IX, 23, 205, 211, 215. 
- Institutivas ou Organizatórias: normas que visam organizar determinadas funções, estabelecidas 
pelo Poder Público. Ex: Art. 134, § 1°. 
 
 
CONSTITUCIONALISMO 
CONCEITO: 
1º Sentido (sentido amplo): está associado à existência de uma Constituição em um Estado. 
Segundo este conceito, não existe Estado sem Constituição. 
Este conceito não é o mais utilizado. 
2º Sentido (sentido estrito): está relacionado a duas ideias básicas: 
• Garantia dos direitos 
• Limitação do poder 
Neste sentido o constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. 
 
FASES DE EVOLUÇÃO: 
1º Fase - CONSTITUCIONALISMO ANTIGO 
Começa na antiguidade e vai até aproximadamente ao final do século XVIII. 
Característica: Constituições consuetudinárias (baseadas essencialmente nos costumes, não eram 
escritas). Existiam documentos escritos, mas não formalizados como conhecemos hoje. 
Segundo a doutrina, a 1ª experiência constitucional foi o Estado dos hebreus. Embora não 
tivessem uma constituição escrita, seus dogmas religiosos limitavam não apenas os súditos, mas 
também os soberanos (limitação do poder). 
Grécia, Roma e Inglaterra foram os seguintes Estados a terem experiências constitucionais. 
 
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2ª Fase – CONSTITUCIONALISMO MODERNO 
Começa no século XVII e vai até o fim da 2ª Guerra Mundial. 
Característica: surgem as Constituições escritas e formais. 
As revoluções liberais foram as responsáveis por essa mudança de paradigma (Revolução 
Francesca, Revolução Inglesa). 
Constitucionalismo Clássico ou Liberal: começa com as revoluções liberais e vai até o fim da 1ª 
Guerra Mundial. 
Foi marcado pela experiência norte-americana (EUA), que trouxe grandes contribuições para o 
Direito Constitucional, dentre elas: 
- Criação da 1ª Constituição escrita, formal, rígida, e dotada de supremacia formal (ano de 1787); 
- Surge também o controle judicial de constitucionalidade (ano de 1803), tendo como parâmetro 
uma Constituição escrita; 
- Consagração da separação de poderes, do federalismo e criação do sistema presidencialista. 
Foi marcada também pela experiência francesa (1789), como: 
- 1ª Constituição escrita da Europa; 
- Constituição prolixa. 
 
- 1ª dimensão dos direitos fundamentais (liberdade) Direitos Civis 
 Direitos Políticos 
 
 
Constitucionalismo Social: fim da 1ª Guerra Mundial até o fim da 2ª (período entre guerras). 
Marcado pela Constituição mexicana (1917) e pela Constituição de Weimar (Alemanha - 1919). 
Além dos direitos de dimensão ligados à liberdade, passaram a incorporar também direitos ligados 
à igualdade material. 
Igualdade Material: voltados à redução das desigualdades fáticas existentes. 
- 2ª dimensão dos direitos fundamentais (igualdade) Direito Sociais 
 D. Econômicos 
 D. Culturais 
São direitos prestacionais, que exigem do Estado prestações positivas (status positivo). 
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3ª fase – CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO 
Começa a partir da 2ª Guerra Mundial e dura até os dias de hoje. 
Esta fase também é denominada de Neoconstitucionalismo. 
Características: 
- Reconhecimento definitivo da força normativa da Constituição (influência da experiência 
inglesa); 
- Rematerialização das Constituições (influência da experiência francesa); 
- Centralidade das Constituições e dos direitos fundamentais, está relacionado ao fenômeno da 
“Constitucionalização do Direito”, que pode ser especificado em 3 aspectos: consagração de 
normas de outros ramos na Constituição, eficácia horizontal dos direitos fundamentais e 
interpretação conforme a Constituição (filtragem constitucional); 
- Fortalecimento da jurisdição constitucional e do Poder Judiciário (judicialização da política e das 
relações sociais). 
 
3ª dimensão: (fraternidade ou solidariedade) 
ao meio ambiente; 
de autodeterminação dos povos; 
de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade; 
de comunicação. 
 
Outros autores elencam também outros direitos, como por exemplo, direito do consumidor, 
direito de idosos e direito de crianças. 
 
4ª dimensão Direito à Democracia (direta) 
Direito à Informação 
Pluralismo 
 
Democracia Direta é caracterizada pelo plebiscito, referendo e iniciativa popular. O sufrágio 
universal também passa a ser contemplado pelas Constituições de uma forma mais ampla. 
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Direito à informação: engloba o direito a informar (art. 200 a 224), direito a SE informar (art. 5º, 
inciso XIV), e direito a ser informado (art. 5º, inciso XXXIII e Lei 12.527/11). 
Pluralismo: Art. 1º, inciso V, é um dos fundamentos do Estado brasileiro. Não é só pluralismo 
político partidário, mas também as concepções religiosas, a pluralidade artística, cultural, de 
orientação sexual e todas as demais. 
Alguns autores incluem nos Direitos de 4ª dimensão os direitos relacionados à Biotecnologia, a 
Bioengenharia, e o direito à identificação genética do indivíduo. 
- 5ª dimensão direito à paz 
A paz é um axiomada democracia participativa, o supremo direito da humanidade. 
Era considerado de 3ª dimensão, porém, alguns doutrinadores o colocam como 5ª dimensão por 
ser um objetivo ainda não alcançado, e assim incentivar sua busca. 
 
TEORIA GERAL DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
1- SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO Material 
 Formal 
 
Supremacia MATERIAL: Consiste em uma superioridade inerente aos conteúdos tradicionalmente 
consagrados nos textos constitucionais. 
 
 
Temas típicos de uma CF - Direitos fundamentais 
 - Estrutura do Estado 
 - Organização dos Poderes 
 
É um atributo presente em todas as Constituições. Qualquer Constituição, para assim o ser, 
precisa ter esses temas. Por isso ela tem supremacia material, pois estes assuntos a fazem 
superior às demais leis. 
 
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Supremacia FORMAL: É a supremacia mais importante para o Controle de Constitucionalidade. 
Não está presente em todas as Constituições. A supremacia formal é um atributo exclusivo das 
Constituições rígidas. 
O que caracteriza uma Constituição rígida é o processo mais solene para alteração de suas 
normas. 
 
2- PARÂMETRO PARA O CONTROLE (Normas de Referência) 
 
A CF/88 é dividida em 3 partes Preâmbulo 
Parte permanente 
ADCT 
 
Das 3 partes, a única que não tem caráter normativo é o Preâmbulo. 
Também servem como parâmetro os Princípios implícitos. 
Após a EC nº45/04, passou-se a admitir os Tratados e Convenções Internacionais de Direitos 
Humanos como parâmetro também, desde que seja aprovado por 3/5 e em dois turnos de 
votação. 
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE: expressão cunhada por Louis Favoreu para fazer referência às 
normas com status constitucional. 
 
3- FORMAS DE INSCONSTITUCIONALIDADE 
3.1 - Quanto ao tipo de conduta praticada pelo Poder Público: 
-Ação 
-Omissão 
 
Inconstitucionalidade POR AÇÃO: ocorre quando são praticadas condutas incompatíveis com o 
parâmetro constitucional. 
 
Inconstitucionalidade POR OMISSÃO: ocorre quando os poderes públicos deixam de praticar uma 
conduta exigida pela CF. 
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3.2- Quanto à norma constitucional ofendida: 
 
- Inconstitucionalidade Formal Propriamente Dita (subj. e obj.) 
 (ou Nomodinâmica) Orgânica 
 Violação a pressupostos objetivos 
 
- Inconstitucionalidade Material 
(ou Nomoestática) 
 
Inconstitucionalidade FORMAL PROPRIAMENTE DITA: ocorre quando há violação de norma 
constitucional referente ao processo legislativo. 
Pode ser subjetiva ou objetiva. 
A inconstitucionalidade formal propriamente dita SUBJETIVA é relacionada ao sujeito competente 
para iniciar o processo legislativo. 
A inconstitucionalidade formal propriamente dita OBJETIVA se refere às demais fases do processo 
legislativo. 
 
Inconstitucionalidade FORMAL ORGÂNICA: Relacionada ao órgão competente. É aquela que 
ocorre quando há violação de norma que estabelece o órgão com competência para legislar sobre 
a matéria. 
 
Inconstitucionalidade FORMAL POR VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS: é quando há violação 
a pressuposto objetivo descrito na Constituição. 
Inconstitucionalidade MATERIAL: é aquela que ocorre quando há violação de uma norma 
constitucional de fundo (norma que estabelece direitos e deveres). 
 
3.3- Quanto à extensão: 
- Total 
- Parcial 
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Inconstitucionalidade TOTAL: é aquela que ocorre quando o vício atinge toda a lei ou todo o 
dispositivo. 
Inconstitucionalidade PARCIAL: é aquela que atinge apenas uma parte de determinada lei ou 
dispositivo. 
 
Veto Parcial ≠ Declaração de inconstitucionalidade parcial 
 
Veto Parcial: só pode incidir sobre texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, não pode 
vetar apenas uma palavra ou expressão. 
 
Declaração de Inconstitucionalidade Parcial: pode atingir uma palavra ou expressão. Porém, a 
palavra ou expressão atingida deve ser autônoma, para que não se altere o sentido da norma. 
 
4- FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
4.1 – Quanto à natureza do órgão: 
- Jurisdicional 
- Político 
Controle JURISDICIONAL: É o controle feito por órgãos do Poder Judiciário. 
Controle POLÍTICO: É aquele feito por órgãos sem poder jurisdicional. 
 Jurisdicional 
 Sistemas Político 
 Misto 
 
Sistema Jurisdicional: aquele em que o controle de constitucionalidade é feito precipuamente pelo 
Poder Judiciário. 
Sistema Político: é aquele em que o controle de constitucionalidade não é feito pelo Poder 
Judiciário. 
Sistema Misto: tem tanto o controle jurisdicional quanto o controle político; os dois tipos de 
controle são conjugados. 
 
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4.2- Quanto ao momento em que ocorre o controle 
- Preventivo 
- Repressivo 
Controle PREVENTIVO: é feito durante o processo legislativo (antes da promulgação de uma lei ou 
emenda) com a função de evitar uma lesão à CF. 
Controle REPRESSIVO: é aquele que acontece depois que o projeto de lei se transformou em lei. 
 
4.3 – Quanto à competência jurisdicional 
- Difuso 
- Concentrado 
Controle DIFUSO (sistema norte-americano de controle): é aquele que pode ser exercido por 
qualquer juiz ou tribunal. 
Controle CONCENTRADO (controle reservado ou sistema austríaco ou sistema europeu): é aquele 
cuja competência para o seu exercício é atribuída apenas a um órgão do Poder Judiciário. 
 
4.4 – Quanto à finalidade do controle jurisdicional 
- Concreto / Incidental / Por via de defesa/ Por via de exceção 
-Abstrato / Em tese / Principal / Por via de ação / Por via direta 
 
Controle CONCRETO: Aquele que tem por objetivo principal a proteção de direitos subjetivos. A 
inconstitucionalidade é uma questão discutida apenas de forma incidental. O juiz afasta 
incidentalmente a lei. 
Controle ABSTRATO: é aquele que tem por objetivo principal assegurar a supremacia da CF e 
proteger a ordem constitucional objetiva. É abstrato porque a análise que é feita pelo tribunal 
nesses casos, é uma análise “em tese”, e não no caso concreto. O Tribunal vai analisar se a lei ou 
ato normativo é compatível ou não com a CF, não vai analisar o caso concreto. 
Ações de controle abstrato (no Brasil): ADI, ADC, ADPF, ADO. 
 
Aqui, a pretensão é deduzida em juízo da seguinte forma: 
Controle Concreto: Processo Constitucional Subjetivo (protege os direitos subjetivos); 
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Controle Abstrato: Processo Constitucional Objetivo (protege a ordem constitucional objetiva). 
 
5- CONTROLE CONCENTRADO 
O controle concentrado é assim denominado pelo fato de a sua legitimidade se concentrar no STF. 
 
5.1 – INTRODUÇÃO 
ADI/ADC 
Tanto a ADI quanto a ADC estão previstas no art. 102, I, a. 
 
Estas ações têm caráter dúplice ou ambivalente (art. 24, Lei 9868/99). 
 
Pressuposto da ADC: existência de controvérsia judicialrelevante (art. 14, III). 
 
ADPF 
É regulamentada pela Lei 9882/99. 
Pressuposto da ADPF: é de caráter subsidiário (art. 4, §1º, Lei 9882/99). 
 
5.2 - FUNGIBILIDADE 
ADI x ADO 
ADPF x ADI 
 
5.3 – ASPECTOS COMUNS 
 
• Não admitem desistência (Lei 9868/99, art. 5º), assistência (regimento interno do STF) e nem 
intervenção de terceiros (Lei 9868/99, art. 7º). 
Não se admite desistência e assistência porque a ação se refere à proteção da supremacia da CF, e 
não de direito particular. 
No caso da intervenção de terceiros, alguns autores entendem que a figura do “amicus curia” seria 
uma exceção à inadmissibilidade de intervenção de terceiros (Lei 9868/99, art. 7º, §2º). 
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• A causa de pedir é aberta, ou seja, abrange qualquer norma formalmente constitucional, 
independentemente da que tenha sido invocada como parâmetro pelo legitimado que propôs a 
ação. 
 
EXCEÇÃO: quando o pedido versa apenas sobre a inconstitucionalidade formal, o STF fica 
impossibilitado de analisar a inconstitucionalidade material. Ou seja, não pode dizer que o 
conteúdo da lei é incompatível com o conteúdo da CF. Este caso é uma exceção à “causa de pedir 
aberta” (este entendimento do STF está na ADI 2182). 
 
� Só haverá conexão entre as ações quando o objeto for o mesmo. 
 
• É necessário que ocorra provocação em relação ao objeto, salvo nos casos de 
inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração. Pois na ADI e ADC aplica-se o Princípio da 
adstrição ao pedido – constitucionalidade/inconstitucionalidade. Já na ADPF será diferente, pois 
nela se requer a arguição de descumprimento de preceito fundamental, e não da CF. 
PRECEITO FUNDAMENTAL: (José Afonso da Silva) são aquelas normas imprescindíveis à identidade 
e ao regime adotada pela Constituição. 
 
OBS.: a inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração é uma técnica de decisão judicial 
que pode ser utilizada quando há uma relação de interdependência entre o dispositivo impugnado 
e um outro dispositivo do mesmo diploma legal (ADI 4451-MC-Ref.). 
 
OBS.: a inconstitucionalidade por arrastamento pode ser utilizada também entre diplomas 
normativos diversos, desde que haja uma interdependência entre eles (Ex.: uma lei e o decreto 
que regulamente essa lei). ( 1-F - ADIN declara incons § 12 art. 100 precatórios) 
 
• A decisão de mérito é irrecorrível, salvo Embargos de Declaração. Não cabe, também, Ação 
Rescisória (Lei 9868/99, art. 26 e Lei 9882/99, art. 12). 
 
5.4 – LEGITIMIDADE ATIVA 
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A legitimidade é a mesma para ADI/ADC/ADPF (art. 103 CF) 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade: 
 I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
 
Legitimados ATIVOS UNIVERSAIS 
ESPECIAIS (são aqueles que precisam demonstrar a existência 
de pertinência temática entre o objeto impugnado e o interesse 
que eles representam) 
 
Numerus clausus (rol fechado). 
 
 
Poder 
Executivo 
Poder Legislativo MP OUTROS 
Legitimados 
ATIVOS 
UNIVERSAIS 
(União) 
Presidente da 
República 
Mesa da CD e SF PGR 
OAB (Conselho 
Federal) 
Partido político 
(CN) 
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Legitimados 
ATIVOS ESPECIAIS 
(Estado) 
Governador 
(estadual e DF) 
 
 
Mesa da AL e CL 
 
 
 
 
 
E.C. (a. n.) e CS. 
 
 
Governador: vice-governador não pode. 
 
Partido Político: A representação no CN deve ser no momento da propositura da ação. 
 
Entidade de Classe: a entidade de classe deve ser representativa de apenas uma determinada 
atividade ou categoria social, profissional ou econômica. 
 
ÂMBITO NACIONAL: as entidades de classe devem estar presentes em pelo menos 1/3 dos 
Estados brasileiros (9 Estados ). 
Exceção: quando houver uma relevância nacional na atividade exercida pelos associados. 
STF: admite a legitimidade de associações formadas por pessoas jurídicas (“associação de 
associações”). 
 
Não tem capacidade postulatória: Partido Político, Entidades de Classe de âmbito nacional e 
Confederações Sindicais. 
São os únicos legitimados que precisam de advogado para propor a ação. 
 
5.5 – PARÂMETRO (ou norma de referência) 
ADI e ADC: qualquer norma formalmente constitucional, inclusive os atos decorrentes do art. 5º, § 
3º, CF (preâmbulo não conta, pois não tem caráter normativo). 
ADPF: Só preceitos fundamentais da CF servem como parâmetro. 
 PRECEITO FUNDAMENTAL: são aquelas normas imprescindíveis à identidade e ao regime adotado 
pela CF. 
 
5.6 – OBJETO 
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NATUREZA DO OBJETO 
Natureza do objeto da ADI/ADC: 
Lei ou ato normativo (Art. 102, I, a CF). 
Qualquer lei, inclusive de efeito concreto. 
O ato normativo tem que ser geral e abstrato (se ele não for geral e abstrato, ele não teria a 
natureza de ato normativo, mas sim de ato administrativo, que tem destinatário certo e objeto 
determinado). 
OBS.: a violação da CF tem que ser direta. 
Não se admite como objeto de ADI/ADC: 
1 - Atos tipicamente regulamentares; 
2 – Normas constitucionais originárias (pois é afastada pelo Princípio da Unidade da CF); 
3 – Lei ou norma de efeitos concretos já exauridos; 
4 – Lei com eficácia suspensa pelo Senado; 
5 – Leis ou atos normativos já revogados; 
Exceção: quando houver fraude processual. 
6 – Leis temporárias após o exaurimento de seus efeitos. 
 
Natureza do objeto da ADPF: 
Qualquer ato do Poder Público (art. 1 Lei 8982/99) 
 
Não podem ser objeto de ADPF: 
1 - Atos tipicamente regulamentares: não está violando diretamente a CF, mas sim uma lei. Isso 
seria uma violação indireta da CF, e, portanto, não é objeto admitido em ADI/ADC/ADPF. 
2 – Súmulas comuns: a súmula não vinculante é apenas um entendimento sintetizado do que vem 
sendo adotado por um Tribunal. Então, se o Tribunal passa a modificar seu entendimento, ele não 
precisa de uma ADPF para derrubá-la, basta simplesmente revogar a súmula. 
3 – Súmulas vinculantes: existe na Lei um procedimento especifico para cancelamento ou revisão 
de sumula vinculante, com isso o caráter subsidiário da ADP (outro meio igualmente eficaz) não é 
atendido. 
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4 – PEC: não é admitida a PROPOSTA de emenda constitucional como objeto de ADPF, pois a 
proposta não é um ato pronto e acabado, é um ato em formação. É um ato que só irá se 
completar se, e, quando aprovado. Então não é considerado ato público. 
 
 
� Leis já revogadas: 
ADPF 33 – Gilmar Mendes admitiu como objeto de ADPF leis já revogadas. 
ADPF 49 – Menezes Direito não admitiu. 
O CESPE considerou que leis revogadas podem ser objeto de ADPF. 
 
5.7 ASPECTOTEMPORAL DO OBJETO 
ADC/ADI: o objeto sempre tem que ter sido produzido após o parâmetro constitucional. Não são 
admitidos atos normativos ou leis anteriores à CF/88. 
ADPF: a lei admite ato do poder público, inclusive leis e atos normativos, anteriores ou posteriores 
ao parâmetro. 
� O descumprimento é mais amplo que a inconstitucionalidade. 
 
5.8 ASPECTO ESPACIAL DO OBJETO 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou 
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal; 
(...). 
 
 
Art. 1º. Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de 
preceito fundamental: 
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I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei 
ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à 
Constituição; 
(...). 
 
 
� LEIS E ATOS NORMATIVOS DO DF: Nem a lei e nem a CF tratam do tema. As leis e atos 
normativos do DF têm dupla competência, pois o DF exerce competência de Estado e de 
Município. No caso da ADC, não pode. No caso da ADPF, pode, já que trata de atos de 
competência estadual e municipal. A grande questão é em relação a ADI. Lei ou ato normativo do 
Distrito Federal só pode ser impugnado através de ADI se tratarem de matéria de competência dos 
Estados. 
 
Súmula 642 do STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do 
distrito federal derivada da sua competência legislativa municipal. 
 
 
5.9 - DECISÃO DE MÉRITO 
QUÓRUM 
A Lei prevê 2 quóruns diferentes: 
PRESENÇA: pelo menos 8 ministros (2/3 dos membros do tribunal); 
DECLARAÇÃO: Para ocorrer a declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade precisa 
do voto de pelo menos 6 ministros (ADI ou ADC). 
 
EFEITOS DA DECLARAÇÃO: 
Os efeitos da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade em ADI, ADC ou ADPF 
encontram-se previstos em: Lei 9868, art. 28, § único; Lei 9882, art. 10, § 3º e art. 102, §2º, CF. 
Diferenças entre os efeitos ERGA OMNES e VINCULANTE: 
1ª – aspecto subjetivo: o efeito erga omnes atinge a todos (poderes públicos e particulares); já o 
efeito vinculante atinge apenas determinados órgãos do Poder Público. O chefe do Poder 
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Executivo só não fica vinculado à decisão do STF em suas atribuições relacionadas ao processo 
legislativo. O Legislativo não fica vinculado apenas na sua função típica de legislar. 
 
2ª – aspecto objetivo: 
A declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade é formada sempre por 3 partes: 
relatório, fundamentos e dispositivo. 
Teoria Extensiva: Existe uma corrente doutrinária, chamada de Teoria Extensiva, defendida por 
Gilmar Mendes, que diz que o efeito vinculante atinge não só o dispositivo da decisão, mas 
também os motivos determinantes contidos na fundamentação. 
Os motivos determinantes formam a “ratio decidendi” (decisões determinantes para aquele 
julgamento). Para quem adota a Teoria Extensiva, diz que esses motivos também são vinculantes. 
O que não seria vinculante seriam apenas as questões “obter dicta” (ditas de passagem, questões 
acessórias do julgado). 
Esta Teoria foi adotada no STF com o nome de “Transcendências dos Motivos” ou “efeito 
transcendente dos motivos determinantes” durante algum tempo. Mas passou a não mais adotar 
este entendimento: Rec. 30.14, Rec. 2990-AgR. 
 
EFICÁCIA TEMPORAL: 
OBS.: No controle abstrato, as decisões só se tornam obrigatórias a partir de sua publicação (parte 
dispositiva no Diário da Justiça e no Diário Oficial da União). Não é do trânsito em julgado! 
 
Uma lei inconstitucional, se for um ato nulo, será ex tunc; mas se for um ato anulável, ela só terá o 
vício reconhecido a partir da publicação, será então ex nunc. 
O STF vem adotando entendimento da doutrina norte-americana, de que a lei inconstitucional é 
um ato NULO. Então, em regra, terá efeito retroativo, efeito “ex tunc”. A decisão valerá desde o 
momento em que a lei foi criada. 
 
Modulação Temporal: existe no Direito brasileiro a possibilidade do STF modular os efeitos da 
decisão, fixando um momento diferente para sua eficácia. Podendo, além de ser ex tunc, ser 
também ex nunc (ou para o futuro). Artigo 27 da Lei 9868/99 e artigo 11 da Lei 9882/99. 
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5.10 – TUTELA DE URGÊNCIA 
QUÓRUM 
PRESENÇA: 8 ministros; 
DECISÃO: em regra, por pelo menos 6 ministros. 
Lei 9868 art. 10, 21 e 22. 
Lei 9882 art. 5º, §1º. 
Exceções: na ADI e na ADPF, como a situação pode ser de maior urgência, existe a possibilidade de 
concessão monocrática pelo relator ou pelo presidente do Tribunal. A ADI pode ocorrer no 
período de recesso. ADI 4638. E na ADPF existem 3 exceções previstas: extrema urgência, perigo 
de lesão grave ou durante o recesso. A ADC não há exceção, pois aqui a lei já tem presunção de 
legitimidade, ou seja, não pode ser algo tão urgente a ponto de não puder esperar 6 ministros 
para decidir. 
 
EFEITOS SUBJETIVOS/OBJETIVOS DA LIMINAR 
Erga omnes; 
Vinculante; 
ADC: o efeito da liminar em ADC é suspender o julgamento de processos, por no máximo 180 dias 
para que haja decisão definitiva de mérito do STF. 
ADI: não existe a previsão na lei de suspensão dos processos em liminar na ADI, todavia o STF 
entende que por analogia aplica-se o artigo 21 da Lei 9868/99. 
ADPF: 
Lei 9882/99. Art. 5o. § 3o A liminar poderá consistir na determinação de 
que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos 
de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação 
com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito 
fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. 
 
EFEITOS TEMPORAIS 
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Na liminar, por ser uma decisão precária (apenas suspende a eficácia/vigência da lei 
temporariamente, não a declara inconstitucional), o efeito temporal será: 
ADI: em regra, é ex nunc. 
Exceção: o STF, se quiser, pode expressamente modular também os efeitos da liminar. 
 
Efeito Repristinatório Tácito: o STF ao suspender a lei B, faz automaticamente a lei A voltar a 
produzir efeitos. O STF não precisa dizer. É um efeito automático. 
 
ADPF: não tem previsão na lei, mas por analogia se entende que o efeito seria ex nunc. 
� ADC não tem efeito temporal porque a lei não é suspensa, apenas os processos. 
 
 
6. CONTROLE DIFUSO 
6.1 - ASPECTOS GERAIS 
 
COMPETÊNCIA 
Qualquer juiz ou Tribunal. 
OBS.: No âmbito dos Tribunais, no exercício do controle difuso, tem que se observar a cláusula da 
reserva de plenário (art. 97 da CF). 
 
FINALIDADE 
A finalidade principal é a proteção de direitos subjetivos. 
A pretensão é deduzida em juízo através de um Processo Constitucional Subjetivo. 
A inconstitucionalidade também pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. 
 
LEGITIMIDADE ATIVA 
Qualquer pessoa que tenha o seu direito supostamente violado por uma norma inconstitucional. 
 
PARÂMETRO 
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Qualquer norma formalmenteconstitucional, mesmo que revogada, desde que estivesse vigente 
na época da ocorrência do fato. 
Aqui vale o Princípio “tempus regit actum”. 
 
OBJETO 
Qualquer ato do Poder Público que viole diretamente a CF. 
 
EFEITOS DA DECISÃO 
A decisão reconhece o vício e afasta a aplicação da lei naquele caso específico. 
ASPECTO SUBJETIVO 
O efeito da decisão será apenas “inter partes”. 
Mesmo se esta decisão for proferida pelo STF (Recl. 10.403/10). 
ASPECTO OBJETIVO 
É na fundamentação de uma decisão que o juiz vai analisar a inconstitucionalidade da lei. 
ASPECTO TEMPORAL 
Com relação à eficácia temporal, a regra será o efeito ex tunc. 
O STF admite a modulação temporal dos efeitos da decisão (RE 586.453). 
Ex.: RE 556.664/RS – efeito ex nunc; RE 197.917 - efeitos prospectivos ou para o futuro. 
 
6.2- CLÁUSULA DA RESERVA DE PLENÁRIO 
Conhecida também como regra da “full bench” (tribunal cheio, completo). 
 
1º aspecto: esta cláusula se aplica tanto ao controle difuso quanto ao controle concentrado. 
2º aspecto: esta clausula só se aplica no âmbito dos tribunais. Não se aplica ao juiz singular. 
3º aspecto: só se aplica quando se tratar de inconstitucionalidade. Se o entendimento for pela 
constitucionalidade, não precisa respeitar a clausula de plenário. 
 
Súmula Vinculante nº 10 – Viola a clausula de reserva de plenário (CF, artigo 97) 
a decisão de órgão fracionário de Tribunal que, embora não declare 
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expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, 
afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
 
� Como o Pleno não analisa o caso concreto (quem faz isso é o órgão fracionário), analisa apenas 
a constitucionalidade da lei “em tese” (faz uma análise em abstrato). Se futuramente outros casos 
chegarem no tribunal e tiverem a mesma lei questionada, os órgãos fracionários não precisam 
mandar todos esses processos para o Pleno analisar novamente. Então, a partir do momento em 
que o Pleno analisou uma vez, todos os demais processos podem se basear naquele 
entendimento. Isto está previsto no art. 949, § único do CPC: 
O STF é guardião da CF, já adotou entendimento sobre o assunto, então o órgão fracionário pode 
se basear nesse entendimento. 
 
6.3 - SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DE LEI PELO SENADO 
Previsto no artigo 52, X, CF: 
� Esta suspensão da execução só pode ocorrer no controle difuso (art. 178 Regimento Interno 
STF). Ela não existe no controle concentrado porque nesta a decisão do STF já tem efeito erga 
omnes e vinculante (é como se fosse uma “revogação” da lei). 
 
6.4 – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
A polêmica da Ação Civil Pública é que, como ela tem efeito erga omnes, então, se ela for utilizada 
como instrumento de controle, ela estaria substituindo a ADI? 
A jurisprudência é pacifica no sentido de que a Ação Civil Pública pode ser utilizada como 
instrumento, desde que utilizada em controle incidental. 
Só se admite se a inconstitucionalidade for a causa de pedir, e não o pedido em si. 
Porque ela vai ser analisada como uma questão incidental, na fundamentação. Ela não será 
analisada no pedido. 
Portanto é admitido controle de constitucionalidade em Ação Civil Pública. Mas ela não pode ser o 
objeto do pedido, o pedido tem que ser algo concreto. Tem que ser apenas a causa de pedir. Ela 
será analisada como questão prejudicial do mérito. 
 
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CONTROLE DE OMISSÕES INCONSTITUCIONAIS 
No ordenamento jurídico brasileiro existem dois instrumentos para controle de omissão de 
inconstitucionalidade: 
Mandado de Injunção (invenção do legislador brasileiro) 
Ação Direta por Omissão 
 
CRITÉRIOS ADO M.I. 
PREVISÃO LEGAL Art. 103, §2, CF e Lei 
12.073/09 
Art. 5, LVVI, CF e lei nº 13.330/16 
 
 
FINALIDADE 
 
Instrumento de controle 
abstrato (processo 
constitucional objetivo) 
 
 
Instrumento de controle concreto ou 
incidental (processo constitucional 
subjetivo) 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
Controle concentrado, pois a 
competência para exercê-la 
é exclusiva do STF 
 
Controle difuso limitado, só tem 
competência para julgá-lo quem estiver 
previsto na CF: STF, STJ, TSE e TRE. Ou 
em lei federal: que não foi criada ainda. 
E por Constituição Estadual. 
 
 
 
 
LEGITIMIDADE 
ATIVA 
 
 
 
Art. 103 CF + art. 12 da Lei 
9868 (os mesmos da ADC e 
da ADI). 
 
MI Individual: qualquer pessoa que 
tenha o seu direito constitucional 
inviabilizado pela ausência de norma 
regulamentadora. 
 
MI Coletivo: os legitimados têm que 
estar previstos na lei. 
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LEGITIMIDADE 
PASSIVA 
 
Autoridades ou órgãos 
responsáveis pela 
elaboração da medida ou da 
norma regulamentadora. 
 
 
 
 
IDEM 
 
 
PARÂMETRO 
 
(Na classificação do 
professor José 
Afonso da Silva, o 
parâmetro seria 
apenas as normas 
constitucionais de 
eficácia limitada) 
Normas formalmente 
constitucionais não auto-
aplicáveis 
Normas formalmente constitucionais 
não auto-aplicáveis. 
 
� A legitimidade ativa da ADO é a mesmo da ADC e da ADI. Porém, não terá legitimidade a 
autoridade com competência para iniciar o processo legislativo, salvo quando se tratar de 
iniciativa privativa ou exclusiva. 
 
� Em se tratando de iniciativa privativa, deve figurar no polo passivo a autoridade ou órgão com 
legitimidade para iniciar o processo legislativo. 
 
� Para parte da doutrina, o MI só seria cabível para assegurar o exercício de direitos 
fundamentais (direitos e garantias individuais, sociais, de nacionalidade e políticos). 
 
� O STF, no entanto, não tem feito restrições em relação à matéria protegida por esta garantia. 
 
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PODER CONSTITUINTE 
 
1 – PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
1.1 - NATUREZA: 
PODER POLÍTICO, pois está acima do ordenamento jurídico. 
 
PODER CONSTITUINTE 
 
 
� Existe uma corrente minoritária, de viés jus naturalista, para a qual o poder constituinte 
originário é um Poder Jurídico (ou de Direito), por estar subordinado aos princípios do direito 
natural. 
 
1.2 – CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS: 
PODER INICIAL: não existe nenhum outro poder antes ou acima dele. 
PODER AUTÔNOMO: cabe apenas a ele definir a ideia de direito que irá prevalecer dentro do 
Estado. 
PODER INCONDICIONADO: por não estar submetido à observância de qualquer forma ou conteúdo 
preexistente. 
 
 
� Características do Poder Constituinte Originário segundo o doutrinador SIeyés: 
INCONDICIONADO JURIDICAMENTE: incondicionado pelo poder positivo, estando subordinado aos 
princípios do Direito Natural; 
PERMANENTE: é um poder que não se esgota com seu exercício. O poder constituinte não deixa 
existir, apenas fica em estado latente; 
Poder Autônomo + Poder Incondicionado = Poder ilimitado / soberano/ independente 
 
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INALIENÁVEL: não pode ser transferido e nem usurpado de seu verdadeiro titular (povo ou nação). 
 
1.3 - LIMITAÇÕES MATERIAIS OU EXTRAJURÍDICAS: 
Imperativos do Direito Natural: impedimentos naturaisdo ser humano; 
Valores Éticos e Sociais: ao estabelecer uma CF o PCO deve observar valores éticos e sociais. Os 
valores de uma sociedade (ético e morais) não podem ser ignorados. 
Direitos fundamentais conquistados por uma sociedade e sob os quais haja um consenso 
profundo: está relacionado à “Proibição do Retrocesso” ou “Efeito Cliquet” (termo usado no 
alpinismo e trazido para o Direito, no sentido de impedir o retrocesso de valores já consagrados 
pelo PCO). 
Limitações estabelecidas por normas de Direito Internacional, sobretudo aquelas relacionadas aos 
Direitos Humanos: o PCO deve observar os tratados internacionais dos quais o Estado é signatário, 
sobretudo os de D. Humanos. O PCO deveria e poderia respeitá-lo, porém não está obrigado. 
Assim, vai depender da tese adotada. Se adotar a tese de que o Direito Internacional tem 
prevalência sobre o Direito Interno, então o PCO deve respeitá-lo; se não, o PCO pode contrariá-lo. 
 
1.4 – LEGITIMIDADE: 
Legitimidade SUBJETIVA: ocorre quando há uma correspondência entre a titularidade (povo ou 
nação) e o exercício. 
Legitimidade OBJETIVA: o PCO deve consagrar um conteúdo normativo em conformidade com a 
ideia de justiça e com os valores radicados na comunidade. 
2 – PODER CONSTITUINTE DECORRENTE 
É aquele responsável por elaborar e modificar as Constituições dos estados membros (só existe 
em estados federativos e não em estados unitários). 
É um poder secundário, é um poder limitado juridicamente pela CF. Ou seja, quem o cria é a CF, 
então ele deve observar o que a CF impõe a ele. 
 
Princípio de Simetria: o modelo estabelecido na CF deve ser observado pelas Constituições 
Estaduais e Leis Orgânicas Municipais (artigos 11 ADCT, 25 e 29 CF). 
 
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3 – PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
Poder Revisor 
Poder Reformador 
 
Poder REVISOR: a revisão é uma via extraordinária de alteração da CF (art. 3º, ADCT). 
Poder REFORMADOR: a reforma é a via ordinária (art. 60, CF). 
 
De acordo com o entendimento amplamente majoritário, a CF/88 não estabeleceu limitação 
material para o Poder Reformador. Há, no entanto, quem considere a limitação do artigo 60, § 5º, 
como limitação temporal. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada não por ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
Limitações Circunstanciais: são aquelas que impedem a alteração da CF durante períodos 
excepcionais dos quais a livre manifestação do Poder Derivado esteja ameaçada. 
Estado de Legalidade Extraordinária Intervenção federal 
 Estado de Defesa 
 Estado de Sítio 
 
 
Limitações Formais: estabelecem determinados procedimentos a serem observados no caso de 
alteração da CF. 
 
 Subjetiva (art. 60, I a III) 
Objetiva (art. 60 §§ 2º, 3 º e 5º) 
 
Limitações Formais SUBJETIVAS: estão relacionadas aos sujeitos competentes para iniciar o 
processo legislativo de reforma. 
 
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Limitações Formais OBJETIVAS: são aquelas relacionadas ao processo de discussão e votação das 
emendas. 
 
 Atenção! A ADI 4357/DF discutiu a constitucionalidade formal da emenda 62/09. Segundo o STF, 
a expressão “dois turnos” não exige que seja observado um período mínimo de tempo entre eles. 
 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
Atenção! A única participação que o Presidente pode ter no processo de elaboração de emenda é 
a iniciativa. Não há sanção ou veto em proposta de emenda. 
 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada não por ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
O §5º também é de limitação temporal objetiva. 
 
Limitações Materiais: são aquelas que impedem a modificação de determinados conteúdos 
consagrados na CF. São as denominadas Cláusulas Pétreas. Podem ser: 
Expressas 
Implícitas 
 
Limitações Materiais EXPRESSAS: art. 60, §4º, CF. 
 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
 
“TENDENTE A ABOLIR”: deve ser compreendida no sentido de proteger o núcleo essencial de 
princípios e institutos elencados no dispositivo, e não como uma intangibilidade literal. 
 
NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO 
 
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1 - DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO 
Quando do surgimento de uma nova Constituição ocorrem dois fenômenos distintos com as 
normas constitucionais anteriores: 
1 - a “constituição propriamente dita” (normas constitucionais materiais) fica inteiramente 
revogada; 
2 – as “leis constitucionais” (normas constitucionais formais) cujo conteúdo seja compatível com o 
da nova Constituição são recepcionadas como normas infraconstitucionais. 
 
CONSTITUIÇÃO PROPRIAMENTE DITA: Esmein e Carl Schimitt entendem que Constituição 
propriamente dita é apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental, o que 
corresponde às denominadas normas materialmente constitucionais. 
 
Direitos fundamentais 
Matérias Constitucionais Estrutura do Estado 
Organização dos poderes 
 
 
LEIS CONSTITUCIONAIS: são aquelas outras normas consagradas no texto da Constituição que não 
decorrem de uma decisão política fundamental. 
Ex.: disposição sobre o Colégio Pedro II (art. 242, §2º). 
 
Atenção! O fenômeno da desconstitucionalização só é admitido pela maioria da doutrina se 
houver previsão expressa. Do contrário, ocorre uma revogação por normação geral. 
Pontes de Miranda e Manuel Gonçalves Ferreira Filho não concordam com esse posicionamento. 
 
2 - RECEPÇÃO 
Quando do surgimento de uma nova Constituição ocorrem dois fenômenos em relação às normas 
infraconstitucionais anteriores: 
1 – as que forem materialmente compatíveis são recepcionadas; 
2 – as demais, não são recepcionadas. 
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Ex.: a Lei de Imprensa não foi recepcionada pela CF/88. 
 
INCOMPATIBILIDADE FORMAL SUPERVENIENTE: é o que ocorre no caso de uma lei 
originariamente feita de acordo com a Constituição da época. Mas, que, com o advento de uma 
nova Constituição, passa a ser incompatível. 
 
RECEPÇÃO MATERIAL DE NORMAS CONSTITUCIONAIS: embora uma nova Constituição geralmente 
revogue as normas da Constituição anterior (revogação por normação geral), nada impede que a 
nova Constituição expressamente recepcione normas da Constituição anterior. 
Ex.: art. 34, caput e §1º, ADCT. 
 
3 - CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE 
Ocorre quando uma norma originariamente Inconstitucional é constitucionalizada em razão do 
surgimento de uma nova Constituição ou de uma nova emenda. 
 
Atenção! Segundo o STF, o nosso ordenamento não admite a figura da constitucionalidade 
superveniente (ADI 2158 e ADI 2189). 
Isso se deve ao fato de o STF adotar o entendimento norte-americano, que considera a lei 
inconstitucional um ato nulo e não anulável. Então seria como se a lei sequer existisse. Portanto, 
não há que se falar em constitucionalidade superveniente. 
Diferentemente do entendimento de Kelsen, que considera anulável,ou seja, precisaria de decisão 
judicial. 
 
4 - REPRISTINAÇÃO 
Ocorre quando uma lei revogada volta a ter vigência em virtude da revogação da norma que a 
revogou. 
 
A repristinação expressa é admitida. A tácita não. 
 
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DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
1 – INTRODUÇÃO 
 
Artigo 5º, § 1º: As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais 
têm aplicação imediata. SALVO SE O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
TROUXER UMA PREVISÃO EXPRESSA EM OUTRO SENTIDO. 
 
O § 1º, apesar de estar no artigo 5º (que trata de direitos individuais), se refere a TODOS os 
direitos e garantias fundamentais. 
Porém, normas sem uma lei regulamentadora dificilmente conseguem ter uma aplicação imediata. 
O artigo 5º, §1º, deve, então, ser aplicado como REGRA GERAL. SALVO, se o próprio dispositivo 
constitucional estabelecer expressamente a necessidade de lei regulamentadora. 
 
Ex.: inciso I, artigo 7º, CF. 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem 
à melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, 
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, 
dentre outros direitos; 
(...). 
 
Art. 5º, §2º: Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Art. 5º, §3º: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
(Requisito MATERIAL) que forem aprovados, em cada Casa do Congresso 
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Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos (Requisito FORMAL) dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
 
Surgiu por causa da controvérsia sobre a hierarquia dos Tratados e Convenções de Direitos 
Humanos. 
Estabeleceu-se, então, 2 requisitos para serem equivalentes às EC’s. 
 
Histórico da hierarquia dos Tratados no STF: 
1977-2008: qualquer Tratado Internacional tinha status de Lei Ordinária. 
2000: o ex-ministro Sepúlveda Pertence sustentou a tese de que os Tratados de Direitos Humanos 
deveriam ter status supralegal. 
2008: no RE 464.343, o relator Gilmar Mendes ressuscitou a tese de Sepúlveda Pertence, e hoje é 
a tese que prevalece. 
 
Direitos humanos e direitos fundamentais possuem basicamente o mesmo conteúdo, ou seja, 
direitos relacionados à vida, liberdade, igualdade, voltados à proteção e promoção da dignidade 
humana. A diferença é o plano no qual estão consagrados: 
Direitos Humanos – plano internacional; 
Direitos Fundamentais – plano interno. 
 
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2 – CLASSIFICAÇÕES 
Classificação da CF/88: 
 Direitos Individuais 
DGF Direitos Coletivos 
(gênero) Direitos Sociais (espécies) 
Direitos de Nacionalidade 
Direitos Políticos (com um capítulo só para Partidos Políticos) 
 
3 – CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
3.1 – UNIVERSALIDADE 
A vinculação desses direitos à liberdade e à dignidade conduz à sua universalidade. Nesse sentido, 
deve haver um núcleo mínimo de proteção à dignidade da pessoa humana, presente em qualquer 
época e em qualquer sociedade. 
3.2 - HISTORICIDADE 
Os Direitos Fundamentais são históricos por terem surgido em épocas distintas por se 
modificarem com o passar do tempo. Ou seja, são conquistados, com o passar do tempo, pela 
sociedade. 
3.3 – INALIENABILIDADE 
4 – IMPRESCRITIBILIDADE 
5 – IRRENUNCIABILIDADE 
Por não possuírem conteúdo patrimonial, os Direitos Fundamentais são intransferíveis, 
inegociáveis e indisponíveis. 
 
Essas características se referem à titularidade, e não ao exercício. 
Essas características são apenas “prima facie” (José Afonso), ou seja, em um primeiro momento 
elas não podem ser alienados/prescrever/renunciar. Mas, se a pessoa quiser, ela pode. 
 
6 – RELATIVIDADE ou Limitabilidade 
Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos e em interesses 
coletivos também consagrados na Constituição. 
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Só existe liberdade onde há restrição da liberdade. Se ninguém tiver que respeitar limite, a lei do 
mais forte sempre vai prevalecer. 
 
 
4 – EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Eficácia VERTICAL: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre Estado e 
particulares. Relação de subordinação que o particular tem com o Estado. Quando os direitos 
fundamentais foram criados, eles eram aplicados somente a essa relação, para proteger os 
particulares do arbítrio do Estado. 
Eficácia HORIZONTAL: Posteriormente, surgiu a eficácia horizontal, também denominada de 
“Eficácia Externa” ou “Eficácia em Relação a Terceiros”, ou “Eficácia Privada”. Consiste na 
aplicação dos direitos fundamentais às relações entre os próprios particulares. 
Eficácia DIAGONAL: uma eficácia que é um meio termo. É uma relação entre particulares, mas 
onde não há uma igualdade fática. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações 
entre particulares, nas quais há uma situação de flagrante desigualdade fática. Ex.: relações 
trabalhistas. 
 
5 – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
É um postulado normativo ou meta-norma ou máxima. 
O STF trata razoabilidade e proporcionalidade como expressões sinônimas, embora sejam 
diferentes para alguns autores. 
O STF, à luz da doutrina norte-americana, trata a proporcionalidade como Cláusula do Devido 
Processo Legal, em seu caráter substantivo (artigo 5º, incisos LIV e LV, CF). 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a 
ela inerentes; 
 
Porém, para os alemães, a proporcionalidade decorreria do Princípio do Estado de Direito. 
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Máximas Parciais ou Sub-princípios ou Regras: 
 
1 – Adequação; 
2 - Necessidade ou Exigibilidade ou P. da menor ingerência possível; 
3 - Proporcionalidade em sentindo estrito. 
 
 
OBS.: o princípio da proporcionalidade deve ser utilizado para análise de medidas estatais que 
restrinjam direitos fundamentais. 
ADEQUAÇÃO: as medidas adotadas devem ser aptas para fomentar o fim desejado. 
Uma lei pode restringir um princípio constitucional e, ainda assim, não ter caráter inconstitucional, 
desde que seja para fomentar outro princípio mais importante. 
 
NECESSIDADE: havendo dois ou mais meios similarmente eficazes, deve-se optar por aquele que 
seja o menos oneroso possível. 
Às vezes, existe mais de uma medida para promover o princípio B. Porém, uma delas restringe 
menos o princípio A. Portanto, esta que deve ser a escolhida. 
 
PROPORCIONALIDADE EM SENTINDO ESTRITO: consiste na utilização da técnica da ponderação 
com o objetivo de analisar se o grau de realização do princípio constitucional promovido 
(fomentado) é suficientepara justificar a restrição ao princípio constitucional afetado. 
 
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE PROTEÇÃO DEFICIENTE (ou insuficiente) 
Exige dos órgãos estatais o dever de tutelar e promover de forma adequada e suficiente 
determinados direitos fundamentais consagrados na CF. 
Em relação aos direitos prestacionais: quando um Direito Fundamental impõe ao Estado o dever 
de fornecer prestações materiais ou jurídicas, o Estado deve tutelar esse direito de uma forma 
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proporcional, suficiente, adequada. O Estado não pode proteger esse direito fundamental de 
forma insuficiente. 
 
6 - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DIREITOS FUNDAMENTAIS 
A dignidade não deve ser considerada um direito uma vez que ela não é atribuída pelo 
ordenamento jurídico, mas apenas protegida e promovida por ele. A rigor, trata-se de uma 
qualidade intrínseca a todo e qualquer ser humano, independentemente de qualquer condição. 
Para alguns doutrinadores a dignidade é considerada o valor constitucional supremo. 
Para outros, a dignidade é algo absoluto, ou seja, não comporta gradações (não se trata de direito 
absoluto, pois todo direito encontra limites em outros direitos). Não existe pessoas com mais 
dignidade do que outras. 
 
DIREITOS INDIVIDUAIS 
DESTINATÁRIOS: 
As pessoas que podem invocar os direitos individuais estão expressamente previstas no artigo 5º, 
caput, CF: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança (ESTA 
SEGURANÇA AQUI PREVISTA É A SEGURANÇA JURÍDICA – A SEGURANÇA PÚBLICA 
ESTÁ NO ARTIGO 6º) e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...). 
 
• BRASILEIROS (pessoas físicas e jurídicas) 
• ESTRANGEIROS residentes no país 
 não-residentes no país (turistas em territ. brasil.) 
 
No caso dos estrangeiros não residentes, para o professor José Afonso da Silva, eles só podem ser 
amparados pela lei caso estejam amparados por Tratados Internacionais (Corrente MINORITÁRIA) 
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Interpretação EXTENSIVA: a interpretação extensiva dos destinatários dos direitos individuais é 
feita com base na DPH e na primazia dos Direitos Humanos nas relações internacionais (art. 4º, II, 
CF). 
Fundamentos para inclusão das Pessoas Jurídicas: em um Estado de Direito não podem ser 
admitidos atos arbitrários ou abusivos de qualquer natureza, sendo certo que os DF são 
instrumentos de contenção do arbítrio. 
� As pessoas jurídicas internacionais, mas com sede no país, também podem invocar os direitos 
individuais. 
 
1 – DIREITO À VIDA 
PROTEÇÃO: 
O âmbito de proteção do direito à vida, ou seja, o bem jurídico aqui protegido é a vida humana em 
seu sentido biológico. 
 
RESTRIÇÕES: 
As restrições que podem ser impostas ao direito à vida são intervenções constitucionalmente 
fundamentadas. 
1ª RESTRIÇÃO: Pena de morte no caso de guerra declarada. 
Art. 5º, XLVII, “a”, CF, e art. 56, CPM. 
2ª RESTRIÇÃO: Aborto 
Artigo 128 CP – aborto necessário; 
Artigo 128 CP – aborto sentimental (gravidez resultante de estupro); 
ADPF 54 – aborto de anencéfalos. 
3ª RESTRIÇÃO: permissão de pesquisa com células-tronco embrionárias. 
Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança) 
4ª RESTRIÇÃO: permissão de abatimento de aeronaves que desobedeçam a normas impostas. 
Lei 9614/98 (Lei do Tiro de Destruição – Lei do Abate). 
 
 
 
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2 – DIREITO À IGUALDADE 
 Formal, ou Jurídica, ou Civil ou perante a lei 
Igualdade 
 Material, ou Fática, ou Real, ou perante os bens da vida. 
2.1 - 
Igualdade perante a lei ≠ Igualdade na lei 
 
PERANTE A LEI: é aquela dirigida aos responsáveis pela aplicação da lei (Poder Judiciário e Poder 
Executivo). 
NA LEI: dirige-se não apenas aos aplicadores da lei, mas também ao legislador, no momento de 
sua elaboração. 
AI 360.461-AgR: apesar desta distinção é feita, a igualdade se dirige a todos poderes. 
 
2.2 - 
Paradoxo da Igualdade: quem quer promover a igualdade fática, tem que estar disposta a aceitar 
a desigualdade jurídica. Ou seja, para que seja promovida a igualdade no plano fático, as pessoas 
deverão ser tratadas de forma diferente. 
 
2.2.1 – P. DA IGUALDADE JURÍDICA: visa a impedir que sejam adotados tratamentos diferenciados 
para situações essencialmente iguais ou tratamentos iguais para situações essencialmente 
diferentes, sem que haja uma justificativa legítima para tal. 
O P. da Igualdade Jurídica atua como uma espécie de regulador das diferenças. Ele não impede 
que a lei estabeleça diferenças, mas sim diferenças arbitrárias, injustas, preconceituosas etc. 
 
2.2.2 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE FÁTICA (ou material): impõe aos poderes públicos a adoção de 
medidas redutoras ou compensatórias de desigualdades de recursos ou que promovam o acesso a 
bens e utilidades. 
 
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Ação Afirmativa: consistem em políticas públicas ou programas privados, geralmente de caráter 
temporário, desenvolvidas com a finalidade de reduzir as desigualdades fáticas decorrentes de 
discriminações ou hipossuficiência por meio da concessão de algum tipo de vantagem 
compensatória de tais condições. 
Ex.: ADC 19 e ADI 4424 - Lei Maria da Penha; ADPF 186 DF – Sistema de Cotas na UNB; ADI 3330 - 
PROUNI; RE 597.285 - Sistema de Cotas na UFRS. 
 
3 – DIREITO À PRIVACIDADE 
3.1 – DISTINÇÕES CONCEITUAIS 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
 
� Se houver violação de um desses 4 direitos, em princípio, será devido uma indenização. 
 
PRIMA FACE: Esta inviolabilidade é apenas “prima face”, pois é apenas provisório, não é definitiva. 
Ou seja, não significa que esses direitos não podem ser afetados. Eles podem sofrer intervenção 
do Estado, desde que tenham uma justificação legítima. 
 
INTERVENÇÃO: Existem dois tipos de intervenção no âmbito de proteção de um direito: 
Violação 
Restrição 
 
VIOLAÇÃO: a violação a um direito fundamental ocorre quando há uma intervenção do Estado ou 
de um particular no âmbito de proteção de um direito fundamental, sem que haja uma 
fundamentação constitucional. 
RESTRIÇÃO: ocorre quando há uma intervenção do Estado ou de um particular no âmbito de 
proteção de um direito fundamental com base em uma fundamentação constitucional. 
Ex.: violação do direito à privacidade na divulgação das imagens de uma pessoa procurada pela 
polícia. Essa medida passa pelo teste da proporcionalidade (adequação, necessidade e 
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proporcionalidade em sentido estrito). A justificação para esta medida é a de promover o Princípio 
da Segurança Pública. 
 
� A legitimidade da intervenção (restrição) depende da existência de uma justificativa 
constitucional para que os dados sejam obtidos e da competência da autoridade para adotar a 
medida restritiva. 
 
a) INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL: consiste na captação ambiental de uma conversa ou de uma 
imagem, feitapor uma terceira pessoa sem o conhecimento de pelo menos um dos envolvidos. 
Haverá ilicitude na utilização dessas gravações quando houver violação: 
- da expectativa de privacidade; 
- e/ou de confiança decorrente de relações interpessoais ou profissionais. 
 
b) GRAVAÇÃO CLANDESTINA: consiste na captação de uma conversa pessoal ou telefônica sem 
que haja o conhecimento de um dos interlocutores. Esta gravação é feita por um dos 
interlocutores, e não por um terceiro. 
Haverá ilicitude quando: 
- for utilizada sem justa causa; ou 
- houver violação de causa legal específica de sigilo ou de reserva de conversação (STF AI 560.223 - 
AgR). 
 
c) QUEBRA DE SIGILO (bancário, fiscal, telefônico ou informático): consiste no acesso a 
informações particulares relativas a movimentações bancárias, ou referentes a declarações feitas 
à receita federal, ou constantes dos registros das operadoras de telefonia ou ainda contidas em 
arquivos eletrônicos. As autoridades competentes são: juízes e CPI’s (federais – art. 53, §3º, CF - e 
estaduais). 
 
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, (...). 
 
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Interceptação telefônica ≠ Quebra de sigilo telefônico 
Interceptação é a escuta da conversa, enquanto que a quebra do sigilo telefônico é o 
rastreamento da localização do aparelho celular. 
d) INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES: consiste na intromissão ou interrupção de uma 
comunicação epistolar, telegráfica, de dados ou telefônica feita por uma terceira pessoa sem o 
conhecimento de pelo menos um dos interlocutores. 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal; 
 
O artigo 5º, inciso XII, segundo o STF, não diz respeito ao direito à privacidade, mas sim à liberdade 
de comunicação. 
 
SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA: pode ser suspensa durante o Estado de Defesa (art. 136, §1º, I, 
“b”) e Estado de Sítio (art. 139, III). 
SIGILO DE DADOS: muitos autores interpretam como sendo apenas dados informáticos. O STF 
quando interpreta esses dados, interpreta de uma forma restritiva. No MS 21.729, o Sepúlveda 
Pertence disse que o que o art. 5º, XII, protege não são os dados em si, mas apenas a sua 
comunicação. 
COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA: ocorre por meio do grampo telefônico. 
Requisitos: 
1 – ordem judicial; 
2 – Somente poderá ser feito com base na Lei 9296/96 (matéria de processo penal). 
3 – Fins de investigação criminal ou instrução processual penal (HC 203.405 STJ). 
 
3.2 - INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO 
ÂMBITO DE PROTEÇÃO: CASA 
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XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
 
 Flagrante delito 
Situações emergenciais Desastre 
 Prestar socorro 
 
Situação não-emergencial: durante o dia, por determinação judicial 
� A palavra “casa” deve ser interpretada no sentido mais amplo possível a fim de compreender 
inclusive os espaços privados, não abertos ao público, onde alguém exerce determinada atividade 
profissional (HC 93.050). Inclusive, a definição de casa dada pelo Código Penal, é também utilizada 
para fins constitucionais: 
RESTRIÇÕES: no caso de determinação judicial (clausula da reserva de jurisdição), por não se 
caracterizar uma situação emergencial, só poderá ocorrer durante o dia. 
Definição de “dia”: 
Critério CRONOLÓGICO: dia é o período entre 06h00min e 18h00min. 
Critério FÍSICO-ASTRONÔMICO: dia é o período entre a aurora e o crepúsculo. 
 
 
4 – DIREITOS DE LIBERDADE 
 
Liberdade Negativa ≠ Liberdade Positiva 
 
Classificação segundo Norberto Bobbio: 
Liberdade NEGATIVA: também chamada de “Liberdade Civil”, “Liberdade de Agir” ou “Liberdade 
dos Modernos”. É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de agir, sem ser impedido, 
ou, de não agir, sem ser obrigado por outros. 
 
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Liberdade POSITIVA: também chamada de “Liberdade Política”, “Liberdade de querer” ou 
“Liberdade dos Antigos”. É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de orientar o seu 
próprio querer no sentido de uma finalidade sem ser determinado pelo querer dos outros. 
Consiste em uma autonomia pública ou autodeterminação (liberdade de fazer escolhas em 
matéria pública – liberdade política). 
 
4.1 – LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO 
Art. 5º - IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
 
4.1.1 – ÂMBITO DE PROTEÇÃO 
Liberdade prima face (é provisória). 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO: é como se fosse um gênero, um “direito mãe,” de onde derivam 
outros direitos, tais como: 
- Liberdade de Manifestação do Pensamento (art. 5, IV); 
- Liberdade de Comunicação (art. 5º, XII); 
- Liberdade de Imprensa (art. 220) 
etc. 
� STF ADPF 130: disse que a liberdade de expressão tem uma posição preferencial em relação às 
outras liberdades. 
 
4.1.2 – RESTRIÇÕES AO DIREITO DE LIBERDADE 
- Racismo 
- Vedação do anonimato; 
- Direito à privacidade (especialmente quando for ofensiva à honra de alguém, podendo gerar 
direito de resposta e direito de indenização); 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
 
4.2 – LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E DE CULTO 
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VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 
de culto e a suas liturgias; 
 
4.2.1 – ÂMBITO DE PROTEÇÃO 
A liberdade de consciência é a mais ampla e consiste na adesão a certos valores morais ou 
espirituais, independentemente de qualquer aspecto religioso. 
O culto é uma exteriorização da crença. 
Atenção: 
 “Objeção de consciência”: (também conhecida como escusa de consciência ou imperativo de 
consciência) prevista no artigo 5º, VII, CF. 
 
Tem que fazer parte de um pensamento estruturado, ser coerente e sincero. 
 
Ex. de objeção de consciência na CF: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo 
aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, 
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção 
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente 
militar. 
 
TRF 1 – AC 16.203: a obrigação de votar é meramente formal, então o indivíduo não pode invocar 
a objeção de consciência. A pessoa tem a liberdade de não votar em ninguém (de votar em branco 
ou nulo). A obrigação de votar é meramente formal. A pessoa tem apenas a obrigação de 
comparecer as votações, o que não violaria o direito à liberdade. 
STF - STA 389: alguns alunos judeus entraram com uma ação

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