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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 1 www.medresumos.com.br PROPEDÊUTICA OTORRINOLARINGOLÓGICA A otorrinolaringologia (ORL) é considerada uma das mais completas especialidades médicas do mundo, com características clínicas e cirúrgicas. Seu campo de atuação envolve as doenças que acometem o ouvido, o nariz e seios paranasais, a garganta, a faringe, a laringe, cabeça e pescoço. De uma forma geral, as principais doenças que acometem estas estruturas são inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. As infecções de vias aéreas superiores, por exemplo, são bastante frequentes, acometendo o adulto em torno de 4 vezes ao ano e a criança em torno de 6 vezes ao ano. Mesmo sendo infecções virais e autolimitadas, podem complicar, trazendo prejuízos ao indivíduo e à sociedade, o que mostra a importância da ORL. As sub-especialidades da ORL são aquelas que alcançam as áreas de atuações de outras especialidades médicas, tais como: oto-neurocirurgia (para cirurigas específicas da base do crânio), engenharia eletrônica e próteses implantáveis; cirurgia estética da face e tratamento de trauma de face; atuação na medicina legal e medicina do tráfego aero-espacial; medicina do sono. Para um melhor entendimento das patologias que a ORL aborda, é necessário uma breve revisão da anatomia das estruturas que a especialidade está responsável, facilitando a comunicação e a localização de lesões que estudaremos em capítulos subsequentes. ORELHA O órgão vestibulococlear, ou simplesmente, orelha ou ouvido, é o complexo morfofuncional responsável pela sensibilidade ao som e aos efeitos gravitacionais, do movimento e do equilíbrio. A orelha está abrigada na intimidade do osso temporal e consiste em três partes, cada qual com características estruturais e funcionais distintas: a orelha externa, a orelha média e a orelha interna. A primeira parte, a orelha externa, é formada pelo pavilhão da orelha ou pina, que se projeta lateralmente à cabeça e é responsável pela captação do som; e, também, pelo meato acústico externo, um curto conduto que se dirige do exterior para o interior do órgão e que se apresenta fechado na extremidade interna pela membrana do tímpano. A segunda parte, a orelha média, é formada principalmente por uma pequena câmara cheia de ar na porção petrosa do osso temporal denominada de cavidade do tímpano. Essa cavidade comunica-se com a nasofaringe por um canal osteocartilaginoso chamado tuba auditiva. Em direção oposta à tuba, a cavidade do tímpano liga-se também ao antro mastoideo e, assim, com as células do processo mastoide do osso temporal. Uma cadeia de três ossículos articulados, situados na cavidade do tímpano, estende-se da membrana do tímpano até a orelha interna e é responsável pela transmissão das vibrações provocadas pelas ondas sonoras que incidem sobre a membrana timpânica. Pode-se dizer que o complexo tímpano-ossicular tem a importante função de transferir a energia das vibrações do meio aéreo, elástico e compressível do ouvido externo a fim de modificar a inércia dos líquidos (perilinfa), incompressíveis, que envolvem os receptores especializados do ouvido interno. Arlindo Ugulino Netto. SEMIOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 2 www.medresumos.com.br A terceira porção, a orelha interna, consiste em um intricado conjunto de cavidades e canais no interior da porção petrosa do osso temporal, conhecidos como labirinto ósseo, dentro dos quais existem delicados ductos e vesículas membranosas, designadas, no seu conjunto, labirinto membranáceo, o qual contém as estruturas vitais da audição e do equilíbrio. O labirinto ósseo é constituído por: (1) uma cavidade óssea, de dimensões milimétricas, denominada vestíbulo, onde existem duas vesículas do labirinto membranáceo: o utrículo e o sáculo; três canais semicirculares ósseos; a cóclea óssea, a qual tem forma semelhante à de um caracol. Nos canais semicirculares, localizam-se os ductos semicirculares membranáceos e, na cóclea óssea, o ducto coclear, também membranáceo. A cóclea e – possivelmente também o sáculo – são estruturas associada à audição enquanto o utrículo, o sáculo e os ductos semicirculares estão associados ao movimento e ao equilíbrio. OSSO TEMPORAL O temporal é um osso bastante importante da base do crânio. Ele é a sede do órgão de audição e do equilíbrio e do acetábulo para a mandíbula. Portanto, sua estrutura também tem importância clínica. Admite-se que o termo “temporal” se deve ao fato de que, com o envelhecimento, os cabelos começam a embranquecer nesta região da cabeça. O temporal se desenvolve a partir de três brotamentos que se fundem, finalmente, em um único osso. Distinguem-se: A parte escamosa, que contém o acetábulo da articulação temporomandibular. A escama temporal, a maior estrutura desta porção do osso, guarda relação com a fossa média craniana. A parte petrosa, que contém o órgão da audição e do equilíbrio. A parte timpânica, que forma a maior parte do meato acústico externo. Devido ao seu desenvolvimento, o processo estiloide deriva da parte petrosa e não da parte timpânica, como sua posição poderia erroneamente sugerir. Já o processo mastoide é formado por duas partes do osso temporal: a parte petrosa e a parte escamosa. ORELHA EXTERNA PAVILHÃO AURICULAR O pavilhão auricular (pina) é formado por uma placa irregular de cartilagem elástica coberta de pele, que lhe confere forma peculiar, com depressões e elevações; no conjunto, exibe uma superfície lateral de aspecto côncavo e uma superfície medial convexa correspondente. As depressões e relevos desta face côncava recebem nomenclaturas anatômicas específicas – demonstradas na figura abaixo – e são importantes no fenômeno de acústica sonora para amplificação do som. Tanto é que, os antigos gregos construíam seus anfiteatros com formado de pavilhão auricular para melhorar a propagação sonora. Estruturalmente, a orelha é constituída por uma fina placa de cartilagem elástica, coberta por pele e unida às partes adjacentes por músculos e ligamentos. É contínua à parte cartilaginosa do meato acústico externo, que se prende à porção óssea por tecido fibroso. Esta cartilagem, por ser avascular, é suprida pelos vasos da pele. Quando o pavilhão sofre algum tipo de trauma, a cartilagem pode perder a sua vascularização devido ao descolamento do pericôndrio, causando fibrose, fazendo com que ele perca a sua conformação anatômica, como ocorre com as orelhas de lutadores de jiu-jitsu, que perde seu relevo natural devido aos microtraumas causados durante as lutas. Na parte posterior da orelha, existe um pequeno coxim gorduroso que aumenta a maleabilidade da pele nesta região. O lóbulo, por sua vez, é formado por tecido fibroso e adiposo, sem cartilagem. MEATO ACÚSTICO EXTERNO O meato acústico externo estende-se da concha à membrana do tímpano e mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento na parede póstero-superior. Estruturalmente, o meato consiste em um terço lateral cartilaginoso e dois terços mediais ósseos. O meato tem a forma de S, e à secção transversal apresenta-se de forma ovalada. A extremidade medial do meato ósseo é mais estreita do que a lateral e é marcada por um sulco, o sulco timpânico, onde se insere o ânulo fibrocartilaginoso da membrana do tímpano. No tecido subcutâneo da porção cartilaginosa do meato, são encontradas glândulas sebáceas e ceruminosas e folículos pilosos. Na pele da porção óssea do meato não existem pelos, exceto na parede superior. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 3 www.medresumos.com.br ORELHA MÉDIA A orelha média compreende a cavidade timpânica, o antro mastoideo e a tuba auditiva que, no conjunto, representam uma câmara pneumática, irregular e contínua através de passagens, em sua maior parte localizada no osso temporal. A cavidade timpânica é uma fenda cheia de ar, comprimida lateralmente, forrada pormucoperiósteo, a qual se estende em um plano oblíquo anteroposterior. A cavidade timpânica é fechada lateralmente pela membrana do tímpano, que serve como limite entre a orelha média e o meato acústico externo. Essa membrana, de forma elíptica, é fina, semitransparente, e está colocada obliquamente, inclinando-se em sentido medial. Ela exibe aspecto levemente côncavo na face externa devido à tração do manúbrio do martelo (o primeiro dos três ossículos do ouvido), firmemente fixo à face interna da membrana, fazendo com que ela permaneça como uma lona de circo tracionada. Se a orelha média estiver repleta por secreção purulenta, esta membrana pode mostrar-se abaulada, perdendo seu formato cônico. O ponto mais deprimido desta “tenda”, no centro da membrana, chama-se umbigo do tímpano e corresponde à extremidade do manúbrio do martelo. A partir deste ponto, uma linha esbranquiçada, a estria malear, causada pelo brilho do manúbrio, é vista na face externa passando em direção à margem superior. Na extremidade superior da estria aparece uma projeção delgada, a proeminência malear, formada pelo processo lateral (curto) do martelo. Daí, partem as pregas maleares posterior e anterior, que se dirigem as extremidades do sulco timpânico do anel timpânico do osso temporal. OBS 1 : A membrana timpânica normal apresenta cor pérola-acinzentada e reflete um cone de luz no quadrante anteroinferior, usualmente chamado de cone luminoso. A cavidade timpânica propriamente dita é limitada lateralmente pela membrana timpânica; superiormente por uma placa de osso compacto que forma o assoalho da fossa média da cavidade craniana; inferiormente pela parede jugular, marcada pela presença de células timpânicas delimitadas por trabéculas ósseas irregulares; posteriormente pela parede mastoidea; anteriormente pela chamada parede carótica, que contem o chamado músculo tensor do tímpano e o óstio timpânico da tuba auditiva (de Eustáquio). A parede anterior é separada da artéria carótida interna por uma placa óssea fina, na qual são descritas raras deiscências. Essa parede é perfurada por pequenos pertuitos que dão passagem aos vasos sanguíneos e aos nervos caroticotimpânicos para o plexo timpânico. Por fim, a parede medial ou labiríntica apresenta várias estruturas, a maioria das quais estreitamente relacionadas com o ouvido interno. As células aéreas localizadas no osso temporal (principalmente no processo mastoide) se abrem na cavidade timpânica, auxiliando na manutenção da pressão desta cavidade juntamente à tuba auditiva (ver OBS 3 ). Cruzando a cavidade timpânica existe um delgado ramo nervoso denominado corda do tímpano. Este, que consiste em um ramo do nervo lingual, é responsável por levar as informações gustatórias dos dois terços anteriores da língua até o nervo facial, além de levar fibras eferentes viscerais (parassimpáticas) para as glândulas submandibular e sublingual. Os ossículos da orelha média formam uma cadeia articulada suspensa na cavidade do tímpano, responsável pela condução e amplificação das ondas sonoras da orelha externa para a orelha interna. São eles: Martelo: derivado da cartilagem de Meckel, é o primeiro e maior ossículo da cadeia. Consiste em cabeça, colo, processo lateral, processo anterior e manúbrio ou cabo. O manúbrio é longo, com a extremidade achatada, em forma de espátula firmemente presa à membrana do tímpano, cuja lâmina própria se divide para envolver o manúbrio ao nível do umbigo. O martelo é sustentado pela sua fixação na membrana timpânica, pelo músculo tensor do tímpano (inervado pelo nervo do músculo pterigoideo medial, ramo do mandibular do trigêmeo; é responsável por modificar os movimentos da cadeia ossicular junto ao pequeno músculo estapédio), por ligamentos próprios e por sua articulação com a bigorna. Bigorna: é o mais longo dos três ossículos. Consiste em um corpo, um processo curto, um processo longo e no processo lenticular. Assemelha-se a um dente pré-molar, com duas raízes divergentes comparáveis aos processos longo e curto. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 4 www.medresumos.com.br Estribo: é o menor e mais medial elo da cadeia ossicular. Consiste na cabeça, na base e em dois ramos ou cruras. Nota-se uma área irregular imediatamente acima do ramo posterior representada pelo local de inserção do tendão do músculo estapédio (inervado pelo nervo para o músculo estapédio, ramo do nervo facial). A base, ou platina do estribo, apresenta formas muito variáveis e está acoplado à janela oval da cóclea. Os ossículos, por meio de dois mecanismos, promovem a amplificação do som: (1) a alavanca entre os ossículos; e (2) o mecanismo hidráulico, que concentra na pequena janela oval todo o som que chega na grande membrana timpânica, aumentando a energia sonora. Estes mecanismos garantem a amplificação do som em torno de 22 vezes, o que é importante no que diz respeito à mudança de meio de propagação do som: este passará de uma propagação aérea para uma propagação líquida, onde o som torna-se mais lento e com menor energia. Daí a importância de ampliar a energia sonora. OBS 2 : Admite-se que o músculo tensor do tímpano e o estapédio (menor músculo do corpo humano) se contraem simultaneamente e reflexamente, reagindo a sons de alta intensidade e exercendo um efeito protetor pelo amortecimento das vibrações que atingem o ouvido interno. OBS 3 : A presença de ar na cavidade timpânica é bastante importante na manutenção pressórica regional, o que mantém a harmonia no funcionamento dos ossículos da orelha média. Se nesta cavidade houver uma pressão negativa ou positiva com relação ao seu padrão normal, ocorre um distúrbio no funcionamento dos ossículos, causando alterações na audição. A entrada ou saída de ar na cavidade timpânica e, deste modo, o controle da pressão regional, é realizada pela tuba auditiva (de Eustáquio). Esta promove a comunicação da orelha média com a rinofaringe e, a cada deglutição, o óstio faríngeo da tuba auditiva se abre, permitindo o controle adequado desta pressão. Quando há uma variação abrupta da pressão atmosférica, esta diferença atinge a tuba auditiva e, consequentemente, a cavidade timpânica, causando uma distorção da membrana timpânica, causando um desconforto auditivo. ORELHA INTERNA O som, captado pela concha auditiva no pavilhão auricular, percorre o meato acústico externo e faz vibrar a membrana timpânica. Esta, por sua vez, propaga o som ao longo dos ossículos que vibram e passam o estímulo sonoro para a orelha interna. Esta, localizada na porção petrosa do osso temporal, contém as partes vitais dos órgãos da audição e do equilíbrio, que recebem as terminações dos ramos coclear e vestibular do nervo vestibulococlear. Consiste em três partes principais: o labirinto ósseo ou perilinfático, o labirinto membranáceo ou endolinfático e a cápsula ótica ou labiríntica circunjacente. O labirinto ósseo está dentro da parte petrosa do osso temporal, medindo cerca de 20 mm de comprimento no seu eixo maior e constitui o estojo que aloja o labirinto membranáceo. Apresenta três componentes não completamente divididos: o vestíbulo, os canais semicirculares e a cóclea. É forrado por fino periósteo, o qual é revestido com uma delicada camada epitelioide e contém um líquido – a perilinfa – que envolve todo o labirinto membranáceo. As estruturas que compõem o labirinto membranoso estão contidas nos compartimentos formados pelo labirinto ósseo. O labirinto membranoso é um sistema de vesículas e ductos preenchidos por um líquido claro, a endolinfa. As partes fundamentais do labirinto membranáceo são ducto coclear, o utrículo, o sáculo, os três ductos semicirculares e suas ampolas, e o saco e o ducto endolinfáticos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 5 www.medresumos.com.br NARIZ E CAVIDADE NASAL A palavra nariz (do latim, nasus; do grego, rhinus) diz respeito ao nariz externo eà cavidade nasal. O nariz tem como funções a olfação, a condução e o condicionamento do ar, por meio da filtração, do aquecimento e da umidificação, e a recepção de secreções dos seios paranasais e de lágrimas provenientes do ducto nasolacrimal. O nariz externo é uma formação piramidal que se projeta no centro da face, trazendo harmonia a mesma. No crânio seco, observa-se a abertura piriforme, que é delimitada pelos ossos nasais e pelo processo frontal de cada maxila. A raiz do nariz corresponde à área de articulação dos ossos nasais com o frontal. O ápice é a extremidade livre do órgão, e o dorso é a margem que se estende da raiz ao ápice. A face inferior do nariz apresenta duas aberturas ovaladas, as narinas, que dão acesso à cavidade nasal. A cavidade nasal estende-se das narinas anteriormente, às coanas, posteriormente. O teto dessa cavidade, estreito e encurvado, está associado aos seios esfenoidal e frontal e à fossa anterior e média do crânio, além de apresentar o nervo olfatório. É formado, de diante para trás, pelos ossos frontal, etmoide (lâmina crivosa) e corpo do esfenoide. A cavidade relaciona-se, de cada lado, acima com a órbita e as células aéreas etmoidais; abaixo, com o seio maxilar e com as fossas pterigopalatina e pterigoidea. O assoalho da cavidade nasal, mais largo que o teto, corresponde ao palato duro, formado pelos processos palatinos dos maxilares e pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos, que separa a cavidade nasal da oral. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 6 www.medresumos.com.br A parede lateral da cavidade nasal é bastante acidentada, complexa e importante. É formada por parte dos ossos nasal, maxilar, lacrimal, etmoide (células aéreas e conchas nasais superior e média), concha nasal inferior, lâmina perpendicular do osso palatino e lâmina medial do processo pterigoide do osso esfenoide. As conchas nasais e seus respectivos meatos, que são espaços em forma de fenda entre a curvatura da concha e a parede propriamente dita, são observados em cortes sagitais da cavidade nasal. As conchas superior e média pertencem ao osso etmoide, e a concha nasal inferior é um osso isolado, que se articula com o maxilar, lacrimal, etmoide e palatino. As conchas são, portanto, estruturas ósseas revestidas por mucosa, que apresentam um plexo venoso interno controlado pelo sistema nervoso central, sendo responsável por filtrar e umedecer o ar. Contudo, estas conchas tornam- se edemaciadas ou “turbinadas” seguindo o denominado ciclo nasal, de modo que os vasos, sob comando nervoso, geram um edema que reveza por todas as conchas: a cada seis horas (aproximadamente), uma concha estará sob tônus parassimpático (fase de limpeza e preparação do ar), o que causa o edema, a secreção glandular, batimento ciliar e obstrução nasal parcial; enquanto as demais estarão sob tônus simpático (fase respiratória). O edema da concha nasal faz com que o ar entre em maior contato com a mucosa, melhorando a função de filtrar, umedecer e purificar o ar. Este rodízio, ao longo do dia, é quase que imperceptível, uma vez que a resistência nasal total não se altera. O ciclo envolve, principalmente, a concha nasal inferior. OBS 4 : Medicamentos que contém cloridrato de nafazolina ou efedrina (como o Sorine®) são simpatomiméticos, e atuam causando uma vasoconstricção regional na mucosa nasal, diminuindo o edema responsável pela obstrução nasal. Contudo, estes medicamentos causam uma vasodilatação rebote para compensar o período em que a mucosa sofreu a pequena isquemia. Como foi comentado, entre as conchas nasais existem fendas denominadas de meatos nasais. Estes espaços são importantes por marcarem a desembocadura dos óstios das principais estruturas anexas à cavidade nasal: os seios paranasais e o ducto lacrimal. A relação entre estas estruturas e os meatos se dá da seguinte forma: Meato nasal inferior: ducto nasolacrimal. Meato nasal médio: seio frontal, seios etmoidais anteriores e seio maxilar. Desembocam no chamado complexo ostiomeatal, constituindo a estrutura mais importante das doenças paranasais. Meato nasal superior: seio esfenoidal e células etmoidais posteriores. OBS 5 : É importante destacar ainda as relações dos seios etmoidais com a fossa anterior do crânio e com as órbitas, o que justifica os casos de rinossinusites que acometem as semi-células aéreas do osso etmoide causarem quadros de infecções intracranianas. Além disso, os seios etmoides são separados das órbitas por meio de uma delgada membrana óssea denominada de lâmina papirácea do osso etmoide, o que pode causar uma disseminação das infecções paranasais para a órbita, comum em crianças, causando, inclusive, amaurose (déficits visuais). FARINGE E LARINGE A faringe é dividida, didaticamente, em três áreas anatômicas: partes nasal, oral e laríngea, sendo constituída por uma armação fibrosa (fáscia faringobasilar – túnica média), músculos constrictores e levantadores (túnica externa) e um revestimento mucoso (túnica interna). As paredes da faringe são constituídas de três músculos que estão envolvidos com o ato da deglutição. Esses músculos são os constrictores da faringe superior, médio e inferior. Essas fibras musculares estriadas originam-se na rafe mediana, no meio da parede posterior da faringe, estendem-se lateralmente e se inserem no osso e no tecido mole localizado anteriormente. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 7 www.medresumos.com.br Em todas as divisões da faringe, existem focos de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) responsáveis por combater infecções respiratórias e digestivas. Existem tonsilas (agregado de MALT) presentes no teto da parte nasal da faringe (tonsila faríngea ou adenoide); as tonsilas tubárias estão localizadas próximas aos óstios faríngeos da tuba auditiva; as tonsilas localizadas entre os pilares amigdalianos são chamadas de tonsilas palatinas (amígdalas); e, mais inferiormente, as tonsilas linguais, localizadas na base da língua. O conjunto destas tonsilas forma um verdadeiro anel ao longo das aberturas de entrada da faringe – o chamado anel linfático de Waldeyer. A laringe é um órgão complexo, envolvido com a fonação, formado por 9 cartilagens interconectadas por membranas, ligamentos e articulações sinoviais. Situa-se na parte anterior e mediana do pescoço ao nível de C3 a C6, presa ao osso hioide e à raiz da língua. A laringe é separada da faringe através de um muro de membrana localizado entre a cartilagem epiglote e as cartilagens aritenoides (membrana ou prega ariepiglótica). Bilateralmente a esta prega, encontramos os chamados recessos (ou seios) piriformes, que se continuam diretamente com o esôfago. A presença de alimentos nestes seios piriformes causa o chamado engasgo, o que desencadeia reflexos como o da tosse. O esqueleto cartilaginoso da laringe é formada por 3 cartilagens ímpares (tireoidea, cricoidea e epiglótica) e por 3 cartilagens pares (aritenoidea, corniculada e cuneiforme). Cartilagem tireoide: Composta por duas lâminas que se fundem anteriormente no plano mediano, em seus 2/3 inferiores para formar a proeminência laríngea (relevo mais visível em homens). Têm-se como meios de fixação dessa cartilagem: Membrana tireo-hioidea (fixação superior com o hioide): ligamento tireo-hioideo mediano e ligamentos tireo-hioideos laterais. Articulação cricotireoidea (sinovial): entre corno inferior e face lateral da cartilagem cricoide. Cartilagem cricoide: tem forma de anel, possuindo um arco anterior e uma lâmina posterior. É uma cartilagem espessa e resistente, representando o único anel completo de cartilagem. Possui duas superfícies articulares: duas inferiores para os cornos inferiores da cartilagem tireoide; e duas superiores para as cartilagens aritenoides. Tem como meios de fixação: Ligamento cricotireoideo mediano:espessamento na membrana cricotireoidea que serve como fixação superior com a margem da cartilagem tireoidea. Ligamento cricotraqueal: fixação inferior com o 1º anel traqueal. Cartilagem aritenoidea: cartilagem com forma piramidal articulada com as faces articulares superiores da cartilagem cricoide, na porção lateral da margem superior da lâmina da cartilagem cricoide. O ligamento vocal estende-se da junção das lâminas da cartilagem tireoidea ao processo vocal da aritenoide. Corresponde à margem superior do ligamento cricotireoideo, sendo revestido pela prega vocal. É a vibração desse ligamento que vai dar os sons das vogais na fonação. É constituída por: Ápice (superiormente), Processo vocal (anteriormente) e pelo processo muscular (lateralmente). Ápice: sustenta a cartilagem corniculada Processo vocal: fixa o ligamento vocal e presta inserção ao músculo vocal. Processo muscular: fixa os músculos cricoaritenoideos posterior e lateral Articulações cricoaritenoides: articulações sinoviais que permitem a mobilidade das aritenoides, importante nos movimentos das pregas vocais. Cartilagem epiglótica: única cartilagem da laringe do tipo elástica (o restante é do tipo hialina). Situa-se atrás da raiz da língua e do osso hioide. Forma a margem superior e parede anterior do ádito da laringe. Sua extremidade Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 8 www.medresumos.com.br superior é livre e sua extremidade inferior é mais afilada (percíolo epiglótico) e está fixada ao ângulo formado pelas lâminas da cartilagem tireoide pelo ligamento tireoepiglótico. Tem como meios de fixação: Ligamento tireoepiglótico: fixa às lâminas da cartilagem tireoidea. Ligamento hioepiglótico: fixa a face anterior ao hioide. Membrana quadrangular: fixa as faces laterais da cartilagem à aritenoide. A partir dessa membrana, têm-se a formação do: ligamento vestibular (margem livre inferior da membrana quadrangular); as pregas vestibulares (estende-se da cartilagem tireoidea à aritenoidea, acima da prega vocal); ligamento ariepiglótico (margem superior livre da membrana quadrangular) e prega ariepiglótica (contém as cartilagens corniculadas e cuneiformes em sua região posterior). O som que caracteriza a voz resulta da variação da relação de contração e relaxamento das pregas vocais (tensão e comprimento das pregas), na largura da rima da glote (consiste no espaço entre as pregas vocais e processos vocais da aritenoide) e na intensidade do esforço respiratório. As pregas vestibulares (falsas cordas vocais) estão localizadas superiormente às pregas vocais, mantendo uma função protetora. Elas envolvem os ligamentos vestibulares. As pregas vocais (cordas vocais verdadeiras) são compostas pelo ligamento vocal e o músculo vocal. São as principais responsáveis pela vibração que produz os sons (de vogais). De acordo com sua funcionalidade, esses músculos são classificados em: músculos extrínsecos da laringe (Supra-hioideos e Infra-hioideos) e músculos intrínsecos da laringe, que alteram o comprimento e tensão das pregas vocais e tamanho e formato da rima da glote. Estes últimos podem funcionar como: esfíncteres, adutores, abdutores, tensores e relaxadores. Os músculos intrínsecos podem originar-se na cartilagem cricoide (músculos cricotireoideos, músculos cricoaritenoideos laterais e músculos cricoaritenoideos posteriores) ou podem unir as cartilagens tireoide e aritenoide, como os músculos tireoaritenoideos (fibras paralelas ao ligamento vocal), o músculo vocal (fibras fixadas ao ligamento vocal). Podem também unir as cartilagens aritenoideas entre si (músculo aritenoideo transverso e músculo aritenoideo oblíquo) e unir as cartilagens aritenoides e epiglote, com faz o músculo ariepiglótico (fibras do aritenoideo oblíquo que se estendem até a epiglote na prega ariepiglótica). Esses músculos podem ser classificados como: Adutores: aproximam as pregas. Músculos cricoaritenoideos laterais e aritenoideos (oblíquo e transverso). Nota: alguns autores consideram tais músculos como esfíncteres devido à sua ação. Abdutores: alargam a rima da glote. Músculos cricoaritenoideos posteriores Esfíncteres: fecham e abrem a glote durante a deglutição. Músculos cricoaritenoideos laterais, Músculos aritenoideos oblíquos, Músculos ariepiglóticos. Tensores: tensionam as cordas vocais ao inclinar a cartilagem tireoidea anteriormente (gerando a voz alta). Músculos cricotireoideos e m Relaxadores: deixam as cordas flácidas tracionando as aritenoides (gerando voz baixa). Músculos tireoaritenoideos. SEMIOLOGIA OTORRINOLARINGOLÓGICA ANAMNESE Na anamnese para a ORL, não se faz de forma completa, mas sim, uma forma específica e dirigida para as afecções do nariz, orelha, cavidade oral, faringe e laringe. Contudo, o seguinte protocolo deve ser seguido: identificação do paciente, queixa principal e duração, história da doença atual, doenças pré-existentes e medicamentos, interrogatório sintomatológico, antecedentes pessoais e familiares, etc. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 9 www.medresumos.com.br SINAIS E SINTOMAS Do ponto de vista auditivo, os principais sintomas são: Otalgia: dor auditiva. Pode ser causada por doenças infecciosas que acometam a orelha externa e média. Otorreia: presença de secreção que drena pelo meato acústico externo. Patologias inflamatórias ou tumorais podem causar otorreia com aspecto purulento, mucoide e/ou sanguinolento. Pode ser classificada como contínua ou intermitente. A otoliquorreia, isto é, secreção de líquor pelo ouvido, é um sintoma comum em fraturas de base do crânio. Otorragia: sangramento oriundo do meato acústico externo, que pode ter várias etiologias: trauma da orelha externa, da orelha média (rompimento da membrana timpânica), etc. Zumbidos: sensação de distorção auditiva. Vertigem: sensação de rotação do meio. Disacusia: déficit auditivo, que se manifesta na dificuldade que o paciente tem de ouvir ou distinguir os sons. Pode ser leve ou moderada (hipoacusia), acentuada (surdez) ou total (anacusia ou cofose). Os principais tipos de disacusia são condutiva (obstrução do meato acústico externo ou da membrana timpânica), neurossensorial (lesão do nervo vestibulococlear), mista ou central (lesão cortical: giro temporal transverso anterior). Pacientes com doenças rinossinusais podem apresentar os seguintes sintomas: Obstrução nasal Espirro Prurido Coriza Descarga nasal (gotejamento) anterior e posterior Dor, cefaleia e pressão facial Alterações do olfato e alucinações olfativas Alterações gustatórias Alterações da fonação Epistaxe Indivíduos com afecções da laringe ou da faringe poderão apresentar: Dor: incômodo doloroso na região da garganta. Odinofagia: dor ao deglutir. Disfagia: dificuldade de deglutição Dispneia Tosse Pigarro Halitose Disfonias EXAME FÍSICO Os materiais básicos necessários para a realização do exame físico são: Espéculos auricular e otoscópio ou microscópio; Pinças auriculares; Estiletes e curetas de ouvido; Espelho frontal e foco de luz (fotóforo); Espéculos nasais; Pinças e estiletes nasais; Abaixadores da língua; Espelho de Garcia; Endoscópios flexíveis ou rígidos. As etapas do exame físico são: inspeção, palpação, otoscopia, rinoscopia anterior e posterior, oroscopia, laringoscopia indireta. INSPEÇÃO E PALPAÇÃO As seguintes estruturas devem ser avaliadas e devidamente palpadas: Orelha: avaliar a forma do pavilhão auricular, a integridade das cartilagens, a região retro e pós-auricular, palpar linfonodos. Nariz e seios paranasais: avaliar o vestíbulo (entrada do nariz), estruturas da pirâmide nasal e seu eixo (pesquisar por desvios nasais) e integridade das narinas. Boca e orofaringe: avaliar, separadamente, os lábios, vestíbulos, gengivas, mucosas jugais (bochechas),língua, assoalho, teto (palato duro e mole, tonsilas). Realizar o exame do pescoço. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 10 www.medresumos.com.br OTOSCOPIA A otoscopia consiste no exame direto do conduto auditivo e da membrana do tímpano, com uso de aparelho denominado otoscópio. A técnica para a realização do exame é peculiar, e consiste nas seguintes manobras: primeiramente, com a mão não-dominante, o examinador deve tracionar o pavilhão auricular para trás e para cima, no intuito de retificar o meato acústico externo; introduz-se o espectro com tamanho adequado para conseguir chegar o mais profundo possível. Todas as etapas de introdução devem ser avaliadas: integridade dos terços laterais e mediais do meato acústico externo (existem doenças, como a foliculite, que só se manifesta no terço externo do meato) e avaliar a integridade da membrana timpânica. As características desta devem ser avaliadas minuciosamente: normalmente, a membrana timpânica é transparente, de coloração pérola-acinzentada e que permite a observação de algumas estruturas mais profundas da orelha média. O manúbrio ou cabo do martelo e o processo lateral do martelo são estruturas de projeção na membrana timpânica. Este processo determina a posição anatômica da membrana timpânica: sendo sua inclinação mais anterior, para onde o processo apontar (se estiver mais próximo do plano direito ou esquerdo), será o lado correspondente da membrana timpânica (na figura abaixo, temos a visão da membrana timpânica direita). Dois ligamentos que se destacam do processo lateral do martelo também são evidentes: o ligamento malear anterior e o ligamento malear posterior. Eles dividem a membrana em duas regiões: uma menor e mais superior – a parte flácida – e outra maior, localizada inferiormente aos ligamentos – a parte tensa. Além desta divisão, para a melhor localização das lesões da membrana timpânica, devemos dividi-la em quadrantes a partir de duas linhas, uma paralela ao martelo e outra perpendicular ao umbigo do martelo. Os quadrantes são ântero-superior, ântero-inferior, póstero- inferior e póstero-superior. Devemos sempre procurar a presença do chamado cone de luz ou triangulo luminoso que, normalmente, está localizado no quadrante ântero-inferior. Este cone de luz nada mais é que um reflexo da luz do otoscópio. Lesões no quadrante póstero-superior são consideradas mais graves devido as suas relações mais amplas com as articulações dos ossículos e com o nervo corda do tímpano. Contudo, acessos cirúrgicos no quadrante ântero-inferior correm o risco de lesão da artéria carótida interna (que passa nesta região do osso temporal separada da orelha média por uma fina placa óssea) e no quadrante póstero-inferior, lesão do seio sigmoide. RINOSCOPIA ANTERIOR E POSTERIOR A cavidade nasal deve ser examinada com uma fonte de luz que permita trabalhar com as mãos livres (espelho frontal e/ou fotóforo) para manipulação da cavidade nasal. A avaliação completa da cavidade nasal pode ser feita por meio da rinoscopia anterior e da posterior. A rinoscopia anterior consiste na avaliação da cavidade nasal através das narinas, com o auxílio de um espéculo nasal. O instrumental básico da rinoscopia anterior é constituído do espelho de Glatzell, do espéculo nasal, da pinça baioneta, do algodão laminado e da solução de efedrina a 2%. A visão especular da cavidade nasal permite a avaliação das conchas nasais, dos meatos e parte do septo nasal, de maneira bastante clara. Para a realização da rinoscopia, Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 11 www.medresumos.com.br devemos fazer duas manobras em tempos diferentes: (1) manter a cabeça parada para o exame do assoalho da cavidade nasal; (2) com a cabeça levantada, para avaliar o meato nasal médio. A rinoscopia posterior consiste na utilização do espelho de Garcia (o mesmo utilizado para a laringoscopia indireta), cuja lente será voltada para cima, no intuito de observar a rinofaringe e as coanas. Devidos aos inconvenientes deste exame, a rinoscopia posterior vem entrando em desuso, sendo substituída pelo uso de endoscópios. OROSCOPIA A oroscopia, muito frequentemente, necessita do auxílio de uma espátula ou abaixador de língua. Para a realização do exame, o paciente abaixa a boca sem por a língua para fora. Isso porque, ao projetar a língua, as formações anatômicas posteriores da cavidade oral também são projetadas (como a faringe e as tonsilas), falsificado a inspeção. Durante a oroscopia, devemos avaliar a boca e a orofaringe. Para isso, é necessário uma iluminação adequada, que preferencialmente deve ser com espelho frontal ou fotóforo; em alguns casos em que a lesão deve ser observada com muitos detalhes, pode ser usada lente de aumento. Na boca, devemos avaliar todas as estruturas da cavidade oral propriamente dita e as outras estruturas a ela relacionadas: tecido ósseo, glândulas salivares (e seus ductos de desembocadura), língua, linfonodos regionais que possam estar aumentados de volume e articulação temporomandibular. A palpação da cavidade oral é indispensável para alguns diagnósticos. LARINGOSCOPIA INDIRETA Apesar da enorme tradição de exames da laringe por meio da rinoscopia posterior e da laringoscopia indireta, ambos com espelho de Garcia, não podemos deixar de considerar estes exames complementares como obsoletos nos dias da fibra óptica. Contudo, ao se realizar a laringoscopia indireta, devemos lembrar que a imagem é invertida. A videolaringoscopia é bem mais utilizada que a inspeção direta da laringe por aumentar a imagem em pelo menos 30 vezes. Contudo, a técnica de inspeção da laringe utilizando o espelho de Garcia é descrita na figura ao lado e anatomia da parte superior da laringe na figura abaixo.
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