Behaviorismo e Introspecção

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EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA 
Profª Adriana Portugal 1 
BEHAVIORISMO E INTROSPECÇÃO 
INTROSPECÇÃO 
 
 
Consiste numa observação feita pelo psicólogo sobre os 
fatos de sua própria vida mental, quer dizer, sobre aquilo 
que se passa ou se produz no interior de sua própria 
consciência. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
Sistematizada por Henri Bergson 
 
O desenvolvimento da psicologia experimental e científica 
teve que enfrentar sérias oposições, enquanto pretendia 
romper com a especulação filosófica, de que foi, no decurso 
dos séculos, uma fiel companheira. 
No momento em que a psicologia experimental e científica 
tentava se constituir como ciência teve que enfrentar a 
oposição virulenta de Bergson. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
Bergson criticou severamente as tentativas que visavam 
estudar o psiquismo humano através dos métodos 
objetivantes. 
 
Bergson pretendia demonstrar que a psicologia não pode 
ser constituída no nível da experiência, entendida num 
sentido positivista e materialista. Procurou mostrar que tal 
experiência mutilava a realidade que se pretendia estudar. 
A reivindicação de Bergson foi taxada de reação 
sentimental, porque pretendia substituir as pesquisas cujo 
desenvolvimento só poderia ser assegurado pela 
“observação” objetiva e pela experimentação, por 
intuições inverificáveis e subjetivas. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
Para Bergson, o elemento fundamental é aquilo que ele 
chama de “duração pura”. Esta duração se revela ao 
investigador dos “dados imediatos da consciência como a 
realidade por excelência”. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
Para Bergson é uma ilusão considerar os estados de 
consciência como unidades distintas, como espécies de 
átomos psíquicos regidos por leis associativas. 
Não se trata de elementos quantitativos, mas de uma 
continuidade cuja aparente multiplicidade é inteiramente 
qualitativa. Trata-se de momentos heterogêneos que se 
penetram, se misturam e se organizam, de tal forma que não 
se pode dizer se são um ou vários: quando apreendidos 
quantitativamente, são desnaturados. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
O ponto central do pensamento de Bergson é a radical 
distinção que ele estabelece entre duração e espacialidade. 
O corolário desta distinção é a que ele estabelece entre a 
inteligência que só consegue representar o descontínuo, e o 
instinto. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
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É a oposição entre inteligência e instinto que funda seu intuitivismo. 
O instinto apreende o real “de dentro”, por um conhecimento vivido e 
não representado. 
O instinto se torna, no homem, fonte de conhecimento. E ao tornar-se 
consciente de si mesmo, transforma-se em intuição. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
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O instinto, faculdade de utilizar e de construir instrumentos 
organizados, permanece prisioneiro da pré-adaptação que o constitui. 
A inteligência, por sua vez, faculdade de fabricar e de empregar 
instrumentos não organizados, abre o caminho a uma auto adaptação 
indefinida. 
O instinto está em continuidade com a vida. 
A TEORIA INTROSPECTIVA 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
A descoberta dos reflexos condicionados surgiu, em 
primeiro lugar, no domínio da psicologia animal levando 
em conta a importância que o behaviorismo de Watson deu 
a essa descoberta nos Estados Unidos, podemos dizer que 
representa uma contribuição capital à nova psicologia, sob 
seu aspecto mais radicalmente objetivista. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
O fisiólogo e neurologista Pavlov (1849-1939) 
desenvolveu um trabalho de experimentação com cães que 
consiste essencialmente em substituir um excitante ou 
estímulo primitivo, gerando um reflexo absoluto e 
incondicionado, por um novo excitante ou estímulo 
condicionado (chamado de signal por Pavlov) que 
provocará por sua vez uma resposta reflexo adquirida. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
O trabalho de Pavlov demonstra que uma nova associação 
reflexa surge entre o centro auditivo ou visual e o centro 
salivar: o reflexo condicionado ou associado. E Pavlov 
acredita que todo fenômeno natural pode tornar-se signal: 
um som, um odor, uma estimulação da pele, etc. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
A experimentação veio demonstrar que esses reflexos 
condicionados colocam em jogo processos não somente de 
excitação como também de inibição. 
Um cão pode tornar-se apto a reagir apenas a certos 
estímulos, com exclusão de outros. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Entretanto, os estímulos externos que criam os 
condicionamentos são mecanismos frágeis, podendo 
desaparecer quando não continuam a ser mantidos por 
uma reintrodução passageira do estímulo natural (a carne). 
Na ausência desse estímulo, aumenta o tempo de reação, e 
diminui progressivamente a secreção salivar, produzindo a 
chamada “inibição interna”. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Inibição interna é a tendência do reflexo condicionado a 
desaparecer. 
Entretanto para que tais experiências possam ter resultado, 
é preciso que se criem condições particulares de 
isolamento. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Pavlov constatou que, se o animal fosse bruscamente 
perturbado pela chegada repentina de um estranho, uma 
“inibição externa” viria comprometer o bom andamento da 
experiência.. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
A doutrina behaviorista consolidou-se sobretudo a partir 
do famoso artigo de Watson (1849-1936), intitulado 
Psychology as the behaviorist views it (1913). Psicologia 
como o behaviorista a vê. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
O artigo mencionado apresentou-se como uma tomada de 
posição radical contra toda e qualquer psicologia que 
pensasse poder utilizar a introspecção e pressupusesse a 
existência da consciência como sendo objeto de estudo da 
psicologia. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
O behaviorismo, ao contrário, pretende que o domínio da 
psicologia seja única e exclusivamente o comportamento 
humano. 
Estima-se que a consciência não é um conceito nem 
definido nem inteligível. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
A crença na existência da consciência, segundo o 
behaviorismo, nos remete aos velhos tempos da 
superstição e da magia. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Qual o conteúdo do termo consciência? O que ele 
significa? 
Para um psicólogo behaviorista, comportamento é tudo 
aquilo que um organismo vivo, animal ou humano, faz e 
diz em determinada situação; e que se torna, assim, 
susceptível de ser observado a partir do exterior. 
Profª Adriana Portugal 
REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
 
Paul Guillaume achou por bem instaurar para a psicologia 
um método objetivo puro, visando o estudo do 
comportamento. Para ele, os métodos objetivos devem 
estudar o comportamento, mas o comportamento 
relacionado com a situação em que ele é produzido. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Não é mais o estado de consciência pessoal, mas a 
relação do comportamento com a situação que o 
engendra. 
Guillaume está convencido de que não somente 
podemos, como também devemos estudar as leis do 
comportamento humano e animal da mesma forma como 
estudamos as leis do comportamento físico-químico de 
um corpo qualquer. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Segundo a regra behaviorista podemos estudar o 
comportamentode outrem ou o nosso. O estado de 
consciência, enquanto tal, permanece um domínio 
privado: somente aquele que o vive pode observá-lo, só é 
acessível á pessoa singular, cuja observação permanece 
subjetiva. O comportamento, ao contrário, pertence ao 
domínio público, qualquer um pode, em princípio, 
observá-lo. E por isso se torna objeto de ciência. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Ao reduzir o objeto da psicologia ao comportamento 
humano externo, o behaviorismo não tem em mira outra 
coisa senão alcançar esta forma indiscutida da 
objetividade científica que já demonstrou sua validez e 
sua eficácia no domínio das ciências físicas, biológicas e 
químicas. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Como é que a psicologia behaviorista pensa o 
comportamento? Para ela comportamento é pura e 
simplesmente uma reação ou resposta do sujeito 
observado (homem ou animal) à situação na qual se 
encontra. 
Em outras palavras, comportamento é uma resposta do 
sujeito observado ao estímulo que age sobre ele. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
S  R 
Dado de entrada 
(input) 
Dado de saída 
(output) 
= estímulo = resposta 
Aparelho = 
sujeito 
Black box 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Cumpre salientar que a psicologia do comportamento não 
explicita esta similitude entre o sujeito, cujo 
comportamento observa, e o aparelho que transforma 
um dado de entrada em um dado de saida. 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
No dizer de B. F. Skinner, o sujeito cujo comportamento é 
observado só pode ser considerado pelo observador 
como uma “caixa negra” (black box), isto é, como um 
aparelho cujo interior é inteiramente desconhecido. Não 
se pode saber como este aparelho é fabricado, nem 
tampouco como, em seu interior, o dado de entrada 
(input) se transforma em um dado de saída (output) 
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REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
O positivismo de Skinner perdeu a ingenuidade do 
positivismo clássico. Este consistia essencialmente em 
lidar única e exclusivamente com os fatos observáveis, a 
fim de estabelecer, entre eles relações receptíveis. 
O positivismo contemporâneo, em psicologia, não tem 
mais receio de ultrapassar o nível dos fatos observáveis 
ou das leis através de uma investigação das explicações 
ou da elaboração de teorias interpretativas. 
Profª Adriana Portugal 
REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
Do ponto de vista da psicologia do comportamento, a 
atitude do psicólogo introspeccionista, de interpretar o 
comportamento como uma manifestação exterior da vida 
psíquica, de uma consciência presente a ele e para ele, 
não passa de um resquício da velha superstição 
mentalista, que deverá ser radicalmente abandonada. 
Profª Adriana Portugal 
REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
A ciência psicológica tem por obrigação eliminar 
totalmente essas aderências mentalistas, pois nada tem a 
ver com elas. Para se tornar verdadeiramente ciência, a 
psicologia deve abster-se por completo de todo e 
qualquer ato mental. 
Profª Adriana Portugal 
REFLEXOLOGIA E BEHAVIORISMO 
De fato, e como podem revelar-nos as epistemologias da 
psicologia que tentam dar certo lugar à consciência e ao 
fato psíquico, o problema da psicologia está longe de ter 
sido inteiramente resolvido pela decisão behaviorista e, 
menos ainda, por um simples propósito de estrita 
observância à sua regra inicial de método. 
Profª Adriana Portugal 
FONTE CONSULTADA 
JAPIASSU, Hilton. Introdução á epistemologia da 
psicologia. Letras e letras. 5ª. Ed. São Paulo: 1995. p. 45 a 
55.