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GNE270 – Fenômenos de Transporte I Profa. Isabele Cristina BicalhoProfa. Isabele Cristina Bicalho DEG/UFLA 2018/1 GNE270 – Fenômenos de Transporte I • Conteúdo 1. Introdução e conceitos básicos 1.1. Definição de um Fluido1.1. Definição de um Fluido 1.2. Equações Básicas 1.3. Métodos de Análise 1.3.1. Sistema e Volume de Controle 1.3.2. Abordagem Diferencial e Integral 1.3.3. Métodos de Descrição 1.4. Fluido como um Contínuo 1.5. Campo de Velocidade1.5. Campo de Velocidade 1.6. Campo de Tensão 1.7. Viscosidade 1.8. Descrição e Classificação de Escoamentos de Fluidos 1.4 – Fluido como um Contínuo • Fluido como um contínuo Um fluido é composto de moléculas que podem estar bem espaçadas, especialmente na fase gasosa.espaçadas, especialmente na fase gasosa. Hipótese do Contínuo: considera que existe um volume crítico de fluido (partícula de fluido), onde nesse volume, o fluido preserva todas as características físicas do material. 3 1.4 – Fluido como um Contínuo Considere a determinação da massa específica de um fluido: m V δρ δ= Vδ variações moleculares tornam-se importantes variações de agregação tornam-se importantes 4 * lim V V m Vδ δ δρ δ→≡ A massa específica ρ de um fluido é mais bem definida como: (1) tornam-se importantes tornam-se importantes * 9 310V mmδ −= fluidos nas CNTP 1.4 – Fluido como um Contínuo Tomando o volume δV* = 10-9 mm3 de ar nas CNTP podemos calcular o número de moléculas contidas nesta porção. 1 mol de gás nas CNTP = 22,4 litros = 6,02 x 1023moléculas1 mol de gás nas CNTP = 22,4 litros = 6,02 x 1023moléculas 23 9 3 7 6 3 6,02 10 moléculas nº de moléculas 10 3 10 22,4 10 mm mm − ⋅ = = ⋅ ⋅ Apesar das lacunas entre as moléculas, o gás pode ser considerado como um 5 o gás pode ser considerado como um meio contínuo devido ao grande número de moléculas existentes num volume extremamente pequeno. 1.4 – Fluido como um Contínuo A maioria dos problemas de engenharia trabalha com dimensões físicas muito maiores do que esse volume-limite, de maneira que as propriedades do fluido podem ser consideradas variando continuamente no espaço. Tal fluido é chamadomeio contínuo.continuamente no espaço. Tal fluido é chamadomeio contínuo. Da idealização do contínuo, as propriedades dos fluidos são consideradas funções contínuas da posição e do tempo. ( ), , ,x y z tρ ρ= (2)Campo escalar: A hipótese do contínuo é válida no tratamento do comportamento dos fluidos sob condições normais e falha quando o percurso livre médio das moléculas torna-se da mesma ordem de grandeza que o comprimento característico do sistema. 6 1.4 – Fluido como um Contínuo •Massa Específica (ρρρρ): É definida como massa por unidade de volume. 3 [kg/m ]m V ρ = (3) • Gravidade específica (SG), densidade relativa ou densidade (d) É a relação entre a massa específica de uma substância e a massa específica de uma substância padrão de referência, usualmente água a 4ºC (ρH2O = 1000 kg/m3). V [ ]=SG ρ (4)– • Peso específico ((((γγγγ)))):::: É o peso de uma substância por unidade de volume. 7 2 [ ]= H O SG ρ (4) 3 = g [N/m ]mg V γ ρ= (5) – 1.5 – Campo de Velocidade • Campo de velocidade Da hipótese do contínuo, podemos definir o campo de velocidades, ( ), , ,V V x y z t=� � O campo de velocidade é um campo vetorial!(6) Denotando as componentes nas direções x, y e z por u, v e w, temos: Esse campo indica a velocidade de uma partícula fluida que está passando através do ponto (x, y, z) no instante de ( ), , ,V V x y z t= ( ) ( ) ɵ ( ) ɵ, , , , , , , , ,= + +� ɵV u x y z t i v x y z t j w x y z t k O campo de velocidade é um campo vetorial!(6) (7) ( ), , ,V x y z t� fluida que está passando através do ponto (x, y, z) no instante de tempo t, na percepção euleriana. Escoamento em regime permanente: as propriedades em cada ponto do campo de escoamento não variam com o tempo, 8 0V t ∂ = ∂ � ( ), ,V V x y z=� �ou (8) 1.5 – Campo de Velocidade • Linhas de corrente, Linhas de trajetória e Linhas de emissão Campos de escoamento podem ser visualizados usando diferentes tipos de linhas. 9 Visualização do escoamento sobre um automóvel em um túnel de vento 1.5 – Campo de Velocidade 1. Linha de corrente é uma linha tangente ao vetor velocidade em cada ponto do campo de escoamento em um dado instante. 10 Tubo de corrente é formado por um conjunto fechado de linhas de corrente. 1.5 – Campo de Velocidade 2. Linha de trajetória é o caminho real percorrido por uma determinada partícula de fluido. 11Linha de trajetória abaixo de uma onda em um tanque de água 1.5 – Campo de Velocidade 3. Linha de emissão é a linha formada por todas as partículas que passaram anteriormente por um ponto prescrito no espaço. 12 Em um escoamento em regime permanente, linhas de corrente, linhas de trajetória e linhas de emissão são coincidentes. 1.6 – Campo de Tensão • Campo de tensão Dois tipos de forças podem estar atuando em uma partícula fluida: Forças de campo (forças de gravidade, eletromagnética,...):Forças de campo (forças de gravidade, eletromagnética,...): Agem através das partículas sem a necessidade de um contato físico com suas superfícies limitantes. Forças de superfície (pressão, atrito): São geradas pelo contato de cada partícula de fluido com outras partículas ou com superfícies sólidas.superfícies sólidas. 13 Geram tensões. Mas, o que são tensões? F A δ τ δ = � � (9) 1.6 – Campo de Tensão A força, δF, agindo sobre δA, podem ser decomposta em duas componentes, uma normal e a outra tangente à área. Tensão normal (pressão) Tensão de cisalhamento nF A δ σ δ= tF A δ τ δ= (10) (11) Para uma partícula de fluido, temos seis planos no elemento infinitesimal de volume, nos quais as tensões podem atuar: 14 Aδ planos x positivo/negativo, planos y positivo/negativo e planos z positivo/negativo 1.6 – Campo de Tensão A tensão em um ponto é especificada pelo tensor tensão de Cauchy ( tensor de 2ª ordem):de Cauchy ( tensor de 2ª ordem): xx xy xz ij yx yy yz zx zy zz σ τ τ σ τ σ τ τ τ σ = 15 , , yx z xx xy xz x x x FF F A A A δδ δ σ τ τδ δ δ= = = (12) Tensão na direção j sobre a face normal ao eixo i ijσ = 1.7 – Viscosidade • Viscosidade Nós nos movemos com relativa facilidade no ar, mas não tanto na água. O movimento em óleo é ainda mais difícil...água. O movimento em óleo é ainda mais difícil... Viscosidade Baixa Alta Viscosidade é a propriedade que representa a resistência interna do fluido ao movimento ou à “fluidez”. 16 Água Mel Baixa Alta 1.7 – Viscosidade Para obter uma relação para a viscosidade, considere um elemento de fluido sob cisalhamento entre duas placas infinitas. cresce enquanto τ for mantida A placa superior move- se com velocidade cte δu devido à aplicação de uma força δF τyx for mantida A ação de cisalhamento da placa superior produz uma tensão de cisalhamento, τyx, aplicada ao elemento de fluido que é dada por: 17 x yx y F A δ τ δ= onde δAy é a área de contato do elemento de fluido com a placa 1.7 – Viscosidade Fluidos comuns como água, óleo e ar apresentam uma relação linear entre a tensão de cisalhamento aplicada e a taxa de deformação resultante: δα Da geometria da figura, vemos que: (13)yx t δα τ δ∝ tan l y δδα δ= distância movida pela placa no intervalo de tempo δt , l u tδ δ δ= Para pequenos ângulos,tan δα ≈ δα 18 tan u t y δ δδα δ= u t y δ δδα δ= (14) 1.7 – Viscosidade Tomando-se o limite da variação infinitesimal e rearranjando, d du dt dy α = (15) E concluímos que a taxa de deformação de um elemento de fluido é equivalente ao gradiente da velocidade du/dy! Assim, a tensão de cisalhamento aplicada é também proporcional a du/dy para os fluidos comuns. A constante de proporcionalidade é o coeficiente de viscosidade µ: 19 yx d du dt dy α τ µ µ= = (16) Sir Isaac Newton (1642-1727) Os fluidos que seguem esta equação linear são chamados de fluidos Newtonianos. 1.7 – Viscosidade • Fluidos Newtonianos: Fluidos nos quais a tensão cisalhante é diretamente proporcional à taxa de deformação. Assim: yx du dy τ ∝ (17) A constante de proporcionalidade é a viscosidade dinâmica (ou absoluta), µ . Lei de Newton da viscosidade para o escoamento unidimensional: yx dy τ ∝ (17) yx du dy τ µ= (18) 20 dy Sistema µ visc. dinâmica ν = µ/ ρ visc. cinemática SI Kg/(m.s) ou Pa.s m2/s CGS g/(cm.s) = poise (p) Stoke = cm2/s µ ν ρ = (19) 1.7 – Viscosidade • Fluidos não-Newtonianos: Fluidos para os quais a tensão de cisalhamento não é diretamente proporcional à taxa de deformação. Lei de Newton da 1n du dduk uτ η − = = (20) Fluidos Newtonianos: A tensão é proporcional à taxa de deformação. Ex: água, ar, glicerina, gasolina, etc. Lei de Newton da viscosidade generalizadayx du dduk ddy u dy y τ η= = (20) cteη µ= = 21 gasolina, etc. Fluidos dilatantes: A viscosidade aumenta com o aumento da tensão aplicada. Ex: suspensões de amido, água com areia, areia movediça, etc. du dy η↑ → ↑ 1.7 – Viscosidade • Fluidos não-Newtonianos: Fluidos para os quais a tensão de cisalhamento não é diretamente proporcional à taxa de deformação. Lei de Newton da 1n du dduk uτ η − = = (20) Fluidos pseudoplásticos : A viscosidade diminui com o aumento da tensão aplicada. Ex: soluções de polímeros, suspensões coloidais, polpa de papel em Lei de Newton da viscosidade generalizadayx du dduk ddy u dy y τ η= = (20) du dy η↑ →↓ 22 suspensões coloidais, polpa de papel em água, tinta latex, etc. Fluidos de Bingham: Requerem uma determinada tensão para começar a escoar. Ex: pasta de dente, maionese, ketchup, asfalto, etc. 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Descrição e classificação de escoamentos de fluidos 23 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Escoamentos Uni, Bi e Tridimensionais O escoamento é dito ser uni, bi ou tridimensional se o seu campo de velocidade varia em uma, duas ou três dimensões, respectivamente. Um escoamento típico envolve geometria 3D e a velocidade pode variar em todas as três dimensões. Escoamento 24 ou ( ), , ,V r z tθ�( ), , ,V x y z t� Escoamento tridimensional 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos Considere o escoamento permanente através de um longo tubo retilíneo com uma seção divergente. ( )=u u r ( )= ,u u r z 25 Escoamento unidimensional: A velocidade varia na direção radial r, mas não nas direções angular θ ou axial z. Escoamento bidimensional: A velocidade varia em ambas as direções r e z, mas não na direção do ângulo θ. 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos Para simplificar a análise é conveniente introduzir a consideração de escoamento uniforme em cada seção transversal. Escoamento unidimensional ( )=u u z( )= ,u u r z Escoamento uniforme em uma seção transversal: A velocidade e outras propriedades do fluido são constantes sobre a área. OBS: No campo de escoamento uniforme a velocidade é constante em todas direções, ou independente de todas as coordenadas. 26 Escoamento unidimensional 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos Ex: Determine se o escoamento sobre o projétil é uni, bi ou tridimensional. 27 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Escoamentos Viscosos e não-Viscosos Considere a inserção de uma placa plana paralela a uma corrente com velocidade uniforme ( ):u∞ u ∞ Velocidade da corrente livre 28 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos Condição de não-escorregamento Um fluido em contato direto com um sólido “gruda” na superOcie devido aos efeitos viscosos e não há escorregamento. A condição de não-escorregamento é responsável pelo desenvolvimento dode não-escorregamento é responsável pelo desenvolvimento do perfil de velocidade. A região de escoamento próxima à parede, na qual os efeitos viscosos (e portanto os gradientes de velocidade) são significativos, é chamada de camada limite. 29 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos Escoamentos viscosos: são aqueles em que os efeitos do atrito são significativos. Ex: nas camadas limites próximas a superfícies sólidas. Escoamentos não-viscosos: regiões do escoamento onde as forças viscosas são desprezivelmente pequenas quando comparadas comviscosas são desprezivelmente pequenas quando comparadas com as forças inerciais e de pressão. Ex: regiões afastadas de superfícies sólidas. Não existe fluido com viscosidade nula e, assim, todo o escoamento de fluidos envolve efeitos viscosos de algum grau. 30 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Escoamentos Laminar e Turbulento Escoamento laminar: movimento altamente ordenado das partículas fluidas, caracterizado por camadas lisas ou lâminas.partículas fluidas, caracterizado por camadas lisas ou lâminas. Escoamento turbulento: movimento altamente desordenado e caótico das partículas fluidas que ocorre em altas velocidades, caracterizado por flutuações de velocidade. 31 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Experimento de Reynolds Podemos verificar a sua existência desses tipos de escoamentos recorrendo a experiência de Reynolds (1883): I - Escoamento laminar Re ≤ 2300 (forças viscosas > forças inerciais) II - Escoamento de transição 2300 ≤ Re ≤ 4000 III - Escoamento turbulento 32 forças inerciaisRe forças viscosas = = VDρ µ Experimento de Reynolds Osborne Reynolds (1842-1912) III - Escoamento turbulento Re ≥ 4000 (forças inerciais > forças viscosas) (21) 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Escoamentos Compressível e Incompressível Escoamentos incompressíveis: escoamentos nos quais as variações na massa específica são desprezíveis. Ex: Escoamento de líquidosna massa específica são desprezíveis. Ex: Escoamento de líquidos com pressões moderadas. Escoamentos compressíveis: escoamentos nos quais as variações na massa específica não são desprezíveis. Ex: Escoamento de gases. Número adimensional de Mach Velocidade de escoamentoV ≡ = (22) 33 Velocidade de escoamento Velocidade do som no gás VMa c ≡ = 0,3 0,3 Ma Ma < > escoamento incompressível escoamento compressível (22) c kRT= gás ideal 1.8 – Descrição e Classificação de Escoamentos • Escoamentos Interno e Externo Escoamentos internos: Escoamentos completamente envoltos por superfícies sólidas. Ex: Escoamentos em tubos. Escoamentos externos: Escoamentos sobre superfícies ou corpos imersos em um fluido não contido. 34 Ex: Escoamento de ar sobre uma bola de tênis, sobre um aerofólio, etc.
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