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Desenvolvimento embrionário do coração

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Desenvolvimento embrionário do coração:
	O sistema cardiovascular surge na metade da 3ª semana de desenvolvimento em virtude de suprir necessidades embrionárias nutricionais e de oxigênio. É o primeiro órgão funcionalmente ativo, sendo que no 21º começam os batimentos cardíacos e +/- no 25º, o bombeamento de sangue (ocorre mesmo durante os eventos de remodelação e septação). 
	O coração deriva-se principalmente do mesoderma lateral esplâncnico (fica entre o celoma e o endoderma no disco embrionário). A região lateral desse tecido embrionário começa a sofrer diferenciações que culminam na formação do coração. 
	As células mesodérmicas que formam o coração têm origem de dois lugares. As principais são as céls mesodérmicas que vem do primeiro campo cardíaco, que é a primeira região que começa o desenvolvimento do coração, provida de células do mesoderma que migraram pela linha primitiva durante a gastrulação e posicionam-se mais cranialmente em volta da membrana bucofaríngea. Essas células se posicionam lateralmente dos dois lados do corpo do embrião e se comunicam umas com as outras; a região onde se encontram essas células é camada de crescente cardíaco. 
	Posteriormente, uma segunda “leva” de células mesodérmicas se associam a esse primeiro cardíaco, formando o segundo campo cardíaco. Essas células não migraram pela linha primitiva, mas se estabeleceram durante a gastrulação na região da futura faringe e da faringe elas migram para o local de desenvolvimento do futuro coração e se estabelecem próximas ao primeiro campo cardíaco. Forma principalmente as células musculares estriadas cardíacas do ventrículo direito e do trato de saída.
	As células da crista neural se originam do ectoderma, se destacam do tubo neural e migram para diferentes funções no corpo, como a formação de estruturas do coração. Essas células auxiliam na formação de coxins endocárdicos que, por sua vez, auxiliam a formação de septos que separam as câmaras cardíacas.
	As primeiras estruturas formadas no desenvolvimento embrionário são os dois tubos cardíacos endocárdicos, na região do crescente cardíaco. Formam-se bilateralmente cordões angioblásticos (células do mesoderma que se condensam e formam ilhas de células mesodérmicas que formam vasos do sistema cardiovascular). Esses cordões são os precursores dos tubos endocárdios que se fundem futuramente no plano mediano com o dobramento lateral e, com o dobramento cefálico, ele passa a se localizar na região torácica, formando o tubo cardíaco único. Esse tubo então sofre diversas transformações e forma o coração. É um tubo único levemente retilíneo o qual todas as câmaras se comunicam. Sua luz é forrada por endocárdio, mais externamente temos miocárdio, depois geleia cardíaca (matriz extracelular) e, então, epicárdio. 
O epicárdio é formada a partir do pró-epicárdio, que é uma região de mesoderma esplâncnico que forma células mesoteliais que migram e recobrem o coração.
	Inicialmente, o tubo cardíaco fica suspenso na cavidade pericárdica pelo mesocárdio dorsal. Com o desenvolvimento do coração, as células desse mesocárdio sofrem apoptose e o tecido desaparece, de forma que o coração vai ficar suspenso na cavidade pericárdica preso apenas por suas extremidades. A região a qual o mesocárdio desaparece, forma o seio do pericárdio transverso, que é um local de comunicação entre as cavidades pericárdicas esquerda e direita se comunicam. O desaparecimento do mesocárdio é importante para facilitar/possibilitar os dobramentos.
	O tubo passa, então a se modificar, sofrendo dilatações em algumas áreas e constrições em outras, formando uma estrutura em que se é possível diferenciar algumas regiões.
	O sangue chega pelo seio venoso, vai para o átrio primitivo, depois para o ventrículo primitivo, então para o bulbo cardíaco e, só então, sai pelo trato de saída. O trato de saída tem uma porção chamada de cone arterial (proximal, será incorporado aos ventrículos) e outra chamada de tronco arterial (distal, é septado e forma tronco pulmonar e aorta ascendente). O átrio é separado do ventrículo pelo suco atrioventricular e o ventrículo e o bulbo são separados pelo sulco bulboventricular. O canal que liga o átrio e o ventrículo é chamado de canal atrioventricular
	Alguns autores consideram que o bulbo cardáico é uma estrutura que antecede o tronco arterial, tratando o trato de saída e o bulbo como uma coisa só, pensando assim, além de fazer parte da formação do ventrículo direito, forma o esquerdo também.
	O seio venoso recebe vasos sanguíneos de todo o embrião, como a veia umbilical, a veia vitelina e a veia cardinal (corpo do embrião), pelos dois cornos. O corno direito forma a parte lisa do átrio direito (sinus venarum) e o corno esquerdo forma o seio coronário. Essa diferenciação ocorre pois, há uma preferencia para o desenvolvimento dos vasos do lado direito, de forma que o corno direito recebe muito mais sangue e o esquerdo atrofia e então forma o seio coronário.
	O átrio primitivo forma a maior parte dos dois átrios, sendo que o direito também é formado seio venoso e o esquerdo, por porções iniciais da veia pulmonar, formando também uma parte lisa nesse átrio. O ventrículo primitivo forma a maior parte do ventrículo esquerdo e o bulbo cardíaco, a maior parte do ventrículo direito, e o cone arterial irá terminar de formar os ventrículos enquanto o tronco arterial se divide e forma a aorta ascendente e o tronco pulmonar.
Após o desenvolvimento dessas regiões, todas as câmaras devem posicionar-se nos locais adequados, e para isso, o coração de remodela a partir do dobramento. Nesse processo, o bulbo cardíaco é deslocado caudalmente, ventralmente e para a direita; o ventrículo primitivo é deslocado para a esquerda; o átrio primitivo é deslocado dorsalmente e cranialmente e o trato de saída posiciona-se entre os dois futuros átrios. Apesar de ter mudado sua forma, o coração continua bombeando o sangue da mesma maneira: seio venoso átrio primitivo ventrículo primitivo trato de saída.
Novamente, o corno direito do seio venoso é incorporado na parede direita dorsal do átrio em desenvolvimento, formando o sinus venarum e o corno esquerdo do seio venoso forma o seio coronário. A veia pulmonar primitiva e seus ramos começam a se desenvolver e se incorporam na parede do átrio esquerdo, o que ajuda no desenvolvimento da parede lisa dele. A região no átrio direito no limite entre a parede lisa e a parede trabeculada é chamada de crista terminal, a qual dá origem às células marca-passo do coração.
Septações do coração:
A divisão do coração em quatro câmaras é acompanhada da formação de septo e coxins dividindo o átrio primitivo, nos ventrículos e no trato de saída entre os dias 28 e 37. Essa septação acontece enquanto o coração trabalha normalmente.
Os coxins endocárdicos são estruturas de tecido conjuntivo que se formam e se fundem, obliterando a passagem de sangue. Eles são formados a partir de secreção acentuada e localizada de matriz extracelular (geleia cardíaca) pelo miocárdio, formando intumescências em direção à luz do órgão. Algumas células endocárdicas, então, transformam-se em epitélio mesenquimal e conseguem se movimentar por meio de pseudópodes e migram para a região de secreção de geleia cardíaca e, todo esse tecido, se transforma em tecido conjuntivo. 
As septações ocorrem todas simultaneamente.
>Septo atrioventricular (AV)
É um septo que divide átrio primitivo de ventrículo primitivo de forma parcial, dividindo o canal atrioventricular em canal AV direito e esquerdo. Ao final da 4ª semana, dois coxins endocárdicos começam a ser formados, um ventral e um dorsal, que se desenvolvem ate se fundir, separando o canal em dois lados. A partir dessa septação tem-se a correta comunicação entre átrio e ventrículo direitos e átrio e ventrículo esquerdos.
>Septo interatrial
Para a divisão do átrio, temos a formação de dois septos que se formam de forma sequencial e estruturalmente diferentes para garantir a fisiologia da circulação fetal, pois é necessária a livre passagemdo sangue do átrio direito para o esquerdo durante a vida fetal.
A primeira estrutura a ser formada inicia seu desenvolvimento próximo ao plano mediano do coração e cranialmente. É uma membrana muscular delgada que cresce em direção ao septo atrioventricular, dividindo o átrio em direito e esquerdo, o septum primum. O desenvolvimento do septum primum em direção ao septo atrioventricular é incompleto, deixando um espaço que é chamado de foramen primum, responsável pela passagem do sangue do átrio direito para o esquerdo. Antes que o crescimento do septum primum se conclua e oblitere o foramen primum, ocorre apoptose de células da região cranial do septum primum, formando o septum secundum, que também permitirá fluxo de sangue. 
Após a formação do foramen secundum, uma segundo septo começa a se formar à direita do septum primum, o septum secundum, que é uma camada muscular espessa. Também se origina cranialmente e se desenvolve em direção ao septo atrioventricular, mas nunca o encontra. O buraco entre o septum secundum e o septo atrioventricular é chamado de forame oval. 
Então, a porção cranial do septum primum se degenera e porção mais caudal, que já se fundiu com o septo átrio ventricular, forma uma espécie de válvula do forame oval, de forma que o fluxo sanguíneo da direita para a esquerda empurra o septo e passa, mas no sentido contrátio, o septum primum esbarra no septum secundum que é resistente e então, juntos, formam uma barreira para o fluxo sanguíneo sentido esquerda direita. 
A passagem de sangue do átrio direito para o esquerdo é importante porque o feto não faz respiração pulmonar, dessa forma, não é interessante desviar sangue rico em oxigênio vindo da placenta para o átrio direito para pulmão. Por isso, ele vai pro átrio esquerdo e, então, para a circulação sistêmica.
Após o nascimento, além do estabelecimento da respiração pulmonar, a pressão do lado esquerdo do coração aumenta muito, o que “empurra” o septum primum contra o septum secundum, o que resulta na fusão dessas estruturas e formação da fossa oval.
>Septo interventricular:
Entre o bulbo e o ventrículo, na região do sulco bulboventricular. Quando o coração se dobra, desenvolve-se nessa região um septo muscular espesso que irá dividir o ventrículo entre direito e esquerdo. Cresce da base do ventrículo até o septo atrioventricular. É o septo interventricular muscular. Até a sétima semana de desenvolvimento, esse septo não se funde com o septo atrioventricular, deixando uma passagem chamada de forame interventricular. A existência desse forame é importante para manter o desenvolvimento correto dos ventrículos, pois eles precisam da pressão correta de sangue em cada lado e, caso esses septos se fundam antes que o trato de saída sofra a sua septação, resultando em uma ligação incorreta do ventrículo direito com a circulação sistêmica e vice e versa.
>Septo aorticopulmonar:
O septo aorticopulmonar divide o trato de saída, principalmente em sua parte mais distal, em duas regiões de saída: a aorta ascendente e o tronco pulmonar. Também se desenvolve a partir de coxins endocárdicos (saliências bulbares ou do cone). Nessas saliências, estão presentes células da crista neural que participam dessa septação. O septo que irá se desenvolver e dividir o trato de saída em dois forma uma estrutura em espiral, importante para realizar a correta comunicação entre ventrículo direito e tronco pulmonar e ventrículo esquerdo e aorta ascendente, de forma que a aorta passa por trás do tronco pulmonar mesmo em corações adultos. 
>Término da septação ventricular:
Após a septação do trato de saída, acontece a fusão do septo interventricular com o septo aorticopulmonar e com o septo atrioventricular, formando o septo ventricular membranoso que termina a individualização dos dois ventrículos.
>Valvas AV: Todas as valvas se formam de forma semelhante, a partir de coxins endocárdicos por volta da 5ª e 8ª semana. Os coxins se formam em volta dos canais AV direito e esquerdo e, por processos de remodelamento e erosão, eles são “transformados” em valvas AV, cordas tendíneas e músculos capilares.
>Valvas semilunares: Processo muito parecido forma as valvas semilunares, que estão nas saídas da aorta e tronco pulmonar.
>Marca-passo e sistema condutor:
	No coração maduro, o nó sinoatrial é responsável pelo controle dos batimentos cardíacos. Essas células são derivadas da crista terminal, portanto derivadas do seio venoso. Da crista terminal, essas células se diferencial e se especializam em geração e condução (feixe de his e fibras de purkinje) de impulso nervoso.
>Desenvolvimento do epicárdio:
	Próximo ao seio venoso, temos a formação do órgão pró-epicárdio, que é um grupo de células mesodérmicas esplâncnicas formadas na junção do mesocárdio com o septo transverso. Essas células migram e revestem todo o coração formando o epicárdio. Além disso, se entremeiam no tecido conjuntivo do coração para formar o esqueleto cardíaco, que sustenta o coração, serve de base para a inserção de valvas, etc. 
>Malformações cardíacas:
	Defeitos no septo atrial podem ocorrer devido à falha na septação interatrial ou atrioventricular, como septum secundum muito curto para cobrir o foramen secundum, o que causa vazamento de sangue do AE para o AD. Causa prejuízo controlado na vida fetal, mas muito severo após o nascimento devido ao problema de oxigenação. Pode causar arritmias cardíacas, hipertensão pulmonar e é muito comum em portadores de síndrome de Down. Essa condição é chamada de forame oval patente. 
	O forame oval patente à sonda ocorre quando em condições normais não ocorre fluxo de sangue AE para AD, mas uma sonda consegue atravessá-lo. Não é clinicamente significativa na ausência de outros defeitos cardíacos. Os defeitos do ostium secundum ocorrem quando o foramen secudum permanece comunicando os átrios; é bem tolerado na infância, mas pode causar hipertensão pulmonar. Os defeitos no ostium primum ocorrem quando o foramen primum não se fecha.
	Os defeitos no septo ventricular são mais comuns quando acometem o septo ventricular membranoso, permanecendo a comunicação entre os ventrículos. Geralmente se resolvem espontaneamente no primeiro ano de vida. A cor triloculare biatriatum é uma condição a qual não há nenhuma septação entre os ventrículos, de forma que o coração possui apenas 3 câmaras, geralmente gera morte durante a infância.
	O tronco arterioso persistente é uma falha no desenvolvimento normal dos coxins do trato de saída, portanto não há separação entre aorta ascendente e tronco pulmonar, fazendo com que sangue oxigenado vá para o pulmão e sangue não oxigenado vá para a circulação sistêmica.
	A tetralogia de Fallot são quatro condições patógenas que acontecem simultaneamente no coração: estenose pulmonar (tronco pulmonar mais fino), hipertrofia do átrio e ventrículo direito, defeito do septo ventricular e deslocamento da aorta para a direita. O defeito primário dessa condição é uma divisão desigual do trato de saída que aumenta a pressão sanguínea no VD, causando sua hipertrofia.
	A dextrocardia e a ectopia do coração são defeitos do posicionamento do coração. Na primeira, o coração se dobra de forma invertida, de forma que seu ápice fica do lado direito. Pode ou não ser acompanhada de situs reversus (gastrulação). No segundo, ocorre um erro no dobramento cefálico ou lateral do embrião, de forma que o coração fica fora da cavidade torácica, deve ser corrigido cirurgicamente.

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