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Unidade II DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE Profa. Danielle Denny Economia verde Mudança de paradigma: Século XX – maximização dos lucros a qualquer custo. Século XXI – desenvolvimento sustentável – responsabilidade socioambiental. Os países buscam se desenvolver para melhorarem sua economia e, com isso, tornarem-se fortes e poderosos e para que a população melhore de vida. Responsabilidade socioambiental precisa ser uma obrigação de todos, sejam pessoas jurídicas de direito privado ou público. Não pode haver acumulação de riqueza nas mãos de poucos em detrimento dos bens ambientais que pertencem a todos. Mudança de paradigmas A sustentabilidade pressupõe o respeito aos valores ambientais, de sorte a não esgotá-los. Uma atividade econômica sustentável é aquela que interage com o meio ambiente, mas o protege e preserva-o para as presentes e as futuras gerações. Conseguir chegar a isso é o grande desafio, que impõe uma mudança radical e significativa dos padrões e dos valores estabelecidos, não só por aquele que exerce a atividade econômica, mas também por toda a sociedade. O meio ambiente não é intocável – recursos ambientais podem e devem ser usados, mas desde que se faça isso de maneira sustentável. Presentes e futuras gerações O desenvolvimento econômico só será legítimo quando promover a proteção e a preservação dos recursos ambientais para as presentes e as futuras gerações, orientando-se pelo direito do ser humano de habitar um planeta ecologicamente saudável, socialmente integrado e economicamente equilibrado. Condições de sustentabilidade As sociedades ambientalmente sustentáveis são aquelas cuja economia satisfaça três principais condições: 1. que a proporção de uso dos recursos renováveis não supere a média de regeneração do ecossistema; 2. que a proporção de consumo ou o descarte irrecuperável de recursos não renováveis não supere a média de desenvolvimento e uso dos seus substitutos renováveis; 3. que a proporção de emissão de poluentes dentro do meio ambiente não supere a capacidade média de assimilação natural do ecossistema. Objetivos Três principais objetivos que se buscam alcançar com o desenvolvimento sustentável: 1. econômico, que se refere à utilização eficiente dos recursos naturais e crescimento quantitativo; 2. sociocultural, referente à manutenção da vida social e cultural, e à maior igualdade e equidade social; 3. ecológico, que consiste na preservação dos sistemas físicos e biológicos que servem de suporte à vida humana. Tripé Por um lado permite-se o desenvolvimento econômico, por outro se faz necessário um planejamento (gestão ambiental) para que, de forma sustentável, os recursos ambientais não se esgotem, impelindo o empresário a buscar soluções triplamente vencedoras, em termos sociais, econômicos e ecológicos; eliminando, desta forma, o crescimento selvagem obtido a custo de elevadas externalidades negativas, tanto sociais quanto ambientais. Três pilares básicos: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. “The three Ps”: People (os seres humanos), Planet (o meio ambiente) e Profit (a economia). Interatividade Assinale a alternativa que representa os princípios do desenvolvimento sustentável apresentados pelo Relatório Brundtland e que podem ser adotados como estratégia pelos países do mundo, inclusive pelo Brasil. a) Adotar tecnologias criadas em países desenvolvidos, onde a preservação ambiental e a distribuição da riqueza estão adequadas aos padrões sustentáveis. b) Investir no modelo de crescimento econômico quantitativo, tendo a renda como condição fundamental de desenvolvimento. c) Dar prioridade às políticas sociais de redução da pobreza, de aumento de oferta de empregos, de conservação da biodiversidade e de geração de novas oportunidades e atitudes. d) Promover maior liberalização da economia, pois o mercado é o melhor mecanismo de otimização do uso dos recursos, particularmente os relacionados com o ambiente. e) Reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Consciência da questão ambiental 1a fase = percepção dos problemas ambientais como fenômenos localizados, atribuídos à ignorância, à negligência ou ao dolo; motivando ações de natureza reativa, corretiva e repressiva, tais como proibições e multas. 2a fase = degradação ambiental percebida como um problema generalizado, resultante das causas já citadas na etapa anterior, acrescidas da gestão inadequada dos recursos, motivando o desenvolvimento de instrumentos de intervenção governamental, visando à prevenção da poluição e melhoria dos sistemas produtivos, como os padrões de emissão e os estudos de impacto ambiental para licenciamento de empreendimentos. Consciência da questão ambiental 3ª fase = difusão da consciência da degradação ambiental como um problema planetário, que atinge a todos, amplia-se a compreensão de que as causas da degradação ambiental, além dos aspectos já mencionados, também estão ligadas aos modelos de produção e consumo, às políticas e às metas de desenvolvimento dos estados nacionais e à visão economicista predominante nas relações entre países ricos e pobres = precisa ocorrer uma mudança de paradigmas que pressupõe a participação ampliada de todos, objetivos comuns e cooperação. Sustentabilidade na visão econômica A economia, embora seja um sistema aberto, opera dentro de um sistema fechado, que é o ecossistema. Existe um limite físico para a economia poder operar. O limite é determinado por esse sistema maior, fechado, finito dentro do qual uma economia pode funcionar. A economia se preocupa com três principais objetivos: alocação, distribuição e escala. O meio ambiente não é uma fonte de recursos infinita nem constitui depósito de resíduos infinito. A crise surge quando passa a ser necessário mais de um planeta para atender à demanda. Sustentabilidade da visão social Na declaração do Rio-92, no princípio 1, ficou assentado que os seres humanos estão no centro da preocupação com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável, produtiva e em harmonia com a natureza. Visão antropocêntrica. Objetivo é vida digna, que se faz com respeito a direitos mínimos, como saúde, lazer, trabalho, acesso a serviços básicos, água limpa e tratada, ar puro, serviços médicos, proteção, segurança e educação. Sustentabilidade na visão ambiental Estrutura PSR = Estrutura Pressão – Situação – Resposta. Atividades humanas exercem pressões (tais como emissões poluentes ou mudanças na forma de usar a terra) sobre o ambiente. Podem induzir mudanças na situação do ambiente (por exemplo: mudança nos níveis de poluentes no ambiente, diversidade do habitat, cursos de água etc.). Sociedade responde, então, às mudanças nas pressões ou na situação com políticas ambientais e econômicas e programas para prevenir, reduzir ou moderar as pressões e/ou os estragos ambientais. Assim aumenta capacidade do planeta com mínimo de deterioração dos ecossistemas. Evolução histórica do desenvolvimento econômico Fase 1 – crescimento selvagem, socialmente iníquo e ambientalmente degradante: causa das demandas por direitos sociais. Fase 2 – crescimento socialmente benigno, mas ambientalmente degradante: Europa, de 1945 a 1975, poluição é considerada progresso. Fase 3 – crescimentoambientalmente benigno, mas socialmente iníquo, poluição passa a ser exportada para países menos desenvolvidos. Fase 4 – crescimento social e ambientalmente benigno: esse é o paradigma de desenvolvimento a ser alcançado. Dimensão espaço-temporal Questão ambiental não tem fronteiras: ela afeta todo o planeta, enquanto o desenvolvimento econômico é localizado (um estado, um país, uma região). A sustentabilidade é uma questão de longo prazo para a geração atual e para as futuras gerações. No desenvolvimento econômico, o padrão é o imediatismo para a maximização dos lucros a todo custo. Interatividade Sobre o desenvolvimento sustentável é possível dizer: a) A incompatibilidade entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ecológica não pode ser superada, o que inviabiliza as pretensões práticas do desenvolvimento sustentável. b) Trata-se de um conceito multidimensional que aponta uma alternativa aos modelos tradicionais de desenvolvimento. c) A noção de sustentabilidade é originária da área biológica e, portanto, não pode ser empregada nos campos da socioeconomia. d) Após uma série de debates, chegou-se a um consenso teórico em torno da definição apresentada pelo relatório Bruntland. e) Trata-se de um conceito ideológico, em que o desenvolvimento social depende da economização da ecologia. Buracos na camada de ozônio O ozônio estratosférico é produzido quando as moléculas de oxigênio interagem com a radiação ultravioleta. A camada de ozônio é um “filtro solar global” que impede que 95% da radiação UV nociva atinja a superfície da Terra. Em 1977, cientistas britânicos detectaram pela primeira vez a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, têm se acumulado registros de que a camada está se tornando mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas dos polos. Diversas substâncias químicas acabam destruindo o ozônio quando reagem com ele. Tais substâncias contribuem também para o aquecimento do planeta, conhecido como efeito estufa. Protocolo de Montreal – 1987 Em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozônio, nada se compara ao grupo de gases chamado clorofluorcarbonos, os CFCs. O Protocolo de Montreal entrou em vigor em 1989 e levou à proibição progressiva dos CFCs. Exemplo de ação internacional conjunta bem-sucedida – mais bem-sucedido acordo internacional de todos os tempos. Ações em nível global para proteger a camada de ozônio devem permitir sua recuperação até 2050. Mas os hidrofluorcarbonos (HFCs), substâncias utilizadas por quase trinta anos para substituir os CFCs, são potentes gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Efeito estufa Efeito estufa é o processo que ocorre quando uma parte da radiação infravermelha (calor), emitida pela superfície terrestre, é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Assim, parte do calor é irradiado para a superfície, não sendo libertado para o espaço. O efeito estufa dentro de um limite é de vital importância, pois mantém o planeta aquecido e, assim, garante a manutenção da vida. Sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir. Aquecimento global natural Durante os últimos 900 mil anos, a temperatura média da troposfera passou por longos períodos de resfriamento global e aquecimento global. Esses ciclos alternados de congelamento e degelo são conhecidos como períodos glacial e interglacial (entre as eras do gelo). Por, aproximadamente, 12 mil anos, desde que a agricultura começou, o clima global tem sido favorável à vida como a conhecemos. Mesmo durante esse período estável, os climas regionais mudaram de forma significativa em virtude de maior ou menor irradiação solar e pelo processo natural do efeito estufa. Aquecimento global antrópico O aumento súbito das emissões dos Gases do Efeito Estufa – GEEs, principalmente a partir do século XX, desestabilizou o equilíbrio energético no planeta e originou um fenômeno conhecido como aquecimento global, que é o agravamento do efeito estufa em virtude da atividade humana. Os pesquisadores do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), estabelecido pela Organização das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial, em relatório publicado em 2014, calculam que, para não comprometer as condições de sobrevivência humana na Terra, as emissões de GEEs devem parar de crescer em cinco anos (até 2019), serem reduzidas para 70% até 2050 e reduzidas a zero até 2100. Mudanças climáticas Assim, atividades humanas, tais como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas, estão mudando radicalmente o clima da Terra durante este século XXI, isso poderá causar desastres naturais, arruinar áreas agrícolas, modificar as reservas hídricas, alterar e reduzir a biodiversidade e influenciar a economia. Leitura histórica do problema: danos ao meio ambiente majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Necessidade de os países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável. Responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Regulação do clima Interesses divergentes das nações restringem o produto final de conferências promovidas pela ONU. Papel importante realizado pelos órgãos técnicos e pelas conferência das partes para catalisar mudanças que acontecem posteriormente em comunidades e instituições em todo o mundo. Conferências das partes são as reuniões anuais da Convenção-Quadro sobre Clima, para concretizar o tratado. Interatividade Estima-se que para todas as pessoas da Terra terem o mesmo padrão de consumo dos americanos, seria preciso quatro planetas. Com base nisso, é correto afirmar: a) O padrão de consumo norte-americano é sustentável pelo fato de os Estados Unidos possuírem recursos próprios em quantidade suficiente para atender sua demanda. b) As bases do padrão de consumo norte-americano são a sustentabilidade, o conservacionismo e o preservacionismo ambiental. c) Para atingir uma economia sustentável, o padrão de consumo norte- americano deve ser disseminado entre os diferentes povos. d) O padrão de consumo norte-americano evidencia uma relação socioambiental predatória e insustentável. e) O acesso a bens de consumo nos países subdesenvolvidos pode alcançar o atual padrão norte-americano sem prejuízo ao meio ambiente. Novos atores No contexto contemporâneo de governança ambiental, para participação ampliada, objetivos comuns e cooperação, são precisos atores arrojados, inovadores e flexíveis, em níveis estatal e não estatal, sobretudo órgãos técnicos e organizações não governamentais, hábeis para obter recursos e conhecimento para fundamentar e coordenar a participação ativa dos cidadãos. Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática O IPCC é um exemplo de novo ator no campo do Direito Ambiental Internacional. Criado para documentar as mudanças climáticas do passado e fazer projeções de mudanças futuras. É órgão das Nações Unidas e reúne mais de 2 mil especialistas dedicados aos estudos sobre as mudanças climáticas. É um órgão composto por delegações de 130 governos para prover avaliações regulares sobre a mudança climática. Tornou-se uma das referências mais citadas nas discussões sobre mudança climática. O IPCC não realiza pesquisas científicas, avalia as existentes. Relatório do IPCC (ganhou Nobel) O século XX foi o mais quente dosúltimos mil anos. Desde 1861, a temperatura média global da superfície terrestre elevou 0,6 °C em todo o globo. Os 16 anos mais quentes registrados ocorreram desde 1980 e os dez mais quentes, desde 1990. As geleiras e o gelo que flutua no oceano em algumas partes do mundo estão derretendo e encolhendo. Os níveis dos oceanos estão aumentando – risco de desaparecerem pequenas ilhas – “refugiados ambientais” – pessoas que são obrigadas a deixar o local onde vivem em consequência da piora do meio ambiente. Organizações Não Governamentais – ONGs ONGs são associações civis, com objetivos específicos, pela qual a sociedade se organiza e influencia os Estados a efetivarem determinadas demandas, por exemplo, a busca de um meio ambiente saudável, podendo agir em âmbito nacional ou global. São independentes do Estado, não possuem fins lucrativos e perseguem objetivos bem definidos. ONGs ambientais – respaldo internacional, pelo fato de ser a proteção do meio ambiente um fim globalmente almejado, sendo inclusive um dos objetivos propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Espírito do Rio Espírito do Rio – na Rio 92 – pela primeira vez, a sociedade civil teve participação ativa em uma conferência diplomática, como a organizada pela ONU – antes apenas Estados e organizações internacionais participavam. Embora as ONGs não tenham capacidade jurídica para celebrar tratados internacionais, são sujeitos influentes nas relações exteriores contemporâneas e se mostram cada vez mais atuantes, especialmente na defesa do meio ambiente. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um dos direitos difusos e coletivos – não pertence a um único indivíduo ou grupo – suplanta fronteiras – participação da sociedade civil, portanto, é fundamental. Formas de atuação das ONGs Sensibilização da opinião pública, para que essa exerça sua pressão sobre os responsáveis pela decisão e pela execução de projetos e políticas. Ação direta, que consiste, muitas vezes, na execução de ações nos próprios lugares onde se desenvolvem os projetos considerados não procedentes, que se fazem acompanhar por uma estratégia de pressão, com isso busca influenciar decisões e também determinar o rumo das políticas questionadas. A independência do Estado proporciona às ONGs uma posição favorável para participar de conferências internacionais, conscientizar a opinião pública, questionar e até mesmo contrariar as decisões estatais. Greenpeace Fundado no Canadá, em 1971, suas equipes analisam os eventos cometidos contra o meio ambiente, sendo que tais informações possibilitam à ONG influenciar a tomada de decisões nas instâncias internacionais. O Greenpeace é uma ONG que se destaca entre os demais atores não governamentais, principalmente por promover estratégias de ação direta, bem como pressionar os Estados durante conferências internacionais. O Protocolo de Madri, elaborado no ano de 1991, que dispõe sobre a proibição de prospecção mineral na Antártida durante 50 anos, foi influenciado diretamente pelo Greenpeace. União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos – UICN Fundada em 1948, na França – a única ONG a possuir como membros não só pessoas de direito privado, como também governos e entidades públicas. Dá suporte técnico aos governos para a criação de leis ambientais, assim como sugere estratégias de gerenciamento dos recursos naturais. É considerada pela doutrina como um centro internacional de estudos jurídicos de direito comparado e de direito internacional e do meio ambiente. Possui cargo oficial consultivo na UNESCO, desde 1972. Sugeriu artigos na Convenção de Aarhus sobre o acesso à informação, à participação pública no processo decisório e o acesso à Justiça nas questões ambientais. WWF (World Wildlife Fund) Criada em 1961, na Suíça, tem financiado projetos de conservação, reflorestamento ambiental e assistência técnico- sanitária em vários países. Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários. Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado e o Projeto Tamar, iniciados nos anos 1980 estão entre os mais importantes trabalhos de conservação da natureza brasileira. Interatividade Não constituem ações realizadas validamente pelas ONGs na defesa do meio ambiente: a) A sensibilização da opinião pública, para que essa exerça sua pressão sobre os responsáveis pela decisão e pela execução de projetos e políticas públicas ambientais. b) Celebração de tratados e convenções internacionais, no âmbito das políticas públicas ambientais. c) A ação direta, que consiste, muitas vezes, na execução de ações nos próprios lugares onde se desenvolvem os projetos considerados não procedentes. d) Realização de campanhas junto à sociedade para esclarecimento e defesa do meio ambiente. e) Pressão sobre governos e organizações intergovernamentais, para execução das políticas ambientais. ATÉ A PRÓXIMA!
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