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Resumo EMBARGOS DE TERCEIROS

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Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
Art. 674 - Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou 
ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito 
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou 
sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º - Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, 
ou possuidor.
§ 2º- Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios 
ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara 
a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconside-
ração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto 
de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais 
dos atos expropriatórios respectivos.
Autor
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
I. Conceito, natureza e finalidade dos embargos de terceiro
Os embargos de terceiro podem ser conceituados como uma ação autônoma, de procedimento 
especial, incidente em outro processo, pela qual o terceiro pretende desconstituir (ou evitar a 
prática de) ato constritivo judicial sobre bens de sua posse, de sua propriedade ou sobre os quais 
tenha direito incompatível com a constrição judicial.
Sua natureza, portanto, é de ação autônoma, com eficácia desconstitutiva (ou constitutiva 
negativa), tendo por finalidade principal desfazer (ou inibir no caso dos embargos de terceiro 
preventivos) a prática de atos judiciais de constrição de bens, como a penhora, o arresto, o se-
questro, etc. Embora sirvam para impugnar atos judiciais, os embargos de terceiro não têm natu-
reza de recurso, incluindo-se entre os meios autônomos de impugnação, como a ação rescisória 
e o mandado de segurança.
II. Interesse de agir para oposição de embargos de terceiro
O interesse de agir para a oposição de embargos de terceiro surge em razão da realização ou 
da ameaça concreta e iminente de realização de ato de constrição judicial de um determinado 
bem sobre o qual o terceiro tenha posse, propriedade ou outro direito incompatível com a prática 
desse ato.
Os atos de constrição judicial que dão ensejo à oposição dos embargos de terceiro podem 
ter sido praticados em processo de execução de título extrajudicial, na fase de cumprimento de 
sentença (v.g. penhora) ou mesmo na fase de conhecimento, por meio de tutela provisória (v.g. 
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arresto) ou de sentença definitiva (v.g. nas ações possessórias). Podem ainda ser provenientes 
tanto de procedimentos de jurisdição contenciosa quanto de jurisdição voluntária, como no caso 
da alienação judicial (CPC/2015, art. 730).
Em regra, é a prática do ato de constrição judicial que faz nascer o interesse de agir para a opo-
sição dos embargos de terceiro. Tal ato deve ter sido praticado em processo pendente, que ainda 
não tenha sido encerrado por uma sentença transitada em julgado (CPC/2015, art. 675), sendo 
necessário, ainda, que o próprio ato de constrição permaneça existente na época do ajuizamento 
e durante todo o curso dos embargos de terceiro. Se o ato de constrição impugnado deixar de 
existir, haverá perda superveniente do interesse de agir nos embargos de terceiro, pois o objetivo 
que se buscava – desconstituir o ato judicial de constrição – já terá sido alcançado.
O art. 674 ainda prevê a figura dos embargos de terceiro preventivos, que se voltam não con-
tra um ato de constrição já praticado, mas sim contra a ameaça de constrição. Tal modalidade 
preventiva de embargos de terceiro não era expressamente prevista no CPC/1973, mas já era 
admitida pela jurisprudência. É necessário, contudo, que a ameaça de constrição seja concreta e 
iminente. Vale dizer, é necessário que o bem do terceiro já tenha sido identificado como o objeto 
do ato de constrição e que tal ato esteja na iminência de ser praticado. Por exemplo, não basta a 
mera indicação à penhora do bem do terceiro pelo exequente ou pelo executado para configurar 
a existência de interesse de agir para os embargos de terceiro preventivos. É preciso que o juiz já 
tenha deferido a penhora sobre o bem, o que indica que sua constrição é iminente.
III. Legitimidade ativa
Os §§ 1º e 2º do art. 674 do CPC/2015 estabelecem os casos de legitimados ativos para a opo-
sição dos embargos de terceiro. 
Regra geral, o embargante será o terceiro titular de posse, propriedade (inclusive fiduciária) 
ou outro direito sobre o bem que seja incompatível com a sua constrição judicial proveniente 
daquele processo onde se realizou o ato que se quer desconstituir.
O conceito de terceiro, aqui, é eminentemente processual, opondo-se à condição de parte. Assim, 
será terceiro todo aquele que não seja parte no processo onde foi praticado o ato de constrição judicial.
Não se deve perquirir sobre a relação jurídica de direito material. Assim, mesmo aqueles que po-
deriam – ou mesmo deveriam – ter sido partes no processo principal e não o foram (v.g. devedores 
solidários e litisconsortes unitários não incluídos no polo passivo do processo) serão terceiros e, 
portanto, poderão atacar eventual ato constritivo de seus bens por meio dos embargos de terceiro.
Para que se configure a legitimidade ativa para oposição dos embargos de terceiro, não basta 
que o embargante seja apenas terceiro em relação ao processo principal. Exige-se também que 
seja titular de posse, propriedade ou direito incompatível com o ato de constrição do bem.
Quanto à posse para efeito de aferição da legitimidade ativa para oposição de embargos de ter-
ceiro, não interessa a sua qualificação. Ainda que a posse do terceiro seja injusta ou de má-fé, ele 
estará legitimado para opor embargos de terceiro. As questões concernentes à qualificação e aos 
defeitos da posse invocada pelo embargante escapam à análise da legitimidade ativa, situando-
se já no plano do mérito dos embargos de terceiro, onde se verificará se o direito invocado pelo 
embargante justifica ou não a desconstituição do ato constritivo emanado do processo principal.
Diferentemente do que ocorria no regime do CPC/1973, o § 1º do art. 674 do CPC/2015 
atribui legitimidade ativa ao titular de propriedade totalmente destituído de posse, como o do 
proprietário esbulhado ou o do adquirente que ainda não foi imitido na posse do bem adquirido. 
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Nessa mesma linha e positivando o que já vinha sendo admitido na jurisprudência, o CPC/2015 
atribui legitimidade ativa também ao proprietário fiduciário. Assim, por exemplo, também a ins-
tituição financeira que for proprietária fiduciária do bem poderá opor embargos de terceiro para 
desconstituir ato de constrição judicial que recaia sobre o bem objeto da garantia que esteja na 
posse direta do devedor.
Por fim, são legitimados ativos para a oposição dos embargos de terceiro os titulares de direitos 
incompatíveis com o ato de constrição, como o caso sociedade em relação à penhora de cotas 
sociais de um de seus sócios. Ou, ainda, o caso expressamente previsto no art. 674, § 2º, inciso IV, do 
CPC/2015, em que o credor com garantia real usa os embargos de terceiro para obstar a expro-
priação judicial do bem objeto da garantia, preservando seu direito de preferência.
Ao lado da regra geral da legitimidade ativa, o § 2º do art. 674 do CPC/2015 traz quatro casos 
específicos de pessoas que são consideradas terceiros para efeitos de oposição dos embargos, 
quais sejam: (i) o cônjuge ou companheiro para defender seus bens próprios ou de sua meação; 
(ii) o adquirente de bem em fraude à execução; (iii) o sócio (ou a sociedade, no caso de descon-
sideração “inversa”– CPC/2015, art. 133, § 2º) que não participou do incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica e que, não obstante, teve seus bens em razão dessa desconsidera-
ção; e (iv) o já mencionado caso do credor com garantia real.
Em relação ao cônjuge e ao companheiro, o art. 674, § 2º, inciso I, do CPC/2015 positivou o 
entendimento da Súmula nº 134 do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual “embora inti-
mado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro 
para defesa de sua meação”. A única ressalva feita pelo dispositivo diz respeito à incidência do 
art. 843 do CPC/2015, que trata da penhora de quota-parte de bens indivisíveis. Nesse caso, ain-
da que os embargos de terceiro sejam julgados procedentes, a penhora subsistirá e a quota-parte 
relativa à meação do cônjuge ou do companheiro recairá sobre o produto da alienação do bem. 
O dispositivo, aqui, refere-se ao caso em que o cônjuge ou o companheiro não figuram como 
parte no processo em que o ato constritivo foi praticado. Sendo parte, o cônjuge ou companheiro 
deverão se opor ao ato pelos meios próprios do processo em que figurem, como os embargos à 
execução ou a impugnação ao cumprimento de sentença (CPC/2015, arts. 525 e 914).
O CPC/2015 prevê expressamente, no inciso II do § 2º do seu art. 674, que se considera tercei-
ro o adquirente de bens em fraude à execução. Jamais se teve muita dúvida quanto à qualidade 
de terceiro do adquirente de bens em fraude de execução. O que talvez o legislador de 2015 tenha 
querido deixar claro é que os embargos de terceiro são o meio mais adequado para a oposição do 
terceiro contra o ato constritivo judicial decorrente de fraude de execução, e não o mandado de 
segurança ou o recurso de terceiro prejudicado.
Quanto à desconsideração da personalidade jurídica, a interpretação conjunta dos arts. 135 
e 674, § 2º, inciso III, do CPC/2015 indica que os embargos de terceiro só podem ser opostos 
pelo sócio, acionista, administrador (ou pela sociedade, no caso da “desconsideração inversa”), 
se estes não foram citados para fazer parte do incidente previsto nos arts. 133 a 137. No sistema 
do CPC/1973, havia séria dúvida sobre o cabimento de embargos de terceiro ou de embargos à 
execução no caso da desconsideração da personalidade jurídica, sobretudo se o sócio tivesse sido 
intimado da decisão da desconsideração no processo principal. O CPC/2015 põe fim a essa dúvi-
da. A defesa do sócio deverá ocorrer por meio do incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica e, apenas nos casos excepcionais em que não tenha participado desse incidente, é que ele 
poderá opor embargos de terceiro.
Art. 674
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Por fim, o art. 674, § 2º, inciso IV, do CPC/2015 atribui legitimidade ativa para opor embargos 
de terceiro ao credor com garantia real que não foi intimado do ato de constrição do bem objeto 
da garantia. O objetivo desses embargos é obstar a realização da alienação judicial do bem para 
garantir ao credor seu direito de preferência. Deve-se ressaltar que só é legitimado ativo o credor 
com garantia real que não foi intimado do ato constritivo. Se o credor tiver sido intimado do ato 
(CPC/2015, art. 799, inciso I), ele já terá tido oportunidade de defender seu direito de preferência 
no processo principal.
IV. Súmulas do STJ
Súmula nº 84: “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de 
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro.”
Súmula nº 134: “Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado 
pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação.”
V. Julgados
“[...] É cediço na Corte que os embargos de terceiro são cabíveis de forma preventiva, quando 
o terceiro estiver na ameaça iminente de apreensão judicial do bem de sua propriedade. Prece-
dentes: REsp 751513/RJ, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 21/08/2006 Resp. nº 
1.702/CE, Relator o Ministro Eduardo Ribeiro, DJ de 9/4/90; REsp nº 389.854/PR, Relator o Mi-
nistro Sálvio de Figueiredo, DJ de 19/12/02. 4. A ameaça de lesão encerra o interesse de agir no 
ajuizamento preventivo dos embargos de terceiro, máxime à luz da cláusula pétrea da inafastabi-
lidade, no sentido de que nenhuma lesão ou ameaça de lesão escapará à apreciação do judiciário 
(art. 5º, inciso XXXV, da CF).” (STJ, 1ª T., REsp nº 1.019.314, Rel. Min. Luiz Fux, j. 2/3/2010).
“A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que os embargos de terceiro são admis-
síveis não apenas quando tenha ocorrido a efetiva constrição, mas também preventivamente.” 
(STJ, 2ª T., AgRg no REsp nº 1.367.984, Rel. Min. Humberto Martins, j. 11/11/2014).
“Nos termos da jurisprudência do STJ, é possível ao credor a oposição de embargos de tercei-
ro para resguardar o bem alienado fiduciariamente, que foi objeto de restrição judicial (seques-
tro).” (STJ, 4ª T., REsp nº 622.898, Rel. Min. Aldir Passarinho Jr., j. 4/5/2010).
“Já assentou a jurisprudência das duas Turmas que compõem a Seção de Direito Privado desta 
Corte, que a sociedade tem legitimidade ativa para opor embargos de terceiros com o objetivo 
de afastar a penhora incidente sobre as quotas de sócio.” (STJ, 3ª T., REsp nº 285.735, Rel. Min. 
Menezes Direito, j. 20/8/2001).
“A jurisprudência desta Corte Superior, desde o seu início, firmou-se no sentido de admitir a 
oposição de embargos de terceiro para desconstituir penhora de cotas do capital social de empre-
sas (bem incorpóreo). [...] Essa interpretação extensiva das hipóteses de cabimento dos embargos 
de terceiro vai ao encontro do disposto no Código de Processo Civil de 2015, estatuindo expres-
samente que os embargos de terceiro também serão cabíveis para a defesa de ‘direito incompa-
tível com o ato constritivo’ (art. 674, caput, da Lei 13.105/15)” (STJ, 3ª T., REsp nº 1.554.729, 
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 3/5/2016).
“É cediço que a impetração de mandado de segurança contra ato judicial, pelo terceiro preju-
dicado, não se revela admissível na hipótese em que cabível o manejo de embargos de terceiro, 
remédio processual adequado quando necessária ampla dilação probatória (Precedentes do STJ: 
AgRg no RMS 32.420/ES, Rel. Ministro Vasco Della Giustina (Desembargador Convocado do 
Art. 674
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TJ/RS), Terceira Turma, julgado em 16.09.2010, DJe 22.09.2010; AgRg no RMS 28.664/SP, 
Rel. Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em 15.12.2009, DJe 04.02.2010; AgRg 
no RMS 27.942/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 01.10.2009, DJe 
18.11.2009; e RMS 27.503/MS, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 
01.09.2009, DJe 14.09.2009).” (STJ, 1ª T., RMS nº 24.487, Rel. Min. Luiz Fux, j. 16/11/2010).
“Embargos de Terceiro. Execução em Locação. Penhora de bem imóvel. Embargante que é co-
proprietária e não é parte na execução. Bem imóvel indivisível. Prosseguimento da execução pela 
totalidade. Reserva do produto da alienação. Inteligência do artigo 843, do Novo Código de Proces-
so Civil. Dispositivo legal que deu nova redação, mais abrangente, ao antigo artigo 655-B do Có-
digo de 1973, equiparando o coproprietário ao cônjuge alheio à execução. Inaplicabilidade do en-
tendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça quanto à possibilidade de penhora de fração 
ideal de imóvel indivisível, ainda com base na legislação processual anterior. Mantida a penhora do 
imóvel em sua totalidade, resguardada a quota-parte do produto da arrematação” (TJSP, 33ª Câm. 
Dir. Priv., Apel. nº 0010795-27.2013.8.26.0223, Rel. Des. Sá Moreira de Oliveira, j. 31/10/2016).
Art. 675 - Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo 
de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no 
cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco)dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da 
arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único - Caso identifique a existência de terceiro titular de 
interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
I. Prazo para oposição dos embargos de terceiro
O art. 675 do CPC/2015 estabelece os prazos para a oposição dos embargos de terceiro. Como 
visto anteriormente, os embargos de terceiro cabem tanto na fase de conhecimento do processo 
quanto na fase de cumprimento de sentença ou no processo de execução.
Quando o ato de constrição judicial tiver sido praticado na fase de conhecimento do processo 
(v.g. arresto ou sequestro concedidos em tutela provisória), o prazo para oposição dos embargos 
terminará com o trânsito em julgado da sentença. Há situações, no entanto, em que é possível a 
oposição de embargos de terceiro mesmo após o trânsito em julgado. Trata-se dos casos de ações 
executivas lato sensu, em que o ato de constrição do bem seja praticado após o trânsito em julga-
do, mas sem a instauração propriamente dita de uma fase de cumprimento de sentença (v.g. ação 
possessória em que não houve o deferimento da liminar, CPC/2015, arts. 554 e ss.).
Já quando o ato de constrição judicial tiver sido praticado na fase de cumprimento de sentença 
ou no processo de execução, os embargos de terceiro serão cabíveis até cinco dias após a aliena-
ção do bem, seja por adjudicação, alienação por iniciativa particular ou arrematação, salvo se a 
respectiva carta for assinada pelo juiz em prazo menor. A assinatura da carta marca o término do 
prazo para oposição de embargos de terceiro.
Situação interessante é a da constrição de dinheiro pertencente ao terceiro. Como não há carta 
a ser assinada pelo juiz para a transmissão de dinheiro, firmou-se o entendimento jurisprudencial 
Art. 675
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de que o prazo para a oposição dos embargos de terceiro termina após cinco dias do deferimento 
da expedição de guia de levantamento em favor do credor.
Por fim, o parágrafo único do art. 675 do CPC/2015 prevê que, nos casos em que seja facilmente 
identificável o terceiro que tenha interesse em embargar o ato constritivo, o juiz determinará a sua 
intimação para que exerça seu direito ao contraditório. Um exemplo claro é o da penhora de bem 
imóvel em fraude à execução. Se o exequente apresenta a matrícula do imóvel demonstrando que o 
bem foi alienado no curso do processo e pleiteia a decretação da fraude à execução e a penhora do 
bem, já é possível ao juiz identificar na própria matrícula o terceiro adquirente do bem, que deverá 
ser intimado pessoalmente, em obediência ao art. 675, parágrafo único, do CPC/2015.
Nos casos de fraude à execução, como no exemplo anterior, incide também o art. 792, § 4º, 
do CPC/2015, que prevê o prazo especial de 15 dias, contados de sua intimação, para o terceiro 
opor seus embargos. Por se tratar de norma específica, o prazo do art. 792, § 4º, prevalece sobre 
o prazo geral do art. 675 do CPC/2015.
A perda do prazo para a oposição dos embargos de terceiro não acarreta nenhum efeito no plano 
do direito material. O terceiro não perde sua posse, sua propriedade ou o outro direito incompatível 
com o ato de constrição judicial de que seja titular. Continua ele com a possibilidade de defender seu 
direito material por meio de outra demanda, pelo procedimento comum. Apenas não terá ele direito 
ao procedimento especial dos embargos de terceiro, notadamente à liminar do art. 678 do CPC/2015, 
sujeitando-se aos requisitos gerais da tutela provisória previstos nos arts. 294 e ss. do CPC/2015.
 II. Julgados
“O trânsito em julgado de decisão proferida em ação de reintegração de posse não obsta a 
oposição de embargos de terceiro.” (STJ, 3ª T., REsp nº 341.394, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
12/11/2001).
“Embargos de terceiro. Indeferimento inicial. Reintegração de posse. Cumprimento de sen-
tença transitada em julgado. Oposição. Possibilidade. Sentença cassada. Recurso provido. O ora 
apelante não figurou como parte no processo principal, sendo considerado, portanto, terceiro 
alheio à lide, eis que sofreu ou poderá sofrer esbulho em sua posse, em razão do cumprimento 
do mandado reintegratório expedido, já na fase de cumprimento de sentença. O fato de já haver 
sentença transitado em julgado não impede a oposição dos embargos de terceiros, conforme é o 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça” (TJPR, 18ª Câm. Cív., Apel. nº 1.689.624-3, Rel. 
Des. Marcelo Gobbo Dalla Dea, j. 2/8/2017).
“Em hipótese de utilização do sistema BACEN-JUD, considera-se realizada a penhora no mo-
mento em que se dá a apreensão do dinheiro depositado ou aplicado em instituições financeiras, 
mas a alienação somente ocorre com a colocação do dinheiro à disposição do credor, o que acon-
tece com a autorização de expedição de alvará ou de mandado de levantamento em seu favor, 
devendo este ser o termo ad quem do prazo de 5 (cinco) dias para apresentação dos embargos de 
terceiro.” (STJ, 3ª T., REsp nº 1.298.780, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 19/3/2015).
“A perda do prazo para oposição dos embargos de terceiro não produz qualquer modificação 
no plano do direito material de modo que a parte interessada poderia repetir a demanda (com as 
mesmas partes, pedido e causa de pedir), sob a forma de uma ação autônoma. A única diferen-
ça é que essa ação autônoma seria desprovida do efeito suspensivo automático previsto no art. 
1.052 do CPC/1973 [...]” (STJ, 3ª T., REsp nº 1.627.608, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 
j. 6/12/2016).
Art. 675
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“Necessidade de intimação prévia dos terceiros adquirentes para oposição de embargos de 
terceiro. Art. 792, § 4º, do Código de Processo Civil. Caso concreto em que não restou observa-
da tal determinação legal. Ofensa ao contraditório reconhecida de ofício. Cassação da decisão 
agravada para fins de efetivo cumprimento da legislação processual civil. ‘O terceiro adquirente 
deve ser intimado para manifestar-se, antes de declarada a fraude à execução. Neste caso, poderá, 
querendo, opor embargos de terceiro no prazo de quinze dias (cf. § 4º do art. 792 do CPC/2015).’ 
Medina, José Miguel Garcia. Novo curso de processo civil comentado: com remissões e notas 
comparativas ao CPC/1973. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 1.126. Decisão 
cassada de ofício, por ofensa ao contraditório” (TJPR, 13ª Câm. Cív., AI nº 1.568.371-5, Rel. 
Des. Francisco Eduardo Gonzaga de Oliveira, j. 22/3/2017).
Art. 676 - Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que 
ordenou a constrição e autuados em apartado.
Parágrafo único - Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os 
embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo 
juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.
I. Competência
A regra geral do art. 676 do CPC/2015 é no sentido de que o órgão competente para o julga-
mento dos embargos de terceiro é o mesmo que ordenou o ato de constrição.
Tal competência funda-se em critério de funcionalidade, tendo em vista que seu objetivo é 
atribuir ao mesmo órgão que determinou a prática do ato constritivo a análise das razões para o 
seu desfazimento ou inibição. Por fundar-se em critério funcional, a competência prevista no art. 
676 do CPC/2015 trata-se de competência absoluta.
Embora a regra do art. 676 seja clara, há situações em que sua aplicação torna-se difícil. São 
os casos, por exemplo, dos embargos de terceiro opostos pela União ou por outros entes federais; 
e dos embargos de terceiro opostos quando o processo principal estiver em tribunal de segundo 
grau de jurisdição ou em tribunal de superposição.
Quanto aos embargos de terceiro opostos pela União Federal ou por outros entes federais, o 
art. 109, inciso I, da Constituiçãoda República prevê caso de competência absoluta da Justiça 
Federal. Assim, se o processo principal estiver correndo na Justiça Estadual, haverá conflito de 
duas regras de competência absoluta.
Diante dessa situação, no regime do CPC/1973, a jurisprudência já firmou entendimento no 
sentido de prevalecer a competência da Justiça Federal para a tramitação dos embargos, pois o 
Código de Processo Civil, lei infraconstitucional, não poderia criar exceção às regras de compe-
tência absoluta fixadas na Constituição da República.
Definida a competência da Justiça Federal para o julgamento dos embargos, qual será o desti-
no do processo principal nessa situação? Permaneceria ele sob a competência da Justiça Estadual 
ou também teria sua competência deslocada para a Justiça Federal?
No Superior Tribunal de Justiça, tem prevalecido o entendimento de que o processo principal 
permanece na Justiça Estadual, devendo ser sobrestado até o julgamento dos embargos de tercei-
ro, mas há corrente minoritária entendendo que também o processo principal teria sua competên-
cia deslocada para a Justiça Federal.
Art. 676
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Quanto ao caso em que o processo principal esteja em tribunal de segundo grau de jurisdição 
ou em tribunal de superposição por força de interposição de recurso, a dúvida que se coloca é 
saber se a competência para a apreciação dos embargos de terceiro será do juízo de primeiro grau 
ou do tribunal.
Neste caso, como os atos de constrição serão praticados, em regra, em execução provisória 
que será processada em primeiro grau, os embargos deverão ser opostos em primeiro grau. No 
entanto, duas situações devem ser ressalvadas. A primeira quando o processo for de competên-
cia originária do tribunal, e a segunda quando o ato constritivo tiver sido ordenado pelo próprio 
tribunal, por meio de carta de ordem. Em ambos os casos, os embargos de terceiro deverão ser 
ajuizados diretamente no tribunal.
Ainda outra observação deve ser feita em relação à competência recursal dos embargos de ter-
ceiro. Como os embargos de terceiro são ação autônoma e que suspendem, ao menos em parte, o 
processo principal (CPC/2015, art. 678), geralmente alcançarão a fase recursal antes do processo 
principal. Nesse caso, a conexão também deve se manter no tribunal, e o recurso interposto nos 
embargos de terceiro também deve ser distribuído para o mesmo órgão competente para o julga-
mento do recurso principal.
Por fim, nota-se que o parágrafo único do art. 676 do CPC/2015 resolve questão antiga ao pre-
ver que, nos casos de ato constritivo realizado em carta precatória, a competência para a oposição 
dos embargos de terceiro será do juízo deprecado, salvo se a indicação do bem tiver partido do 
juízo deprecante ou se a carta precatória já tiver sido devolvida.
 II. Julgados
“Conflito de competência. Embargos de terceiro. Usucapião. Competência absoluta. A reunião 
de ações, em virtude de conexão, não se mostra possível quando implicar alteração de competência 
absoluta. O foro competente para a ação de usucapião de bem imóvel será sempre o da situação da 
coisa (art. 95 do CPC/1973 e art. 57 do CPC/2015), configurando hipótese de competência matéria, 
portanto, absoluta e improrrogável. A Competência para julgamento dos embargos de terceiro é do 
juiz que determinou a constrição na ação principal, nos termos do art. 1.049 do CPC/1973 (art. 676 
do CPC/2015), de modo que, por se tratar de hipótese de competência funcional, é também absolu-
ta e improrrogável” (STJ, 2ª Seção, CC nº 142.849, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 22/3/2017).
“É competente a Justiça Federal para o julgamento dos embargos de terceiro opostos pela 
Caixa Econômica Federal, devendo ser sobrestada na Justiça Estadual, a ação de execução, até 
julgamento dos referidos embargos, pela Justiça Federal, para evitar prolação de decisões confli-
tantes.” (STJ, 2ª Seção, CC nº 93.969, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 28/5/2008).
“A União ajuizou embargos de terceiro contra decisão proferida pelo juízo comum estadual, que 
determinou, nos autos de execução de título judicial movida por pensionistas de ex-ferroviários, a pe-
nhora de créditos da Rede Ferroviária Federal S/A, sucessora da FEPASA - Ferrovia Paulista S/A, que 
entende lhes pertencer. Nos termos do art. 109, I, da CF/88, compete à justiça comum federal o exame 
dos embargos de terceiro, pois presente a União no polo ativo da demanda. Todavia, apenas os embar-
gos de terceiro se deslocam para a justiça federal, devendo o processo executório em curso na justiça 
comum estadual lá permanecer. Isso porque a competência da justiça federal é absoluta e, por isso, não 
se prorroga por conexão.” (STJ, 3ª Seção, CC nº 83.326, Rel. Min. Maria Thereza Moura, j. 27/2/2008). 
Em sentido contrário, admitindo a competência da Justiça Federal tanto para os embar-
gos de terceiro quanto para o processo principal:
“A peculiaridade, no caso concreto, é que, em ação de execução de competência da Justiça 
Estadual – já que nele os figurantes são entidades particulares – sobreveio ação conexa, de em-
Art. 676
1101
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
bargos de terceiro, proposta por autarquia federal. [...] É da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal que compete à Justiça Federal processar e julgar não só os embargos de terceiro assim 
interpostos (RE 88.688, 2ª Turma, Min. Moreira Alves, RTJ 98/217; RE 104.472, 2ª Turma, 
Min. Djaci Falcão, RTJ 113/1.380. No mesmo sentido era a jurisprudência do TFR: AC 94.795, 
6.ª Turma, Min. Américo Luz, RTFR 119/225), como também a própria ação de execução (STF, 
Conflito de Jurisdição 6.390, Pleno, Min. Néri da Silveira, RTJ 106/946).” (STJ, 1ª Seção, CC nº 
54.437, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 14/12/2005).
Art. 677 - Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de 
sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo 
documentos e rol de testemunhas.
§ 1º - É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada 
pelo juiz.
§ 2º - O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio 
alheio.
§ 3º - A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador 
constituído nos autos da ação principal.
§ 4º - Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição 
aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando 
for sua a indicação do bem para a constrição judicial.
I. Petição inicial
Por se tratar de ação autônoma, os embargos de terceiro devem ser opostos por meio de peti-
ção inicial com os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC/2015.
Assim, a petição inicial dos embargos de terceiro deve indicar (i) o juiz ou tribunal a que é 
dirigida; (ii) a qualificação das partes; (iii) os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido; (iv) o 
pedido com suas especificações; (v) o valor da causa; (vi) as provas com que o embargante pre-
tende demonstrar a verdade dos fatos alegados; e (vii) a opção do embargante pela realização ou 
não de audiência de conciliação ou de mediação.
Além desses requisitos, o embargante deverá apresentar na petição inicial a prova sumária de 
sua qualidade de terceiro, bem como da posse, do domínio ou de outro direito incompatível com 
o ato constritivo de que seja titular. Pela redação do § 2º do art. 677, é ainda permitido ao terceiro 
que seja possuidor direto do bem constrito ou ameaçado de constrição invocar como fundamento 
dos embargos o domínio ou outro direito alheio que seja incompatível com o ato constritivo. A 
prova dessa condição poderá ser feita por meio de documentos ou testemunhas.
Caso seja necessária a prova por meio de testemunhas, essas já deverão ser arroladas na peti-
ção inicial, para que sejam intimadas a participar da audiência preliminar a ser designada pelo 
magistrado. Tal audiência preliminar tem por finalidade a produção da prova (da posse, do do-
mínio ou do direito incompatívelcom o ato constritivo) que embasará o deferimento da liminar 
mencionada no art. 678 do CPC/2015. A audiência preliminar é realizada perante o juiz, inde-
pende da citação do embargado, e antes da audiência de conciliação ou de mediação prevista no 
art. 334 do CPC/2015.
Art. 677
1102
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
Questão interessante relativa à petição inicial dos embargos de terceiro diz respeito à atribui-
ção de valor à causa. Tendo em vista que a finalidade dos embargos de terceiro é o desfazimento 
ou a inibição de ato de constrição judicial, torna-se difícil subsumir tal situação a uma das hipó-
teses expressamente previstas no art. 292 do CPC/2015.
Talvez a hipótese do art. 292 do CPC/2015 de que os embargos de terceiro mais se aproximem 
é a de seu inciso II (“na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a mo-
dificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, [o valor da causa] será o valor do 
ato ou o de sua parte controvertida”). Tal inciso alinha-se com a jurisprudência dominante nos 
últimos anos de vigência do CPC/1973, segundo a qual o valor da causa nos embargos de terceiro 
deveria corresponder ao benefício econômico pretendido pelo embargante, qual seja, o valor do 
bem que se pretende livrar da constrição judicial, limitado ao valor da própria constrição. Assim, 
por exemplo, se um imóvel avaliado em R$ 100.000,00 foi penhorado numa execução em que 
se busca a satisfação de um crédito de R$ 30.000,00, aos embargos de terceiro que tenham por 
objetivo desconstituir essa penhora dever-se-á atribuir o valor da causa de R$ 30.000,00, já que 
o restante do imóvel não foi objeto da constrição que se pretende desconstituir.
II. Citação
O § 3º do art. 677 do CPC/2015 prevê a possibilidade de a citação do embargado ser realizada 
na pessoa do advogado que o represente no processo principal, ainda que esse não tenha poderes 
específicos para receber citação (cf. art. 105 do CPC/2015).
Não tendo procurador constituído no processo principal, o embargado deverá ser citado numa 
das modalidades do art. 246 do CPC/2015.
III. Legitimidade passiva
Pondo fim à antiga lacuna legal do CPC/1973, o § 4º do art. 677 do CPC/2015 prevê como 
legitimados passivos dos embargos de terceiro a parte a quem a constrição aproveita e o seu ad-
versário no processo principal, quando a constrição tiver partido de indicação sua.
A norma positiva a corrente dominante na doutrina e na jurisprudência durante a vigência do 
CPC/1973, segundo o qual, em regra, somente figurará como embargado o autor ou o exequente 
da ação principal em que foi praticado o ato de constrição judicial.
O réu ou o executado apenas integrarão o polo passivo dos embargos de terceiro excepcionalmen-
te, se tiverem indicado o bem para o ato de constrição. É importante frisar que a integração do réu ou 
executado no polo passivo dos embargos de terceiro se dá em litisconsórcio, juntamente com o autor 
ou o exequente. É esse o sentido da expressão “assim como” do § 4º do art. 677 do CPC/2015.
O legislador de 2015 claramente evitou a discussão quanto à natureza (unitária ou simples) 
deste litisconsórcio.
Durante a vigência do CPC/1973, a questão era objeto de grande discussão.
Para a corrente majoritária, como visto, tal litisconsórcio era simples e somente deveria ser for-
mado nos casos em que o réu ou o executado participavam ativamente do ato de constrição do bem, 
indicando-o à penhora, por exemplo. 
Já para a corrente minoritária, a natureza desse litisconsórcio era unitária. Assim, seriam legitima-
das para figurar no polo passivo dos embargos de terceiro ambas as partes do processo principal em 
que o ato constritivo foi praticado, pois, se a sentença dos embargos de terceiro tem natureza descons-
titutiva, o ato de constrição judicial – que existe e é eficaz perante ambas as partes do processo princi-
pal – somente poderá ser desconstituído em processo que se desenvolva perante essas mesmas partes.
Art. 677
1103
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
Tal posição minoritária, que investigava o efeito que a sentença dos embargos de terceiro 
teria na relação jurídica subjacente, começava a ganhar força na jurisprudência (v.g. o REsp nº 
601.920/CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 13/12/2011) e ainda poderá ser invocada durante 
a vigência do CPC/2015, tendo em vista que o texto do § 4º do art. 677 não exclui expressamente 
essa investigação.
Por fim, ressalte-se que a inclusão do réu ou executado no polo passivo dos embargos de ter-
ceiro poderá ser útil em relação à eficácia que se queira obter com sua sentença, em especial a 
decisão definitiva, com força de coisa julgada, sobre a titularidade do bem ou direito objeto dos 
embargos (cf. comentário ao art. 681 do CPC/2015, adiante).
 IV. Julgados
“Valor da causa que deve corresponder ao proveito econômico esperado com a insurgência; 
tratando-se de embargos de terceiro, tal valor, a rigor, deve corresponder ao valor do bem penho-
rado, mas não pode exceder o montante da dívida exequenda” (TJSP, 30ª Câm. Dir. Priv., Apel. 
nº 1048108-36.2016.8.26.0114, Rel. Des. Maria Lúcia Pizzotti, j. em 24/5/2017).
“O valor da causa nos embargos de terceiro deve corresponder ao valor do bem penhorado, 
não podendo exceder o valor do débito.” (STJ, 4ª T., AgRg no AREsp nº 457315/ES, Rel. Min. 
Raul Araújo, j. 14/4/2015).
“A jurisprudência é unânime em apregoar que, em ação de embargos de terceiro, o valor da 
causa deve ser o do bem levado a constrição, não podendo exceder o valor da dívida.” (STJ, 4ª 
T., Resp nº 957760/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 12/4/2012).
“Nas hipóteses em que o imóvel de terceiro foi constrito em decorrência de sua indicação à 
penhora por parte do credor, somente este detém legitimidade para figurar no polo passivo dos 
Embargos de Terceiro, inexistindo, como regra, litisconsórcio passivo necessário com o deve-
dor.” (STJ, 3ª T., REsp nº 282.674/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 3/4/2001).
“Embargos de terceiro. Não caracterização de litisconsórcio passivo necessário. [...] Desne-
cessidade de que os devedores integrem a relação jurídico-processual, pois não contribuíram 
para a penhora do bem.” (TJSP, 35ª Câm. Dir. Priv., Apel. nº 0158833-93.2012.8.26.0100, Rel. 
Des. Gilberto Leme, j. 1º/6/2015).
Em sentido contrário, entendendo pela formação de litisconsórcio unitário:
“Se o provimento dos embargos de terceiro pode afetar tanto o exequente como o executado, 
considerada a natureza da relação jurídica que os envolve, é de se reconhecer a existência, entre 
eles, de litisconsórcio passivo necessário unitário.” (STJ, 3ª T., REsp nº 298.358/SP, Rel. Min. 
Antônio de Pádua Ribeiro, j. 21/6/2001).
“Nos embargos de terceiro, há litisconsórcio necessário unitário entre o exequente e o execu-
tado, quando a constrição recai sobre imóvel dado em garantia hipotecária pelo devedor. Ofensa 
ao art. 47, do CPC, segundo o qual ‘há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei 
ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas 
as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no 
processo.’” (STJ, 4ª T., REsp nº 601.920/CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 13/12/2011).
“Embargos de terceiro opostos por promissário comprador, em ação de cobrança de débito 
condominial, em fase de execução, movida contra a proprietária do imóvel perante o registro 
imobiliário. Litisconsórcio passivo necessário entre exequente e executado. Aplicação do artigo 
Art. 677
1104
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
47, parágrafo único, do CPC. Eficácia da sentença que depende da citação do litisconsorte ne-
cessário. Anulação do processo ab initio.” (TJPR, 9ª Câm. Cív., Apel. nº 1071277-7, Rel. Des. 
Francisco Luiz Macedo Junior, j. 8/5/2014).
Art. 678 - A decisão que reconhecersuficientemente provado o domínio 
ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os 
bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a 
reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único - O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de 
reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, 
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
I. Decisão liminar dos embargos de terceiro
O CPC/2015 prevê em seu art. 678 a suspensão liminar das medidas constritivas sobre os 
bens objeto dos embargos de terceiro, bem como a expedição de ordem de manutenção ou rein-
tegração de posse em favor do embargante. Para tanto, é necessário que o juiz entenda que a 
posse, o domínio ou o direito incompatível com o ato constritivo, em que o terceiro fundamenta 
sua ação, estejam suficientemente provados. Daí a importância da audiência preliminar prevista 
no art. 677, § 1º, do CPC/2015, caso o terceiro não disponha de prova documental suficiente a 
demonstrar sua qualidade de possuidor, proprietário ou titular do direito incompatível com o ato 
de constrição.
Tal qual ocorria com o art. 1.052 do CPC/1973, a norma do art. 678 do CPC/2015 é de natu-
reza cogente. Demonstrada a posse, a propriedade ou o direito incompatível com a constrição, os 
embargos devem ser recebidos para discussão e a eficácia do ato constritivo deve ser suspensa.
Para a suspensão liminar da eficácia do ato de constrição, não se exige prova plena, basta a 
prova sumária. O art. 678 é claro ao prever que a posse, o domínio ou o direito incompatível de 
que o terceiro seja titular devem estar apenas “suficientemente” provados. Havendo situação de 
dúvida, esta deve ser sempre decidida em favor do deferimento da liminar suspensiva, para que 
o terceiro – que, relembre-se, não participou do processo principal – possa exercer seu direito 
constitucional ao contraditório e ao devido processo legal, discutindo o mérito dos embargos de 
terceiro sem estar privado da fruição de seu bem ou direito (cf. art. 5º, incisos LIV e LV, da CF).
Observe-se, ainda, que que a suspensão liminar prevista no art. 678 não acarretará, necessa-
riamente, a suspensão total do processo principal. Em regra, só será suspensa a eficácia do ato 
constritivo e, ainda, apenas em relação aos bens objeto dos embargos de terceiro. Assim, por 
exemplo, se tiverem sido penhorados dois bens e somente em relação a um deles houver oposição 
de embargos de terceiro, a execução prosseguirá em relação ao outro bem. Da mesma forma, ain-
da que tenha sido penhorado apenas o bem objeto dos embargos de terceiro, ficarão suspensos os 
atos procedimentais subsequentes que logicamente dependem dessa penhora, como a avaliação e 
alienação do bem. Não ficam suspensos outros atos como a tentativa de penhora de outros bens, 
o processamento da impugnação eventualmente apresentada pelo devedor, etc.
Por fim, deve-se notar que nem sempre o terceiro necessitará da ordem de manutenção ou rein-
tegração de posse. Há casos em que a simples suspensão do ato constritivo já será suficiente para 
Art. 678
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Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
satisfazer seus interesses enquanto os embargos se processam. Pense-se, por exemplo, na hipótese 
de embargos de terceiro preventivos, em que a suspensão, por si só, já inibe a prática do ato cons-
tritivo que seria realizado.
II. Necessidade de caução para a ordem de manutenção ou reintegração de posse
Nos casos em que a ordem de manutenção ou reintegração de posse seja necessária, ela fica 
condicionada à prestação de caução pelo terceiro embargante. Tal cautela se justifica pelo fato de 
o terceiro continuar na fruição do bem durante o processamento dos embargos em vez de tal bem 
seguir o destino que lhe reservava o processo principal.
A análise da idoneidade da caução a ser prestada dependerá da situação concreta. Por exem-
plo, se se tratar de ato constritivo que recaia sobre imóvel, bem que (ao menos em tese) não pode-
rá ser subtraído pelo embargante, será excessiva a exigência de prestação de caução no valor total 
do bem. Será mais adequada, nesse caso, a exigência de caução que cubra o valor pela fruição 
do bem e eventuais danos que possam ser causados no imóvel durante o curso do processo de 
embargos de terceiro.
O parágrafo único do art. 678 do CPC/2015 prevê, ainda, a possibilidade de dispensa dessa cau-
ção para a parte economicamente hipossuficiente. Nesses casos, durante a vigência do CPC/1973, a 
jurisprudência também já vinha admitindo que o bem seja colocado sob a guarda de um depositário.
III. Cabimento de agravo de instrumento
Em qualquer dos casos previstos no art. 678 do CPC/2015 (v.g. deferimento ou indeferimento 
de suspensão do ato constritivo, rejeição ou concessão da ordem de manutenção ou reintegração 
de posse e discussão sobre a caução exigida para essa), por se tratar nitidamente de hipótese de 
tutela provisória, pode a parte prejudicada interpor agravo de instrumento (cf. art. 1.015, inciso I, 
CPC/2015).
IV. Julgados
“Nos termos do art. 1.052 do CPC, a oposição de embargos de terceiro, desde que não tenham 
sido rejeitados liminarmente, impõe que o julgador suspenda o curso do processo no qual foi 
determinada a constrição contra a qual se insurge o embargante, tratando-se de medida cogente 
que independe de requerimento da parte interessada. [...] Merecem destaque as lições de Pontes 
de Miranda em Comentários ao Código de Processo Civil: [...] ‘No Código de 1973, desapareceu 
a alternativa, como desapareceu o arbítrio do juiz. [...] A suspensão do processo principal é com-
pleta se os embargos concernem a todos os bens. Se só a algum, ou alguns deles, apenas quanto a 
esse ou esses se suspende o processo (arts. 1.051 e 1.052)’” (STJ, 3ª T., REsp nº 1.287.458, Rel. 
Min. Joao Otavio de Noronha, j. 10/5/2016).
“O art. 1.052 do CPC, norma de natureza cogente, determina que o simples recebimento de 
embargos de terceiro implica automática suspensão da execução com relação aos bens ou direitos 
objeto dos embargos” (STJ, 4ª T., AgRg no AREsp nº 463.551, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
j. 4/11/2014).
“A norma do artigo 678 do Novo Código de Processo Civil impõe ao magistrado a obrigato-
riedade da suspensão do processo principal, caso sejam recebidos os embargos para discussão 
e versem sobre a totalidade dos bens penhorados” (TJSP, 26ª Câm. Dir. Priv., AI nº 2157121-
04.2016.8.26.000, Rel. Des. Renato Sartorelli, j. 6/10/2016).
“Não é adequado o momento do recebimento dos embargos de terceiro à discussão da quali-
dade da posse, de sua origem, de como foi adquirida. Muito menos é possível adiantar o julga-
Art. 678
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mento do mérito dos embargos, ainda mais considerando o direito da parte em produzir provas 
no decorrer do processo. [...] A legislação, ainda mais em matéria possessória, é pela proteção da 
posse estável, e o já mencionado artigo 678 é a concretização de tal sistemática geral no âmbito 
dos embargos de terceiro” (TJSP, 9ª Câm. Dir. Priv., AI nº 2197827-29.2016.8.26.0000, Rel. Des. 
Piva Rodrigues, j. 8/11/2016).
“Embargos de terceiro. Deferimento liminar. Art. 1.051 do CPC. Caução não exigida. Possi-
bilidade de dispensa.” (STJ, 3ª T., AgRg no REsp nº 1.289.626, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanse-
verino, j. 20/5/2014).
“Se a caução prevista no art. 1.051 do CPC não é exigida ou não puder ser prestada pelo em-
bargante, o objeto dos embargos de terceiro fica sequestrado e quem o recebe assume o cargo de 
depositário judicial do bem, nos termos do art. 148 do CPC.” (STJ, 3ª T., REsp nº 754.895/MG, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 25/9/2006).
“A caução exigida para a concessão da liminar em sede de embargos de terceiro pode, con-
forme as peculiaridades do caso, ser substituída pela nomeação do embargante como depositáriojudicial.” (TJPR, 17ª Câm. Cív., AI nº 538.868-3, Rel. Des. Francisco Jorge, j. 12/6/2013).
“Embargos de Terceiro. Liminar. Caução. Dispensa. Cabimento. Subsistência da conclusão do 
magistrado, não infirmada por elementos probatórios, no sentido de que os valores bloqueados, 
embora encontrados em conta bancária conjunta do embargante e de sua filha (a executada), são 
frutos unicamente dos proventos da aposentadoria do primeiro, tratando-se de verba impenho-
rável à luz do art. 649, IV, do CPC - Dispensa da caução decorreu da improbabilidade de haver 
futura reversibilidade da liminar e indenizabilidade correspondente - Exigência de caução como 
contracautela pertence à discrição do juiz - Recurso desprovido.” (TJSP, 20ª Câm. Dir. Priv., AI 
nº 0016992-61.2008.8.26.0000, Rel. Des. Álvaro Torres Júnior, j. 23/6/2008).
Art. 679 - Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) 
dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.
I. Adoção do procedimento comum nos embargos de terceiro
O art. 679 do CPC/2015 prevê que o embargado terá prazo de 15 dias para contestar, após o 
qual o processo prosseguirá pelo procedimento comum.
A adoção do procedimento comum para os embargos de terceiro representa grande evolução 
em relação ao sistema do CPC/1973, dando a esses embargos maior âmbito cognitivo, cuja au-
sência limitava muito o instituto no sistema anterior.
Com efeito, era opinião dominante tanto na doutrina quanto na jurisprudência que, nos em-
bargos de terceiro, não poderiam ser discutidas questões de alta complexidade, nem se poderia 
alargar o objeto do processo por meio de ação declaratória incidental ou reconvenção, pois o 
procedimento seguido após a citação do embargado era o procedimento restrito do art. 803 do 
CPC/1973 (reservado aos processos cautelares), impossibilitando a cumulação, no mesmo pro-
cesso, de demandas que exigissem a adoção do procedimento ordinário.
A restrição procedimental e cognitiva era a razão principal, por exemplo, para não se admitir 
a discussão da fraude contra credores nos embargos de terceiro (matéria que é objeto da antiga 
Súmula nº 195/STJ).
Art. 679
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Tal obstáculo foi totalmente superado pelo CPC/2015 ao prever o procedimento comum para 
os embargos de terceiro, permitindo a defesa ampla (art. 336 e ss., CPC/2015) e a utilização da 
reconvenção (art. 343, CPC/2015) pelo embargado.
Dessa forma, aplicando-se o procedimento comum para os embargos de terceiro após ultrapas-
sada sua fase preliminar e integrado o embargado na relação jurídica processual, possibilitar-se-á 
a resolução, com força de coisa julgada, de outras questões prejudiciais de mérito (como a titula-
ridade do domínio ou a legitimidade da posse do embargante) que normalmente já são decididas 
de forma incidental nos embargos de terceiro (cf. comentário ao art. 681 do CPC/2015, infra).
Além disso, pode-se, por meio da utilização da reconvenção, também discutir e resolver – por 
via principal e com força de coisa julgada – outras questões que geralmente não eram aceitas 
no âmbito dos embargos de terceiro no sistema do CPC/1973 (como a fraude contra credores) 
garantindo-se um processo muito mais efetivo.
É verdade que, no final da vigência do CPC/1973, a jurisprudência já vinha admitindo um 
maior alargamento no âmbito dos embargos de terceiro ao permitir, por exemplo, a discussão do 
usucapião (como matéria de defesa) pelo terceiro embargante. No entanto, tal entendimento ain-
da era minoritário e esbarrava na restrição procedimental prevista expressamente no CPC/1973, 
o que agora foi solucionado no CPC/1975.
II. Súmula do STJ
Súmula nº 195: “Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores”.
III. Julgados
 “Nos embargos de terceiro a cognição é horizontalmente limitada à existência de domínio ou 
posse legítimos por parte do embargante, não cabendo discussão acerca da aquisição da proprie-
dade por usucapião” (TJPR, 15ª Câm. Cív., Apel. nº 780.648-8, Rel. Des. Jucimar Novochadlo, 
j. 15/6/2011).
“Embargos de terceiro. Desconstituição de penhora sobre bem imóvel. Possibilidade de ale-
gação de usucapião em sede de embargos de terceiro. Súm. 237 do STF. Precedentes da Corte. 
Revelia do embargado certificada. Presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial - Art. 
319 do CPC - Reconhecimento de exercício da posse mansa e pacífica dos embargantes sobre 
o imóvel anterior à constrição do bem - Recurso provido.” (TJSP, 16ª Câm. Dir. Priv., Apel. nº 
4002583-67.2013.8.26.0604, Rel. Des. Miguel Petroni Neto, j. 26/5/2015).
Art. 680 - Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado 
somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
I. O mérito nos embargos de terceiro do credor com garantia real
Conforme visto anteriormente, o art. 674, § 2º, inciso II, do CPC/2015 admite a oposição de 
embargos de terceiro pelo credor com garantia real não intimado no processo principal para obs-
tar a expropriação judicial do objeto do direito real de garantia.
Art. 680
1108
Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
Nota-se, de início, que essa modalidade de embargos de terceiro difere das demais, pois não 
tem por finalidade a desconstituição do ato de constrição judicial, mas sim impedir a realização 
da expropriação judicial do bem objeto da garantia real.
Os embargos de terceiro do credor com garantia real surgiram como forma de impedir a alie-
nação judicial do bem objeto da garantia real em execução alheia, para que seu direito de prefe-
rência ficasse resguardado enquanto a dívida garantida pelo direito real não estivesse vencida. 
Após o vencimento da dívida, contudo, o credor hipotecário perdia seu interesse processual na 
oposição dos embargos de terceiro, pois já não poderia impedir que o bem fosse alienado judi-
cialmente, restando-lhe apenas o direito de preferência no recebimento do fruto da expropriação 
judicial do bem.
Assim, a questão principal de mérito nessa modalidade de embargos de terceiro não é a des-
constituição ou a manutenção da penhora que recaiu sobre o bem objeto do direito real de ga-
rantia, mas sim se a expropriação judicial do bem objeto da garantia real deve ou não ocorrer na 
execução em que esse bem foi penhorado.
A situação que geralmente enseja a oposição dessa modalidade de embargos de terceiro é a se-
guinte: um bem gravado com direito real de garantia é penhorado em uma execução movida por 
credor quirografário em face do devedor comum. Diante da penhora do bem objeto da garantia 
real, o credor preferencial pode tomar duas atitudes: (i) aguardar a alienação do bem na execu-
ção em que esse foi penhorado, exercendo seu direito de preferência no concurso de credores 
previsto no art. 908 do CPC/2015; ou (ii) opor embargos de terceiro para obstar a expropriação 
judicial do bem objeto do direito real de garantia (art. 680, CPC/2015). Tal alternativa conferida 
ao credor com garantia real é reflexo daquela prevista no art. 333, inciso II, do CC/2002, que lhe 
faculta o direito de cobrar a dívida antes de seu vencimento caso o bem objeto da garantia real 
tenha sido penhorado em execução por outro credor.
Havendo outros bens do devedor comum passíveis de serem penhorados, os embargos de ter-
ceiro serão julgados procedentes e a expropriação judicial do bem objeto da garantia será obstada. 
Caso contrário, se o embargado não conseguir provar a existência de outros bens, os embargos de 
terceiro serão julgados improcedentes e o bem objeto da garantia real seguirá para a expropriação 
judicial, restando ao credor apenas o direito de preferência no concurso de credores.
Sob essa ótica, bem se compreende a limitação das matérias de defesa do embargado prevista 
no art. 680 do CPC/2015, especialmente a hipótese do incisoI, que trata da insolvência do de-
vedor comum.
Os outros dois incisos (CPC/2015, art. 680, incisos II e III) referem-se a hipóteses em que, 
de fato, não existe direito real de garantia sobre o bem objeto do ato de constrição judicial. Seja 
porque é nulo o ato que instituiu o direito real de garantia alegado pelo embargante (inciso I), 
seja porque outro é o bem objeto dessa garantia real.
II. Julgados
 “Embargos de terceiros. Penhora de imóvel gravado com hipoteca pelo credor quirografário. 
Ausência de intimação do credor hipotecário. Prazo para oposição dos embargos de terceiro. 
Arts. 1047 e 1048 do CPC. Preclusão. Ineficácia da alienação judicial de imóvel hipotecado sem 
intimação do credor hipotecário. Direito de sequela. Persistência do gravame hipotecário que 
persegue a coisa dada em garantia com quem quer que esteja, enquanto não cumprida a obrigação 
assegurada pela sujeição do imóvel ao vínculo real.” (STJ, 3ª T., REsp nº 303.325/SP, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j. 26/10/2004).
Art. 680
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Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
“O credor com garantia real tem o direito de impedir, por meio de embargos de terceiro, a alie-
nação judicial do objeto da hipoteca; entretanto, para o acolhimento dos embargos, é necessária 
a demonstração pelo credor da existência de outros bens sobre os quais poderá recair a penhora.” 
(STJ, 3ª T., REsp nº 578.960, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 7/10/2004).
“Embargos de terceiro. Penhora. O credor hipotecário pode opor embargos de terceiro para 
obstar a alienação judicial do objeto da hipoteca, desde que comprove a solvência do devedor, 
mediante a indicação de outros bens passíveis de penhora. Inteligência do art. 1.047, II, do Códi-
go de Processo Civil. Ausência de indicação de outros bens livres do devedor. Redução da verba 
honorária fixada em primeiro grau. Recurso parcialmente provido.” (TJSP, 36ª Câm. Dir. Priv., 
Apel. nº 0122255-82.2008.8.26.0000, Rel. Des. Renato Rangel Desinano, j. 31/1/2013).
“Embargos de terceiro - Credor hipotecário - Penhora incidente sobre o imóvel - Possibilidade 
- Ausência de vedação legal - Instituto processual que não afeta o direito real de garantia - Falta 
de interesse de agir - Extinção do processo sem resolução do mérito [...] A arrematação de imóvel 
gravado de hipoteca garante ao credor hipotecário a preferência no recebimento de seu crédito 
em relação ao exequente (RSTJ 151/403, 4ª T.). Carece de interesse de agir o terceiro-embargante 
para pleitear a desconstituição da penhora, uma vez que o seu direito real de garantia encontra-se 
a salvo e pode ser exercitado mediante simples requerimento nos próprios autos da execução.” 
(TJPR, 12ª Câm. Cív., Apel. nº 554567-1, Rel. Des. Antonio Loyola Vieira, j. 1º/ 9/2009).
Art. 681 - Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida 
será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da 
posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.
I. O efeito principal da sentença nos embargos de terceiro
O efeito principal da sentença que julgar procedente os embargos de terceiro será desconsti-
tuir o ato de constrição judicial, liberando o bem constrito para o embargante. Ou, ainda, no caso 
dos embargos de terceiro preventivos, impedir, definitivamente, a realização do ato constritivo 
no processo principal.
II. A ampliação do objeto da coisa julgada
O art. 681 do CPC/2015 traz importante inovação ao permitir que a sentença que julgue os 
embargos de terceiro já reconheça definitivamente o domínio ou a manutenção ou reintegração 
da posse do terceiro sobre o bem objeto da constrição judicial.
Conforme visto, a discussão do domínio ou da legitimidade da posse do embargante e outras 
várias questões de mérito analisadas nos embargos de terceiro são solucionadas prejudicialmen-
te, tão somente para que se decida sobre a procedência ou improcedência do pedido principal 
(desconstituição ou inibição do ato de constrição judicial ou, especificamente, no caso dos em-
bargos de terceiro do credor com garantia real, o impedimento da realização da expropriação 
judicial do bem objeto da garantia real). E, exatamente por serem prejudiciais, no sistema do 
CPC/1973, tais questões não faziam coisa julgada.
Agora, o art. 681 do CPC/2015 prevê a possibilidade de tais questões prejudiciais serem co-
bertas pela coisa julgada. Tal artigo, contudo, deve ser interpretado em conjunto com o art. 503, 
§ 1º, do CPC/2015. Vale dizer, para que o reconhecimento do domínio ou da posse do terceiro 
Art. 681
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Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
embargante seja coberto pela coisa julgada, é necessário que (i) o juízo em que se processam os 
embargos de terceiro tenha competência para decidir essa mesma questão se ela fosse deduzida 
como questão principal; (ii) tal questão seja prejudicial ao julgamento do mérito (o que normal-
mente será); e (iii) tenha havido contraditório prévio e efetivo sobre tal questão, atentando-se, 
ainda, para o fato – óbvio – de que tal contraditório deve ter se desenvolvido entre legítimos 
contraditores. Por exemplo, se a questão versar sobre se é o terceiro e não o réu ou o executado 
o titular do domínio ou da posse sobre o bem constrito, não haverá contraditório efetivo, apto 
a ensejar a formação de coisa julgada material, a menos que esse réu ou executado participe do 
processo dos embargos de terceiro. Daí a utilidade de se incluir no polo passivo dos embargos 
de terceiro também o réu ou o executado do processo principal (cf. comentário ao art. 677, § 3º, 
do CPC/2015).
Além da ausência dos legítimos contraditores na relação processual dos embargos de terceiro, 
outro obstáculo à formação da coisa julgada sobre a questão do domínio e da posse do terceiro 
embargante poderia ser a restrição cognitiva no procedimento dos embargos de terceiro, pois, no 
sistema do CPC/1973, essa ação autônoma seguia o procedimento restrito dos processos caute-
lares atípicos (cf. CPC/1973, art. 803). Tal obstáculo foi removido pelo CPC/2015 ao prever a 
aplicação, aos embargos de terceiro, do procedimento comum, cuja cognição e oportunidade de 
instrução probatória é ampla (cf. comentário ao art. 679 do CPC/2015). Assim, se o processo dos 
embargos de terceiro se desenvolveu perante legítimos contraditores e se a questão prejudicial a 
respeito da titularidade da propriedade ou da posse foi objeto de amplo e efetivo contraditório, a 
coisa julgada abrangerá também essas questões.
III. Sucumbência
A jurisprudência do Superior Tribunal da Justiça já tem entendimento sumulado (Súmula nº 
303/STJ) no sentido de que, nos embargos de terceiro, deve arcar com os ônus da sucumbência 
a parte que deu causa à constrição indevida, ainda que esta não seja, necessariamente, a parte 
vencida nos embargos. Trata-se de caso em que o princípio da causalidade prevalece sobre o 
princípio da sucumbência.
Imagine-se, por exemplo, o caso do terceiro embargante que, embora já tenha pago todas as 
parcelas de compromisso de compra e venda, demore para transferir o domínio do bem do exe-
cutado para o seu nome no Cartório de Registro de Imóveis. Se, diante da ausência do registro 
da aquisição do bem pelo terceiro, o exequente indica o imóvel à penhora e depois fica vencido 
nos embargos de terceiro, não deverá ele – exequente – arcar com os ônus de sucumbência, pois 
quem deu causa à constrição foi o próprio terceiro embargante ao não realizar o registro oportu-
namente.
IV. Cabimento de apelação com efeito suspensivo
Por fim, deve-se registrar que a apelação interposta contra a sentença que julga os embargos 
de terceiro é recebida com efeito suspensivo, conforme a regra geral do art. 1.012 do CPC/2015.
No sistema do CPC/1973 havia discussão sobre tal apelação incidir na hipótese excepcional 
do art. 520, inciso V, daquele Código, que previa o recebimento apenas no efeito devolutivo da 
apelação interpostacontra sentença que “rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-
-los improcedentes”. Dizia-se que, se os embargos de terceiro se voltassem contra ato constritivo 
praticado na execução, a apelação interposta contra a sentença que os rejeitasse seria recebida 
apenas no efeito devolutivo.
Art. 681
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Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo
No CPC/2015, contudo, não há margem a dúvida. O inciso III do art. 1.012 aperfeiçoou a re-
dação da norma, tornando claro que a não concessão de efeito suspensivo refere-se apenas à ape-
lação interposta contra a sentença que “extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes 
os embargos do executado”. A menção expressa a “embargos do executado” (e não “embargos à 
execução”, como ocorria no CPC/1973) evidencia tratar-se da figura do art. 914 e seguintes do 
CPC/2015, e não dos embargos de terceiro.
V. Súmula do STJ
Súmula nº 303: “Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar 
com os honorários advocatícios”.
 VI. Julgados 
“Nos embargos de terceiro cujo pedido foi acolhido para desconstituir a constrição judicial, os 
honorários advocatícios serão arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizan-
do-se o atual proprietário (embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos 
de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na hipótese em que esta, depois 
de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir na impugnação ou recurso para 
manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido para terceiro” (STJ, 1ª Seção, REsp 
Repetitivo nº 1.452.840, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 14/9/2016).
“Embargos de terceiro. Processo extinto sem resolução do mérito. Imóvel penhorado no pro-
cesso de execução que já havia sido vendido a terceiros. Pleito de penhora do crédito decorrente 
de compra e venda. Ineficácia em extinguir o gravame existente sobre o bem. Embargado que não 
tomou as cautelas nesse sentido. Penhora posteriormente levantada nos autos da execução. Perda 
superveniente do interesse do objeto dos embargos de terceiro. Interesse de agir fulminado. Art. 
267, VI, e art. 462 do CPC. Extinção do feito que se impõe. Inversão dos ônus da sucumbência. 
Cabimento. Aplicação do princípio da causalidade e da Súmula 303 do STJ.” (TJPR, 6ª Câm. 
Cív., Apel. nº 1280947-7, Rel. Des. Clayton de Albuquerque Maranhão, j. 12/5/2015).
“Embargos de terceiro. Transferência da meação do imóvel ao embargante não registrada no 
registro de imóveis competente. Embora se reconheça que o apelante-embargante insistiu junto 
aos executados para que a outorga de sua meação fosse formalizada, é certo que o embargado 
não deu causa à instauração dos embargos de terceiro, motivo pelo qual não pode responder pelas 
verbas de sucumbência. Sentença mantida, recurso improvido” (TJSP, 20ª Câm. Dir. Priv., Apel. 
nº 0001636-29.2013.8.26.0201, Rel. Des. Alberto Gosson, j. 25/5/2015).
“Embargos de terceiro – Recurso de apelação recebido no efeito devolutivo – Impossibilidade 
– Inteligência da regra insculpida no art. 520 e seus incisos, do Código de Processo Civil (corres-
pondente ao artigo 1.012, § 1º, incisos I ao VI, da Lei nº 13.105/2015) – Hipótese desamparada 
pela relação de exceções do citado dispositivo processual – Obrigatoriedade do recebimento nos 
efeitos suspensivo e devolutivo” (TJSP, 6ª Câm. Dir. Priv., AI nº 2140466-25.2014.8.26.0000, 
Rel. Des. Percival Nogueira, j. 12/5/2016).
Art. 681
1112
Rodrigo Otávio Barioni
Art. 682 - Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito 
sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, 
oferecer oposição contra ambos.
Autor
Rodrigo Otávio Barioni
I. Histórico da tramitação 
A oposição era prevista no CPC/1973 como modalidade de intervenção de terceiros. No en-
tanto, mesmo na configuração do CPC/1973, a oposição não representa o ingresso de um terceiro 
em processo pendente entre autor e réu; antes, caracteriza-se como verdadeira ação ajuizada por 
terceiro (opoente), por meio da qual deduz pedido sobre a coisa ou o direito disputados entre 
autor e réu (opostos). Em virtude da conexão entre a ação principal, na qual litigam autor e réu, e 
a oposição, independentemente de previsão legislativa específica, o processo deveria ser reunido 
para julgamento conjunto (CPC/1973, art. 105). 
Dada essa característica, o Anteprojeto do Novo CPC excluía a oposição do ordenamento. 
Contudo, o tema revelou-se polêmico já nas audiências públicas que antecederam a elaboração 
do Anteprojeto. Conforme se verifica de registro realizado na ata da audiência pública realiza-
da em Fortaleza, em 5/3/2010, foi apresentada a seguinte proposta: “Intervenção de terceiros: 
Oposição é problema de direito material e sua eliminação do CPC não evitará que o terceiro im-
pugne decisões, mas, ao contrário, causará grave problema por eliminar a regulação de como se 
processa tal impugnação. Modalidades de intervenção de terceiros que forem puramente proces-
suais se podem eliminar, mas esta não”. Na audiência realizada em Porto Alegre, em 15/4/2010, 
apresentou-se proposta em sentido oposto: “Exclusão da oposição, sem a exclusão da nomeação 
à autoria e do chamamento ao processo”.
Após o período de tramitação legislativa, optou-se por manter a oposição no ordenamento, 
deslocando-a, contudo, para os procedimentos especiais. Registre-se desde logo que são mínimas 
as diferenças do procedimento da oposição no que se refere ao procedimento comum, o que jus-
tificaria a exclusão da oposição, como preconizado no Anteprojeto do Novo CPC.
II. Finalidades 
As finalidades da oposição são fundamentalmente duas: de um lado, propiciar economia pro-
cessual, resolvendo mais amplamente os litígios sobre determinado objeto, por meio de uma sen-
tença; de outro, evitar que sejam tomadas decisões conflitantes sobre o mesmo objeto litigioso, 
uma vez que a oposição será julgada juntamente com a causa principal.
III. Objeto 
A oposição é ação incidental promovida pelo opoente, por meio da qual pretende a defesa 
de direito próprio, com pretensão própria, contrária à pretensão do autor e ao interesse do réu. 
Exemplo elucidativo é a ação possessória em que litigam autor e réu: o terceiro pode fazer uso 
da oposição para alegar ter a posse anterior à do autor e à do réu sobre a área disputada, a fim de 
obter a tutela possessória a seu favor (1º TAC-SP, 2ª Câm., AI nº 827.620-2, Rel. Juiz Ribeiro de 
Souza, j. 21/11/2001).
1113
Rodrigo Otávio Barioni Art. 682
O terceiro (opoente), ao ingressar com a oposição, não visa a auxiliar uma das partes, como na 
assistência; ao contrário, objetiva excluir ambas da titularidade sobre o direito ou a coisa em lití-
gio. Em outras palavras, o opoente deduz a pretensão em seu próprio favor, contrária à de ambas 
as partes da demanda principal. Caso o opoente pretenda auxiliar uma das partes, será carecedor 
de interesse em promover a oposição. Nesse sentido, se ajuizada ação possessória em face do 
locador, o locatário não tem interesse em ingressar com oposição (TJSP, Ap. Cível nº 207.575-2, 
Rel. Des. Franklin Neiva, j. 4/5/1993).
Quando houver interesses convergentes entre o terceiro e uma das partes, também não será 
permitida a oposição. Assim sucede no caso de o bem litigioso ser alienado no curso do processo. 
O adquirente ou cessionário pode intervir para auxiliar o alienante ou o cedente (CPC/2015, art. 
109, § 2º), mas não lhe é permitido o uso da oposição, em virtude da convergência de interesses 
com uma das partes (TJ-MG, 2.0000.00.503716-5, Rel. Des. Fabio Maia Viani, DJ de 3/6/2006; 
TJ-SP, Ap. Cível nº 270.587-2 - 7ª Câm. de Dir. Priv., Rel. Des. Mohamed Amaro, j. 5/6/1996).
Em resumo, tem-se como imprescindível que o opoente formule pretensão contrária ao direito 
de ambas as partes do processo principal e não apenas ao de uma. Se a oposiçãopudesse ser con-
trária ao direito de apenas uma das partes, haveria coerência de interesses e poderia caracterizar 
litisconsórcio (CPC/2015, art. 113, inciso I) ou assistência (CPC/2015, art. 119).
Importante registrar que o art. 682 do CPC/2015 estabelece que o direito ou a coisa objeto da 
oposição são aqueles sobre os quais “controvertem” autor e réu. Contudo, é desnecessário haver 
controvérsia em sentido técnico; é suficiente apenas a litispendência sobre a coisa ou o direito. 
Daí não se exigir que haja contestação na lide principal ou impugnação específica dos fatos ale-
gados pelo autor da ação principal para admitir-se o cabimento da oposição.
Restringe-se o objeto da oposição à coisa ou ao direito controvertidos entre autor e réu. Os 
contornos estabelecidos na causa principal delineiam o próprio objeto da oposição, cuja preten-
são poderá recair sobre idêntico direito ou coisa, ou apenas sobre parte deles. Em outras pala-
vras, é possível que a oposição seja parcial. No entanto, não cabe ao opoente ampliar o objeto 
do litígio, de modo a incluir pedido sobre coisa ou direito não integrantes do processo principal. 
A noção dos limites da oposição era mais clara no CPC/1939: “Art. 102. Quando o terceiro 
se julgar com direito, no todo ou em parte, ao objeto da causa, poderá intervir no processo para 
excluir autor e réu”. De fato, embora a redação do art. 682 do CPC/2015 não seja clara, à seme-
lhança da previsão do art. 56 do CPC/1973, não se permite a oposição sobre controvérsia que não 
se refira ao objeto do processo. Nessa ordem de ideias, veda-se ao opoente alegar a condição de 
proprietário em ação que verse sobre direito possessório, pois o objeto do litígio diz respeito à 
posse e não à propriedade sobre a coisa (STJ, AgRg no REsp nº 1455320/SE, Rel. min. Humberto 
Martins, 2ª T., DJe 15/8/2014), entendimento que prevalece mesmo no caso de se tratar de bem 
público (STJ, REsp nº 493927/DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª T., DJ 18/12/2006, 
in RSTJ 210/254). Igualmente inviável a oposição se o opoente diz-se possuidor e, na ação prin-
cipal, discute-se exclusivamente a necessidade de outorga uxória de uma das partes, com reflexo 
eminentemente dominial (TJMG, 2.0000.00.447806-0/000, Rel. Des. Mauro Soares de Freitas, 
DJ de 18/3/2005).
Como a oposição representa verdadeiro exercício do direito de ação, não há exclusão de qual-
quer dos sujeitos do processo principal: autor e réu continuam a ostentar as mesmas condições 
na causa original, enquanto na oposição assumem a figura de litisconsortes passivos necessários.
1114
Rodrigo Otávio Barioni Art. 683
IV. Requisito da litispendência inter alios
Pressuposto fundamental da oposição é a existência de lide pendente inter alios. Evidente 
que não pode ser ajuizada a oposição se não houver processo pendente do qual não participe o 
opoente (condição de terceiro).
A existência de litispendência que autoriza o manejo da oposição em geral advém do processo 
ajuizado pelo autor, cuja causa petendi e o pedido revelam o objeto do processo, o qual também 
será perseguido, total ou parcialmente, pelo opoente. Nada impede, porém, que a oposição tenha 
lugar em razão de reconvenção apresentada pelo réu. 
O art. 240, caput, do CPC/2015 prevê que a citação válida induz o estado de litispendência e 
torna litigiosa a coisa. O requisito da litispendência fica, portanto, formalizado com o ato cita-
tório. Embora a angularização do processo ocorra somente após a citação, deve-se admitir que a 
oposição seja ajuizada antes de o réu ser citado para a demanda principal.
V. Procedimentos que admitem oposição 
A oposição é processo de conhecimento por meio do qual o opoente pretende que seja reco-
nhecido seu direito sobre a coisa ou o direito disputados em outro processo. O fato de ser preciso 
encontrar no processo principal a discussão sobre a mesma coisa ou direito indica que apenas 
quando se tratar de processo na fase de conhecimento será possível o manejo da oposição. Tanto 
os feitos de procedimento comum quanto as causas de procedimento especial autorizam o manejo 
da oposição. É preciso, no entanto, que a causa principal possa se desenvolver pelo procedimento 
comum para admitir a oposição. Não caberá oposição, por exemplo, no mandado de segurança, 
segundo entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça na vigência do CPC/1973 
(5ª T., AgRg na Pet nº 4337/RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 12/6/2006).
Por outro lado, ficam excluídos da oposição a fase de cumprimento da sentença e o processo 
de execução fundada em título extrajudicial, por não se tratar de procedimentos voltados ao re-
conhecimento do direito, mas sim à sua implementação no plano fático.
VI. Facultatividade 
O manejo da oposição pelo terceiro é facultativo. Cabe ao terceiro avaliar se pretende discutir, 
desde logo, o objeto da lide pendente ou se aguardará o desfecho daquele feito para ajuizar ação 
autônoma apenas em face do vencedor. 
O não ajuizamento da oposição enquanto pendente o processo entre autor e réu não gera qual-
quer espécie de prejuízo – processual ou substancial – e tampouco limita a atuação do terceiro no 
processo posterior. A coisa julgada eventualmente formada na causa entre autor e réu é limitada 
subjetivamente às partes que integraram o feito, não prejudicando terceiros (CPC/2015, art. 472). 
Como o terceiro não participa da lide principal, a coisa julgada ali formada não pode impedi-lo 
de, em outro processo, deduzir pretensão contra o vencedor do litígio original. 
Art. 683 - O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos 
exigidos para propositura da ação.
Parágrafo único - Distribuída a oposição por dependência, serão os 
opostos citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar 
o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
1115
Rodrigo Otávio Barioni Art. 683
I. Petição inicial 
Por se tratar de ação de conhecimento incidental, terá início por meio de petição inicial, que 
deve obedecer aos requisitos estabelecidos nos arts. 319 e 320 do CPC/2015. Não haverá, porém, a 
necessidade de informar se há interesse na realização de audiência de conciliação (CPC/2015, art. 
319, inciso VII). No procedimento da oposição, a contestação é apresentada em 15 dias da citação, 
e não da data da audiência de conciliação ou de mediação (CPC/2015, art. 335, inciso I), o que 
indica que o juiz não designará a referida audiência ao despachar a petição inicial da oposição.
No tocante ao pedido, é preciso que seja contrário ao formulado pelo autor do processo princi-
pal e à defesa sustentada pelo réu. O pedido contrário à posição jurídica de apenas uma das partes 
torna inadmissível a oposição, por revelar interesse confluente com a outra parte. A jurisprudên-
cia tem recusado que, em ação que visa à resolução de instrumento particular de compromisso 
de compra e venda de imóvel, por inadimplemento do adquirente, o cessionário dos direitos do 
adquirente por meio de contrato de gaveta apresente oposição, pois seu interesse é excludente 
apenas ao do autor, mas não ao do réu (TJSP, Ap. Cível nº 258.569-2, Rel. Des. Ruy Coppola, j. 
18/4/1995).
O opoente pode formular, na petição inicial da oposição, requerimento de tutela provisória de 
urgência ou de evidência, com base no art. 294 do CPC/2015. Preenchidos os requisitos estabe-
lecidos em lei, o magistrado deve conceder a medida, que há de restringir-se, evidentemente, ao 
pleito formulado na oposição. 
Do ponto de vista do valor da causa, não há razão para que se atribua, como regra, o mesmo 
valor indicado na causa principal. Em determinadas circunstâncias práticas, o valor da oposição 
será efetivamente idêntico ao atribuído à causa principal, o que não significa ser esse critério 
válido para solucionar o problema. Por isso, deve-se entender que o valor da causa na oposição 
está desvinculado do valor atribuído à ação

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