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117 11 – METAIS NÃO FERROSOS Neste capítulo serão abordados al- guns metais não ferrosos de grande impor- tância como cobre, níquel, titânio e alumí- nio. A abordagem será feita dando maior ênfase para os seguintes itens: característi- cas gerais, designações, ligas, tratamentos térmicos e aplicações. 11.1 - COBRE E SUAS LIGAS 11.1.1 - Características Gerais A estrutura cristalina do cobre é cú- bica de faces centradas, seu ponto de fusão é a 1084,5 °C e seu peso específico é 8,93 g/cm3. O cobre pode ser utilizado tanto na forma pura como combinado com outros metais formando ligas. Suas principais pro- priedades são: baixa dureza, alta ductilidade, alta condutibilidade térmica, alta condutibi- lidade elétrica, fácil soldabilidade, boa resis- tência à corrosão, etc. Este metal possui inúmeras impure- zas decorrentes do processo de desoxidação do minério que o constitui. Estas impurezas (Fe, Al, P, Ni, Sn, e outras) alteram as pro- priedades do cobre, diminuindo suas condu- tividades térmicas e elétricas e aumentando sua dureza e resistência mecânica. O cobre, quando combinado com ou- tros metais forma inúmeras ligas, sendo que as principais são os bronzes, latão e cupro- níquel. 11.1.2 - Designação do Cobre e suas Ligas A designação do cobre segue normas da "Cooper Development Association", sen- do dividida em ligas trabalhadas e ligas fun- didas. As ligas trabalhadas são designadas por caracteres alfanuméricos variando de C100 a C 799, enquanto que as fundidas variam de C800 a C900. Ex. C2XX - Ligas cobre e zinco (latões). C3XX - Ligas cobre, zinco e chum- bo. 11.1.3 - Ligas de Cobre Latões - São ligas de cobre onde o principal elemento é o zinco, com adições de até 40%. As propriedades desta liga vari- am de acordo com a quantidade de zinco que é colocado. Pode haver também adições de outros elementos como : Alumínio, man- ganês, estanho, chumbo, silício e níquel. A solubilidade máxima do zinco no cobre ocorre a 456°C, chegando a 39%. Na temperatura ambiente o cobre dissolve até 30% de zinco. Tendo como base o diagrama de fa- ses se pode dividir os latões em dois grandes grupos : - Latões - α : solução sólida α com até 35% de zinco. - Latões - α + β : Mistura de fases α e β com mais de 35% de zinco. Bronzes - São ligas de cobre com adições de estanho, sendo este elemento o principal responsável pelo endurecimento por solução sólida. Para melhorar as características de fundição destas ligas e para desoxidar adi- ciona-se fósforo, assim a liga é denominada de bronze ao fósforo. As ligas Cu-Sn apresentam menor ductilidade que os latões, entretanto possu- em dureza consideravelmente maior. A solubilidade do estanho no cobre decresce consideravelmente com o decrés- cimo da temperatura. Ligas com até 10% de Sn são denominadas α. 11.1.4 - Tratamentos Térmicos do Cobre e suas Ligas a) Latões - As ligas Cu-Zn são trata- das termicamente da seguinte forma: -Recozimento a baixa temperatura - Efetuado a 300°C aliviando as tensões e consequentemente evitando o surgimento de trincas em latões trabalhados a frio. -Recozimento para homogeneiza- ção e recristalização - Normalmente reali- zada entre 520-720°C em torno de uma ou 118 uma hora e meia. É importante salientar que a temperatura a ser utilizada depende princi- palmente dos teores dos elementos de ligas utilizados. -Têmpera e Revenido - A têmpera nos latões é geralmente realizada a partir de 850°C e o resfriamento em água. A tempera- tura de revenimento é em torno de 300°C. b) Bronzes - Quase que em sua tota- lidade os bronzes sofrem tratamento apenas de recozimento e recristalização. -Recozimento - Realizado com tem- peraturas entre 600 e 750°C e resfriados em forno ou ar. -Solubilização - Certos bronzes com adição de berílio podem ser solubilizados a 760-780°C permitindo a solubilização de uma fase intermediária γ2 (CuBe) melhoran- do as propriedades mecânicas. -Precipitação - Reaquecimento a 310-330°C, após a solubilização, para o sur- gimento da fase γ2. -Encruamento - Feito após a solubi- lização através de deformação a frio seguida de precipitação. Este processo pode elevar a dureza para 400 Vickers com resistência à tração de 140 kgf/mm2. -Têmpera e Revenido - Realizado eventualmente em ligas contendo alumínio e localizadas na zona eutetóide. 11.1.5 - Diagramas de Equilíbrio Cu-Zn O diagrama de equilíbrio das ligas Cu-Zn (latões) está representado na figura 11.1.1. Fig. 11.1.1 - Diagrama de equilíbrio Cu-Zn. Como pode ser observado na figura, a parte mais importante do diagrama está compreendido entre 0 e 50% em peso de Zn. Nesta região temos a formação de qua- tro fases: α, β, β’ ,γ. Alfa (α) - Ocorre entre 0 e 39% de zinco, possui estrutura cúbica de faces cen- tradas (CFC) o que lhe garante alta ductili- dade. Beta (β) - átomos de cobre e zinco posicionados aleatoriamente nos vértices ou nos centros de uma célula unitária em uma estrutura cúbica de corpo centrado (CCC). Beta-linha (β’) - Fase intermediária (CuZn) que ocorre com 45-49,7% de Zn a 454-468°C e 46,6-50,6% a 200°C. Esta fase possui maior condutividade elétrica que a fase gama e não pode ser utilizada para tra- balhos a frio. Gama (γ) - também fase intermediá- ria (Cu5Zn8). Estrutura CCC. Esta é a fase 119 que apresenta maior dureza e consequente- mente é a mais frágil. Na solidificação dos diversos latões teremos as seguintes transformações micro- estruturais: Entre os pontos A e B as ligas apre- sentam estrutura zonada, devido ao intervalo das linhas líquidus-sólidus, proporcionando exelente ductilidade e razoável resistência mecânica. Entre os pontos B e C ocorre uma re- ação peritética (L + α→β) entre parte dos cristais primários da fase α e com o líquido formando a fase β. Continuando o resfria- mento teremos o decréscimo da fase β em relação a fase α de acordo com a inclinação das linhas BG e DH. Na temperatura refe- rente ao ponto G a fase β desordenada modi- fica-se para β’, ocorre então o crescimento desta fase até a temperatura ambiente. A estrutura resultante (α + β’) é denominada estrutura de Widmanstaten. As ligas entre os pontos D e E, acima de 454°C possuem estrutura monofásica, com o abaixamento da temperatura esta fase irá diminuindo e se formará a fase β’ até a temperatura ambiente, então, de acordo com a composição de Zn teremos a precipitação da fase α ou da fase γ. 11.1.6 - Diagrama de Equilíbrio Cobre- Estanho Devido a sua complexibilidade serão abordadas somente as fases mais importan- tes no diagrama Cu-Sn (bronzes comuns). Na figura 11.1.2 podemos observar o diagrama cobre-estanho (bronzes comuns): Fig. 11.1.2 - Diagrama de equilíbrio Cu-Sn. Fase α - Estrutura CFC (solução só- lida substitucional), ocorre até 36% de esta- nho em peso e apresenta bastante ductilida- de. Fase β - Solução sólida cúbica de fa- ces centradas. Fase intermediária com dure- za superior a fase α. Fase γ - Solução sólida cúbica de corpo centrado com 275 de Sn. Fase inter- mediária. Fase δ - Composto intermetálico (Cu31Sn8) cúbico de corpo centrado, possui elevada dureza e portanto é um composto muito frágil. Fase ξ - Fase intermediária pseudo hexagonal (Cu3Sn). Ocorre entre 36,5 a 38% de Sn. Esta fase é dificilmente encontrada conseguida, pois requer resfriamento muito lento. 120 11.1.6 - Metalografia do cobre e suas ligas Corte, lixamento e polimento Os cortes no cobre e em suas ligas devem ser realizados com bastante refrige- ração, avanços lentos e baixa pressão. O lixamento deveser realizado com lubrificantes (vasilinas, parafinas ou álcool etílico) até a lixa de granulometria 600. Para efetuar o polimento utiliza-se pastas de diamante como abrasivo em poli- trizes com discos de náilon exclusivos, evi- tando contaminações. Inclusões - Podem ocorrer inclusões como: óxidos, Pb, Bi, etc., para verificação deve-se observá-las em microscópio antes de efetuar o ataque químico. Macrografia - Deve ser realizada após po- limento com os seguintes reativos: - 75 ml de percloreto férrico + 25 ml de áci- do clorídrico. Deixa-se por 30 s a 1 min, lava-se com água, álcool e seca-se com jato de ar. - Ácido nítrico concentrado. Ataca-se rapi- damente, deixa-se um pouco ao ar e por fim lava-se e seca-se. Micrografia - Após realizados todos os procedimentos anteriores, faz-se o micro- ataque para posterior observação em mi- croscópio. Os reagentes mais comuns são os seguintes: -Persulfato de amônia. Reagente ideal para latões e bronzes α, ataca-se de 30 s a 1 min, a lavagem é feita com água e depois álcool, por fim seca-se com ar. -Hidróxido-perssulfato de amônia: 1 parte de hidróxido de amônia, 2 partes de persul- fato de amônia e i parte de água destilada. -Cloreto cupramoniacal: 5 a 10 g de cloreto cuproso em 120 ml de água, quando o preci- pitado formado entre o cloreto e a água se dissolver usa-se hidróxido de amônia. A solução é embebida em algodão e colocada sobre a amostra. Reativo para as fases β. 11.1.8 - Aplicações do cobre e suas ligas O cobre é largamente utilizado em indústrias elétricas para fabricação de fios, cabo, barras e placas. Ligas de cobre como o latão podem ser utilizadas em indústrias de decoração como medalhas, moedas, jóias; na constru- ção civil em tubulações de água, vapor e óleo; na indústria bélica como cartuchos para munição. O bronze pode também ser utilizado para decoração, em tubulações para usos específicos, indutores, cunhagem, etc. 11.2 - NÍQUEL E SUAS LIGAS 11.2.1 - Características gerais A estrutura do níquel é cúbica de fa- ces centradas, não havendo mudança de fase desde a temperatura ambiente até a tempera- tura de fusão (1453°C). A microestrutura do níquel é austení- tica para toda esta faixa de temperatura, o que lhe proporciona utilização para traba- lhos a quente. O níquel possui também elevada re- sistência a corrosão. O endurecimento do níquel ocorre de três formas : endurecimento por solução sólida, precipitação de carbonetos e endure- cimento por precipitação. 11.2.2 - Designação do níquel e suas ligas A designação das ligas de níquel foi elaborada pela Huntington Alloy Inc., sendo composta por um sistema de três dígitos acompanhados de um nome ou marca co- mercial. Se o primeiro dígito for par refere- se a ligas endurecíveis por solução sólida, se for ímpar indica que o endurecimento foi por tratamento térmico de precipitação. A série inicial é 200 e refere-se ao níquel co- mercial puro. Os outros dígitos referem-se a varia- ções na liga. 121 11.2.3 - Níquel comercial e níquel de bai- xa liga -Níquel 200, 99,5% Ni mín, 0,1% C máx e outros elementos de menor adição como manganês e silício. Atualmente esta liga é muito utiliza- da em indústria eletrônica, baterias e produ- ção de diamante sintético. -Níquel 201, possui baixo carbono e é utili- zado para temperaturas abaixo de 290°C. -Niquel 205, contém níveis controlados de magnésio (0,01 a 0,08%). -Duraníquel 301, níquel envelhecido con- tendo 4,0 a 4,75%Al e 0,25 a 1,0%Ti. Utilizado para mola em equipamen- tos elétricos. 11.2.4 - Ligas de Ni-Cu (MONEL) - Monel 400, (66% Ni, 33%Cu), liga base da série, pode ser magnética dependendo da composição. - Monel R-405, contém adições controladas de enxofre (0,025 a 0,06%) para melhorar a usinabilidade. - Monel K-500, contém adições de alumínio e titânio para envelhecimento, é muito utili- zado em válvulas e bombas Estas ligas apresentam excelente re- sistência a corrosão quando exposta ao meio ambiente e água salgada, possuem alta duc- tilidade. Esta série de ligas são muito utiliza- das em indústrias de fabricação de grampos e fechos. O Sistema Ni-Cu apresenta um dia- grama de fases de solubilidade total, isto é, ocorre a dissolução do cobre no níquel para qualquer teor, como mostra a figura 11.2.1: Fig. 11.2.1 – Diagrama Binário Ni-Cu. Estas ligas apresentam excelente re- sistência a corrosão quando exposta ao meio ambiente e água salgada, possuem alta duc- tilidade. 11.2.5 - Ligas de Ni-Cr e Ni-Cr-Fe -Liga 600 (76Ni-15Cr-8Fe), liga base do sistema Ni-Cr-Fe. Contém alto níquel para melhorar a resistência a corrosão. -Liga 601, liga com baixo teor de níquel (61%), contém adições de alumínio e silício para melhorar a resistência a oxidação. -Liga X750, adições de alumínio e titânio para envelhecimento. -Liga 625, contém 9 % de molibdênio e 3% de nióbio, ambos para serem utilizados em altas temperaturas e para aumentar a resis- tência a corrosão por pit e por frestas. O sistema Ni-Cr forma uma solução sólida para teores de cromo até 35% como pode ser observado na figura 11.2.2: 122 Fig. 11.2.1 - Diagrama Binário Ni-Cr. 11.2.6 - Aplicações Gerais -turbinas de aeronaves: câmaras de combustão, parafusos, lâminas, etc. -Aplicações médicas: próteses, usos odontológicos, etc. -Indústrias químicas e petroquími- cas: bombas, válvulas, ventiladores de ar, parafusos, etc. -Tratamento de metais: ferramentas e matrizes para trabalho a quente, etc. 11.3 - TITÂNIO E SUAS LIGAS 11.3.1 - Características Gerais O titânio é um metal de baixa densi- dade (4,51 g/cm3), pertencente portanto a família de ligas leves. A temperatura de fu- são do titânio puro é bastante elevada (1667°C). A excelente relação/resistência peso associada com a resistência a corrosão tornam o titânio de grande utilização para diversas aplicações críticas. A resistência a corrosão do titânio deve-se a formação de um filme estável de TiO2. A estrutura cristalina do titânio em temperatura ambiente é hexagonal compacta (alfa). A 885°C ocorre a transformação para estrutura cúbica de corpo centrado(beta). A microestrutura do titânio não liga- do recozido é alfa acicular, a presença desta microestrutura indica que o material foi a- quecido a temperatura acima de beta. A microestrutura alfa equiaxial só pode ser produzida por recristalização do material. Em titânio não ligado, não é possível reter a estrutura beta em baixas temperatu- ras, porém com adições de elementos estabi- lizadores de beta, como o ferro, isto pode ser conseguido. 11.3.2 - Ligas de Titânio Ligas alfa Estas ligas possuem elementos esta- bilizadores de alfa, inibindo a transformação de fase ou aumentando a temperatura de transformação. O principal elemento estabi- lizador de α é o alumínio, outros elementos como gálio, germânio, carbono, oxigênio e nitrogênio também estabilizam esta fase. As ligas alfa não sofrem tratamento térmico e são endurecidas por três mecanis- mos: -Trabalho à frio (encruamento). -Deformação seguida de recozimento para controle do tamanho de grão. -Solução sólida. A liga Ti-5Al-2,5Sn é um exemplo de liga α. Ligas quase-alfa São ligas que contém pequenas adi- ções de elementos estabilizadores da fase beta, como : molibdênio, vanádio, tântalo, manganês, nióbio, cromo, etc. Estas ligas apresentam pequena quantidade de beta retida e são forjadas e tratadas termicamente no campo α + β ou no campoβ. Exemplos de ligas quase-alfa: Ti- 11Sn-2,25Al-5Zr-1Mo-0,2Si; Ti-8Al-1Mo- 1V; Ti-6Al-2Nb-Ta-0,8Mo;etc. Ligas alfa + beta Contem elementos estabilizadores de alfa e 4-6% de elementos estabilizadores de beta. Estas ligas podem reter de 10 a 50% de beta após tratamento térmico de têmpera a partir de temperaturas nos campos α + β e β. 123 A liga α + β mais utilizada atualmente é a liga Ti-6Al-4V. Na figura 11.3.1 encontra-se a repre- sentação do diagrama bidimensional do sis- tema Ti-AL-V. A linha tracejada indica o comportamento no resfriamento da liga Ti- 6Al-4V. Fig. 11.3.1 – Diagrama bidimensional das ligas Ti-Al-V. Ligas beta Possuem quantidade suficiente de e- lementos que estabilizam beta, permitindo a retenção desta fase em temperatura ambien- te. Estas ligas possuem excelente endu- recibilidade, um tratamento usual nestas liga envolve solubilização com posterior enve- lhecimento a temperaturas de 450 a 650°C. A estrutura resultante deste tratamento é composta de beta retida com finas partículas de alfa. Em comparação com as ligas alfa + beta a liga beta possui desvantagens, pois tem alta densidade e menor resistência à fluência. As ligas Ti-10V-2Fe-3Al, Ti-15V- 3Cr-3Al-3Sn e Ti-3Al-8V-6Cr-4Mo-4Zr são exemplos de ligas beta. 11.3.3 - Metalografia do titânio e suas ligas As amostras de titânio devem ser li- xadas com constante lubrificação até granu- lometria 600. O polimento deve ser feito com abrasivo de diamante 1-4µm em disco de politriz apropriado. O ataque químico mais comum é rea- lizado com uma solução contendo 2ml de ácido fluorídrico, 8ml de ácido nítrico e 90ml de água destilada. 11.3.4 - Aplicações Gerais do titânio e suas ligas Como foi mencionado anteriormente o titânio, devido a sua excelente relação resistência peso, possui diversas aplicações: - Industria aeroespacial : compressores, tur- binas, etc. - Indústria aeronáutica : palhetas de turbina, vasos de pressão, etc. - Biomaterial : próteses ortopédicas. - Aplicações restritas : plantas nucleares, plantas de processamento de alimentos, tro- cadores de calor em refinarias, etc. 11.4 - ALUMÍNIO E SUAS LIGAS 11.4.1 - Características Gerais O alumínio é um metal de pequena resistência mecânica. A resistência à tração do Al puro é de apenas 6kg/mm2 em média, já o alumínio comercial tem resistência à tração em torno de 9 a 14kg/mm2. As impurezas metálicas presentes no alumínio comercial aumentam sua resistên- cia à tração em até 50 %. No estado recozido esta resistência, é de um terço do cobre recozido e um quinto do aço doce. O módulo de elasticidade do alumínio é bastante baixo (7000 Kg/mm2) comparado com o cobre e o aço. 11.4.2 - Designação do Alumínio e suas ligas As tabelas 11.4.1 e 11.4.2 mostram como as ligas de alumínio são designadas: 124 Tabela 11.4.1 - Ligas de Alumínio Traba- lhadas. Designação da Série Elemento de Adição 1XXX 99% de Al (mínimo) 2XXX Cobre 3XXX Manganês 4XXX Silício 5XXX Magnésio 6XXX Magnésio e Silício 7XXX Zinco 8XXX Outros elementos 9XXX Série não usada Tabela 11.4.2 - Ligas de Alumínio Fundido. Designação da Série Elemento de Adição 1XX.X 99% de Al (mínimo) 2XX.X Cobre 3XX.X Sílicio com cobre e/ou magnésio 4XX.X Silício 5XX.X Magnésio 6XX.X Série não usada 7XX.X Zinco 8XX.X Estanho 9XX.X Outros elementos Para as ligas trabalhadas na série 1XXX a designação 10XX é utilizada para indicar composições não ligadas, os dois dígitos finais indicam o teor mínimo em % de alumínio. Ex: liga1089, contém 99,89% de Al. Nas séries de 2XXX a 9XXX o se- gundo dígito indica uma modificação na liga, os dois dígitos restantes indicam ape- nas diferentes ligas na série. Quando as ligas são fundidas, o pri- meiro dígito indica a série da liga. Os dois números subsequentes indicam para a série 1XXX a impureza específica da liga. Para as outras séries indica composições específi- cas. O dígito separado por um ponto indica se é fundido (zero) ou se é um lingote (um). 11.4.3 - Ligas Trabalháveis Não Tratáveis Estas ligas apresentam encruamento em proporção com o grau de trabalho sofri- do. Uma dada condição, estado ou têmpera da liga, é indicado pelo símbolo convencio- nal que dá idéia relativa do grau de encrua- mento existente. Denomina-se de "F" as ligas que não sofreram tratamento térmico algum. As ligas que sofreram tratamento térmico de recozi- mento para eliminar o encruamento são de- signadas pela letra "O". O encruamento é indicado pela letra "H" em graduações di- versas. 11.4.4 - Ligas Tratáveis Termicamente São ligas em que as propriedades mecânicas podem ser melhoradas com tra- tamento térmico. Em comparação às ligas não tratadas termicamente estas alcançam maior resis- tência com pouca perda de ductilidade. Nestas ligas as letras "F" e "O" são empregadas com o mesmo significado que as ligas não tratáveis. A letra "T" indica que a liga foi temperada, sendo o algarismo sub- sequente o indicador das operações de tra- tamento térmico (possivelmente mecânico também) que são especificados para liga. O estado ou têmpera "W" de uma li- ga de envelhecimento natural é uma condi- ção instável obtida somente pelo tratamento de solubilização, isto é, pelo resfriamento brusco da liga aquecida. A tabela 11.4.3 a seguir mostra os vários estados ou têmperas das ligas tratadas termicamente: 125 Tabela 11.4.3 – Estados ou têmperas das ligas tratadas termicamente. SÍMBOLO INTERPRETAÇÃO T1 Trabalhada a quente seguida de envelhecimento natural T2 Trabalhada a quente seguida de trabalho a frio e envelhecimento natural T3 Solubilizada, trabalhada a frio e envelhecida artificialmente T4 Solubilizada e envelhecida natu- ralmente T5 Trabalhada a quente e envelheci- da artificialmente T6 Solubilizada e envelhecida artifi- cialmente T7 Solubilizada e superenvelhecida T8 Solubilizada, trabalhada a frio e envelhecida artificialmente T9 Solubilizada, artificialmente envelhecida e trabalhada a frio T10 Trabalhada a quente, trabalhada a frio e envelhecida artificialmente 11.4.5 - Tratamentos Térmicos Solubilização Tratamento térmico que visa dissol- ver as fases microscópicas simples ou in- termediárias, presentes na matriz de uma liga, pelo aquecimento ao campo monofási- co inerente. A liga é mantida nessa tempera- tura até a obtenção de uma solução sólida homogênea. Logo após, pelo resfriamento rápido, mantemos o estado monofásico à temperatu- ra ambiente. A solubilização é uma etapa preparatória para o futuro tratamento de endurecimento por precipitação. Com o res- friamento brusco para têmperar, produz uma solução supersaturada, estado instável a temperatura ambiente. De maneira geral, todas as ligas, cu- jos sistemas apresentam soluções sólidas terminais com razoável diferença nos limites de solubilidade entre a temperatura ambiente e o máximo de solubilidade nas isotermas. Recozimento para Recristalização e Ho- mogeneização Este tratamento é realizado geral- mente em temperaturas entre 300 e 400°C, Havendo uma recristalização quase instan- tânea. O resfriamento subsequente é realiza- do em forno com velocidade de 30°C por hora até 250°C e posterior resfriamento ao ar, obtendo maior ductilidade. Em ligas trabalhadas , deve-se em- pregar faixa de temperaturas menores, quan- do o grau de encruamento for menor. O aquecimento de muitas ligas deve ser abaixo das temperaturas eutética e peri- tética (50 - 100°C), em razão do zoneamento estrutural, de segregação interdendrítica e dos eutéticos e peritéticos, concentradas nas áreas intergranulares, caso contráriohaveria uma fusão parcial, podendo haver oxidação, o que tornaria a liga "queimada" Teoria do Endurecimento por Precipita- ção Será utilizado como exemplo a liga Al 6463, esta liga tem como elementos Al.Si.Mg e a precipitação ocorre na forma Mg2Si, através de um processo de nucleação e crescimento. Inicialmente, é necessário que exis- tam zonas ricas em soluto formando regiões de possível nucleação. Após a nucleação, as partículas , no caso de Mg2Si, crescem a partir dos elementos Mg e Si presentes na liga. Nenhuma precipitação pode ocorrer até que se inicie a nucleação, mas uma vez ini- ciada, a solução sólida pode perder seus átomos de Mg e Si de duas formas: pelo crescimento das partículas já formadas e pela formação de núcleos adicionais. A velocidade de precipitação varia com a temperatura. Onde as temperaturas são baixas, é necessário longos períodos de tempo para completar a precipitação, pois a velocidade de difusão é muito pequena. Nes- te caso a velocidade é controlada pela difu- são dos átomos. Quando as temperaturas são altas, a velocidade de difusão é alta, porém o grau de supersaturação é menor, havendo portan- 126 to uma temperatura ótima, na qual a veloci- dade de precipitação é máxima. O efeito mais importante da precipi- tação da segunda fase é um endurecimento da estrutura devido a deformação do retículo cristalino. Na figura 11.4.1 temos uma repre- sentação gráfica mostrando que a curva de envelhecimento possui um ponto máximo, se as amostras forem mantidas por um longo tempo ocorrerá uma diminuição da dureza, este efeito é denominado de superenvelhe- cimento. Fig. 11.4.1 – Curva de envelhecimento. A composição química também in- fluencia a curva de envelhecimento. Para baixas concentrações de soluto o grau de supersaturação é pequeno no final do trata- mento de solubilização, e a energia livre do sistema é pouco maior do que a concentra- ção de equilíbrio. Sob essas condições a nucleação da segunda fase é difícil e o endu- recimento ocorre lentamente em temperatura constante . Portanto a dureza máxima obtida será pequena, porque a quantidade total de precipitados não é grande, pois em geral, quanto menor for a quantidade de precipita- dos, menor será a dureza máxima. Por outro lado, o aumento da concentração total de soluto, aumenta a dureza máxima para uma dada temperatura de envelhecimento. Quan- to maior a quantidade de solutos maior será o número de precipitados, maior a dureza e maior a velocidade de crescimento em vir- tude da maior quantidade de soluto disponí- vel para formação dos precipitados pois maior é o grau de supersaturação. Superenvelhecimento A continuação do processo de segre- gação, por longos períodos de tempo, ocasi- ona uma precipitação real, ocorre o amole- cimento do metal e diz-se então que foi su- perenvelhecido. Como o crescimento da segunda fase implica em áreas relativamente grandes, que não conseguem resistir ao escorregamento, observa-se um amolecimento significativo. Ou seja, o endurecimento inicial é seguido por um amolecimento do qual resulta uma aglomeração do precipitado. Podem ser observados dois efeitos da temperatura de envelhecimento: -precipitação, o endurecimento co- meça mais rapidamente em temperaturas mais altas. -superenvelhecimento, o amoleci- mento ocorre tanto mais rápido quanto mai- or a temperatura. 11.4.6 - Diagrama Binário Alumínio- Cobre Observando a figura 11.4.2 referente ao diagrama eutético Al-Cu, constatamos que o cobre solubiliza-se no alumínio for- mando uma solução sólida de reticulado cúbico cristalino de faces centradas. O má- ximo de cobre solubilizado ocorre a 548°C com 5,65%. A liga de composição eutética com 33,2% de cobre em peso apresenta-se com textura lamelar CuAl2, fase intermediária, em matriz de solução sólida rica em alumí- nio, com cobre residual. As ligas com menos de 0,3% de co- bre a temperatura ambiente são considera- das alumínio puro. A liga mais importante deste sistema encontra-se com 4% de cobre em peso. 127 Fig. 11.4.2 - Diagrama eutético binário Al-Cu. 11.4.7 - Diagrama Binário Alumínio - Silício As ligas mais importantes de Al-Si encontram-se entre 8 a 14% de silício. Estas ligas podem ter suas propriedades melhora- das através do superesfriamento ou pela ação de agentes modificadores. A figura 11.4.3 mostra o diagrama binário alumínio- silício: Fig. 11.4.3 - Diagrama binário Alumínio Silício. 11.4.8 - Sistema Alumínio-Magnésio- Silício O magnésio e o silício ,em ligas de alumínio, quando combinados são capazes de formar um composto intermetálico Mg2Si, originando um sistema quase binário bastante semelhante ao sistema Al-Cu. Po- rém, a fase Mg2Si tem efeito endurecedor maior que a fase CuAl2, não afetando tanto a resitência à corrosão. Na figura 11.4.4 temos a representação do diagrama quase-binário Al-Mg2Si: Fig. 11.4.4 - Sistema quase-binário Al-Mg2Si. 11.4.9 - Função dos Elementos - Silício : elemento mais utilizado nas ligas de alumínio fundidas, seu teor varia de 12 a 13%. Este elemento aumenta a fluidez, re- duz a concentração externa, melhora a es- tanqueidade ( menor porosidade) no produto fundido, reduz o coeficiente de expansão e melhora a soldabilidade. - Cobre : É um dos principais elementos endurecedores em ligas de alumínio fundi- das. Aumenta a resistência nas ligas tra- tadas e não tratadas termicamente. A solubi- lidade do cobre no alumínio é bastante ele- vada em altas temperaturas e apenas ligei- ramente solúvel a temperatura ambiente. Esta característica torna a liga termicamente tratável e melhora as propriedades mecâni- cas. - Magnésio : De modo semelhante ao cobre, tem características de solubilidade sólida que permite a liga ser tratada termicamente. O magnésio torna difícil a oxidação devido a tendência de oxidação. De modo geral, adições de magnésio aumentam a resistência mecânica e a ducti- 128 lidade. Também melhoram a resistência a corrosão e a usinabildade. - Titânio : Nas ligas de fundição é utilizado como refinador de grão em teores variando de 0,05 a 0,20%.Também aumenta a resis- tência à tração e a ductilidade. - Ferro : Algumas vezes é adicionado para diminuir a contração. Agem como refinado- res de grão, com exceção nas ligas fundidas em areia. Nas ligas fundidas sob pressão diminui o agarramento ao molde. O teor de ferro deve ser controlado entre 0,15 e 1,2%. - Manganês : Atua como refinador de grão para reduzir a contração. Em combinação com o ferro o manganês deve ser controla- do, pois pode haver a formação de partículas do constituinte primário, ocasionando redu- ção na resistência. - Cromo : Primeiramente é utilizado como refinador de grão. Em certas ligas como Al- Zn-Mg é utilizado para diminuir trincas de tensão e corrosão sob tensão. Pode ser utili- zado para melhorar a resistência em tempe- raturas elevadas. - Níquel : Melhora a estabilidade dimensio- nal e aumenta a resistência em altas tempe- raturas.: - Zinco : Não deve ser utilizado em grandes quantidades, pois torna a liga frágil a quente e produz alta contração. Quando combinado com o magnésio aumenta a resistência ao impacto, melhora a resistência à tração e a ductilidade. Pequenas quantidades deste elemento melhoram a usinabilidade. 11.4.10 - Metalografia do alumínio e ligas - Macrografia : O lixamento é realizado com água destilada até granulometria 600. O ataque mais efetivo é o de água régia fluora- da principalmente em peças fundidas ou Reativo de Tucker : 45 HCl : 15HF : 15HNO3 : 25H2º - Micrografia : Quando efetuarmos opoli- mento mecânico deve-se levar em conta o pH, a suspensão de alumina que possui pH 9 deve ser neutralizada com ácido bórico para pH 7. Ao usar pastas de diamante 5-3-1 e1/2 µm, o ataque deve ser realizado imedia- tamente para evitar passivação. Os reativos mais comuns para o ata- que químico são os seguintes: -Ácido fluorídrico : 0,5% HF e água destila- da para completar 100ml. Deixa-se o reativo embebido em algodão sobre a peça por 15 s. Utilizado para verificar os constituintes de todas as ligas leves. -Nitrato férrico : 25% de nitrato férrico e 100 ml água destilada. Feito com algodão pr 30 s. Permite visualizar-se o constituinte CuAl2. -Ácido sulfúrico : 20% de ácido sulfúrico e 100ml de água. A amostra deve ser imersa na solução a 70°C por 30 s. Permite a visua- lização de ferro. 11.4.11 - Aplicações do alumínio e suas ligas - Indústria aeronáutica : peças da fuselagem dos aviões, rebites, etc. - Indústria automobilística : peça, estruturas, rebites, etc. - Indústria de alimentos : recipientes para bebidas e conservas, envólucro de uso do- méstico. - Equipamentos gerais: condutores elétricos, trocadores de calor, tanques para armaze- namento de combustível, utensílios domésti- cos, etc. - Construção civil : perfis de alumínio.
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