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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E NEGOCIAÇÃO Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque Professor Esp. Jorge Luiz Garcia Van Dal GRADuAção Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Comercial, de Expansão e Novos Negócios Marcos Gois Direção de Operações Chrystiano Mincoff Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Polos Reginaldo Carneiro Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato Dutra Coordenação de Graduação Kátia Coelho Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados Evandro Bolsoni Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge Gerência de Marketing Harrisson Brait Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura Supervisão de Materiais Nádila de Almeida Toledo Design Educacional Rossana Costa Giani Fernando Henrique Mendes Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração José Jhonny Coelho Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa, Susana Inácio Ilustração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi CENTRo uNIVERSITÁRIo DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Comunicação empresarial e negociação / Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque, Jorge Luiz Garcia Van Dal. Reimpressão revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 168 p. “Graduação - EaD”. 1. Negociação. 2. Comunicação empresarial. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658.45 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro universitário Cesumar al- meja ser reconhecida como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. o Centro universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro universitário Cesumar lhe possi- bilita. ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque Graduado em Administração de Empresas pela universidade Estadual de Maringá (1998) e mestrado em Engenharia de Produção pela universidade Federal de Santa Catarina (2002). Pós-graduado em Dinâmica dos Grupos pela Sociedade Brasileira da Dinâmica dos Grupos (2008). Foi avaliador do Ministério da Educação no período de 2002 a 2006, professor do departamento de Administração da universidade Estadual de Maringá nos anos de 2006 e 2007. A U TO RE S Professor Esp. Jorge Luiz Garcia Van Dal Graduado em Comunicação Social pela uNICESuMAR (2006), é mestrando em Comunicação Social pela uMESP (universidade Metodista de São Paulo). Pós-graduado em Marketing (2010) pelo Instituto Paranaense de Ensino. Professor universitário nas áreas de Marketing e Comunicação na Faculdade Alfa de umuarama e Faculdade Fatecie, onde também é coordenador do curso superior de tecnologia em Marketing. Ampla experiência como diretor, produtor e apresentador de programas de TV e planejamento de mídia para campanhas de publicidade na região noroeste do Paraná. Apresentador de programas eleitorais e estrategista em Marketing Eleitoral. SEJA bEM-VINDO(A)! olá! Se você se interessou pelo assunto deste livro, já deve ter percebido que a comuni- cação e a negociação fazem parte do nosso dia a dia, não só nas empresas, mas na vida. Por isso, conhecer mais sobre algo que praticamos, às vezes até mesmo instintivamente, vai nos ajudar muito em nossa profissão e relações sociais. A comunicação é algo nato do ser humano, mas podemos melhorar nossas habilidades e, além disso, aplicá-las nas empresas para atingir de forma mais eficiente os objetivos das organizações. Também temos que negociar o tempo todo, muitas de nossas esco- lhas e tomadas de decisão são antes intermediadas por uma boa negociação. Portanto, veremos que negociação e comunicação andam juntas, e quanto melhor entendemos e aplicamos suas técnicas, de forma ética e profissional, melhor serão nossos resultados e das empresas. Na unidade I serão apresentados os conceitos básicos de negociação e sua importân- cia em nosso dia a dia. Na sequência, iremos tratar a respeito dos possíveis resultadosem negociação e discutir a possibilidade e viabilidade de se buscar resultados do tipo ganha/ganha, assim como iremos trabalhar os elementos essenciais em negociação e a importância de se conhecer antecipadamente cada um deles para favorecer a prepara- ção para a execução de um processo de negociação. Na unidade II vamos discutir alguns pontos muito importantes que fazem parte da ne- gociação. Veremos que um bom negociador necessita de algumas habilidades espe- cíficas que o ajudem a desenvolver uma negociação eficiente e eficaz. Na sequência, iremos entender porque a negociação é considerada um processo sistêmico e, ao com- preendermos esta condição, será fácil preparar qualquer tipo de negociação. Abordare- mos algumas maneiras que possibilitem a realização do planejamento da negociação de modo que seja possível entender o porquê da necessidade de se planejar todo o processo. A unidade III trata dos processos de negociação, onde iremos nos deparar com diversos cenários diferentes, sendo fundamental que se tenha estratégias para agir em cada um deles. Veremos também que definir uma estratégia de ação em negociação faz parte do processo de preparação, entretanto, só será possível a definição por qual estratégia utilizar quando da finalização do planejamento e preparação do processo de negocia- ção. Tão importante quanto a escolha das estratégias definidas pelo negociador está a verificação de questões éticas que possam estar implicadas no processo. Portanto, esta unidade será dedicada a ressaltar a importância da ética para que o negociador tome os devidos cuidados e evite problemas que possam surgir com seus parceiros em uma negociação. Na unidade IV começaremos a nossa jornada pela comunicação com foco na Comuni- cação Empresarial, sem deixar de manter a importante ligação com o mundo das orga- nizações e a negociação, que é parte fundamental dessa área. Veremos que falar sobre comunicação é algo complexo, principalmente porque não se trata de uma ciência exa- ta e pelo fato de ela estar totalmente ligada as nossas relações sociais, que por sua vez ApresentAção COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E NEGOCIAÇÃO são influenciadas por aspectos culturais, tecnológicos, ambientais e econômicos. No âmbito da Comunicação no contexto Empresarial não é diferente. Por isso, nos concentraremos nos conceitos fundamentais da comunicação social e empresarial, no processo comunicacional e no papel do gestor comunicador. Na unidade V vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a Comunicação Empre- sarial e suas técnicas para melhorar o relacionamento e a comunicação com os pú- blicos de interesse da organização. Veremos que, para isso, as empresas precisam valorizar as pessoas de uma organização, desenvolvendo sua cultura organizacional por meio da aprendizagem e da capacidade de inovar. Ficará claro que para isso os gestores precisam recriar uma nova postura empresarial, valorizando os processos comunicacionais, utilizando os melhores modelos, técnicas e canais de comunica- ção adequados aos seus públicos e sempre estar abertos ao diálogo. Vamos ver também que muitos dos problemas de uma organização podem estar li- gados direta ou indiretamente à comunicação. Por isso, uma comunicação eficiente é a base de toda negociação. Para negociarmos bem, precisamos em primeiro lugar nos comunicar bem. Em seguida, vamos conhecer os modelos de comunicação para a empresa, onde os principais são: comunicação interna, comunicação externa, as- sessorias e porta-voz, meios de divulgação, informação e publicidade. Depois de conhecer os modelos de comunicação, vamos abordar a Comunicação Empresarial, como ela deve ser encarada, uma importante ferramenta estratégica para as organi- zações, e iremos conhecer o modelo básico de um Plano Integrado de Comunicação Empresarial. Aproveitamos para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jor- nada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abor- dados em nosso livro. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profis- sional. Muito obrigado e bom estudo! 8 - 9 ApresentAção sumário 8 - 9 uNIDADE I CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO 15 Introdução 15 o Que é negociação? 20 possíveis resultados em negociação 26 elementos essenciais em negociação 36 Considerações Finais uNIDADE II HAbILIDADES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO EM NEGOCIAÇÃO 43 Introdução 43 As Habilidades dos negociadores 51 o processo de negociação 54 o planejamento da negociação 65 Considerações Finais uNIDADE III ESTRATÉGIAS EM NEGOCIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES ÉTICAS NO PROCESSO 71 Introdução 71 As estratégias dos negociadores sumário 10 - 11 88 A Ética nas negociações 91 Considerações Finais uNIDADE IV A COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO EMPRESARIAL 97 Introdução 98 As revoluções da Comunicação 102 Comunicação na sociedade da Informação 103 o processo Comunicacional 106 tipos de Comunicação nas organizações 110 Comunicação Integrada 114 Comunicação empresarial 119 A Comunicação e o Gestor 124 Considerações Finais uNIDADE V IMPLEMENTANDO O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO 131 Introdução 132 Comunicação como base da negociação sumário 10 - 11 136 Modelos de Comunicação para a empresa 146 Comunicação empresarial estratégica 152 plano Integrado de Comunicação empresarial 158 Considerações Finais 165 Conclusão 167 Referências U N ID A D E I Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque ConCeItos e IMportÂnCIA DA neGoCIAção Objetivos de Aprendizagem ■ Conceituar negociação. ■ Compreender a importância da negociação. ■ Apresentar os possíveis resultados de uma negociação. ■ Discutir sobre os elementos essenciais em negociação. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ o que é negociação? ■ Possíveis resultados em negociação ■ Elementos essenciais em negociação 14 - 15 INTRODUÇÃO Prezado(a) Acadêmico(a), você já percebeu que em nossa vida a negociação está sempre presente? Apesar de nossa liberdade e livre arbítrio para escolhas e tomadas de decisão, muitas delas só são possíveis após termos negociado suas ações e consequências com alguém. Normalmente uma pessoa próxima e querida ou, muitas vezes com nós mesmos. Sendo assim, iniciaremos esta uni- dade apresentando os conceitos básicos de negociação e sua importância em nosso dia a dia. Na sequência iremos tratar a respeito dos possíveis resultados em negociação e discutir a possibilidade e viabilidade de se buscar resulta- dos do tipo ganha-ganha. Para finalizar esta unidade, iremos trabalhar com os elementos essenciais em negociação e a importância de se conhecer anteci- padamente cada um deles para favorecer a preparação para a execução de um processo de negociação. O nosso desafio nesta unidade é que você seja capaz não apenas de enten- der os conceitos teóricos aqui abordados, mas, que consiga aplicá-los em seu dia a dia. O QUE É NEGOCIAÇÃO? Como apresentamos na introdução deste material, a negociação faz parte do nosso cotidiano. Em qualquer decisão que tomamos, seja ela simples ou complexa, negociamos, mesmo que inconscientemente. Veja que interessante: Stark (1999, p.1) apresenta os dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de San Diego que, durante um seminário questionou seus participantes a res- peito da frequência que estes negociavam. A surpresa veio com a resposta: 36% afirmaram raramente ou nunca negociar. Esta informação reforça exatamente nossa colocação no início desta unidade, ou seja, as pessoas não têm consciên- cia da realização do processo de negociação em seu dia a dia. Assim, podemos Introdução Re pr od uç ão p ro ib ida. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 14 - 15 ©shutterstock CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 16 - 17I dizer que Negociar é o processo para se alcançar aquilo que deseja e, se é um processo, significa que existe uma metodologia para sua realização. Wanderley (1998, p. 21) define negociação como um processo para se alcan- çar objetivos por meio de um acordo nas situações em que existam interesses comuns. Com os amigos, decidir onde jantar. Em casa, com a família, escolher qual programa de televisão assistir (normalmente em casas onde se tem crian- ças, estas são as que sempre vencem as negociações). Advogados negociam acordos antes de levarem a demanda para o tribunal. Países negociam acordos comerciais, acordos de paz. Enfim, a definição de Wanderley consegue explicar claramente o sentido de negociação. O mesmo autor continua sua definição explicando que a mesma possui algu- mas considerações, apresentadas no quadro 1: o Que é Negociação? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 16 - 17 ■ Negociação é um processo, ou seja, uma sequência de etapas que se de- senrolam do início até o final da negociação. ■ Toda negociação significa alcançar objetivos. ■ uma negociação pode ser entendida dentro de uma adaptação do con- ceito do campo de forças desenvolvido por Kurt Lewin. ■ Negociação é relacionamento e não um ato isolado. É sempre alguma coi- sa que se faz em conjunto. ■ o que diferencia a negociação de outras formas para se alcançar objetivos é que, na negociação, isso é feito por meio de um acordo. ■ Divergências, conflitos e antagonismos estão sempre presentes de uma ou de outra forma. Quadro 1: Conceitos básicos de negociação Fonte: Adaptado de Wanderley (1998, p. 21-22) NEGOCIAÇÃO COMO UM PROCESSO Dizer que negociar é realizar processos significa dizer que negociação é algo que tem início, meio e fim. Burbridge et al. (2007, p. 83) comparam o processo de negociar com o treinamento de um soldado no manuseio de um rifle. O soldado é instruído a usar uma sequência de cinco passos que, quando bem executados, asseguram a precisão do tiro. Segundo o autor, na negociação também é possí- vel treinar processos simples em que saberemos utilizar no momento certo as táticas que melhor se aplicam em cada fase do processo de negociação, aumen- tando, assim, as chances de sucesso. NEGOCIAÇÃO É ALCANÇAR ObJETIVOS Para ter sucesso em negociações, é necessário estabelecer claramente obje- tivos e desejos e, principalmente, o que estamos dispostos a dar em troca. Wanderley (1998, p. 22) lembra que esperar obter algo sem dar nada em troca é CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 18 - 19I estar esperando uma doação ou então um milagre. De uma maneira clara, para receber é preciso oferecer. O autor se utiliza de uma parábola que facilita o enten- dimento deste processo: Certa vez, dois seminaristas foram pedir autorização ao padre supe- rior para fumar enquanto rezavam. O primeiro foi direto ao assunto, perguntando se podia fumar durante suas orações. O padre negou o pedido e exigiu do seminarista muitas penitências. O segundo semina- rista preparou-se previamente. Descobriu qual era o santo da devoção do superior, leu sobre sua vida e foi ao encontro do padre. Estabeleceu um clima positivo e verificou o momento oportuno de fazer a sua soli- citação. Falou sobre seu grande desejo de chegar à santidade e contou o que vinha fazendo nesse sentido. Entretanto, observou, tinha um pe- queno problema. Algumas vezes costumava fumar, mas nos momentos em que estava fumando sentia uma vontade incontrolável de rezar. Será que nesses momentos poderia rezar? Recebeu uma resposta positiva, com a recomendação de que rezasse também para interromper esse vício (WANDERLEY, 1998, p. 21). Analisando esta parábola, é possível que se perceba que, para conseguir alcan- çar seu desejo, o segundo seminarista, de certa forma, precisou oferecer algo além do seu pedido, precisou aceitar a recomendação do padre de rezar para parar de fumar. Diferente do primeiro que apenas apresentou seu desejo sem nada a oferecer. NEGOCIAÇÃO COMO CAMPO DE fORÇAS O psicólogo Kurt Lewin desenvolveu uma teoria chamada campo de forças que, como nos mostra Ferreira et al. (2002 p. 85), definem o comportamento das pes- soas como resultado de um equilíbrio entre forças de impulsão para mudanças e forças de restrição a novas propostas e, como consequência, favoráveis à manu- tenção da situação atual. o Que é Negociação? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 18 - 19 Figura 1: Diagrama do campo de forças de Lewin Fonte: Ferreira et al. (2002, p. 85) O que podemos observar na figura 1 é justamente o funcionamento dessas forças. Wanderley (1998, p. 22) continua explicando que a tendência natural, quando se pretende que uma mudança ocorra efetivamente, é que se aumente a inten- sidade das forças de impulsão, entretanto esse é o tipo de situação que favorece a resistência à mudança. O autor lembra que a sugestão de Lewin para que isso não ocorra é diminuir as forças de restrição mediante a identificação daquilo que esteja provocando a resistência. Assim, Wanderley (1998, p. 22) comple- menta dizendo que é possível entender a negociação como a passagem de uma situação atual para uma situação futura dentro do campo de forças onde estas são, justamente, os interesses comuns. NEGOCIAÇÃO É RELACIONAMENTO E NÃO UM ATO ISOLADO As negociações ocorrem, na maioria das vezes, envolvendo, pelo menos, duas partes interessadas. Lewicki et al. (2001, p. 19) reforçam essa afirmação nos colo- cando que, apesar de ser possível negociar consigo mesmo, a negociação é um processo interpessoal ou intergrupo. Sendo assim, efetivamente estamos falando sobre relacionamento e, quando isto ocorre, Wanderley (1998, p. 22) nos lem- bra de que haverá emoção e comunicação presentes, uma vez que não existe relacionamento sem a presença desses dois componentes. Lewicki et al. (2001, p. 85) complementam nosso autor mostrando que entre duas ou mais partes, na maioria das vezes irá ocorrer um conflito de interesses, ou seja, o que um CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 20 - 21I quer não é necessariamente o que outro quer e as partes devem procurar uma maneira de solucionar este conflito. Os autores continuam informando que as partes preferem tentar chegar a um acordo a gerar um impasse. Inevitavelmente, para que se conclua o processo, uma das partes acabará por ceder ou, caso con- trário, se buscará uma autoridade superior para decidir. Normalmente, quando se chega nesta situação, irá ocorrer o rompimento das relações e o importante é agir para evitar que isto ocorra. E é exatamente aí que existe a diferenciação entre a negociação e outros meios para se alcançar objetivos. Negociar é tomar decisões em conjunto de modo a obter acordos mútuos, ou seja, muitas vezes será necessário vencer conflitos, divergências e antagonismos que podem acon- tecer, segundo Wanderley (1998, p. 23), por má comunicação ou divergência entre ideias, propostas e interesses, que, normalmente, tem origem em dificul- dades de relacionamento.POSSíVEIS RESULTADOS EM NEGOCIAÇÃO As pessoas negociam para alcançar seus objetivos e, no processo final de nego- ciação, inevitavelmente irá se chegar a um resultado que poderá ser favorável ou desfavorável às partes interessadas. Stark (1999, p. 7) afirma que a negocia- ção terá como resultados possíveis: perde-perde, perde-ganha, ganha-perde, ©shutterstock Possíveis Resultados em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 20 - 21 ganha-ganha, ou, simplesmente, nada acontece. Wanderley (1998, p. 23) coloca que esses resultados serão obtidos graças à postura adotada durante a negocia- ção, ou seja, para o autor existem duas condutas básicas adotadas, a conduta de se ganhar ou de se perder. Estas condutas vão gerar o que Wanderley (1998) chama de postura ganha-perde, ganha-ganha ou perde-perde, culminando nos resultados apresentados por Stark acima. POSTURA GANHA-PERDE Quando o negociador tem interesse apenas em satisfazer seus objetivos, ine- vitavelmente irá gerar danos para a outra parte. A conduta adotada, conforme Wanderley (1998, p. 23), será: ■ O importante é levar vantagem em tudo. ■ Só os interesses próprios é que contam. O outro que trate de cuidar dos seus. ■ O mundo é dos espertos. ■ A negociação é um campo de batalha no qual os mais aptos vencem. ■ Quem tem pena do coitado fica no lugar dele. ■ O que vale é, sobretudo, o curto prazo, pois em longo prazo estaremos mortos. ■ Não é importante estabelecer vínculos positivos ou duradouros com o outro negociador. ■ O segredo é a alma do negócio. Informações falsas fazem parte do negócio. ■ Vale tudo. O importante é não ser pego. Como é possível perceber, negociadores com esta postura carecem de princípios éticos, desdenham das outras partes acreditando que estas não percebem suas manobras por serem ingênuas. O autor complementa sua explicação afirmando existir duas modalidades para os negociadores que adotam esta postura: a hos- tilidade e a manipulação. Na primeira a intenção é intimidar a outra parte, já na CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 22 - 23I segunda, procura-se cativar ou enganar o outro lado a fim de induzir a erros de interpretação não só quanto à informação, mas também quanto às verdadeiras intenções do que se pretende negociar. POSTURA GANHA-GANHA O negociador que adota uma postura ganha-ganha parte do princípio de que, para se ter um bom acordo, é necessário que ambos os interessados sejam satis- feitos de maneira a encontrar alternativas de ganho comum. Wanderley (1998, p. 24) afirma serem pessoas que agem para encontrar pontos de convergência, por mais difícil que seja, e detêm as seguintes crenças: ■ Querem que os seus interesses sejam atendidos. ■ Um bom negócio deve atender os interesses de todos os negociadores envolvidos. ■ O problema do outro não é só problema do outro. Ele deve ser identifi- cado e solucionado no processo de negociação. ■ Embora o curto prazo seja relevante, não se pode deixar de levar em con- sideração as perspectivas de médio e longo prazo. ■ Em toda negociação, além do objeto da negociação, deve-se dedicar igual atenção ao relacionamento entre as partes. ■ Para que haja um bom acordo, é necessário que os dois lados estejam ver- dadeiramente comprometidos com a sua implementação. POSTURA PERDE-PERDE Wanderley (1998, p. 25) afirma existir, eventualmente, a possibilidade de se encontrar a postura perde-perde, ou seja, o negociador não se importa em per- der desde que o outro também perca. É o que o autor chama de estilo kamikaze, onde todos explodem juntos. O mais importante é prejudicar o outro e não obter Possíveis Resultados em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 22 - 23 nenhuma vantagem a si mesmo. O autor utiliza a parábola do sapo e o escorpião para ilustrar este tipo de postura. Certa vez, um escorpião pediu a um sapo que o ajudasse a atravessar um rio. O sapo respondeu que não, pois o escorpião iria matá-lo. “Ora”, disse o escorpião, “se você morrer, eu morrerei junto, pois não sei na- dar”. O sapo achou a argumentação razoável e resolveu atravessar o rio com o escorpião às suas costas. Quando chegou ao meio do caminho, o escorpião deu uma ferroada no sapo, que, atônito, perguntou: “Por que você fez isso? Agora nós dois vamos morrer”. “É verdade”, respondeu o escorpião, “eu também vou morrer, mas não pude conter meu ímpeto” (WANDERLEY, 1998, p. 25). NENHUM RESULTADO Como vimos anteriormente, Stark (1999) sugere um resultado onde é possível que nenhuma das partes tenha seus interesses satisfeitos, ou seja, não teremos ganhador muito menos perdedor, por exemplo: Uma pessoa que tinha uma grande propriedade comercial de bom va- lor patrimonial decidiu vendê-la. O motivo da venda devia-se ao fato de que o governo municipal estava considerando a possibilidade de re- zoneamento da área onde a propriedade estava localizada. O proprie- tário achou que o rezoneamento iria desvalorizar a propriedade. Cha- mou-se um corretor para avaliar a propriedade. Na reunião, o corretor – que por acaso era membro da comissão responsável pelo zoneamento na cidade – disse ao proprietário que ele havia recebido informações erradas e que nenhum rezoneamento seria feito na área. O corretor recomendou ao proprietário que mantivesse a propriedade, ao invés de vendê-la. O proprietário aceitou a sugestão (STARK, 1999, p. 11). O que é possível perceber no exemplo anterior é que nada aconteceu. Pode-se pensar que o corretor utilizou-se de má-fé para burlar o proprietário, mas não foi o que ocorreu, na verdade, não se chegou a nenhum resultado. Em processos de negociação o que se busca, na maioria das vezes, é uma postura ganha-ganha de maneira que todos os interessados alcancem seus objetivos, o que irá estabelecer um vínculo de relacionamento positivo e duradouro. 24 - 25 A NEGOCIAÇÃO E O MITO DO GANHA-GANHA trata a respeito da negociação ganha-ganha. Apresentamos trechos de relevância para nosso estudo, mas é importante que se faça a leitura na íntegra no site apresentado. João Baptista Vilhena Diretor do MVC Em gestão, muitos mitos vão se criando impune ou - às vezes - inocentemente. Há os que acreditam de verdade que a propaganda é a alma do negócio. os que chegam a jurar que o cliente tem sempre razão. Além dos que defendem, com unhas e dentes, que é melhor vender alguma coisa que o cliente não quer ou não precisa comprar do que sair da entrevista sem um “pedidinho”. E por aí vai. [...] Hoje queremos discutir com você um dos mais frequentes mitos da negociação: a do método ganha-ganha. [...] Se toda a negociação tem origem numa divergência quanto aos meios e numa conver- gência quanto aos fins, o único método possível para chegar a um acordo favorável para ambas as partes é o cede-cede. Tomemos por base uma negociação comercial. o lado (a) quer vender um produto, mas só pode entregá-lo em 90 dias. o lado (b) quer comprar o produto – eis aí a tal conver- gência quanto aos fins – mas tem que recebê-lo em, no máximo, 45 dias – logo, há aqui uma divergência quanto aos meios. Supondo que os prazos reivindicados pelas partes sejam verdadeiros, a única forma de estabelecer o acordo é obtendo de cada lado uma concessão e, por exemplo, fechando o negócio para entrega daqui a 70 dias (ambos tiveram que ceder, não é verdade?). [...] Nas negociações sindicais o “patrão” ofereceum reajuste de 8%. os empregados reivin- dicam 20%. Depois de muita discussão, as partes concordam com 10%. Você negaria que ambos abriram mão de um pouco para chegar ao acordo? [...] Existem inúmeras táticas que, embora levem ao ganha-perde, são amplamente utiliza- das visando forçar o outro lado a fazer concessões acima do que seria possível conside- rar razoável: ■ Cobertor: consiste em revelar tudo aquilo que queremos para depois verificar do que abriremos mão (a analogia é: vamos deixar os pés ou a cabeça descoberta?). 24 - 25 ■ Colchete: consiste em isolar aquilo que a outra parte mais deseja visando colocá-la na defensiva. ■ Surpresa: consiste na súbita mudança do objeto da negociação, deixando a outra parte desconcertada e despreparada para negociar. ■ Intimidação: consiste em ameaçar a outra parte – sugerindo encerrar a negocia- ção imediatamente, por exemplo. ■ Silêncio: consiste em não emitir qualquer opinião ou crítica quanto ao que está sendo proposto, visando desorientar a outra parte. ■ Drible: consiste em insistir que queremos uma determinada coisa quando o que nos interessa é outra. ■ Autoridade limitada: consiste em criar uma instância superior que precisa ser consultada antes de darmos uma resposta final sobre uma proposta. ■ Mocinho/bandido: negociadores que trabalham em dupla. um faz o papel do bonzinho e o outro é o mau. Poderíamos aqui mencionar uma lista muito mais ampla, que envolveria truques, arti- manhas e falcatruas. Ao conversarmos sobre isso com os participantes dos nossos even- tos, um número muito grande afirma utilizar-se desses recursos para obter o acordo. Em sua opinião, estão agindo da forma que propõem os livros e manuais (infelizmente mui- tos deles realmente propõem isso) e, consequentemente, não se percebem infringindo qualquer limite ético ou moral. [...] Nossa crença é que o ganha-ganha existe sim, mas não no processo. Ele é atingido quan- do ao final da negociação cada parte avalia as concessões que fez e as compara com os resultados que obteve e chega à conclusão que, realmente, valeu a pena. Disponível em: <http://www.institutomvc.com.br/insight61.htm#mat3>. Acesso em 25 jan. 2013. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 26 - 27I ELEMENTOS ESSENCIAIS EM NEGOCIAÇÃO Durante o processo de negociação, o que se percebe é a existência de alguns ele- mentos que se destacam por sua importância no contexto. Stark (1999, p. 13) considera o tempo, a informação e o poder como os três elementos mais importantes na negociação. TEMPO O tempo de duração de um processo de negociação pode variar entre curto ou longo. Martinelli e Ghisi (2006, p. 103) recomendam cuidado com relação ao tempo despendido na negociação. Segundo o autor, o tempo deve ser o ponto de apoio para se projetar o negócio, com consequente satisfação dos envolvi- dos, além de permitir a conclusão de que é ilimitado, podendo, entretanto ser controlado. Muitas vezes, porém, a outra parte tenta parecer indiferente em rela- ção ao prazo, o que sempre traz resultados negativos para o oponente, visto que aumenta a pressão sobre ele. O autor recomenda não esquecer de fixar prazos de acordo com os interesses do negociador para evitar tumultos, concessões desne- cessárias e o estabelecimento de acordos prévios. Stark (1999, p. 13) se reforça na lei de Pareto para explicar a importância do tempo em negociações. A chamada regra 80/20, ou Lei de Pareto, diz que: “vinte por cento do que você faz produz 80% dos resultados; inversamente, 80% do que você faz produz somente 20% dos resultados”. Normalmente, segundo o autor, a maioria das negociações é concluída nos últimos momentos. Em negociações, ainda segundo Stark (1999), o tempo e o prazo de nego- ciação podem favorecer a cada lado, e faz algumas sugestões: 1. Seja paciente. Como a maioria das concessões e decisões ocorrerão nos últimos 20% do tempo disponível, tenha bom senso e espere o momento certo para agir. Como regra geral, vale a pena ter paciência. 2. Se houver vantagens na conclusão rápida da negociação, venda esta ideia à contraparte. Existem ocasiões em que uma ou ambas as partes serão beneficiadas, se as negociações forem concluídas ra- pidamente. Elementos Essenciais em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 26 - 27 3. Tenha em mente que os prazos podem ser alterados, mudados ou simplesmente eliminados. Quando seu prazo final se aproxi- mar, não entre em pânico. Crie seu prazo. 4. Na maioria das negociações, você se sairá melhor se souber os prazos da sua contraparte e ela não conhecer os seus. Quando chegar o momento que você imagina ser o prazo final da sua con- traparte, você verá o nível de tensão dela aumentar – e ela começará a fazer concessões. 5. Lembre-se de que, de maneira geral, você não alcançará o me- lhor resultado rapidamente. Ainda que haja exceções a essa regra, você provavelmente se sairá melhor se mudar seu prazo e desenvol- ver a negociação devagar e com perseverança (STARK, 1999, p.14). INfORMAÇÃO No filme Piratas do Vale do Silício (1999) existe uma passagem muito interes- sante onde estão Steve Jobs, Steve Wozniac e “Capitão Crunch” (apelido da pessoa que descobriu que o som dos apitos dados de brinde em caixas de cereal Capitão Crunch tinham o mesmo tom dos telefones da AT&T em ligações de longa dis- tância e, com isso, era possível fazer ligações DDI sem pagar) estão utilizando um equipamento desenvolvido por eles batizado como “caixa azul”. Este apare- lho era capaz de fazer ligações DDI de graça, burlando o sistema telefônico. Na cena em questão, Steve Jobs liga para o Vaticano e pede para falar com o Papa. Ele fica tão maravilhado que diz a Wozniack: “Tudo isso é sobre poder... é como naqueles países estranhos, onde os caras do exército querem derrubar o presi- dente, e a primeira coisa que eles assumem são os meios de comunicação. TV, Rádio, Jornais... informação é poder...”. Esta passagem ocorreu em 1977. Tornou-se clichê dizer que vivemos na Era da Informação ou Sociedade da Informação, na verdade, já são mais de 20 anos desde que esse termo começou a ser utilizado com bastante frequência, principalmente com a consolidação da Internet. Entretanto, a informação tem sido, sem sombra de dúvida, a arma mais importante nos jogos sociais. Na maioria das vezes, quando pensamos em nego- ciação, a parte que tiver mais informações tenderá a obter os melhores resultados, o problema é que as pessoas encaram negociação como uma interação real entre CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 28 - 29I duas partes. Raramente pensam que poderão precisar de informações detalha- das até que sintam essa necessidade na hora da negociação. Stark (1999, p. 15) explica que a negociação é um processo que começa muito antes do encontro face a face. O processo inicia-se com o levantamento de informações a respeito da contraparte uma vez que, durante a fase de negociação, esta irá esconder seus verdadeiros interesses, necessidades e motivações. E suas chances de conseguir essas informações durante o curso da negociação são relativamente remotas. Com a necessidade de se obter o máximo de informação possível com ante- cedência antes de um processo de negociação iniciar, Martinelli e Ghisi (2006, p. 106) sugerem como fontes de informação: ■ Internet: artigos sobre as pessoas com as quais se está negociando, a empresa e seus produtos. ■ Biblioteca: artigos e outras informações sobre a empresa com a qual se estabeleceuum processo de negociação podem estar dispo- níveis. Empresas públicas, por exemplo, arquivam seus relatórios anuais na biblioteca da cidade. Também se podem buscar dados em listas do tipo “quem é quem” e informativos industriais. ■ Telefone: clientes em potencial quase sempre recebem informações sobre produtos e sobre a empresa com a qual negociam se solicita- rem (MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 106). É importante perceber que, conforme o autor argumenta, a influência das infor- mações sobre os limites de tempo pode ser decisiva, levando a uma revisão dos prazos ou à mudança de postura ao final de uma negociação. Stark (1999, p. 15) complementa a sugestão de Martinelli e Ghisi a respeito das fontes de informa- ção sugerindo que é possível encontrar as mesmas de qualquer um que tenha um conhecimento tal que possa ajudá-lo em sua negociação. É possível encontrar material útil pesquisando fatos e estatísticas, falando com alguém que já tenha negociado com sua contraparte anteriormente, falando com sua contraparte ou falando com amigos, parentes ou outros com quem você já tenha tido negocia- ções semelhantes. Particularmente, sugerimos a utilização da Internet como a principal fonte para busca de informações, desta, as redes sociais detêm uma gama considerada de informações preciosas a respeito de muitas pessoas e empre- sas. Independente da fonte ou fontes de dados que se escolha ou se utilize para levantamento de informações, o fundamental é: quanto mais informação você Elementos Essenciais em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 28 - 29 tiver, melhor você se sairá, assim, a preparação preliminar é essencial, de modo a permitir que você possa definir seus objetivos baseando-se nas informações coletadas. Para tanto, Stark (1999, p. 16) indica a utilização de um questionário, apresentado no quadro dois, que o ajudará a coletar as informações das quais você irá precisar. Seu lado Lado da contraparte Assunto: Assunto: Fatos disponíveis: Fatos disponíveis: Aspectos negociáveis: Aspectos negociáveis: Necessidades dos negociadores: Necessidades dos negociadores: Posição com relação aos assuntos: Posição conhecida com relação aos assuntos: Estratégia e táticas: Estratégia e táticas: Quadro 2: Questionário de pontos de vista Fonte: Stark (1999, p. 16) PODER Esta pequena palavra carregada de uma grande força tem consequências dife- rentes na forma como é utilizada. O poder do poder chega a ser místico, revela o verdadeiro caráter das pessoas, pode construir e, ao mesmo tempo, destruir. Poder é objeto de desejo da maioria das pessoas, é a causa das discórdias, brigas e mesquinharias do ser humano. Stark (apud MARTINELLI; GHISI 2006, p. 97) define poder e considera que ele pode se manifestar de várias formas: ■ É a força que permite impor uma posição sobre a outra, sem levar em consideração seus méritos relativos. ■ É a capacidade de exercer a própria vontade sobre os outros, sem considerar seus cargos ou autoridades relativos. ■ É a capacidade de influenciar outros para fazerem, em geral, o que talvez não fizessem na ausência dessa influência (STARK apud MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 97). CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 30 - 31I Quando o foco é a negociação, Martinelli e Ghisi (2006, p. 96) lembram que o poder está sempre envolvido em qualquer situação que a envolva, sendo nego- ciações individuais, coletivas ou políticas. O fato é que, nessas circunstâncias, mesmo os negociadores mais habilidosos devem considerar a força e os efeitos do poder condicionantes no processo de negociação. Stark (apud MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 97) lembra que dificilmente será encontrado o poder completo em negociações uma vez que, se isto acontecesse, não haveria necessidade de se negociar. Desta forma, o autor coloca a existência de seis tarefas que precisam ser dominadas pelo negociador para administrar os fatores de poder durante a negociação: ■ Reconhecer a discrepância do poder. ■ Modificar os desequilíbrios do poder. ■ Reconhecer o risco pelo uso do poder. ■ Evitar o uso de argumentos baseados no poder. ■ Evitar a manipulação. ■ Usar ferramentas lógicas (STARK apud MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 97). Para entender a utilização das tarefas sugeridas por Stark (apud MARTINELLI; GHISI, 2006) vamos apresentar os dez tipos de poder que podem influenciar uma negociação conforme Stark (1999, p. 17): 1. Posição. Algumas medidas de poder baseiam-se na posição hie- rárquica da pessoa na organização. Um gerente de marketing pode influenciar as decisões que afetam o departamento de marketing. Mas ele tem pouca autoridade ou poder para influenciar as deci- sões que afetam o departamento financeiro. 2. Legitimidade. Algumas posições de autoridade conferem poder legítimo à pessoa que as ocupa. O Papa da Igreja Católica possui esse tipo de poder. Os Católicos consideram o Papa como um guia em áreas como casamento, divórcio ou aborto. 3. Conhecimento ou especialização. As pessoas que possuem co- nhecimento ou especialização podem ter um poder enorme. É cla- ro que o conhecimento, por si só, não significa poder. O que con- fere poder a alguém é o modo como essa pessoa usa e aplica seu Elementos Essenciais em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 30 - 31 conhecimento e especialização. Você pode ser brilhante, e mesmo assim não ter poder. 4. Caráter. Quanto mais íntegra e leal a pessoa for, maior poder ela terá em negociações. Neste caso, o que importa é se elas realmente fazem aquilo que dizem que vão fazer. 5. Recompensa. Aqueles que têm autonomia para conferir recom- pensas ou algo que seja visto pela contraparte como recompensa, possuem poder. Como são autorizados a conceder aumentos aos funcionários de seu grupo, os supervisores têm poder sobre eles. 6. Punição. Aqueles que podem criar um resultado negativo para sua contraparte têm poder de punir. Os gerentes possuem este tipo de poder, já que têm autoridade para reprimir e despedir funcioná- rios. 7. Sexo. O tratamento com o sexo oposto pode conferir poder. Já gravei, em vídeo, muitos estudos de caso de negociação em que o ponto decisivo ocorria quando a mulher tocava casualmente a mão ou o braço do homem. 8. Estilo comportamental. Você pode ter um único estilo comporta- mental, ou a combinação de vários deles: 9. Analítico: orientado para o processo, metódico; 10. Dirigido: orientado para a tarefa, para a meta, com enfoque no resultado final; 11. Protetor: orientado para o relacionamento, para os sentimentos; 12. Uma mistura dos outros três. Qual deles é o mais apropriado depende da situação. Uma pessoa em processo de divórcio, que deseja manter um bom relacionamento com seu marido ou sua esposa e com os filhos, poderá usar o estilo protetor. O poder real por trás do conhecimento dos estilos comportamentais está na sua habilidade de adaptar seu estilo à situação. 13. Nenhum poder. Em alguns casos, você pode conseguir o poder se abrir mão dele. Se um sequestrador trata um sequestrado com ameaças de morte frequentes, o sequestrado pode simplesmente desafiar o sequestrador a cumprir suas ameaças. No momento em que sequestrado já não tem mais medo de morrer, o sequestrador perde o poder que detinha. 14. Loucura. Isso pode soar engraçado, mas um comportamento es- tranho ou irracional pode conferir grande poder a uma pessoa. CONCEITOSE IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 32 - 33I Toda organização tem alguém que explode ou se comporta de for- ma irracional quando enfrenta problemas. Aqueles que já depara- ram com este tipo de comportamento tendem a evitar tais indiví- duos. Existem pessoas em organizações que não recebem muitas tarefas porque os outros têm medo delas (STARK, 1999, p. 17). O autor continua suas observações enfatizando que a maioria das pessoas tem mais poder do que pensa. É muito provável que exista uma relação de autoes- tima e poder, uma vez que já se demonstrou que pessoas com autoestima elevada acham que têm mais opções em negociações, enquanto que pessoas com baixa autoestima não acreditam ter poder para agir. Quando você for realizar alguma negociação, é importante levar em con- sideração que algum ou todos os tipos de poder apresentados por Stark (1999) possam estar envolvidos. Neste caso, o mesmo autor sugere respeitar algumas regras relacionadas ao poder durante o processo de negociação: 1. Raramente um lado tem todo o poder. Sempre que você vai aos bancos pedir empréstimo para o seu negócio, você, empresário ou cliente, ainda tem poder: o poder de decidir qual banco você vai escolher; o poder de decidir qual taxa de juros você aceita pagar; e o poder de decidir se você vai dar sua casa como garantia. 2. O poder pode ser real ou aparente. Quando era responsável pela fiscalização das provas do Departamento de Sociologia na Univer- sidade Estadual de San Diego, eu sabia que a cola era um proble- ma, mas nunca tinha feito um esforço real contra os que colavam. Eu achava que poderia usar testes de múltipla escolha no exame final, a fim de evitar que os alunos colassem. Infelizmente, quan- do o período escolar chegou ao fim, eu não havia tido tempo para preparar-me para os exames finais, e tive que correr para o “Plano B”. Conforme distribuía as provas, fui anunciando que iria pôr em prática a “política contra a cola” da Universidade. Quando terminei a distribuição, um aluno atrevido me perguntou que política era essa. Minha resposta foi simples: “Se você precisa perguntar, então é melhor nem saber.” Esta foi a primeira vez que vi os sessenta alu- nos de olhos fixos nas suas próprias provas. Será que a Universida- de possui uma política em relação à cola? Eu não sei. Mas, naquela situação, não interessava se o poder era real ou aparente. Os alunos perceberam que eu tinha poder. Elementos Essenciais em Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 32 - 33 3. O poder somente existe até o ponto em que ele é aceito. Voltan- do de uma viagem à Europa, observei, no aeroporto, que todos os atendentes de embarque da classe econômica tinham à sua frente uma longa fila de pessoas aguardando que sua bagagem fosse admi- tida para embarque. Diante dos atendentes da primeira classe e da classe executiva não havia fila alguma. Como não desejava esperar na fila, atrevidamente peguei minha passagem e bagagem, fui ao balcão da classe executiva e marquei minha poltrona (eu poderia ter ido para o balcão da primeira classe, mas não quis abusar muito da sorte). 4. Relações de poder podem mudar com o tempo. Esta é uma das lições mais duras que aprendi. Na minha juventude, tive a mesma namorada desde o ginásio até o colegial. Na época, eu tinha orgulho de dizer que o poder, nesse relacionamento, era meu. Eu escolhia as atividades nas quais nos envolveríamos, os amigos que teríamos, e aonde iríamos nos nossos encontros. Enviar flores a ela não era o meu costume. Afinal, eu não precisava delas. Então, algo aconteceu. E algo que me fez entrar em parafuso. A minha namorada, Ma- rilyn, foi convidada para sair pelo presidente do centro acadêmico. E, como se isso não fosse o suficiente, Brutus era quarterback titular do time de futebol da escola. De um dia para o outro, eu estava mandando rosas e cartões e implorando por um encontro. Esta foi a minha primeira e dura lição de negociações ganha-perde podem ter um final perde-perde. 5. Teste o seu poder. Você nunca saberá quanto poder tem, até que o teste realmente. Há grandes possibilidades de que tenha mais po- der do que pensa. É bom insistir que o poder não é nem bom nem ruim. Ruim é o abuso de poder, (STARK, 1999, p. 19-20). 34 - 35 SUCESSO NAS NEGOCIAÇÕES tem-se um artigo que trata do sucesso nas negociações. É muito importante acessar o site e fazer a leitura do mesmo. Para facilitar iremos apresentar algumas das partes que conside- ramos as mais importantes. Por ABTD para o RH.com.br Por Lupércio Arthur Hilsdorf Habilidade de Negociação é competência essencial para todos os profissionais em qual- quer área da empresa onde atuem. Quer seja diretor ou supervisor, esteja na área co- mercial ou na de RH. Muitas são as necessidades, os problemas, as expectativas e as oportunidades que envolvem negociações. Resolver uma pendência, negociar ou rene- gociar contratos, conduzir e fechar negócios, administrar conflitos e disputas de poder, são situações que demandam ações eficazes dos negociadores. [...] Informação é tudo aquilo que reduz as incertezas. Quanto mais informação tem o nego- ciador, mais poder ele terá. Informações podem ser obtidas antes da reunião, durante a negociação ou até posteriormente. [...] A maestria de trabalhar com informações recebidas ou conseguidas no ato da negocia- ção, a capacidade de argumentar, perguntar, ouvir, recontextualizar tudo e fazer novas proposições, é próprio de quem está no domínio do processo e sabe usar adequada- mente o poder de negociação que adquiriu. o fator Tempo está ligado a como as pessoas se mobilizam em direção aos seus objeti- vos. Em negociação, o tempo não tem o sentido cronológico do termo. Está ligado aos avanços e aos recuos que as partes fazem deliberadamente ou não, para não perder, manter ou ganhar poder e continuar negociando até à conclusão. [...] Paciência é poder numa negociação. Concentração nos diálogos, convicção nas pro- postas, nas argumentações e nas posições assumidas também significam poder. Ficar calado pode ser uma forma extremamente eficaz de ganhar poder, quando se é provo- cado ou se deseja alterar o rumo da conversação. Entusiasmo ou discrição. Tudo pode gerar poder, depende do momento. Por isso, o negociador deve ter um cuidado especial com a assimetria de poder entre as partes. Se um tem muito poder, decorrente do status, por exemplo, e outro possui poder decorrente da experiência, e ambos estão bem pre- parados, estão em condições de negociar. Toda negociação é única! [...] toda negociação gera continuidade. Você vai ter que falar com a outra parte muitas outras vezes. Podem ser necessárias outras reuniões para ajuste de diferenças e problemas que se apresentam ao longo do convívio das partes. ou ainda no desempenho, ou seja, no efetivo cumprimento do acordo. As partes, quando negociando, buscam o acordo. 34 - 35 Não importa que tipo de negociação, se salarial ou comercial. Se alguém pleiteia uma promoção ou está negociando em causa própria, mudanças de responsabilidades e fun- ções. Sempre os negociadores têm que trabalhar com as variáveis psicológicas de cada um dos envolvidos. [...] [...] o interesse é sempre o que um indivíduo quer em determinada situação. Nem sempre é o que precisa. Muitas vezes, não deixa claro para o outro negociador o que pretende. o interesse pode ser comunicado como se fosse uma posição assumida por uma das par- tes, geralmente a pessoa se mantém irredutível em determinada posição. Por exemplo, “quero a laranja de qualquer jeito”. Esta é a posição declarada, o que a pessoa quer naverdade é o suco. Diz querer a laranja para provocar a outra parte, ou para demonstrar intransigência e/ou seu poder presumido. o conflito está sempre presente em todas as relações humanas, ainda que latente, não percebido e expressado. Vendedor e cliente têm interesses diversos que podem gerar conflito. Patrão e funcionário também. Assim por diante, em qualquer relação é possí- vel observar conflitos, que quando identificados, devem ser trabalhados. [...] A melhor forma de evitar conflitos é manter um relacionamento sustentado pela cooperação entre as partes no que tange ao objetivo em si. o relacionamento harmonioso entre as pessoas gera interações positivas que beneficiam o processo de negociação. Negocia melhor quem conhece bem a natureza humana. Atitudes, ações, reações, sen- timentos, pensamentos, emoções e valores de cada indivíduo sempre influenciam todo o processo de negociação por mais racional que este seja. [...] o planejamento é fundamental. Existe um ditado árabe que diz: “jamais negocie com desconhecidos”. Por isso, identificar o estilo do outro, ou dos outros negociadores, é fun- damental e pode ser determinante para a eficácia. A negociação, na maioria das vezes não é tão simples como parece. Precisamos planejar muito para conseguir os resultados que queremos, sem que com isso ocorram desgastes imediatos ou a médio e longo pra- zo. o imediatismo é um dos maiores perigos nas negociações. Por isso, muito cuidado com os benefícios de curto prazo e os danos de longo prazo. o bom negociador aprende com cada nova situação. Desenvolve-se constantemente e busca inovar sempre. Por isso, investe em seu talento, desenvolve seu potencial e amplia o seu repertório para lidar com situações difíceis, adquirindo um “jogo de cintura” que lhe permite estar no comando sempre, mesmo quando aparentemente não está. Negociações bem-sucedidas trazem autoconfiança, melhoram a autoestima e aumen- tam cada vez mais a competência e as habilidades do negociador. Disponível em: <http://www.rh.com.br/Portal/Grupo_Equipe /Coluna_ABTD/3600/sucesso-nas-negociacoes.html>. Acesso em: 26 jan. 2013. 36 - 37 CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 36 - 37I CONSIDERAÇÕES fINAIS Caro(a) aluno(a), procuramos trazer para você, nesta unidade, os princi- pais conceitos a respeito de negociação, para tanto, abordamos as definições teóricas e, neste aspecto, acredito que tenha ficado claro para você o quão importante é a negociação. Tão importante que está presente diariamente em nossas vidas. Vimos também os possíveis resultados que uma negociação pode alcançar e o quanto é importante agir em busca de um resultado ganha-ganha em uma sociedade que, infelizmente, proporciona muito mais resultados ganha -perde. Por fim, tratamos sobre os elementos essenciais em uma negociação: tempo, informação e poder. Discutimos sobre seus aspectos e apresentamos a necessidade de ter conhecimento destes para, quando necessário for, termos van- tagens estratégicas durante o processo de negociação. A partir de agora, você já está preparado(a) para seguir adiante, onde iremos estudar as habilidades necessárias para se executar boas negociações. Sucesso! 36 - 3736 - 37 1. Após realizar a leitura do estudo de caso “A Negociação e o Mito do Ganha-Ganha” de João Baptista Vilhena apresentado nesta unidade, discorra a respeito dos possíveis resultados a serem alcançados em uma negociação, emitindo sua opinião sobre a real possibilidade de se agir em busca de um resultado do tipo ganha-ganha. 2. Nesta unidade, discutimos a respeito dos elementos essenciais em negociações onde, um deles, é a informação. Acesse o arti- go “Negociação começa na preparação” no seguinte endereço: <http://www.hsm.com.br/editorias/estrategia-e-marketing/ negociacao-comeca-na-preparacao>, e discorra sobre a impor- tância de se executar uma preparação prévia ao processo de negociação. 3. Faça uma pesquisa na Internet em busca de outros tipos de po- der diferentes daqueles apresentados nesta unidade e como estes podem influenciar em um processo de negociação. MATERIAL COMPLEMENTAR CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO Conheça artigos, manuais, livros e matérias sobre negociação e gestão em geral http://www.hsm.com.br A respeito da força da Internet em disponibilizar informações a respeito das pessoas e pense sobre o perigo que isto pode trazer quando mal utilizado. http://www.youtube.com/watch?v=0lXhhqvXuPQ O Preço de um Resgate Título original: Ransom Sinopse: um milionário proprietário de uma companhia de aviação recebe um choque quando descobre que seu fi lho de nove anos foi sequestrado e lhe pediram um resgate de dois milhões de dólares. Inicialmente se prontifi ca em pagar, mas quando conclui que vão matar seu fi lho após o resgate ter sido pago decide reverter o jogo, e comunica pela televisão que não pagará nada aos sequestradores, mas dará uma recompensa de dois milhões de dólares para quem ajudar a capturá-los. Como isto não tem efeito imediato, ele dobra o valor da recompensa. Em DVD - 1996 (Mundial) 121 min - Ação, Policial. Direção: Ron Howard Roteiro: Alexander Ignon, Cyril Hume. Elenco: Mel Gibson (Tom Mullen), A.J. Benza (Reporter Guest), Addie o’Donnell (News Reporter #1), Allen Bernstein (Bob Stone), Anna Marie Wieder (Woman at Science Fair) um milionário proprietário de uma companhia de aviação recebe um choque quando descobre que seu fi lho de nove anos foi sequestrado e lhe pediram um resgate de dois milhões de dólares. Inicialmente se prontifi ca em pagar, mas quando conclui que vão matar seu fi lho após o resgate ter sido pago decide reverter o jogo, e comunica pela televisão que não pagará nada aos sequestradores, mas dará uma recompensa de dois milhões de dólares para quem ajudar a capturá-los. Como Negociação Empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica Dante Pinheiro Martinelli editora: Manole sinopse: ‘’Negociação Empresarial’’ pretende mostrar a importância da visão sistêmica na negociação inter-relacionando três níveis - Negociação, Administração e Sistemas. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A arte da negociação bem-sucedida Alex Pimentel editora: Digerati / universo dos Livros sinopse: Sabemos que a negociação é uma arte e sempre deve partir de algumas premissas: um bom negociador sabe avaliar rapidamente e ser sensível à identificação de uma situação complicada; sempre temos expectativas de que a próxima negociação será melhor; nunca uma negociação será exatamente igual à anterior; em cada negociação existem princípios básicos, que se repetem com maior ou menor frequência e que devem ser observados para o seu sucesso. Este livro foi especialmente projetado para tornar o leitor um exímio e produtivo negociador. o domínio das ferramentas aqui apresentadas irá ajudá-lo, e bastante, em negociações simples e complexas, com diversas variáveis, tais como política, economia e religião, além de outras situações elaboradas. os domínios das ferramentas avançadas farão com que você consiga produzir mais e melhor, em menos tempo. Muitas vezes, uma única informação é capaz de “poupar” uma situação constrangedora e, muitas vezes, defi nir uma negociação a seu favor. Ideal para profi ssionais das áreas de Vendas, Marketing, RH, Administração, Atendimento ao público, entre outros. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA NEGOCIAÇÃO I U N ID A D E II Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque HABILIDADes, proCessos e pLAneJAMento eM neGoCIAção Objetivos de Aprendizagem ■ Discutir as habilidades necessárias em negociação. ■ Entender o processo de negociação. ■ Apresentar o processode uma negociação. ■ Elaborar o planejamento da negociação. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ As habilidades dos negociadores ■ o processo de negociação ■ o planejamento da negociação 42 - 43 INTRODUÇÃO Vamos, agora, discutir alguns pontos muito importantes que fazem parte da negociação. Um bom negociador necessita de algumas habilidades específicas que o ajudem a desenvolver uma negociação eficiente e eficaz. Iremos estudar estas habilidades no decorrer desta unidade de modo a contribuir para que você, caso deseje, possa procurar ferramentas que o(a) ajudem a desenvolver as habilida- des aqui apresentadas. Na sequência iremos entender porque a negociação é considerada um pro- cesso sistêmico e, ao compreendermos esta condição, será fácil preparar qualquer tipo de negociação. Por fim, iremos abordar algumas maneiras que possibilitem a realização do planejamento da negociação de modo que seja possível entender o porquê da necessidade de se planejar todo o processo, e que a consequência de um bom planejamento de uma negociação proporcionará um aumento significativo nas probabilidades de sucesso desta. Assim, esperamos que você possa aproveitar este material de modo a utilizá-lo em seu dia a dia facilitando e ajudando-o(a) a alcançar seus objetivos almejados. AS HAbILIDADES DOS NEGOCIADORES O dicionário online Houaiss <http://houaiss.uol.com.br> descreve habilidade como “qualidade ou característica de quem é hábil”, por sua vez, hábil, segundo o mesmo dicionário, significa “que tem a mestria de uma ou várias artes ou um conhecimento profundo, teórico e prático de uma ou várias disciplinas”. Com esta definição, é possível concluir que uma pessoa habilidosa domina seu ofício de maneira diferenciada das demais. Alguns podem caracterizar estas pessoas como talentosas ou que possuem um dom, entretanto, em nosso entendimento, a habilidade surge com muito estudo, treino, persistência e disciplina em busca Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 42 - 43 ©shutterstock HABILIDADES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO EM NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 44 - 45II da competência em exercer uma atividade eficiente. Na negociação ocorre exa- tamente a mesma situação. É possível encontrarmos negociadores competentes que desempenham seu ofício de maneira eficiente, assim, é importante que fique claro que qualquer pessoa pode desenvolver habilidades para se tornar um nego- ciador eficiente, basta se dispor a desenvolver algumas habilidades essenciais para o desempenho de um bom negociador, que Mills (apud MARTINELLI; GHISI 2006, p. 111) apresenta como 16 fatores críticos do sucesso em uma negociação: ■ Prepare-se cuidadosamente. ■ Focalize os interesses, não as posições. ■ Use um BATNA (sigla em inglês para melhor alternativa para um acordo negociado). ■ Conheça suas prioridades. ■ Faça o tempo trabalhar por você. ■ Faça muitas perguntas. As Habilidades dos Negociadores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 44 - 45 ■ Ouça atentamente. ■ Confirme suas necessidades. ■ Faça um teste com propostas condicionais. ■ Explores muitas opções. ■ Comece alto, conceda lentamente. ■ Verifique o que ficou combinado. ■ Revise seu desempenho. ■ Construa relacionamentos de trabalho de longo prazo. ■ Maximize seu poder. ■ Adapte sua estratégia para atender à situação (MILLS apud MARTI- NELLI; GHISI, 2006, p. 111). Perceba que estes fatores críticos nada mais são do que habilidades que podem ser alcançadas com dedicação, preparação e planejamento de um processo de negociação. Algumas atitudes também são importantes para que as habilidades sejam desenvolvidas. Para tanto, Steele, Murphy e Russil apud MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 112 sugerem como atitudes: ■ Seja claro sobre seu ponto de vista. ■ Utilize o poder com cautela. ■ Realize uma pausa na negociação quando se sentir pressionado. ■ Escute antes de falar etc. (STEELE; MURPHY; RUSSIL apud MAR- TINELLI; GHISI, 2006, p. 112). Martinelli e Ghisi (2006, p. 113) recomendam que se preste atenção na questão referente a utilizar o poder com cautela, uma vez que “o uso abusivo ou incor- reto de alguma fonte de poder pode comprometer a negociação ou até mesmo o estabelecimento de uma parceria duradoura, pois a outra parte se sentirá lesada”. Ao estudar os conceitos teóricos relacionados com negociação, muitos autores apresentam inúmeros comportamentos que devem ser seguidos pelos negociado- res. Martinelli e Almeida (1997) resumem esses pontos básicos em um conjunto de habilidades essenciais, como: HABILIDADES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO EM NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 46 - 47II ■ Concentrar-se nas ideias. ■ Discutir as proposições. ■ Proporcionar alternativas a outra parte. ■ Ter objetividade no equacionamento dos problemas. ■ Apresentar propostas concretas. ■ Saber falar e saber ouvir. ■ Colocar-se no lugar da outra parte. ■ Ter consciência de que se negocia o tempo todo. ■ Saber interpretar o comportamento humano e as relações das pessoas. ■ Separar os relacionamentos pessoais dos interesses. ■ Evitar estruturar um relacionamento em função de um acordo. CONCENTRAR-SE NAS IDEIAS Normalmente, as pessoas têm dificuldade em manter o foco em discussões pro- fissionais, inserindo na conversa aspectos pessoais. Martinelli e Almeida (1997, p. 88) explicam que mostrar às pessoas que elas estão erradas pode, num pri- meiro momento, significar uma vitória, entretanto, este tipo de atitude poderá constituir-se em ponto de atrito ou mesmo inimizade. O ideal é concentrar-se em apresentar seu ponto de vista sem colocar que o outro esteja errado, pos- sibilitando utilizar a discussão como oportunidade de reflexão e de revisão de opiniões, e não um choque entre posições diferentes, de modo que se encon- trem soluções que possam harmonizar posturas diferentes. As Habilidades dos Negociadores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 46 - 47 DISCUTIR AS PROPOSIÇÕES Muitas vezes, existe uma tendência de se utilizar colocações casuísticas para “quebrar o gelo” no início de uma negociação. O problema acontece quando os participantes direcionam todo o processo para discussões de casos particula- res e muitas vezes irrelevantes. Para evitar estas situações, Martinelli e Almeida (1997, p. 89) recomendam a necessidade de ater-se às proposições de modo a manter as discussões objetivas e efetivas evitando, assim, perder-se em detalhes ou aspectos exclusivamente pessoais. PROPORCIONAR ALTERNATIVAS à OUTRA PARTE Existem pessoas que encaram o processo de negociação como uma disputa. O objetivo, nestes casos, passa a ser vencer o “adversário”, ou seja, um resultado positivo na negociação é encarado como uma vitória. Enxergar desta forma não está de todo errado, o problema ocorre na percepção de competição. Uma nego- ciação está longe de ser encarada dessa forma. O que se deve buscar durante uma negociação, na percepção de Martinelli e Almeida (1997, p. 89), é, justamente, encontrar um acordo que seja adequado para ambas as partes. A busca de novas alternativas deve acontecertanto para a própria pessoa como para o outro lado envolvido na negociação. Nessa busca, frequentemente encontram-se alternativas que, a primeira vista, po- deriam não se constituir em resposta para ambas as partes, mas que, na verdade, acabam transformando-se numa nova possibilidade de ação, muitas vezes extremamente viável (MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 89). TER ObJETIVIDADE NO EQUACIONAMENTO DOS PRObLEMAS Infelizmente, na maioria das organizações, principalmente aquelas onde existe uma política de lobistas informal, os problemas se resolvem na hora do cafezi- nho ou nos corredores da empresa, e as reuniões tornam-se apenas processos de HABILIDADES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO EM NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 48 - 49II definição e efetivação daquilo que acabou por ser acordado de maneira informal. Isso é um problema, pois o que ocorre são decisões direcionadas pelos grupos informais dominantes por seus interesses pessoais. Para evitar isso, é necessário que este tipo de conduta seja abolido, de modo a buscar-se nas reuniões de trabalho a objetividade necessária para que os pro- blemas sejam equacionados da melhor maneira possível e com efetividade, evitando os interesses pessoais e o que Martinelli e Almeida (1997, p. 89) colo- cam como reuniões evasivas, com muita agitação, discussão, pouca reflexão e nenhuma solução. APRESENTAR PROPOSTAS CONCRETAS Outro problema, bastante recorrente é a situação onde os negociadores discu- tem sem apresentar propostas concretas, o que transforma todo o processo em discussões vazias e sem objetividade. Martinelli e Almeida (1997, p. 90) recomen- dam atenção nestes casos, de modo que propostas concretas e objetivas sejam sempre apresentadas, mesmo quando acredita-se que as conclusões possam ser óbvias, uma vez que só se percebe que algo seja óbvio após este ter ocorrido, assim, explicitar as conclusões, segundo os autores, é muito importante para se evitar mal entendidos. SAbER fALAR E OUVIR Uma característica da maioria das pessoas é a dificuldade em ouvir críticas. Foi falado anteriormente da necessidade de se concentrar nas ideias justamente por esta dificuldade em ouvir. Já saber falar também tem sua importância. Martinelli e Almeida (1997, p. 90) explicam que, num primeiro momento, pensa-se que saber falar é algo complicado, entretanto, saber ouvir ainda é mais difícil de ser conseguido. Os autores recomendam que se evite o que muitas pessoas em posi- ção de líderes fazem em reuniões, ou seja, monopolizam conversas e, ao final As Habilidades dos Negociadores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 48 - 49 dessas, agradecem pelo diálogo. Nestes momentos, o importante é saber falar e permitir que os demais coloquem suas considerações, o que nos remete nova- mente à necessidade do saber ouvir. Quando as pessoas têm oportunidade de falar, é possível colher fatos, ideias, opiniões e sentimentos, sendo uma maneira concreta para se valorizar a participação dos outros, motivando-os a cooperar e dar-lhes, com sinceridade, uma sensação de prestígio. COLOCAR-SE NO LUGAR DA OUTRA PARTE Entender a outra parte é muito importante numa negociação. Quando você se coloca na posição do outro, pode ter uma noção daquilo que o outro esteja pas- sando e necessitando, de modo a antecipar suas possíveis ações podendo, inclusive, antever argumentos e possibilitar uma condição melhor de respondê-los e/ou rebatê-los, se for o caso. Matos (1989, p. 9 apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 90) afirma que “a negociação é um instrumento adicional a serviço da gerên- cia; por seu intermédio firma-se a liderança, consolida-se o espírito de equipe, fortalecem-se as inter-relações em todos os sentidos”. TER CONSCIêNCIA DE QUE SE NEGOCIA O TEMPO TODO O processo gerencial, basicamente é negociar o tempo todo. Martinelli e Almeida (1997, p. 91) lembram que as atividades básicas de um gerente consistem em: ■ Negocia a formulação da aceitação da filosofia empresarial, seus objetivos, políticas, estratégias e táticas de ação. ■ Negocia para obter participação social e o bem-estar de seus cola- boradores. ■ Negocia para alcançar a sobrevivência e expansão organizacionais através da lucratividade sustentada. ■ Negocia para preservar a satisfação da clientela e fixação da ima- gem institucional, únicas garantias válidas de perpetuidade da em- presa (MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 91). HABILIDADES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO EM NEGOCIAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 50 - 51II SAbER INTERPRETAR O COMPORTAMENTO HUMANO E AS REAÇÕES DAS PESSOAS A negociação ocorre, e sempre ocorrerá, entre pessoas. Desta forma, entender o comportamento delas é fundamental para que se desenvolvam negociações onde as partes envolvidas saiam ganhando. Nierenberg (1981, p. 33 apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 91) afirma ser o estudo do comportamento humano essen- cial para se tornar um excelente negociador. O autor sugere como meios para esse aprendizado ler, ouvir observar, descobrir como as pessoas reagem. SEPARAR OS RELACIONAMENTOS PESSOAIS DOS INTERESSES Um ponto que chama atenção e é preciso tomar cuidado é o fato de muitas pes- soas confundirem relacionamentos com interesses pessoais. Martinelli e Almeida (1997, p. 92) citam um exemplo de alguém que diz: “Tenho um ótimo relaciona- mento com meu chefe; ele me dá um aumento todos os anos”. Segundo os autores, essa pessoa está, claramente, confundindo o relacionamento com seu chefe com os resultados produzidos. Independente do relacionamento ser muito bom ou não, aumentos salariais podem vir no final de um período como reconhecimento (por parte do chefe) pelo trabalho feito durante o ano (o chefe assume postura imparcial e julga o mérito do aumento em termos do desempenho do subordinado) (MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 92). O exemplo apresentado mostra um caso onde a pessoa se sente favorecida, mas o contrário também pode ocorrer. Quem não conhece alguém que se sente perseguido pelo chefe ou colega de trabalho? Muitas vezes, esse sentimento é verdadeiro, tendo em vista justamente essa característica das pessoas em con- fundir interesses. Nessas situações de conflitos de interesses, Martinelli e Almeida (1997, p.91) afirmam que dois erros estratégicos costumam ocorrer: “ou insistir que, no fundo, a outra pessoa concorda conosco, ou dar ao outro uma maior importância, espe- rando, com isso, melhorar o relacionamento”. o Processo de Negociação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 50 - 51 Como se verificou, este é um ponto que merece atenção e precisa ser bem conduzido para que não ocorra o que iremos discutir a seguir. EVITAR ESTRUTURAR UM RELACIONAMENTO EM fUNÇÃO DE UM ACORDO Se as pessoas confundem relacionamentos com interesses, nada mais comum de acontecer do que um relacionamento ser estruturado com base em interesses. Esta situação é extremamente complexa e costuma acontecer em sociedades. Pessoas se unem com ideias próximas, confundem sentimentos de amizade misturando relacionamentos pessoais com profissionais. O resultado? Briga, discórdia e sepa- ração. O que é preciso levar com aprendizado nesta situação é a tão conhecida citação: “Amigos, amigos, negócios a parte”. Jamais relacionamentos devem ser estruturados em funções de acordos ou interesses. Amizades se constroem ao longo do tempo e, na maioria deles, sem interesses de nenhum tipo. Cuidado,
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