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Estudo de Caso 
 
UNINABUCO – Administração – Administração de Sistemas de Informação – Página 1 / 3 
 
A fá bulá dos porcos ássádos 
Uma das possíveis versões de um velho conto sobre a origem do assado é esta: certa vez, produziu-se um 
incêndio num bosque em que viviam porcos. Estes assaram-se. Os homens acostumados a comer carne crua, 
experimentaram e acharam ótimo. Então, cada vez que queriam comer porcos assados, punham fogo na floresta... até 
que descobriram um novo método. Mas o que eu quero contar é o que aconteceu quando se tentou modificar o 
sistema, para implantar um novo. 
Fazia tempo que as coisas não andavam bem. Os animais se carbonizavam, às vezes ficavam parcialmente 
crus, outras de tal maneira queimados que eram impossíveis utilizá-los. Como era um processo utilizado em grande 
escala, preocupava bastante a todos, pois se o Sistema falhava em grande medida, as perdas ocasionadas eram 
igualmente grandes. Eram milhares os que se alimentavam dessa carne assada e também eram milhares os que se 
ocupavam dessa tarefa. Por tanto, o Sistema não devia falhar. Mas, curiosamente, à medida em que se produzia mais, 
mais parecia falhar e maiores perdas causava. 
Em razão das deficiências aumentavam as queixas. Já havia um clamor geral sobre a necessidade de se 
reformar a fundo o Sistema. Tanto que todos os anos se realizavam congressos, seminários, conferências, encontros, 
para se achar a solução. Mas parece que não conseguiam melhorar o mecanismo porque, no ano seguinte, voltavam 
a se repetir os congressos os seminários, as conferências e os encontros. E assim, sempre. 
As causas do fracasso do Sistema, segundo os especialistas, deviam atribuir-se ou à indisciplina dos porcos, 
que não permaneciam onde deviam, ou à natureza inconstante do fogo, tão difícil de controlar, ou às árvores 
excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao Serviço Meteorológico que não acertava com a localização, o 
horário e quantidade de chuvas, ou a ... 
As causas eram, como se vê, difíceis de determinar, porque, na verdade, o Sistema para assar porcos era muito 
complexo. Havia-se montado uma grande estrutura, uma grande máquina com inúmeros departamentos e ... havia-
se institucionalizado. Havia indivíduos dedicados a pôr fogo, os “ignifier” das zonas norte, oeste, etc.; incendiador 
noturno ou diurno, com especialização matinal ou vespertina; incendiador de verão e de inverno (havia discussões 
sobre o outono e primavera), havia especialistas em vento: os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento 
e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral 
de Florestamento Incendiável, uma Comissão Nacional de Treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto 
Superior de Cultura e Técnicas Alimentares (Isceta), e o Bódrio (Bureau Orientador de Reformas Ígneo – Operativas). 
O Bódrio era tão grande que tinha um Inspetor de Reformas para cada grupo de 7.000 porcos aproximadamente. 
E era precisamente o Bódrio que patrocinava anualmente os tais congressos, seminários conferência e 
encontros. Mas estes só serviam para aumentar a burocracia do Bódrio. 
Fora planejada e estava em pleno desenvolvimento a formação de novos bosques, seguindo as últimas 
indicações tecnológicas, pois estes se situavam em regiões escolhidas segundo uma determinada orientação, onde os 
ventos não sopravam por mais de três horas seguidas, onde era reduzida a porcentagens de umidade relativa do ar, 
etc.. 
Havia milhares de pessoas trabalhando na preparação dessas florestas que logo deviam ser incendiadas. 
Enquanto isso, especialistas na Europa e nos Estados Unidos fiscalizavam a importação de melhores madeiras, árvores, 
toras e sementes. Outros, por sua vez, estudavam a maneira mais veloz e mais potente de fazer fogo. Havia, também, 
os que se dedicavam ao estudo de novas técnicas de como, por exemplo, fazer melhores armadilhas para pegar porcos. 
Havia, além disso, grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, mecanismos para deixá-los sair no 
momento certo e notáveis técnicos em alimentação suína. 
Havia especialistas em construção de chiqueiros, professores de especialistas na construção de chiqueiros, 
universidades que preparavam professores de especialistas na construção de chiqueiros, pesquisadores que 
Estudo de Caso 
 
UNINABUCO – Administração – Administração de Sistemas de Informação – Página 1 / 3 
 
preparavam professores de especialistas na construção de chiqueiros e fundações que apoiavam os pesquisadores das 
universidades que preparavam professores de especialistas na construção de chiqueiros, etc. 
As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo na raiz quadrada 
de a-1, por velocidade de vento sul e soltar os porcos quinze minutos antes que o fogo médio dos bosques alcançasse 
47 graus de temperatura. Outros diziam que era necessário instalar grandes ventiladores que serviriam para orientar 
a direção do fogo. E assim por diante. E, não é necessário dizer, pouquíssimos especialistas estavam de acordo entre 
si, e cada um tinha pesquisas e dados para provar suas afirmações. 
Um dia, um “ignifier” categoria S-0/D-M/V-LL, ou seja, um incendiador de bosques, especialista sudoeste, 
diurno matinal, licenciado em verão chuvoso, chamado João Bom-Senso, disse que o problema era muito fácil de 
resolver. Tudo consistia, segundo ele, em que em primeiro lugar se matasse o porco escolhido, que ele fosse limpo e 
cortado adequadamente, posto em uma grelha ou armação sobre brasas até que, por efeito do calor e não da chama, 
ele ficasse pronto. 
- Matar? Perguntou indignado o Administrador de Florestas. 
- Como vamos fazer as pessoas matarem? Quem mata é o fogo, nós nunca! 
Quando soube do acontecimento, o Diretor Geral de Assamento mandou chamar João. Perguntou a ele, que 
coisa estranha andava dizendo por aí. Depois que o ouviu, falou a João: 
- O que você diz está certo, mas apenas em teoria. Não vai funcionar na prática. Vejamos, o que você faz com 
os anemotécnicos, em caso de se adotar o que você sugere? 
- Não sei, respondeu João. 
- Onde você coloca os incendiadores das diversas especialidades? 
- Não sei. 
- E os especialistas em sementes, em madeiras? E os projetistas de chiqueiros de sete pisos, com suas novas 
máquinas limpadoras e as perfumadoras automáticas? 
- Não sei. 
- E os profissionais que ficaram se especializando no exterior durante anos e cuja formação tanto custou ao 
País? Vou pô-los a limpar porquinhos? 
- Não sei. 
- E aqueles que se especializaram durante anos na promoção de congressos, seminários e encontros, para a 
reforma e melhoramento do Sistema? Se sua solução resolve tudo, que faço com eles? 
- Não sei. 
- Você percebe agora que a sua não é a solução que precisamos? Você acha que se tudo fosse assim tão 
simples, nossos especialistas não a teriam encontrado antes? Vejamos. Quais são os autores em que você se baseou 
para fazer tais afirmações? Que autoridade está dando respaldo às suas afirmações? Você não pensa que eu posso 
dizer aos engenheiros anemotécnicos que a questão é usar brasinhas e não chamas, não é? O que faço com os bosques 
já preparados e prontos para serem queimados e que só possuem madeira para esse fim, pois suas árvores foram 
especialmente selecionadas porque não dão frutos e têm escassez de folhas? E selecionadas após anos de caríssimas 
pesquisas? Que faço, diga-me? 
- Não sei. 
Que faço com a Comissão Redatora de Programas de Assamento, com seus Departamentos de Classificação e 
Seleção de Porcos, Arquitetura Funcional de Chiqueiros, Estatísticas e Agrupamentos? 
- Não sei. 
Estudo de Caso 
 
UNINABUCO – Administração – Administração de Sistemas de Informação – Página 1 / 3 
 
- Diga-me, o engenheiro especialista em porcopirotecnia, Dr. J. C. de Figuração,não é uma extraordinária 
personalidade científica? 
- Sim, parece que sim. 
- O simples fato de possuirmos valiosos e extraordinários engenheiros em pirotecnia, indica que o sistema é 
bom. E o que faço com especialistas tão valiosos? 
- Não sei. 
- Viu? O que você deve trazer como solução, é como preparar melhores anemotécnicos, como conseguir mais 
rapidamente incendiadores de oeste (que é a nossa maior dificuldade), como fazer chiqueiros de oito ou mais pisos 
em lugar de somente sete, como agora. HÁ QUE SE MELHORAR O QUE TEMOS. E NÃO MUDAR. Traga-me alguma 
proposta para que nossos estagiários na Europa custem menos, ou de como fazer um bom relatório para analisar 
profundamente o problema da reforma do Assamento. É disso que necessitamos. É disso que o País necessita. O que 
falta a você, Bom-Senso, é um pouco de sensatez. Diga-me, por exemplo, que faço com meu primo, o Presidente da 
Comissão para Altos Estudos e Aproveitamento Integral das Resíduos dos Ex-Bosques? 
- Realmente estou perplexo, disse João, timidamente. 
- Bem, agora você conhece o problema, não saia por aí dizendo que você o resolveria. Agora você vê que o 
problema é mais sério e não tão simples como você o imaginava. Quem está de fora sempre pensa: “eu resolveria 
tudo”. Mas é preciso estar dentro para conhecer as dificuldades. Entre nós, recomendo-lhe que não insista com essa 
idéia, pois poderia ter dificuldades com o seu emprego. Não por mim. Falo pelo seu bem. Eu o compreendo, entendo 
sua colocação, mas você sabe, pode encontrar um superior menos compreensivo e daí... 
O pobre João Bom-Senso não disse nada. Sem se despedir, entre assustado e perplexo, com a cabeça rodando, 
saiu e nunca mais foi visto. Não se sabe para onde foi. É por isso que dizem que nessas propostas de Reforma do 
sistema falta bom-senso. 
É claro que, numa visão superficial, parece que a fábula dos porcos assados retrata uma questão absurda. Mas 
imagine se o Dr. Bom-Senso fosse um pesquisador odontológico e se propusesse a pesquisar uma vacina anticárie? E 
se fosse um pesquisador da área de Psicologia e se dispusesse a criar um método que abreviasse as intermináveis 
terapias? Ou um obstetra com uma proposta de “despatologizar” o parto. Ou um jurista preocupado em acabar com 
o voto obrigatório. Ou se... 
Não começa a parecer-lhe que a fábula dos porcos assados não é tão fabulosa assim? 
Atividade em Grupo 
1. Qual é o posicionamento da chefia perante a mudança de paradigma? 
2. Qual é o melhor sistema, o existente ou o sugerido pelo Bom Senso? Por quê? 
3. Por parte de quais elementos do sistema pode existir uma grande resistência a mudança? 
4. Qual a conclusão do grupo em relação a fábula dos porcos assados?

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