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Ana Elizabeth Lapa Wanderley Cavalcanti
Direito e Sociedade 
da Informação
Sumário
03
CAPÍTULO 2 – Marco regulatório da internet ....................................................................05
1 Fundamentos e objetivos do Marco Civil da Internet ........................................................05
2 Inclusão digital ...........................................................................................................06
3 Direito à Informação e conhecimento ............................................................................08
4 Informação e governo (E-Government) ..........................................................................08
5 Dos direitos e garantias dos usuários de internet .............................................................09
6 Privacidade e intimidade ..............................................................................................10
7 Neutralidade da rede ..................................................................................................12
8 Proteção aos registros, aos dados pessoais e às comunicações privadas ...........................13
9 Da guarda e registro de conexão: provisão de conexão ...................................................15
10 Da guarda de registros de acesso a aplicações de internet .............................................16
11 Sistema de responsabilidade .......................................................................................17
12 Requisição judicial de registros ...................................................................................19
13 Outras questões de interesse ......................................................................................19
05
Capítulo 2 
1 Fundamentos e objetivos do Marco Civil 
da Internet
Somente em 2014 foi sancionada a lei que trata da internet no nosso país: o chamado “Marco 
Civil da Internet” foi estabelecido pela Lei 12.965, de 2014, e teve como objetivo principal es-
tabelecer regras mínimas para o uso comum da internet no Brasil eliminando-se, inclusive, as 
barreiras para seu acesso. Ou seja, seu objetivo fundamental é regular as relações sociais entre 
os usuários e interessados na internet.
Podemos dizer que figuram como as principais finalidades do Marco, em um primeiro momento, 
a regulação do uso da internet no Brasil e, em um segundo momento, o incentivo à inclusão di-
gital. A presença desta lei no nosso ordenamento jurídico reforça as garantias constitucionais do 
cidadão, reafirmando e assegurando o seu direito à expressão, à comunicação e à manifestação 
de pensamento. Assim, o Marco Civil preza: a) pela defesa da liberdade de expressão; b) pela 
privacidade; c) pela intimidade; e d) pelo acesso à informação, à segurança e à responsabilida-
de dos agentes de acordo com suas atividades e participações na rede representando inegável 
vitória da cidadania (DE LUCCA, 2015, p. 26). Contudo, na visão de alguns estudiosos sobre 
o tema, o Marco Civil poderia ter feito mais, pois avançou muito pouco na regulamentação do 
tema e, em alguns momentos, determinou diretrizes que se não impossíveis, são muito difíceis de 
se executar (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p.12).
Sobre essa questão, é importante realizar a leitura dos artigos 2º e 4º do Marco civil, que tradu-
zem exatamente quais os fundamentos e objetivos da Lei, acompanhe: 
Art. 2º A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade 
de expressão, bem como: I – o reconhecimento da escala mundial da rede; II – os direitos 
humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania em meios digitais; 
III – a pluralidade e a diversidade; IV – a abertura e a colaboração; V – a livre iniciativa, a livre 
concorrência e a defesa do consumidor; e VI – a finalidade social da rede. 
Art. 4º A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a promoção: I – do direito 
de acesso à internet a todos; II – do acesso à informação, ao conhecimento e à participação 
na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; III – da inovação e do fomento à 
ampla difusão de novas tecnologias e modelos de uso e acesso; e IV – da adesão a padrões 
tecnológicos abertos que permitam a comunicação, a acessibilidade e a interoperabilidade 
entre aplicações e bases de dados. 
Além disso, a Lei em questão também faz a indicação de alguns termos que serão importantes 
para o entendimento da nossa matéria, como consta do art. 5º abaixo transcrito, veja:
Art. 5º Para os efeitos desta lei, considera-se: I – internet: o sistema constituído do conjunto 
de protocolos lógicos, estruturado em escala mundial para uso público e irrestrito, com a 
finalidade de possibilitar a comunicação de dados entre terminais por meio de diferentes redes; 
II – terminal: o computador ou qualquer dispositivo que se conecte à internet; III – endereço 
de protocolo de internet (endereço IP): o código atribuído a um terminal de uma rede para 
permitir sua identificação, definido segundo parâmetros internacionais; IV – administrador de 
sistema autônomo: a pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço IP específicos 
e o respectivo sistema autônomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional 
Marco regulatório da internet
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06 Laureate- International Universities
Direito e Sociedade da Informação
responsável pelo registro e distribuição de endereços IP geograficamente referentes ao país; 
V – conexão à internet: a habilitação de um terminal para envio e recebimento de pacotes de 
dados pela internet, mediante a atribuição ou autenticação de um endereço IP; VI – registro 
de conexão: o conjunto de informações referentes à data e hora de início e término de uma 
conexão à internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e 
recebimento de pacotes de dados; VII – aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades 
que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet; e VIII – registros de 
acesso a aplicações de internet: o conjunto de informações referentes à data e hora de uso de 
uma determinada aplicação de internet a partir de um determinado endereço IP.
Fonte: Shutterstock
2 Inclusão digital
Um dos pontos de bastante relevância e que está relacionado aos objetivos do Marco Civil da 
Internet, é a questão da inclusão digital.
De acordo com o art. 4º da Lei, como já transcrevemos acima, a disciplina do uso da internet no 
Brasil tem por objetivo, dentre outras questões, o direito de acesso à internet a todos. 
É importante dizer que a Assembleia Geral da ONU (de 2011) alçou o direito ao acesso à inter-
net como um direito humano fundamental e o Brasil, por meio do Marco Civil da Internet, rea-
firma esse compromisso, apesar das críticas de alguns que entendem não ser adequado atrelar 
um direito fundamental a uma tecnologia. O fato é que o acesso à internet foi considerado um 
direito essencial e devemos assim encará-lo.
Nesse contexto, o art. 7º do Marco Civil da Internet ressalta que o acesso à internet é essencial 
ao exercício da cidadania, assim, deve ser considerado como um direito do cidadão. Na vida 
social, econômica e política pós-moderna, a internet e demais meios eletrônicos têm sido consi-
derados fundamentais, sendo reconhecidos como um mecanismo indispensável para o exercício 
dos direitos e liberdades individuais. Tal situação nos faz pensar que se alguém é privado desse 
acesso estará perdendo algo da sua cidadania.
Contudo, sabemos que, apesar da Lei se referir a esse direito de inclusão, nosso país não oferece 
soluções e Políticas Públicas eficazes para que o cidadão possa alcançá-lo. Em um país com as 
dificuldades econômicas, culturais e sociais em que vivemos, ainda temos que conviver com a07
realidade de que é grande o número de pessoas excluídas desse aspecto da cidadania. É impor-
tante enxergar o acesso à internet como um mecanismo para o amplo exercício da cidadania, 
mas também não podemos entender que apenas o acesso à internet faça com que uma pessoa 
tenha o exercício completo dos seus direitos fundamentais.
Nesse sentido, há também quem defenda a tese de que a exclusão voluntária é um direito que 
deve ser respeitado, ou seja, apesar da Lei reconhecer o direito à inclusão digital, também 
devemos respeitar o direito a não ter acesso à internet, ou mesmo o direito de exercer direitos 
fundamentais, sem, entretanto, recorrer aos meios eletrônicos. Podemos então defender o direito 
ao não acesso à internet? Esta é uma questão ainda em aberto e que muito se tem a discutir.
Fonte: Shutterstock
Corroborando com a tese do direito à exclusão digital, Gonçalves (2015, p. 188) disserta que 
existe um lado positivo e um lado negativo na exclusão. A exclusão digital é interligada à inclusão 
digital. Assim, faz parte do direito à privacidade e liberdade do sujeito escolher se quer ou não 
ter os seus dados incluídos na rede. Mas o que estamos vendo, de certa forma, é a impossibili-
dade do sujeito/cidadão escolher por total falta de opção tanto nos serviços públicos quanto nas 
relações de mercado, como veremos a seguir.
Também é importante ressaltar que o art. 27 do Marco Civil da Internet volta a tratar da questão 
da inclusão digital quando fala das iniciativas públicas de fomento à cultura e de promoção da 
internet como ferramenta social, confira:
Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura digital e de promoção da internet como 
ferramenta social devem:
I - promover a inclusão digital;
II - buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes regiões do País, no acesso às 
tecnologias da informação e comunicação e no seu uso; e
III - fomentar a produção e circulação de conteúdo nacional.
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Direito e Sociedade da Informação
3 Direito à Informação e conhecimento
A informação passou a ser centro da nova sociedade (a Sociedade em Rede ou Sociedade da 
Informação), um bem juridicamente tutelável, trata-se do maior meio de produção de riquezas da 
sociedade atual. Porém, saiba que informação não é o mesmo que conhecimento.
A Constituição Federal de 1988 trata do Direito à informação no seu artigo 5º, incisos IV, XIV 
e XXXIII, subdividindo-o em: 1) direito de informar (liberdade de pensamento); 2) direito de se 
informar (acesso à informação); e 3) direito de ser informado (receber informação). Atualmente, 
inclusive, podemos falar ainda que existe o direito a não ser informado, que estaria dentro da 
última categoria, o direito de ser informado. Além disso, entendemos que o direito à informação 
tem relevância essencial no exercício dos direitos fundamentais, pois possibilita que o cidadão 
exerça seu direito de forma esclarecida e, preferencialmente, consciente. E, para que isso ocorra, 
é necessário que a informação seja verdadeira (correta), clara (de fácil entendimento) e precisa 
(sem ser prolixa). Trata-se de um direito difuso (CAVALCANTI, 2007, p. 144).
Já o conhecimento é o sentido e o significado que cada pessoa atribui a uma informação como 
coisa (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p. 48). O conhecimento requer o amadurecimento da in-
formação recebida.
Dessa forma, a informação pode ser um dado de qualquer natureza transmitido por qualquer 
meio de comunicação (Lei de Acesso à Informação – Lei n. 12.527, de 2011, art. 4º, inciso I). E 
o conhecimento depende do conteúdo da informação recebida, trata-se da construção do saber, 
da produção de ideias, da noção sobre algo. Portanto, concluímos que disponibilizar informa-
ções gera conhecimento que, por sua vez, gera mais informações e assim por diante.
Porém, quando o art. 4º, inciso II, do Marco Civil da Internet trata do direito ao acesso à infor-
mação, podemos entender que esse é o direito ao acesso a todo registro ou banco de dados que 
contenham informações que possam ser transmitidas a terceiros, sem esquecer, contudo, de que 
tal direito encontra limitação no direito à privacidade do usuário, que será tema e objeto de um 
item específico nesta unidade.
4 Informação e governo (E-Government)
São duas as questões que apresentamos neste tópico. Em primeiro lugar, a possibilidade do ci-
dadão ter acesso facilitado às informações a que tem direito, com mais agilidade, mas de forma 
clara, verdadeira e precisa. Afinal, o cidadão da era digital espera que a administração pública 
seja tão rápida e eficaz quanto as relações negociais e sociais da internet globalizada. Em segun-
do lugar, há a questão relacionada ao poder de controle das informações pessoais por parte dos 
governos. É importante lembrar que os governos, de uma forma geral, estão constantemente de-
senvolvendo ferramentas para o controle e o rastreamento de dados na internet. Tal posição vem 
sempre alicerçada na ideia da defesa do bem comum e, principalmente, da segurança nacional. 
Contudo, tal comportamento gera uma vigilância em rede e nos faz questionar: até que ponto 
essa vigilância é necessária ou até mesmo benéfica para a sociedade? Como fica a questão da 
intimidade e da privacidade em relação a este controle estatal?
É importante ressaltar que existe no Brasil uma lei sobre o Direito ao Acesso à Informação (Lei 
12.527, de 2011) que regulamentou o art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, 
que busca estabelecer regras de procedimento e transparência para a divulgação de dados e 
informações aos cidadãos.
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No Brasil, o Governo Eletrônico começou a se desenhar no início dos anos 2000 por meio de 
Decretos e formação de Grupos de Trabalho ou mesmo Comitês para criar regras e modelos 
sobre o assunto (SILVA, 2015, p. 214). De forma geral, esse movimento eletrônico iniciou com a 
criação de web sites, canais de comunicação via e-mail, até chegar ao modelo atual em que o 
cidadão consegue realizar alguns serviços pela internet (web-site) sem a necessidade de compa-
recer pessoalmente na sede da administração pública destinada para aquele serviço. Nesse caso, 
podemos contar com a estrutura G2C, ou seja, Governo para o cidadão, com a possibilidade 
do cidadão satisfazer parte dos seus direitos fundamentais pela rede. Essa fase ainda está em 
implementação no nosso país.
A Lei 12.965 (Marco Civil da Internet), de 2014, regulamentou as normas programáticas para 
atuação dos poderes públicos no capítulo IV (arts. 24 e 25). Assim, podemos dizer que o Marco 
Civil da Internet contribuiu para traçar diretrizes para a uniformização da atuação da União, 
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal quanto ao uso e desenvolvimento da internet 
na relação pública, tratando do chamado “Governo Eletrônico” (E-Government), cujo objetivo 
é melhorar e otimizar a gestão pública, propiciando um melhor acesso do cidadão aos serviços 
públicos, com transparência e participação do cidadão (controle social). No entanto, novamente 
salientamos que a Lei por si só não é eficaz para que tal objetivo seja alcançado, pois precisamos 
de Políticas Públicas direcionadas para esse fim.
5 Dos direitos e garantias dos usuários 
de internet
De acordo com o Marco Civil da Internet, como já falamos anteriormente, o acesso à internet é 
essencial ao exercício da cidadania, mas, além disso, o seu art. 7º estabeleceu alguns direitos 
aos usuários como ficou demonstrado abaixo, acompanhe:
Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados 
os seguintes direitos:
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação;
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem 
judicial,na forma da lei;
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem 
judicial;
IV - não suspensão da conexão à internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua 
utilização;
V - manutenção da qualidade contratada da conexão à internet;
VI - informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com 
detalhamento sobre o regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a 
aplicações de internet, bem como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar 
sua qualidade;
VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de 
acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou 
nas hipóteses previstas em lei;
VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção 
de seus dados pessoais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que:
a) justifiquem sua coleta;
b) não sejam vedadas pela legislação; e
c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de 
aplicações de internet;
IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, 
que deverá ocorrer de forma destacada das demais cláusulas contratuais;
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Direito e Sociedade da Informação
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de 
internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de 
guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei;
XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à internet e 
de aplicações de internet;
XII - acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, 
intelectuais e mentais do usuário, nos termos da lei; e
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo 
realizadas na internet.
Fonte: Shutterstock
É importante ressaltar que os direitos aqui listados não são taxativos, ou seja, o rol apresentado 
pela lei deve ser entendido como meramente exemplificativo, pois não podemos, por exemplo, 
afastar também os direitos reconhecidos pelo Código do Consumidor. Trata-se, portanto, de 
uma complementação às leis já existentes que possa, de alguma forma, abraçar os direitos dos 
usuários da internet.
Verifica-se que os incisos descritos no artigo acima transcrito ressaltam, em sua maioria, o direito 
à intimidade, privacidade, sigilo, qualidade do serviço contratado, informações adequadas a res-
peito dos contratos de prestação de serviços de internet, proteção e tratamento de dados pessoais, 
acessibilidade e defesa da relação de consumo e aplicação das regras de defesa do consumidor.
6 Privacidade e intimidade
Uma das questões mais importantes do Marco Civil da Internet é, sem dúvida nenhuma, a prote-
ção dos direitos à privacidade e intimidade do usuário. Em diversos artigos a questão é suscitada 
e, além disso, não podemos nos esquecer que a proteção da privacidade do usuário da internet 
é um dos princípios da Lei, estabelecido no art. 3º, inciso III.
Ainda mencionando o art. 7º do Marco Civil da Internet, podemos verificar que há a proteção da 
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material 
ou moral decorrente de sua violação. Nesse caso, houve nitidamente uma reafirmação dos direi-
tos já estabelecidos na Constituição Federal. Assim, as relações travadas na internet não podem 
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desrespeitar o direito à privacidade e intimidade do usuário. Todavia, sabemos que esse é um dos 
pontos mais complicados nesta seara que é a internet.
Apesar de serem termos com significado muito próximos, existe diferença entre intimidade e vida 
privada. A intimidade é a esfera mais íntima e reservada do ser humano, é o que o indivíduo 
tem de mais próprio, algo que se mistura aos pensamentos e sentimentos e que, geralmente, é 
partilhado apenas e tão somente com pessoas muito próximas, como os familiares. Em regra, a 
violação da intimidade ocorre pela divulgação de um segredo, por exemplo. Por outro lado, a 
privacidade é aquilo que, apesar de ser íntimo, é partilhado pelo indivíduo com alguns sujeitos 
de seu interesse, ou seja, diz respeito aos relacionamentos da pessoa, mesmo que de natureza 
comercial ou profissional.
Segundo Lemos (2009, p. 159), o objeto do direito à privacidade engloba todos os direitos 
relativos à esfera pessoal do indivíduo, como, por exemplo, o sigilo da correspondência, a in-
violabilidade do domicílio, a proteção dos dados pessoais, a honra e a imagem. Dessa forma, a 
privacidade é o direito que tem o indivíduo de não ter exposto, de qualquer forma, fatos de sua 
vida. Assim, a privacidade abrange aspectos pessoais, mas que se encontram mais próximos do 
público, enquanto o direito à intimidade está mais concentrado nos aspectos personalíssimos da 
privacidade, de caráter íntimo, familiar e pessoal, de maneira que a privacidade seria o gênero 
e a intimidade uma espécie daquele, ou seja, um círculo menor dentro do círculo maior que é a 
privacidade.
Entretanto, o direito à privacidade e à intimidade não pode ser encarado como um direito ab-
solutos. Com isso, esses direitos podem colidir com outros direitos fundamentais expressos na 
nossa Constituição Federal, como, por exemplo, o direito à manifestação de pensamento, sendo 
vedado o anonimato (art. 5º IV).
Para estudar a questão da intimidade e da privacidade no Marco Civil da Internet (art. 8º), não 
podemos deixar de lado o direito à liberdade de expressão, elencado também como direito fun-
damental. Há aqui, sem dúvida nenhuma, uma colisão entre os direitos.
As liberdades de pensamento e de expressão se fundam no direito que cada indivíduo tem de 
pensar e expor suas ideias sem sofrer qualquer retaliação. Todo indivíduo é livre para escolher 
suas ideias e para decidir se quer ou não exteriorizar seus pensamentos, e o Estado deve oferecer 
meios para que este direito seja garantido (SILVA, 2008, p. 246).
Por outro lado, não podemos pensar no direito à liberdade sem qualquer restrição. Um indiví-
duo tem direito a manifestar suas opiniões, pensamentos e sentimentos, mas deve ter em mente 
que, ao exercer tal direito, poderá causar danos a outros e, por isso, deve ser responsabilizado 
(MEYER-PFLUG, 2009, p. 82).
Com o advento da internet, a violação aos direitos da personalidade, em especial, os da pri-
vacidade cresceram consideravelmente. Houve um aumento de divulgação de fotos, dados e 
informações que atingem a esfera pessoal dos indivíduos. Um dos seus principais problemas é 
que, na rede, as “notícias” correm muito rápido e, em pouco tempo, as informações são compar-
tilhadas para milhares de pessoas, sendo, depois disso, muito difícil voltar ao estado anterior. É 
comum ver os usuários revelarem detalhes ou compartilharem informações pessoais de terceiros, 
sem qualquer limite. Mas não é somente esse o problema, pois muitos usuários usam a rede 
para divulgar informações pessoais e, depois, sofrem com o uso indevido dessas informações 
divulgadas, como é o caso de fotos, apenas para exemplificar, e, até mesmo, da possibilidade 
de um indivíduo ver seus dados capturados por meio de tecnologias (cookies, por exemplo) que 
armazenam informações pessoais, identificando seus hábitos de consumo para, posteriormente, 
oferecer produtos e serviços nos sites e redes acessadas por ele. Por conta dessa questão, inclu-
sive, algumas empresas têm adotado a política de privacidade como forma de proteger o direito 
à privacidade do usuário.
12 Laureate- International Universities
Direito e Sociedade da Informação
Para salientar como a questão é tratada no Marco Civil da Internet,transcrevemos abaixo o 
art. 8º, que trata da questão da privacidade e liberdade de expressão como elementos funda-
mentais para a inclusão digital, veja:
Art. 8º. A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão nas comunicações é 
condição para o pleno exercício do direito de acesso à internet.
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que violem o disposto 
no caput, tais como aquelas que:
I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações privadas, pela internet; ou
II - em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao contratante a adoção do foro 
brasileiro para solução de controvérsias decorrentes de serviços prestados no Brasil.
Da leitura do artigo, percebe-se, portanto, que sua grande preocupação é, na verdade, a ques-
tão do acesso à internet. Posto que, a proteção da privacidade e liberdade estão bem esclareci-
das no art. 7º, já mencionado anteriormente. Assim, o que fica realmente para analisarmos como 
mais vagar é o direito ao acesso à internet.
Apesar da Lei estabelecer este direito, “acesso à internet”, sabemos que somente ocorrerá a sua 
eficácia quando tivermos Políticas Públicas adequadas para tanto. Trata-se, portanto, de outro 
artigo da Lei que coloca a inclusão digital como direito fundamental do cidadão.
7 Neutralidade da rede
O termo “neutralidade” sempre esteve atrelado ao direito concorrencial e existe em mercados 
concentrados, regulados ou com grandes barreiras de entrada, como é o caso de setores elé-
tricos, ferroviários, de água, de saneamento e de telecomunicações. Ou seja, de empresas que 
detêm poder de controle. Assim, a neutralidade, nesse contexto, tem como intuito estabelecer 
condições igualitárias entre os concorrentes, a fim de se respeitar regras de concorrência e a 
defesa do consumidor (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p. 89).
No que tange à neutralidade da rede, o art. 9º do Marco Civil da Internet trata do assunto como 
um princípio que sugere que o usuário tenha o direito de acessar a informação que quiser, com 
liberdade e igualdade. Ou seja, não importa o conteúdo, origem ou destino, os dados devem ser 
tratados de forma isonômica. Dessa forma, leva-se em conta a autonomia do usuário na escolha 
do que deseja acessar. 
De acordo com Ramos (2015, p. 138), a neutralidade da rede é endereçada aos provedores de 
acesso e propõe o dever que o provedor tem de tratar pacotes de dados que trafegam em suas 
redes de forma isonômica. Existem ao menos três formas de discriminar um conteúdo: bloque-
ando, reduzindo a velocidade ou cobrando preço diferenciado para o acesso à determinado 
conteúdo, como corre nos contratos de TV a cabo, por exemplo.
Lembramos que no modelo de internet livre não há ingerência sobre o que será visualizado pelo 
internauta. Diferentemente do que ocorre nos países que limitam, de forma política, o acesso ao 
conteúdo na internet para seus cidadãos (como na China). Por outro lado, muitos defendem que 
a neutralidade, como determinada pelo Marco Civil, dificulta a liberdade contratual dos prove-
dores de acesso, desestimulando inovações na área, acompanhe:
Art. 9º. O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de 
forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, 
serviço, terminal ou aplicação.
§ 1º A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das atribuições 
privativas do Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, 
para a fiel execução desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de 
Telecomunicações, e somente poderá decorrer de:
13
I - requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações; e
II - priorização de serviços de emergência.
§ 2º Na hipótese de discriminação ou degradação do tráfego prevista no § 1º, o responsável 
mencionado no caput deve:
I - abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei nº 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 - Código Civil;
II - agir com proporcionalidade, transparência e isonomia;
III - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus 
usuários sobre as práticas de gerenciamento e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as 
relacionadas à segurança da rede; e
IV - oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e abster-se de praticar 
condutas anticoncorrenciais.
§ 3º Na provisão de conexão à internet, onerosa ou gratuita, bem como na transmissão, 
comutação ou roteamento, é vedado bloquear, monitorar, filtrar ou analisar o conteúdo dos 
pacotes de dados, respeitado o disposto neste artigo.
8 Proteção aos registros, aos dados 
pessoais e às comunicações privadas
Já tratamos anteriormente da importância da proteção dos dados pessoais e das questões atre-
ladas à intimidade e à privacidade. Neste capítulo, o Marco Civil se preocupa em reafirmar a 
importância da proteção dos dados pessoais e em estabelecer critérios para que esses dados 
sejam disponibilizados. Segundo o art. 10, o provedor somente deverá disponibilizar informações 
pessoais dos usuários por ordem judicial, respeitando-se a confidencialidade. Porém, de nada 
adianta a Lei falar em sigilo se não houver um sistema de segurança do sistema, daí a impor-
tância dos IPs (Protocolo de Internet) fornecidos pelo provedor de acesso para que cada usuário 
possa se conectar à internet.
Fonte: Shutterstock
Percebe-se, entretanto, na leitura do parágrafo 3º do Marco Civil, que os dados cadastrais que 
informam qualificação pessoal, filiação e endereço, na forma da Lei e pelas autoridades admi-
nistrativas com competência para tal, não caracterizam violação ao direito do sigilo e da priva-
cidade do usuário. Esses dados foram considerados não sensíveis, e a Lei não determinou que 
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autoridade ou autoridades podem fazê-lo, gerando um certo desconforto para os estudiosos do 
tema (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p. 106).
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de acesso a aplicações de 
internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações 
privadas, devem atender à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem 
das partes direta ou indiretamente envolvidas.
§ 1º O provedor responsável pela guarda somente será obrigado a disponibilizar os registros 
mencionados no caput, de forma autônoma ou associados a dados pessoais ou a outras 
informações que possam contribuir para a identificação do usuário ou do terminal, mediante 
ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV deste Capítulo, respeitado o disposto no 
art. 7º.
§ 2º O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser disponibilizado mediante 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos 
II e III do art. 7º.
§ 3º O disposto no caput não impede o acesso aos dados cadastrais que informem qualificação 
pessoal, filiação e endereço, na forma da lei, pelas autoridades administrativas que detenham 
competência legal para a sua requisição.
§ 4º As medidas e os procedimentos de segurança e de sigilo devem ser informados pelo 
responsável pela provisão de serviços de forma clara e atender a padrões definidos em 
regulamento, respeitado seu direito de confidencialidade quanto a segredos empresariais.
Outra questão também bastante relevante é a que trata da territorialidade, competência legal 
e judicial para o tráfego de dados na internet. Assim, de acordo com o art. 11 da Lei que regu-
lamenta o Marco Civil da Internet, em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e 
tratamento de registros de dados pessoais em que pelo menos um ato ocorra no território na-
cional, deverá ser aplicada a legislação brasileira.Assim, havendo tráfego de dados em servidor 
brasileiro, deverá ser aplicada a lei brasileira para julgar e dirimir eventuais conflitos, sem esque-
cer, todavia, da aplicação das regras internacionais relacionadas aos direitos humanos (Tratados, 
Declarações e Convenções), veja:
Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, 
de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet 
em que pelo menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente 
respeitados a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e 
ao sigilo das comunicações privadas e dos registros.
§ 1º O disposto no caput aplica-se aos dados coletados em território nacional e ao conteúdo 
das comunicações, desde que pelo menos um dos terminais esteja localizado no Brasil.
§ 2º O disposto no caput aplica-se mesmo que as atividades sejam realizadas por pessoa 
jurídica sediada no exterior, desde que oferte serviço ao público brasileiro ou pelo menos uma 
integrante do mesmo grupo econômico possua estabelecimento no Brasil.
§ 3º Os provedores de conexão e de aplicações de internet deverão prestar, na forma da 
regulamentação, informações que permitam a verificação quanto ao cumprimento da legislação 
brasileira referente à coleta, à guarda, ao armazenamento ou ao tratamento de dados, bem 
como quanto ao respeito à privacidade e ao sigilo de comunicações.
§ 4º Decreto regulamentará o procedimento para apuração de infrações ao disposto neste artigo.
E, finalmente, o art. 12 estabelece as sanções civis, administrativas e criminais para o caso da 
violação dos direitos estabelecidos nos arts. 10 e 11 acima citados. Percebe-se que houve uma 
preocupação do legislador em não deixar passar o senso de responsabilidade no âmbito da 
internet. Ou seja, as sanções não são brandas e tendem a incutir no sistema uma política de 
prevenção, confira você mesmo: 
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou administrativas, as infrações 
às normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções, 
aplicadas de forma isolada ou cumulativa:
I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas;
II - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento do grupo econômico no Brasil no seu 
último exercício, excluídos os tributos, considerados a condição econômica do infrator e o 
princípio da proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção;
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III - suspensão temporária das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11; ou
IV - proibição de exercício das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11.
Parágrafo único. Tratando-se de empresa estrangeira, responde solidariamente pelo pagamento 
da multa de que trata o caput sua filial, sucursal, escritório ou estabelecimento situado no País.
9 Da guarda e registro de conexão: 
provisão de conexão
A guarda dos registros de conexão deve ser mantida pelo período mínimo de um ano. Esses 
registros demonstram quem acessou, quando acessou e de que máquina acessou o conteúdo. 
No que tange a crimes e ilícitos tais informações são de vital importância para estabelecer ou 
excluir responsabilidades. Nesse aspecto, existe um Projeto de Lei em trâmite no Senado Federal 
discutindo justamente a questão da Proteção dos Dados Pessoais, para que possamos ter uma lei 
específica sobre o assunto, como ocorre, por exemplo, na Comunidade Europeia.
Fonte: Shutterstock
Da leitura do art. 13 chamamos a atenção para o parágrafo 2º, que possibilita à autoridade po-
licial ou administrativa, ou mesmo o Ministério Público, requerer cautelarmente que os registros 
de conexão sejam guardados por prazo superior a um ano, porém a Lei não estabelece normas 
para este procedimento, deixando uma lacuna importante na questão. Verifica-se na doutrina 
fortes críticas a este artigo.
Contudo, é importante ressaltar que o mesmo artigo, no parágrafo 5º, indica a necessidade de 
autorização judicial para o acesso a tais dados.
Ainda em tempo e para esclarecer o temo usado, “provedor de conexão à internet” é a pessoa 
física ou jurídica que atribui endereço de acesso aos usuários para se utilizarem das redes de 
informação e comunicação (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p. 131).
Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao administrador de sistema autônomo 
respectivo o dever de manter os registros de conexão, sob sigilo, em ambiente controlado e de 
segurança, pelo prazo de 1 (um) ano, nos termos do regulamento.
§ 1º A responsabilidade pela manutenção dos registros de conexão não poderá ser transferida 
a terceiros.
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§ 2º A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público poderá requerer 
cautelarmente que os registros de conexão sejam guardados por prazo superior ao previsto 
no caput.
§ 3º Na hipótese do § 2º, a autoridade requerente terá o prazo de 60 (sessenta) dias, contados 
a partir do requerimento, para ingressar com o pedido de autorização judicial de acesso aos 
registros previstos no caput.
§ 4º O provedor responsável pela guarda dos registros deverá manter sigilo em relação ao 
requerimento previsto no § 2º, que perderá sua eficácia caso o pedido de autorização judicial 
seja indeferido ou não tenha sido protocolado no prazo previsto no § 3º.
§ 5º Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos registros de que trata este 
artigo deverá ser precedida de autorização judicial, conforme disposto na Seção IV deste 
Capítulo.
§ 6º Na aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste artigo, serão considerados 
a natureza e a gravidade da infração, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida 
pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência.
10 Da guarda de registros de acesso a 
aplicações de internet
Como dito anteriormente, o art. 5º do Marco Civil delimita o conceito de registro de conexão 
como o conjunto de informações referentes à data e hora de início e término de uma conexão na 
internet, sua duração e o endereço de IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de 
pacotes de dados. Além disso, define registro de acesso à aplicação de internet como o con-
junto de informações referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de internet a 
partir de um determinado endereço de IP. Por fim, explica que aplicação de internet é o conjun-
to de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet.
Assim, provedor de aplicação de internet é a pessoa jurídica que presta serviços ou comer-
cializa produtos na internet. Ou seja, trata-se da empresa que presta o serviço de internet, que 
realiza determinada função estipulada pelo provedor (PEREIRA GONÇALVES, 2017, p. 134). Po-
demos aplicar esta definição de aplicação de internet para o Facebook, por exemplo, que pode 
ser obrigado judicialmente a fornecer os dados do usuário responsável pela criação de um perfil 
falso que contém conteúdo ofensivo a outrem.
De acordo com o art. 14 do Marco Civil da Internet, na provisão onerosa ou gratuita, é vedado 
guardar os registros de acesso a aplicações de internet. Contudo, no caso do provedor de apli-
cação ser pessoa jurídica que exerça essa atividade de forma profissional e lucrativa, os registros 
devem ser mantidos por período de seis meses, de forma sigilosa (conforme art. 15 transcrito 
abaixo), observando-se as regras da lei:
Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica e que 
exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá 
manter os respectivos registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente 
controlado e de segurança, pelo prazode 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.
§ 1º Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicações de internet 
que não estão sujeitos ao disposto no caput a guardarem registros de acesso a aplicações de 
internet, desde que se trate de registros relativos a fatos específicos em período determinado.
§ 2º A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público poderão requerer 
cautelarmente a qualquer provedor de aplicações de internet que os registros de acesso a 
aplicações de internet sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput, 
observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 13.
§ 3º Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos registros de que trata este 
artigo deverá ser precedida de autorização judicial, conforme disposto na Seção IV deste 
Capítulo.
§ 4º Na aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste artigo, serão considerados 
a natureza e a gravidade da infração, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida 
pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência.
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Ainda em relação aos deveres dos provedores de aplicação de internet, o art. 16 do Marco Civil 
da Internet determina que os registros devem ser feitos mediante a anuência do usuário. Trata-se 
de consentimento prévio por parte do usuário que, por sua vez, não pode ser pego de surpresa 
sobre o armazenamento dos seus dados.
Art. 16. Na provisão de aplicações de internet, onerosa ou gratuita, é vedada a guarda:
I - dos registros de acesso a outras aplicações de internet sem que o titular dos dados tenha 
consentido previamente, respeitado o disposto no art. 7º; ou
II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finalidade para a qual foi dado 
consentimento pelo seu titular.
Fonte: Shutterstock
E, finalmente, o art. 17 estabelece uma regra, no mínimo, contraditória, pois possibilita que os 
provedores de aplicação de internet possam optar por não guardar os registros de acesso às suas 
aplicações, desde que não se enquadrem nas hipóteses previstas pela Lei em questão. No entanto, 
o artigo deixa claro que a responsabilidade é de quem usa a internet (terceiro) e não do provedor, 
mesmo que o provedor não tenha guardado os registros, confira: “Art. 17. Ressalvadas as hipó-
teses previstas nesta Lei, a opção por não guardar os registros de acesso a aplicações de internet 
não implica responsabilidade sobre danos decorrentes do uso desses serviços por terceiros”.
11 Sistema de responsabilidade
Como já nos referimos anteriormente, importante questão é a que envolve a responsabilidade 
dos sujeitos envolvidos na internet.
De acordo com o art. 18 do Marco Civil da Internet, os provedores de conexão à internet não 
podem ser responsabilizados civilmente por danos decorrente de conduta gerada por terceiros 
(usuários), já que o provedor apenas oferece o meio de comunicação entre os usuários, acompa-
nhe: “Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros”.
Porém, a Lei não esqueceu das situações em que o Provedor pode ser responsabilizado. Trata-se 
da situação da responsabilidade subsidiária do provedor de aplicações de internet por danos 
causados por terceiros.
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Nesse caso, o art. 19 ressalta a responsabilidade do provedor nos casos em que este não toma 
as medidas necessárias e advindas de ordem judicial, desde que seja algo que esteja relacionado 
às suas atividades e possibilidades. Assim, nessa situação, a responsabilidade dos provedores 
só se inicia a partir da notificação e recebimento da ordem judicial. Recomenda-se fortemente a 
leitura do artigo em questão para melhor entendimento da matéria:
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o 
provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as 
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, 
tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais 
em contrário.
§ 1º A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, identificação 
clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca 
do material.
§ 2º A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos 
conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a liberdade de expressão e 
demais garantias previstas no art. 5º da Constituição Federal.
§ 3º As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de conteúdos 
disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de personalidade, 
bem como sobre a indisponibilização desses conteúdos por provedores de aplicações de 
internet, poderão ser apresentadas perante os juizados especiais.
§ 4º O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3º, poderá antecipar, total ou parcialmente, 
os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado 
o interesse da coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes 
os requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável 
ou de difícil reparação.
Posteriormente, o art. 21 do Marco Civil da Internet trata de uma questão bastante importante, 
qual seja, a retirada de conteúdo pornográfico, atos sexuais ou de nudez mediante notificação 
extrajudicial, sob pena de ser considerado também responsável (subsidiariamente) pela violação 
dos direitos à intimidade e privacidade. 
Assim, trata-se de hipótese em que o provedor deve agir mesmo que não haja decisão judicial 
sobre o assunto. Aqui, basta que o usuário que executou o requerimento de retirada do conteúdo 
divulgado não tenha dado autorização para sua publicação.
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros 
será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, 
sem autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo 
cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação 
pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito 
e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo.
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de nulidade, elementos 
que permitam a identificação específica do material apontado como violador da intimidade do 
participante e a verificação da legitimidade para apresentação do pedido.
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12 Requisição judicial de registros
Apenas a título de esclarecimento, importante também são os artigos 22 e 23 do Marco Civil, 
que determinam regras sobre a requisição judicial dos registros de conexão ou registros de aces-
so a aplicações de internet. Nesse caso, a Lei deixa claro que devem ser apresentados no pedido, 
fundados indícios da ocorrência do ilícito, motivando e justificando a necessidade e utilidade da 
medida. Além disso, ressalta-se ainda que caberá ao juiz tomar as providências necessárias à 
garantia do sigilo das informações, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça para o 
procedimento, confira:
Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em 
processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que 
ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de 
acesso a aplicações de internet.
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demaisrequisitos legais, o requerimento deverá conter, sob 
pena de inadmissibilidade:
I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;
II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigação ou 
instrução probatória; e
III - período ao qual se referem os registros.
Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências necessárias à garantia do sigilo das informações 
recebidas e à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do usuário, 
podendo determinar segredo de justiça, inclusive quanto aos pedidos de guarda de registro.
13 Outras questões de interesse
O Marco Civil da Internet também tratou de alguns assuntos especiais e de importância para a 
sociedade da informação e pós-moderna:
i) Educação digital (art. 26 +art. 27 + art. 29 parágrafo único). Fazendo parte do direito-dever 
de educação previsto na Constituição Federal em todos os níveis de ensino, a inclusão digital 
somente será possível se houver nas escolas e demais instituições de ensino a possibilidade do 
seu uso e aprendizado. A capacitação adequada faz parte também da profissionalização do in-
divíduo, situação que lhe dará melhores condições de empregabilidade. Mas não só isso, a edu-
cação digital também deve desenvolver no usuário o senso de responsabilidade e consciência, 
fazendo com que a internet seja encarada como uma ferramenta para o exercício da cidadania, 
promoção da cultura e desenvolvimento tecnológico.
ii) Acessibilidade (art. 25). O inciso II do art. 25 ressalta a importância da acessibilidade digital. 
Leva-se em consideração os direitos da pessoa com deficiência, em especial, os descritos na Lei 
Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que determina a todos, sociedade, 
família, Poder Público e entidades privadas, a obrigação de respeitar o princípio da prioridade, 
que assegura o atendimento adequado a essas pessoas, eliminando as barreiras que impedem 
a inclusão.
iii) Controle parental (art. 29 + art. 21). Como parte do exercício do Poder Familiar, obrigação 
de educar e do princípio do melhor interesse do menor, importante é o artigo que traz a possi-
bilidade dos pais ou representante legal interferir no conteúdo de acesso de pessoas menores, 
respeitando-se os princípios estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente. Tal medida 
é de vital importância para afastar perigos constantes na rede, como o caso de pedofilia. Apesar 
da posição louvável da Lei, não há indicação a respeito das responsabilidades e medidas práti-
cas que favoreçam esse controle.
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Bibliográficas

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