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Compósitos 1. Introdução Embora materiais multifásicos como tijolos de argila reforçados com palha e mesmo ligas, como aço, fossem conhecidos há bastante tempo, apenas na metade do século XX o conceito de combinar materiais diferentes durante a fabricação levou à identificação dos compósitos como uma classe distinta de metais, cerâmicas e polímeros. Um compósito, no presente contexto, é um material multifásico feito artificialmente que possui fases constituintes quimicamente diferentes separadas por uma interface distinta. Na prática ocorre a combinação de metais, cerâmicas e polímeros para melhorar combinações de características mecânicas, tais como rigidez, tenacidade e resistência as condições do ambiente, e a elevadas temperaturas. Materiais compósitos são constituídos por duas fases ou tipos de materiais: ● Matriz: responsável por conferir estrutura ao compósito, de modo a preencher os espaços vazios para manter os materiais de reforço em suas posições adequadas. ● Reforço: é também chamado de fase dispersa, possui a função de realçar as propriedades mecânicas, eletromagnéticas ou químicas do compósito como um todo Alguns tipos de matrizes e reforços largamente utilizados na engenharia de materiais, cita-se: ● Exemplos de materiais de reforço: fibras orgânicas, como nylon e poliéster; fibra de vidro; fibra de carbono; fibra de boro; fibras cerâmicas; fibra de madeira; grafite e fibra de basalto. ● Exemplos de materiais de matriz: matriz polimérica; metálica e cerâmica. Segundo a Associação Latino-Americana de Materiais Compósitos (ALMACO), os compósitos são considerados o produto do futuro, em função das suas inúmeras propriedades. Dentre elas, pode-se citar: ● Leveza e facilidade de transporte: isso faz com que esses materiais sejam muito usados em aeronáutica; ● Resistência química: os compósitos quase não reagem, o que os torna bem aplicáveis a ambientes altamente corrosivos; ● Resistência às intempéries: vários fatores relativos ao tempo/clima, como vento, sol, umidade, não possuem alto impacto nos compósitos; ● Flexibilidade Arquitetônica: por poderem ser facilmente manipulados (inclusive moldados em impressoras 3D), são cada vez mais usados como materiais estruturais; ● Durabilidade: isso faz com que a vida útil do material seja longa, conferindo maior segurança quanto à capacidade dos compósitos de atenderem ao objetivo proposto na aplicação; ● Fácil Manutenção: por serem fáceis de serem reparados, os compósitos são flexíveis para mudanças de projeto e adaptação de produtos; ● Resistência Mecânica: essa é outra característica que gera alta confiabilidade nos compósitos, que passam a ser cada vez mais empregados em áreas críticas como aeronáutica; ● Feitos sob medida: isso faz com que os compósitos possam ser usados em diversas áreas e aplicações. 2. Classificação e apresentação dos materiais compósitos Na figura abaixo apresenta-se um esquema simples para a classificação dos materiais compósitos dada por William D. Callister: A fase dispersa nos compósitos reforçados com partículas é aquiaxial; nos compósitos reforçados com fibras, a fase dispersa apresenta geometria de uma fibra; compósitos estruturais possuem camadas múltiplas e são projetados para apresentar baixa massa especifica e alto grau de integridade estrutural e nos nanocompósitos, as dimensões das partículas da fase dispersa são da ordem de nanômetros. 3. Compósitos reforçados com partículas Divididos em duas categorias, a distinção entre elas está baseada no mecanismo de reforço ou de aumento da resistência, são eles: ● Compósitos com partículas grandes As partículas podem apresentar grande variedade de geometrias, mas devem ter aproximadamente as mesmas dimensões, devem ser pequenas e estar distribuídas de forma homogênea em toda a matriz. Compósitos Reforçado com partículas Partículas grandes Reforçado por dispersão Reforçado com fibras Contínuas (Alinhadas) Descontínuas (Curtas) Alinhadas Orientadas aleatoriamente Estrutural Laminados Painéis em Sanduíche Nanocompósitos Para a maioria desses compósitos, a fase particulada é mais dura e mais rígida do que a matriz, essas partículas de reforço tendem a restringir o movimento da fase matriz na vizinhança de cada partícula, assim a matriz transfere parte da tensão aplicada às partículas. Exemplos: ▪ Cermento: Compósitos cerâmicos-metal, composto por partículas duras de um carbeto cerâmico refratário, tungstênio ou titânico, dispersas em uma matriz de metal, cobalto ou níquel. Esses compósitos são empregados extensivamente como ferramenta de corte para aços endurecidos. ▪ Concreto: Compósito comum, em que a fase matriz e dispersa são materiais cerâmicos. Consiste em um agregado de partículas (areia, brita), ligadas umas às outras em um corpo solido por um meio de ligação (cimento). A resistência do concreto ainda pode ser aumentada por meio de um reforço adicional, chamado concreto armado, geralmente pelo emprego de vergalhões de aço inseridos no concreto fresco e não curado, tornando a estrutura endurecida capaz de suportar maiores tensões de tração, compressão e cisalhamento. ● Compósitos reforçados por dispersão Para compósitos reforçados por dispersão, as partículas são geralmente muito menores, com diâmetro entre 10 e 100 nanômetros. As interações partícula-matriz ocorrem a nível atômico. Metais e ligas metálicas podem ter sua resistência aumentada e ser endurecidos pela dispersão uniforme de partículas finas de um material inerte e muito duro. Exemplo: ▪ A resistência a altas temperaturas das ligas de níquel pode ser melhorada significativamente pela adição de tória (ThO2) na forma de partículas dispersas 4. Compósitos reforçados com fibras Tecnologicamente, os compósitos mais importantes são os que a fase dispersa está na forma de fibra. Alta resistência e/ou rigidez em relação ao peso são características buscadas por esses compósitos. Nos compósitos reforçados com fibras, uma carga aplicada é transmitida e distribuída entre as fibras pelas fase matriz, que na maioria dos casos é pelo menos moderadamente dúctil. As características mecânicas de um não dependem apenas das propriedades da fibra, outros fatores de influência são, comprimento, orientação e concentração das fibras. Assim é possível haver três tipos diferentes de compósitos reforçados com fibras: ▪ Fibras continuas e alinhadas – as propriedades mecânicas são altamente anisotrópicas, ou seja, na direção do alinhamento, o reforço e a resistência são máximos, sendo mínimos na direção perpendicular ao alinhamento das fibras. Limites de Resistencia à Tração Longitudinal e Transversal Típicos para Três Compósitos Reforçados com Fibras Unidirecionais. Material Limite de Resistencia à Tração Longitudinal (Mpa) Limite de Resistencia à Tração Transversal (Mpa) Vidro-poliéster 700 20 Carbono-epóxi 1000 35 Kevlar-epóxi 1200 20 Fonte: D.Hull e T.W. Clyne, Na Introduction to Composite Materials. 2nd edition, Cambridge University Press, Nova York, 1996, p. 179. ▪ Fibras descontinuas e alinhadas – é possível resistência e rigidez significativas na direção longitudinal. ▪ Fibras descontinuas com direção aleatória – normalmente curtas, oferece características mecânicas isotrópicas. Eficiência do Reforço de Compósitos Reforçados com Fibras para Diferentes Orientações das Fibras e Direções de Tensão Orientação da Fibra Direção daTensão Eficiência do Reforço Todas as fibras paralelas Paralelas às fibras Perpendiculares às fibras 1 0 Fibras distribuídas aleatória e uniformemente em um plano Qualquer direção no plano das fibras 3/8 Fibras distribuídas aleatória e uniformemente nas três dimensões do espaço Qualquer direção 1/5 Fonte: H. Krenchel, Fibre Reinforcement, Copenhagen, 1964 A consideração em relação à orientação e ao comprimento da fibra para um compósito especifico dependera do nível e da natureza da tensão aplicada, assim como dos custos de fabricação. ➢ A Fase Fibra Com base no diâmetro e no tipo do material, os reforços fibrosos são agrupadas em três classificações: ▪ Whiskers – monocristais extremamente resistentes, com razões comprimento-diâmetro extremamente grandes. Exemplos: Grafite, Nitreto de silício, Oxido de alumínio, Carbeto de silício. ▪ Fibras - normalmente polímeros ou cerâmicas que podem ser amorfos ou policristalinos. Exemplos: Oxido de alumínio, Aramida (Kevlar 49), Carbono, Vidro-E, Boro. ▪ Arames Metálicos – metais/ligas com diâmetros com diâmetro relativamente grande. Exemplos: Aço de alta resistência, Molibdênio, Tungstênio. ➢ A Fase Matriz Embora todos os três tipos básicos de materiais sejam empregados para as matrizes, os mais comuns são os polímeros e metais. Tem como funções, unir as fibras e transmitir a carga externa aplicada, proteger as fibras individuais contra danos superficiais e prevenir a propagação de trincas. Os compósitos reforçados com fibras classificados de acordo com o tipo de matriz são compósitos com matriz polimérica, metálica e cerâmica. I. Compósitos com matriz polimérica (polymer-matrix composites) Esses materiais são usados na maior diversidades de aplicações dos compósitos, assim como em maior quantidade, como consequência de suas propriedades à temperatura ambiente, facilidade de fabricação e seu custo. Exemplos: ▪ Reforçados com Fibras de Vidro Motivos para utilização do vidro: o Estirado com facilidade em fibras de alta resistência a partir de seu estado fundido. o Facilmente disponível. o Produz compósito com resistência especifica muito alta. o Inercia química, útil em diversos ambientes corrosivos. Limitado a temperaturas de serviço abaixo de 200°C, são bastante utilizados em carrocerias de automóveis, cascos de barcos, tubulações de plástico e pisos industriais. ▪ Reforçados com Fibras de Carbono Reforço mais comumente utilizado em compósitos avançados, as razões para tal são: o Elevados módulo especifico e resistência especifica. o Elevado módulo e resistência a tração mesmo sob altas temperaturas. o À temperatura ambiente, não são afetadas por umidade, solventes, ácidos e bases. o Processos de fabricação relativamente baratos e de bom custo-benefício. Três matérias orgânicos precursores diferentes são usados: raiom, poliacrilonitrila e piche. Compósitos poliméricos reforçados com fibras de carbono são empregados extensivamente em equipamentos esportivos, carcaças de motores a jato, componentes estruturais de aeronaves e helicópteros (asa, fuselagem, estabilizadores e outros). ▪ Reforçados com Fibras de Aramida Especialmente desejáveis pela excepcional relação resistência- peso, superior em relação aos metais. Material conhecido por sua tenacidade, resistência ao impacto, resistência a fluência e à falha por fadiga, embora sejam termoplásticos, são resistentes a combustão e a temperaturas elevadas sendo apenas suscetíveis à degradação por ácidos e bases fortes. Podem ser processadas usando operações têxteis mais comuns, aplicações típicas são em produtos balísticos, artigos esportivos, pneus, cordas e carcaças de mísseis. Propriedades de compósitos de Matriz Polimérica Reforçados com Fibras Contínuas/Alinhadas (em todos os casos, a fração volumétrica da fibra é de 0,60) Propriedade Vidro-E Carbono Aramida (Kevlar 49) Massa especifica 2,1 1,6 1,4 Módulo de tração Longitudinal(GPa) Transversal(GPa) 45 12 145 10 76 5,5 Limite de resistência à tração Longitudinal(MPa) Transversal(MPa) 1020 40 1240 41 1380 30 Deformação no limite de resistência à tração Longitudinal Transversal 2,3 0,4 0,9 0,4 1,8 0,5 R. F. Floral e S. T. Peters, Composite Structures and Technologies, 1989 Um limitador para a utilização dos compósitos de matriz polimérica se dá pelo fato que a matriz determina a temperatura máxima de serviço, uma vez que ela normalmente amolece, funde ou degrada em uma temperatura muito mais baixa que o reforço fibroso. II. Compósitos com matriz metálica (metal-matrix composites) Algumas vantagens desses materiais em relação aos compósitos com matriz polimérica incluem temperaturas de operação mais elevada, não serem inflamáveis e maior resistência a degradação por fluidos orgânicos. Os compósitos com matriz metálica são mais caros que os de matriz poliméricas, portanto seu uso é mais restrito. As superligas, assim como alumínio, magnésio, titânio e cobre são utilizadas como matriz. Utilizados na indústria aeroespacial, no telescópio espacial Hubble e satélites de GPS para o empacotamento eletrônico e os sistemas de gerenciamento térmico. III. Compósitos com matriz cerâmica (ceramic-matrix composites) Materiais cerâmicos são inerentemente resistentes a oxidação e a deterioração em temperaturas elevadas; se não fosse pela predisposição desses materiais à fratura frágil, eles seriam ideais para o uso em aplicações a altas temperaturas e tensões severas, como componentes de motores e turbinas. A tenacidade à fratura das cerâmicas vem sendo melhorada de forma significativa, essencialmente, essa melhoria resulta das interações entre as trincas que avançam e as partículas da fase dispersa que impede ou retarda a propagação. O aumento da tenacidade por transformação é uma técnica interessante empregada. Esses compósitos podem ser fabricados usando técnicas de prensagem a quente, prensagem isostática a quente e sinterização a partir da fase liquida. Uma aplicação dada para as aluminas reforçadas com fibras Whiskers de SiC são empregadas como enxerto em ferramentas de corte para a usinagem de ligas metálicas, sua vida útil é maior do que ferramentas de carbeto cimentados. IV. Compósitos Carbono-Carbono Um dos matérias mais avançados e promissores, como o nome indica tanto o reforço quanto a matriz são de carbono. Relativamente novos e caros, por isso não são utilizados extensivamente. Propriedades alcançadas por esses compósitos: ▪ Altos módulos e limites de resistência a tração para temperaturas acima de 2000°C ▪ Resistencia a fluência e valores altos de tenacidade ▪ Baixo coeficiente de expansão térmica ▪ Condutividade térmica alta ▪ Suscetibilidade a choques térmicos Sua principal desvantagem é uma propensão a oxidação em altas temperaturas. A razão principal pelo alto custo são as técnicas de processamento complexas empregadas. Os procedimento preliminares são similares aos usados para os compósitos de matriz polimérica e fibra de carbono. As fibras são posicionadas de acordo com o padrão desejado, então impregnadas com uma resina polimérica liquida, a peça é conformada ao seu formato final e é feita a cura da resina. Depois a resina da matriz é pirolisada, ou seja, convertida em carbono pelo seu aquecimento em uma atmosfera inerte. O compósito resultante consiste, nas fibras de carbono originais contidas nessa matrizde carbono pirolisada. Compósitos carbono-carbono são empregados em motores de foguetes, matérias de atrito em aeronaves e automóveis de alta performance e como escudos ablativos para veículos de reentrada na atmosfera. V. Compósitos híbridos Obtido pela utilização de dois ou mais tipos de fibras em uma única matriz. Diversas combinações de fibras e materiais são usados, mas a combinação mais comum é fibras de carbono e vidro incorporadas em uma matriz polimérica. As fibras de carbono são resistentes e relativamente rígidas e proporcionam um reforço de baixa massa especifica, no entanto são caras. As fibras de vidro são mais baratas mas carecem da rigidez do carbono. O hibrido vidro-carbono é mais resistente e tenaz, tem maior resistência ao impacto e pode ser produzido a um custo menor do que os respectivos compósitos totalmente reforçados com uma única fibra. As principais aplicações para os compósitos híbridos são na fabricação de componentes estruturais de baixo peso para transportes terrestres, marítimos e aéreos, artigos esportivos e componentes ortopédicos de baixo peso. VI. Processamento de Compósitos Reforçados com Fibras Foram desenvolvidas várias técnicas de processamento de compósitos que proporcionam distribuição uniforme e alto grau de alinhamento das fibras. ▪ Pultrusão: Formam-se componentes com comprimentos contínuos e secção transversal constante, à medida que mechas de fibras impregnadas com resina são puxadas através de um molde. Utilizada na fabricação de barras, tubos, vigas, é um processo facilmente automatizado, com altas taxas de produção de baixo custo. ▪ Produção de Prepreg: Usada para a preparação de compósitos empregados em aplicações estruturais usando uma operação de empilhamento, na qual camadas de fitas de prepreg são dispostas sobre uma superfície trabalhada e são subsequentes curadas por completo pela aplicação simultânea de calor e pressão. ▪ Enrolamento Filamentar: Processo pelo qual fibras continuas de reforço são posicionadas de maneira precisa, segundo um padrão predeterminado, para produzir uma peça oca. As fibras ou mechas revestidas com resina são enroladas continuamente sobre um mandril, seguido por uma operação de cura. 5. Compósitos estruturais É um compósito multicamada e em geral de baixa massa especifica, usado em aplicações que exigem integridade estrutural, resistência a tração, compressão, torção e rigidez elevadas. As propriedades não dependem somente dos materiais constituintes, mas também do projeto geométrico dos elementos estruturais. I. Compósitos Laminados Conjunto de lâminas bidimensionais coladas umas às outras, cada lâmina possui uma direção de alta resistência. Suas propriedades dependem do sequenciamento das direções de alta resistência de camada para camada, podendo ser: unidirecional, cruzado, com camadas em ângulo e multidirecional. Utilizado principalmente nos setores aeronáutico, automotivo, marítimo e infraestrutura civil. II. Painéis Sanduíche Consistem em duas lâminas superficiais rígidas e resistentes que estão separadas por um material ou estrutura de núcleo. Essas estruturas combinam resistência e rigidez relativamente altas com baixa massa especifica. Tipos de núcleo comuns são as: ▪ Espumas poliméricas rígidas: poliestireno, fenol- formaldeído, poliuretano, polipropreno. ▪ Madeiras de baixa massa especifica: balsa. ▪ Estruturas colmeia: células intertravadas de geometria frequentemente hexagonal produzidas a partir de laminas delgadas. Podem ser feitas de ligas metálicas, polipropreno, papel Kraft, fibras de aramida Os painéis sanduiches são usados em ampla variedade de aplicações em aeronaves, construção, revestimento arquitetônico, isolamento e outros. 6. Nanocompósitos Classe de materiais compósitos em desenvolvimento, são compostos por partículas com tamanho manométrico inseridas em um material de matriz. Podem ser projetadas para possuir propriedades mecânicas, elétricas, magnéticas, óticas, térmicas, biológicas entre outras, podendo se adaptar a aplicações especificas. Alguns nichos de aplicação de nanocompositos: ▪ Revestimento de barreira contra gases ▪ Armazenamento de energia ▪ Revestimento de barreiras contra chamas ▪ Restauração dentaria ▪ Dissipação eletrostática 7. Estudo de caso ● Uso de compósitos no Boeing 787 Dreamliner Revolução no uso de materiais compósitos para aeronaves comerciais, teve início com o advento do Boeing 787. Aeronave com duas turbinas, de tamanho médio foi a primeira a usar materiais compósitos para a maior parte de sua construção. Resultados obtidos: ▪ Mais leve que o antecessor; ▪ Maior eficiência de combustível, redução aproximada de 20%; ▪ Menos emissões e maior autonomia de voo; ▪ Níveis de pressão e umidade na cabine maiores; ▪ Redução do nível de ruídos; ▪ Maior espaço interno (bagagens, assentos, janelas); Teor dos materiais Boeing 787 e 777 (Porcentagem em Peso) Aeronave Compósito s Ligas de Al Ligas de Ti Aço Outros 787 50 20 15 10 5 777 11 70 7 11 1 Adaptados de Ghabchi, Arash, “Thermal Spray at Boeing: Past Present, and Future”. International Thermal Spray & Surface Engineering, Vol.8 N°1 February 2013. A estrutura mais comum utilizados são os laminados de epóxi com fibras continuas de carbono, utilizados na fuselagem, nas aeronaves anteriores a fuselagem eram laminas de alumínios presas umas às outras por meio de rebites. Algumas vantagens: ▪ Redução custo de montagem, eliminados 1500 laminas de alumínio e 50000 rebites; ▪ Redução programada nos custos de manutenção e inspeção de corrosão e trincas de fadiga; ▪ Redução no arraste aerodinâmico, os rebites aumentam a resistência ao vento. 8. Aplicações atuais Caracterização morfológica e mecânica do compósito de PP reforçado com fibras de bagaço de cana A adição de fibras lignocelulósicas do bagaço da cana de açúcar quando inseridas na matriz de polipropileno (PP) revelam uma melhoria nas propriedades mecânicas quando comparadas com a matriz pura e uma possível redução nos custos do produto final sugerindo uma aplicação industrial. Na busca por inovações tecnológicas, este trabalho apresenta um estudo sobre o desenvolvimento de um compósito de PP reforçado com fibra de celulose do bagaço da cana de açúcar, devido ao baixo custo, tanto da fibra quanto da matriz adotada, e de suas excelentes propriedades mecânicas. No presente trabalho, será avaliada a caracterização da fratura no compósito, pelas técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e dureza Shore D. O valor da dureza Shore D para os compósitos de PP com 5 e 10% de fibra, foram da ordem de 60. Pesquisa focada na sustentabilidade. O excesso de cana de açúcar geralmente é queimado, emitindo poluentes para o ambiente Substituição de madeira por materiais verdes em Playgrounds O objetivo deste trabalho, que é o recorte de uma pesquisa em andamento, é analisar materiais compósitos e sugerir a substituição da madeira natural em playgrounds por essa matéria-prima. Esses compósitos, conhecidos como materiais verdes, combinam fibras naturais com polímeros biodegradáveis, sendo eles sustentáveis, ou seja, de fácil compostagem no final de sua vida útil, sem prejudicar o meio ambiente. A partir de uma investigação laboratorial, com foco 3 (três) materiais compósitos, foram utilizados equipamentospara análise da superfície e composição química do produto. Os resultados demonstram que os 3 (três) materiais podem substituir a madeira natural, devido à sua resistência e durabilidade, porém, necessita-se de mais ensaios para verificar a viabilidade quanto ao processo de usinagem de peças para os equipamentos de playground. O Uso de Compósitos Estruturais na Indústria Após décadas de uso restrito em alguns setores da indústria, como na área de mísseis, foguetes e aeronaves de geometrias complexas, os compósitos poliméricos estruturais, também denominados avançados, têm ampliado a sua utilização em diferentes setores da indústria moderna, com um crescimento de uso de 5 % ao ano. Atualmente, a utilização de estruturas de alto desempenho e com baixo peso tem sido feita nas indústrias automotiva, esportiva, de construção civil, entre outras. Transporte A tendência mundial mostra que a indústria automotiva a médio e longo prazos será a maior usuária dos compósitos poliméricos. No entanto, esta lucrativa oportunidade só se firmará quando os compósitos reforçados com fibras de vidro e carbono apresentarem preço competitivo com o alumínio e o aço. A possibilidade de aplicação dos compósitos neste setor é na manufatura de um sistema único de estruturas como chassis e carrocerias, principalmente pelos processos de moldagem e RTM, podendo ainda ser ampliado na manufatura do tanque de combustível, pelo processo de bobinagem, entre outras. Hoje, esta indústria já faz uso de polímeros e de compósitos com fibras picadas na fabricação de componentes sem exigência estrutural primária. Com relação aos compósitos carbono/carbono, hoje estes materiais já são utilizados como discos de freios em carros de formula-1 e trens de alta velocidade, em substituição ao asbestos. Construção Civil Durante muito tempo os compósitos poliméricos têm sido utilizados basicamente para reparos e adequações de pontes e edificações danificadas. No entanto, a deterioração da parte pavimentada das pontes (leito da ponte) é considerado um sério problema de infra-estrutura. Tal desafio tem levado à investigação de materiais não-convencionais para solucionar esses problemas. Avanços na manufatura de compósitos poliméricos reforçados com fibras, somado aos valores de resistência e rigidez desses materiais nas condições de uso, simulados em laboratório, levaram à produção, nos Estados Unidos da América no estado da Virgínia, de módulos de leitos de pontes para reparos temporários ou permanentes. Inicialmente, o custo desses leitos em material compósito é cerca de 60% maior que o correspondente à produção de leitos em concreto. No entanto, a busca por uma produção em escala industrial e o menor peso desses leitos, facilitando o seu transporte e a sua colocação final, têm motivado a continuidade dos trabalhos de substituição de materiais convencionais. Uma outra área da indústria da construção civil que tem dedicado atenção especial aos compósitos poliméricos estruturais, na tentativa de minimizar o peso das estruturas e diminuir os riscos de desabamentos, mantendo as mesmas características mecânicas dos materiais convencionais, é a construção de edificações em áreas sujeitas a abalos sísmicos. Células Combustível Os compósitos carbono/carbono além de suas aplicações no setor aeroespacial têm encontrado aplicações em células combustível como eletrodos e outros componentes estruturais, devido à sua excelente resistência à corrosão e boas propriedades térmicas e elétricas. A maioria das células combustível modernas é baseada no uso de eletrólitos à base de ácido fosfórico como eletrólito, operando a 204°C e gerando de 200 kW a 11 MW d energia elétrica. Estas células individuais são ligadas em série formando módulos. A combinação de muitos desses módulos são utilizados para formar um gerador de energia. Protótipos dessas células com compósitos CRFC têm mostrado bons resultados, porém a viabilização de seu uso depende, ainda, da redução do custo e do tempo de preparação do compósito. Outras Aplicações Na área médica os materiais compósitos poliméricos têm encontrado aplicação na confecção de próteses ortopédicas externas e o compósito carbono/carbono em próteses ortopédicas internas. O compósitos poliméricos reforçados com fibras de carbono têm sido utilizados, também, em sistemas de antenas, devido às suas boas propriedades de reflexão de rádio-freqüência, alta estabilidade dimensional e boa condutividade elétrica. Isto inclui antenas parabólicas, subrefletores e estruturas traseiras de emissores de rádio-freqüência. Uma outra área que vem se beneficiando das propriedades de resistência mecânica e menor peso dos compósitos estruturais é a de construção de plataformas off-shore e de equipamentos para a extração de petróleo em alto mar. O uso de compósitos obtidos pelo processo de bobinagem tem oferecido muitas vantagens nesta área, permitindo o projeto de tubos com as características desejadas à aplicação, em função da escolha correta da fibra, matriz e da orientação das fibras durante a bobinagem. Olhando para o Futuro Sabendo-se que, os compósitos avançados são obtidos pela combinação de materiais com diferentes características físico-químicas e mecânicas e pela utilização de diferentes processos de manufatura, necessitando esses desempenhar funções estruturais cada vez mais exigentes, os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento nesta área são cada vez mais importantes. A crescente utilização dos compósitos estruturais têm estimulado a formação de recursos humanos cada vez mais capacitados, de modo a atingir com êxito os desafios da obtenção de componentes com funções múltiplas, atendendo requisitos de utilização como: menor peso, maior desempenho mecânico, transparência à radiação, resistência à erosão, entre outras. Referências 1. Composites Technology . Yellow Pages 2000. International Edition, v. 6 (3), 620, 2000. 2. Sampe Journal, v. 35(6), 1999. 3. Sampe Journal, v. 35(4), 1999. 4. Sampe Journal, v. 35(3), 1999. 5. Sampe Journal, v. 35(2), 1999. 6. Sampe Journal, v. 35(1), 1999. 7. Sampe Journal, v. 34(6), 1998. 8. Sampe Journal, v. 34(5), 1998. 9. Sampe Journal, v. 34(4), 1998. 10. LEE, S.M. International Encyclopedia of Composites, v. 1-6, VCH, New York, 1991. - DAI, D.; FAN, M. Wood fibres as reinforcements in natural fibre composites: structure, properties, processing and applications. 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