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CICLO CARDÍACO - RESUMO O ciclo cardíaco é uma série de eventos cardíacos que ocorrem entre o início de dois batimentos. Para entender esses eventos, é necessário saber um pouco sobre o coração, que na verdade é formado por duas bombas distintas: coração direito e esquerdo. Essas bombas são formadas por três tipos de músculos: atrial, ventricular e fibras especializadas excitatórias e condutoras. Esses músculos do átrio e do ventrículo são formados por fibras miocárdicas que funcionam como um sincício por estarem unidas por discos intercalados, um complexo de três junções celulares: desmossomos, zônulas de aderência e junções comunicantes (GAP). A contração dessas fibras ocorre um pouco diferente do músculo esquelético. No átrio e ventrículo, a duração da contração é bem maior (até 15x maior) porque a repolarização não ocorre logo após a despolarização, o potencial permanece positivo por cerca de 0,2seg, é o chamado ‘platô’. Ele se deve a existência de não só os canais rápidos de Na+ dependentes de voltagem, os quais despertam a ponta inicial da despolarização; mas também de canais lentos de cálcio-sódio dependentes de voltagem, os quais demoram mais para se abrir e permanecem abertos por mais tempo, sendo, assim, responsáveis pelo platô. Outra causa para essa demora é que a permeabilidade para íons potássio está 5x diminuída no início do potencial, apenas aumentando quando os canais lentos de cálcio-sódio se fecham, havendo súbita repolarização. Durante a contração, o acoplamento excitação-contração acontece de forma muito parecida com o músculo esquelético. A principal diferença é que no cardíaco, o Ca²+ não vem apenas do RE, mas tbm de canais dependentes de voltagem na membrana dos próprios túbulos T. A força de contração cardíaca depende muito da concentração deCa²+ extracelular, pois o seu RE não é tão bem desenvolvido. O O início do ciclo cardíaco, ou seja, uma contração, se dá pela geração espontânea de um potencial de ação no nodo sinusal, o marca-passo do coração. Esse nodo está localizado no átrio direito, o que permite que os átrios se contraiam antes dos ventrículos. O ciclo se divide em períodos de contração, a chamada sístole, e de relaxamento, a diástole. O percurso do sangue que vem das veias é fluir de forma contínua para os átrios, onde 80% do sangue que chega já passa diretamente para o ventrículo, somente 20% é transferido com a contração atrial. Como o coração tem a capacidade de bombear cerca de 300% a mais do que o necessário, quando os átrios falham, a diferença dificilmente será notada. Então, durante a sístole ventricular, enquanto as valvas AV estão fechadas, os átrios se enchem. Quando a pressão neles está suficientemente alta, a valva AV se abre, dando início à diástole. No primeiro terço da diástole, temos o período de enchimento rápido ventricular. No segundo terço, há pouco enchimento, o qual é derivado do sangue que continua chegando das veias e fluindo diretamente. No último terço da diástole, os átrios se contraem, gerando fluxo sanguíneo que corresponde a 20% do enchimento ventricular total. Com esse enchimento, a pressão do ventrículo aumenta, o que causa o fechamento da valva AV. Nesse momento, os músculos papilares puxam, por meio das cordas tendíneas, as extremidades das valvas para os ventrículos para evitar que elas sejam abauladas em direção aos átrios. Após isso, o ventrículo contrai-se por mais 0,02 a 0,03 segundos até que tenha pressão suficiente para empurrar e abrir as válvulas semilunares. Esse é o período de contração isovolumétrica. Quando as semilunares se abrem, dá-se início ao período de ejeção, já lançando 70% do seu volume no primeiro terço, o período de ejeção rápida. Os dois outros terços formam o período de ejeção lenta. A alta pressão das artérias agora cheias empurra sangue de volta para os ventrículos, causando o fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Depois disso, por 0,03 a 0,06 segundos os ventrículos passam por um período de relaxamento isovolumétrico, que culmina na abertura das valvas mitral e tricúspide, dando início a um novo ciclo. No contexto da ausculta cardíaca, o fechamento das valvas AV corresponde à primeira bulha, marcando o início da sístole. Já o fechamento das semilunares corresponde à segunda bulha, marcando o início da diástole. Existem também a terceira e a quarta bulhas cardíacas, que nem sempre são audíveis devido à complacência pulmonar. A B3 se caracteriza pelo impacto do sangue na parede ventricular durante o enchimento passivo da diástole. A quarta bulha cardíaca é provocada pelo impacto do sangue, na parede ventricular, durante a sístole atrial. Conceitos importantes a serem tratados são os de pré-carga e pós-carga, que se relacionam com a dificuldade de ejeção do sangue enfrentada pelo ventrículo. A pré- carga está relacionada ao momento antes da ejeção, e a pós-carga ao momento durante a ejeção. A pré-carga pode ser medida como o volume diastólico final, ou seja, quanto maior o enchimento, maior será a quantidade de sangue ejetado, ou seja, a pré-carga será aumentada. Esse conceito relaciona-se com o mecanismo de Frank-Starling, pelo qual quanto mais o coração for distendido por enchimento, maior será a sua força de contração. Já no que se refere à pós-carga, ela aumenta quanto maior for a pressão arterial, pois mais difícil é a ejeção. Logo, o fator que mais interfere na pós-carga é a resistência vascular periférica. Sendo assim, quando a resistência vascular periférica é aumentada, há um conseqüente aumento na pós-carga, ou seja, para o mesmo volume de ejeção é necessário empreender uma força muito maior. Com relação ao efeito da pré-carga sobre a ejeção, quanto maior a pré-carga, pelo mecanismo de Frank-Starling, maior será a distensão das paredes ventriculares e, conseqüentemente, maior a ejeção. Um adendo é que quando a frequência cardíaca aumenta, a duração de cada ciclo diminui, sendo que, proporcionalmente, o tempo de diástole diminui bem mais que o de sístole. Portanto, em frequência muito rápidas, o coração não permanece relaxado tempo suficiente para permitir o enchimento de suas câmaras cardíacas antes da próxima contração.
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