Buscar

livro sociedade, educacao e cultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 210 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 210 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 210 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2013
Sociedade, educação 
e cultura
Prof. Everaldo da Silva 
Prof. Vilmar Urbaneski
Copyright © UNIASSELV 2013
Elaboração:
Prof. Everaldo da Silva 
Prof. Vilmar Urbaneski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
370.1
S586s Silva, Everaldo da
Sociedade, educação e cultura / Everaldo da Silva e Vilmar 
Urbaneski. Indaial : Uniasselvi, 2013.
200 p. : il 
 
ISBN 978-85-7830-730-1
1. Educação – Filosofia.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
apreSentação
Caro(a) acadêmico(a)!
Percebemos que, atualmente, vivemos no descaso diante de todas 
as formas de desvirtuamento que caracterizam a sociedade moderna, com 
excessiva riqueza e muita miséria, com possibilidades de paz e uma realidade 
de guerra. Um limiar de século marcado por famílias sem terra, sem teto, 
sem alimento e, principalmente, sem direito ao estudo. No entanto, temos 
alternativas para compreender e melhorar as nossas vidas, algo que era 
totalmente impensável nas gerações anteriores.
Todas essas questões são uma preocupação da Sociologia, disciplina 
que desempenha um papel importante na sociedade moderna. A Sociologia 
estuda a vida social humana, dos grupos e das sociedades. Ela é instigante, 
porque trabalha com o nosso próprio comportamento como seres humanos. 
Uma das funções da Sociologia é estudar como as sociedades continuam 
funcionando ao longo do tempo e as mudanças que sofrem. 
Aprender Sociologia é desenvolver a capacidade de pensar de forma 
imaginativa e de nos distanciarmos de ideias preconcebidas sobre as relações 
sociais. A tarefa da Sociologia é investigar a ligação que há entre o que a 
sociedade faz de nós e o que fazemos de nós mesmos.
A preocupação em compreender o comportamento humano e a 
sociedade é um fato recente, surgido no princípio do século XIX. O mundo 
contemporâneo é muito diferente do passado e a missão da Sociologia é 
ajudar-nos a compreender o mundo em que vivemos e nos alertar para aquilo 
que possa ocorrer no futuro.
Várias pessoas são atraídas pela Sociologia, sendo fascinante, 
provocativa e aplicável, principalmente quando a sociedade passa por 
mudanças drásticas, como, por exemplo, o processo de industrialização. Assim, 
possui importantes consequências práticas, permitindo compreendermos 
um determinado conjunto de acontecimentos sociais, aumentando nossa 
sensibilidade cultural e possibilitando o autoconhecimento.
Desde sua constituição como disciplina autônoma, se diferencia de 
outras disciplinas científicas que têm a vocação de estudar o social com o discurso 
do senso comum. Uma das condutas da Sociologia é objetivar as práticas e, 
consequentemente, revelar aos atores sociais os fatores que determinam seus 
comportamentos, discursos e os mecanismos de dominação que ocorrem. 
IV
Não podemos refletir sobre a vida social sem discutirmos temas 
importantes como cultura, diferenças sociais, moral, ética, política, poder, 
entre outros temas que são objeto de estudo dessa ciência. Os intelectuais e, 
sobretudo, os sociólogos são mais do que nunca necessários. Eles são capazes 
de desempenhar o papel de ouvidores, de dizer tudo aquilo que o discurso 
dominante sufoca e oculta.
Enfim, este Caderno de Estudos busca instigar você, caro(a) 
acadêmico(a), a pesquisar mais sobre os assuntos aqui tratados. Desejamos 
sucesso na sua caminhada em busca do conhecimento!
Prof. Everaldo da Silva
Prof. Vilmar Urbaneski
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você 
que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em 
nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
Sumário
UNIDADE 1 - UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES ..................... 1
TÓPICO 1 - SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS .................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 SOCIOLOGIA: SUAS ORIGENS ...................................................................................................... 3
3 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA ................................................................................................... 11
4 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 13
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 - KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO .............................................................. 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 KARL MARX: PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIEDADE .................................................. 19
 2.1 ALGUMAS IDEIAS DE MARX ...................................................................................................... 20
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 25
 2.2 MARX E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO ............................................... 27
3 MAX WEBER E ALGUMAS DAS SUAS IDEIAS .......................................................................... 28
 3.1 WEBER E A EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................ 31
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 33
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................37
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38
TÓPICO 3 - DURKHEIM, BOURDIEU E BAUMAN E A EDUCACÃO ....................................... 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 ÉMILE DURKHEIM: CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................... 41
3 PIERRE BOURDIEU EM FOCO ........................................................................................................ 45
 3.1 BOURDIEU E EDUCAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS......................................................... 48
4 ZYGMUNT BAUMAN ........................................................................................................................ 49
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 52
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 58
UNIDADE 2 - SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO ........................................... 61
TÓPICO 1 - EDUCAÇÃO: MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE EM DISCUSSÃO .... 63
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 PÓS-MODERNIDADE ........................................................................................................................ 63
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 78
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO E OS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS ........................................... 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
VIII
2 ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE METÁFORAS ............................................................ 81
 2.1 ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO MÁQUINAS ....................................................................... 82
 2.2 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO ORGANISMOS ............................................................ 86
 2.3 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CÉREBRO ..................................................................... 89
 2.4 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CULTURAS .................................................................. 90
 2.5 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO SISTEMAS POLÍTICOS .............................................. 92
 2.6 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO ..................... 93
3 GESTÃO ESCOLAR ............................................................................................................................. 93
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 96
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 100
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 103
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 104
TÓPICO 3 - APRENDER A APRENDER: A QUINTA DISCIPLINA ............................................ 107
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 107
2 A QUINTA DISCIPLINA .................................................................................................................... 107
 2.1 METANOIA: MUDANÇA DE MENTALIDADE ........................................................................ 111
 2.1.1 Algumas das leis da quinta disciplina ................................................................................. 113
 2.1.2 Feedback de reforço e balanceamento ................................................................................. 115
 2.1.3 Solução sintomática x solução fundamental ....................................................................... 115
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 118
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 123
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 124
UNIDADE 3 - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: TEMAS E TENDÊNCIAS............................... 125
TÓPICO 1 - CULTURA E EDUCAÇÃO EM DISCUSSÃO ............................................................. 127
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 127
2 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO ................................................................................... 127
3 EDUCAÇÃO: ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL, 
 MULTICULTURALISMO E INTERCULTURALISMO ................................................................ 129
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 138
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 143
TÓPICO 2 - TEMAS DIVERSOS E EDUCAÇÃO ............................................................................. 147
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147
2 EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................................ 148
3 EDUCAÇÃO: PREOCUPAÇÃO PARA COM O TRABALHO .................................................... 155
4 CONHECIMENTO: UMA DAS FINALIDADES DA EDUCAÇÃO .......................................... 159
5 AS GERAÇÕES NA ESCOLA: DESAFIOS PARA O PROFESSOR .......................................... 160
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 164
 5.1 GERAÇÃO Z..................................................................................................................................... 166
6 EDUCAÇÃO, VIDA URBANA E VIOLÊNCIA .............................................................................. 168
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 171
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 174
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 175
TÓPICO 3 - SOCIOLOGIA EM EDUCAÇÃO EM FOCO ............................................................... 179
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................179
2 PESQUISAS EM EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................. 179
3 PESQUISAS EM SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ....................................................................... 183
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 187
IX
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 190
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 191
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 192
X
1
UNIDADE 1
UM CONVITE À SOCIOLOGIA: 
CONCEITOS E APLICAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender os antecedentes históricos da Sociologia;
• entender as concepções sobre as finalidades da Sociologia;
• conhecer o pensamento clássico da Sociologia;
• compreender as relações entre a Sociologia clássica e a educação.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – SOCIOLOGIA: PRIMEIROS PASSOS
TÓPICO 2 – KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – DURKHEIM, BOURDIEU E BAUMAN E A EDUCAÇÃO
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
1 INTRODUÇÃO
Nas conversas do dia a dia é muito comum as pessoas opinarem sobre a 
sociedade, emitindo desde críticas ou até mesmo pareceres com sofisticação ou 
não, sobre determinados setores específicos. Podemos até dizer que algumas destas 
pessoas podem ter um parecer com maior consistência teórica, outras podem 
buscar fatos e dados estatísticos para comprovar a sua versão sobre a sociedade 
ou, ainda, alguns não conseguem sustentar com fundamento algum o seu parecer 
sobre propostas de mudanças ou anomalias no interior da sociedade. 
E nestas opiniões sobre a sociedade podem se fazer presentes elementos 
como: família, poder, política, educação, dentre outros, que retratam sobre o 
funcionamento, as anomalias e os possíveis impactos na sua área de atuação ou 
na educação.
Na história da humanidade, você pode encontrar várias teorias sobre a 
sociedade ou até mesmo propostas para melhorar o funcionamento da mesma ou, 
inclusive, explicar as anomalias. Estas teorias dependem de época para época, de 
sociedade para sociedade e de pensador para pensador. Ou ainda, de área para 
área de estudo. E uma das áreas de estudo que tem se dedicado ao entendimento 
do funcionamento da sociedade, dentre outras finalidades, é a Sociologia. 
Neste tópico você estudará o contexto do surgimento da Sociologia e os 
antecedentes históricos, algumas concepções sobre a Sociologia e as suas finalidades 
e áreas de estudo.
2 SOCIOLOGIA: SUAS ORIGENS
A Sociologia é uma das áreas de estudo que surgiu no início da modernidade 
com o propósito de compreender a sociedade de um modo geral (é claro, os 
primeiros sociólogos tinham cada qual o seu entendimento sobre a sociedade). 
A Sociologia surge no início da modernidade. Todavia, o período anterior 
à modernidade é conhecido como a Idade Média, historicamente está situada 
entre o século V ao século XV (para tal período é possível encontrar o termo pré-
modernidade). 
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
4
A Sociologia surge no início da modernidade, ou seja, num período de 
profundas transformações, como: o Renascimento cultural, a Reforma Protestante, 
até as grandes navegações que permitiram ao homem superar os obstáculos da 
natureza. Ou seja, em tal período a mentalidade do homem toma outros rumos, 
principalmente o de colocar em suas mãos o seu próprio destino. 
Entretanto, o período anterior à modernidade é conhecido como a Idade 
Média, quando a mentalidade predominante do homem era a salvação da alma, a 
fé e, principalmente, o homem deveria guiar-se pela vontade de Deus. Ou seja, o 
homem de mentalidade medieval ocidental preocupava-se muito com a salvação 
da alma, no sentido de fazer parte do paraíso celeste e não habitar no inferno, e 
para tanto deveria preparar-se para salvar a sua alma.
FIGURA 1 – PINTURA MEDIEVAL REPRESENTANDO O INFERNO
FONTE: Disponível em: <http://gratefultothedead.wordpress.
com/2011/08/28/getting-medieval-on-the-doctrine-of-hell/>. Acesso em: 
20 de dez. de 2011.
Desta forma, podemos afirmar que na Idade Média, de um modo geral, a 
religião teve um papel relevante na vida das pessoas. Influenciava na política, na 
educação, na economia, na cultura, na organização da sociedade e até mesmo no 
entendimento sobre a mesma. A visão de certa forma predominante na Europa era 
a visão teocêntrica do mundo. Ou seja, do grego (théos: Deus), e neste sentido, o 
teocentrismo medieval significava que Deus era o centro das atenções e/ou ainda, 
Deus era a medida de todas as coisas. Inclusive, em tal cenário, as igrejas medievais, 
de certa forma, frente à sua imponência, tornavam o homem inferior frente a Deus.
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
5
FIGURA 2 – A IMPONÊNCIA DE UMA IGREJA MEDIEVAL
FONTE: Disponível em: <cidademedieval.blogspot.com>. Acesso em: 20 out. 2011.
No âmbito social, a sociedade medieval era composta pelo clero, a nobreza 
e os servos. Era assim porque era “a vontade de Deus”. Ou seja, a sociedade era 
desta forma porque Deus quis assim. Se a sociedade deveria ser organizada de 
outra maneira, Deus teria feito o mundo de outra maneira.
Neste sentido, na mentalidade medieval tinha-se a percepção de que o 
mundo era como era porque Deus quisera assim, ou seja, era sua vontade. E se 
deveria ser de outra maneira o mundo, Deus o teria feito de outro modo. Pode-se 
dizer que a crença que se tinha no período medieval era de que a sociedade era 
imutável e para isso buscavam-se justificativas das mais variadas, mas tendo como 
o ponto de sustentação a vontade de Deus.
Para efeito de entendimento da sociedade medieval, alguns homens 
dedicavam-se a servir a Deus, louvá-lo e pregar as palavras de Cristo no mundo 
(clero). Outros teriam a função de defender a cristandade com armas em mãos, 
bem como defender os fracos (nobreza). E, por fim, os que tinham a incumbência 
de trabalhar para que não faltasse pão para si e para os que defendiam (nobreza) 
e rezavam (clero). E neste sentido, o lugar que cada pessoa ocupava na sociedade 
medieval era vontade divina, por isso não deveria ser alterada a ordem social. 
Como mencionado anteriormente, as justificativas para a sociedade 
medieval ser da maneira como era estavam em Deus. No entanto, com o início 
da modernidade, novas ideias começam a se fazer presentes com maior força e 
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
6
intensidade, e de certa forma contribuíram para outras maneiras de compreender 
a sociedade. E neste cenário, outras áreas de estudo, como a Sociologia, começam 
a dar os seus primeiros passos. 
Entretanto, caro(a) acadêmico(a), outras áreas do conhecimento começam 
também a estar em evidência e apresentar suas teorias, como a Física, a Química, 
entre outras.
Nos séculos XV e XVI, período do surgimento conhecido como modernidade, 
há uma mudança significativa de mentalidade. O homem começa a valorizar com 
mais ênfase as suas capacidades racionais, com o propósito de desvendar com 
mais afinco a estrutura da natureza e o seu funcionamento. 
Entretanto, destaca-se que muitos homens e mulheres foram perseguidos 
devido à nova postura de pensar no período medieval, ou desejar pensar diferente. 
E a título de registro, cita-se: os aparelhos de torturamedievais, que de certa 
forma buscavam coibir o surgimento de novas ideias ou pessoas que tinham outra 
maneira de ver e pensar o mundo.
FIGURA 3 – APARELHOS DE TORTURA MEDIEVAIS 
FONTE: Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao.
asp?artigo=541>. Acesso em: 20 dez. de 2011. 
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
7
Neste sentido, a cultura teocêntrica perde espaço para a cultura 
antropocêntrica (antropo: homem: medida de todas as coisas, ou homem sendo 
o centro das atenções). Pode-se dizer que uma nova forma de ver, agir e pensar 
aparece, lentamente, entre os homens daquele período e que de certa forma 
contribuiu para impulsionar diversas transformações que estavam se fazendo 
presentes naquela época e que tiveram consequências nas diversas áreas do saber. 
Veja, por exemplo, Leonardo da Vinci e as suas invenções, que é um retrato da 
nova postura do homem frente ao mundo. Ou seja, um homem que cria, inventa, 
transforma o mundo do qual faz parte.
FIGURA 4 – UMA DAS INVENÇÕES DE LEONARDO DA VINCI – PARAFUSO VOADOR
FONTE: Disponível em: <http://hypescience.com/leonardo-da-vinci-melhores-ideias/>. 
Acesso em: 20 out. 2011.
De acordo com Andery et al. (1996, p. 175):
na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, 
no seu sentido mais genérico, era a preocupação central. As relações 
Deus-homem, que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram 
substituídas pelas relações homem e a natureza. Isso significava, com 
relação ao conhecimento, a valorização da capacidade do homem 
conhecer e transformar a realidade. 
Alguns eventos que se fizerem presentes entre o final da Idade Média e 
início da modernidade, de certa forma, estão em consonância com a “nova” 
mentalidade que se faz presente (URBANESKI, 2008).
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
8
De forma breve, destacaremos a seguir:
	Renascimento comercial: o sistema vigente na Idade Média era o feudalismo, 
no qual a economia era basicamente agrária e autossuficiente. Contudo, a partir 
da segunda metade da Idade Média, o comércio começou a ser reativado, e 
dentre os fatores que contribuíram estão as cruzadas e a produção excedente. 
Além disso, outros fatores estiveram presentes neste período, como: ascensão 
do capitalismo, incremento do sistema bancário, o mercantilismo e o surgimento 
de uma nova classe social: a burguesia. 
	Renascimento urbano: a vida no período medieval era predominantemente 
rural, viviam em torno dos castelos medievais. Contudo, com o renascimento 
comercial, surgem os burgos (pequenas vilas), onde as pessoas se encontravam 
para comercializar e trocar ideias, e lentamente começam a surgir as cidades, 
inicialmente chamadas de burgos.
	As grandes navegações: “a descoberta” da América (1494) por Cristóvão 
Colombo; Vasco da Gama chega às Índias (1498) e Pedro Álvares Cabral chega 
ao Brasil (1500). Foram fatos que contribuíram para ampliar o mundo conhecido 
e eliminar as ideias de que o mundo era plano, ou ainda, que houvesse monstros 
nos mares, dentre outras ideias. E, além disso, enalteceu a noção de que o 
homem era capaz de atravessar os mares e conquistar outros continentes e 
inclusive colonizá-los: como a África e a América (Novo Mundo). 
	Renascimento científico: o racionalismo e a preocupação com o entendimento 
da natureza estimularam as pesquisas científicas. Pensadores como Pietro 
Pomponazzi, Galileu Galilei, Copérnico e Leonardo da Vinci se fazem presentes 
com novas ideias, experimentos ou inventos. Por exemplo: Pomponazzi pregou 
a supremacia da razão, negou a Criação, a imortalidade da alma e os milagres. 
Eram escritos avançados para a época e que questionavam a estrutura existente 
e até a forma do homem compreender o mundo. 
	Reforma religiosa ou Reforma Protestante: que foi, a grosso modo, um 
movimento com características religiosas, políticas e econômicas e que iniciou 
com Lutero na Alemanha, no século XVI (vale destacar que outros pensadores 
já estavam criticando a Igreja anteriormente). Esta reforma provocou a 
separação de uma parte da comunidade católica da Europa, dando origem ao 
protestantismo. 
	Renascimento cultural: que foi um movimento intelectual, artístico e literário 
ocorrido na Europa, especialmente na Itália, nos séculos XV e XVI, o qual teve 
entre as suas características: a inspiração nas obras da antiguidade greco-
romana, a exaltação da vida, o sensualismo e o gosto artístico. Este movimento 
foi muito importante para a construção de uma nova mentalidade humana, pois 
as artes deram impulsos para mudar a forma de ver o mundo. Veja as figuras a 
seguir, sendo que a Figura 5 representa a mentalidade medieval e a Figura 6 a 
mentalidade renascentista.
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
9
FIGURA 5 – A MENTALIDADE MEDIEVAL
FONTE: Disponível em: <http://www.snpcultura.org/tvb_giotto_e_fra_angelico_o_melhor_de_
dois_pintores.html>. Acesso em: 20 out. 2011.
FIGURA 6 – MENTALIDADE RENASCENTISTA
FONTE: Disponível em: <nospassosdahistoria.blogspot.com>. Acesso 
em: 20 out. 2011.
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
10
Caro(a) acadêmico(a), você pode se perguntar: como era a educação medieval? 
Você deve ter em mente que os aspectos religiosos tinham muita importância neste período, 
ou seja, a educação era objeto de reflexão, principalmente de pensadores que, de forma direta 
ou indireta, pensavam de acordo com as ideias vigentes naquele contexto. 
Neste sentido, para efeito de registro, diz Suchodolski (1992, p. 20): “a 
verdadeira educação cumpre ligar ao homem a sua verdadeira pátria, a pátria 
celeste, e destruir ao mesmo tempo tudo o que prende o homem à sua existência 
terrestre”. Ou ainda, Craver e Ozmon (2004, p. 65) apontam que para Santo 
Agostinho, um dos pensadores medievais: “o grande objetivo da educação [...], 
é a perfeição do ser humano e a derradeira reunião da alma com Deus. [...] uma 
educação adequada direciona o aprendiz para um conhecimento que conduz ao 
verdadeiro ser, progredindo de uma forma inferior para uma forma mais elevada”. 
Ou seja, é aceitável mencionar que os propósitos educacionais deste período não 
destoavam com a mentalidade então vigente.
Caro(a) acadêmico(a), você percebeu que no início da Idade Moderna 
aconteceram fatos e eventos que possibilitaram a mudança do desenho da 
sociedade da época e, de certa maneira, impactaram sobre a forma dos pensadores 
teorizarem sobre o mundo ou mentalizarem propostas de organização social que 
também influenciaram o campo educacional. 
Neste sentido, até mesmo o entendimento sobre a sociedade começa a 
mudar, e a Sociologia aparece como uma das áreas de investigação que tem como 
objeto de estudo a sociedade, principalmente para entender, a princípio, a nova 
ordem social, econômica e política que estava emergindo naquele período, tendo 
como base os postulados científicos que estavam ganhando força na época.
As primeiras tentativas de se introduzir a Sociologia no Brasil deram-se por meio 
de sua inserção nos currículos secundários. Antes de 1920 já haviam sido tomadas algumas 
iniciativas para introdução da Sociologia, na forma de Sociologia da Educação ou da sociologia 
associada à moral, nos cursos secundários, com forte orientação positivista, isto é, buscando-
se análise objetiva para a compreensão da realidade, tendo por padrão o pensamento 
durkheimiano sobre a educação. Mas foi durante os anos 20, precisamente entre 1925-1928, 
que a Sociologia passou a integrar os currículos secundários (MAZZA, 2004, p. 97).
UNI
NOTA
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
11
Caro(a) acadêmico(a), frente ao exposto acima, você percebeu uma nova 
forma do homem pensar e entender o mundo no início da modernidade.
Para este período, salientam Andery et al. (1996, p. 177):
aliadaao rompimento do mundo medieval rompeu-se também a 
confiança nos velhos caminhos para a produção do conhecimento: a 
fé, a contemplação não eram mais consideradas vias satisfatórias para 
se chegar à verdade. Um novo caminho, um novo método, precisa ser 
encontrado, que permitisse superar as incertezas [...].
 Neste sentido, o homem busca na razão e na ciência caminhos que possam 
assegurar mais confiança nos seus conhecimentos do que até então adotados, ou 
seja, abandona as explicações que tinham alicerce em Deus para buscar explicações 
que tenham a ciência como guia. E neste contexto, a Sociologia surge amparada 
nos conhecimentos científicos para as suas investigações. É importante ressaltar 
que, neste período, pensadores como Descartes, Galileu, Copérnico, dentre outros, 
debruçaram seus estudos sobre o conhecimento científico. E neste contexto, a 
busca do conhecimento não estava vinculada às tradições religiosas, à fé ou até 
mesmo à Bíblia. 
Comte primeiramente colocou o nome desta disciplina de Física Social. Mais 
tarde, em 1836, alterou o nome para Sociologia, que vem do latim “socius” e do grego “logos”, 
significando o estudo do social.
Diante do cenário exposto, a Sociologia, de um modo geral, pode-se dizer 
que nasceu num ambiente de profundas mudanças sociais, políticas e econômicas. 
E esta Nova Ciência, que tem como objeto de estudo a sociedade, foi construída 
paulatinamente desde o século XVI e estabelecendo relações com diversas 
correntes de pensamento, dentre elas o racionalismo, o iluminismo, o marxismo, 
dentre outras.
3 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA
Você pode se perguntar: o que faz a Sociologia? Ao se debruçar sobre 
tal temática, diversas concepções de Sociologia e sua finalidade, você poderá 
encontrar:
A Sociologia, de modo bem simples, é o estudo sistemático do 
comportamento social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações 
sociais, como essas relações influenciam o comportamento das pessoas, 
e como as sociedades, a soma de tais relações, se desenvolvem e mudam 
(SCHAEFER, 2006, p. 3).
UNI
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
12
A Sociologia é uma das formas de compreender o ser humano no aspecto 
social. Mas não enfoca na personalidade do indivíduo como causa do seu 
comportamento, mas sim, na interação social, nos padrões sociais, a exemplo: os 
papéis sociais, a classe social, o poder político, a cultura. A sociologia, neste sentido, 
tem como âncora a ideia de que o homem deve ser entendido no contexto da sua 
vida social e como somos influenciados pelos padrões sociais (CHARON, 1999).
A sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão da vida 
social moderna. Ao longo deste período, praticamente toda a reflexão sobre a ordem política, 
econômica e cultural procurou adaptar-se ao surgimento da ciência (SELL, 2006, p. 32).
Na posição de Boneti (2008), a Sociologia é uma ciência que estuda a 
sociedade, especificamente o homem na sociedade, ou seja, o comportamento 
humano enquanto construção coletiva e os processos que interligam os indivíduos 
em ações, associações, grupos e instituições.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade dos 
fenômenos que lhe cabem, embora isto não seja objetivamente possível, 
mas a partir de fenômenos micros busca construir generalizações 
teóricas,, assim como, ao contrário, a partir de enfoque teórico genérico, 
busca compreender os acontecimentos e fatos sociais numa dimensão 
micro. Assim, hoje os sociólogos pesquisam as estruturas referentes à 
organização da sociedade, como raça ou etnia, classe social ou gênero, 
além de instituições, como é o caso da família e da educação (BONETI, 
2008, p. 1).
Caro(a) acadêmico(a), além das concepções acima, você poderá encontrar 
outras, inclusive mencionando sobre as finalidades da sociologia e as suas áreas 
temáticas. Por isso, Charon (1999) menciona que os sociólogos diferem sobre as 
temáticas, o qual aponta, a saber: sociedade, organização social, instituições ou 
sistemas institucionais, interação face a face e problemas sociais. 
A explicação que o senso comum apresenta a respeito da sociedade não tem 
a objetividade que muitos, sem discussão, acreditam que elas possuam. Mas se é verdade 
que a Sociologia, como qualquer outra ciência, pode errar nas suas explicações, as teorias 
desta disciplina são demonstravelmente mais confiáveis do que as elaborações intelectuais 
espontâneas de qualquer povo sobre si mesmo, em razão dos cuidados de que o sociólogo 
procura se cercar para formular as suas teorias (VILA NOVA, 2000, p. 26).
IMPORTANT
E
NOTA
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
13
Enfim, como já foi mencionado, a Sociologia, como ciência, teve a sua 
origem na modernidade, e desde o seu início até os dias atuais, diversas foram as 
concepções de Sociologia e suas finalidades. Portanto, será comum você encontrar 
diversos autores apresentando o seu parecer sobre a Sociologia e suas finalidades, 
objeto de estudo e que, para isso, buscam construir teorias das mais diversas 
ordens. Contudo, salienta-se que mesmo com a diversidade de concepções de 
Sociologia e seus propósitos, também são diversos os ramos da Sociologia, e um 
deles é a educação, como mencionada acima por Charon (1999).
4 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
Ao pesquisar sobre os ramos da Sociologia, você poderá encontrar os 
mais diversos, como: Sociologia Urbana, Sociologia da Religião, Sociologia do 
Conhecimento, Sociologia do Esporte, Sociologia das Organizações, Sociologia 
Jurídica, Sociologia da Educação, entre outros ramos. No entanto, para Boneti 
(2008), a Sociologia como ciência que estuda a sociedade tem como um dos seus 
principais objetos de estudo a educação.
A educação é uma instituição porque se constitui de uma necessidade 
e de uma atividade humana, refletindo frente ao conjunto de normas, 
regras, valores e atitudes. Tudo isso se constituindo de elementos 
passíveis de serem estudados pela Sociologia. Por outro lado, a Sociologia 
tem a educação como campo investigativo, considerando que qualquer 
atividade humana constrói e é construída por processos educativos. Isto 
é, a educação, mesmo aquela constituída de aprendizados construídos 
no mundo da vida, é um campo de investigação sociológica, isto é, o que 
a educação representa para a Sociologia (BONETI, 2008, p. 6).
De acordo com Tura (2004), a Sociologia tem uma importante contribuição 
a dar para o entendimento da organização da educação. O entendimento da 
educação, a partir dos parâmetros sociológicos, envolve questionamentos amplos 
a respeito da natureza humana e da sociedade e, além disso, a compreensão das 
formas de justificação e legitimação de ações e políticas educacionais, e também 
envolve nestas discussões os mecanismos de transmissão e assimilação de 
conhecimentos e diferentes processos de socialização.
Boneti (2008) destaca que a origem da Sociologia da Educação iniciou 
no século XIX com o sociólogo Émile Durkheim, com seu livro “Educação e 
Sociologia”, o qual considerou a educação como fato social e objeto primordial de 
investigação da Sociologia.
É claro, caro(o) acadêmico(a), que desde o surgimento da sociologia esta se 
especializou em ramos distintos, sendo a educação uma área de estudo da mesma. 
É comum na atualidade encontrarmos livros, artigos científicos e pesquisas deste 
campo do saber.
 
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
14
*A visão predominante na mentalidade medieval era o Teocentrismo: 
“Deus é o centro de tudo”. As obras de artes e livros mais importantes tratam 
de temas religiosos e o prédio de maior destaque de uma cidade era a igreja. Na 
mentalidade renascentista predominava o Antropocentrismo: o ser humano no 
centro das atenções e valoriza-se a vida terrena. 
* Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certodesprezo, 
pois este era um pecador. E desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, 
pois o homem merece sofrer porque é pecador. Já na mentalidade moderna, o 
homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua imagem e semelhança), porém, 
capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, viagens de descobertas, 
pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino, mudar de classe 
social, por exemplo, e não aceitar as coisas como vontade divina.
* Na mentalidade medieval, a vida terrena, bem como os bens materiais e o 
corpo, tinham pouca importância. O que era precioso era a salvação da alma. Fazer 
parte dos eleitos que habitariam o céu (Paraíso). Já a mentalidade renascentista 
continua cristã, porém considera que a vida material é muito importante, e, além 
disso, valoriza em muito o corpo. 
* Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve 
ser explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, 
terremotos). E devemos conhecer o mundo para admirar a obra de Deus e louvá-lo 
pela sua criação. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos da natureza 
LEITURA COMPLEMENTAR
Você deve estar pensando: entre o século XV e o XVI, muitos fatos e 
eventos aconteceram. Isso deve ter contribuído para mudar a forma de pensar 
das pessoas. Sim, muitas pessoas começaram a pensar diferente, escrever outras 
ideias, buscar outras explicações para os fatos e eventos. Todavia, é salutar 
pensar sobre que ideias ainda fazem parte, nos dias atuais, tanto da mentalidade 
medieval como da mentalidade moderna, inclusive no campo educacional. Para 
efeitos de ilustração, lembre-se de que o conhecimento científico ganhou espaço 
no período moderno e, de certa forma, tem estado presente em boa parte dos 
conteúdos lecionados nas escolas.
Leia atentamente e verifique as diferenças de mentalidade (SCHIMIT, 1999): a 
medieval e a renascentista (esta última foi um dos suportes para a mentalidade moderna em 
geral). Por isso, de forma didática, a seguir você terá duas formas diferentes de pensar. 
ATENCAO
TÓPICO 1 | SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS
15
devem ser explicados pelo homem, que, com o uso da razão e da ciência, consegue 
conhecer a natureza. 
*Na mentalidade medieval, as pessoas deveriam se conformar com o 
mundo tal como ele é porque foi Deus que o quis assim. Se o mundo deveria ser 
diferente, Deus o teria feito. E a única grande mudança possível seria o apocalipse. 
Entretanto, na mentalidade renascentista, o homem pode e deve ser o criador, 
aventureiro, sonhador e dominador da natureza.
* Na mentalidade medieval, a natureza é fonte de pecado. Para a mentalidade 
renascentista, o homem faz parte da natureza e deve conhecê-la para conhecer a 
si próprio. 
* E finalmente, se na mentalidade medieval a razão (capacidade humana 
de pensar) deve estar subordinada à fé, na mentalidade renascentista a fé deve 
prevalecer no sentido religioso, mas a razão deve ter prioridade sobre a fé quando 
o assunto é o estudo da natureza.
FONTE: URBANESKI, Vilmar. Filosofia da Religião. Indaial: Editora Uniasselvi, 2008, p. 50-51.
16
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu:
• O contexto do surgimento da Sociologia.
• As diferenças de mentalidade medieval e moderna.
• Na Idade Média, Deus era o centro das atenções e, com o Renascimento, o 
Homem torna-se o centro.
• Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado 
pela vontade de Deus. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos da 
natureza devem ser explicados pelo homem, que com o uso da razão e da ciência 
consegue conhecer a natureza. 
 
• A Sociologia, dentre as suas diversas áreas de atuação, tem como propósito 
estudar os fenômenos sociais, da ação ou influência mútua e da organização 
social.
• A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade com o 
intuito de compreender a sociedade de um modo geral, ou até mesmo nas suas 
peculiaridades.
• A Sociologia, ao estudar a sociedade, tem como um dos seus objetos de estudo 
a educação.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 A partir do estudo do Tópico 1 desta unidade, conceitue Sociologia. 
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2 Aponte as principais características da mentalidade medieval e da 
renascentista.
AUTOATIVIDADE
Mentalidade medieval Mentalidade renascentista
3 Analise as sentenças a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras 
e F as falsas:
( ) A visão predominante na mentalidade medieval é o Teocentrismo (Deus é 
o centro de tudo). 
( ) Na mentalidade medieval, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito 
à sua imagem e semelhança), e ainda é capaz de fazer coisas maravilhosas: 
máquinas, prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e 
mudar o seu próprio destino. 
( ) Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, 
pois este era um pecador. Desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, 
pois merece sofrer porque é pecador. 
( ) Para a mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser 
explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, 
terremotos). Já na mentalidade moderna, os fenômenos da natureza devem 
ser explicados pelo homem, que, com o uso da razão e da ciência, consegue 
conhecer. Além disso, o homem pode e deve ser criador, aventureiro, sonhador 
e dominador da natureza. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: (0,5p).
a) ( ) F – F – V – V. 
b) ( ) V – V – F – V. 
18
c) ( ) F – F – V – F. 
d) ( ) F – F – F – V. 
e) ( ) V – F – V –V. 
4 De um modo geral, pode-se dizer que Deus deixa de ser o centro do mundo 
medieval e, lentamente, o homem torna-se o centro, e este é valorizado como 
um ser individual e que busca descortinar as suas potencialidades humanas. 
Assim, o homem moderno deseja superar os obstáculos e desenvolver-se 
enquanto ser humano e também o mundo de que ele faz parte. De acordo com 
Andery et al. (1996, p. 175), “na nova visão de mundo, que veio a substituir a 
medieval, o homem, no seu sentido mais genérico, era a preocupação central”. 
Afirmação anterior refere-se à passagem. Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Da pré-modernidade para a modernidade.
b) ( ) Da modernidade para a pós-modernidade.
c) ( ) Da pré-modernidade para a pós-modernidade.
d) ( ) Do período medieval para a pós-modernidade.
5 Analise as sentenças a seguir e julgue: 
I- A Sociologia é uma ciência que surgiu no final do século XVI com o intuito de 
sanar os problemas de cunho social que envolviam a nobreza e o clero somente 
nos aspectos religiosos e econômicos. 
II- Estudar como as sociedades funcionavam e continuam funcionando ao 
longo do tempo e de como a interpretação da vida humana e dos grupos sociais 
é função da Sociologia. 
III- Uma das formas de definir a Sociologia é que esta é uma disciplina 
acadêmica que examina o ser humano como um ser social, resultado de 
interação, socialização e padrões sociais. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença III está correta. 
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
Assista ao vídeo de 
resolução da questão 3
19
TÓPICO 2
KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Como você estudou no tópico anterior, a Sociologia surge com o intuito 
de compreender a sociedade. E ospensadores desta área buscam, cada qual, 
apresentar o seu parecer sobre o modo de ser da sociedade. Por isso, podemos 
afirmar que estes pensadores, ainda na atualidade, têm-se feito presentes nas 
discussões, principalmente no âmbito acadêmico. Porém, no âmbito da educação, 
cada qual tem as suas peculiaridades. 
Neste tópico você estudará sobre Karl Marx e Marx Weber. Cada qual com 
a sua forma de entender o mundo. Por isso, estude cada qual e depois faça as suas 
reflexões sobre como cada um pôde contribuir para a compreensão da sociedade 
e da educação.
Leia o livro de Leandro Konder, “Em torno de Marx”, 2010, que aborda os 
pensamentos filosóficos de Karl Marx.
2 KARL MARX: PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIEDADE
O pensador Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818, em Trier, na 
Renânia, região que fazia parte da antiga Prússia, atualmente Alemanha. O pai de 
Marx era advogado e teve sucesso profissional. Marx cresceu com os confortos de 
uma família da pequena burguesia da época. Faleceu em 14 de março de 1883, dois 
anos após a morte de sua esposa Jenny.
As suas ideias influenciaram várias áreas do conhecimento, a saber: Filosofia, 
Sociologia, Política, Economia, Religião, dentre outras. Foi um dos precursores 
intelectuais dos movimentos de cunho revolucionário no meio operário, pois entre 
as suas ideias estava a necessidade de acabar com a exploração sobre o trabalhador 
e a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária. Quanto às suas obras, 
destacam-se: “A Sagrada Família”, “O 18 Brumário”, “A Miséria da Filosofia” e “O 
Capital”.
DICAS
20
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
A principal obra de Karl Marx, “O Capital”, é publicada em 1867, mas a 
continuidade da obra passa por intempéries devido a problemas de saúde que o 
autor enfrentava.
FIGURA 7 – TÚMULO DE MARX EM HIGHGATE
FONTE: Disponível em: <http://www.entrelinhasweb.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2011.
2.1 ALGUMAS IDEIAS DE MARX
Caro(a) acadêmico(a): Marx, ao pensar sobre a sociedade no sentido de 
compreender seu funcionamento, utiliza termos como proletários, materialismo 
dialético, mais-valia, infraestrutura e superestrutura, alienação, dentre outros. 
Para muitos, Marx foi um revolucionário, ou seja, as propostas de Marx tinham 
como propósito compreender a sociedade. Além disso, transformar o seu modo 
de ser, principalmente devido às desigualdades sociais existentes na época, em 
virtude da exploração burguesa sobre os operários. Já para outros, Marx era um 
inimigo a ser combatido, devido às suas ideias. Entretanto, há de se mencionar que 
as suas ideias se fizeram ou fazem presentes em diversos campos do saber, desde 
a economia até a educação. 
De acordo com Sell (2006, p. 55):
Karl Marx foi um sociólogo de profissão. Toda a sua obra foi construída 
tendo em vista oferecer à classe operária um entendimento a respeito 
da possibilidade de supressão e transcendência dos mecanismos de 
exploração e alienação do modo de produção capitalista. Só assim, 
julgava Marx, seria possível construir uma forma superior de sociedade: 
21
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
o comunismo. [...]. A partir de Marx desenvolveu-se na sociologia 
uma vertente intitulada “teoria crítica”, cujo objetivo é vincular a 
compreensão da realidade com as potencialidades de emancipação 
social. Interpretar a obra de Marx é uma tarefa difícil. O seu pensamento 
era dinâmico e jamais foi sistematizado pelo autor, permanecendo, 
inclusive, inacabado. 
Frente ao exposto, algumas das ideias de Marx merecem destaque. É claro, 
caro(a) acadêmico(a), que a obra de Marx merece maior aprofundamento, devido à 
sua amplitude, porém, aqui você terá algumas ideias iniciais que podem contribuir 
para aprofundar-se no assunto.
 Vejamos algumas destas ideias. 
Para Marx, o trabalho foi o elemento essencial da sociedade humana no 
decorrer da história e que manteve a estrutura e o desenvolvimento da mesma. 
E, na história da humanidade, podemos observar que o trabalho foi executado 
pelos escravos, pelos servos e, na época de Marx, pelos proletários. E eram esses 
(proletários) que mantinham a estrutura econômica capitalista e enriqueciam os 
burgueses.
Para Marx, o elemento fundamental da economia é o trabalho. O ser 
humano precisa produzir os bens necessários à sua sobrevivência. É 
através do trabalho que o homem transforma a natureza e reproduz 
sua existência. De acordo com o esquema dialético de Marx, através do 
trabalho o homem supera sua condição de ser apenas natural e cria 
uma nova realidade: a vida social. A sociedade é justamente a síntese 
do eterno processo dialético pelo qual o homem atua sobre a natureza 
(SELL, 2006, p. 78-79).
 Em termos gerais, a base para a sociedade, a sua formação, suas instituições 
e regras de funcionamento, suas ideias, seus valores, são derivados das condições 
materiais. Desta forma, a base da sociedade é o trabalho.
Assim, para Marx, a base da sociedade, assim como a característica 
fundamental do homem, estão no trabalho. É do trabalho que o homem 
se faz homem, constrói a sociedade, é pelo trabalho que o homem 
transforma a sociedade e faz a história. O trabalho torna-se categoria 
essencial que permite não apenas explicar o mundo e a sociedade, o 
passado e a constituição do homem, como lhe permite antever o futuro 
e propor uma prática transformadora ao homem, propor-lhe como 
tarefa construir uma nova sociedade (ANDERY, 2006, p. 401).
Enfim, o trabalho de Marx pode ser visto como uma interpretação de como 
o modo capitalista de produção mercantiliza as relações, as pessoas e as coisas, 
como ele transforma as próprias pessoas em mercadorias.
 Os modos de produção da história da humanidade estruturam-se da 
seguinte maneira:
a) o modo de produção antigo, no qual a base estava na agricultura e na escravidão 
(relação: senhor/escravo); 
22
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
b) o modo de produção feudal, tendo como base a agricultura e a servidão (relação: 
senhor feudal/servo); 
c) e o modo de produção liberal estrutura-se em torno da indústria e do trabalho 
assalariado e a propriedade privada (relação: burguesia/proletariado). 
O modo de produção, de um modo geral, pode ser entendido como a 
maneira como a sociedade tem se organizado no decorrer da história em torno da 
sua produção de bens que são necessários à sobrevivência do ser humano.
"A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de 
classe" (Manifesto Comunista).
Outras ideias são discutidas por Marx, como a infraestrutura e a 
superestrutura. Neste sentido, podemos dizer que a base da sociedade é modo 
de produção material, seja a economia ou a tecnologia que permitem a produção 
de bens (usando ferramentas, máquinas, terra, matéria- prima, dentre outros), e 
é entendido como infraestrutura. Já a superestrutura constitui-se das instituições 
jurídicas, aspectos políticos, normas, leis, que mantêm o ordenamento da sociedade, 
principalmente no funcionamento da infraestrutura.
Quanto ao fetichismo, este representa uma contradição fundamental da 
produção de mercadorias: confusão de relações entre pessoas com relações entre 
coisas. O fetichismo é o exemplo mais simples do modo pelo qual as formas 
econômicas do capitalismo (valor, capital, lucro) ocultam as relações sociais 
subjacentes. A reificação significa a transformação dos seres humanos em seres 
semelhantes a coisas, que se comportam de acordo com as leis do mundo das 
coisas. Neste sentido, a reificação é um caso especial de alienação.
Outro conceito de relevância em Marx é a mais-valia, a qual é produzida 
nas organizações pelo emprego da força de trabalho do proletário. No caso do 
capitalismo, a compra da força de trabalho do proletário é paga em troca de salário. 
Segundo Sell(2006, p. 98):
[...] existem duas formas principais pelas quais é possível extrair o 
lucro: Mais-Valia Absoluta: o lucro obtido pelo aumento da jornada 
de trabalho, [...] Mais-Valia Relativa: o lucro é obtido pelo aumento 
da produtividade. Nesse processo o capitalista só precisa aumentar o 
tempo do trabalho. Basta fazer o trabalho do operário render mais.
IMPORTANT
E
23
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
O lucro do burguês possibilita o seu enriquecimento, e ao proletário o 
empobrecimento. Esta dinâmica está assentada no capitalismo, o qual tem como 
propósito o lucro. 
Neste sentido, Sell afirma que:
Podemos sintetizar a crítica de Marx ao capitalismo em duas teses 
principais: Tese da exploração: o capitalismo é um sistema econômico 
no qual a riqueza é produzida pela exploração de uma classe social 
sobre a outra. O conceito central que enuncia a tese da exploração é a 
categoria “Mais-valia”. Tese da alienação: o capitalismo é um sistema 
econômico no qual o conjunto dos indivíduos e da sociedade passa a ser 
determinado pelo poder impessoal do dinheiro (capital) e da própria 
esfera econômica que foge do controle social. [...] (2006, p. 89/90, grifos 
do autor).
“Num certo estágio de sua evolução, as forças produtivas materiais da sociedade 
entram em choque com as relações de produção existentes. Inaugura-se, então, uma época 
de revolução social”. (Marx, na Crítica da Economia Política).
As contribuições de Marx podem ser as mais variadas e para os diversos 
campos do saber, como: economia, política, filosofia, educação e sociologia. 
Entretanto, o historiador inglês Eric Hobsbawm, de acordo com Trevisan (1997, p. 
2), analisa os benefícios e os limites da contribuição marxista:
[...] o marxismo tem contribuído de algum modo para entender a 
História, mas, realmente, não o suficiente. Por exemplo, o marxismo 
vulgar diz que todas as coisas ocorrem em virtude de fatores econômicos 
e, obviamente, isso não é uma explicação adequada. Insisto que o 
importante é distinguir o marxismo vulgar de uma interpretação mais 
sofisticada do sentido da obra de Marx ou, em verdade, de Karl Marx por 
ele mesmo. Acho que o marxismo pode fazer isso. Hoje, podemos falar 
sobre isso, como estamos fazendo, porque hoje nós podemos distinguir 
aqueles trechos das análises marxistas que pareciam ser válidos, mas 
claramente não o são. Por exemplo, se você realmente lê o Manifesto 
Comunista de 1848, ficará surpreso com o fato de que o mundo, hoje, é 
muito mais parecido com aquele que Marx predisse em 1848. A ideia 
do poder capitalista dominando o mundo inteiro, como também uma 
sociedade burguesa, destruindo todos os velhos valores tradicionais, 
parece ser muito mais válida hoje do que quando Marx morreu. Por 
outro lado, por exemplo, a previsão de que a classe trabalhadora ficaria 
cada vez mais pauperizada não é verdade. Isso não quer dizer que a 
classe trabalhadora não tenha suficientes boas razões para protestos. 
Uma coisa interessante que faz a análise marxista bastante moderna é a 
análise das tendências de longa duração. 
IMPORTANT
E
24
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
Caro(a) acadêmico(a), as ideias e os conceitos de Marx são os mais diversos. 
Mas é salutar mencionar que, para Karl Marx, o homem é parte da natureza, porém 
não se confunde com a mesma e, além disso, o homem é um ser social e histórico, 
que transforma a natureza e a si próprio neste processo. 
FILME: Edukators.
Título original: (Die Fetten Jahre Sind Vorbei).
Lançamento: 2004 (Alemanha).
Direção: Hans Weingartner 
Atores: Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaubner, Claudio Caolo.
Duração: 126 min.
Gênero: drama.
Sinopse
Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) são dois jovens que acreditam que podem mudar o 
mundo. Eles se autodenominam "Os Educadores", rebeldes contemporâneos que expressam 
sua indignação de forma pacífica: eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e 
espalham mensagens de protesto. Jule (Julia Jentsch) é a namorada de Peter, que está passando 
por problemas financeiros e, por causa deles, está saindo de seu apartamento alugado. 
Tempos atrás, Jule se envolveu em um acidente de carro, que destruiu o carro de um rico 
empresário. Condenada pela justiça, ela precisa pagar um novo carro no valor de 100 mil euros, 
o que praticamente faz com que trabalhe apenas para pagar a dívida que possui. Como Peter 
viaja para Barcelona, Jan vai ajudá-la na mudança. Eles se conhecem melhor e Jan termina por 
contar a ela a verdade sobre os Educadores. 
Empolgada com a notícia, Jule insiste que ela e Jan invadam a casa de Hardenberg (Burghart 
Klaubner), o empresário que a processou. Após uma certa resistência, Jan concorda. 
Na casa, eles agem como os Educadores, mudando os móveis de lugar, mas cometem um 
grave erro: Jule esquece no local seu celular. No dia seguinte, com Peter já tendo retornado 
da viagem, mas sem saber do ocorrido, Jan e Jule decidem invadir novamente a casa de 
Hardenberg, para recuperar o celular. No entanto, o que eles não esperavam era que o 
empresário os surpreendesse dentro da casa, o que os força a sequestrá-lo.
FONTE: Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Os_Edukadores>. Acesso em: 15 out. 2011.
Caro(a) acadêmico(a), a seguir apresentamos o texto da jornalista Sucena 
Shkrada Resk que retrata algumas ideias do pensamento marxista sobre a ecologia. 
Boa leitura!
DICAS
25
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR 1
A ECOLOGIA DE MARX
Antes mesmo da concepção de sustentabilidade e das preocupações ambientais 
modernas, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidados com a natureza. 
Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto, esses conceitos dividem 
opiniões até hoje. 
 
Sucena Shkrada Resk
Reduzir o pensamento do economista e filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) 
ao materialismo dialético é um equívoco, na visão de estudiosos contemporâneos. 
A reflexão sobre questões ecológicas não pode ser desprezada em seus escritos - ao 
lado de Friedrich Engels (1820-1895) -, mas não é mais difundida e discutida por 
causa de interpretações enviesadas de muitos de seus discípulos e críticos e pela 
falta de contextualização dos seus estudos.
 
Contudo, quando o mundo ainda não tratava de sustentabilidade, Marx já 
falava, em outras palavras, sobre a importância do consumo consciente e de uma 
economia equilibrada, da justiça social e da manutenção da qualidade do meio 
ambiente. Os conceitos expressos pelo filósofo remetem aos temas, hoje muito 
discutidos, de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e aquecimento 
global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O mote do modelo 
de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no 
século XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo 
contemporâneo, desde aquela época. 
E é em O Capital (1867) que 
as reflexões de Marx sobre o tema 
se sobressaltam, aproximando-o de 
questões ambientais e ecológicas, 
diante das quais podemos concluir 
que as discussões que assolam 
nossos dias e que abordam 
consumo excessivo e poluição já 
eram uma preocupação para o 
filósofo, no século XIX. O termo 
ecossocialismo, segundo o cientista 
social brasileiro Michael Löwy, da 
Escola de Altos Estudos em Ciências 
Sociais da Universidade de Paris, 
tem seus fundamentos em alguns 
pensamentos de Marx sobre essa 
lógica do capital. Xangai, a maior cidade da China. Ambiente dos 
trabalhadores nas grandes cidades era visto por Marx 
como "poluição universal"
26
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
Para ele, é justamente em O Capital que o filósofo alemão afirmava que 
o sistema capitalista esgotava as forças do trabalhador e da Terra. Marx, nesta 
exposição, trata,de certa forma, do conceito conservacionista, que vigora nos 
dias de hoje, de que a natureza não é algo intocado, como por muito tempo os 
preservacionistas propuseram. Isso significa que o homem é parte integrante do 
meio ambiente e deve ter um papel de guardião. 
E o tema foi alvo de alguns estudos, como o do cientista político e professor 
de Sociologia da Universidade de Oregon, John Bellamy Foster, que escreveu o livro 
A Ecologia de Marx - Materialismo e Natureza. Foster analisa que Marx utilizou 
a ótica do ateniense Epicuro (341 a.C - 270 a.C.) para atribuir uma concepção 
materialista de que a natureza só é percebida através dos nossos sentidos pela 
cognição, em um processo ao longo de nossas vidas. 
Isso infere a prática da percepção unida à memória, ao raciocínio, juízo, 
imaginação e ao ato do pensamento e do discurso. Outra obra que aborda o assunto 
é História e Meio Ambiente, em que o mestre em Sociologia e doutor em História, 
Marcos Lobato Martins, diz que seria um equívoco colocar Marx entre os adeptos 
do paradigma de que os seres humanos estão imunes aos fatores ambientais, numa 
visão antropocêntrica. 
A mesma análise é também feita por Foster. Ambos ilustram o trecho 
escrito pelo filósofo alemão em Manuscritos econômico-filosóficos, de 1844: “O 
homem vive da natureza, isto é, a natureza é seu corpo, e tem que manter com ela 
um diálogo ininterrupto se não quiser morrer. Dizer que a vida física e mental do 
homem está ligada à natureza significa simplesmente que a natureza está ligada a 
si mesma, porque o homem é parte dela” (MARX).
“O homem vive da natureza [...] e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto 
se não quiser morrer” (MARX).
Como base científica para explicar as relações sociais, Marx e Engels se 
debruçaram sobre as pesquisas do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). 
Em uma de suas cartas a Engels, Marx escreve, em 1862, o seguinte, sobre a obra 
“Origem das Espécies”: “É notável como Darwin redescobre, no meio dos animais 
e plantas, a sociedade da Inglaterra com as suas divisões de trabalho, competição, 
abertura de novos mercados, invenções e a luta pela existência malthusiana. É a 
bellum omnium contra omnes de Hobbes”. Marx acreditava que o cientista oferecia uma 
perspectiva materialista compatível à sua, embora aplicada a outro conjunto de 
fenômenos, e fornecia uma base na ciência natural para a luta de classes (FOSTER, 
2005, p. 274-275). 
FONTE: Disponível em: <portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/41/artigo158665-2.asp>. 
Acesso em: 15 out. 2011.
27
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
2.2 MARX E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO
As ideias de Marx também têm influenciado o campo educacional, de forma 
direta ou indireta, tanto nas teorias que norteiam a prática educativa, como nas 
pesquisas educacionais, a exemplo de programas de pós-graduação em Educação 
ou Sociologia da Educação. Podemos encontrar, no campo educacional, autores 
e pesquisadores que ancoram as suas ideias ou teses no pensamento de Marx. 
Entretanto, é necessário ressaltar que não necessariamente estas podem estar em 
consonância com os escritos originais de Marx. 
Por isso, devemos lembrar que Marx escreveu no período da Revolução 
Industrial e os trabalhadores viviam em condições precárias nas cidades, 
submetendo-se a salários irrelevantes, com jornadas de trabalho longas e sem 
amparo das leis trabalhistas.
Neste cenário, quanto à educação, Rodrigues (2007, p. 43) diz:
Marx conclui que a educação dada às crianças operárias era tão 
precária que só poderia servir para perpetuar as relações de opressão 
às quais essas crianças e seus pais estavam sujeitos. O descaso era tanto 
que qualquer um que tivesse uma casa e alegasse ser ali uma escola, 
poderia fornecer os “atestados de frequência a aulas” de que as fábricas 
precisavam para livrar-se da fiscalização. 
Marx não escreveu especificamente sobre a educação. Entretanto, algumas 
ideias podem ser concluídas sobre o assunto a partir do seu pensamento. A educação 
faz parte da superestrutura a qual era dirigida pelas classes dominantes – na época 
de Marx, a burguesia. Por isso, de certa forma, a educação não possibilitava à classe 
trabalhadora perceber os interesses de sua classe e, sim, a educação era um meio 
para perpetuar as condições sociais existentes. 
Desta forma, a educação é um dos instrumentos para a reprodução 
do conhecimento e da sociedade. Ou seja, a educação pode servir como meio 
(superestrutura) para reproduzir a sociedade tal como ela é (e no caso do sistema 
capitalista, reforçar a estrutura vigente). Mas, por outro lado, a educação pode ser 
um elemento que serve como meio para a transformação da sociedade e do mundo. 
Neste sentido, a educação deveria romper com os moldes propostos para a época, 
de uma educação que reproduzia esta divisão, incentivava o trabalho produtivo, o 
conformismo e uma pedagogia da obediência.
No princípio do comunismo, Engels explicita de modo bastante claro 
o que esperava afinal da nova educação. Diz ele: a educação dará aos 
jovens a possibilidade de assimilar rapidamente na prática de produção 
e lhe permitirá passar sucessivamente de um ramo de produção a outro, 
segundo as necessidades da sociedade ou suas próprias inclinações. 
Por conseguinte, a educação nos libertará deste caráter unilateral 
que a divisão atual do trabalho impõe a cada indivíduo. Assim, a 
sociedade organizada sobre as bases comunistas dará a seus membros 
a possibilidade de empregar em todos os aspectos suas faculdades 
desenvolvidas universalmente (RODRIGUES, 2007, p. 48).
28
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
A educação deveria ser um instrumento que deveria mobilizar a população 
(no caso, a classe operária) para a transformação da sociedade e superar a 
exploração capitalista. E, além disso, a educação deveria ser um caminho que leve 
o respeito ao homem na sua totalidade, suas potencialidades, e não uma educação 
que tinha como propósito formar pessoas para o mercado de trabalho dos moldes 
capitalistas e com o fim último de exploração do trabalhador. 
Em termos gerais, a educação deveria ser um instrumento para aquisição de 
conhecimento e de transformação para a classe trabalhadora. Ou seja, a educação 
deveria ter um caráter revolucionário, pois a classe trabalhadora (o proletariado), 
por si, não consegue adquirir a consciência de classe social e consciência política. 
Por isso, o processo educativo poderia ser um instrumento propício para que o 
trabalhador tomasse consciência da sua situação e de classe social e buscasse uma 
sociedade alternativa. Em contrapartida, a educação era usada como um elemento 
essencial para a burguesia manter a hierarquia social e sua ideologia.
Enfim, caro(a) acadêmico(a), a obra de Marx é vasta, e as interpretações das 
suas ideias são as mais diversas, tanto dos que são oponentes quanto dos que seguem 
as mesmas. Por isso, sugere-se, a modo de seu interesse, aprofundar as ideias que 
podem estar presentes na educação e fazer as suas devidas considerações, pois no 
âmbito educativo podemos encontrar discursos que postulam que a educação deve 
ser transformadora, crítica e emancipatória, que podem ter ou não fundamento em 
Marx.
3 MAX WEBER E ALGUMAS DAS SUAS IDEIAS
Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, na Turíngia, no dia 21 de abril 
de 1864.
FIGURA 8 – MAX WEBER EM 1917
FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 15 out. 2011.
29
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
Seu falecimento ocorre no dia 14 de junho de 1920, na cidade de Munique.
FIGURA 9 – MAX WEBER, FALECIDO EM 14 DE JUNHO DE 1920
FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 20 ago. 2011.
A análise sociológica deveria ser isenta de juízos de valor, ou seja, deveria 
ser objetiva e neutra em questões morais. Deacordo com as ideias deste pensador, 
o objetivo da Sociologia é identificar e compreender como e por que as regras 
nascem na sociedade e como elas funcionam. 
Em termos gerais, a Sociologia deveria compreender os fenômenos “no 
nível do significado” dos atores; além disso, compreender como os atores veem 
e sentem as suas ações na sociedade. Neste sentido, análise de cunho sociológico 
deve ater-se a duas situações: sendo a primeira referente às experiências dos 
atores, e a segunda, referente aos sistemas culturais e sociais nos quais os atores 
estão inseridos. 
 Ao se retratar sobre Weber, é comum a seguinte afirmação: “A sociedade 
e seus sistemas não pairam acima e não são superiores ao indivíduo”. Desta 
afirmação é correto dizer que as regras e normas sociais não são analisadas 
como sendo exteriores à vontade dos indivíduos. E sim, estas são resultado de 
um conjunto complexo de ações individuais, nas quais os indivíduos estariam 
escolhendo, a todo o momento, diferentes formas de conduta. Neste sentido, o 
Estado, o mercado, as religiões existem em virtude de que muitos indivíduos 
orientariam reciprocamente suas ações em determinado sentido comum. 
Para Durkheim (1973), a sociedade é superior ao indivíduo. Poderíamos 
dizer que para Weber o indivíduo é o fundamento da sociedade. Esta 
30
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
afirmação vai muito além do fato de que uma sociedade não existe sem 
indivíduos. A existência da sociedade somente se realiza pela ação e 
interação recíprocas entre os agentes sociais (SELL, 2007, p. 197).
Enfim, caro(a) acadêmico(a), podemos dizer que no pensamento de Weber 
a parte é privilegiada em relação ao todo. A ação dos indivíduos sobre a sociedade 
é que determina a relação indivíduo-sociedade.
Outro aspecto no pensamento de Weber que deve ser mencionado são os 
três tipos de dominação, que são: o legal, o tradicional e o carismático.
Dominação legal: obediência apoia-se na crença na legalidade da lei 
e dos direitos de mando das pessoas autorizadas a comandar pela lei.
Dominação tradicional: sua legitimidade apoia-se na crença de que o 
poder de mando tem caráter sagrado, herdado dos tempos antigos.
Dominação carismática: a legalidade da autoridade do líder carismático 
lhe é conferida pelo afeto e confiança que os indivíduos depositam nele 
(SELL, 2007, p. 211-212, grifos do autor).
Quanto às ideias de Weber, há de se mencionar que o objeto de estudo da 
Sociologia é a ação social.
Ação: é um comportamento [...] sempre que e na medida em que o 
agente ou os agentes se relacionem com sentido subjetivo. Ação social: 
significa uma ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou 
pelos agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando por 
este em curso (WEBER, 1994, p. 3 apud SELL, 2007, p. 181). 
Quanto a explicações das ações humanas, podemos encontrar as mais 
diversas, e neste sentido cabe à Sociologia explicar os motivos e a própria existência 
da ação social. Neste contexto, Sell (2007, p. 182) diz que “[...] a teoria sociológica 
de Weber é chamada de metodologia compreensiva: seu objetivo é compreender o 
significado da ação social”. 
Ao tratar sobre ação social, Weber estabeleceu quatro tipos. 
1. Ação afetiva: aquela ação determinada de modo afetivo, ou seja, pelos afetos ou 
estados sentimentais atuais.
2. Ação tradicional: aquela ação determinada por um costume ou um hábito 
arraigado.
3. Ação social: é aquela referente aos valores. A ação é determinada pela crença de 
valor (ético, estético e religioso).
4. Ação social referente aos fins: a ação é determinada por expectativas quanto 
ao comportamento dos objetos do mundo exterior ou de outras pessoas (SELL, 
2007).
Ao contrário dos filósofos iluministas e mesmo do positivismo, que 
viam o progresso material e até da felicidade individual, Weber tinha 
31
TÓPICO 2 | KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO
uma posição crítica a respeito. O aumento do grau de racionalidade 
do mundo moderno não leva necessariamente a um estágio superior 
da vida social. Weber sabia que o processo de racionalização e 
desencantamento com o mundo, dos quais a organização capitalista e 
a organização burocrática do Estado eram as maiores expressões, tinha 
também o seu lado negativo. É neste sentido que ele nos apresenta o seu 
diagnóstico da modernidade: a perda de sentido e perda da liberdade 
(SELL, 2007, p. 202).
Enfim, caro(a) acadêmico(a), você estudou algumas ideias de Weber, 
as quais podem contribuir ainda, nos dias atuais, para compreender o que está 
acontecendo na sociedade atual. A título de exemplo: pode contribuir para 
entender as forças motrizes da sociedade atual, o poder do Estado, o significado 
das leis nas relações sociais, o processo de urbanização de populações nas cidades 
e as suas consequências. Além disso, os sistemas de crenças e valores no cotidiano 
das pessoas. 
Neste sentido, pode-se dizer que: 
ao contrário de outras teorias, que hoje apresentam sinais de 
crise, o pensamento de Max Weber tem sido relido na atualidade, 
proporcionando à sociologia novos instrumentos de compreensão de 
seus próprios fundamentos e para interpretação do mundo moderno. 
Crítico do marxismo e positivismo, Weber realizou um cuidadoso 
estudo das religiões mundiais, mostrando que a marca fundamental da 
modernidade é a emergência de uma forma específica de racionalismo: 
o racionalismo da dominação do mundo. Para Weber, o racionalismo 
ocidental se encarna em instituições como a economia capitalista 
e a burocracia do Estado, é uma força que, por um lado, aumenta a 
eficiência e produtividade, mas, ao mesmo tempo, ”desencanta” o 
mundo, ocasionando a perda de liberdade e sentido da vida (SELL, 
2006, p.167).
3.1 WEBER E A EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para Vilela (2002), Weber não produziu uma teoria do âmbito da Sociologia 
da Educação, ou seja, não considerou a organização social da escola ou a instituição 
como objeto de análise. Outrossim, há estudos significativos sobre Weber a respeito 
da educação, onde os sistemas escolares se desenvolvem como um processo de 
imposição dos caracteres dos grupos sociais e do poder estabelecido. 
Weber, nas suas reflexões, abordou sobre a racionalização e a burocratização, 
e estas alteraram radicalmente os modos de educar.
Educar no sentido da racionalização passou a ser fundamental para o 
Estado, porque ele precisa de um direito racional e de uma burocracia 
montada em moldes racionais. Educar no sentido da racionalização 
também passou a ser fundamental para a empresa capitalista, pois ela se 
pauta pela lógica do lucro, do cálculo de custos e benefícios, precisando 
de profissionais treinados para isso (SELL, 2007, p. 65-66).
32
UNIDADE 1 | UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES
 Neste cenário, a educação, para Weber, não é mais uma preparação para 
que o membro de todo orgânico aprenda sua parte no comportamento harmônico 
do organismo social, mas sim, tem como propósito despertar o carisma e preparar 
o aluno para uma conduta de vida social. 
 
 Outrora, “a educação sistemática, analisa ele, passou a ser um pacote 
de conteúdos e de disposições voltadas para o treinamento de indivíduos que 
tivessem de fato condições de operar essas novas funções, de pilotar o Estado, as 
empresas e a própria política, de um modo racional” (RODRIGUES, 2007, p. 64). 
A educação esteve sob o prisma da racionalidade, da obediência à lei e 
do treinamento das pessoas para executar as tarefas burocráticas do Estado. Este 
modelo de educação tinha dentre os seus propósitos: o treinamento dos indivíduos 
que tivessem de fato condições de executar tarefas e atividades no aparato estatal. 
Neste sentido, a educação passou a ser primordial para o Estado, pois este precisa 
de pessoas para atuar numa burocracia montada em moldes

Outros materiais