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Pirenne e Dobb quanto ao fim do feudalismo

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PIRENNE E DOBB QUANTO AO FIM DO FEUDALISMO
Então retomando o Renascimento do comercio:
Para Pirenne a Europa ocidental começa a se estabilizar e reestruturar a partir do século X, com isso há uma retomada da esperança coragem e trabalho, as instituições sociais passam a se esforçar para cumprir seus papeis. O aumento da natalidade que se inicia por volta do ano 1000 permite que terras antes não cultivadas passem a ser ocupadas e trabalhadas. A igreja por sua vez se reanima e começa a organizar investidas contra o Islã, e com o empreendimento da 1° cruzada o mar mediterrâneo volta a ser domínio cristão e com isso se reabre para o comercio. O comercio na Europa se dá sobre influencia de dois centros: Veneza (no sul) e Flandres (no norte). Veneza por suas condições geográficas sempre esteve orientas para o comercio, conseguiu escapar do domínio dos invasores e se manteve sobre a influência de Constantinopla. Já Flandres possuía como diferencial uma indústria nativa de lãs finas e manteve relações comerciais com o oriente através de rotas de caravanas. Esses dois centros como que por uma epidemia bemfazeja, reanimou o comercio na Europa ocidental, despertando outras cidades para a vida comercial.
Prosseguindo para A Influência das cidades:
Com a expansão generalizada do comercio temos o surgimento das cidades livres e da burguesia (uma classe de comerciantes desenraizados e livres que tinham por missão espalhar a liberdade a sua volta mesmo sem tencionar) e com isso o surgimento de uma nova noção de riqueza: a mercantil. Assim o dinheiro antes cativo é agora liberto e passa a fluir do campo para as cidades. O campo, graças ao aumento da demanda, passa a produzir mais e o aumento da produção gera lucros para os camponeses e senhores feudais. Assim gradualmente, com as suas características e a servidão vai dando ugar ao trabalho livre/assalariado. 
Questões mais especificas: Sobre a relação cidade/campo e a mudança na forma de trabalho:
O renascimento das cidades e do comercio põe fim a autossuficiência do feudo, a produção que antes era apenas para a subsistência, passa a ser uma produção voltada para o comercio, cria-se uma interdependência entre cidade e campo. Esse comercio propicia o surgimento do lucro, isso é, a venda dos produtos agrícolas na cidade permite que o camponês aufira uma renda extra que melhora sua condição de vida. Esse mesmo comercio traz uma nova concepção de riqueza, agora móvel: a moeda (riqueza antigamente era sinônimo de terra). Assim, o camponês (e o senhor feudal) gradualmente vão sendo libertados do imobilismo tradicional de uma sociedade estamental, baseada na posse da terra. Com o comercio eles possuem a possibilidade de enriquecer produzindo/comprando e vendendo bens nas cidades, (muitos camponeses migram do campo para as cidades). 
Sobre os capitalistas do século IX:
Com a burguesia manifesta-se e afirma-se, com uma força crescente, a possibilidade de viver e de se enriquecer pelo único fato de vender ou produzir valores de troca. Surge a crescente necessidade da utilização de um meio de troca, o comercio então liberta o dinheiro cativo e o reconduz ao seu destino. Como era nas cidades que se encontravam os grandes centros comerciais, o dinheiro flui do campo para elas, e a moeda passa a ser a medida da riqueza. Assim, a noção de capitalismo está ligada a existência de capital e o uso generalizado da moeda. Os capitalistas (urbanos) eram aqueles que possuíam poupança, isso é capital monetário acumulado, decorrentes dos seus ganhos com o comercio. Com essa poupança os capitalistas do século XI, realizavam investimentos em terras e imóveis na cidade e no campo, mas principalmente usavam para conceder empréstimos, cobrando juros.  
Mudanças politicas:
A influência da burguesia se expande também a politica, com sua presença nos conselhos a partir do século XIII e XIV. Pela necessidade de se incentivar a leitura e a escrita, instrumentos indispensáveis ao comercio, criam-se escolas laicas.
 
Palavras-chaves para compreensão do fim do feudalismo na visão de Pirenne: Comercio, cidades, burguesia, moeda.
Em suma, o fim do feudalismo se dá pelo renascimento do comercio e das cidades, aparecimento da burguesia e o uso generalizado da moeda.
Maurice Dobb
O capitalismo
Nesse texto Dobb busca uma definição de capitalismo suficientemente restritiva que permita situar seu surgimento no tempo e no espaço. Três interpretações diferentes são apresentadas: 
O espirito capitalista (Sombart e Weber): Busca a origem do capitalismo no desenvolvimento de atitudes e pensamentos próprios do mundo moderno. O homem capitalista, diferente do homem pré-capitalista, vê no acúmulo de capital o motivo principal da atividade econômica e age racionalmente para atingir tal fim. 
Produção para um mercado distante (Pirenne): O capitalismo pode já ser considerado presente no momento em que o ato de produzir e vender a varejo se separam no espaço e no tempo pela intervenção de uma comerciante atacadista que adiantava a compra de artigos com o objetivo de, posteriormente, ter lucro com a venda. (ok, momento informal para explicar isso melhor: no feudalismo os feudos eram autossuficientes, lembram? Ou seja, cada um produzia aquilo que precisava para sua subsistência, desse modo o produtor é também o consumidor final. Pois se eu preciso de batata, eu planto a batata, colho a batata e como a batata, portanto sou produtora e consumidora ao mesmo tempo. Nesse cenário o ato de produzir e vender não estão separados no tempo e espaço. Mas a partir do momento em que eu produzo um excedente para vender (excedente = mais do que preciso para consumo próprio), não sou mais a consumidora final desse produto, alguma distancia se criou entre produção e consumo. Se planto batata no campo para vender na cidade já temos uma distancia geográfica, se planto e armazeno para vender quando o preço estiver mais alto já temos uma distancia no tempo. Isso se complexifica ainda mais quando adicionamos uma classe de comerciantes que intermedia esse processo de troca entre produtor e consumidor. Lembram que Pirenne falava que a classe burguesa surge a possibilidade de se enriquecer pelo único fato de vender ou produzir valores de troca? È justamente isso, eu não planto mais a batata, eu compro ela [barato] de alguém que plantou e vendo [mais caro] para alguém que deseja comprar. Assim o capitalismo fica associado com o comercio, e o crescimento do capitalismo depende da ampliação do mercado.
Modo de produção (Marx, Dobb, Perry Anderson): Capitalismo como um modo de produção requer uma força produtiva e uma relação social de produção especifica. A força produção é caracterizada pela alta produtividade, elevado grau de divisão do trabalho e nível técnico, com produção em grande escala. As relações sociais de produção são definidas pela existência de duas classes principais, proprietários e assalariados, onde os proprietários detêm os meios de produção e os trabalhadores [despossuídos] vendem sua força de trabalho por um salário. Para isso acontecer é necessário que a propriedade dos meios se concentre nas mãos de uma pequena parcela da população e que a força de trabalho se torne um mercadoria. Isso leva tempo, assim a formação do capitalismo enquanto modo de produção pode ser definido como um processo histórico cumulativo, porém, só podemos datar o inicio do capitalismo quando as forças produtivas e as relações sociais de produção estiverem completamente formadas, (spoiler: é com a revolução industrial entre 1760-1780)
A critica que Dobb faz as duas primeiras definições é que elas não são suficientemente restritivas, em menor ou maior grau o comercio e a moeda sempre existiram em diversas sociedades em diferentes épocas. A vantagem de usar o conceito de modo de produção, é que ao focar na esfera produtiva e na relação entre produtor e superior imediato podemos distinguir melhor cada período de acordo com a forma econômica dominante de cada um. Em outras palavras, podemos delimitar melhor cada períodohistórico de acordo com sua organização para produção. Assim capitalismo se caracteriza pela alta produtividade e relação proprietário/trabalhador. Desse modo podemos localizar sua origem no espaço (pais que surgiu) e no tempo (época em que surgiu), deixando tudo muito histórico. 
O Declínio do feudalismo e crescimento das cidades:
Mais uma vez no inicio do texto Dobb discuti a importância das definições e as diferente ênfases que foram dadas no estudo do feudalismo. Vou colar aqui um resumo meu do semestre passado que sintetiza mais ou menos a ideia central do texto:
“Inicialmente, os estudos sobre o feudalismo tinham como principal ênfase as relações de suserania e vassalagem, entretanto o feudalismo possui uma variedade de conceitos dependendo do historiador que está investigando o assunto. A definição que para Dobb se convém adotar é a relação entre o produtor direto e o seu superior imediato no teor socioeconômico que os liga entre si. Assim o feudalismo se caracteriza como um modo de produção em que a servidão é imposta ao produtor pela força, para satisfazer as demandas econômicas de um senhor, podendo ser elas serviços ou taxas pagas em produtos ou dinheiro. A servidão feudal é diferente da escravidão, pois ao contrario do escravo o produtor direto tem a posse dos seus meios de produção para a sua subsistência e compreende seu trabalho como independente. É diferente também do capitalismo, no sentido que assim como na escravidão, no capitalismo o trabalhador encontra-se separado dos seus meios de produção e da possibilidade de prover sua própria subsistência, porém diferentemente da escravidão e da servidão, sua relação com o proprietário dos meios de produção que os emprega é puramente contratual. A servidão feudal é geralmente associada ao um baixo nível técnico, de caráter individual e com divisão de trabalho ainda em um nível primitivo, sendo o ápice do seu desenvolvimento o cultivo da propriedade senhorial por prestação de serviços compulsória.
	O renascimento do comercio na Europa Ocidental depois de 1100, trouxe uma comunidade de comerciantes que cresceu como um corpo estranho dentro dos poros da sociedade feudal, no entanto é questionável se essa foi à única causa do declínio do feudalismo. Tem sido comum a interpretação que a “economia natural” e a “economia de troca” são duas ordens econômicas que não podem se misturar, atribuído se a disseminação do uso da moeda o motivo da transformação da sociedade feudal em capitalista. No entanto, não é sempre que se é possível verificar uma relação de causa e efeito entre a proliferação do comércio e diminuição da servidão, e há o mesmo numero de indícios que ligam a economia monetária com o aumento da servidão quanto o fim do feudalismo. 
	O que as evidencias indicam é que forças internas do feudalismo que foram responsáveis pelo seu declínio. A classe dominante demandava cada vez mais renda, a fonte dessa renda era o excedente de trabalho da classe servil, com o baixo nível técnico levava a uma baixa produtividade do trabalho, a única maneira de aumentar esse excedente era fazer o servo trabalhar mais, além dos limites humanos. Havia os efeitos da guerra e do banditismo que aumentavam ainda mais as despesas das casas feudais. Outro fator foi o aumento da classe nobre e com isso a necessidade de extrair mais excedente do campesinato. Essa pressão sobre a classe servil fez com que o camponês desertasse e imigrasse ilegalmente para as cidades. O sistema só consegue se manter por mais tempo graças ao crescimento populacional que permite a extração de mais excedente da classe servil. Porem, com a queda da natalidade no século XIV, inicia-se um período de crise, com o crescente êxodo rural nos séculos que se seguem. O abandono do campo leva a uma escassez de mão de obra e, por conseguinte, uma queda acentuada da renda feudal, numa tentativa de reverter o cenário, há comutação generalizada das obrigações servis, como arrendamento da terra e a tendência da substituição da corveia pelo pagamento em dinheiro com objetivo de manter o servo preso a terra, porem, tais medidas não foram o suficiente para reverter a crise do sistema.
	Outro fator que corroborou para desintegração da ordem feudal foi o surgimento das comunidades urbanas, centros independentes de comercio e transações contratuais que continham os primeiros germes do capital mercantil, mas que não podem ser consideradas microcosmos do capitalismo, pois ainda lhe faltam elementos importantes. Nesses centros urbanos, por volta do século XI, surge a burguesia, uma classe privilegiada, enriquecida pelo comércio. A origem das cidades não é clara e suscitam divergências, para Pierenne o fator dominante foi o ressurgimento do comercio mediterrâneo, e para Dobb, não resta duvidas que esse fator exerceu um papel importante no renascimento da vida urbana nos séculos XI e XII. Por outro lado, o renascimento do comercio (e consequentemente das cidades) pode ter sido até certo ponto decorrente do próprio sistema feudal, muitos feudos se empenhavam no comercio, contribuído para o desenvolvimento de um mercado local. Foi justamente esse interesse dos estabelecimentos feudais pelo comercio que constituiu o maior obstáculo ao desejo da burguesia de libertação das cidades.”
Agora, vamos elucidar melhor o que foram as comutações:
Foram medidas adotadas para combater a crise feudal (e visando aumentar a renda dos senhores), podem ser explicadas pelos fatores políticos, sociais e principalmente econômicos de cada região. E a comutação a dotada em cada região explica a diferença no curso da historia dos países europeus. 
O assalariamento: A adoção do trabalho assalariado no campo se deu em regiões onde o nível de produtividade era mais alto e o salario mais barato (devido ao grande numero de camponeses vivendo em condições miseráveis, sem terras ou com terras insuficientes), sendo lucrativo para o senhor adotar esse tipo de trabalho em substituição do trabalho servil compulsório. Porém, adoção dessa medida não representa o fim da servidão, pois o camponês não é livre e relação não é contratual, mas compulsória. Ex: muitas aldeias da Inglaterra
O arrendamento: parte da terra senhorial era alugada para os servos. Os motivos que o senhor feudal tinha para adotar essa medida era não ter mais custos com a manutenção da terra, mas o fato decisivo era as condições do mercado local. Onde o preço dos produtos agrícolas era inferior ao preço dos produtos artesanais/manufaturados e pouca oferta de terras, essa medida era a preferida. Ex: Predominou em algumas partes da França.
A segunda servidão: apertou ainda mais os laços feudais e obrigações servis. Ocorre nas regiões onde a classe senhorial tem força militar suficiente para fazer frente a resistência dos servos e evitar pela força a deserção da propriedade. Um exemplo é a Rússia.
Ainda sobre a comutação, Dobb fala que a substituição de serviço por pagamento e me dinheiro e o arrendamento tiveram o efeito de melhorar a vida do servo permitindo que o mesmo retivesse uma parcela maior do seu trabalho, mas que isso não foi uma regra, sendo que o contrario também pode ser observado. (sim, ele é cheio das exceções).

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