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Gisele Mano e Lucianna Schmitt
Disciplina
Saúde Coletiva
03
Sumário
CapítuLo 4 – Disciplina Informação em saúde ........................................................................... 05
4.1 o modelo de atenção à saúde no Brasil ............................................................................... 05
4.1.1 Níveis de atenção à saúde ............................................................................................ 07
4.1.2 Forma de estruturação do sistema de saúde ............................................................. 09
4.1.3 Níveis de prevenção de doenças ................................................................................. 10
4.1.4 promoção da saúde ........................................................................................................ 11
4.1.5 atributos constitutivos da atenção primária à saúde ............................................... 20
4.2 Estratégia Saúde da Família.................................................................................................... 23
4.3 a composição das equipes de saúde da família ................................................................. 24
4.4 Núcleos de apoio à Saúde da Família (Nasf) ...................................................................... 25
4.5 assistência ambulatorial e hospitalar especializada no Brasil .......................................... 25
4.6 Redes de atenção à saúde no sistema de saúde brasileiro .............................................. 27
4.7 Fundamentos e atributos das Redes de atenção à Saúde (RaS) ...................................... 30
05
Introdução
Modelos de atenção à saúde, modelos assistenciais, ou modos de intervenções em saúde, são 
expressões utilizadas para conceituar o campo da prestação da atenção em saúde. Há vários 
estudos e reflexões sobre os modelos assistenciais vigentes que são definidos como uma espécie 
de intermediação de técnicas de prestação dos serviços nos âmbitos individual e coletivo. Esses 
modelos orientam as diversas ações em saúde seguindo uma lógica racional do uso dos diversos 
aparatos técnicos, de infraestrutura e de recursos humanos. a única função desses modelos de 
atenção é orientar as intervenções técnicas sobre os problemas de saúde, construindo um modo 
de intervenção em saúde.
4.1 o modelo de atenção à saúde no Brasil
Segundo alves e Silva Júnior, o modelo assistencial diz respeito ao modo como são organizadas, 
em uma dada sociedade, as ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos 
e assistenciais. ou seja, é uma forma de organização e articulação entre os diversos recursos 
físicos, tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de 
uma coletividade. Existem, no mundo, diversos modelos assistenciais calcados na compreensão 
da saúde e da doença, nas tecnologias disponíveis em determinada época para intervir na 
saúde e na doença e nas escolhas políticas e éticas que priorizam os problemas a serem 
enfrentados pela política de saúde. 
“O tema de qualquer modelo de atenção à saúde faz 
referência não a programas, mas ao modo de se construir 
a gestão de processos políticos, organizacionais e de 
trabalho que estejam comprometidos com a produção dos 
atos de cuidar do indivíduo, do coletivo, do social, dos 
meios, das coisas e dos lugares. E isso sempre será uma 
tarefa tecnológica, comprometida com necessidades 
enquanto valores de uso, enquanto utilidades para os 
indivíduos.”
Fonte: Merhy (2000).
Capítulo 4Disciplina Informação 
em saúde
06
Informação em Saúde
Laureate International Universities
No Brasil, dois modelos antagônicos de assistência à saúde garantem o acesso aos serviços 
de saúde para a população brasileira. Esses modelos são extremamente contraditórios 
por apresentarem formas de orientação muito diferentes. Em alguns momentos, eles se 
complementam, garantindo assim a assistência em grande parte das intervenções em saúde. 
os dois modelos existentes em nosso país são: modelo médico-assistencial privatista e modelo 
assistencial sanitarista. Há autores ainda que incluem um terceiro modelo, chamado de saúde 
da família, pautado em uma estratégia de (re)organização da atenção primária em nosso país, 
que será abordado melhor mais à frente.
os dois principais modelos assistenciais constituídos no decorrer da história do sistema de saúde 
no Brasil estão voltados para dois aspectos importantes: demanda espontânea de saúde e 
necessidades de saúde da população. 
Modelo médico-assitencial privatista Modelo assitencial sanitarista
O modelo médico-assistencial privatista está 
destinado a conter a demanda espontânea dos 
usuários. A população tem livre iniciativa para 
procurar os serviços de saúde, seja em hospitais, 
centros de saúde, unidades de saúde, 
prontos-socorros, consultórios particulares ou 
laboratórios. Caracteriza-se por ser um modelo 
voltado para o imediatismo, isto é, o indivíduo o 
procura por apresentar algum sinal ou sintoma de 
alguma enfermidade. O objetivo da população é 
apenas resolver o sofrimento naquele momento. É 
uma abordagem centrada na doença e na 
resolução imediata do problema. Por esse motivo, é 
o mais difundido e o mais prestigiado por grande 
parte das pessoas. O grande entrave desse 
modelo é o fato de estar atrelado ao grau de 
conhecimento e/ou sofrimento dos indivíduos sobre 
determinadas doenças. Logo, aqueles que não 
percebem a existência de agravos ou de doenças 
propriamente ditas deixarão de ser abordados 
pelo sistema de saúde. Esse modelo reforça a ideia 
de saúde como sendo a ausência de doença e por 
isso só necessitam de cuidados os que estão 
verdadeiramente doentes ou que apresentam 
algum mal físico. É um modelo que tem sua gênese 
na assistência filantrópica e na medicina liberal e 
que se consolidou com o desenvolvimento da 
medicina capitalizada. Reproduz-se tanto no setor 
público como no setor privado de saúde com um 
único objetivo: caráter curativo. Isso tende a 
prejudicar o atendimento integral do indivíduo e 
da comunidade da qual ele faz parte, além de 
interferir negativamente no impacto sobre o nível 
de saúde da população. (Rouquaryol, 2003) 
Esse modelo, quando citado, na maioria das vezes é abordado como 
sinônimo de saúde pública. É caracterizado por campanhas e programas 
focalizados em algum problema específico de saúde, o qual o modelo 
hegemônico anterior não conseguiu resolver ou dar conta. No século XX, 
o Brasil passou por diversos problemas de saúde que só foram contidos 
graças a campanhas específicas como, por exemplo, as diversas 
epidemias que acometeram nossa população no passado (febre amarela, 
varíola, peste, entre outras). Recentemente, vivenciamos as epidemias de 
dengue e, mais especificamente, a pandemia de gripe pelo vírus 
influenza A H1N1. Esse controle também se deve à instituição do 
calendário vacinal obrigatório, que conseguiu obter bons resultados no 
controle e erradicação de determinadas doenças. A campanha de 
reidratação oral conseguiu diminuir consideravelmente o índice de mortes 
por desidratação em crianças em áreas desprovidas de serviços 
adequados de saúde. Alguns programas focais, como os da tuberculose, 
hanseníase, hipertensão, diabetes e saúde da criança, também são 
exemplos desse modelo de intervenção em saúde. Essas ações são 
extremamente importantes, porém não contemplam os problemas de 
saúde em sua real dimensão, pois priorizam determinados agravos ou 
grupos de risco em detrimento de políticas mais gerais e que gerem um 
verdadeiro impacto no modo de estruturação e prestação de serviços em 
saúde. Outra grande dificuldade dessas políticas é o caráter temporário 
que elas assumem. Com exceção de alguns programas que se tornaram 
permanentes, as campanhas focais têm caráter efêmero e, no momento 
em que ocorrem, desviamrecursos federais para sua execução, 
modificando também todo um planejamento previamente elaborado, sem 
contar com a infraestrutura e a disposição de recursos humanos para tais 
políticas. Na verdade, podemos instituir a metáfora do “apagar 
incêndios” para designar as ações que essas campanhas desempenham. 
Entretanto, acabam se constituindo em um mal necessário. Os programas 
focais também geram problemas no sistema de saúde, pois dispõem de 
administração vertical e única que individualiza os serviços e desintegra o 
sistema, uma vez que não conseguem integrar as diversas ações desses 
programas às outras atividades do sistema. Esse modelo é desenvolvido 
exclusivamente pelo setor público e tem vínculo e financiamento direto do 
Ministério da Saúde e de suas subsecretarias de gestão. 
atualmente, no Brasil, o sistema de saúde é fragmentado e organizado por níveis de atenção. 
E é exatamente essa descentralização a responsável por promover um melhor atendimento 
à população, uma vez que cada um desses níveis corresponde a determinado conjunto de 
serviços assistenciais disponibilizados aos usuários (sendo alguns de maior complexidade e 
outros mais básicos). Essa forma de organização e hierarquização das redes assistenciais 
do modelo de atenção à saúde envolve uma imagem em pirâmide, bem como a ideia da 
complexidade crescente em direção ao topo, com o hospital no topo e a rede básica como 
porta de entrada do sistema de saúde. a pirâmide organiza a assistência em graus crescentes 
07
de complexidade, com a população fluindo de forma organizada entre os vários níveis por 
meio de mecanismos formais de referência e contrarreferência (normas de fluxos de usuários 
na busca de alternativas de assistência).
4.1.1 Níveis de atenção à saúde
Nos sistemas de saúde, são organizados níveis de atenção à saúde a partir da combinação dos 
recursos assistenciais disponíveis. Eles dependem de tecnologia material incorporada (máquinas 
e equipamentos de diagnóstico e terapêutica), capacitação de pessoal (custo social necessário 
para formação) e perfil de morbidade da população-alvo. São, então, identificados três níveis 
de atenção à saúde: nível primário (primeiro nível: atenção primária à saúde); nível secundário 
(nível intermediário: atenção secundária); e nível terciário (atenção terciária).
No entanto, deve-se advertir que os arranjos possíveis na distribuição desses três elementos em 
sistemas de saúde frequentemente não apresentam a mesma regularidade, pois dependem das 
características do sistema em termos dos meios financeiros, materiais e de pessoal disponíveis e 
das políticas de saúde implementadas em cada país.
o nível primário é aquele em que estão os equipamentos com menor grau de incorporação 
tecnológica do sistema (os equipamentos de geração tecnológica mais antiga, como aparelhos 
básicos de raio-X, sonar e, eventualmente, ultrassom). a capacitação de pessoal para esse nível 
apresenta necessidades de uma formação geral e abrangente para atender aos eventos mais 
prevalentes na população (os problemas de saúde mais frequentes), e o quadro de profissionais 
é preenchido por médicos de família e clínicos gerais. Estima-se que entre 85 a 90% dos casos 
demandados à atenção primária são passíveis de serem resolvidos nesse nível da atenção. 
ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de inovação tecnológica 
(aparelhos de raio-X com alguma sofisticação, ecocardiógrafo, ultrassom de geração mais 
nova, aparelhos para endoscopia). a capacitação de pessoal – a dos médicos, em particular 
– situa-se em áreas especializadas originárias (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e 
obstetrícia, pediatria) e em outras, como oftalmologia e psiquiatria. Essas especializações, no 
caso dos médicos, requerem 2 a 3 anos após a graduação para atingir a formação, que 
se realiza por meio da residência médica. os serviços de atenção secundária devem estar 
aparelhados com pessoal e equipamentos para atender às situações que forem encaminhadas 
pelo nível primário. 
o nível terciário concentra os equipamentos com alta incorporação tecnológica, aqueles de 
última geração e, portanto, mais caros (ressonância magnética e pEt scan). o pessoal que 
trabalha nesse nível necessita de formação especializada mais intensiva, no caso dos médicos 
até em áreas superespecializadas (neurocirurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, 
cancerologia, entre outras) que demandam de 3 a 5 anos de residência médica para obter 
a capacitação. o nível terciário deve estar aparelhado para atender a situações que o nível 
secundário não conseguiu resolver e eventos mais raros ou aqueles que demandam assistência 
desse nível do sistema. 
para dar os resultados esperados, um sistema de saúde com esse tipo de organização exige 
que um determinado número de pessoas vincule-se a um determinado serviço (unidade 
básica, ambulatório de especialidade, hospital) – a adscrição de clientela –, e requer uma 
distribuição homogênea dos serviços para garantir que as pessoas possam ser atendidas em 
suas necessidades assistenciais. Em linguagem mais técnica, significa usar a noção de escala na 
distribuição de serviços, ou seja, os serviços de atenção primária devem estar distribuídos de 
08
Informação em Saúde
Laureate International Universities
modo que cada um esteja preparado para atender até 20 mil habitantes. assim, para cada 
grupo de serviços de atenção primária (um certo número de unidades básicas de saúde) deve 
existir um serviço secundário de referência (ambulatório de especialidades e hospital geral) e, 
da mesma forma, para cada conjunto de serviços de atenção secundária (grupo de hospitais) 
deve haver hospital e ambulatórios especializados de referência.
Atenção terciária: incorpora um alto grau de complexidade e 
precisa ser desenvolvida essencialmente em nível hospitalar, no 
qual os universitários são de grande importância. Congrega 
equipamentos com alta incorporação tecnológica e, portanto, 
mais caros (ressonância magnética, pEt scan). o pessoal 
incorporado necessita de formação especializada mais 
intensiva, no caso dos médicos até em áreas superespecializadas 
(neurocirurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, 
cancerologia, entre outras), que demandam de 3 a 5 anos 
após a graduação para completar a capacitação. o nível 
terciário deve estar aparelhado para atender situações que o 
nível secundário não conseguiu resolver, eventos mais raros ou 
aqueles que demandem assistência desse nível do sistema.
Atenção secundária: congrega os equipamentos com grau 
intermediário de inovação tecnológica (como raio-X com 
alguma sofisticação, ecocardiógrafo, ultrassom e aparelhos 
para endoscopia), capacitação de pessoal, em particular 
dos médicos, e geralmente situa-se em áreas especializadas 
originárias (clínica, cirurgia, ginecologia, obstetrícia, pediatria) 
e em outras, como oftalmologia e psiquiatria. os serviços de 
atenção secundária devem estar aparelhados com pessoal e 
equipamentos para atender às situações que o nível primário 
não absorveu – geralmente cursos atípicos ou complicações dos 
eventos mais frequentes e outros mais raros que demandam 
assistência compatível a esse nível.
Atenção primária: caracteriza-se como a entrada do 
usuário no sistema de saúde. Estudos mostram que possui um 
grau de 85 a 90% de resolutividade. Consegue alocar os 
equipamentos com baixo grau de incorporação tecnológica 
como, por exemplo, eletrocardiógrafo, aparelhos básicos de 
raio-X, sonar, eventualmente ultrassom e laboratório básico. 
A capacitação dos profissionais para este nível apresenta 
necessidades de uma formação geral e abrangente para 
atender aos eventos mais prevalentes na população-alvo, 
respeitadas as possibilidades de intervenção neste nível 
de complexidade assistencial. É o nível de atenção que vem 
ganhando notoriedade dentro dospaíses que querem atingir 
excelência em seu grau de desenvolvimento. 
Esses níveis de atuação devem estar relacionados entre si para que consigam resolver e atender 
às necessidades de saúde de toda população. para cada serviço de atenção primária deve 
haver um serviço de referência para atenção secundária e terciária. Esse serviço de referência 
serve para apoio no processo de resolutividade das enfermidades da população.
09
um dos grandes dilemas atuais de qualquer sistema de saúde é fazer que haja, de fato, a 
integração dos diversos níveis do sistema, e que eles cumpram realmente com seus respectivos 
papéis. a atenção primária deve cumprir com sua função e assumir literalmente a porta de 
entrada do sistema. os demais níveis, secundário e terciário, devem servir como referência para 
os problemas que não puderam ser finalizados no nível anterior, assumindo suas verdadeiras 
funções.
4.1.2 Forma de estruturação do sistema de saúde
Figura 1.
Nível terciário: atenção hospitalar
(resolve cerca de 5% dos problemas de saúde)
Nível secundário: centros de especialidades e
serviço de apoio diagnóstico terapêutico (SADT)
(resolve cerca de 15% dos problemas de saúde)
Atenção básica: unidades básicas de saúde e
estratégia de saúde da família
(resolve mais de 80% dos problemas de saúde)
Santos discorre que a organização do SuS em nosso país está assentada em três pilares: rede 
(integração dos serviços interfederativos), regionalização (região de saúde) e hierarquização 
(níveis de complexidade dos serviços). Estes são os pilares que sustentam o modelo de atenção 
à saúde, conforme dispõe o art. 198 da Constituição Federal. a Constituição, ao estatuir que 
o SUS é um sistema integrado, organizado em rede regionalizada e hierarquizada, definiu o 
modelo de atenção à saúde e a sua forma organizativa.
A organização dos serviços de saúde promove um ordenamento de fluxo de usuários entre os 
níveis de atenção, constituindo o nível primário/atenção básica o local de primeiro contato com o 
sistema de saúde e de atendimento às necessidades dos usuários ao longo da vida – ressalvadas 
as situações de urgência e emergência médicas. assim, à assistência primária compete ordenar 
o fluxo de usuários nos sistemas de saúde – tarefa das mais complexas se imaginarmos o 
número e a natureza das situações envolvidas, bem como os requisitos de formação técnica e os 
meios operacionais necessários para identificar adequadamente o que encaminhar e quando 
fazê-lo. Esse sistema de encaminhamento interníveis de atenção denomina-se referência e 
geralmente se dá de modo crescente, isto é, do nível primário para o secundário e desse para 
o terciário. Já o fluxo inverso, isto é, o retorno do usuário para um nível mais abaixo, denomina-
se contrarreferência e pode se dar tanto em ordem imediatamente decrescente ou, às vezes, 
do terciário diretamente para o primário. a boa norma recomenda que os encaminhamentos 
interníveis sejam realizados por meio de relatórios detalhados. Claro está que, para funcionar, 
um sistema de saúde assim organizado exige adscrição de clientela (vinculação de clientela 
a serviços, especialmente no nível primário) e uma distribuição homogênea dos serviços para 
garantir, de modo igualitário, o acesso e atender adequadamente às necessidades assistenciais 
dos usuários. 
10
Informação em Saúde
Laureate International Universities
4.1.3 Níveis de prevenção de doenças
Leavell & Clark, em 1965, propuseram o modelo da história natural da doença, composto 
por três níveis de prevenção, descritos no Quadro 1 a seguir. São eles: prevenção primária, 
secundária e terciária. Nesse modelo, a promoção da saúde limitava-se e compunha um nível 
de atenção da medicina preventiva (prevenção primária), constituindo ações destinadas ao 
desenvolvimento da saúde e bem-estar gerais no período de pré-patogênese.
Quadro 1 - Modelo da história natural da doença
Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária
Reabilitação
Limitação da
invalidez
Proteção
específica
Promoção da
saúde
Diagnóstico e
tratamento precoce
• Prestação de 
serviços hospitalares e 
comunitários para a 
reeducação e treinamento 
a fim de possibilitar a 
utilização máxima das 
capacidades restantes.
• Educação do público 
e indústria, no sentido 
de que empreguem o 
reabilitado.
• Emprego tão completo 
quanto possível.
• Colocação seletiva.
• Terapia ocupacional 
em hospitais.
• Utilização de asilos.
• Tratamento 
adequado para 
interromper o 
processo 
mórbido e 
evitar futuras 
complicações 
e sequelas.
• Provisão de 
meios para 
limitar a 
invalidez e 
evitar a morte.
• Medidas individuais 
e coletivas para 
descoberta de casos.
• Pesquisas de triagem 
e exames seletivos.
• Objetivos:
- curar e evitar o 
processo da doença.
- evitar complicações 
e sequelas.
- encurtar o período 
de invalidez.
• Uso de imunizações 
específicas.
• Atenção à higiene 
pessoal.
• Hábito de 
saneamento do 
ambiente.
• Proteção contra 
riscos ocupacionais.
• Proteção contra 
acidentes.
• Uso de alimentos 
específicos.
• Proteção contra 
substâncias 
carcinogênicas.
evitação contra 
alérgenos.
• Educação sanitária;
• Bom padrão de 
nutrição, ajustado às 
várias fases de 
desenvolvimento da vida.
• Atenção ao 
desenvolvimento da 
personalidade.
• Moradia adequada, 
recreação e condições 
agradáveis de trabalho.
• Aconselhamento 
matrimonial e educação 
sexual e genética.
• Exames seletivos 
periódicos.
Fonte: adaptado por Demarzo.
Existe um quarto conceito mais recente de prevenção, o de prevenção quartenária, que 
apareceu após reflexões de que as ações em saúde, tanto preventivas quanto curativas, têm 
sido consideradas, em algumas situações, excessivas e agressivas, tornando-se também um 
fator de risco para a enfermidade e a doença. por essa razão, em 1995, Jamoulle e Roland 
propuseram o conceito de prevenção quartenária (prevenção da Iatrogenia), aceito pelo 
Comitê Internacional da organização Mundial dos Médicos de Família (WoNCa) em 1999. 
Esse novo nível de prevenção pressupõe ações clínicas centradas na pessoa e pautadas na 
epidemiologia clínica e na saúde baseada em evidências, visando melhorar a qualidade da 
prática em saúde, bem como a racionalidade econômica. 
Portanto, as ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas, 
prezando pelo máximo de qualidade da atenção com o mínimo de quantidade/intervenção 
possível. ainda neste contexto, almeida10 descreve outro objetivo da prevenção quartenária, 
que é construir a autonomia dos usuários e pacientes por meio de informações necessárias e 
suficientes para poderem tomar suas próprias decisões, sem falsas expectativas, conhecendo as 
vantagens e os inconvenientes dos métodos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos propostos. 
portanto, consiste na construção da autonomia dos sujeitos e na detecção de indivíduos em risco 
de sobretratamento ou excesso de prevenção, para protegê-los de intervenções profissionais 
inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
11
Neste contexto, esse modelo contribuiu para destacar as ações sobre o ambiente e sobre os 
estilos de vida, além de ações clínicas, o que foi fundamental dentro do processo de transição 
epidemiológica vivenciado no último século, com as doenças crônico-degenerativas ocupando 
um lugar de destaque. Dessa maneira, a promoção da saúde, além de se associar a medidas 
preventivas, passou a englobar a promoção de ambientes e estilos de vida saudáveis.
4.1.4 promoção da saúde
a promoção da saúde vai além dos cuidados de saúde. o enfoque biológico e social do 
processo saúde-doença esteve no centro do debate entre saúde pública e medicina durante 
boa parte do século XX, até que, em abril de 1974, o Relatório Lalonde, produzido na gestão 
do Ministroda Saúde canadense Marc Lalonde, destacou a importância do estilo de vida 
(comportamento) como foco principal, ao lado da biologia humana e de fatores ambientais 
como as principais causas de morbimortalidade, passando a ser um referencial importante nos 
debates e documentos que foram produzidos desde então. 
a primeira Conferência Internacional de promoção da Saúde realizada em ottawa, no Canadá, 
em novembro de 1986, enfatizou a importância da atenção primária em saúde defendida pela 
oMS como a chave para uma promoção da saúde de caráter universal. Nessa conferência, 
em decorrência dos progressos alcançados após a Declaração de alma-ata para a atenção 
primária à saúde, em 1978, e a partir do documento da oMS as Metas da Saúde para 
todos, foi elaborada a Carta de ottawa, que passou a ser uma referência permanente na 
reflexão sobre os determinantes sociais em saúde em todas as conferências que se seguiram e 
na evolução conceitual da promoção da saúde. 
a Carta de ottawa ampliou o conceito de promoção da saúde para além de um estilo de 
vida saudável, e lista os seguintes pré-requisitos como básicos para alcançar a saúde: paz, 
habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social 
e equidade. as dimensões socioeconômicas, políticas e culturais incidem sobre as condições de 
saúde, não sendo, assim, responsabilidade exclusiva do setor de saúde. além disso, a Carta de 
ottawa indica que a promoção da saúde demanda uma ação coordenada entre governo, setor 
de saúde e outros setores sociais e econômicos a fim de: estabelecer estratégias que devem 
refletir as necessidades locais e as diferenças socioeconômicas e culturais para a construção de 
políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis; reforçar a ação comunitária na direção dos 
assuntos de saúde; desenvolver habilidades pessoais por meio da divulgação de informação, 
desenvolver uma educação para a saúde; e reorientar os serviços de saúde para a promoção 
da saúde com a participação da comunidade e de outros setores.
Desde a Carta de Ottawa, a OMS vem organizando novas conferências sobre promoção da saúde
no sentido de reforçar, aprimorar e aprofundar s conceitos e ações definidos em 1986. São elas
1. Segunda Conferência Internacional 
sobre promoção da saúde, realizada em 
Adelaide em 1988.
2. Terceira Conferência Internacional sobre 
promoção da saúde, realizada em 
Sundsval em 1991.
3. Quarta Conferência Internacional sobre 
promoção da saúde, realizada em Jacarta 
em 1997.
4. Quinta Conferência Internacional sobre 
promoção da saúde, realizada no México 
em 2000.
5. Sexta Conferência Global de promoção 
da saúde, realizada em Bancoc em 2005. 
(DEMARZO, 2008)
• Educação sanitária;
• Bom padrão de 
nutrição, ajustado às 
várias fases de 
desenvolvimento da vida.
• Atenção ao 
desenvolvimento da 
personalidade.
• Moradia adequada, 
recreação e condições 
agradáveis de trabalho.
• Aconselhamento 
matrimonial e educação 
sexual e genética.
• Exames seletivos 
periódicos.
12
Informação em Saúde
Laureate International Universities
Seguiu-se, em 1988, a II Conferência Internacional sobre promoção de Saúde, em adelaide, 
na austrália, cujo tema central foi voltado para as políticas públicas saudáveis. a conferência 
identificou quatro áreas prioritárias para promover ações imediatas em políticas públicas 
saudáveis: apoio à saúde da mulher, alimentação e nutrição, tabaco e álcool e ambientes 
saudáveis. Os participantes da Conferência de Adelaide reafirmaram os compromissos 
assumidos na Carta de ottawa, e a III Conferência Internacional sobre promoção da Saúde, 
realizada em Sundsvall (Suécia), em 1991, precedendo a Conferência Mundial sobre o Meio 
Ambiente, pautou como tema principal os ambientes favoráveis à saúde, identificando que 
a expressão “ambientes favoráveis” refere-se, no contexto da saúde, aos aspectos físico e 
social e à sua importância para a saúde. Essa conferência elencou quatro estratégias para 
o desenvolvimento das ações em saúde pública, visando promover a criação de ambientes 
favoráveis e promotores da saúde: 
 • reforçar a defesa da proposta por meio de ações comunitárias, particularmente pelos 
grupos organizados de mulheres; 
 • capacitar comunidades e indivíduos sobre saúde e ambiente por meio da educação e maior 
participação nos processos de tomada de decisão; 
 • construir alianças para a saúde e os ambientes favoráveis, de maneira a reforçar a 
cooperação entre as campanhas e estratégias nas áreas da saúde e do ambiente; 
 • mediar os interesses conflitantes na sociedade, de modo que se possa assegurar o acesso 
igualitário a ambientes favoráveis à saúde.
Na américa Latina, o primeiro Encontro Internacional sobre promoção da Saúde ocorreu em 
Santa Fé de Bogotá (Colômbia), em 1992, e reuniu os representantes de 21 países da américa 
Latina, Canadá e Espanha, com o objetivo de debater princípios e definir o significado da 
promoção da saúde na américa Latina. a situação de saúde vigente caracterizava-se pela 
persistência ou ressurgimento de endemias, como malária, cólera, tuberculose e desnutrição; 
pelo aumento de problemas como câncer e doenças cardiovasculares; pelo surgimento de 
novas enfermidades, como aids e as resultantes da deterioração ambiental; e pelo aumento 
da violência, causando inúmeros problemas psicossociais e um aumento de riscos para a saúde. 
a partir dessa análise, é destacada a importância de trabalhar a promoção da saúde voltada 
prioritariamente para a identificação dos fatores que favorecem a inequidade e a proposição 
de ações que diminuam seus efeitos (oMS, 1992).
Foram destacadas como principais estratégias definidas no Encontro Internacional: 
Considerar os princípios da Carta de Ottawa como indispensáveis
para a promoção da saúde na América Latina. 
Reorientar o setor de saúde, colocando em relevo a estratégia de promoção da saúde.
Impulsionar o conceito de saúde condicionado por fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais,
de conduta e biológicos. 
Promover a saúde como estratégia para modificar esses fatores condicionantes.
Articular as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção da saúde, colocando os propósitos sociais
à frente dos interesses econômicos a fim de criar e manter ambientes familiares, físicos, naturais, de trabalho,
sociais, econômicos e políticos que tenham a intenção de promover a vida, e não de degradá-la. 
Incentivar políticas públicas que garantam a equidade e favoreçam a criação de ambientes e opções saudáveis. 
13
Em 1997, é realizada a IV Conferência Internacional de promoção da Saúde em Jacarta 
(Indonésia). Essa foi a primeira conferência a ter lugar em um país em desenvolvimento e a 
incluir o setor privado no apoio à promoção da saúde. Foi uma ocasião para refletir sobre o 
que se aprendeu sobre promoção da saúde, reconhecendo que cada vez mais é um elemento 
essencial para a redução das inequidades em questões de saúde mediante ações sobre os 
determinantes sociais. 
a Declaração de Jacarta sobre a promoção da saúde oferece uma visão e um enfoque para a 
promoção da saúde no século XXI. após 10 anos, as precondições para a saúde estabelecidas 
na Carta de ottawa são ampliadas. São elas: paz, abrigo, instrução, segurança social, relações 
sociais, alimento, renda, direito de voz das mulheres, ecossistema estável, uso sustentável dos 
recursos naturais, justiça social, respeito aos direitos humanos e equidade. São recomendações 
da Conferência para a promoção da saúde no século XXI: 
 • promover a responsabilidade social para com a saúde;
 • aumentar os investimentos para fomentar a saúde; 
 • consolidar e expandir parcerias em prol da saúde entre os diferentes setores e em todos os 
níveis de governabilidade e da sociedade;
 • aumentar a capacidade comunitária e dar direito de voz ao indivíduo.para conseguir infraestrutura para a promoção da saúde, faz-se necessário encontrar novos 
mecanismos para seu custeio nos níveis local, nacional e mundial. Localidades para a saúde 
representam a base organizacional necessária para a promoção da saúde. a V Conferência 
Internacional sobre promoção da Saúde, realizada na Cidade do México (México), em 2000, 
constata que, nos últimos anos, houve melhoria significativa da saúde e aumento do acesso 
aos serviços de saúde em muitos países do mundo. Mas, apesar desse progresso, ainda 
persistem muitos problemas de saúde que prejudicam o desenvolvimento social e econômico. 
É recomendada a necessidade urgente de abordar os determinantes sociais, econômicos e 
ambientais da saúde, sendo preciso fortalecer os mecanismos de colaboração para a promoção 
da saúde em todos os setores e níveis da sociedade e colocar a promoção da saúde como 
prioridade fundamental das políticas e programas locais, regionais, nacionais e internacionais. 
além disso, é necessário um papel de liderança para assegurar a participação ativa de todos 
os setores e da sociedade civil na implementação das ações de promoção que fortaleçam e 
ampliem as parcerias na área da saúde. 
Em 2005, foi realizada a VI Conferência Global de promoção da Saúde, em Bangcoc, na 
Tailândia. Nessa conferência, foram identificadas as ações para abordar os determinantes 
da saúde por meio da promoção da saúde e alguns fatores críticos que influenciam a saúde. 
Foram propostas algumas estratégias a fim de abordar os determinantes da saúde em um 
mundo globalizado por meio de intervenções efetivas do setor de saúde, com o objetivo de 
que mais avanços sejam obtidos na implementação das ações de promoção da saúde, e a fim 
de complementar os valores e princípios da promoção da saúde estabelecidos pela Carta 
de ottawa para a promoção da saúde, assim como as recomendações das conferências 
internacionais subsequentes. Em novembro de 2009, foi realizada em Nairóbi a VII Conferência 
Global de promoção da Saúde, organizada pela oMS e pelo Ministério da Saúde pública do 
Quênia, que reafirmou os compromissos das conferências anteriores. O tema dessa conferência 
foi “promovendo a Saúde e o Desenvolvimento: quebrar as lacunas de implementação”.
14
Informação em Saúde
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as discussões desenvolveram-se em torno dos seguintes assuntos:
Empoderamento da comunidade (autonomia comunitária).
Conhecimento sobre saúde e comportamento (autonomia individual).
Reforço dos sistemas de saúde. 
Parcerias e ação intersetorial. 
Construção de competências para a promoção da saúde. 
No Brasil, o conceito ampliado de saúde e a associação entre determinantes sociais e condições 
de saúde tiveram contribuição significativa a partir do movimento da reforma sanitária 
brasileira, especialmente nas discussões ocorridas durante a VIII Conferência Nacional de 
Saúde Brasil, de 1986, que definiu que a “saúde é resultante das condições de alimentação, 
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, 
acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” e que “há necessidade de o Estado 
assumir explicitamente uma política de saúde consequente e integrada às demais políticas 
econômicas e sociais”, condições asseguradas posteriormente em 1988 no texto constitucional – 
seção II da Saúde – e na Lei orgânica da Saúde.
Atenção primária à saúde
Internacionalmente, tem-se apresentado atenção primária à Saúde (apS) como uma estratégia 
de organização da atenção à saúde voltada para responder, de forma regionalizada, contínua 
e sistematizada, à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando 
ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Esse enunciado 
procura sintetizar as diversas concepções e denominações das propostas e experiências que se 
convencionaram chamar internacionalmente de apS.
No Brasil, a apS incorpora os princípios da Reforma Sanitária, levando o Sistema Único de Saúde 
(SuS) a adotar a designação atenção Básica à Saúde (aBS) para enfatizar a reorientação do 
modelo assistencial a partir de um sistema universal e integrado de atenção à saúde.
Historicamente, a ideia de atenção primária foi utilizada como forma de organização dos 
sistemas de saúde pela primeira vez no chamado Relatório Dawson, em 1920. Esse documento 
do governo inglês procurou, por um lado, contrapor-se ao modelo flexineriano americano 
de cunho curativo, fundado no reducionismo biológico e na atenção individual, e, por outro, 
constituir-se numa referência para a organização do modelo de atenção inglês, que começava 
a preocupar as autoridades daquele país devido ao elevado custo, à crescente complexidade 
da atenção médica e à baixa resolutividade.
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Primeiro contato (porta de entrada ao sistema de saúde)
Significa acesso e utilização do serviço de saúde para cada novo evento de saúde ou novo episódio de um mesmo evento. Um 
serviço é porta de entrada quando a população e a equipe identificam-no como o primeiro recurso de saúde a ser buscado 
quando há uma necessidade/problema de saúde. Para isso, deve ser de fácil acesso e disponível. Se não o for, a procura será 
adiada, talvez a ponto de afetar negativamente o diagnóstico e o manejo do problema. O acesso tem dois componentes: a) o 
acesso geográfico, que envolve características relacionadas à distância e aos meios de transporte a serem utilizados para obter 
o cuidado; b) o acesso sócio-organizacional, que inclui aquelas características e recursos que facilitam ou impedem os esforços 
das pessoas em receber os cuidados de uma equipe de saúde. Por exemplo, o horário de funcionamento, a forma de marcação 
de consulta e a presença de longas filas podem significar barreiras ao acesso. O mesmo ocorre com: as horas de 
disponibilidade da unidade de saúde; a oferta de cobertura após o horário de funcionamento e a explicitação dos serviços a 
serem utilizados pela população quando a unidade de saúde não está disponível; a facilidade de acesso para idosos e 
portadores de deficiências físicas; o tempo médio gasto na sala de espera; a ausência de dificuldades com linguagem; as 
barreiras relacionadas a gênero; as acomodações; a aceitabilidade das diferenças culturais; a disponibilidade de brechas para 
consultas de emergências; o intervalo de tempo entre marcação e consulta; a disponibilidade para visitas domiciliares; a oferta 
de cuidados para grupos que não procuram espontaneamente o serviço; a busca ativa; etc. A organização da agenda para 
garantir consultas programadas permite que as ações de promoção e prevenção em saúde – como acompanhamento pré-natal 
e aconselhamento em doenças crônicas – sejam realizadas. A utilização dos serviços de APS pela população depende da boa 
resolutividade das equipes, do acolhimento, da capacidade de delimitar os recursos necessários para resolver os problemas e 
de uma prática baseada na pessoa (e não na doença), na família e na comunidade. As equipes de saúde da família têm 
inovado na busca de formas que garantam acessibilidade e maior utilização da APS como primeiro contato com o sistema de 
saúde. O acolhimento, a exposição de cartazes com horários de funcionamento e disponibilidade dos integrantes da equipe, os 
turnos vespertinos e agenda aos sábados são alguns exemplos de esforços nesse sentido. O trabalho em parceria com as 
comunidades para diminuir as barreiras de acesso e melhorar a utilização dos serviços é essencial. As diretrizes da Estratégia 
Saúde da Família buscam a ampliação do acesso e da utilização dos serviços de APS como porta de entrada ao sistema ao 
proporem que as unidades de saúde estejam próximo do local de moradia das pessoas, que haja vinculação populacional e a 
responsabilidade pelo território.
As vantagens do primeiro contato 
A utilização de um serviço de APS como o primeiro 
recursode saúde por uma determinada população 
traz as seguintes vantagens:
• Ocorre redução dos seguintes aspectos: número de 
hospitalizações, tempo de permanência no hospital 
quando ocorre hospitalização, número de cirurgias, uso 
de especialistas em doenças, número de consultas para 
um mesmo problema e número de exames 
complementares.
• São maiores: o número de ações preventivas, a 
adequação do cuidado, a qualidade do serviço 
prestado e a oportunidade da atenção (maior chance 
de que ocorra no tempo certo).
• As equipes de saúde, especialistas em APS, lidam 
melhor com problemas de saúde em estágios iniciais, 
utilizando a adequada abordagem ver, esperar e 
acompanhar, diferente dos especialistas em doenças 
que, acostumados a ver problemas em fases mais 
adiantadas, solicitam mais exames complementares e 
realizam mais procedimentos.
Os desafios da porta de entrada no SUS 
A utilização da atenção primária à saúde como porta de entrada 
ao sistema de saúde brasileiro melhorou muito desde a criação da 
Estratégia Saúde da Família, seja ampliando o acesso das 
populações aos serviços, seja disponibilizando uma gama maior de 
ações de promoção, prevenção e tratamento. Porém, muitos desafios 
precisam ainda ser enfrentados para alcançar mais equidade e 
observar, traduzidos nos indicadores de morbimortalidade, melhores 
resultados em saúde. Dentre esses desafios, destacam-se a 
valorização da APS na rede de serviços de saúde, o aumento da 
resolutividade da APS e o cuidado de enfocar as necessidades em 
saúde da população. Os serviços de emergência são ainda 
inadequadamente utilizados por grande parcela da população. 
Embora sejam as melhores portas de entrada na ocorrência de 
emergências, não contemplam a integralidade da atenção, a 
longitudinalidade do cuidado e a coordenação das ações. 
A cultura da busca pelo especialista e da livre demanda, próprias 
do modelo médico hospitalocêntrico, já é questionada. Vários países 
restringem o acesso a especialistas ao encaminhamento do médico 
da atenção primária, com repercussões positivas nos custos e na 
eficiência do sistema.
As vantagens da longitudinalidade 
A longitudinalidade está associada a diversas vantagens: menor 
utilização de serviços de saúde, melhor cuidado preventivo, 
atendimentos mais precoces e adequados, menor frequência de 
doenças passíveis de prevenção, maior satisfação das pessoas com o 
atendimento e custo total mais baixo. Quando há estabilidade dos 
profissionais e dos serviços, observa-se com maior frequência que: 
• Os tratamentos instituídos são completados e são realizadas mais 
ações de prevenção. » há melhor utilização dos serviços de saúde 
pela população, que compreende e respeita os alcances e os limites 
das equipes de saúde.
• Ocorre menor proporção de hospitalizações. » aumenta a 
capacidade dos profissionais em avaliar adequadamente as 
necessidades das pessoas; há maior integralidade do cuidado e 
coordenação das ações e serviços; e há maior satisfação dos 
usuários. 
A longitudinalidade é especialmente vantajosa para pessoas com 
doenças crônicas e em comorbidades, situações muito frequentes e 
que exigem da APS uma reestruturação dos serviços, cuja tradição é 
se organizarem para o enfrentamento de problemas agudos.
Os desafios da longitudinalidade no SUS 
Os desafios da longitudinalidade no Brasil estão 
especialmente relacionados à rotatividade de 
profissionais nas equipes de saúde e à qualidade do 
registro das informações em prontuários.
Longitudinalidade do cuidado (ou vínculo e responsabilização)
A essência da longitudinalidade é uma relação pessoal que se estabelece ao longo do tempo, independentemente do tipo de 
problema de saúde ou mesmo da presença de um problema de saúde, entre indivíduos e um profissional ou uma equipe de 
saúde. Uma equipe de APS tem a oportunidade de acompanhar os diversos momentos do ciclo de vida dos indivíduos, de suas 
famílias e da própria comunidade, e assim, por meio dessa relação, conhecer as pessoas, suas famílias e comunidade, os quais, 
por sua vez, conhecem a equipe de saúde. O vínculo e a responsabilização contidos na proposta brasileira referem-se a esse 
conceito. A longitudinalidade pressupõe a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, o que 
significa uma unidade de saúde com equipes estáveis. A rotatividade de pessoal nas equipes de saúde é um fator impeditivo do 
alcance da longitudinalidade. A continuidade do cuidado, por outro lado, significa o acompanhamento durante um episódio de 
doença. Não é uma particularidade da APS, ocorrendo também nos demais níveis de atenção. 
Integralidade
Cuidado integral é a capacidade da equipe de saúde em lidar com a ampla gama de necessidades em saúde do indivíduo, da 
família ou das comunidades, seja resolvendo-os, o que pode ocorrer em 85% das situações por meio da oferta de um conjunto 
de ações e serviços, descritos no Capítulo 3, seja referindo-se aos outros pontos de atenção à saúde, que podem ser aos 
cuidados secundários, terciários ou a outros setores (educação, saneamento, habitação, entre outros). A integralidade pressupõe 
um conceito amplo de saúde, no qual: necessidades biopsicossociais, culturais e subjetivas são reconhecidas; a promoção, a 
prevenção e o tratamento são integrados na prática clínica e comunitária; e a abordagem é voltada para o indivíduo, sua 
família e seu contexto. A integralidade depende da capacidade de identificar as necessidades percebidas e as não percebidas 
pelos indivíduos, da abordagem do ciclo vital e familiar e da aplicação dos conhecimentos dos diversos campos de saberes. 
Uma condição essencial para a integralidade é a atuação interdisciplinar das equipes de saúde, pois cotidianamente se 
apresentam, nas unidades de saúde e territórios das equipes de APS, situações cuja complexidade exige a intervenção 
coordenada de profissionais de diversas disciplinas. A condição estrutural para que a integralidade se dê é a disponibilidade 
de uma variedade de serviços, incluindo recursos que normalmente não são utilizados nos cuidados secundários, como visitas 
domiciliares, ações em organizações comunitárias (creches, clubes de mães, grupos de apoio, etc.) e articulações intersetoriais 
para estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças. Decidir quais são os serviços adequados é uma importante 
atividade que deve estar baseada no conhecimento das necessidades da população. 
As vantagens da integralidade 
A integralidade do cuidado está associada a mais 
ações de prevenção, maior adesão aos tratamentos 
recomendados e maior satisfação das pessoas.
Os desafios da integralidade no SUS 
Os desafios da integralidade no Brasil estão menos relacionados ao 
conceito amplo de saúde e mais relacionados a problemas estruturais, 
que limitam a gama de serviços oferecidos, e a problemas na 
organização dos serviços.
As vantagens da coordenação 
Muitas vantagens estão associadas à 
coordenação do cuidado: melhor 
identificação dos problemas de saúde; 
melhor adesão a tratamentos, dietas, 
execução de exames e consultas de 
encaminhamento; menos hospitalizações e 
menor solicitação de exames 
complementares. 
Os desafios da coordenação no SUS 
Esse componente da APS ainda precisa ser fortalecido no Brasil, salientando-se 
alguns desafios: melhora da qualidade da informação nos prontuários de 
saúde, para permitir que haja coordenação do cuidado dentro da equipe 
multidisciplinar de saúde; implantação de prontuários eletrônicos; constituição 
de redes de atenção, otimizando o acesso e a utilização dos demais recursos 
de saúde da rede, assegurando os mecanismos de comunicação, o que 
qualifica o cuidado (a referência e a contrarreferência); informatização dos 
sistemas de informações, permitindo que as informações relacionadas aos 
pacientes estejam disponíveis em qualquer ponto da rede de atenção à saúde.Coordenação do cuidado (ou organização das respostas ao conjunto de necessidades)
Coordenação, o quarto componente, é essencial para o sucesso dos demais. Um conceito amplo de saúde permite que as várias 
necessidades dos indivíduos, suas famílias e comunidades sejam identificadas, e a ação de uma equipe multidisciplinar é 
necessária para responder a tais necessidades. Contudo, é fundamental que haja coordenação das ações/respostas. Sem 
coordenação, a longitudinalidade perde muito de seu potencial, a integralidade não é viável e o primeiro contato torna-se uma 
função puramente administrativa. A essência da coordenação é a informação − a disponibilidade de informação (sobre a 
pessoa, sua história, seus problemas, as ações realizadas, os recursos disponíveis, informação propiciada pelos sistemas de 
informação, mecanismos de transmissão da informação e comunicação) e a utilização da informação, possibilitada pela fácil 
obtenção das informações, por registros facilmente disponíveis, por reconhecimento de informações prévias, por mecanismos de 
referência e contrarreferência e recomendações escritas aos pacientes. 
Os desafios da coordenação estão situados em diferentes contextos:
Na unidade de saúde, quando vários membros da equipe dispõem de diferentes aspectos da informação do paciente.
Entre diferentes serviços, nos casos de referência e contrarreferência. 
Entre diferentes setores, como educação, saneamento, transporte, etc. A melhora da coordenação do cuidado é um desafio 
crucial para que a APS ocupe seu papel no sistema de saúde (APS como base, estrutura do sistema de saúde).
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Informação em Saúde
Laureate International Universities
Primeiro contato (porta de entrada ao sistema de saúde)
Significa acesso e utilização do serviço de saúde para cada novo evento de saúde ou novo episódio de um mesmo evento. Um 
serviço é porta de entrada quando a população e a equipe identificam-no como o primeiro recurso de saúde a ser buscado 
quando há uma necessidade/problema de saúde. Para isso, deve ser de fácil acesso e disponível. Se não o for, a procura será 
adiada, talvez a ponto de afetar negativamente o diagnóstico e o manejo do problema. O acesso tem dois componentes: a) o 
acesso geográfico, que envolve características relacionadas à distância e aos meios de transporte a serem utilizados para obter 
o cuidado; b) o acesso sócio-organizacional, que inclui aquelas características e recursos que facilitam ou impedem os esforços 
das pessoas em receber os cuidados de uma equipe de saúde. Por exemplo, o horário de funcionamento, a forma de marcação 
de consulta e a presença de longas filas podem significar barreiras ao acesso. O mesmo ocorre com: as horas de 
disponibilidade da unidade de saúde; a oferta de cobertura após o horário de funcionamento e a explicitação dos serviços a 
serem utilizados pela população quando a unidade de saúde não está disponível; a facilidade de acesso para idosos e 
portadores de deficiências físicas; o tempo médio gasto na sala de espera; a ausência de dificuldades com linguagem; as 
barreiras relacionadas a gênero; as acomodações; a aceitabilidade das diferenças culturais; a disponibilidade de brechas para 
consultas de emergências; o intervalo de tempo entre marcação e consulta; a disponibilidade para visitas domiciliares; a oferta 
de cuidados para grupos que não procuram espontaneamente o serviço; a busca ativa; etc. A organização da agenda para 
garantir consultas programadas permite que as ações de promoção e prevenção em saúde – como acompanhamento pré-natal 
e aconselhamento em doenças crônicas – sejam realizadas. A utilização dos serviços de APS pela população depende da boa 
resolutividade das equipes, do acolhimento, da capacidade de delimitar os recursos necessários para resolver os problemas e 
de uma prática baseada na pessoa (e não na doença), na família e na comunidade. As equipes de saúde da família têm 
inovado na busca de formas que garantam acessibilidade e maior utilização da APS como primeiro contato com o sistema de 
saúde. O acolhimento, a exposição de cartazes com horários de funcionamento e disponibilidade dos integrantes da equipe, os 
turnos vespertinos e agenda aos sábados são alguns exemplos de esforços nesse sentido. O trabalho em parceria com as 
comunidades para diminuir as barreiras de acesso e melhorar a utilização dos serviços é essencial. As diretrizes da Estratégia 
Saúde da Família buscam a ampliação do acesso e da utilização dos serviços de APS como porta de entrada ao sistema ao 
proporem que as unidades de saúde estejam próximo do local de moradia das pessoas, que haja vinculação populacional e a 
responsabilidade pelo território.
As vantagens do primeiro contato 
A utilização de um serviço de APS como o primeiro 
recurso de saúde por uma determinada população 
traz as seguintes vantagens:
• Ocorre redução dos seguintes aspectos: número de 
hospitalizações, tempo de permanência no hospital 
quando ocorre hospitalização, número de cirurgias, uso 
de especialistas em doenças, número de consultas para 
um mesmo problema e número de exames 
complementares.
• São maiores: o número de ações preventivas, a 
adequação do cuidado, a qualidade do serviço 
prestado e a oportunidade da atenção (maior chance 
de que ocorra no tempo certo).
• As equipes de saúde, especialistas em APS, lidam 
melhor com problemas de saúde em estágios iniciais, 
utilizando a adequada abordagem ver, esperar e 
acompanhar, diferente dos especialistas em doenças 
que, acostumados a ver problemas em fases mais 
adiantadas, solicitam mais exames complementares e 
realizam mais procedimentos.
Os desafios da porta de entrada no SUS 
A utilização da atenção primária à saúde como porta de entrada 
ao sistema de saúde brasileiro melhorou muito desde a criação da 
Estratégia Saúde da Família, seja ampliando o acesso das 
populações aos serviços, seja disponibilizando uma gama maior de 
ações de promoção, prevenção e tratamento. Porém, muitos desafios 
precisam ainda ser enfrentados para alcançar mais equidade e 
observar, traduzidos nos indicadores de morbimortalidade, melhores 
resultados em saúde. Dentre esses desafios, destacam-se a 
valorização da APS na rede de serviços de saúde, o aumento da 
resolutividade da APS e o cuidado de enfocar as necessidades em 
saúde da população. Os serviços de emergência são ainda 
inadequadamente utilizados por grande parcela da população. 
Embora sejam as melhores portas de entrada na ocorrência de 
emergências, não contemplam a integralidade da atenção, a 
longitudinalidade do cuidado e a coordenação das ações. 
A cultura da busca pelo especialista e da livre demanda, próprias 
do modelo médico hospitalocêntrico, já é questionada. Vários países 
restringem o acesso a especialistas ao encaminhamento do médico 
da atenção primária, com repercussões positivas nos custos e na 
eficiência do sistema.
As vantagens da longitudinalidade 
A longitudinalidade está associada a diversas vantagens: menor 
utilização de serviços de saúde, melhor cuidado preventivo, 
atendimentos mais precoces e adequados, menor frequência de 
doenças passíveis de prevenção, maior satisfação das pessoas com o 
atendimento e custo total mais baixo. Quando há estabilidade dos 
profissionais e dos serviços, observa-se com maior frequência que: 
• Os tratamentos instituídos são completados e são realizadas mais 
ações de prevenção. » há melhor utilização dos serviços de saúde 
pela população, que compreende e respeita os alcances e os limites 
das equipes de saúde.
• Ocorre menor proporção de hospitalizações. » aumenta a 
capacidade dos profissionais em avaliar adequadamente as 
necessidades das pessoas; há maior integralidade do cuidado e 
coordenação das ações e serviços; e há maior satisfação dos 
usuários. 
A longitudinalidade é especialmente vantajosa para pessoas com 
doenças crônicas e em comorbidades, situações muitofrequentes e 
que exigem da APS uma reestruturação dos serviços, cuja tradição é 
se organizarem para o enfrentamento de problemas agudos.
Os desafios da longitudinalidade no SUS 
Os desafios da longitudinalidade no Brasil estão 
especialmente relacionados à rotatividade de 
profissionais nas equipes de saúde e à qualidade do 
registro das informações em prontuários.
Longitudinalidade do cuidado (ou vínculo e responsabilização)
A essência da longitudinalidade é uma relação pessoal que se estabelece ao longo do tempo, independentemente do tipo de 
problema de saúde ou mesmo da presença de um problema de saúde, entre indivíduos e um profissional ou uma equipe de 
saúde. Uma equipe de APS tem a oportunidade de acompanhar os diversos momentos do ciclo de vida dos indivíduos, de suas 
famílias e da própria comunidade, e assim, por meio dessa relação, conhecer as pessoas, suas famílias e comunidade, os quais, 
por sua vez, conhecem a equipe de saúde. O vínculo e a responsabilização contidos na proposta brasileira referem-se a esse 
conceito. A longitudinalidade pressupõe a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, o que 
significa uma unidade de saúde com equipes estáveis. A rotatividade de pessoal nas equipes de saúde é um fator impeditivo do 
alcance da longitudinalidade. A continuidade do cuidado, por outro lado, significa o acompanhamento durante um episódio de 
doença. Não é uma particularidade da APS, ocorrendo também nos demais níveis de atenção. 
Integralidade
Cuidado integral é a capacidade da equipe de saúde em lidar com a ampla gama de necessidades em saúde do indivíduo, da 
família ou das comunidades, seja resolvendo-os, o que pode ocorrer em 85% das situações por meio da oferta de um conjunto 
de ações e serviços, descritos no Capítulo 3, seja referindo-se aos outros pontos de atenção à saúde, que podem ser aos 
cuidados secundários, terciários ou a outros setores (educação, saneamento, habitação, entre outros). A integralidade pressupõe 
um conceito amplo de saúde, no qual: necessidades biopsicossociais, culturais e subjetivas são reconhecidas; a promoção, a 
prevenção e o tratamento são integrados na prática clínica e comunitária; e a abordagem é voltada para o indivíduo, sua 
família e seu contexto. A integralidade depende da capacidade de identificar as necessidades percebidas e as não percebidas 
pelos indivíduos, da abordagem do ciclo vital e familiar e da aplicação dos conhecimentos dos diversos campos de saberes. 
Uma condição essencial para a integralidade é a atuação interdisciplinar das equipes de saúde, pois cotidianamente se 
apresentam, nas unidades de saúde e territórios das equipes de APS, situações cuja complexidade exige a intervenção 
coordenada de profissionais de diversas disciplinas. A condição estrutural para que a integralidade se dê é a disponibilidade 
de uma variedade de serviços, incluindo recursos que normalmente não são utilizados nos cuidados secundários, como visitas 
domiciliares, ações em organizações comunitárias (creches, clubes de mães, grupos de apoio, etc.) e articulações intersetoriais 
para estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças. Decidir quais são os serviços adequados é uma importante 
atividade que deve estar baseada no conhecimento das necessidades da população. 
As vantagens da integralidade 
A integralidade do cuidado está associada a mais 
ações de prevenção, maior adesão aos tratamentos 
recomendados e maior satisfação das pessoas.
Os desafios da integralidade no SUS 
Os desafios da integralidade no Brasil estão menos relacionados ao 
conceito amplo de saúde e mais relacionados a problemas estruturais, 
que limitam a gama de serviços oferecidos, e a problemas na 
organização dos serviços.
As vantagens da coordenação 
Muitas vantagens estão associadas à 
coordenação do cuidado: melhor 
identificação dos problemas de saúde; 
melhor adesão a tratamentos, dietas, 
execução de exames e consultas de 
encaminhamento; menos hospitalizações e 
menor solicitação de exames 
complementares. 
Os desafios da coordenação no SUS 
Esse componente da APS ainda precisa ser fortalecido no Brasil, salientando-se 
alguns desafios: melhora da qualidade da informação nos prontuários de 
saúde, para permitir que haja coordenação do cuidado dentro da equipe 
multidisciplinar de saúde; implantação de prontuários eletrônicos; constituição 
de redes de atenção, otimizando o acesso e a utilização dos demais recursos 
de saúde da rede, assegurando os mecanismos de comunicação, o que 
qualifica o cuidado (a referência e a contrarreferência); informatização dos 
sistemas de informações, permitindo que as informações relacionadas aos 
pacientes estejam disponíveis em qualquer ponto da rede de atenção à saúde.
Coordenação do cuidado (ou organização das respostas ao conjunto de necessidades)
Coordenação, o quarto componente, é essencial para o sucesso dos demais. Um conceito amplo de saúde permite que as várias 
necessidades dos indivíduos, suas famílias e comunidades sejam identificadas, e a ação de uma equipe multidisciplinar é 
necessária para responder a tais necessidades. Contudo, é fundamental que haja coordenação das ações/respostas. Sem 
coordenação, a longitudinalidade perde muito de seu potencial, a integralidade não é viável e o primeiro contato torna-se uma 
função puramente administrativa. A essência da coordenação é a informação − a disponibilidade de informação (sobre a 
pessoa, sua história, seus problemas, as ações realizadas, os recursos disponíveis, informação propiciada pelos sistemas de 
informação, mecanismos de transmissão da informação e comunicação) e a utilização da informação, possibilitada pela fácil 
obtenção das informações, por registros facilmente disponíveis, por reconhecimento de informações prévias, por mecanismos de 
referência e contrarreferência e recomendações escritas aos pacientes. 
Os desafios da coordenação estão situados em diferentes contextos:
Na unidade de saúde, quando vários membros da equipe dispõem de diferentes aspectos da informação do paciente.
Entre diferentes serviços, nos casos de referência e contrarreferência. 
Entre diferentes setores, como educação, saneamento, transporte, etc. A melhora da coordenação do cuidado é um desafio 
crucial para que a APS ocupe seu papel no sistema de saúde (APS como base, estrutura do sistema de saúde).
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Primeiro contato (porta de entrada ao sistema de saúde)
Significa acesso e utilização do serviço de saúde para cada novo evento de saúde ou novo episódio de um mesmo evento. Um 
serviço é porta de entrada quando a população e a equipe identificam-no como o primeiro recurso de saúde a ser buscado 
quando há uma necessidade/problema de saúde. Para isso, deve ser de fácil acesso e disponível. Se não o for, a procura será 
adiada, talvez a ponto de afetar negativamente o diagnóstico e o manejo do problema. O acesso tem dois componentes: a) o 
acesso geográfico, que envolve características relacionadas à distância e aos meios de transporte a serem utilizados para obter 
o cuidado; b) o acesso sócio-organizacional, que inclui aquelas características e recursos que facilitam ou impedem os esforços 
das pessoas em receber os cuidados de uma equipe de saúde. Por exemplo, o horário de funcionamento, a forma de marcação 
de consulta e a presença de longas filas podem significar barreiras ao acesso. O mesmo ocorre com: as horas de 
disponibilidade da unidade de saúde; a oferta de cobertura após o horário de funcionamento e a explicitação dos serviços a 
serem utilizados pela população quando a unidade de saúde não está disponível; a facilidade de acesso para idosos e 
portadores de deficiências físicas; o tempo médio gasto na sala de espera; a ausência de dificuldades com linguagem; as 
barreiras relacionadas a gênero; as acomodações; a aceitabilidade das diferenças culturais; a disponibilidade de brechas para 
consultas de emergências;o intervalo de tempo entre marcação e consulta; a disponibilidade para visitas domiciliares; a oferta 
de cuidados para grupos que não procuram espontaneamente o serviço; a busca ativa; etc. A organização da agenda para 
garantir consultas programadas permite que as ações de promoção e prevenção em saúde – como acompanhamento pré-natal 
e aconselhamento em doenças crônicas – sejam realizadas. A utilização dos serviços de APS pela população depende da boa 
resolutividade das equipes, do acolhimento, da capacidade de delimitar os recursos necessários para resolver os problemas e 
de uma prática baseada na pessoa (e não na doença), na família e na comunidade. As equipes de saúde da família têm 
inovado na busca de formas que garantam acessibilidade e maior utilização da APS como primeiro contato com o sistema de 
saúde. O acolhimento, a exposição de cartazes com horários de funcionamento e disponibilidade dos integrantes da equipe, os 
turnos vespertinos e agenda aos sábados são alguns exemplos de esforços nesse sentido. O trabalho em parceria com as 
comunidades para diminuir as barreiras de acesso e melhorar a utilização dos serviços é essencial. As diretrizes da Estratégia 
Saúde da Família buscam a ampliação do acesso e da utilização dos serviços de APS como porta de entrada ao sistema ao 
proporem que as unidades de saúde estejam próximo do local de moradia das pessoas, que haja vinculação populacional e a 
responsabilidade pelo território.
As vantagens do primeiro contato 
A utilização de um serviço de APS como o primeiro 
recurso de saúde por uma determinada população 
traz as seguintes vantagens:
• Ocorre redução dos seguintes aspectos: número de 
hospitalizações, tempo de permanência no hospital 
quando ocorre hospitalização, número de cirurgias, uso 
de especialistas em doenças, número de consultas para 
um mesmo problema e número de exames 
complementares.
• São maiores: o número de ações preventivas, a 
adequação do cuidado, a qualidade do serviço 
prestado e a oportunidade da atenção (maior chance 
de que ocorra no tempo certo).
• As equipes de saúde, especialistas em APS, lidam 
melhor com problemas de saúde em estágios iniciais, 
utilizando a adequada abordagem ver, esperar e 
acompanhar, diferente dos especialistas em doenças 
que, acostumados a ver problemas em fases mais 
adiantadas, solicitam mais exames complementares e 
realizam mais procedimentos.
Os desafios da porta de entrada no SUS 
A utilização da atenção primária à saúde como porta de entrada 
ao sistema de saúde brasileiro melhorou muito desde a criação da 
Estratégia Saúde da Família, seja ampliando o acesso das 
populações aos serviços, seja disponibilizando uma gama maior de 
ações de promoção, prevenção e tratamento. Porém, muitos desafios 
precisam ainda ser enfrentados para alcançar mais equidade e 
observar, traduzidos nos indicadores de morbimortalidade, melhores 
resultados em saúde. Dentre esses desafios, destacam-se a 
valorização da APS na rede de serviços de saúde, o aumento da 
resolutividade da APS e o cuidado de enfocar as necessidades em 
saúde da população. Os serviços de emergência são ainda 
inadequadamente utilizados por grande parcela da população. 
Embora sejam as melhores portas de entrada na ocorrência de 
emergências, não contemplam a integralidade da atenção, a 
longitudinalidade do cuidado e a coordenação das ações. 
A cultura da busca pelo especialista e da livre demanda, próprias 
do modelo médico hospitalocêntrico, já é questionada. Vários países 
restringem o acesso a especialistas ao encaminhamento do médico 
da atenção primária, com repercussões positivas nos custos e na 
eficiência do sistema.
As vantagens da longitudinalidade 
A longitudinalidade está associada a diversas vantagens: menor 
utilização de serviços de saúde, melhor cuidado preventivo, 
atendimentos mais precoces e adequados, menor frequência de 
doenças passíveis de prevenção, maior satisfação das pessoas com o 
atendimento e custo total mais baixo. Quando há estabilidade dos 
profissionais e dos serviços, observa-se com maior frequência que: 
• Os tratamentos instituídos são completados e são realizadas mais 
ações de prevenção. » há melhor utilização dos serviços de saúde 
pela população, que compreende e respeita os alcances e os limites 
das equipes de saúde.
• Ocorre menor proporção de hospitalizações. » aumenta a 
capacidade dos profissionais em avaliar adequadamente as 
necessidades das pessoas; há maior integralidade do cuidado e 
coordenação das ações e serviços; e há maior satisfação dos 
usuários. 
A longitudinalidade é especialmente vantajosa para pessoas com 
doenças crônicas e em comorbidades, situações muito frequentes e 
que exigem da APS uma reestruturação dos serviços, cuja tradição é 
se organizarem para o enfrentamento de problemas agudos.
Os desafios da longitudinalidade no SUS 
Os desafios da longitudinalidade no Brasil estão 
especialmente relacionados à rotatividade de 
profissionais nas equipes de saúde e à qualidade do 
registro das informações em prontuários.
Longitudinalidade do cuidado (ou vínculo e responsabilização)
A essência da longitudinalidade é uma relação pessoal que se estabelece ao longo do tempo, independentemente do tipo de 
problema de saúde ou mesmo da presença de um problema de saúde, entre indivíduos e um profissional ou uma equipe de 
saúde. Uma equipe de APS tem a oportunidade de acompanhar os diversos momentos do ciclo de vida dos indivíduos, de suas 
famílias e da própria comunidade, e assim, por meio dessa relação, conhecer as pessoas, suas famílias e comunidade, os quais, 
por sua vez, conhecem a equipe de saúde. O vínculo e a responsabilização contidos na proposta brasileira referem-se a esse 
conceito. A longitudinalidade pressupõe a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, o que 
significa uma unidade de saúde com equipes estáveis. A rotatividade de pessoal nas equipes de saúde é um fator impeditivo do 
alcance da longitudinalidade. A continuidade do cuidado, por outro lado, significa o acompanhamento durante um episódio de 
doença. Não é uma particularidade da APS, ocorrendo também nos demais níveis de atenção. 
Integralidade
Cuidado integral é a capacidade da equipe de saúde em lidar com a ampla gama de necessidades em saúde do indivíduo, da 
família ou das comunidades, seja resolvendo-os, o que pode ocorrer em 85% das situações por meio da oferta de um conjunto 
de ações e serviços, descritos no Capítulo 3, seja referindo-se aos outros pontos de atenção à saúde, que podem ser aos 
cuidados secundários, terciários ou a outros setores (educação, saneamento, habitação, entre outros). A integralidade pressupõe 
um conceito amplo de saúde, no qual: necessidades biopsicossociais, culturais e subjetivas são reconhecidas; a promoção, a 
prevenção e o tratamento são integrados na prática clínica e comunitária; e a abordagem é voltada para o indivíduo, sua 
família e seu contexto. A integralidade depende da capacidade de identificar as necessidades percebidas e as não percebidas 
pelos indivíduos, da abordagem do ciclo vital e familiar e da aplicação dos conhecimentos dos diversos campos de saberes. 
Uma condição essencial para a integralidade é a atuação interdisciplinar das equipes de saúde, pois cotidianamente se 
apresentam, nas unidades de saúde e territórios das equipes de APS, situações cuja complexidade exige a intervenção 
coordenada de profissionais de diversas disciplinas. A condição estrutural para que a integralidade se dê é a disponibilidade 
de uma variedade de serviços, incluindo recursos que normalmente não são utilizados nos cuidados secundários, como visitas 
domiciliares, ações em organizações comunitárias (creches, clubes de mães, grupos de apoio, etc.) e articulações intersetoriais 
para estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças. Decidir quais são os serviços adequados é uma importanteatividade que deve estar baseada no conhecimento das necessidades da população. 
As vantagens da integralidade 
A integralidade do cuidado está associada a mais 
ações de prevenção, maior adesão aos tratamentos 
recomendados e maior satisfação das pessoas.
Os desafios da integralidade no SUS 
Os desafios da integralidade no Brasil estão menos relacionados ao 
conceito amplo de saúde e mais relacionados a problemas estruturais, 
que limitam a gama de serviços oferecidos, e a problemas na 
organização dos serviços.
As vantagens da coordenação 
Muitas vantagens estão associadas à 
coordenação do cuidado: melhor 
identificação dos problemas de saúde; 
melhor adesão a tratamentos, dietas, 
execução de exames e consultas de 
encaminhamento; menos hospitalizações e 
menor solicitação de exames 
complementares. 
Os desafios da coordenação no SUS 
Esse componente da APS ainda precisa ser fortalecido no Brasil, salientando-se 
alguns desafios: melhora da qualidade da informação nos prontuários de 
saúde, para permitir que haja coordenação do cuidado dentro da equipe 
multidisciplinar de saúde; implantação de prontuários eletrônicos; constituição 
de redes de atenção, otimizando o acesso e a utilização dos demais recursos 
de saúde da rede, assegurando os mecanismos de comunicação, o que 
qualifica o cuidado (a referência e a contrarreferência); informatização dos 
sistemas de informações, permitindo que as informações relacionadas aos 
pacientes estejam disponíveis em qualquer ponto da rede de atenção à saúde.
Coordenação do cuidado (ou organização das respostas ao conjunto de necessidades)
Coordenação, o quarto componente, é essencial para o sucesso dos demais. Um conceito amplo de saúde permite que as várias 
necessidades dos indivíduos, suas famílias e comunidades sejam identificadas, e a ação de uma equipe multidisciplinar é 
necessária para responder a tais necessidades. Contudo, é fundamental que haja coordenação das ações/respostas. Sem 
coordenação, a longitudinalidade perde muito de seu potencial, a integralidade não é viável e o primeiro contato torna-se uma 
função puramente administrativa. A essência da coordenação é a informação − a disponibilidade de informação (sobre a 
pessoa, sua história, seus problemas, as ações realizadas, os recursos disponíveis, informação propiciada pelos sistemas de 
informação, mecanismos de transmissão da informação e comunicação) e a utilização da informação, possibilitada pela fácil 
obtenção das informações, por registros facilmente disponíveis, por reconhecimento de informações prévias, por mecanismos de 
referência e contrarreferência e recomendações escritas aos pacientes. 
Os desafios da coordenação estão situados em diferentes contextos:
Na unidade de saúde, quando vários membros da equipe dispõem de diferentes aspectos da informação do paciente.
Entre diferentes serviços, nos casos de referência e contrarreferência. 
Entre diferentes setores, como educação, saneamento, transporte, etc. A melhora da coordenação do cuidado é um desafio 
crucial para que a APS ocupe seu papel no sistema de saúde (APS como base, estrutura do sistema de saúde).
o Relatório Dawson organizava o modelo de atenção em centros de saúde primários e 
secundários, serviços domiciliares, serviços suplementares e hospitais de ensino. os centros de 
saúde primários e os serviços domiciliares deveriam estar organizados de forma regionalizada, 
e a maior parte dos problemas de saúde deveria ser resolvida por médicos com formação 
em clínica geral. os casos que o médico não tivesse condições de solucionar com os recursos 
disponíveis nesse âmbito da atenção deveriam ser encaminhados para os centros de atenção 
secundária, em que haveria especialistas das mais diversas áreas, ou, então, para os hospitais, 
quando existisse indicação de internação ou cirurgia. Essa organização caracteriza-se pela 
hierarquização dos níveis de atenção à saúde.
os serviços domiciliares de um dado distrito devem estar baseados num centro de saúde 
primária, uma instituição equipada para serviços de medicina curativa e preventiva a ser 
conduzida por clínicos gerais daquele distrito em conjunto com um serviço de enfermagem 
eficiente e com o apoio de consultores e especialistas visitantes. Os centros de saúde primários 
variam em seu tamanho e complexidade de acordo com as necessidades locais e com sua 
localização na cidade ou no país. Mas a maior parte deles é formada por clínicos gerais dos 
seus distritos, pertencendo os pacientes aos serviços chefiados por médicos de sua própria 
região (Ministry of Health, 1920).
Essa concepção elaborada pelo governo inglês influenciou a organização dos sistemas de 
saúde de todo o mundo, definindo duas características básicas da APS. A primeira seria a 
regionalização, ou seja, os serviços de saúde devem estar organizados de forma a atender 
às diversas regiões nacionais, através da sua distribuição a partir de bases populacionais, e 
devem identificar as necessidades de saúde de cada região. A segunda característica é a 
integralidade, que fortalece a indissociabilidade entre ações curativas e preventivas.
os elevados custos dos sistemas de saúde, o uso indiscriminado de tecnologia médica e a baixa 
resolutividade preocupavam a sustentação econômica da saúde nos países desenvolvidos, 
fazendo-os pesquisar novas formas de organização da atenção com custos menores e maior 
eficiência. Em contrapartida, os países pobres e em desenvolvimento sofriam com a inequidade 
dos seus sistemas de saúde, com a falta de acesso a cuidados básicos, com a mortalidade 
infantil e com as precárias condições sociais, econômicas e sanitárias.
Em 1978, a organização Mundial da Saúde (oMS) e o Fundo das Nações unidas para a 
Infância (unicef) realizaram a I Conferência Internacional sobre Cuidados primários de Saúde 
em alma-ata, no Cazaquistão, na antiga união Soviética, e propuseram um acordo e uma meta 
entre seus países-membros para atingir o maior nível de saúde possível até o ano 2000, através 
da APS. Essa política internacional ficou conhecida como Saúde para Todos no Ano 2000. A 
Declaração de alma-ata, como foi chamado o pacto assinado entre 134 países, defendia a 
seguinte definição de APS, aqui denominada cuidados primários de saúde:
18
Informação em Saúde
Laureate International Universities
“Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais 
de saúde baseados em métodos e tecnologias práticos, 
cientificamente bem-fundamentados e socialmente 
aceitáveis, colocados ao alcance universal de indivíduos e 
famílias da comunidade, mediante sua plena participação e 
a um custo que a comunidade e o país possam manter em 
cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de 
autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante 
tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a 
função central e o foco principal, quanto do 
desenvolvimento social e econômico global da comunidade. 
Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da 
família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, 
pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais 
proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e 
trabalham, e constituem o primeiro elemento de um 
continuado processo de assistência à saúde.”
(Opas/OMS, 1978)
No que diz respeito à organização da apS, a Declaração de alma-ata propõe a instituição 
de serviços locais de saúde centrados nas necessidades de saúde da população e fundados 
numa perspectiva interdisciplinar envolvendo médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e 
agentes comunitários, bem como a participação social na gestão e controle de suas atividades. 
o documento descreve as seguintes ações mínimas, necessárias para o desenvolvimento da apS 
nos diversos países: educação em saúde voltada para a prevenção e a proteção; distribuição 
de alimentos e nutrição apropriada; tratamento da água e saneamento; saúde materno-infantil;

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