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Direito Processual Civil é um só, portanto a função jurisdicional é única, qualquer que seja o direito material debatido, sendo, por isso mesmo, comuns a todos os seus princípios fundamentais da jurisdição e do processo. O processo civil é um ramo do direito público estatal a que pertence, e principal instrumento do Estado para exercer o poder jurisdicional, nele se encontra as normas e princípios básicos. O processo civil divide-se em três partes principais: a) processo de conhecimento; b) processo de execução; c) processo cautelar. Na primeira parte, de conhecimento, é instaurado o processo para que seja reconhecido o direito; no segundo, tal direito já é reconhecido, buscando-se a aquisição física do mesmo, tendo como instrumento uma sentença previamente constituída ou então o chamado título executivo extrajudicial. Já na terceira divisão do processo civil, o objetivo é assegurar que determinado direito não perca sua integridade. Os princípios que norteiam as diretrizes do direito processual civil são: Princípio da imparcialidade do juiz: Para garantir a validade e a justiça no processo é necessário um juiz atuando de forma imparcial, evitando ações tendenciosas que acabem por favorecer uma das partes. A posição do juiz no processo é de colocar-se acima das partes para poder julgar de modo eficaz. Sua imparcialidade é essencial para o andamento sadio do processo. Princípio da igualdade: Ambas as partes devem ter um tratamento igual por parte do juiz. Seu fundamento encontra respaldo no artigo 5o da CF. Princípio do contraditório e ampla defesa: É garantida as partes envolvidas no processo o pleno direito de se manifestar sobre assuntos ligados ao processo, bem como de defender- se de toda questão levantada no mesmo. Princípio da ação: Também denominado princípio da demanda, garante à parte a iniciativa de provocação do exercício da função jurisdicional (em outras palavras, direito garantido ao acesso dos serviços oferecidos pelo poder judiciário). Princípio da disponibilidade e da indisponibilidade: Este princípio faz referência ao poder dispositivo, que é a liberdade garantida a todo cidadão de exercício de seus direitos. No direito processual este princípio se traduz pela possibilidade ou não de apresentar em juízo a sua pretensão, do modo como bem entenda. Princípio da livre investigação das provas: Neste princípio é estabelecido que o juiz depende das provas produzidas pelas partes para que possa fundamentar sua decisão. Princípio da economia e instrumentalidade das formas: O processo, como instrumento de aferição de direito, não deve ter um dispêndio exagerado em relação aos bens em disputa. Princípio do duplo grau de jurisdição: É garantido, por meio deste princípio, a revisão da decisão processual. Assim, pode o cidadão ter direito a novo julgamento além daquele proferido pelo juiz de primeira instância (ou primeiro grau). Princípio da publicidade: O princípio da publicidade garante que o cidadão tenha acesso às informações do processo, vedado o sigilo, garantindo um instrumento importante de fiscalização popular. Princípio da motivação das decisões judiciais: Deve o juiz formular coerentemente sua decisão, demonstrando de modo inequívoco como determinada sentença foi composta. Livre acesso ao Judiciário: não precisa esgotar as estancias administrativas para ir ao Judiciário, pode-se ir direto. (Art. 5º XXXV) Devido processo legal: ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem devido processo legal (art. 5º CF inciso LIV) Juiz Natural: não haverá juízo ou tribunal de exceção (art. 5º XXXVII CF) Inadmissibilidade de provas ilícitas: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (Art. 5º LVI) Definitividade e segurança pública (Art. 5º XXXVI) - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Decisão final, o que o judiciário decidir não pode ser reaberta para ter a segurança judiciária (ex. quando uma lei nova beneficia o réu). Solenidade e duração razoável do processo: todos, no âmbito judicial e no administrativo, são assegurados de razoável duração do processo e nos que garantam a celeridade de sua tramitação. (Art. 5 LXXVIII). Assistência jurídica aos hipossuficientes: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos. (art. 5º LXXIV) Oralidade: Consiste na realização de atos processuais de aproximação das partes, o contato do juiz com eles. (Ex. audiência de reconciliação, audiência de instrução, sustentação legal). Verdade Real: processo tem por intenção aproximar os fatos na exta medida em que ocorreram, todas as provas licitas são aptas a provarem a veracidade dos fatos. Eventualidade: Processo deve ser divido em uma serie de fases, formando compartimento estanques, sendo que concluído uma fase passasse para a próxima e assim sucessivamente sem possibilidade de retorno. Economia processual: o processo deve aglutinar no menor número de atos Cooperação Processual: Tem de haver no processo a colaboração das partes para a obtenção de uma justa decisão. Isto implica em comparecer nos atos processuais, prestar esclarecimentos ao juiz, e o dever do juiz de suprimir os osbstáculos procedimentais. (6º NCPC). Princípio dispositivo (modelo adversarial) o protagonismo é das partes, assumindo a forma de competição ou disputa, desenvolvendo-se como um conflito entre dois adversários diante de um órgão jurisdicional, cabendo ao juiz o poder decisório, o que traz um pouco de inquisitividade. Boa-fé e lealdade: é dever dos sujeitos processuais se comportar conforme a boa-fé, expressando a verdade em suas manifestações, colaborando para com a rápida solução do litígio (v. NCPC, art. 6º) e utilizando sem abuso seus poderes processuais. Princípio inquisitivo (modelo inquisitorial) há predominância do juiz como protagonista. O juiz é protagonista quando possui muitos outros poderes além do decisório. Mas, por mais inquisitivo que seja, quem inicia o processo será sempre a parte. Persuasão racional do juiz: O juiz não pode desconsiderar a prova e os elementos existentes nos autos, mas sua apreciação não depende de critérios legais determinados. (art 371 CPC) livre convencimento Meios de solução de conflito Formas de composição de litigio Autotulela - Primeira forma de resolução de conflitos utilizado pela humanidade, onde uma das partes impõe sua vontade por veio da força (hoje chamado de legitima defesa) Autocomposição – consiste na forma parcial de resolução de conflitos, porém a solução é de comum acordo das partes. Arbitragem – tem um terceiro envolvido no conflito, que é imparcial no caso, esse é o arbitro, ele tem a função de ficar entre as partes dando ideia de igualdade. Jurisdição – Juiz de Direito que representa o Estado e tem a função de julgar. O Estado que vai julgar e dar o veredito Mediação – o mediador é o terceiro imparcial, porém diferentemente do juiz e do arbitro, que devem decidir a questão de maneira imparcial o mediador não decide nada, ele é apenas um interlocutor no caso e tem função de melhorar a convivência entre as partes Conciliador – o conciliador tem um papel ativo no conflito, ele é indicado em casos em que as pessoas não vão convivem (ex. acidente de transito, ação trabalhista) Heterocomposição – é quando o conflito é solucionado por um terceiro que é imparcial, no caso o Juiz ou o Arbitro Mediadores Extrajudiciais Art. 9o Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação,ou nele inscrever-se. Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. Parágrafo único. Comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou defensor público, o mediador suspenderá o procedimento, até que todas estejam devidamente assistidas. A conciliação extrajudicial é a que ocorre por contrato, a que lei designa por transação, em que os sujeitos de uma obrigação em litígio se conciliam mediante concessões mútuas, e caso este aconteça por escrito com a assinatura das partes e de duas testemunhas também será um título executivo extrajudicial. Também é transação o acordo referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores. Direito processual é o ramo do direito público que contém o repositório de princípios e normas legais que regulamentam os procedimentos jurisdicionais, tendo como objetivo administrar o direito. Princípio da imparcialidade do juiz - A imparcialidade do juiz é garantia de justiça para as partes. Direito material ou direito substantivo é o conjunto de normas que regulam os fatos jurídicos que se relacionam a bens e utilidades da vida, contrapondo-se, neste sentido, ao direito processual ou formal. FONTES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL As fontes do CPC são a Lei, os Costumes (fontes imediatas), a Doutrina e a Jurisprudência (fontes mediatas); A Lei é a fonte primária do Direito Processual; A norma do CPC - fonte inferior - apenas são válidas se em cortejo com a Constituição Federal; A Lei nem sempre se apresenta de forma objetiva, moldando-se com perfeição ao caso concreto, exigindo do seu aplicador que proceda à interpretação, nas suas diversas espécies (gramatical, sistemática, lógica etc.); Abaixo da CF/88, o CPC e toda legislação esparsa são fontes primárias do Direito Processual Civil; Além da legislação infraconstitucional, os regimentos internos dos Tribunais e os Códigos de Organização Judiciária vigente em cada Estado da federação também são fontes do direito Processual Civil, podendo ser utilizado pelo aplicador do direito para a solução dos conflitos de interesses; Fontes segundarias do CPC: os Costumes, a Doutrina e a Jurisprudência; Súmula vinculante: objetiva contribuir para a redução de processos em curso na Justiça Nacional, sobretudo as ações previdenciárias e tributárias, posicionando a Jurisprudência como fonte primária do direito, valorizando os precedentes emanados do STF. Lei processual no tempo: art. 14 CPC A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Lei processual no espaço: art. 13 CPC A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. Jurisdição: Justiça pública: Poder do estado de dirimir conflitos concretos. Justiça privada: Legitima defesa. Atuação da Jurisdição: Fala-se em jurisdição quando houver conflito de interesses. Interesse e legitimidade como condições da ação: (artigo 17 do CPC 2015) “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”. Temos, portanto, que o interesse de agir e a legitimidade ad causam passaram a ser tratados como pressupostos processuais. Dessa forma, verificando o juiz, ao receber a inicial, que se encontram ausentes interesse de agir ou legimidade ad causam, indeferirá a petição inicial. Art. 19.O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; II - da autenticidade ou da falsidade de documento. Características da atividade jurisdicional: a). Substitutiva ou secundária: pois o Estado substitui a atividade das partes (atividade primária), que estão em conflito na lide, e são proibidas de fazer “justiça pelas próprias mãos”. No penal, esta característica é absoluta, pois nunca o direito de punir pode ser exercido independente do processo e o acusado submeter-se voluntariamente a aplicação da pena, o que já não ocorre no processo civil, que é possível autocomposição. b) instrumental: torna efetiva e concreta a atuação prática das regras de direito, abstratas e genéricas, previstas no ordenamento jurídico. c) Definitiva e imutável: impossibilidade da mudança da sentença proferida durante o processo, não admitindo revisão por outro poder, diferentemente das decisões administrativas (art. 5o. XXXVI CF/88). d) Natureza Declaratória: O Estado, ao exercer a jurisdição, não cria direitos subjetivos, mas tão somente reconhece os direitos preexistentes. e) Escopo jurídico: é a atuação (cumprimento, realização) das normas de direito substancial (direito objetivo) e a pacificação social. f) Lide: a função da jurisdição é a justa composição da lide, buscando o mesmo resultado quanto à pretensão deduzida que poderia ter sido satisfeita pelo obrigado. Princípios fundamentais da jurisdição. Inércia: a atividade jurisdicional desenvolve- se somente quando provocada. (Art. 2 do CPC Garantia de Imparcialidade do juiz - Ne procedat iudex ex-officio.) Como os direitos subjetivos, em princípio, são disponíveis, podendo ser ou não exercidos, também o acesso aos órgãos jurisdicionais fica entregue ao poder dispositivo do interessado. Contudo existem exceções à regra da inércia: execução trabalhista; decretação de falência no curso da concordata; abertura de inventário etc. Inevitabilidade: não se pode opor qualquer instituto para impedir que a jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos; independe da vontade das partes aceitarem os eventuais efeitos do processo. Indelegabilidade: as atribuições do Judiciário só podem ser exercidas pelos seus respectivos órgãos. O juiz não pode delegar sua atividade a outro, externa ou internamente. Juiz Natural: só pode atuar como juiz somente quem se enquadre em órgão judiciário previsto de modo expresso em norma jurídica constitucional. Proíbe os tribunais de exceção - art.5, XXXVII CFDuplo Grau de Jurisdição: a parte que não obteve a satisfação de sua pretensão em primeiro grau pode provocar um novo exame de seu processo por um órgão de segundo grau, diverso daquele que julgou anteriormente. Juízes mais experientes, órgãos colegiados, menor probabilidade de erro, etc. Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem se ache legitimamente investido do poder jurisdicional. Aderência ao Território: os Magistrados só possuem poder dentro dos limites territoriais, só podendo praticar atos processuais dentro de um determinado limite territorial, e quando necessária a prática de atos fora dos limites territoriais os atos são praticados por cartas (precatórias e rogatórias). Inafastabilidade: também chamado de princípio do controle jurisdicional, visa garantir a todos o acesso ao Poder Jurisdicional, nem mesmo o juiz pode deixar de decidir alegando lacuna ou obscuridade da lei. (Art. 5º. XXXV – art. 3º CPC).
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