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Métodos e Abordagens do Ensino de Inglês

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Aula 2, métodos e abordagens do Ensino da língua Inglesa. 
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os conceitos de: abordagem, método, procedimento, técnica, objetivo e conteúdo programático;
2. conhecer o panorama dos diversos métodos e abordagens do ensino de língua inglesa em uma visão cronológica;
3. reconhecer as características e objetivos gerais desses diversos métodos e abordagens.
Introdução
Na aprendizagem de uma LEM (língua estrangeira moderna), é importante analisar e conceituar os seguintes termos: abordagem, método, procedimento, técnica, objetivo e conteúdo programático. Qual a atitude do professor de língua estrangeira perante a língua? É preciso que a prática pedagógica do professor esteja em consonância com o que ele entenda por língua. Sem isso, as práticas de ensino adotadas por ele correm o risco de se tornar sem sentido e ineficazes.
Métodos e Abordagens de Ensino de Línguas Estrangeiras: Fundamentos e Conceitos
Don't you see my rainbow, teacher? Don't you see all the colors? I know that you're mad at me. I know that you said to color the cherries red and the leaves green. But, teacher, don't you see my rainbow? Don't you see all the colors? Don't you see me?
(Albert Cullum, The Geranium on the Windowsill Just Died But Teacher You Went Right On, 1971, p. 36)
O ensino de línguas estrangeiras envolve objetivos, resultados e obedece a uma ordenação e a algumas etapas. Contudo, como isso se dá?
Uma breve análise histórica aponta para a busca do melhor ou do mais perfeito método de ensino de idiomas ao longo dos tempos. A etimologia de método nos remete ao grego, méthodos: meta, que significa sucessão, ordenação; e hodós, que significa via, caminho. Ou seja, método refere-se a um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas no estudo de uma ciência ou para se atingir um determinado fim (VILAÇA, 2008).
Métodos e Abordagens de Ensino de Línguas Estrangeiras: Fundamentos e Conceitos
Segundo Mackey, método é o resultado de um processo de seleção, gradação, apresentação e prática de uma experiência idiomática a ser oferecida ao aluno. É, portanto, um conjunto de procedimentos de ensino e aprendizagem sintonizados com um determinado currículo e, ao mesmo tempo, direcionados por uma abordagem ou modelo teórico. Um método deriva implícita ou explicitamente de certo número de crenças ou princípios (ou seja, de uma abordagem) e é caracterizado por certas técnicas pedagógicas.
Técnica já é um termo mais restrito, significando um simples procedimento sistemático em sala de aula, visando uma determinada prática e cumprindo um objetivo específico. Jogos, atividades em pares ou em grupo, exercícios orais ou escritos são técnicas destinadas a colocar em prática um método que, por sua vez, deriva de uma abordagem adotada (TOTIS, 1991).
Abordagem, então, é um conceito mais abrangente que abarca os pressupostos teóricos sobre a língua e a aprendizagem. Já o método tem uma abrangência mais restrita e pode estar contido em uma abordagem. Cumpre salientar que abordagens diversas podem compartilhar os mesmos métodos e técnicas, e métodos diferentes podem compartilhar as mesmas técnicas.
Em relação ao ensino de línguas estrangeiras, podemos situar as abordagens numa linha contínua cujos pontos extremos estão representados por visões totalmente distintas. Num extremo, temos o behaviorismo de Skinner, o qual parte do princípio de uma aprendizagem mecânica, com repetições sistemáticas do tipo estímulo-resposta (S ― R), em que o reforço (S → R → R) é fundamental e a explicitação de regras é evitada. A aprendizagem desse método é predominantemente indutiva. No extremo oposto, está o cognitivismo, que parte do princípio de que a aprendizagem é dedutiva e se processa por meio da ênfase dada a regras explícitas, em que o significado (compreensão) é básico para o progresso do aluno (TOTIS, 1991).
Existem, ainda, duas concepções que consideram os conceitos de método, abordagem, técnica, desenho (design) e procedimento. A primeira delas é a de Edward Anthony (1963) e a outra de Richards e Rodgers (1986).
Para Edward Anthony, a abordagem é a visão do professor a respeito da natureza da linguagem e dos processos de ensino e aprendizagem. É a visão que o professor tem do que seja língua e sobre o que seja ensinar e aprender uma língua. Esse estudioso considera método o estágio intermediário entre a abordagem de ensino e as técnicas adotadas pelo professor. 
Cabe ao método a função de planejamento para a apresentação e o ensino da língua. Por fim, uma vez planejado o método, este é realizado na prática docente por meio de diferentes técnicas, que são os recursos, as estratégias e as atividades práticas empregadas pelo professor, na sala de aula, para que o método atinja sua realização concreta no contexto pedagógico (VILAÇA, 2008).
A visão de método, abordagem e técnica de Edward Anthony é hierárquica e representada da seguinte forma (VILAÇA, 2008):
Já para Richards e Rodgers, um método é formado por três componentes: a abordagem, o desenho (design) e os procedimentos. A abordagem é compreendida como as concepções do professor sobre língua e aprendizagem, influenciada pelas teorias linguísticas (no que se refere à linguagem) e da psicologia (no que concerne ao ensino/aprendizagem). O desenho (design) subdivide-se em: objetivos de ensino, programa de ensino, papel do professor, papel do aluno, papel dos materiais instrucionais e tipos de tarefas. Por fim, os procedimentos se referem-se às técnicas, aos comportamentos, às práticas e às estratégias didáticas que possibilitam a execução prática e real de um método na sala de aula (VILAÇA, 2008).
De acordo com Richards e Rodgers, o método deixa de ser um estágio hierárquico intermediário para se tornar uma combinação de três fatores: a abordagem, o desenho (design) e os procedimentos (VILAÇA, 2008).
 De modo a encerrar nossas reflexões, ressalta-se que o conteúdo programático compreende os elementos (os conteúdos) que constituem o programa de disciplinas que compõem um curso ou serão cobradas em um concurso/processo seletivo.
Métodos e Abordagens do Ensino de Inglês: um Breve Panorama Histórico
The book is on the table, table, table
The dog is on the table, table, table
The cat is on the table, table, table
The chicken is on the table, table, table
And everybody is on the table, table, table
Table, table, table, table!!!
And everybody is on the table, table, table!!
(MC Serginho)
Ao longo da história da humanidade, aprender outros idiomas e entrar em contato com outras culturas foi e continuará sendo uma necessidade imperativa para a maioria dos seres humanos, pois as civilizações se formam a partir do contato entre povos de línguas diferentes e dependem diretamente desta interação para continuar existindo e seguir avançando (VILAS BOAS et al., [20-]). Entretanto, na história do ensino de idiomas, nem sempre existiu o cuidado com o método ou a abordagem mais adequado(a) aos aprendizes. Os estudos de língua alcançaram um status de ciência somente a partir do final do século XIX, com o advento da linguística e da psicanálise, o que proporcionou a formulação de métodos com embasamento científico.
A seguir, serão apresentados os diversos métodos e abordagens de ensino de línguas no decorrer do século XX. Cumpre destacar que um método não foi totalmente suplantado pelo que o sucedeu, embora todos eles tenham por característica em comum procurar negar a validade daquele que o antecedeu. O que se observa é uma alternância entre métodos e abordagens na história da aprendizagem de idiomas, sendo alguns deles releitura ou “repaginação” de métodos e abordagens anteriores.
Método de Leitura (The Literary Method)
Divulgado a partir de 1920, este método se restringe ao treinamento das habilidades de leitura.
Principais características: 
- Prioritariamente o desenvolvimento da habilidade de leitura e o conhecimento atual e histórico do país onde a língua-alvo éfalada.
- Ensino da gramática relevante e útil apenas à compreensão da leitura (aspectos morfofonológicos e construções sintáticas mais comuns).[1: Morfofonologia Termo composto de duas palavras: morfologia e fonologia. A morfologia estuda a estrutura da palavra, ao passo que a fonologia estuda o sistema sonoro de uma língua. A partir deste entendimento pode-se entender que a morfofonologia ocupa-se do estudo simultâneo de aspectos morfológicos e fonológicos de uma dada palavra, ou frase.]
- Pouca atenção à pronúncia. O professor não precisa ter boa fluência oral na língua-alvo.
- Ênfase na tradução.
Formas típicas de exercícios: 
- Exercícios escritos, principalmente questionários baseados em textos.
- Exercícios de transformação de frases.
Método da Tradução e Gramática (The Grammar-Translation Method)
Vigente do século XVIII até fins de 1940. Também conhecido como Método Clássico, vigorou do século XVIII até fins de 1940. Tinha a leitura como principal objetivo da aprendizagem da língua estrangeira:
Principais características: 
ênfase na leitura e escrita.
estudo da gramática de forma dedutiva por meio de apresentação e estudo de regras através de exercícios de tradução.
utilização da língua materna em sala de aula.
Formas típicas de exercícios: 
leitura de textos literários.
memorização de vocabulário.
tradução de passagens de texto relacionando língua materna e língua estrangeira.
redação com ajuda de palavras-chave, continuação da escrita de modelos de texto.
ditados.
Método Direto (The Direct Method)
Surgiu no início do século XX, para contrapor-se ao Método da Tradução e Gramática e para suprir as necessidades de proficiência oral em língua estrangeira e as de comunicação, além de novas abordagens para o ensino de língua estrangeira na Europa.
Principais características: 
a oralidade precede a escrita.
banimento do uso da língua materna em sala de aula.
ensino da gramática de forma indutiva.
Formas típicas de exercícios: 
perguntas e respostas.
exercícios de repetição e de pronúncia.
preenchimento de textos com lacunas (substantivos e/ou verbos).
memorização de palavras e frases a partir de rimas, canções etc.
às vezes: ditados e narrações.
Método Audiolingual (The Audio-Lingual Method)
Também conhecido como ASTP (Army Specialized Training Program) ou o Método do Exército Americano, surgiu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em decorrência da necessidade de comunicação entre as tropas de países aliados. Em torno de 1950, esse método passou a ser designado Método Audiolingual, baseando-se na teoria linguística distribucional de Bloomfield e na teoria behaviorista de Skinner.
Principais características: 
ênfase na linguagem falada e na pronúncia (imitação, repetição e memorização de palavras e frases).
omissão da leitura e da escrita, para não influenciar a pronúncia.
atividades em laboratórios de línguas e com materiais audiovisuais.
Formas típicas de exercícios: 
preenchimento de textos com lacunas.
formação de frases segundo modelos preestabelecidos.
exercícios de perguntas e respostas.
exercícios de diálogos (completar um ditado/apresentação oral de um diálogo).
exercícios de repetição (drills).
Método Audiovisual (The Audio-Visual Method)
Variante do Método Audiolingual, tem como principal característica a utilização de imagens nas aulas (fotografias, vídeos, ilustrações, slides etc.) e formas típicas de exercícios: a repetição de sentenças a partir de imagens e a formulação de perguntas em relação às imagens apresentadas.
Abordagem Comunicativa (The Communicative Approach)
Surgiu nos anos 1980 com o objetivo de desenvolver a competência comunicativa.  Esse método procura desenvolver o conhecimento e a habilidade de empregá-lo no uso real da língua. Dessa forma, busca estimular as funções comunicativas, as quais expressam o propósito do uso da língua. Essa abordagem vale-se, ainda, das categorias semântico-gramaticais que expressam noções gerais de tempo, espaço, quantidade, caso etc. (LEFFA, 1988)
Principais características: 
análise da língua como um conjunto de eventos comunicativos/análise do discurso.
uso de taxonomias na elaboração de material didático (funções e noções).[2: ciência ou técnica de classificação.]
fala contextualizada.
aprendizagem centrada no aluno.
a utilização da língua materna é permitida com algumas restrições.
Formas típicas de exercícios: 
realia: representação de situações do dia a dia, com a finalidade de fazer o aluno falar.[3: In education, realia are objects from real life used in classroom instruction by educators to improve students' understanding of other cultures and real life situation.]
exercícios de compreensão auditiva em contextos reais do cotidiano (ruídos, outros sons, interrupções, conversas paralelas etc.).
utilização de material didático autêntico (que expressam situações da realidade).
Método Silencioso (The Silent Way)
Idealizado por Caleb Gattegno em meados de 1972, esse método partia da premissa de que o professor deveria permanecer o máximo possível em silêncio em sala de aula, a fim de criar um ambiente propício à aprendizagem por descobertas do aluno.
Principais características: 
ausência da interferência direta do professor na produção do aluno.
o professor não é o detentor do saber, mas um facilitador que orienta os alunos no processo de aprendizagem.
Formas típicas de exercícios: 
ênfase na correção da pronúncia.
uso de painéis coloridos, bastões e blocos lógicos de tamanhos e cores diferentes.
a segunda língua é adquirida à medida que o aluno vai manipulando os materiais e consultando gráficos.
Método da Aprendizagem por Aconselhamento (Community Language Learning)
Centrado no aluno, esse método consiste no uso de técnicas de terapia de grupo para o ensino de línguas. É também conhecido como Método de Curran, Aprendizagem de Línguas em Cooperação ou Comunidade de Aprendizagem.
Principais características: 
integração dos alunos em grupos de trabalho cooperativo.
o professor não é o detentor do saber, mas um facilitador que orienta os alunos no processo de aprendizagem.
Formas típicas de exercícios: 
atividades de tradução.
trabalho em grupo.
gravação, transcrição, observação e conversação livre.
Abordagem Natural (The Natural Approach)
Baseada na teoria de Stephen Krashen, é também conhecida como Modelo do Monitor ou do Input. A aquisição da segunda língua ocorre de maneira natural, exatamente como a aquisição da língua materna, em condições apropriadas. Línguas estrangeiras não são habilidades ensinadas, estudadas ou memorizadas, mas sim assimiladas e desenvolvidas gradativamente, de forma natural, em situações reais de comunicação, fruto de convívio humano em ambientes autênticos da cultura estrangeira (Wikipédia. Acesso em 2 jul. 2013.).
Principais características:
desenvolvimento da aquisição da segunda língua (uso inconsciente das regras gramaticais) em vez da aprendizagem (uso consciente).
o aluno recebe um input linguístico ligeiramente acima do que ele pode processar, de modo a ampliar a compreensão da língua.
a fala surge naturalmente, sem pressão do professor.
Método Resposta Física Total (Total Physical Response)
O Método Resposta Física Total, ou Método de Asher, defende que o processo de aprendizagem da língua estrangeira deve ocorrer da mesma maneira que o aluno aprendeu a língua materna. A ideia central desse método é que se aprende melhor uma língua depois de ouvi-la e entendê-la. Os alunos só falam quando se sentem prontos.
Principais características:
a compreensão oral precede a produção oral.
a prática oral dos alunos começa mais tarde, quando estiverem interessados em falar.
Formas típicas de exercícios: 
comandos emitidos pelo professor e executados pelos alunos segundo graus de complexidade (desde comandos simples até os mais complexos. Ex.: “Levante-se.” e “Pegue a caneta” até “Suzanne, vá até o quadro e desenhe uma casa amarela, com uma piscinaazul do lado direito da casa e um jardim verde em torno da casa”.).
Abordagem Lexical (The Lexical Approach)
Idealizada por Michael Lewis na obra The Lexical Approach: the state of ELT and a Way Forward (LTP, 1993), essa abordagem aponta que “a língua consiste de léxico gramaticalizado, não de gramática lexicalizada”. Na visão de Lewis, a base de uma língua é o léxico (vocabulário), e não a estrutura gramatical.
Principais características:
abandono da tradição gramático-normativa.
a proficiência em uma língua estrangeira é adquirida e desenvolvida a partir da ênfase no ensino e aprendizado de combinações de palavras (collocations) ou de itens lexicais (lexical items).
Formas típicas de exercícios: ênfase em exercícios de aquisição de léxico de forma dinâmica e significativa para o aluno.
Após termos visto os métodos e as abordagens de ensino de línguas estrangeiras, é importante perceber que ...não há métodos ou abordagens perfeitos ou infalíveis. As teorias da língua devem buscar a adequação aos propósitos e compreender os porquês de se aprender uma língua estrangeira, os reais objetivos e as necessidades que nos levam a aprender e a ensinar em determinados contextos.
Atividade Proposta
Clique no ícone abaixo, leia a crônica apresentada e, em seguida, responda a pergunta. Ao final, clique no botão para conferir sua resposta.
Você saberia dizer que tipo de ensino de língua inglesa (método ou abordagem) a crônica de Rubem Braga ilustra? Você já se viu em situação semelhante em alguma aula de inglês ou de outra língua estrangeira?
Resposta: 
A crônica faz alusão e é uma crítica ao Método Direto de ensino de línguas estrangeiras. Tal método enfatizava o desenvolvimento da habilidade oral, porém, em situações descontextualizadas, artificiais, fazendo com que o aluno produzisse enunciados com foco exclusivo na forma (estrutura), em detrimento do conteúdo (sentido).
Aula de Inglês
Rubem Braga
— Is this an elephant?
Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se
deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora
bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe
um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto
que ela me apresentava.
Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia
concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a
tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que
morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante;
continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer
outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas,
quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco
consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às
vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça
infantil.
Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse
convincentemente:
— No, it's not!
Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia
deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:
— Is it a book?
Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros,
conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira
vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou
cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo
supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um
deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no
máximo dois segundos:
— No, it's not!
Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos.
Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se
propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza
das coisas.
— Is it a handkerchief?
Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o
que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não.
Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor
sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso
ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi
impávido:
— No, it's not!
Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir
que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um
handkerchief.
Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi
precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie
de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das
outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e
antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra
decisiva.
— Is it an ash-tray?
Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o
que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque,
fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária
semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval,
com cerca de 13 centímetros de comprimento.
As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia
reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central,
uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço
de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um
palito de fósforos já riscado. Respondi:
— Yes!
O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto
completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória!
vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco
franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e
não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo
tempo que exclamava, muito excitada:
— Very well! Very well!
Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A
efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti
vergonha e muito orgulho.
Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com
passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja, alguns belos cachimbos ingleses,
tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma
longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele
momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:
— It's not an ash-tray!
E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois
deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa
a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é
acreditado.
Maio, 1945
(Fonte: http://www.releituras.com/rubembraga_aula.asp)
Nesta aula, você:
Aprendeu os conceitos de: abordagem, método, procedimento, desenho (design), técnica, objetivo e conteúdo programático;
conheceu, em linhas gerais, os diversos métodos e abordagens de ensino da língua inglesa;
reconheceu que não há método ou abordagem absoluto (melhor ou pior, eficiente ou ineficaz por completo) no ensino da língua inglesa.
Na próxima aula, você vai estudar:
Introdução aos métodos de Leitura (The Literary Method) e de Tradução e Gramática (The Grammar-Translation Method) sob uma perspectiva diacrônica.
Apresentação das características principais, dos objetivos e das teorias da linguística/psicologia subjacentes aos métodos de Leitura (The Literary Method) e de Tradução e Gramática (The Grammar-Translation Method).

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