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Poder judiciario

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628 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Paulo & Marcelo Alexandrino 
A segunda imunidade processual diz respeito ao afastamento, em rela-
ção ao Presidente da República, da possibilidade de prisão em flagrante e 
decorrente de qualquer outra espécie de prisão cautelar, haja vista que ele 
não poderá ser preso, nas infrações comuns, enquanto não sobrevier sentença 
condenatória prolatada pelo Supremo Tribunal Federal (art. 86, § 3.0). 
A terceira imunidade processual em relação ao processo determina que 
o Presidente da República, na vigência do seu mandato, não pode ser res-
ponsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, estabelecendo, 
assim, uma temporária e relativa irresponsabilidade do Presidente da Repú-
blica, no curso do seu mandato, por atos que não guardem conexão com o 
exercício deste (art. 86, § 4.0 ). 
Em função dessa omissão da Constituição Federal quanto à outorga de 
imunidades processuais ao Governador de Estado, várias Constituições esta-
duais repetiram no seu texto, para os respectivos governadores, as mesmas 
três imunidades deferidas ao Presidente da República. 
Porém, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal, somente pode ser 
estendida aos governadores de Estado e do Distrito Federal a imunidade 
formal que condiciona o processo e julgamento do Presidente da República 
à prévia autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços dos seus 
votos (art. 86). 
Assim, as Constituições estaduais e a Lei Orgânica do Distrito Federal 
poderão prever que os respectivos governadores só poderão ser processados 
e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça depois da prévia autorização, 
por dois terços dos seus membros, da Assembleia Legislativa ou da Câmara 
Legislativa, respectivamente. 
As outras duas imunidades deferidas ao Presidente da República - re-
ferente às prisões cautelares (art. 86, § 3.0 ) e à irresponsabilidade relativa 
por atos estranhos ao mandato (art. 86, § 4.0 ) - não podem ser estendidas 
aos Governadores, por se tratar de prerrogativas inerentes ao Presidente da 
República, na qualidade de chefe de Estado.21 
21 ADI 1.021/SP, rei. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, 19.10.1995. 
, 
PODER JUDICIARIO 
O Poder Judiciário é um dos três poderes expressamente reconhecidos 
pela Constituição da República (art. 2.0 ). Além de instituí-lo como Poder 
independente, a Carta Política protege como cláusula pétrea essa indepen-
dência, em seu art. 60, § 4.0 , III. 
Pode-se afirmar, sem exagero, que não é possível conceber um Estado 
de Direito sem um Poder Judiciário independente, responsável não só pela 
solução definitiva dos conflitos intersubjetivos, mas, talvez precipuamente, 
pela garantia da integridade do ordenamento jurídico, mediante a aferição da 
compatibilidade entre os atos estatais e os comandos vazados na Constituição. 
É interessante observar que a plena independência entre os Poderes 
Executivo e Legislativo não é um pressuposto obrigatório para termos um 
Estado de Direito; Deveras, no sistema parlamentarista, a relação entre os 
Poderes Executivo e Legislativo não é propriamente de independência, mas 
sim de colaboração, uma vez que a manutenção do exercício do poder por 
parte de um depende da vontade do outro. 
O Poder Judiciário, diferentemente, seja qual for o sistema de governo 
- presidencialista ou parlamentarista - sempre e obrigatoriamente deve ser 
um Poder plenamente independente, em um Estado Democrático de Direito, 
incumbido da guarda da Constituição, a fim de conferir efetividade, dentre 
outros, aos princípios da legalidade e da igualdade. 
É verdade que há países em que certas matérias são subtraídas à pos-
sibilidade de apreciação pelo Poder Judiciário, resolvendo-se os conflitos a 
elas pertinentes exclusivamente no âmbito administrativo. São os países que 
630 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
adotam o denominado sistema francês, ou sistema do contencioso admi-
nistrativo, ou, ainda, sistema de dualidade de jurisdição. Nesses países, os 
conflitos que envolvam matérias de índole administrativa são solucionados 
no âmbito da própria administração pública, em vias processuais próprias, 
administrativas. Quanto a essas matérias, as decisões administrativas, esgotada 
a via administrativa, são definitivas, não estão sujeitas à apreciação do Poder 
Judiciário, vale dizer, existe, tecnicamente, coisa julgada administrativa. 
O Brasil adota o denominado sistema inglês, ou sistema de unicidade 
de jurisdição. Em poucas palavras, significa isso que somente o Poder Judi-
ciário tem jurisdição, isto é, somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o 
direito aplicável aos casos concretos litigiosos submetidos a sua apreciação. 
É interessante observar que não fica abolida a apreciação de litígios, a 
composição de interesses conflitantes, no âmbito administrativo. Pelo contrário, 
a Constituição reconhece expressamente a existência dos processos administra-
tivos, por exemplo, ao enunciar os princípios do contraditório e ampla defesa 
e da celeridade processual (CF, art. 5.º, LV e LXXVIII). Ocorre que a adoção 
do sistema de unicidade jurisdicional tem como consequência a ausência de 
definitividade, de imodificabilidade das decisões administrativas. Por outras 
palavras, mesmo que o cidadão opte por discutir administrativamente um 
conflito, e utilize, para tanto, todas as instâncias administrativas disponíveis, 
a decisão final no âmbito administrativo não será uma decisão imutável. 
Se o interessado discordar daquilo que ficou decidido administrativamente, 
pode submeter seu conflito à apreciação do Poder Judiciário, que, de modo 
definitivo, dirá o direito aplicável, sem que a utilização prévia da via admi-
nistrativa implique quaisquer restrições. 
Em poucas palavras, não existe, em sentido técnico, coisa julgada ad-
ministrativa, tampouco jurisdição administrativa. No Brasil, a jurisdição 
e a coisa julgada são atributos exclusivos do Poder J udiciário. 1 O princípio 
da unicidade de jurisdição está vazado de forma lapidar no inciso XXXV do 
art. 5.º, segundo o qual "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito". 
A importância do Poder Judiciário independente para a garantia de um 
Estado Democrático de Direito pode ser facilmente constatada pela análise 
de inúmeros dispositivos da Constituição. 
1 Pode-se apontar uma exceção: nos crimes de responsabilidade que envolvam as maiores 
autoridades do Poder Público, o julgamento é feito pelo Poder Legislativo (CF, art. 52, 1 e 
li). Embora a apreciação e julgamento desses crimes tenha muito de função politica, não 
há como deixar de reconhecer natureza jurisdicional à decisão, uma vez que se trata de 
dizer e aplicar, em caráter definitivo, o direito pertinente ao caso concreto litigioso. 
T 
1 
· 1 
Cap. 11 • PODER JUDICIÁRIO 631 
Em primeiro lugar, a guarda da Constituição, em caráter definitivo, é 
atribuída ao órgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal 
(CF, art. 102, caput). 
Além dessa relevantíssima atribuição, impende notar que inúmeros direitos 
:fundamentais, individuais ou coletivos, catalogados ou não, são concernen-
tes especificamente ao Poder Judiciário, isto é, a garantia de acesso a um 
judiciário imparcial e independente é garantia :fundamental, estruturante de 
nossa organização político-jurídica. 
Assim, além de asseverar que "a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" (art. 5.0 , XXXV), a Carta Po-
lítica estabelece o princípio do juiz natural (art. 5.0 , XXXVII), reconhece o 
Tribunal do Júri, atribuindo-lhe competência para julgar os crimes dolosos 
contra a vida (art. 5.º, :X:XXVIII), assegura que "ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória" (art. 5.º, 
LVII) etc. 
São, ainda, essenciais à garantiade um Judiciário imparcial e independente 
as diversas prerrogativas da magistratura, vazadas essencialmente nos arts. 
93 e 95 da Constituição, e a expressa garantia de autonomia administrativa 
e financeira (CF, art. 99). 
Cabe apontar, conforme anteriormente expendido, que o Judiciário, assim 
como os demais Poderes, além de sua função típica, jurisdicional, exerce, 
como :funções atípicas, atividades administrativas e normativas. No âmbito 
administrativo, é relevante registrar que a EC 45/2004 acrescentou o inciso 
I-A ao art. 92, criando, como órgão do Poder Judiciário, o "Conselho Na-
cional de Justiça". 
Esse órgão, que é, a rigor, um órgão de controle, foi inse.rido na estru-
tura do Poder Judiciário no intuito de atalhar questionamentos acerca de sua 
constitucionalidade. Com efeito, é tarefa exclusiva do constituinte originário 
delinear os sistemas de controles recíprocos entre os Poderes, denominados 
usualmente freios e contrapesos (checks and balances). Isso porque esses 
controles recíprocos conferem a exata medida da relação de independência 
e harmonia, ou seja, do equilíbrio entre os Poderes. Caso uma emenda à 
Constituição pretendesse instituir novos mecanismos de controle de um de-
terminado Poder sobre outro, estaria alterando esse equilíbrio e, a nosso ver, 
seria flagrantemente inconstitucional, por afronta à cláusula pétrea vazada no 
art. 60, § 4.º, III, da Constituição da República. 
Não obstante a sua inserção na estrutura do Poder Judiciário, a verdade 
é que o Conselho Nacional de Justiça não é composto somente por mem-
bros do Poder Judiciário, ou seja, embora disfarçadamente, instituiu-se, 
sim, uma nova espécie de controle do Judiciário, não prevista pelo cons-
630 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
adotam o denominado sistema francês, ou sistema do contencioso admi-
nistrativo, ou, ainda, sistema de dualidade de jurisdição. Nesses países, os 
conflitos que envolvam matérias de índole administrativa são solucionados 
no âmbito da própria administração pública, em vias processuais próprias, 
administrativas. Quanto a essas matérias, as decisões administrativas, esgotada 
a via administrativa, são definitivas, não estão sujeitas à apreciação do Poder 
Judiciário, vale dizer, existe, tecnicamente, coisa julgada administrativa. 
O Brasil adota o denominado sistema inglês, ou sistema de unicidade 
de jurisdição. Em poucas palavras, significa isso que somente o Poder Judi-
ciário tem jurisdição, isto é, somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o 
direito aplicável aos casos concretos litigiosos submetidos a sua apreciação. 
É interessante observar que não fica abolida a apreciação de litígios, a 
composição de interesses conflitantes, no âmbito administrativo. Pelo contrário, 
a Constituição reconhece expressamente a existência dos processos administra-
tivos, por exemplo, ao enunciar os princípios do contraditório e ampla defesa 
e da celeridade processual (CF, art. 5.º, LV e LXXVIII). Ocorre que a adoção 
do sistema de unicidade jurisdicional tem como consequência a ausência de 
definitividade, de imodificabilidade das decisões administrativas. Por outras 
palavras, mesmo que o cidadão opte por discutir administrativamente um 
conflito, e utilize, para tanto, todas as instâncias administrativas disponíveis, 
a decisão final no âmbito administrativo não será uma decisão imutável. 
Se o interessado discordar daquilo que ficou decidido administrativamente, 
pode submeter seu conflito à apreciação do Poder Judiciário, que, de modo 
definitivo, dirá o direito aplicável, sem que a utilização prévia da via admi-
nistrativa implique quaisquer restrições. 
Em poucas palavras, não existe, em sentido técnico, coisa julgada ad-
ministrativa, tampouco jurisdição administrativa. No Brasil, a jurisdição 
e a coisa julgada são atributos exclusivos do Poder J udiciário. 1 O princípio 
da unicidade de jurisdição está vazado de forma lapidar no inciso XXXV do 
art. 5.º, segundo o qual "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito". 
A importância do Poder Judiciário independente para a garantia de um 
Estado Democrático de Direito pode ser facilmente constatada pela análise 
de inúmeros dispositivos da Constituição. 
1 Pode-se apontar uma exceção: nos crimes de responsabilidade que envolvam as maiores 
autoridades do Poder Público, o julgamento é feito pelo Poder Legislativo (CF, art. 52, 1 e 
li). Embora a apreciação e julgamento desses crimes tenha muito de função politica, não 
há como deixar de reconhecer natureza jurisdicional à decisão, uma vez que se trata de 
dizer e aplicar, em caráter definitivo, o direito pertinente ao caso concreto litigioso. 
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Cap. 11 • PODER JUDICIÁRIO 631 
Em primeiro lugar, a guarda da Constituição, em caráter definitivo, é 
atribuída ao órgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal 
(CF, art. 102, caput). 
Além dessa relevantíssima atribuição, impende notar que inúmeros direitos 
:fundamentais, individuais ou coletivos, catalogados ou não, são concernen-
tes especificamente ao Poder Judiciário, isto é, a garantia de acesso a um 
judiciário imparcial e independente é garantia :fundamental, estruturante de 
nossa organização político-jurídica. 
Assim, além de asseverar que "a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" (art. 5.0 , XXXV), a Carta Po-
lítica estabelece o princípio do juiz natural (art. 5.0 , XXXVII), reconhece o 
Tribunal do Júri, atribuindo-lhe competência para julgar os crimes dolosos 
contra a vida (art. 5.º, :X:XXVIII), assegura que "ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória" (art. 5.º, 
LVII) etc. 
São, ainda, essenciais à garantia de um Judiciário imparcial e independente 
as diversas prerrogativas da magistratura, vazadas essencialmente nos arts. 
93 e 95 da Constituição, e a expressa garantia de autonomia administrativa 
e financeira (CF, art. 99). 
Cabe apontar, conforme anteriormente expendido, que o Judiciário, assim 
como os demais Poderes, além de sua função típica, jurisdicional, exerce, 
como :funções atípicas, atividades administrativas e normativas. No âmbito 
administrativo, é relevante registrar que a EC 45/2004 acrescentou o inciso 
I-A ao art. 92, criando, como órgão do Poder Judiciário, o "Conselho Na-
cional de Justiça". 
Esse órgão, que é, a rigor, um órgão de controle, foi inse.rido na estru-
tura do Poder Judiciário no intuito de atalhar questionamentos acerca de sua 
constitucionalidade. Com efeito, é tarefa exclusiva do constituinte originário 
delinear os sistemas de controles recíprocos entre os Poderes, denominados 
usualmente freios e contrapesos (checks and balances). Isso porque esses 
controles recíprocos conferem a exata medida da relação de independência 
e harmonia, ou seja, do equilíbrio entre os Poderes. Caso uma emenda à 
Constituição pretendesse instituir novos mecanismos de controle de um de-
terminado Poder sobre outro, estaria alterando esse equilíbrio e, a nosso ver, 
seria flagrantemente inconstitucional, por afronta à cláusula pétrea vazada no 
art. 60, § 4.º, III, da Constituição da República. 
Não obstante a sua inserção na estrutura do Poder Judiciário, a verdade 
é que o Conselho Nacional de Justiça não é composto somente por mem-
bros do Poder Judiciário, ou seja, embora disfarçadamente, instituiu-se, 
sim, uma nova espécie de controle do Judiciário, não prevista pelo cons-
632 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
tltumte originário. O importante, todavia, a nosso ver, é que o Conselho 
Nacional de Justiça não tem ingerência na atividade jurisdicional dos 
juízes e tribunais, mas, somente, nas atividades administrativas e :finan-
ceiras do Poder Judiciário, mantendo-se assim, pelo menos teoricamente,a independência dos magistrados em sua tarefa precípua que é o exercício 
da função jurisdicional. 
No Brasil, o Poder Judiciário divide-se basicamente em duas esferas: 
a Justiça Federal e a Justiça Estadual. Não existe um Poder Judiciário 
municipal em nosso País. A regra é as competências da Justiça Federal 
serem enumeradas expressa e taxativamente no texto constitucional, deixan-
do-se a competência residual à Justiça Estadual. A Justiça Federal, por seu 
turno, classifica-se em comum e especializada, esta com competência para 
apreciar matérias específicas (Justiça do Trabalho, Justiça Militar, Justiça 
Eleitoral). Têm-se, ademais, dois tribunais de superposição, o Superior 
Tribunal de Justiça, última instância nas questões que envolvam leis, e o 
Supremo Tribunal Federal, instância derradeira (ou única, especialmente 
no controle concentrado de constitucionalidade) nas questões concernentes 
à Constituição Federal. 
Passemos à análise das disposições constitucionais acerca do Poder 
Judiciário no Brasil. 
Os órgãos que integram o Poder Judiciário foram enumerados pela 
Constituição Federal em seu art. 92, nos termos seguintes: 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
1 - o Supremo Tribunal Federal; 
1-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;2 
ID - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal 
e Territórios. 
2 Inciso acrescentado pela EC 92, de 12 de julho de 2016. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 
ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRI03 
TJ 
Juízes 
de Direito 
Supremo Tribunal Federal 
TRF 
Juízes 
Federais 
Juízes 
do Trabalho 
Juízes 
Eleitorais 
Juízes 
Militares 
633 
Consoante anotado anteriormente, essa mesma emenda constitucional 
criou, no âmbito do Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 
órgão que, conforme detalharemos adiante, não dispõe de competências ju-
risdicionais (por esse motivo, ele não está presente no quadro de organização 
do Poder Judiciário, acima apresentado). 
O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição 
em todo o território nacional e, assim como o Conselho Nacional de Justiça, 
têm sede na Capital Federal (CF, art. 92, §§ 1.0 e 2.0 ). 
O Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Poder Judiciário, 
ocupando a digna posição de especial guardião da Constituição Federal. 
Cabe ao Supremo Tribunal realizar, originariamente e com exclusividade, o 
controle abstrato de leis e atos normativos em face da Constituição Federal 
e, também, atuar no controle difuso, em que aprecia, em último grau, as 
controvérsias concretas suscitadas nos juízos inferiores. 
O Conselho Nacional de Justiça é o órgão de controle da atuação 
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe desempenhar_as_atribuições que 
lhe foram diretamente outorgadas pela Constituição Federal, que examina-
remos adiante, além de outras que venham a ser estabelecidas pelo Estatuto 
da Magistratura. 
O Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tri-
bunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Militar são os quatro 
Tribunais Superiores, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo o 
território nacional. 
a Além desses órgãos, também integra o Poder Judiciário o Conselho Nacional de Justiça; não 
o inserimos na estrutura acima porque este órgão não dispõe de competência jurisdicional. 
632 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
tltumte originário. O importante, todavia, a nosso ver, é que o Conselho 
Nacional de Justiça não tem ingerência na atividade jurisdicional dos 
juízes e tribunais, mas, somente, nas atividades administrativas e :finan-
ceiras do Poder Judiciário, mantendo-se assim, pelo menos teoricamente, 
a independência dos magistrados em sua tarefa precípua que é o exercício 
da função jurisdicional. 
No Brasil, o Poder Judiciário divide-se basicamente em duas esferas: 
a Justiça Federal e a Justiça Estadual. Não existe um Poder Judiciário 
municipal em nosso País. A regra é as competências da Justiça Federal 
serem enumeradas expressa e taxativamente no texto constitucional, deixan-
do-se a competência residual à Justiça Estadual. A Justiça Federal, por seu 
turno, classifica-se em comum e especializada, esta com competência para 
apreciar matérias específicas (Justiça do Trabalho, Justiça Militar, Justiça 
Eleitoral). Têm-se, ademais, dois tribunais de superposição, o Superior 
Tribunal de Justiça, última instância nas questões que envolvam leis, e o 
Supremo Tribunal Federal, instância derradeira (ou única, especialmente 
no controle concentrado de constitucionalidade) nas questões concernentes 
à Constituição Federal. 
Passemos à análise das disposições constitucionais acerca do Poder 
Judiciário no Brasil. 
Os órgãos que integram o Poder Judiciário foram enumerados pela 
Constituição Federal em seu art. 92, nos termos seguintes: 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
1 - o Supremo Tribunal Federal; 
1-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;2 
ID - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal 
e Territórios. 
2 Inciso acrescentado pela EC 92, de 12 de julho de 2016. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 
ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRI03 
TJ 
Juízes 
de Direito 
Supremo Tribunal Federal 
TRF 
Juízes 
Federais 
Juízes 
do Trabalho 
Juízes 
Eleitorais 
Juízes 
Militares 
633 
Consoante anotado anteriormente, essa mesma emenda constitucional 
criou, no âmbito do Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 
órgão que, conforme detalharemos adiante, não dispõe de competências ju-
risdicionais (por esse motivo, ele não está presente no quadro de organização 
do Poder Judiciário, acima apresentado). 
O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição 
em todo o território nacional e, assim como o Conselho Nacional de Justiça, 
têm sede na Capital Federal (CF, art. 92, §§ 1.0 e 2.0 ). 
O Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Poder Judiciário, 
ocupando a digna posição de especial guardião da Constituição Federal. 
Cabe ao Supremo Tribunal realizar, originariamente e com exclusividade, o 
controle abstrato de leis e atos normativos em face da Constituição Federal 
e, também, atuar no controle difuso, em que aprecia, em último grau, as 
controvérsias concretas suscitadas nos juízos inferiores. 
O Conselho Nacional de Justiça é o órgão de controle da atuação 
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe desempenhar_as_atribuições que 
lhe foram diretamente outorgadas pela Constituição Federal, que examina-
remos adiante, além de outras que venham a ser estabelecidas pelo Estatuto 
da Magistratura. 
O Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tri-
bunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Militar são os quatro 
Tribunais Superiores, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo o 
território nacional. 
a Além desses órgãos, também integra o Poder Judiciário o Conselho Nacional de Justiça; não 
o inserimos na estrutura acima porque este órgão não dispõe de competência jurisdicional. 
634 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
O Superior Tribunal de Justiça - STJ tem por função precípua assegurar 
a uniformização na interpretaçãoda legislação federal, apreciando as mais 
diferentes controvérsias acerca da aplicação do direito federal. O Superior 
Tribunal de Justiça não realiza controle abstrato de constitucionalidade, mas 
somente controle difuso, no qual aprecia as controvérsias concretas a ele 
submetidas originariamente (competência originária) ou em processos resul-
tantes de recursos contra as decisões dos Tribunais de Justiça dos estados e 
do Distrito Federal e dos Tribunais Regionais Federais (competência recursai). 
Os demais Tribunais Superiores integram a justiça especializada, haja 
vista que só atuam num dado ramo do Direito. Assim, o Tribunal Superior 
Eleitoral aprecia matéria eleitoral; o Superior Tribunal Militar, os crimes mili-
tares; e o Tribunal Superior do Trabalho, matéria afeta ao direito do trabalho. 
O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE 
e STM) são denominados órgãos de convergência, haja vista que as causas 
processadas nos juízes e tribunais inferiores convergem para esses Tribunais, 
respeitadas as respectivas competências. O Supremo Tribunal Federal e o Su-
perior Tribunal de Justiça são, também, denominados órgãos de superposição, 
pois, embora não pertençam a nenhuma justiça, suas decisões se sobrepõem às 
decisões proferidas pelos órgãos inferiores das justiças comum e especializadas. 
Dentre os órgãos de segundo grau, destacamos os Tribunais de Justiça 
dos estados-membros, que, além de realizarem o controle difuso de cons-
titucionalidade como qualquer outro órgão do Poder Judiciário, efetivam 
também o controle abstrato das leis e atos normativos locais em face da 
Constituição estadual. 
Cabe a todos os juízes e tribunais do Poder Judiciário exercer a juris-
dição constitucional, na defesa da supremacia da Constituição Federal. Com 
efeito, todos os órgãos do Poder Judiciário, juízes e tribunais, dispõem 
de competência para proteger a Constituição, devendo afastar, nos casos 
concretos a eles submetidos, a aplicação das leis que considerarem.inconstitu-
cionais. Dessa forma, embora a guarda da Constituição seja função precípua 
do Supremo Tribunal Federal, ele não a exerce de forma exclusiva, haja 
vista que os demais órgãos do Poder Judiciário também podem reconhecer 
a invalidade das leis. 
A única jurisdição exclusiva do Supremo Tribunal Federal é a abstrata, 
em face da Constituição Federal, em que a Corte examina, em tese, a validade 
de leis e atos normativos em confronto com a Carta Federal, com o fim de 
resguardar a harmonia do ordenamento jurídico. Ainda assim, cabe destacar, 
só é atribuição exclusiva do Supremo Tribunal Federal a jurisdição abstrata 
em face da Constituição Federal, haja vista que os Tribunais de Justiça dos 
estados e do Distrito Federal também exercem controle abstrato, mas sempre 
em confronto com a Constituição estadual. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 635 
A função típica do Poder Judiciário é a chamada função jurisdicional (ou 
de julgamento), pela qual lhe compete, coercitivamente, em caráter definitivo, 
dizer e aplicar o Direito às controvérsias a ele submetidas. 
Entretanto, assim como os demais Poderes da República, o Judiciário 
também desempenha funções acessórias ou atípicas, de natureza administra-
tiva e legislativa. 
O Poder Judiciário desempenha função atípica administrativa quando 
administra seus bens, serviços e pessoal. A nomeação e exoneração de seus 
servidores, a concessão a eles de férias e demais direitos, a realização de uma 
licitação pública etc. são alguns exemplos de atuação do Poder Judiciário no 
exercício de função "atípica" administrativa. 
O Poder Judiciário desempenha função "atípica" legislativa quando produz 
normas gerais, aplicáveis no seu âmbito, de observância obrigatória por parte 
dos administrados. É o caso da elaboração dos regimentos dos Tribunais,4 
os quais dispõem sobre a competência administrativa e jurisdicional desses 
órgãos. 
A Constituição Federal outorgou importantes garantias ao Poder Judiciá-
rio, como meio de lhe assegurar autonomia e independência para o imparcial 
exercício da jurisdição. Essas garantias, portanto, não devem ser vistas como 
privilégios dos magistrados, mas sim como prerrogativas que asseguram, ao 
próprio Poder Judiciário, a necessária independência para o exercício de suas 
relevantes funções constitucionais, sem ingerência e pressões dos Poderes 
Legislativo e Executivo. 
O legislador constituinte conferiu especial importância às garantias outor-
gadas ao Poder Judiciário, ao dispor que constituem crime de responsabilidade 
do Presidente da República os atos que atentem contra o livre exercício do 
Poder Judiciário (CF, art. 85, II) e, também, ao proibir que tais garantias 
sejam disciplinadas por medida provisória (CF, art. 62, § l.º, I, "c") ou por 
lei delegada (CF, art. 68, § l.º, I). 
Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira 
(CF, art. 99). 
4 CF, art. 96, 1, "a". 
634 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
O Superior Tribunal de Justiça - STJ tem por função precípua assegurar 
a uniformização na interpretação da legislação federal, apreciando as mais 
diferentes controvérsias acerca da aplicação do direito federal. O Superior 
Tribunal de Justiça não realiza controle abstrato de constitucionalidade, mas 
somente controle difuso, no qual aprecia as controvérsias concretas a ele 
submetidas originariamente (competência originária) ou em processos resul-
tantes de recursos contra as decisões dos Tribunais de Justiça dos estados e 
do Distrito Federal e dos Tribunais Regionais Federais (competência recursai). 
Os demais Tribunais Superiores integram a justiça especializada, haja 
vista que só atuam num dado ramo do Direito. Assim, o Tribunal Superior 
Eleitoral aprecia matéria eleitoral; o Superior Tribunal Militar, os crimes mili-
tares; e o Tribunal Superior do Trabalho, matéria afeta ao direito do trabalho. 
O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE 
e STM) são denominados órgãos de convergência, haja vista que as causas 
processadas nos juízes e tribunais inferiores convergem para esses Tribunais, 
respeitadas as respectivas competências. O Supremo Tribunal Federal e o Su-
perior Tribunal de Justiça são, também, denominados órgãos de superposição, 
pois, embora não pertençam a nenhuma justiça, suas decisões se sobrepõem às 
decisões proferidas pelos órgãos inferiores das justiças comum e especializadas. 
Dentre os órgãos de segundo grau, destacamos os Tribunais de Justiça 
dos estados-membros, que, além de realizarem o controle difuso de cons-
titucionalidade como qualquer outro órgão do Poder Judiciário, efetivam 
também o controle abstrato das leis e atos normativos locais em face da 
Constituição estadual. 
Cabe a todos os juízes e tribunais do Poder Judiciário exercer a juris-
dição constitucional, na defesa da supremacia da Constituição Federal. Com 
efeito, todos os órgãos do Poder Judiciário, juízes e tribunais, dispõem 
de competência para proteger a Constituição, devendo afastar, nos casos 
concretos a eles submetidos, a aplicação das leis que considerarem.inconstitu-
cionais. Dessa forma, embora a guarda da Constituição seja função precípua 
do Supremo Tribunal Federal, ele não a exerce de forma exclusiva, haja 
vista que os demais órgãos do Poder Judiciário também podem reconhecer 
a invalidade das leis. 
A única jurisdição exclusiva do Supremo Tribunal Federal é a abstrata, 
em face da Constituição Federal, em que a Corte examina, em tese, a validade 
de leis e atos normativos em confronto com a Carta Federal, com o fim de 
resguardar a harmonia do ordenamento jurídico. Ainda assim, cabe destacar, 
só é atribuição exclusiva do Supremo Tribunal Federal a jurisdição abstrata 
em face da Constituição Federal, haja vista que os Tribunais de Justiça dos 
estados e do Distrito Federal tambémexercem controle abstrato, mas sempre 
em confronto com a Constituição estadual. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 635 
A função típica do Poder Judiciário é a chamada função jurisdicional (ou 
de julgamento), pela qual lhe compete, coercitivamente, em caráter definitivo, 
dizer e aplicar o Direito às controvérsias a ele submetidas. 
Entretanto, assim como os demais Poderes da República, o Judiciário 
também desempenha funções acessórias ou atípicas, de natureza administra-
tiva e legislativa. 
O Poder Judiciário desempenha função atípica administrativa quando 
administra seus bens, serviços e pessoal. A nomeação e exoneração de seus 
servidores, a concessão a eles de férias e demais direitos, a realização de uma 
licitação pública etc. são alguns exemplos de atuação do Poder Judiciário no 
exercício de função "atípica" administrativa. 
O Poder Judiciário desempenha função "atípica" legislativa quando produz 
normas gerais, aplicáveis no seu âmbito, de observância obrigatória por parte 
dos administrados. É o caso da elaboração dos regimentos dos Tribunais,4 
os quais dispõem sobre a competência administrativa e jurisdicional desses 
órgãos. 
A Constituição Federal outorgou importantes garantias ao Poder Judiciá-
rio, como meio de lhe assegurar autonomia e independência para o imparcial 
exercício da jurisdição. Essas garantias, portanto, não devem ser vistas como 
privilégios dos magistrados, mas sim como prerrogativas que asseguram, ao 
próprio Poder Judiciário, a necessária independência para o exercício de suas 
relevantes funções constitucionais, sem ingerência e pressões dos Poderes 
Legislativo e Executivo. 
O legislador constituinte conferiu especial importância às garantias outor-
gadas ao Poder Judiciário, ao dispor que constituem crime de responsabilidade 
do Presidente da República os atos que atentem contra o livre exercício do 
Poder Judiciário (CF, art. 85, II) e, também, ao proibir que tais garantias 
sejam disciplinadas por medida provisória (CF, art. 62, § l.º, I, "c") ou por 
lei delegada (CF, art. 68, § l.º, I). 
Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira 
(CF, art. 99). 
4 CF, art. 96, 1, "a". 
636 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
Em razão da autonomia financeira, os tribunais elaborarão suas próprias 
propostas orçamentárias, desde que dentro dos limites estipulados conjuntamente 
com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. Desse modo, o Poder 
Judiciário, embora não disponha de orçamento próprio, tem assegurado constitu-
cionalmente o direito de elaborar sua proposta orçamentária, com a participação 
ativa na fixação dos limites de gastos da lei de diretrizes orçamentárias.5 
Determina a Constituição que o encaminhamento da proposta, ouvidos 
os outros tribunais interessados, compete: 
a) no âmbito da União: aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos 
Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; 
b) no âmbito dos estados e no do Distrito Federal e Territórios: aos Presidentes 
dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. 
Muito importante é ressaltar que, segundo a jurisprudência do STF, uma 
vez atendidos os mencionados requisitos constitucionais - observância dos 
limites da lei de diretrizes orçamentárias e o encaminhamento na forma do § 
2.0 do art. 99 -, deve o chefe do Poder Executivo, tão somente, consolidar a 
proposta encaminhada pelo Judiciário e remetê-la ao Poder Legislativo, sem 
introduzir nela quaisquer reduções e/ou modificações. Poderá o chefe do 
Executivo (Presidente da República ou Governador, conforme o caso), se en-
tender necessário, solicitar ao Poder Legislativo a redução pretendida, mas 
não reduzir, ele próprio, unilateralmente, as dotações orçamentárias apresen-
tadas pelo Judiciário, sob pena de ofensa à autonomia financeira deste Poder. 
Essa orientação da nossa Suprema Corte restou consolidada na seguinte 
tese, dotada de eficácia erga omnes e força vinculante:6 
É inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo 
dos orçamentos propostos pelos outros Poderes e por órgãos 
constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a 
Defensoria Pública, na fase de consolidação do projeto de lei or-
çamentária anual, quando tenham sido elaborados em obediência 
às leis de diretrizes orçamentárias e enviados conforme o art. 
99, § 2.0 , da CRFB/88, cabendo-lhe apenas pleitear ao Poder 
Legislativo a redução pretendida, visto que a fase de apreciação 
legislativa é o momento constitucionalmente correto para o 
debate de possíveis alterações no Projeto de Lei Orçamentária. 
5 Com fundamento nessa regra, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional lei de 
diretrizes orçamentárias que fixava o limite que caberia ao Poder Judiciário no orçamento 
geral do estado, sem nenhuma participação desse Poder na fixação de tal limite (ADI 1.911/ 
PR, rei. Min. limar Galvão, DJ 12.03.1999). 
6 ADI 5.287/PB, rei. Min. Luiz Fux, 18.05.2016. 
11 •PODER JUDICIÁRIO 637 
Se os Tribunais do Poder Judiciário não encaminharem as respectivas 
propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes 
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da 
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, 
ajustados de acordo com os limites estipulados conjuntamente com os demais 
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 99, § 3.º). 
Ademais, se as propostas orçamentárias dos Tribunais do Poder Judiciá-
rio forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na lei de 
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários 
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (CF, art. 99, § 4.º). 
Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização 
de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, 
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (CF, art. 99, § 5.º). 
A Emenda Constitucional 45/2004 trouxe novo dispositivo que reforça a 
autonomia financeira do Poder Judiciário, dispondo que os recursos prove-
nientes das custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio 
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça (art. 98, § 2.º). 
A autonomia administrativa confere aos tribunais do Poder Judiciário a 
competência para: 
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com ob-
servância das normas de processo e das garantias processuais das partes, 
dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos 
jurisdicionais e administrativos; 
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem 
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; 
c) prover, na forma prevista na Constituição, os cargos de juiz de carreira da 
respectiva jurisdição; 
d) propor a criação de novas varas judiciárias; 
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos 
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim defi-
nidos em lei; 
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes 
e servidores que lhes forem imediatamente vinculados. 
O Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e os Tribunais 
de Justiça podem, ainda, propor ao Poder Legislativo respectivo, desde que 
observados os limites estabelecidos na lei de responsabilidade fiscal: 
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; 
636 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
Em razão da autonomia financeira, os tribunais elaborarão suas próprias 
propostas orçamentárias, desde que dentro dos limites estipuladosconjuntamente 
com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. Desse modo, o Poder 
Judiciário, embora não disponha de orçamento próprio, tem assegurado constitu-
cionalmente o direito de elaborar sua proposta orçamentária, com a participação 
ativa na fixação dos limites de gastos da lei de diretrizes orçamentárias.5 
Determina a Constituição que o encaminhamento da proposta, ouvidos 
os outros tribunais interessados, compete: 
a) no âmbito da União: aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos 
Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; 
b) no âmbito dos estados e no do Distrito Federal e Territórios: aos Presidentes 
dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. 
Muito importante é ressaltar que, segundo a jurisprudência do STF, uma 
vez atendidos os mencionados requisitos constitucionais - observância dos 
limites da lei de diretrizes orçamentárias e o encaminhamento na forma do § 
2.0 do art. 99 -, deve o chefe do Poder Executivo, tão somente, consolidar a 
proposta encaminhada pelo Judiciário e remetê-la ao Poder Legislativo, sem 
introduzir nela quaisquer reduções e/ou modificações. Poderá o chefe do 
Executivo (Presidente da República ou Governador, conforme o caso), se en-
tender necessário, solicitar ao Poder Legislativo a redução pretendida, mas 
não reduzir, ele próprio, unilateralmente, as dotações orçamentárias apresen-
tadas pelo Judiciário, sob pena de ofensa à autonomia financeira deste Poder. 
Essa orientação da nossa Suprema Corte restou consolidada na seguinte 
tese, dotada de eficácia erga omnes e força vinculante:6 
É inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo 
dos orçamentos propostos pelos outros Poderes e por órgãos 
constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a 
Defensoria Pública, na fase de consolidação do projeto de lei or-
çamentária anual, quando tenham sido elaborados em obediência 
às leis de diretrizes orçamentárias e enviados conforme o art. 
99, § 2.0 , da CRFB/88, cabendo-lhe apenas pleitear ao Poder 
Legislativo a redução pretendida, visto que a fase de apreciação 
legislativa é o momento constitucionalmente correto para o 
debate de possíveis alterações no Projeto de Lei Orçamentária. 
5 Com fundamento nessa regra, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional lei de 
diretrizes orçamentárias que fixava o limite que caberia ao Poder Judiciário no orçamento 
geral do estado, sem nenhuma participação desse Poder na fixação de tal limite (ADI 1.911/ 
PR, rei. Min. limar Galvão, DJ 12.03.1999). 
6 ADI 5.287/PB, rei. Min. Luiz Fux, 18.05.2016. 
11 •PODER JUDICIÁRIO 637 
Se os Tribunais do Poder Judiciário não encaminharem as respectivas 
propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes 
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da 
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, 
ajustados de acordo com os limites estipulados conjuntamente com os demais 
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 99, § 3.º). 
Ademais, se as propostas orçamentárias dos Tribunais do Poder Judiciá-
rio forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na lei de 
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários 
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (CF, art. 99, § 4.º). 
Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização 
de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, 
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (CF, art. 99, § 5.º). 
A Emenda Constitucional 45/2004 trouxe novo dispositivo que reforça a 
autonomia financeira do Poder Judiciário, dispondo que os recursos prove-
nientes das custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio 
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça (art. 98, § 2.º). 
A autonomia administrativa confere aos tribunais do Poder Judiciário a 
competência para: 
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com ob-
servância das normas de processo e das garantias processuais das partes, 
dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos 
jurisdicionais e administrativos; 
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem 
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; 
c) prover, na forma prevista na Constituição, os cargos de juiz de carreira da 
respectiva jurisdição; 
d) propor a criação de novas varas judiciárias; 
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos 
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim defi-
nidos em lei; 
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes 
e servidores que lhes forem imediatamente vinculados. 
O Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e os Tribunais 
de Justiça podem, ainda, propor ao Poder Legislativo respectivo, desde que 
observados os limites estabelecidos na lei de responsabilidade fiscal: 
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; 
638 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares 
e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de 
seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; 
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias. 
Estabelece a Constituição que lei complementar, de iniciativa do Su-
premo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, devendo 
ser observados os princípios a seguir apresentados. 
O ingresso na carreira da magistratura, cujo cargo inicial será o de juiz 
substituto, dar-se-á mediante a realização de concurso público de provas e 
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.7 
A promoção do magistrado na carreira, de entrância para entrância, será 
feita alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes 
normas: 
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou 
cinco alternadas em lista de merecimento; 
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva 
entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade 
desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; 
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos 
de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e 
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o.juiz mais 
antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme 
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação 
até fixar-se a indicação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu 
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o 
devido despacho ou decisão. 
O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e me-
recimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância. 
O Estatuto da Magistratura deverá prever cursos oficiais de preparação, 
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória 
7 CF, art. 93, 1, com a redação dada pela EC 45/2004. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 639 
do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido 
por escolanacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados. 
O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados 
em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas 
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre 
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem 
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos 
Tribunais Superiores, observado o teto salarial fixado em lei de iniciativa 
do Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 37, XI) e o pagamento na 
forma de subsídio fixado em parcela única (art. 39, § 4.º). 
A aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes obser-
varão as regras dp regime especial de previdência dos servidores públicos 
civis, previsto no art. 40 da Constituição Federal. 
O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal. 
O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por 
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. 
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade 
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. 
As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, 
sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 
Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá 
ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte 
e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jliris-
dicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade 
das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno. 
A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas 
nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não 
houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente (CF, art. 93, 
XII). Observe-se que essa vedação não alcança o Supremo Tribunal Federal, 
tampouco os demais tribunais superiores. 
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que esse dispositivo 
é de aplicação imediata, alcançando, de pronto, todos os juízos e tribunais de 
segundo grau, que não poderão mais dispor de férias coletivas em suas atividades.8 
• ADIMC 3.823, rei. Min. Cármen Lúcia, 06.12.2006. 
638 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares 
e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de 
seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; 
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias. 
Estabelece a Constituição que lei complementar, de iniciativa do Su-
premo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, devendo 
ser observados os princípios a seguir apresentados. 
O ingresso na carreira da magistratura, cujo cargo inicial será o de juiz 
substituto, dar-se-á mediante a realização de concurso público de provas e 
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.7 
A promoção do magistrado na carreira, de entrância para entrância, será 
feita alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes 
normas: 
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou 
cinco alternadas em lista de merecimento; 
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva 
entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade 
desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; 
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos 
de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e 
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o.juiz mais 
antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme 
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação 
até fixar-se a indicação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu 
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o 
devido despacho ou decisão. 
O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e me-
recimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância. 
O Estatuto da Magistratura deverá prever cursos oficiais de preparação, 
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória 
7 CF, art. 93, 1, com a redação dada pela EC 45/2004. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 639 
do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido 
por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados. 
O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados 
em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas 
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre 
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem 
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos 
Tribunais Superiores, observado o teto salarial fixado em lei de iniciativa 
do Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 37, XI) e o pagamento na 
forma de subsídio fixado em parcela única (art. 39, § 4.º). 
A aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes obser-
varão as regras dp regime especial de previdência dos servidores públicos 
civis, previsto no art. 40 da Constituição Federal. 
O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal. 
O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por 
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. 
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade 
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. 
As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, 
sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 
Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá 
ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte 
e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jliris-
dicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade 
das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno. 
A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas 
nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não 
houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente (CF, art.93, 
XII). Observe-se que essa vedação não alcança o Supremo Tribunal Federal, 
tampouco os demais tribunais superiores. 
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que esse dispositivo 
é de aplicação imediata, alcançando, de pronto, todos os juízos e tribunais de 
segundo grau, que não poderão mais dispor de férias coletivas em suas atividades.8 
• ADIMC 3.823, rei. Min. Cármen Lúcia, 06.12.2006. 
640 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
O número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva 
demanda judicial e à respectiva população. 
Os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração 
e atos de mero expediente sem caráter decisório. 
A distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. 
A Constituição Federal assegura aos membros do Poder Judiciário as 
garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio 
(CF, art. 95). 
No primeiro grau, a vitaliciedade só será adquirida após o cumprimen-
to do estágio probatório de dois anos de exercício. No período do estágio 
probatório, no qual não há que se falar em vitaliciedade, a perda do cargo 
dependerá de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado. Uma 
vez cumprido o estágio probatório, o magistrado só perderá o seu cargo 
em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 
Os membros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e 
os advogados e membros do Ministério Público que ingressam nos tribunais 
federais ou estaduais pela regra do quinto constitucional (CF, art. 94) ad-
quirem vitaliciedade imediatamente, no momento em que tomam posse. 
Ressaltamos, porém, que a Constituição Federal estabelece um abranda-
mento da vitaliciedade em relação aos Ministros do Supremo Tribunal Federal 
e aos magistrados que atuam como membros do Conselho Nacional de Justiça, 
ao prever que eles poderão ser processados e julgados pelo Senado Federal 
nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, II). Dissemos abrandamento da 
vitaliciedade porque, caso venham a ser responsabilizados politicamente pelo 
S_enado Federal (impea_chment), a conde!lação p()clei:áimplicar a perd~qlo 
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, 
nos termos do art. 52, parágrafo único, da Constituição Federal. 
A inamovibilidade assegura que os magistrados somente poderão ser 
removidos por iniciativa própria (e não de oficio, por iniciativa de qualquer 
autoridade), salvo por motivo de interesse público, mediante decisão adotada 
pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional 
de Justiça, assegurada ampla defesa.9 A inamovibilidade não impede, ainda, 
que o magistrado seja removido por determinação do Conselho Nacional 
de Justiça, a título de sanção administrativa, assegurada ampla defesa (CF, 
art. 103-B, § 4.0 , III). 
9 CF, art. 9~, li, com a redação dada pela EC 45/2004. 
Cap. 11 • PODER JUDICIÁRIO 641 
A irredutibilidade do subsídio, assegurada aos magistrados, tem por 
escopo evitar que a sua atuação seja objeto de pressões, advindas da redu-
ção de sua espécie remuneratória, garantindo-se, com isso, a dignidade e a 
independência necessárias ao pleno exercício de suas funções. 
Entretanto, vale lembrar, a garantia constitucional da irredutibilidade 
de subsídio alcança somente a chamada irredutibilidade jurídica, isto é, 
a irredutibilidade nominal do subsídio (e não a sua irredutibilidade real). 
Significa dizer que a irredutibilidade não assegura o direito à atualização mo-
netária do valor do subsídio em face da perda do poder aquisitivo da moeda 
(inflação), mas tão somente que o seu valor nominal não será reduzido. A 
irredutibilidade não impede, tampouco, a incidência ou o aumento de tributos 
sobre o valor do subsídio, ainda que isso implique sua redução nominal. 
É de notar, também, que os magistrados dispõem de foro especial por 
prerrogativa de função, sendo julgados, originariamente, por tribunais indi-
cados na Constituição Federal, de acordo com a tabela a seguir: 
~uízes estaduais e do Distrito Federal i::;oll)um /. responsabilidaçle TJ (éjrt. ,l:JE), Ili); , -
Juizés federais; induído~ós.da Justiça · · · . , · · · . ·. · , ·'' :· . · :.· ·:. H<,.,;'..\',.·\:t'. ~'..~'·'·'' '<~~,:. _Miil!a~~;~.da,.~ústiÇ.E!·Pº,Tf~qaltto., o: ··· ··~~.in~~ 1 .r~spon,~~RJ!,\9f~~. '' ;t~F .\ª~;~J~~iND~'~,~),)j~1 
Membros dos TJ, TRF, TRE e TRT comum/ responsabilidade STJ (a.rt. 105,),ºE!") 
comum STF (art .. 102, .1 .• ~b") 
Ministros do STF 
responsabilidade Senado Federal (art p2, li) 
Deve-se ressaltar, porém, que o foro especial por prerrogativa de função 
de que dispõem os magistrados não se estende aos juízes aposentados. Como 
o cargo de magistrado é vitalício (CF, art. 95, I), defenderam alguns a tese 
de que a vitalíciedade seria mantida após a aposentadoria, e iSso feria ·como 
consequência continuar o magistrado, mesmo depois da jubilação, a fazer jus 
à prerrogativa de foro no julgamento de infrações ocorridas no exercício da 
função. O STF, porém, decidiu em sentido contrário, negando o direito ao 
foro especial aos juízes aposentados. 10 
No intuito de assegurar maior imparcialidade ao exercício de suas fun-
ções, a Constituição estabelece certas vedações aos magistrados, que dizem 
1º RE 549.560/CE, rei. Min. Ricardo Lewandowski, 22.03.2012. 
640 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
O número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva 
demanda judicial e à respectiva população. 
Os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração 
e atos de mero expediente sem caráter decisório. 
A distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. 
A Constituição Federal assegura aos membros do Poder Judiciário as 
garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio 
(CF, art. 95). 
No primeiro grau, a vitaliciedade só será adquirida após o cumprimen-
to do estágio probatório de dois anos de exercício. No período do estágio 
probatório, no qual não há que se falar em vitaliciedade, a perda do cargo 
dependerá de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado. Uma 
vez cumprido o estágio probatório, o magistrado só perderá o seu cargo 
em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 
Os membros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e 
os advogados e membros do Ministério Público que ingressam nos tribunais 
federais ou estaduais pela regra do quinto constitucional (CF, art. 94) ad-
quirem vitaliciedade imediatamente, no momento em que tomam posse. 
Ressaltamos, porém, que a Constituição Federal estabelece um abranda-
mento da vitaliciedade em relação aos Ministros do Supremo Tribunal Federal 
e aos magistrados que atuam como membros do Conselho Nacional de Justiça, 
ao prever que eles poderão ser processados e julgados pelo Senado Federal 
nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, II). Dissemos abrandamento da 
vitaliciedade porque, caso venham a ser responsabilizados politicamente pelo 
S_enado Federal (impea_chment), a conde!lação p()clei:áimplicar a perd~qlo 
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, 
nos termos do art. 52, parágrafo único, da Constituição Federal. 
A inamovibilidade assegura que os magistrados somente poderão ser 
removidos por iniciativa própria (e não de oficio, por iniciativa de qualquer 
autoridade), salvo por motivo de interesse público, mediante decisão adotada 
pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional 
de Justiça, assegurada ampla defesa.9 A inamovibilidade não impede, ainda, 
que o magistrado seja removido por determinação do Conselho Nacional 
de Justiça, a título de sanção administrativa, assegurada ampla defesa (CF, 
art. 103-B, § 4.0, III). 
9 CF, art. 9~, li, com a redação dada pela EC 45/2004. 
Cap. 11 • PODER JUDICIÁRIO 641 
A irredutibilidade do subsídio, assegurada aos magistrados, tem por 
escopo evitar que a sua atuação seja objeto de pressões, advindas da redu-
ção de sua espécie remuneratória, garantindo-se, com isso, a dignidade e a 
independência necessárias ao pleno exercício de suas funções. 
Entretanto, vale lembrar, a garantia constitucional da irredutibilidade 
de subsídio alcança somente a chamada irredutibilidade jurídica, isto é, 
a irredutibilidade nominal do subsídio (e não a sua irredutibilidade real). 
Significa dizer que a irredutibilidade não assegura o direito à atualização mo-
netária do valor do subsídio em face da perda do poder aquisitivo da moeda 
(inflação), mas tão somente que o seu valor nominal não será reduzido. A 
irredutibilidade não impede, tampouco, a incidência ou o aumento de tributos 
sobre o valor do subsídio, ainda que isso implique sua redução nominal. 
É de notar, também, que os magistrados dispõem de foro especial por 
prerrogativa de função, sendo julgados, originariamente, por tribunais indi-
cados na Constituição Federal, de acordo com a tabela a seguir: 
~uízes estaduais e do Distrito Federal i::;oll)um /. responsabilidaçle TJ (éjrt. ,l:JE), Ili); , -
Juizés federais; induído~ós.da Justiça · · · . , · · · . ·. · , ·'' :· . · :.· ·:. H<,.,;'..\',.·\:t'. ~'..~'·'·'' '<~~,:. _Miil!a~~;~.da,.~ústiÇ.E!·Pº,Tf~qaltto., o: ··· ··~~.in~~ 1 .r~spon,~~RJ!,\9f~~. '' ;t~F .\ª~;~J~~iND~'~,~),)j~1 
Membros dos TJ, TRF, TRE e TRT comum/ responsabilidade STJ (a.rt. 105,),ºE!") 
comum STF (art .. 102, .1 .• ~b") 
Ministros do STF 
responsabilidade Senado Federal (art p2, li) 
Deve-se ressaltar, porém, que o foro especial por prerrogativa de função 
de que dispõem os magistrados não se estende aos juízes aposentados. Como 
o cargo de magistrado é vitalício (CF, art. 95, I), defenderam alguns a tese 
de que a vitalíciedade seria mantida após a aposentadoria, e iSso feria ·como 
consequência continuar o magistrado, mesmo depois da jubilação, a fazer jus 
à prerrogativa de foro no julgamento de infrações ocorridas no exercício da 
função. O STF, porém, decidiu em sentido contrário, negando o direito ao 
foro especial aos juízes aposentados. 10 
No intuito de assegurar maior imparcialidade ao exercício de suas fun-
ções, a Constituição estabelece certas vedações aos magistrados, que dizem 
1º RE 549.560/CE, rei. Min. Ricardo Lewandowski, 22.03.2012. 
642 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
respeito a atividades e condutas consideradas incompatíveis com a missão de 
membro do Poder Judiciário. Assim, é vedado aos magistrados: 
a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma 
de magistério; 
b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
c) dedicar-se à atividade político-partidária; 
d) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas fisicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decor-
ridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
Essa última vedação, denominada quarentena, tem por objetivo refor-
çar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário. Visa a evitar o 
tráfico de influência ou exploração de prestígio pelo ex-magistrado perante 
o juízo ou tribunal do qual se afastou, no ulterior exercício da advocacia 
por esse ex-magistrado. 
Em relação ao exercício do magistério, o Supremo Tribunal Federal firmou 
entendimento de que é permitido aos juízes exercer mais de uma atividade 
de magistério, desde que compatíveis com o exercício da magistratura. 
Para o Tribunal, a Constituição Federal não impõe uma única atividade de 
magistério, mas sim o exercício desta função compatível com a de magis-
trado, para impedir que a acumulação autorizada prejudique, em termos de 
horas destinadas ao ensino, o exercício da magistratura. 11 
Ademais, entende a Corte Maior que não há vedação a que a atividade 
de magistério seja desempenhada pelos juízes no horário do expediente 
do juízo ou tribunal, tendo em vista que o magistrado que eventualmente 
lecionar pelas manhãs, ou mesmo à tarde, certamente poderá compensar as 
suas atividades jurisdicionais de diversas outras maneiras, sem comprometi-
mento quanto à prestação judicial. 12 
Porém, os magistrados não podem atuar na Justiça Desportiva, haja 
vista que a eles só é constitucionalmente permitida a acumulação da atividade 
judicante com o magistério (art. 95, parágrafo único, I). 13 
Os membros do Poder Judiciário serão remunerados exclusivamente por 
subsídio, fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer grati-
11 ADI 3.126, rei. Min. Gilmar Mendes, 17.02.2005. 
12 ADI 3.508, rei. Min. Joaquim Barbosa, 27.06.2007. 
13 MS 25.938, rei. Min. Cármen Lúcia, 24.04.2008. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 643 
ficação, adicional, abono, prem10, verba de representação ou outra espécie 
remuneratória, somente podendo ser fixados ou alterados por lei específica, 
observada a iniciativa privativa dos tribunais em cada caso, assegurada revisão 
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. 
Os subsídios dos membros do Poder Judiciário, incluídas as vantagens 
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, fixado 
por lei de iniciativa do Presidente do Supremo Tribunal Federal como teto 
remuneratório. 
O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados 
em lei e escalonados, em âmbito federal e estadual, conforme as respectivas 
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre 
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem 
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos 
Tribunais Superiores. 
O Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional o estabelecimento 
de um subteto de remuneração - 90,25% do subsídio mensal dos ministros 
do STF - para os membros do Poder Judiciário estadual, dando interpretação 
conforme à Constituição ao art. 37, inciso XI, e seu § 12, para excluir a 
submissão dos membros da magistratura estadual ao subteto de remu-
neração.14 
Dessa forma, os subsídios dos desembargadores dos Tribunais de Justiça 
têm como limite o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, sendo inconstitucional a limitação daqueles a 90,25% deste. Tam-
pouco pode o subteto em foco - 90,25% do subsídio mensal dos ministros 
do STF - ser utilizado para determinação do valor dos subsídios dos demais 
magistrados estaduais. 
A Emenda Constitucional 45/2004 criou o Conselho Nacional de Justiça, 
órgão integrante da estrutura do Poder Judiciário, com sede na Capital 
Federal, com a incumbência de realizar o controle da atuação administrativa 
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais 
dos juízes. 
14 ADIMC 3.854/DF, rei. Min. Cezar Peluso, 28.02.2007. 
642 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
respeito a atividades e condutas consideradas incompatíveis com a missão de 
membro do Poder Judiciário. Assim, é vedado aos magistrados: 
a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma 
de magistério; 
b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
c) dedicar-se à atividade político-partidária; 
d) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas fisicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadasas exceções previstas em lei; 
e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decor-
ridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
Essa última vedação, denominada quarentena, tem por objetivo refor-
çar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário. Visa a evitar o 
tráfico de influência ou exploração de prestígio pelo ex-magistrado perante 
o juízo ou tribunal do qual se afastou, no ulterior exercício da advocacia 
por esse ex-magistrado. 
Em relação ao exercício do magistério, o Supremo Tribunal Federal firmou 
entendimento de que é permitido aos juízes exercer mais de uma atividade 
de magistério, desde que compatíveis com o exercício da magistratura. 
Para o Tribunal, a Constituição Federal não impõe uma única atividade de 
magistério, mas sim o exercício desta função compatível com a de magis-
trado, para impedir que a acumulação autorizada prejudique, em termos de 
horas destinadas ao ensino, o exercício da magistratura. 11 
Ademais, entende a Corte Maior que não há vedação a que a atividade 
de magistério seja desempenhada pelos juízes no horário do expediente 
do juízo ou tribunal, tendo em vista que o magistrado que eventualmente 
lecionar pelas manhãs, ou mesmo à tarde, certamente poderá compensar as 
suas atividades jurisdicionais de diversas outras maneiras, sem comprometi-
mento quanto à prestação judicial. 12 
Porém, os magistrados não podem atuar na Justiça Desportiva, haja 
vista que a eles só é constitucionalmente permitida a acumulação da atividade 
judicante com o magistério (art. 95, parágrafo único, I). 13 
Os membros do Poder Judiciário serão remunerados exclusivamente por 
subsídio, fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer grati-
11 ADI 3.126, rei. Min. Gilmar Mendes, 17.02.2005. 
12 ADI 3.508, rei. Min. Joaquim Barbosa, 27.06.2007. 
13 MS 25.938, rei. Min. Cármen Lúcia, 24.04.2008. 
11 • PODER JUDICIÁRIO 643 
ficação, adicional, abono, prem10, verba de representação ou outra espécie 
remuneratória, somente podendo ser fixados ou alterados por lei específica, 
observada a iniciativa privativa dos tribunais em cada caso, assegurada revisão 
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. 
Os subsídios dos membros do Poder Judiciário, incluídas as vantagens 
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, fixado 
por lei de iniciativa do Presidente do Supremo Tribunal Federal como teto 
remuneratório. 
O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados 
em lei e escalonados, em âmbito federal e estadual, conforme as respectivas 
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre 
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem 
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos 
Tribunais Superiores. 
O Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional o estabelecimento 
de um subteto de remuneração - 90,25% do subsídio mensal dos ministros 
do STF - para os membros do Poder Judiciário estadual, dando interpretação 
conforme à Constituição ao art. 37, inciso XI, e seu § 12, para excluir a 
submissão dos membros da magistratura estadual ao subteto de remu-
neração.14 
Dessa forma, os subsídios dos desembargadores dos Tribunais de Justiça 
têm como limite o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, sendo inconstitucional a limitação daqueles a 90,25% deste. Tam-
pouco pode o subteto em foco - 90,25% do subsídio mensal dos ministros 
do STF - ser utilizado para determinação do valor dos subsídios dos demais 
magistrados estaduais. 
A Emenda Constitucional 45/2004 criou o Conselho Nacional de Justiça, 
órgão integrante da estrutura do Poder Judiciário, com sede na Capital 
Federal, com a incumbência de realizar o controle da atuação administrativa 
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais 
dos juízes. 
14 ADIMC 3.854/DF, rei. Min. Cezar Peluso, 28.02.2007. 
644 DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO • Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino 
O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com 
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: 
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo 
respectivo tribunal; 
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado 
pelo respectivo tribunal; 
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo 
Supremo Tribunal Federal; 
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Su-
perior Tribunal de Justiça; 
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo 
Tribunal Superior do Trabalho; 
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do 
Trabalho; 
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo 
Procurador-Geral da República; 
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo 
Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo 
órgão competente de cada instituição estadual; 
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil; 
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação 
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo 
Senado Federal. 
O Conselho Nacional de Justiça será presidido pelo presidente do Supremo 
Tribunal Federal e, nas suas ausências ou impedimentos, pelo Vice-Presidente 
desse Tribunal (art. 103-B, § l.º). 15 
Os nomes do Presidente e do Vice-Presidente do Supremo Tribunal 
Federal não se submetem à aprovação da maioria absoluta do Senado 
Federal como condição prévia à nomeação para o Conselho, haja vista 
que eles, como ministros da Alta Corte, já foram anteriormente submetidos 
a essa aprovação legislativa, por ocasião de sua nomeação para este cargo, 
por força do art. 101, parágrafo único, da Constituição Federal. 
1s Redação dada pela EC 61/2009. 
Cap. 11 • PODER JUDICIÂRIO 645 
Vale repisar: somente essas duas autoridades - Presidente e Vice-
-Presidente do STF - não se submetem à aprovação da maioria absoluta 
do Senado Federal como condição prévia à nomeação para o CNJ. Os 
demais membros do Conselho são nomeados pelo Presidente da República, 
depois de aprovada a escolha deles pela maioria absoluta do Senado Federal 
(art. 103-B, § 2.0 ). 
Faz-se oportUno observar que a EC 61/2009 afastou os limites de idade 
- mínimo e máximo - para os membros do CNJ (anteriormente, esses limites 
eram de trinta e cinco e sessenta e seis anos, respectivamente) e excluiu a 
vedação à distribuição de processos ao Presidente do Conselho. 16 
Note-se que, embora seja órgão integrante do Poder Judiciário, o Conse-
lho Nacional de Justiça possui membros alheios ao corpo da magistratura 
- representantes do Ministério Público, da advocacia e da sociedade, estes 
últimos indicados pelo Legislativo -, o que, segundo o entendimento do Su-
premo Tribunal Federal, além de viabilizar a erradicação do corporativismo, 
estende uma ponte entre o Judiciário e a sociedade, permitindo a oxigenação 
da estrutura burocrática do Poder e a resposta a críticas severas. 17 
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Minis-
tro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, 
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto 
da Magistratura, as seguintes: 
a) receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos 
magistrados e aos serviços judiciários; 
b) exercer funções

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