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pt 2359 4802 ijcs 30 03 0251 ARTIGO HIPOXIA

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251
DOI: 10.5935/2359-4802.20170035
International Journal of Cardiovascular Sciences. 2017;30(3):251-261
ARTIGO DE REVISÃO
Correspondência: Pedro Paulo da Silva Soares
Rua Prof. Hernani Melo, 101, sala 304Y. CEP 24.210-130, São Domingos, Niterói, RJ – Brasil.
Email: ppssoares@id.uff.br
Efeitos da Hipóxia na Variabilidade da Frequência Cardíaca em Indivíduos Saudáveis: 
Uma Revisão Sistemática
Effects of Hypoxia on Heart Rate Variability in Healthy Individuals: A Systematic Review
André Luiz Musmanno Branco Oliveira1,2, Philippe de Azeredo Rohan1,3, Thiago Rodrigues Gonçalves1,2, Pedro 
Paulo da Silva Soares1,2,3
Laboratório de Fisiologia do Exercício Experimental e Aplicada (LAFE-EA) – Universidade Federal Fluminense (UFF)1; Programa de Pós-graduação 
em Ciências Cardiovasculares (PPGCCV) – Faculdade de Medicina (UFF)2; Programa de Pós-graduação em Ciências Biomédicas - Departamento de 
Fisiologia e Farmacologia (UFF)3, Niterói, Rio de Janeiro – Brasil
Artigo recebido em 30/08/2016; revisado em 23/01/2017; aceito em 27/02/2017.
Resumo
Fundamento: A hipóxia é uma condição fisiológica que pode influenciar a modulação autonômica cardíaca, 
qualpode ser avaliada pelas flutuações espontâneas da frequência cardíaca, chamada de variabilidade da frequência 
cardíaca (VFC). Estudos têm reportado reduções ou manutenção da VFC em situação de hipóxia apresentando 
efeitos controversos. Há uma lacuna no conhecimento em relação às modificações da VFC durante a hipóxia.
Objetivo: Revisar sistematicamente estudos que investigaram os efeitos da hipóxia na VFC em adultos saudáveis 
e não aclimatados durante o repouso.
Métodos: A presente revisão sistemática foi realizada a partir da diretriz PRISMA. Os termos utilizados para a 
busca nas bases MEDLINE, SCOPUS, LILACS e EUROPE PMC foram: “heart rate variability” OR “cardiac autonomic 
modulation” OR “cardiac autonomic regulation” AND (hypoxia OR altitude) NOT intermitente NOT sleep. Os registros 
foram filtrados por espécie, idade e idiomas.
Resultados: Ao final da triagem e elegibilidade restaram 13 artigos para a síntese qualitativa.
Discussão: Os estudos utilizam protocolos experimentais variados que envolvem diferença na pressão barométrica, no 
nível de oxigênio, no tempo de exposição à hipóxia e no controle da frequência respiratória. Possivelmente a influência 
desses fatores e também a variação interindividual à hipóxia podem justificar diferentes respostas na VFC.
Conclusão: A partir dos estudos investigados, a hipóxia foi capaz de gerar uma queda na VFC, seja por retirada ou 
manutenção da modulação vagal, ou por predomínio simpático ou mesmo pela combinação dessas respostas em 
adultos saudáveis não aclimatados a hipóxia. Este efeito parece ser dependente do nível de altitude e da pressão 
barométrica. (Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261)
Palavras-chave: Frequência Cardíaca, Hipóxia, Altitude, Pressão Atmosférica, Sistema Nervoso Autônomo, Revisão.
Abstract
Background: Hypoxia is a physiological condition that may affect the cardiac autonomic modulation, which can be assessed by spontaneous 
fluctuations in heart rate, know as heart rate variability (HRV). Studies have reported reductions or maintenance of HRV in hypoxic situation 
presenting controversial effects. There is a knowledge gap in relation to changes in HRV during hypoxia.
Objective: The aim of this study was to systematically review the effects of hypoxia on HRV in unacclimatized healthy adults at rest.
Methods: This systematic review was performed according to PRISMA guidelines. Search terms used in MEDLINE, SCOPUS, LILACS 
and EUROPE PMC database were: “heart rate variability” OR “cardiac autonomic modulation” OR “cardiac autonomic regulation” AND 
NOT intermittent NOT sleep (hypoxia OR altitude). Records were filtered by species, age group and language. Results: At the end of the 
screening and eligibility, 13 manuscripts remained for qualitative synthesis.
Discussion: The studies used different experimental protocols involving difference in barometric pressure, oxygen level, time of exposure 
to hypoxia and control of respiratory rate. Possibly the influence of these factors and also the interindividual variation to hypoxia may justify 
different responses in HRV.
Conclusion: Based on the investigated studies, hypoxia has been capable of generating a decrease in HRV, either by reduction or maintenance 
of vagal modulation, or by sympathetic predominance or even the combination of these responses in healthy adults unacclimatized to hypoxia. 
This effect appears to be dependent on altitude level and barometric pressure. (Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261)
Keywords: Heart Rate, Hipóxia, Altitude, Atmospheric Pressure, Autonomic Nervous System, Review.
Full texts in English - http://www.onlineijcs.org
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Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
Introdução
Diversas condições fisiológicas, como a hipóxia, 
podem exercer influência na modulação autonômica 
cardíaca.1 Esta condição consiste em uma menor 
disponibilidade de oxigênio nos tecidos e pode ser 
causada durante a ascensão à altitude. Em grandes 
altitudes a hipóxia ocorre devido a uma menor 
pressão parcial de oxigênio no ambiente (PO2) quando 
comparado ao nível do mar. A redução da fração 
inspirada de oxigênio (FiO2), feita com equipamentos 
específicos, também leva a hipóxia, e tem sido utilizada 
para simular a altitude. Ambos os tipos de hipóxia 
reduzem a pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2) 
levando a diminuição da saturação de oxigênio arterial 
(SaO2). Esses efeitos estimulam os quimiorreceptores 
periféricos a ajustar a ventilação pulmonar (VE) para 
assim tentar reestabelecer os níveis de oxigênio arterial.2
A respiração3 e a atividade dos quimiorreceptores 
influenciam a modulação da frequência cardíaca (FC) 
durante a exposição à hipóxia.4 Durante o repouso 
em normóxia a FC e a pressão arterial (PA) são 
moduladas momento a momento principalmente pelos 
barorreceptores do arco-aórtico e do seio carotídeo.5 
Entretanto, na exposição à hipóxia, os quimiorreceptores 
periféricos também atuam como reguladores da atividade 
autonômica resetando o controle barorreflexo da FC e da 
atividade simpática, permitindo níveis mais elevados de 
FC, PA e atividade vasoconstrictora simpática, mas sem 
alterar a sensibilidade barorreflexa.4
O sistema nervoso autônomo (SNA) controla os 
batimentos cardíacos através dos ramos simpático e 
parassimpático ao nodo sinusal. Cada ramo exerce 
distintas funções, onde uma maior ativação simpática 
repercute em um aumento na FC, enquanto uma maior 
ativação parassimpática ou vagal leva a diminuição 
dos batimentos cardíacos.5 A combinação desses 
mecanismos autonômicos e, também, mecanismos 
humorais modulam a FC. Uma ferramenta não invasiva 
amplamente utilizada para a avaliação da modulação 
autonômica cardíaca através de oscilações nos intervalos 
R-R é a variabilidade da FC (VFC).6,7
A VFC pode ser avaliada pelo domínio do tempo 
que utilizam a série temporal de intervalos RR e pelo 
domínio da frequência através do método espectral. 
Na análise pelo domínio do tempo,7 os índices: raiz 
quadrada da média do quadrado das diferenças entre 
intervalos RR normais adjacentes (rMSSD) e porcentagem 
dos intervalos RR adjacentes com diferença de duração 
maior que 50ms (pNN50) representam modulação 
parassimpática, enquanto o desvio padrão de todos 
os intervalos RR normais (SDNN) e o desvio padrão 
das médias dos intervalos RR normais (SDANN) 
representam todos os componentes cíclicos relacionados 
a variabilidade durante o período de registro. 
No domínio da frequência,6,7 obtido por análise espectral, 
os três principais índices utilizados são: muito baixa 
frequência (VLF: 0 – 0,04Hz) que embora não esteja muito 
definidaa aplicação fisiológica, parece corresponder 
à influência dos sistemas termorregulatório e renina-
angiotensina-aldosterona; o componente espectral 
de baixa frequência (LF: 0,04 – 0,15Hz) em repouso 
refere-se à modulação simpática e parassimpática, mas 
predominantemente simpática, tendo relação com a 
atividade tônica barorreflexa, e o componente espectral 
de alta frequência (HF: 0,15 – 0,40Hz) correspondendo 
a modulação vagal e respiratória. Os componentes 
obtidos por análise espectral podem ser descritos em 
valores absolutos (ms²), em unidades normalizadas, 
ou normalizados por logaritmo neperiano a partir dos 
valores absolutos.6,7
Embora muitos estudos tenham utilizado a VFC 
para avaliar a modulação autonômica cardíaca durante 
a hipóxia, os resultados se mostram controversos, 
sobretudo pelas diferenças presentes nos desenhos 
experimentais-3,8,9 tais como o nível de altitude,10 hipóxia 
em ambiente hipobárico (HH) ou normobárico (HN),
11 
o tempo de exposição,12 nativos ou não nativos em 
altitude13 e estado de aclimatação.14 Além disso, outros 
fatores podem interferir na VFC mesmo em normóxia, 
como a frequência respiratória (FR), mudança na posição 
corporal,15,16 capacidade física,17 idade.18 temperatura19 
que caso não controlados podem gerar conflitos nos 
resultados e prejudicar a interpretação do impacto da 
hipóxia na modulação da FC. Neste sentido, o objetivo 
deste trabalho é revisar sistematicamente esse tema para 
esclarecer os efeitos da hipóxia na modulação autonômica 
cardíaca em jovens adultos saudáveis, não aclimatados 
durante condição de repouso.
Métodos
Para a estruturação dos métodos empregados 
neste artigo foi utilizado como referência o PRISMA 
(Preferred Reporting Items is Systematic reviews and 
Meta-Analyses).20
253
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
Tipos de participantes
Adultos saudáveis com idade entre 19-44 anos, não 
residentes de locais de altitude.
Tipos de intervenções
Exposição aguda a hipóxia que tenham avaliado a 
modulação autonômica cardíaca por meio da VFC.
Tipos de medidas investigadas
Os métodos nos domínios do tempo e da frequência 
foram escolhidos para melhor comparação dos resultados 
de VFC. Nos estudos selecionados foi considerado apenas 
a VFC antes e durante a exposição à hipóxia.
Busca bibliográfica
Os estudos foram selecionados por dois pesquisadores 
separadamente e posteriormente discutidos em 
conjunto. Os estudos foram adquiridos nas bases de 
dados MEDLINE, LILACS, SCOPUS e EUROPE PMC. 
Os termos de busca utilizados na base MEDLINE foram: 
"heart rate variability" OR "cardiac autonomic modulation" 
OR "cardiac autonomic regulation" AND (hypoxia OR 
altitude) NOT intermittent NOT sleep. Na base LILACS, 
SCOPUS e EUROPUBMED os termos foram: ("heart rate 
variability" OR "cardiac autonomic modulation" OR "cardiac 
autonomic regulation") AND (hypoxia OR altitude) AND 
NOT intermittent AND NOT sleep, devido a diferença na 
utilização dos operadores booleanos. Foram selecionados 
esses termos para não incluir na busca artigos com apneia 
do sono ou hipóxia intermitente. No Medline foram 
utilizados filtros para idade entre 19 a 44 anos e estudos 
apenas com humanos. No Lilacs foi utilizado filtros para 
estudos relacionados à altitude e apenas com humanos. 
No Scopus foram utilizados filtros disponíveis para 
pesquisa apenas em artigos científicos e área de estudo: 
“environmental science”, “medicine” e “neuroscience”. 
No Europe PMC não foram utilizados filtros de busca.
Critérios de inclusão
Foram incluídos os estudos em inglês, português 
e espanhol, somente com humanos saudáveis e não 
atletas, durante o repouso, que avaliaram como foco 
principalmente a modulação autonômica cardíaca por 
meio da VFC durante a exposição à hipóxia/altitude em 
ambiente de temperatura controlada. A fim de enriquecer 
a discussão foram incluídos estudos que utilizaram 
ou não o controle da frequência respiratória e do CO2 
arterial. Estes estudos serão discutidos separadamente.
Critérios de exclusão
Os artigos que não utilizaram a VFC por dinâmica 
linear como método de avaliação da modulação 
autonômica cardíaca foram excluídos, bem como, estudos 
com crianças, fetos, recém-nascidos, idosos, atletas ou 
indivíduos com qualquer tipo de condição patológica, 
com animais, também aqueles que envolveram protocolos 
de hipóxia intermitente.
Risco de Viés nos Estudos
Foi analisado se nos estudos, houve critérios 
para eleger a amostra. Se o método utilizado para a 
avaliação da modulação autonômica cardíaca foi a 
VFC durante a hipóxia.
Resultados
Em acordo com os critérios pré-determinados no 
presente estudo, inicialmente foram encontrados 1252 
estudos (180 no Medline, 394 no Scopus, 163 no Lilacs, 
515 no Europe PMC) na data de 16 de fevereiro de 2017. 
Após a aplicação dos filtros, restaram 847 estudos, sendo 
no Medline mantidos 83 artigos, 225 no Scopus, 24 no 
Lilacs e 515 no Europubmed, conforme o fluxograma:
A presente revisão se propôs a investigar estudos que 
avaliaram a VFC durante a exposição à hipóxia em sujeitos 
jovens saudáveis e não aclimatados. Embora os efeitos 
da hipóxia na modulação autonômica cardíaca sejam 
bem estudados,10,21,22 mesmo após um rigoroso critério 
de seleção dos artigos, os protocolos experimentais são 
consideravelmente diferentes. Os resultados encontrados 
estão descritos na Tabela I.
Discussão
Fatores intervenientes da hipóxia na VFC
Entre os estudos selecionados, alguns apresentaram 
curta exposição à hipóxia, em torno de 6-15 minutos,8,11,21-25 
enquanto outros realizaram tempo mais prolongado, 
de uma a doze horas de exposição.4,12 Além disso, os 
estudos utilizaram protocolos de ascensão gradual10,12,26 
ou por exposição repentina a hipóxia.8,11,20,22-26 
O tempo de permanência e tipo de ascensão à altitude 
254
Id
en
ti
fi
ca
çã
o
Registros identificados
nas bases de dados = 847
(Medline = 83;
Scopus = 225; Lilacs = 24;
Europe PMC = 515)
Número de registros que
aparecem em mais de uma
plataforma = 197;
Ficaram 650 =
(Medline = 80;
Scopus = 167; 
Lilacs = 3;
Europe PMC = 400).
218 foram
excluídos, por
incompatibilida
de com o objetivo
da revisão
37 registro foram
considerados
elegíveis.
24 registros
foram excluídos
por não
atenderem os
critérios de
inclusão.
13 estudos foram
eleitos para a
análise qualitativa.
T
ri
ag
em
E
le
gi
b
il
id
ad
e
In
cl
u
íd
os
Fluxograma de revisão
Fluxograma modelo PRISMA - Identificação, triagem, elegibilidade e inclusão dos artigos selecionados.
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
simulada puderam gerar diferentes respostas na 
modulação autonômica cardíaca conforme observado 
na tabela 1.12,27,28 Da mesma forma, os diferentes níveis 
de oxigênio utilizados nos estudos, que variaram entre 
19% a 9,6% da FiO2 
10,21,23 também parecem induzir a 
diferentes respostas na VFC.
A condição de hipóxia hipobárica (HH) ocorre em 
altitude real ou em câmaras de descompressão. Outra 
maneira de estudar os efeitos da hipóxia é através 
de simuladores que reduzem a FiO2, entretanto, não 
alteram a pressão barométrica, conhecida como hipóxia 
normobárica (HN). Alguns estudos sugerem respostas 
e sintomas fisiológicos diferentes entre as condições 
de HH e HN para uma mesma pressão de oxigênio 
inspirada (PIO2).
29,30 Sendo assim, é possível que esse 
fator seja interveniente na regulação da FC quando 
o nível de oxigênio da condição HN é similar a HH. 
Diferentes respostas na VFC foram observadas entre 
as condições de HH e HN por Basualto-Alárcon et al.,11 
emaltitude simulada à ~3000m durante 15 minutos de 
exposição, indicando predomínio simpático apenas em 
HH. Entretanto, a SpO2 reduziu na mesma proporção em 
ambas as condições, outros estudos sugerem uma relação 
entre VFC e ∆SpO2.
9,21,24 Embora, estes estudos difiram no 
tipo de hipóxia, sendo um em ambiente hipobárico9 e os 
outros em normobárico.21,24 Além disso, outros estudos 
com em nível semelhante de hipóxia também observaram 
variadas respostas na modulação autonômica cardíaca 
tanto em HH26 quanto em HN.10,23 Embora ocorra uma 
tendência do balanço LF/HF aumentar durante a hipóxia, 
o componente LF aumentou e o HF se manteve, em HN 
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Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
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Tabela 1 – Classificação metodológica e resultados de VFC durante hipóxia
Autor /ano Amostra Intervenção
Frequência 
respiratória
Resultados 
(SpO2 %)
Resultados (VFC) 
durante a hipóxia
Botek et al.,21 
2015
29 jovens saudáveis 
(26 ± 4,9) anos, 
moderadamente 
ativos
10 min de HN 
(FiO2 = 9,6% ~6200m). 
Dois grupos: (RG) 
SpO2 ≥ 72,2% ou 
(SG) ≤ 72,2%
Respiração 
controlada
(12 ciclos/min)
RG (↓80,8 ± 7,0); 
SG (↓67,2 ± 2,9)
LnHF ↓ (RG e SG); 
LnHF (SG < RG);
Ln LF/HF (↑ SG) e 
(↔ RG); Ln LF/HF 
(SG > RG); LFnu ↑ 
(SG); LFnu (SG > RG); 
HFnu ↓ (SG); HFnu 
(SG < RG)
Buchheit et al.,8 
2004
12 jovens saudáveis 
(30,9 ± 2,3) anos, 
moderadamente 
ativos
6 min de HN (11,5 % 
O2 ~4800m)
Respiração 
espontânea
∆SaO2 (7,80 ± 0,59)
rMSSD ↓; SDNN ↔; 
LF ↔; HF ↓; LFnu e 
HFnu↔
Iwasaki et al,.10 
2006
18 jovens saudáveis 
(22 ± 2) anos
HN (21%, 19%, 17%, 
15% O2). Dez min 
cada nível
Respiração 
espontânea
SpO2 19% O2 
(↓97,4 ± 0,2); 17% O2 
(↓95,6 ± 0,3); 15% O2 
(↓92,4 ± 0,5)
LF ↔ (21%, 19% O2); 
LF ↑ (17%, 15%); HF 
↔ (21%, 19%, 17%, 
15% O2); LF/HF ↔ 
(21%, 19%, 17%); LF/
HF ↑ (15%)
Zużewiczet 
al.,32 1999
6 indivíduos 
saudáveis (25-28) 
anos
Câmara HH 4500m. Seis 
períodos de avaliação de 
30 min com intervalos 
de 4 horas. Situação 
controle (normóxia) em 
dia diferente
Respiração 
espontânea
Dado ausente
R-R ↓, SDNN ↓, 
pNN50 ↓, LF ↔, HF 
↓, LF/HF ↔;
(VFC no período 
diurno)
Zhang et al.,26 
2014
12 indivíduos 
saudáveis (29 ± 7) 
anos
Câmara HH 3000m e 
4000m. Quinze min 
cada nível.
Ascensão gradual 
(0-3000m; 3000-4000m)
Respiração 
espontânea
SpO2 (↓90 ± 3) 
3000m; (↓84 ± 4) 
4000m
LF ↓ (4000m); LF 
(4000 < 3000 e 
normóxia); HF ↓ 
(4000m); HF (4000 < 
3000 e normóxia); LF/
HF ↑ 4000m; LF/HF 
(4000m >normóxia)
Rupp et al.,28 
2013
11 homens jovens 
e saudáveis 
(29 ± 6) anos
HN (12% O2 ~4000m) 
exposição repentina. 
Duas sessões de 4h 
em dias diferentes. 
Três min de baseline 
em normóxia, 4h de 
21% ou 12% O2, 15 min 
recuperação.
Temperatura (23 ± 1)°C 
e umidade (43 ± 9)%
Respiração 
espontânea
SpO2 ↓ e se 
estabilizou em ~85% 
após 20 min de 
exposição a hipóxia
R-R ↓ (em relação 
ao baseline e sessão 
controle); rMSSD ↔; 
pNN50 ↓(em relação 
a sessão controle); 
LFnu ↑ e HFnu ↓ 
(em relação a sessão 
controle; e ao baseline 
a partir de 80 min); 
LF/HF ↑ (em relação 
ao baseline)
Basualto-
Alarcón et al.,11 
2012
7 homens jovens 
e saudáveis 
(22,7 ± 5,8) anos
15min de exposição à 
câmara de HH 3000m 
e 15min de exposição 
à tenda de HN 3000m 
(dias diferentes)
Respiração 
espontânea
SpO2 ↓ tanto em HH 
(91,6 ± 4,2), quanto 
em HN (89,1 ± 3,8)
Em HH: rMSSD ↔; 
pNN50 ↔;LF% ↔; 
HF%↓; LFnu ↑;HFnu 
↓; LF/HF ↑;
Em HN: VFC ↔
Continua
256
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
com 15%O2 ~2700m durante 10 min de exposição no 
estudo de Iwasaki et al,10 enquanto o LF e HF não se 
alteraram no estudo de Zhang et al.,26 para o nível de 
altitude ~3000m em HH. Entretanto, no estudo de Giles 
et al.,23 utilizando HN, a VFC não se alterou em hipóxia 
de 14,5% FiO2 ~3000m.
O nível de hipóxia também gera diferentes respostas 
da VFC como observado nos estudos que realizaram 
esse tipo de comparação.10,23,26 Os achados de Zhang et 
al.,26 demonstram predominância de simpática (LF), com 
redução vagal (HF) somente quando simulado 4000 m 
de altitude, não ocorrendo o mesmo no nível de 3000 m. 
Enquanto que Iwasaki et al.,10 encontrou aumentos de LF 
e de balanço simpatovagal (LF/HF) no nível de ~2700m. 
Os achados de Giles et al.,23 demonstraram alterações 
na VFC pela queda do Ln TP somente em ~6000 m. 
No entanto, os protocolos empregados foram diferentes. 
Variadas respostas de VFC podem ser observadas em 
grandes altitudes,8,12,21,26,28 altitudes moderadas11,14 e 
altitudes menores.10
Continuação
Bhaumik et 
al.,14 2013
6 jovens militares 
saudáveis 
(24,83 ± 2,93) anos
HH (altitude real 
3500m) após 48h e 
após 5 dias
Respiração 
espontânea
SpO2↓ após 2 dias 
(92,83 ± 0,47); ↓ após 
5 dias (96,5 ± 0,22)
2º dia: LF ↔; HF ↓; 
LFnu ↑; HFnu ↓; LF/
HF ↑; 5º dia: LF ↔; 
HF ↓ ; LFnu ↔; HFnu 
↔; LF/HF ↔
Guger et al.,12 
2008
10 homens 
saudáveis 
(21-33 anos)
Uma elevação para 
4000m foi alcançada 
depois de 1 h e 
mantida durante 12 h 
em câmara HH
Respiração 
espontânea
Após 1h SpO2 ↔;
Após 5h SpO2 
↓ (82,7 ± 6,8); e 
após 11h SpO2 ↓ 
(84,9 ± 4,5)
Após 1h VFC ↔; 
Após 11h rMSSD ↓, 
SDANN ↓; SDNN ↓; 
LFnu ↑; HFnu ↓; LF/
HF ↑
Giles et al.,23 
2016
11 homens 
fisicamente ativos 
(21,8 ± 0,9 anos)
Cinco visitas para 5 
níveis de FiO2 (20,3%; 
17,4%; 14,5%; 12%; 9,8%) 
em HN, temperatura 
(20°C) e umidade 50%. 
O tempo de exposição 
foi de 10 min
Respiração 
espontânea registrada 
(FR = 15,6 ± 3,4; 
16,2 ± 2,7; 
14,8 ± 3,0; 12,4 ± 4,2; 
12,9 ± 4,2 ciclos/min), 
respectivamente
SpO2 = 20,3% FiO2 
(96,8 ± 2.1); 17,4% 
FiO2 (95,8 ± 1,7); 
14,5%FiO2 
(91,6 ± 1,7); 12% FiO2 
(84,1 ± 4,0); 9,8% 
FiO2 (77,7 ± 5,8%)
SDNN ↔; LnrMSSD 
↔; LnVLF ↔; LnLF 
↔; LnHF ↔; LnLF/
HF ↔ LFnu ↔; HFnu 
↔ (em todas as 
condições). A FC ↑ e 
aLnTP ↓ apenas em 
9,8%FiO2
Krejčí, et al.,24 
2016
29 jovens saudáveis 
(26 ± 4,9) anos, 
moderadamente 
ativos
10 min de HN (FiO2 
= 9,6% ~6200m) em 
posição supina
Respiração 
controlada 
(12 ciclos/min)
SpO2 ↓ ao longo dos 
10 min: (96,4 ± 2,3 
no primeiro min e 
alcançando 71,9 ± 
10% no décimo min) 
sem se estabilizar
∆FC ↑ (a partir do 1 
min); ∆LnrMSSD ↓ 
(a partir do 2ª min); 
∆Ln SDNN ↓ e ∆Ln 
SDNN/rMSSD ↑ 
(ambos a partir do 
3º min); 
Brown et al.,22 
2014
10 indivíduos 
saudáveis 
(22 – 42) anos
6 min de HN (FiO2 
= 10% ~5500m) em 
posição supina
Respiração 
espontânea
Dado ausente
FC ↑; LFnu ↔; HFnu 
↔
Haddad et 
al.,25 2012
10 homens 
saudáveis 
(32,7 ± 4) anos, 
fisicamente ativos
Em repouso: 10 min 
de HN (FiO2 = 15,4% 
~2400m) sentados. 
A temperatura (20-23ºC)
Respiração 
espontânea
SpO2 de repouso 
ausente
Em repouso: RR ↔; 
LnrMSSD ↔; Ln HF 
↔; LF/HF ↔
HN: hipóxia normobárica; HH: hipóxia hipobárica; RG: grupo resistente a hipóxia; SG: grupo sensitivo a hipóxia; FiO2: fração inspirada de oxigênio; 
SpO2: saturação de pulso de oxigênio; ∆SaO2: delta de SpO2; VFC: variabilidade da frequência cardíaca; R-R: batimento cardíaco em milissegundo (ms); 
TP: potência total; Ln TP: TP em logaritmo neperiano; VLF: potência de muito baixa frequência; Ln VLF: VLF em logaritmo neperiano; LF: potência de 
baixa frequência; HF: potência de alta frequência; LF/HF: balanço simpatovagal; LFnu: LF normalizado; HFnu: HF normalizado; LnHF: HF logaritmo 
neperiano;LnLF: LF logaritmo neperiano; Ln LF/HF: LF/HF logaritmo neperiano; rMSSD: raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre 
intervalos RR normais adjacentes; SDNN: desvio padrão de todos os intervalos RR normais; SDANN: desvio padrão das médias dos intervalos RR 
normais; pNN50: porcentagem dos intervalos RR adjacentes com diferença de duração maior que 50ms. ∆: delta ou diferença; SDNN/rMSSD – razão no 
domínio do tempo representando o balanço simpatovagal.
257
PaO2 ↓
SaO2 ↓
Ativação
Quimiorreflexa ↑
Ponto de
operação do
Barorreflexo ↑Ventilação ↑
Tônus Vagal ↓ Tônus Simpático ↑
Frequência
Cardíaca ↑ Pressão arterial ↑
Descarga aferente
torácica ↑ ou ↔
Tônus Simpático ↔
Resposta barorreflexa ↑
ou atividade SNA ↓ (?)
Tônus Vagal ↔
Frequência Cardíaca ↔
Distúrbio
primário
Hipóxia aguda
Resposta
compensatória
imediata
Fase de
estabilização
VFC ?
Figura 1 – Regulação do controle autonômico cardíaco durante a exposição aguda (10 min) a hipóxia severa. 
PaO2: pressão de oxigênio arterial; SaO2: saturação de oxigênio arterial; SNA: sistema nervoso autônomo; VFC: variabilidade da frequência cardíaca. 
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
Fatores intervenientes extrínsecos a hipóxia na VFC
Alguns fatores extrínsecos a hipóxia como idade, 
temperatura ambiente, exercício, estado de saúde, 
frequência respiratória, entre outros são algumas 
das variáveis que podem interferir na VFC.18,19,31 
Por isso, poucos estudos puderam ser selecionados para 
comparações entre seus achados, uma vez que há uma 
grande variedade de protocolos experimentais para 
objetivos semelhantes. No entanto, o rigor metodológico 
para o controle destas variáveis nem sempre foi realizado. 
258
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
Exposição a Hipóxia e suas repercussões na VFC
Dos estudos selecionados, cinco apresentaram 
aumento no balanço simpatovagal estimado pela 
razão LF/HF 10-12,26,28. após a exposição à hipóxia. 
Os estudos de Rupp et al.,28 Basualto-Alarcón et 
al.,11 e Guger et al.,12 apresentaram aumento do 
componente LFnu e diminuição do HFnu, o que 
sugere predominância simpática, que corrobora com 
o encontrado por Iwasaki et al.,10 e Zhang et al.,26 
Entretanto, a queda do LFms² e HFms² observados 
quando foi simulado 4000m de HH por Zhang et al.,26 
sugerem prejuízo na modulação autonômica cardíaca. 
Diferentemente do encontrado por Iwasaki et al.,10 
que observou manutenção da potencia espectral 
de HFms² e aumento de LFms², demonstrando não 
ocorrer retirada vagal. No estudo de Guger et al.,12 
após onze horas de exposição a HH houve redução 
dos componentes rMSSD, SDANN e SDNN, indicando 
retirada vagal cardíaca.
Buchheit et al.,8 Zuzewicz et al.,32 e Giles et al.,12 
não encontraram diferença significativa no balanço 
simpatovagal em hipóxia. Entretanto, Buchheit et al.,8, 
Zuzewicz et al.,32 verificaram reduções em componentes 
no domínio do tempo. Buchheit et al.,8 encontrou 
diminuição no índice rMSSD e HFms2 e manutenção 
do SDNN e LFms². Embora os índices no domínio 
do tempo e os absolutos no domínio da frequência 
indiquem retirada vagal, o mesmo não foi observado 
em unidades normalizadas. No estudo de Zuzewicz 
et al.,32 houve uma queda nos intervalos R-R, SDNN, 
pNN50, HFms² e manutenção de LFms² e LF/HF, 
sugerindo também retirada vagal. No entanto, Giles et 
al.,23 não encontraram mudanças nos índexes de VFC 
em nível de HN semelhante aos estudos comparados. 
Os estudos utilizaram níveis de hipóxia semelhantes 
~4800m,~4500m e ~4450m, respectivamente, embora o 
tempo de exposição e a condição barométrica da hipóxia 
foram diferentes.
O estudo de Giles et al.,23 experimentaram 5 diferentes 
níveis de oxigênio (20,3%; 17,4%; 14,5%; 12% e 9,8%) 
por dez minutos de exposição. Cada nível de oxigênio 
foi realizado em dias diferentes com intervalos de 24h 
entre as análises de forma randomizada. Observando 
os dados lineares de VFC, os autores não encontraram 
alterações nos componentes SDNN, rMSSD, VLF, LF e HF 
(Ln ou %) para todos os níveis de oxigênio. Entretanto, foi 
encontrado uma redução significativa na LnTP durante o 
nível mais severo (9,8% O2 ~ 6000m de altitude simulada), 
indicando uma redução na modulação autonômica 
cardíaca. Embora tenha sido feita a randomização, uma das 
limitações desse estudo é que não foram feitas medidas de 
reprodutibilidade da VFC para os diferentes níveis de FiO2. 
Este fato pode ser um possível fator de confusão para se 
estabelecer o efeito da hipóxia na VFC. Além disso, podem 
existir diferenças entre indivíduos bem condicionados 
fisicamente e os não condicionados. Embora não tenha sido 
observado aumento de LF e redução de HF, uma queda 
na LnTP pode indicar uma diminuição na modulação 
autonômica cardíaca. A queda da TP pode ser associada 
com eventos de risco cardíaco.33 Embora, não se tenha 
ocorrido significância estatística para os índices Ln VLF, 
Ln LF e Ln HF, houve moderado tamanho de efeito em 
hipóxia severa (9,8% O2). Em um estudo
24 que analisou a 
dinâmica da VFC utilizando índices no domínio do tempo 
em seguimentos por minuto, incluindo o trecho transiente 
dos minutos iniciais da exposição repentina à HN (9,6% 
FiO2 ~6200m) durante 10 min, encontrou que a modulação 
autonômica cardíaca responde de forma proporcional 
a redução da SpO2% nos primeiros cinco minutos de 
exposição a hipóxia severa. O ∆FC foi aumentando do 
primeiro minuto até o quarto, onde alcançou seu estado 
estável, enquanto o ∆Ln rMSSD seguiu reduzindo do 
segundo minuto até o sexto, atingindo o estado estável. 
O ∆Ln SDNN também foi decrescente a partir do terceiro 
minuto até o sexto e após isto se estabilizou. O ∆Ln 
SDNN/rMSSD aumentou no terceiro e continuou até o 
quinto minuto, depois entrou também em estado estável. 
No entanto, a SpO2 começou a reduzir a partir do primeiro 
minuto e continuou a reduzir até o décimo sem alcançar 
estado estável. Esses resultados indicam que no momento 
transiente ou minutos iniciais de exposição à hipóxia 
severa (9,6% FiO2) ocorrem retirada vagal, redução da 
modulação autonômica cardíaca e aumento da modulação 
simpática, ocorrendo de forma a seguir a queda da SpO2. 
Embora o estudo não tenha feito tal análise, os autores 
sugerem que a estimulação dos quimiorreceptores 
periféricos provavelmente se sobrepõe aos demais 
mecanismos de regulação autonômica nos cinco minutos 
iniciais da exposição a esse nível de hipóxia.24 Após isso, 
sugerem duas possíveis vias, uma se trata de uma possível 
resposta barorreflexa podendo contrabalançar o distúrbio 
inicial, impedindo níveis muito elevados de FC31 ou 
mesmo, na possibilidade da queda da SpO2 abaixo de 
determinado limiar provocar uma alteração insignificante 
na atividade do SNA.24 Embora a SpO2 não tenha se 
estabilizado durante 10 min de exposição, o estudo de 
Rupp et al.,28 indica a estabilização da SpO2 somente após 
20 minutos de exposição a um nível de 12% FiO2 ~4000m, 
ou seja, menor do que o realizado por Krejcí et al.,24
259
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
Um único estudo21 separou a amostra em dois grupos, 
os RG = SpO2 ≥ 72,2% e os SG = SpO2 ≤ 72,2%, além de 
controlar a FR e utilizar um nível de hipóxia extremo 
~6200m. Nesse estudo de rápida exposição à HN, o grupo 
RG teve diminuição do LnHF porém com manutenção do 
Ln LF/HF. Enquanto o grupo SG teve redução do LnHF 
e HFnu, aumento do Ln LF/HF e LFnu. A diferença entre 
SG e RG (tabela 1) indica que a SG tem maior modulação 
simpática associada a uma menor modulação vagal 
durante a exposiçãoà HN. No estudo de Brown et al.,22 
embora o nível de oxigênio utilizado foi de 10% FiO2 
~5500m e ser observado aumentos na FC, nos componentes 
LFnu e HFnu não foram encontradas diferenças em relação 
a condição de normóxia. Esse estudo realizou análise de 
seis minutos durante a normóxia (21% O2), hipercapnia 
(5% CO2) e hipóxia (10%O2) com intervalos de 5 minutos 
em normóxia entre as condições e em ordem randomizada. 
Foram analisados poucos índexes de VFC nesse estudo, 
porém resultados semelhantes nos componentes LF e HF 
durante a exposição à hipóxia já foram reportados em 
outros estudos.23 Além disso, durante a randomização em 
alguns indivíduos um possível efeito residual da condição 
de hipercapnia pode ter influenciado na condição posterior 
de hipóxia. Os dados de SpO2 não foram apresentados.
Haddad et al.,25 teve como foco o impacto da hipóxia 
na reativação parassimpática cardíaca medida pela 
VFC após o exercício físico. No entanto, para a presente 
revisão, foram considerados apenas os índices de VFC 
em repouso. O trecho para análise foi considerado 
do 5º ao 10º min de exposição a 15,4% FiO2 ~2400m. 
Os índices de VFC apresentados não se alteraram 
significativamente. Sugerindo que a magnitude da 
hipóxia não foi suficiente provocar alterações na VFC 
durante o repouso. No entanto, foi suficiente para causar 
um atraso na reativação parassimpática cardíaca após 
o exercício submáximo. Além disso, a amostra deste 
estudo possuía boa capacidade física, o que por si só 
tende a responder com melhores ajustes na VFC frente 
a situações de estresse.17 Os dados de SpO2 durante o 
repouso não foram apresentados.
O estudo de Bhaumik et al.,14 utilizou um protocolo 
de aclimatação à hipóxia, com avaliações após 48h 
e 5 dias, observando que no segundo dia ocorreu 
uma diminuição da modulação vagal associado à um 
aumento do componente LFnu, levando à um maior 
balanço simpatovagal. Entretanto, após o quinto dia, 
apesar de ainda haver redução no componente HFms², 
ocorreu uma recuperação do balanço simpatovagal 
quando comparado à normóxia, sugerindo uma possível 
adaptação autonômica induzida por aclimatação. 
Embora o componente LFnu seja considerado como um 
marcador relacionado a modulação simpática cardíaca,7 
têm sido observado que o comportamento do LFnu 
em relação a atividade nervosa simpática muscular 
(ANSM) se convergem em condições seletas e isso está 
também associado ao efeito da respiração.34 Além disso, 
em hipóxia severa à ~10,5% O2, o componente LFnu 
somente convergiu com a ANSM quando a respiração 
foi controlada ~20 ciclos/min, não ocorrendo o mesmo 
durante a respiração espontânea.34 
Os efeitos da respiração sobre os reflexos autonômicos 
têm sido bem descritos por Bernardi et al.,3 e geram 
repercussões nos índices de VFC demonstrando alterações 
nos componentes espectrais, principalmente devido as 
mudanças na FR.27 Neste sentido, acreditamos que a 
mudança do padrão respiratório durante a exposição à 
hipóxia, pode repercutir na VFC. Além disso, a estimulação 
quimiorreflexa provocada por hipóxia também pode afetar 
o controle autonômico por ativação simpática a qual 
pode ser contrabalanceada, por exemplo, pela interação 
dos barorreceptores ou pelo efeito inibitório das fibras 
aferentes de estiramento pulmonar.35 Portanto, é preciso 
mais estudos que explorem o registro da FR espontânea 
e controlada nos índices de VFC durante a exposição à 
hipóxia associado à responsividade interindividual e ao 
tempo de exposição. Além disso, embora já se saiba o efeito 
da hipocapnia na atividade simpática,36 a influência deste 
estado, isolado e associado à hipóxia nos índices de VFC 
é outro fator que precisa ser mais bem compreendido.
Baseando-nos nas respostas de VFC observados nos 
estudos da presente revisão, propomos uma figura com 
uma descrição dos possíveis fenômenos fisiológicos 
relacionados ao controle autonômico cardíaco durante 
a exposição aguda a hipóxia severa. É importante 
observar que a figura apresenta apenas uma visão geral 
e superficial dos possíveis mecanismos em indivíduos 
saudáveis. No entanto, tais eventos podem sofrer 
variações por fatores como o nível de FiO2, o tempo 
de exposição, a idade, a capacidade física, as variações 
interindividuais, a aclimatação, além do exercício físico e 
mudanças posturais. Parte dos mecanismos apresentados 
ainda não está completamente elucidada.
Conclusão
A presente revisão apresentou os principais estudos 
envolvendo a resposta da VFC durante a hipóxia aguda 
em indivíduos saudáveis. Em geral, a partir dos estudos 
260
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Referências
Oliveira et al.
Hipóxia e variabilidade da frequência cardíaca
Int J Cardiovasc Sci. 2017;30(3):251-261
Artigo de Revisão
investigados pela presente revisão, a exposição à hipóxia 
é capaz de modificar a VFC podendo levar a diminuição 
da modulação autonômica cardíaca, seja por retirada ou 
manutenção da modulação vagal, ou por predomínio 
simpático, ou mesmo pela combinação dessas respostas. 
Entretanto, a magnitude da resposta a hipóxia em adultos 
saudáveis não aclimatados em condição de repouso, 
parece ser dependente principalmente do nível de 
altitude, tempo de exposição, variação interindividual e 
pressão barométrica.
Limitações do estudo
O sistema cardiovascular em geral é vasto em suas 
funções e a modulação autonômica cardíaca tem por 
objetivo modular o comportamento dos batimentos 
cardíacos. O presente estudo limita-se a investigar a 
modulação autonômica cardíaca através da VFC, o 
qual é um método não invasivo e seletivo. Este método 
visa avaliar as flutuações espontâneas da frequência 
cardíaca por diversos cálculos matemáticos objetivando 
indicar o drive vagal, simpático e simpatovagalcardíaco. 
O presente estudo também se limita a estudar somente 
a hipóxia aguda abdicando dos efeitos da hipóxia 
crônica e intermitente na VFC. Além disso, o presente 
estudo incluiu somente indivíduos saudáveis e sua 
repercussão a exposição à hipóxia. Isto pode limitar uma 
possível compreensão dos efeitos da hipóxia na VFC em 
indivíduos não saudáveis, principalmente com patologias 
cardíacas. Entretanto, a presente revisão com indivíduos 
saudáveis torna-se primário na investigação dos efeitos 
fisiológicos da hipóxia na VFC em seres humanos e pode 
avançar na investigação da interação cardiorrespiratória. 
Espera-se também que a presente revisão possa repercutir 
em futuros estudos e/ou revisões objetivando, além de 
indivíduos saudáveis, indivíduos não saudáveis como 
hipertensos, diabéticos, obesos e outros.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Oliveira ALMB, 
Rohan PA, Gonçalves TR, Soares PPS. Obtenção de 
dados: Oliveira ALMB, Rohan PA, Gonçalves TR, 
Soares PPS. Análise e interpretação dos dados: Oliveira 
ALMB, Rohan PA, Gonçalves TR, Soares PPS. Redação 
do manuscrito: Oliveira ALMB, Rohan PA, Gonçalves 
TR, Soares PPS. Revisão crítica do manuscrito quanto ao 
conteúdo intelectual importante: Oliveira ALMB, Rohan 
PA, Gonçalves TR, Soares PPS.
Potencial Conflito de Interesse
Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.
Fontes de Financiamento
O presente estudo foi financiado por CAPES e FAPERJ 
(E-26/110.166/2014).
Vinculação Acadêmica
Este artigo é parte de dissertação de Mestrado 
de André Luiz Musmanno Branco Oliveira pela 
Universidade Federal Fluminense.
261
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Artigo de Revisão

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