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trabalho de humanismo

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O Existencialismo de Kierkegaard
O Existencialismo pode ser considerado como uma corrente teórica que se ancora no conceito de Autopoiese, onde o ser humano tem a capacidade de produzir a si próprio. Isto é, “o Existencialismo é, então, uma reação contra as construções sistemáticas que anulavam o homem no meio das abstrações, despersonalizando-o.” (SILVA, 2011).
No que diz respeito à existência humana, Kierkegaard subdivide-a em três categorias, sendo elas a estética, ética e religiosa.
A estética esta relacionada a uma busca desenfreada pelo prazer, sendo este um prazer momentâneo, que acaba se dissipando, deixando assim, o ser humano vazio de si. Atualmente é possível observar que tal pensamento tem prevalecido, já estamos em uma sociedade capitalista, que visa o lucro, onde o ser humano se torna um consumidor em busca de uma performance que se adapte a esse sistema.
Já no estágio ético o homem subordina-se às leis, sua existência é marcada pelos deveres que assumem, regras e uma legislação que os regem. E, a maioria das pessoas que compõe esse estágio é identificada como tradicional. A partir de tal, salientamos que o estágio estético é o inverso do ético, enquanto o primeiro usufrui do prazer, o segundo é submetido ao dever.
O padrão social ético choca com as questões sociais emergentes atuais. Como por exemplo, temos a disforia de gênero, no qual o indivíduo acredita que seu gênero é oposto ao com que nasceu.
Por fim, temos o estágio religioso, no qual deixa-se a ética buscando aproximação com a religião, o homem não é mais sujeito das leis universais, mas sim sujeita-se a sua crença. Um clássico exemplo é o de Abraão e Isaac, apresentado na obra Coleção Os Pensadores, onde Kierkegaard discorre que a atitude de Abraão em se dispor a sacrificar seu filho, em nome de Deus, infringe as leis, de forma que passa do estado ético para o religioso, onde sua crença permite tal ato.
Angústia
É perceptível a influência da religião sobre Kierkegaard, pois este apresenta a angústia como algo sempre presente na existência humana, sendo assim fruto do pecado original de Adão e Eva. Doravante a situação de desobediência a Deus (um ser transcendente), iniciou-se o livre arbítrio, a angústia surge pela liberdade absoluta.
Enquanto o homem ainda está em estado de inocência (ignorância), a angústia permanece latente, pois ele realiza atos espontaneamente e sem refletir sobre suas ações. Mas, a partir do momento em que se depara numa situação que precisa exercer seu poder de escolha, a angústia vem à tona. Este tem a possibilidade na escolha, entre o poder e o não poder, de modo que é auto responsável pelas consequências das suas escolhas.
Ainda nesse contexto, existem dois tipos de angústia: a objetiva e a subjetiva. A primeira, angústia objetiva, é entendida pela forma de como o pecado entrou no mundo. Enquanto que, a segunda, implica na inocência do ser, sendo semelhante ao caso de Adão.
O desespero é instaurado como o conflito entre o ser finito e a vontade da infinitude, por isso apresenta-se concomitantemente à angústia.
Nessa perspectiva, as pessoas sabem que a única certeza inevitável é a morte, porém fazem de tudo para evitar o envelhecimento (que é o nível de desenvolvimento mais próximo esta). De acordo com uma reportagem do National Geographic, “Tabu: Cirurgias Plásticas”, observa-se que o corpo, nesse contexto, é a única representação do sujeito e é a partir dele que se abrem as portas para a vida social. Em virtude disso, o número de cirurgias plásticas tem tomado uma proporção exorbitante. Inúmeros são os casos de homens e mulheres que se frustram e se tornam obsessivos na procura da perfeição do corpo, acreditando ser um tabu a existência de um corpo fora do padrão, ou seja, um corpo considerado esteticamente ideal e funcional. Tal procedimento é facilitado pelo uso de novas tecnologias aliadas às práticas médicas e estéticas, por isso, nessa conjuntura imagética, só é “feio” quem não se dispõe a esses tipos de mudanças.
É válido ressaltar que “A decepção mais comum é não podermos ser nós próprios, mas a forma mais profunda de decepção é escolhermos ser outro antes de nós próprios.” (KIERKEGAARD, 1968 apud RUANO, 2015). Diante de tal afirmação, depreendemos que o homem possui certo medo de enfrentar suas próprias angústias, e como consequência, prefere deixar sua individualidade de lado, se integrando às massas sociais, adaptando suas características a elas, como meio de se sentir aceito pela própria sociedade somática e imagética. Dessa forma, então, o ser deixa o seu poder de criticidade para se submeter a esse estilo de vida padronizado.
Ao modo que, quando se refere a uma sociedade imagética, temos como principal característica a supervalorização da imagem, onde o ser humano tem se afastado de si, da sua subjetividade, e tem encaminhando-se para uma busca da perfeição do seu corpo, gerando ansiedade, frustração, promovendo adoecimento psíquico, a chamada somatização.
Com isso, podemos ver que a sociedade tem se tornado a coletividade da medicalização. Nesse aspecto, pode-se citar a visão de Roudinesco (2000), “[…], quanto mais se promete o ‘fim’ do sofrimento psíquico através da ingestão de pílulas, que nunca fazem mais do que suspender sintomas ou transformar uma personalidade, mais o sujeito, decepcionado, volta-se em seguida para tratamentos corporais.”
Existencialismo - Edmund Husserl
Husserl é o criador do método fenomenológico, tão importante no movimento existencial. Etimologicamente considerada, a fenomenologia é o estudo dos fenômenos.
De acordo com Husserl, conhecemos o mundo através de dois aspectos: a captação “intuitiva” e a integração significativa.
Acreditava ele que a realidade não podia ser reduzida aquilo que meramente captamos através dos sentidos, ainda que realizando uma integração.
Husserl afirmava que não existe consciência sem objeto, da mesma forma que o oposto é verdadeiro. As expressões conhecidas: “Toda consciência é consciência de algo” e “O objeto é sempre objeto para a consciência”, expressam o princípio da intencionalidade de Husserl, postulado básico da fenomenologia. A consciência não é um lugar, tal como uma caixa que abriga conteúdos mentais, conforme a concepção wundtiana, mas uma espécie de movimento p//ara fugir de si mesma, um escape para fora de si, para poder ter uma existência. A consciência é esse partir em direção às coisas que a ela aparecem como fenômenos. Qualquer que seja o objetivo da consciência, ele está sempre fora da consciência porque é transcendental; sujeito e objeto passam a ser um só, e a preocupação volta-se para o ato de conhecer.
Para que se possa atingir um conhecimento completo, todos os caracteres exteriores da vivência captadora precisam ser eliminados, ou seja, tudo o que esteja fora desse nosso próprio estado psicológico é colocado à parte ou, como nos fala Husserl, entre parênteses. Está é a redução fenomenológica ou epoché. Na verdade realizamos não uma redução, mas várias delas, de forma tal que todo o julgamento seja eliminado.
Dessa forma, o que se enfatiza é a intuição, procurando eliminar tudo o que for de não intuitivo para se chegar ao conhecimento absoluto. A essa consciência de um objeto, purificada, que ocorre no processo de redução fenomenológica, Husserl chamou de consciência transcendental.
A atitude fenomenológica é essa atitude que petrifica a própria crença na realidade objetiva para se colocar como consciência transcendental. Transcende-se o que há de ilusório na sua aparência, resultado dos condicionamentos a que o indivíduo se expõe. Noese é o nome dado a essa atividade da consciência, o pensamento. Noema, ao objeto desse pensamento, que é sentido que habita a consciência.
Existencialismo - Martin Heidegger
Ele é o ponto de ligação entre o existencialismo de Kierkegaarde a fenomenologia de Husserl. Sua preocupação maior era elaborar uma análise da existência, ou seja, esclarecer o verdadeiro sentido do ser.
Investigando o problema do ser, acabou por recair em um únicoobjeto possível: o próprio ser do sujeito existente, a que chamou de Dasein (ser-ai ou ente). Definir ser implica, dessa forma, em transformá-lo em um ente (algo concreto) e aí termina a lógica do ser universal. Não pode existir um ser sem ente. Diante de tal impasse, Heidegger diz: para que a investigação ontológica possa ocorrer, haverá uma fase que antecede; a análise do meu Dasein particular e concreto.
A característica básica do Dasein é sua abertura para perceber e responder a tudo aquilo que está na sua presença; É contemporâneo do mundo, surgindo como fenômeno, isto é, como algo que se mostra a si mesmo. Daí Heidegger usar a expressão ser-no-mundo.
O estar-no-mundo é a determinação fundamental do Dasein. É o sentimento do indivíduo de ser arrojado às vicissitudes da existência. Somos lançados ao mundo, e a ele estamos ligados, pois não podemos pensar em um ser sem relacioná-lo ao seu mundo, à sua realidade concreta. O homem não existe com um Eu ou sujeito em relação ao mundo externo. Tem uma existência por ser-no-mundo da mesma forma que o mundo tem sua existência porque há um ser para revelá-lo. Assim, ser e mundo são unos.Vale ressaltar que não se trata do homem interagir com o mundo, pois nesse caso sugeriria que pessoa e ambiente fossem duas coisas separadas.
Participa do mundo com outros. Mas esse estar-no-mundo com outros estabelece uma ligação entre os Dasein, de tal forma que não há distinção entre eles: estar-no-mundo é viver num mundo em comum. Isso acaba por estabelecer que a relação do Dasein com outros seja uma projeção.
Pela temporalidade, o Dasein vai adquirindo a sua essência, pois é somente existindo que ele é. Heidegger afirma que a essência do ser reside, na verdade, na sua própria existência. O Dasein é a possibilidade concreta da minha existência. Sendo a sua possibilidade, precisa escolher a cada momento entre uma existência autêntica e uma inautêntica.
A existência autêntica ou ExistenzI é a existência idealizada do Dasein excluindo tudo aquilo que possa vir a impedir sua autenticidade. É somente através desta que o homem é capaz de diferenciar o humano do não humano. Ao contrário, na inautenticidade, queda, ou decaimento, misturam-se os dois significados, e aí o desamparo ocorre. O sentimento de abandono existe desde que o ente é lançado ao mundo sem que dele dependa a escolha. Esse desamparo reaparece sempre na luta que o indivíduo trava durante toda a sua existência, sob a forma de angústia ou medo.
A vida inautêntica não deixa de ser uma forma de fugir a esse sentimento de inadequação. Perdendo-se no outro, na tentativa de justificar seus atos num sujeito impessoal, o peso tornar-se menor. Entretanto, é apenas a angústia que levanta o Dasein de sua queda, forçando-o a escolher entre uma vida autêntica ou uma inautêntica, Neste ponto é preciso deixar claro a diferença entre a angústia kierkegaardiana que conduz a meras possibilidade, da angústia heideggeriana, que coloca o indivíduo em contato com o nada. É a partir desse nada que ele escolhe a autenticidade ou não. Daí, tenta ele com isso dar realidade a esse Nada absoluto.
Assim Heidegger nos fala de dois aspectos da inautenticidade – o subjetivo, que foi explicado anteriormente, e o objetivo, expressos na devoção exagerada ao trabalho, ao comportamento mecanicamente representado, também como forma de diluição de si mesmo. O avanço tecnológico colabora muito para esse segundo aspecto.
Outro conceito fundamental na análise de Heidegger é o conceito de morte. O Dasein é um ser-para-a-morte. Esta é a possibilidade para a qual o ser se dirige, mas que apenas nela o indivíduo se totaliza. Todavia, a morte não é uma cessação e sim um modo de ser que o afeta enquanto existe. Não liquida com a existência humana. Trata-se de uma possibilidade incluída no projeto do indivíduo capaz de definir o seu poder-ser.
Referência: 
 Psicologado. Disponível em:
<http//psicologado.com/abordagens/humanismo/existencialismo>. Acesso em 21 de março de 2018.

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